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Epistemologia e Hermenêutica da Educação – 1º Semestre (FLUP)

Breves Reflexões sobre Filosofia da Educação (José Ribeiro Dias)

Introdução

- “As preocupações sobre a educação como processo de desenvolvimento


do homem precedem a filosofia como procura do sentido do ser”.

Mas não serão essas preocupações, em si mesmas, filosóficas?

- Daí a Filosofia da Educação se desenvolver por obra de educadores que


sentem a seguir a exigência de compreender os processos educativos ao
nível da sua fundamentação.

- Perfil da Filosofia da Educação é o da “Educação explicada pela Filosofia”


em termos de procura da sua razão de ser.

- O desenvolvimento das diversas ciências e tecnologias acentua ainda mais


a exigência de uma Filosofia da Educação, como actividade de
questionamento contínuo dos seus pressupostos, enunciados e
extrapolações, que visa estimular o acesso de todos e de cada um dos
educadores ao nível crítico da razão.

1. A Educação numa perspectiva sistémica

* Educação : processo de desenvolvimento, de algum modo natural e


espontâneo, e que se deseja global e harmónico, estruturado e
hierarquizado, das capacidades do homem.

Penso que a educação não é apenas um acto natural e espontâneo, mas


implica um projecto intencional de formação integral da pessoa radicado
num projecto antropológico (isto é, axiológico e ético)assumido por aquele
que exerce a acção de educar.

* Ensino : Não no sentido de didaché, transmissão de uma revelação,


propiciador da passividade dos alunos.

Não concordo. Penso que efectivamente não existe uma passividade


absoluta do ser humano que fica exposto ao acto de ensinar ou a um
processo educativo. O ser humano que é alvo de um processo de ensino,
possui sempre a liberdade de não querer aprender, de não se dispor a
acolher interiormente o conteúdo do ensino. Por outro lado, sem ensino não
há aprendizagem. O ensino é o pólo complementar da aprendizagem, e
caracteriza o acto de doaçã/ dádiva do conhecimento constituído na
tradição e na cultura humanas a um novo membro de uma comunidade,
que ao integrar esse conhecimento, interioriza também os valores e os
padrões de comportamento da cultura a que pertence, tornando-se parte
efectiva dessa mesma comunidade, que se constitui primeiramente como

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um lugar espácio-temporal de encontro com o(s) outro(s) e com o(s)


sentido(s) da vida. Essa dádiva do conhecimento constitui-se, no acto
mesmo de ensinar, como partilha humanizadora, como o momento através
do qual e no qual se inaugura o humano.

- Diferentes tipos de educação/ ensino: sistema educativo e seus escalões/


sectores – básico, secundário, superior; formação profissional, inicial,
contínua, permanente.

- 2 realidades fundamentais do Sistema Educativo a não perder de vista: a


sua Estrutura e a sua Função.

É sobretudo quanto à função que se podem, hoje, levantar questões já que


os processos educativos desenvolvidos parecem não estar a garantir aos
indivíduos e às comunidades atingirem tudo o que está ao seu alcance,
conforme seria desejado. E é necessário saber porquê. Será um problema
meramente político ou será, mais profundamente, um problema
antropológico e ético?

2. Perfil do responsável pela educação

Quem é o Professor/Educador? Ou quem deve ser?

Quanto aos perfis definidos pela UNESCO, a alínea B coloca em dicotomia


educação/ animação versus instrução e acabou por ser mal interpretada.
Nem a educação se pode entender como pura animação, nem como pura
instrução. Com isto, a formação dos professores/educadores desvalorizou
um aspecto importante da actividade de ensino, que é a instrução – a
transmissão de saber técnico. O saber fazer não se pode aplicar apenas aos
conteúdos teóricos. Existe uma prática da vida, um saber fazer quotidiano
que tem hoje de regressar à escola.

A perspectiva do professor como um animador, retirou à imagem do


professor essa vertente de possuidor de uma informação / conhecimento
que importa receber, acolher como útil, fazendo sentido. Inclusive retirou-
lhe autoridade. Se o professor não vai para a escola para ensinar, vai para
fazer o quê? Ao mesmo tempo, assiste-se a uma perda da qualificação
técnica dos professores, em prol de uma maior aptidão social e científica…
O professor deve ser alguém multifacetado, deve possuir uma
transversalidade de competências. Sem dúvida que deve ser um bom
comunicador, mas para comunicar o quê? Conhecimento e conhecimento
credível. Daí a importância da sua formação científica. Mas a comunicação
de conhecimentos, sempre acompanhada de valores, é feita a idades que,
já se sabe, têm características desenvolvimentais próprias. Nesse caso, não
basta dizer de uma forma agradável ou atraente, é preciso criar condições
de real aprendizagem não apenas de conteúdos, mas simultaneamente de
competências; é preciso trabalhar a memória e a atenção, ao mesmo
tempo, que a desenvolver a capacidade de pensar por si mesmo; é preciso
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ensinar métodos de investigação, de selecção de informação pertinente, de


construção de conhecimento significativo. E isto não se faz com meia dúzia
de truques comunicacionais. O professor tem de dominar práticas
pedagógicas eficazes, tem de as desenvolver, inventar, descobrir,
aperfeiçoar. Desligar-se a teoria da prática não pode ter resultados positivo
no processo educativo.

Continuo a preferir a figura do pedagogo, porque o vejo como aquele que


age com pleno conhecimento de causa, reconhecendo o seu papel, sabendo
como actuar, sabendo o que esperar, sabendo o sentido totalizante da sua
missão de construção do humano no Homem, ainda que sempre numa
atitude crítica e interrogativa acerca da própria prática.

3. O plano curricular de formação

O erro das mudanças curriculares dos últimos anos foi exactamente a


inserção das escolas de formação de professores do 1º ciclo e educadores
de infância na alçada dos institutos politécnicos, sem vocação para este tipo
específico de conhecimento. Parecendo que iriam dar ao ensino um carácter
eminentemente técnico, não só não o conseguiram fazer como ainda
destruíram a sua vertente auto-reflexiva. É de lamentar, ainda, a
reorganização dos currículos destes cursos, a fim de os transformar de
bacharelatos em licenciaturas, com a inclusão de formação de professores
para o 2º ciclo em alguma das áreas curriculares previstas. Os professores
acabaram e acabam a sua formação sem saber exercer claramente as
funções de educador de infância, professor do 1º ciclo ou do 2º ciclo. Os
estágios são curtos e muito diversificados, impossibilitando um tempo
necessário de experiência e reflexão em qualquer um dos ciclos. Deparamo-
nos com situações muito complicadas: professores do 2º ciclo, preparados
para leccionar Educação Física, sem conhecimento dos métodos de leitura e
sua operacionalização, a ter de leccionar no 1º ano de escolaridade. Isto é
ridículo!

Um aspecto importante e em cuja ferida parece não se querer tocar é na


exigência de aptidão e experiência pedagógica também aos professores
responsáveis pelo ensino nos níveis universitários e, nomeadamente, nos
cursos de formação de professores.
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4. Epistemologia das Ciências da Educação

Importante a concepção de Ciências da Educação como um saber a fazer-se


e a implicação dos alunos nas suas metodologias, sobretudo as de carácter
etnográfico, já que os alunos terão sempre de saber investigar e produzir
conhecimento neste domínio de intervenção social.

Tal investigação e formação deve abranger os domínios das competências e


habilidades lógicas e críticas(LOGOS) , bem como a sensibilidade humana e
artística(PATHOS) e o compromisso ético pessoal (ETHOS).

Ultrapassando uma visão dualista entre racionalismo e empirismo, ensinar e


aprender, as Ciências da Educação, dadas as suas características próprias,
de conhecimento que se constrói no terreno de uma acção em constante
mudança, terão de investir na descoberta e criação de condições para
aprender a pensar, a julgar, a cooperar e a descobrir partindo quer do
empenho pessoal quer do empenho colectivo ( fazendo assim a auto, a
hetero e a intereducação).

Porém, não basta o carácter eminentemente empírico dessas investigações


(experiências, hipóteses, leis, teorias), mas o reconhecimento das
fragilidades e dificuldades por que passa a construção desse conhecimento
no terreno escorregadio do social e do humano, onde nem sempre todas as
camadas da realidade a conhecer se conseguem atingir. A abertura ao
contributo da Filosofia da Educação é mais do que urgente neste domínio,
possibilitando olhares complementares e novas inquietações, promovendo
uma reflexão sobre o humano que não se encerra no meramente
observável e mensurável.

5. Antropologia e Antropogénese

As Ciências da Educação e a Filosofia da Educação porventura não farão


qualquer sentido sem um enraizamento antropológico. Não de um antropos
já dado, mas de um antropos a construir-se . A compreensão desta
mudança de paradigma é fundamental para não se cair numa orientação da
criança, do humano em formação, como se já se soubesse tudo o que há a
fazer… No entanto, reservando, preservando e respeitando profundamente

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este espaço de liberdade desse Outro que nos é entregue há ainda que
possuir uma orientação valorativa de toda a acção pedagógica-educativa.

6. Teleologia e Axiologia

A pedagogia, a educação exigem um Projecto de Homem, um pensamento


consequente do humano. Esse projecto visa fins, não especificando e
limitando as possibilidades de ser humano, mas apontando caminhos que a
própria humanidade reconhece como caminhos de realização mais alta de si
própria.

Concebendo o Humano como esse lugar-tempo-corpo-pessoa-relação que


está num contínuo refazer-se, todos os recursos, todos os percursos hão-de
estar ao serviço de propostas de desenvolvimento pessoal pleno e
integrado. Uma Axiologia tem, neste sentido, de ser Teleológica porque o
pedagogo- educador tem de saber para onde vai, tem de conhecer e
reconhecer-se no sentido da sua acção, acção que é da sua inteira
responsabilidade, ainda que o educando tenha também uma vontade
própria para recusar tudo o que lhe é proposto. Mas até para se poder
recusar é preciso que se esteja perante algo e esse algo é o projecto
educativo do humano proposto.

Os valores orientadores desse projecto são de tal modo fundamentais que o


Estado tomou para si a definição dos mesmos, exprimindo nos documentos
normativos uma visão antropológica-política do comportamento das
pessoas de uma determinada comunidade humana.

Valores de todos os tempos, quanto a mim, devem estar nesse projecto: a


Verdade, o Bem, o Belo (valores fundamentais/ fundantes do humano); a
Liberdade, a Responsabilidade, a Justiça (Valores Cívicos- Políticos
essenciais à pessoa, à comunidade e à relação). Dentro destes valores,
outros a eles associados poderiam destacar-se tais como a honestidade, a
solidariedade, o respeito... Tais valores entranhados quer na formação de
pedagogos/ professores/ educadores, quer na de todos os alunos/educandos
de todos os tipos e níveis de ensino/educação serviriam para melhorar a
sociedade que temos em todos os seus âmbitos.

7. Praxis Pedagógica e Phronesis

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A praxis pedagógica tem de encerrar em si uma phronesis – a prudência, já


que se trata de agir sobre um sujeito humano. Tal prática tem
necessariamente de implicar um profundo respeito pelo humano em
formação, uma abordagem amorosa que possibilita a abertura a um diálogo
de liberdade e de responsabilidade. Daí falar-se de uma sabedoria delicada
e ao mesmo tempo exigente porque nem sempre é fácil ajudar a
compreender que para a criança ser mais é preciso esforço, auto-domínio,
refrear as inclinações imediatas, suportar a contrariedade; é preciso que a
criança compreenda, sinta, interiorize e se identifique com este dinamismo
humano cuja meta é o infinito, a realização contínua do melhor possível em
cada um. Neste sentido, virtudes como a fortaleza e a temperança ocupam
lugar fundamental e hoje esquecido na educação, quer formal, quer
informal.

Neste sentido poder-se-ía dizer que não ficaria mal o conhecimento da Ética
a Nicómaco como manual de formação dos
pedagogos/educadores/professores… Educar pela virtude e para a virtude
seria um óptimo projecto axiológico para os nossos tempos.

8. Philo-sofia e investigação em educação

É de grande utilidade o conjunto das três regras propostas pelo autor para a
relação entre a Filosofia e as Ciências da Educação: “respeitar a coerência
dentro do discurso filosófico; não contradizer as aportações das ciências e
das tecnologias; servir para iluminar a peripécia do Homem, tanto a
colectiva como a individual”. Seguindo estas orientações encontra-se
caminho seguro para uma cooperação científica entre Filosofia e Ciências
da Educação, fazendo emergir assim a Filosofia da Educação. A postura
filosófica possui esta virtualidade em si, de ser um olhar aberto ao
desconcerto, ao inquietante, ao problemática. A insatisfação permanente
com o que já se sabe não pode levar à recusa nem do que as outras
ciências humanas e sociais produzem, nem dos contributos das novas
tecnologias para a produção desse conhecimento. Mas também não pode
conduzir a uma aceitação acrítica, imprópria da Filosofia. Porque “os
processos da educação desembocam espontaneamente nos caminhos da
Filosofia”, cabe à Filosofia da Educação uma reflexão cada vez mais
apurada, aprofundada, sobretudo em tempo de crise, sobre o que se quer
para o humano, que é o mesmo que dizer, sobre como vamos projectar o
nosso futuro.

Não me parece que a desconstrução seja a única tarefa da Filosofia da


Educação ou até de uma Pedagogia Fundamental. O facto de existirem
contradições e desumanidades nas práticas e políticas educativas pode não

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radicar apenas e particularmente nas metanarrativas, mas mais claramente


na falta delas ou até na pura e simples contradição entre o discurso e a
prática, que sempre aconteceu no mundo humano. A pedagogia não pode
abdicar de ideais como a emancipação e a liberdade, por muito utópicos
que possam parecer…Perdendo estes ideais, presentes em muitas
metanarrativas ao longo da história, a pedagogia perde todo o seu sentido,
já que perde o seu “para quê”, ainda que tudo isto se deva encontrar num
quadro de intersubjectividade comunicacional. Mas isso é o resultado de
séculos/milénios de experiência: sem diálogo, sem o reconhecimento do
Outro como transcendente, não pode haver liberdade, e nesse caso, não há
educação, há imposição e autoritarismo, há robotização, manipulação,
tirania e desumanidade.

9. Problemas do estatuto da Filosofia da Educação

Os próximos conflitos serão os conflitos de sempre, o choque entre


diferentes áreas culturais que, no entanto, têm muito em comum. Como
filósofos e pedagogos teremos de descobrir o que nos une em vez de
acentuar o que nos separa. A tradição cultural do Ocidente possui
conquistas que não pode abandonar, o que não significa que não deva, em
simultâneo, estar aberta à novidade e sensibilidade de outras culturas.
Neste sentido, não podendo confundir-se com uma Teologia da Educação,
na medida em que esta exige uma entrada pelo campo de uma concepção
religiosa do mundo e do Homem, da qual nem todos partilham, poderia, no
entanto, recolher das tradições religiosas conceitos, ideias, sobre o humano
que permitem um olhar por outros prismas bastante ricos e enriquecedores.
Por exemplo, a concepção de Mestre como homem que procura atingir o
seu pleno desenvolvimento seria um modelo/paradigma importante para os
pedagogos/educadores de hoje, convencidos tantas vezes que o seu ethos
pessoal em nada influi na vida dos seus educandos, separando o domínio
privado do domínio público, quando o ethos pessoal marca todas as acções
em todos os domínios.

Não vejo grande mal, que sendo herdeira de uma visão inicialmente
religiosa, a Filosofia da Educação tenha beneficiado no mundo ocidental de
uma perspectiva do humano na linha da auto-transcendência, porque afinal
o que é que nós, enquanto educadores e pedagogos desejamos, se não que
os nossos educandos ultrapassem os seus próprios limites e se superem no
caminho do Bem, do Belo e do Verdadeiro, para mais e melhor poderem ser
efectivamente livres? Ou será que pode haver o exercício da liberdade
quando não se sabe para onde ir? Ao Homem não basta dizer “Só sei que
não vou por aí”, como grita o poeta. Bem cedo na sua existência mundana
e situada, o Homem tem de decidir “Vou por aqui” e saber “porquê”.

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