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CAROLINA LINHARES NAGAO

A estratégia do trabalho com grupos na perspectiva da garantia de


direitos: análise de um grupo de jovens na Proteção Social Especial

Linha de pesquisa: EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA COMUNIDADE

Santos/2018
SUMÁRIO:

I. Introdução............................................................................................3

II. Objetivos..............................................................................................6

III. Metodologia.........................................................................................7

IV. Cronograma.........................................................................................9

V. Referências........................................................................................10
INTRODUÇÃO:

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como: “um estado


de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de
afecções e enfermidades”. Este conceito amplia a visão de saúde, se
desprendendo da visão biológica, cientificista e médico centrada, tirando do
foco a questão da doença, para colocar em seu lugar a ideia de bem-estar.
Desta forma, indiretamente, também se desvincula da ideia de cura, para
substituí-la pelo cuidado.

A partir desta concepção, e somando-se a ela o conceito de


Integralidade, um dos princípios básicos do SUS, passamos
consequentemente a uma nova forma de olhar os sujeitos da saúde. Deixam
de ser pacientes submetidos ao saber médico, para serem considerados em
sua autonomia, em seus contextos territoriais, sociais e culturais e em sua
integralidade. Ou seja, já não cabe dividir este sujeito por partes, a partir de
qual órgão ou sistema apresenta uma enfermidade, para encaminhá-lo para
uma especialidade competente. É preciso entender que não é possível olhar
para este sujeito sem considerar que fatores ambientais, familiares, psíquicos,
culturais atravessam seu corpo e o afetam, de forma que, às vezes, contribuem
com o seu bem-estar; e que outras vezes provocam o seu mal-estar, sofrimento
e adoecimento.

Diante desta ideia, ainda que a setorização entre as políticas públicas:


Saúde, Educação, Habitação, Esporte, Assistência Social, etc. tenha sua
importância no sentido organizativo, para execução dos serviços, é impossível
promover direitos sem que se pense nestas políticas de forma integrada. É
imprescindível construir redes, com a compreensão de que os problemas que
dizem respeito a cada um dos setores que a compõem, atravessam os
mesmos sujeitos, as mesmas famílias, os mesmos territórios. Na vida real,
vivida por sujeitos reais, esta setorização não existe, e enquanto não formos
capazes de atuar em conjunto, não seremos capazes de atuar.

Com isso, entendo que o Psicólogo na Assistência Social, apesar de ter


suas atribuições específicas, não deixa de ter interlocução com o conceito
ampliado de saúde, já que atua no sentido da garantia de direitos, e o acesso
aos direitos é uma condição essencial para a promoção de saúde, bem-estar e
qualidade de vida na população.

Mas como promover o acesso aos direitos em um país como o Brasil,


em que 5 bilionários concentram a mesma riqueza que os 100 milhões mais
pobres do país (o equivalente à metade da população) 1? Como garantir direitos
em um município como Santos, que tem o sexto melhor IDH-M (Índice de
Desenvolvimento Humano – Municipal) e, ao mesmo tempo, é a terceira cidade
do país em número de moradias em palafitas e favelas, de acordo com o
IBGE2?

Minha atuação profissional, no momento, se dá dentro do Programa de


Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), que faz parte do
Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Este
serviço está inserido na Proteção Social Especial de Média Complexidade, que
trabalha com famílias e indivíduos que já estão com um ou mais direitos
violados ou em risco de violação, mas que ainda não romperam os vínculos
familiares. O trabalho no PAEFI tem como objetivo contribuir para o
fortalecimento familiar e para o rompimento com a violação de direitos, tarefa
essa árdua e complexa, justamente devido à grande desigualdade de acesso a
direitos que vivenciamos em Santos e em todo o Brasil.

Diante desse desafio e a partir de uma compreensão de que os


problemas vivenciados por cada família atendida não são individuais, mas sim
coletivos, parte da equipe do PAEFI se mobilizou para iniciar alguns grupos no
1

Dado retirado de reportagem no portal eletrônico do El País Brasil, com base em pesquisa
realizada pela Oxfam, link:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/22/politica/1506096531_079176.html
2

Dado retirado de reportagem no poral UOL, link: https://www.uol/noticias/especiais/as-


palafitas-de-santos.htm#tematico-1
serviço. Essa é uma estratégia de atendimento pensada com o objetivo de
contribuir para o fortalecimento dos vínculos comunitários, possibilitar a
discussão de temas pertinentes à maioria das famílias e construir
coletivamente respostas possíveis a esses problemas, também coletivos.

Desde que iniciamos os grupos, temos nos encantado com a forma


como eles enriquecem o trabalho, possibilitando que surjam questões que
muitas vezes não surgem nos atendimentos individualizados. Com os grupos,
criam-se vínculos, troca-se conhecimento, ampliam-se repertórios de vida,
abordam-se temáticas atuais e cria-se um espaço de compartilhamento,
acolhimento e reflexões. Essa compreensão, porém, é muito pautada nas
vivências do dia-a-dia, e percebemos que, mesmo os atendimentos coletivos
fazendo parte das atribuições dos serviços no SUAS (Sistema Único de
Assistência Social), há ainda poucos estudos que busquem reconhecer e
sistematizar de que formas o trabalho com grupos, enquanto estratégia de
atuação na Proteção Social Especial, potencializa o trabalho e contribui para a
garantia de direitos.

O trabalho com grupos nos convoca a planejar metodologias criativas e


instigantes, que mobilizem os sujeitos participantes. Mas a partir do momento
que colocamos as cartas na mesa, quem fará o jogo serão os participantes do
grupo, e nós, ainda que ocupemos uma posição especial de saber-poder,
passamos a ser apenas participantes. Deixar que isso ocorra, abrir mão de
nosso controle, é uma tarefa que mobiliza medos e angústias, porém, ao
mesmo tempo, nos ajuda a encontrar meios de se favorecer autonomias e não
dependências.

Na busca incessante de equilibrar-se entre uma atuação responsável e


consciente e o deixar-se levar pelo que se produz nos encontros dos grupos, é
importante ter clareza do que desejamos promover e de que formas podemos
alcança-lo. Paulo Freire (2002) afirma: “O que sempre procurei foi viver em
plenitude a relação tensa, contraditória e não mecânica, entre autoridade e
liberdade, no sentido de assegurar o respeito entre ambas”. Com isso, nos
questionamos: Quando intervir diante de uma fala que vai na contramão do
combate às violências? Em que medida devemos conduzir a conversa de
acordo com os objetivos do trabalho? Como dialogar com realidades tão
distintas das nossas?

E para além dos questionamentos quanto às melhores formas de


atuação, como podemos elencar os ganhos obtidos com os grupos de forma a
valorizar e validar o trabalho, e assim garantir recursos para sua realização?
Como podemos caracterizar as potencialidades dos processos grupais, para
provocar outros serviços, sejam eles da Assistência Social ou da Saúde, a
utilizarem também esta estratégia? Estas são algumas das perguntas que
motivam este trabalho.

OBJETIVOS:

OBJETIVO GERAL:

Analisar os impactos causados pela formação de um grupo de


jovens, como estratégia para se trabalhar a garantia de direitos, na
Proteção Social Especial.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

 Realizar uma pesquisa bibliográfica sobre a temática dos grupos;

 Avaliar se ao longo do processo de acompanhamento dos jovens no


grupo foi possível garantir mais direitos do que anteriormente;

 Compreender como os jovens veem o grupo e que impactos o processo


grupal promove em suas vidas;

 Identificar quais as maiores dificuldades enfrentadas pela equipe que


coordena o grupo em relação a essa tarefa;

 Analisar os impactos que o grupo causa nos técnicos responsáveis e


também no restante da equipe.
METODOLOGIA:

Os encontros do Grupo de Jovens do CREAS-ZL ocorrem


quinzenalmente, no período da tarde, com duração de aproximadamente duas
horas e um lanche ao final. A maioria dos encontros ocorre no espaço do
próprio CREAS-ZL, mas eventualmente são realizados também encontros em
outros locais do município, dependendo da atividade planejada para aquela
semana. Após cada um desses encontros será elaborado um diário com notas
descritivas e intensivas pela pesquisadora-participante.

A cada quatro meses será realizada uma avaliação, onde tanto os


jovens, quanto a equipe, serão convidados a expressar suas impressões
acerca do processo que ocorreu até aquele momento. Será utilizado ainda
instrumental específico, elaborado em conjunto pela equipe, com o intuito de
estimular a expressão daqueles que não se sentem tão confortáveis com a
avaliação oral.

Poderão ser utilizados também prontuários e relatos de atendimentos,


reuniões e articulações de rede, que contribuam para a compreensão dos
casos. De forma que se possa analisar o contexto do jovem antes de iniciar a
participação no grupo e quais mudanças se verificaram após ter participado por
um determinado período. Nomes e outros dados de identificação serão
modificados para não expor a identidade dos jovens.

Será realizada também uma revisão bibliográfica referente à temática


dos grupos, da Proteção Social Especial e da garantia de direitos no contexto
do SUAS. A partir do levantamento dos materiais que vem sendo produzidos e
que conversam com as questões levantadas nesse trabalho, estabeleceremos
correlações com os dados obtidos durante a pesquisa.

Os participantes da pesquisa serão os jovens que compõem o grupo e a


equipe que o coordena. Cabe ressaltar que nesse caso a pesquisadora
também faz parte do grupo, que seria o objeto a ser estudado. Nesse sentido, a
metodologia aproxima-se da cartografia, pois o pesquisador está intimamente
implicado no objeto, borrando-se assim os limites entre um e outro.

Os participantes serão informados sobre a pesquisa e poderão decidir se


irão participar ou não, sem prejuízo de fazerem parte do grupo. A pesquisa será
submetida ao Comitê de Ética.

Após o levantamento de material, partiremos para a análise das


informações obtidas. Espera-se encontrar resultados mais objetivos, que dizem
respeito à ampliação do acesso aos direitos e ao rompimento das situações de
violência. Mas também, espera-se poder trabalhar com questões mais
subjetivas, referentes à ampliação de repertório de vida, maior consciência de
si e de seu contexto, fortalecimento de vínculos, mudanças na forma de lidar
com conflitos, etc.

Diante disso, é importante ressaltar que não se pretende elaborar uma


conclusão que encerre o assunto ou que ofereça um roteiro pronto para o
trabalho com grupos, na perspectiva da garantia de direitos. Pelo contrário.
Uma das grandes potencialidades do grupo é que ele se faz no dia-a-dia, nas
trocas entre os envolvidos, nos afetos provocados, nas relações estabelecidas.
Cada grupo será sempre um grupo único em sua singularidade.

O que se pretende aqui, portanto, é traçar pistas para uma constante


qualificação do trabalho, mapear impactos possíveis e deixar novos
questionamentos que mobilizem a constante interlocução entre o estudo e a
prática. A proposta é cuidar para que não se destrua a experiência. Para
Bondía (2002), “requer cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os
ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos
outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e
espaço”.

CRONOGRAMA:

MESES: 1-6 7-12 13-18 19-24


Reformulação do Projeto X
Revisão Bibliográfica X X X
Registro dos encontros do X X X
grupo
Registro de outras informações X X X
relevantes
Análise dos dados X X
Qualificação X
Entrega do Trabalho Final X
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática


educativa. São Paulo: Ed. Paz e Terra S/A, 2002, p. 122.

BONDÍA, J.L. Notas sobre a experiência e o saber de Experiência. Trad.


João Wanderley Geraldi. Revista Brasileira de Educação, s/v, n 19, p,20-28,
2002.

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