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Porque Reich dá tanta ênfase ao tema do sexo em sua

teoria?
Nina Nunes

Reich afirma que “o processo sexual, isto é, o processo expansivo do prazer


biológico, é o processo vital produtivo per se”. Isso significa que há uma identidade
fundamental entre o processo sexual e o processo vital. Neste sentido, é possível
explicar a raiz sexual de tantas enfermidades e chagas psíquicas ao longo da história
na medida em que o processo sexual/vital é frequentemente reprimido socialmente,
alienando o ser humano das suas demandas vitais/naturais. Os processos históricos
de negação da vida, ou seja, que impedem a atividade vital natural, estão na origem
da distorção da estrutura humana. Segundo Reich, historicamente, a alienação
humana consta a partir do advento do patriarcado (cerca de seis mil anos). Ou seja, a
alienação do ser humano em relação a si mesmo e a suas potencialidades perante a
vida não é de origem biológica, mas socioeconômica. Mais precisamente, vale citar a
cultura de repressões sexuais de todos os tipos, desde a idade mais tenra, na qual a
moralidade compulsiva/fanatismo moralista condena a exigência biológica da
satisfação sexual natural (orgástica). Tal atitude tem expressão na neurose, na
impotência orgástica, na peste emocional, etc. O contrário desse panorama se daria
em um contexto socioeconômico que permitisse o desenvolvimento da moralidade
natural, podendo as energias sexuais/vitais se autorregularem naturalmente. Nessa
direção, a sexualidade natural é aceita e não reprimida socialmente, pois o
conhecimento permite a compreensão e a liberação da lei natural do processo
sexual, e assim, o livre desenvolvimento do processo natural da vida. Esta liberdade
implica também na consciencia e responsabilidade do ser humano, necessárias em
uma verdadeira democracia.
A energia não é uma coisa mística? Porque falar de
energia na clínica?
Clarissa Fairluz

Para responder a essa pergunta, é importante descrever o sentido de misticismo


para a visão reichiana. Segundo Reich, o misticismo está ligado a ideias que se
apresentam de forma especulativa. Marcando uma crítica ao misticismo, Reich afirma
que tal energia existe no organismo vivo de forma física, concreta. O foco da
corporeidade na clinica possibilitou a percepção da presença energética como algo
material e não apenas como representação mental e interpretação. Essa mesma
energia impulsionaria o individuo em uma direção, tirando-o da inércia, e estaria
ligada ao campo dos afetos e das sensações, se manifestando através do corpo. Vale
ressaltar o porquê do esforço feito por Reich para dar legitimidade à presença de
uma energia material presente na clinica. O panorama vivido em sua época envolvia
o conflito entre o mecanicismo (em que todos os fenômenos se explicariam por uma
causalidade mecânica e linear) e o vitalismo (conceito de uma energia irredutível e
transcendental ao principio da vida). Apesar de se aproximar da segunda corrente
(vitalismo), Reich compreendia como necessária a comprovação de tal energia fisica,
real e quantitativa.
Porque o meu terapeuta reichiano parece não
entender algumas coisas que digo pra ele e muda de
assunto?
Maria Neiva

A terapia reichiana é uma abordagem terapêutica que visa a compreensão do


padrão pessoal de funcionamento de cada pessoa não por uma via apenas racional,
onde a primazia do conteúdo do discurso e a interpretação tomaria conta da cena no
momento do encontro terapêutico. Na medida em que se constroi um bom vínculo
entre terapeuta e paciente, o terapeuta procura entender quais traços de caráter
estão presentes em seu paciente. Estes traços se apresentam pela forma que este lida
com situações e relações da vida e também na forma que se
defende diante de seus afetos. O terapeuta reichiano também
busca entender como se dá a economia de energia da pessoa,
percebendo como a energia circula pelo organismo e também
como se dão os bloqueios energéticos. Assim, para o
terapeuta o que está sendo comunicado não verbalmente,
muitas vezes, é um material mais valioso para a terapia. O excesso de pensamentos e
as explicações lógicas se dão justamente, muitas vezes, no sentido do modo que este
"aprendeu" para adaptar-se melhor. A tarefa do terapeuta reichiano seria ajudar o
paciente a dar-se conta desta forma (defesa) e fazê-lo perceber o que realmente o faz
buscar a terapia, ou seja, a dificuldade de troca afetiva.
Como Reich pensa a supressão dos afetos? A “prisão”
que se vive internamente, se passa no âmbito mental?
Dominique Vianna

Para entender a supressão dos afetos é fundamental entender o funcionamento


dos nossos mecanismos de defesa. Eles servem de proteção para a vulnerabilidade
do sujeito em relação ao ambiente e são formados a partir das experiências vividas
ao longo do desenvolvimento. Assim, aprendemos a lidar
com o mundo nos protegendo e formando o que Reich
chama de couraça; são estratégias para se estar no
mundo. Uma couraça mais flexível possibilita o fluxo de
energia vital em constante troca com o ambiente; já a
couraça rígida impõe marcas nocivas e estressantes junto
a uma estase energética. A energia que não está em
movimento é a fonte que “alimenta” as neuroses. A
energia vital que Reich trata é a própria energia libidinal
de Freud. Porém, para Reich, ela não é uma representação
mental, é uma energia real e está presa devido a rigidez
da couraça, que dificulta a troca com o ambiente.
Distancía, também, o sujeito dos próprios afetos; segundo
Reich, as enfermidades psíquicas são resultado de uma
pertubação da capacidade natural de amar. Logo, essa
prisão vivida não se deve, de maneira central, a imagens e
idéias representadas inconscientes, e sim ao bloqueio do fluxo natural da energia
vital, que se dá também através da sensação muscular de tensão e
impossibilidade/dificuldade de expansão.
Explique o fenômeno da “sobreexcitação” e como ele
afeta o organismo e as relações sociais.
Aline Assunção

A energia sexual (bioelétrica) quando retesada, comprimida em determinadas


regiões do corpo age gerando áreas de tensão muscular crônica, ou de ausência de
tonicidade muscular. O processo de estase sexual atua retroalimentando padrões
neuróticos, adoecidos. A sobreexcitação, assim, seria o resultado de um processo
cronificado de estase sexual que passa a ser sentido e atuado de forma automática. A
disponibilidade energética para sentir a si mesmo e ao outro, colocar limites, se
respeitar, amar, trabalhar, vivenciar a potência orgástica, certamente estará
prejudicada ou até mesmo bloqueada quando boa parte da energia bioelétrica
disponível está cronicamente confinada, gerando um padrão de urgência e
reatividade, em vez de maior flexibilidade e vitalidade. Os diferentes padrões da
estase energética/sexual vão depender do momento, frequência e intensidade dos
eventos traumáticos que deram origem ao processo. Mesmo que disfuncionalmente
(pois são respostas que não resultam em satisfação) os padrões neuróticos, as
atitudes caracteriais e musculares têm a “finalidade” (funcionam no sentido de) de
descarregar “forçosamente” a energia bloqueada, fruto do estado de sobreexcitação.
Explique com suas palavras o mecanismo de angústia
para Reich
Ticiano Diógenes

A observação que Reich faz em seu estudo de caso é bem direta: quando sua
paciente distensiona a repressão ou bloqueio genital, a sensação de angústia diminui
consideravelmente, e vice-versa. Com isso, Reich consegue mostrar na prática como
a unidade corpo-mente opera em identidade funcional utilizando a mesma energia
(energia sexual), para criar/mover suas idéias. Ele observou que o processo da estase
sexual provoca uma sobrecarga de excitação no sistema vegetativo e isso faz com
que a energia sexual bloqueada (estásica) na região genital sobrecarregue também
outras funções vegetativas, que por sua vez se manifesta a exemplo de pressões
cardíacas, deficiências respiratórias, e outras manifestações da angústia. Ao
contrário da visão da psicanalise, Reich compreende que esta energia opera de modo
funcional, e não necessita de uma imagem mental-psíquica necessariamente para
estar colada. A saída para esta situação foi o desenvolvimento da análise do caráter,
em que Reich vai mergulhar mais fundo na investigação sobre como a couraça
neurótica é ligada funcionalmente a estase energética, evidenciando no corpo o que
nem sempre estará expresso na fala do paciente.
O que o pensamento reichiano tem a contribuir com o
entendimento da doença mental?
Aline Pancieri

Na visão reichiana, o esquizofrênico possuiria uma semelhança com a criança


pequena na forma de perceber o entorno; ambos não seriam capazes de realizar uma
distinção precisa entre o ambiente e o “eu”, não havendo tal delimitação da
individualidade, do ego. Para Reich o esquizofrênico consegue experimentar o
mundo com mais profundidade, justamente por não efetuar a distinção entre o “fora”
e o “dentro.” Já o neurótico, encouraçado, jamais conseguiria alcançar este grau de
entendimento da realidade ou de conexão com o cosmos e estaria propenso a uma
“insignificante impotência” (REICH, 1975, p. 46), como também a ser cooptado por
grandes ondas de recalque e ódio, como ocorreu no nazismo. Estaria, assim, fadado a
essas forças na medida em que não trabalhasse as suas couraças a ponto de tornar-
se mais consciente das energias estagnadas e menos suscetível, portanto, a servir de
“massa de manobra”. Assim, a falta de uma couraça saudável, que permita que o
sujeito sobreviva na realidade material, também possuiria aspectos positivos para o
esquizofrênico. O “louco” possui um contato mais direto com o seu cerne biológico,
ao passo que o homem “comum” estaria alheio a ele, ou seja, distante da sua própria
natureza. Por outro lado, Reich diz que o esquizofrênico sentiria o próprio
organismo como sendo o seu perseguidor; o esquizofrênico estaria imerso em uma
confusão quanto às sensações do seu próprio corpo justamente pela dificuldade de
separação e de defesa que a couraça provê.

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