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BRASIL
São G abriel.
da Cachoeira
ARTE BANIW A
CESTARIA DE ARUMÃ
TERC EIR A ED IÇÃ O C O R R IG ID A E ATU A LIZA D A
FOIRN
IN STITUTO
" ^ações SOCIOAMBIENTAL
SÃO G A B R I E L DA C A C H O E I R A - SÃO P AU L O
2001
ARTE BANIW A© FOIRN
Os direitos relativos aos co n hecim ento s sobre as m atéria s-p rim as e o processo
de produção da cestaria de arum ã, tal co m o registrados nesta publicação
pertencem exclusivam en te ao povo Baniw a.
SÍLABAS GRÁFICAS 56
OFICINA DE TUCUMÃ-RUPITÃ 60
INFORMAÇÕES SOBRE
O PROJETO E AS PARCERIAS 62
FONTES 63
GLOSSÁRIO 64
GUIA DE PRONÚNCIA
DAS PALAVRAS EM BANIWA 64
CESTARIA BANINA
DE ARUMÃ _ ^M L. i
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cestaria de arumã é uma arte
milenar ensinada aos homens baniwa
pelos seus heróis criadores e cujos
graflsmos foram Inscritos pelos antepassados
nas pedras, em forma de petroglifos, para que
nunca fossem esquecidos. Para os Baniwa,
fazer arte de arumã é condição da pessoa
plenamente cultural.
Os Baniwa são um povo de língua aruak
que vive na fronteira do Brasil com a
Colôm bia e Venezuela, em aldeias localizadas
às margens do Rio Içana e seus afluentes
Culari, Aiarl e Cúbate, além de comunidades
no alto Rio Negro/Guainía e nos centros
urbanos rionegrinos de São Gabriel da
Cachoeira, Santa Isabel e Barcelos (AM).
Os Baniwa fazem parte de um
com plexo cultural de 22 povos Indígenas
diferentes que habitam há séculos o extremo
noroeste da atual fronteira geopolítica da
Amazônia brasileira. Baniwa não é uma auto
denominação, mas um termo genérico utiliza
do desde tempos coloniais para se referir aos
povos de língua aruak desta parte da
Amazônia. Entre si, se distinguem pelos
nomes de suas fratrías, com o Hohodene,
W alipere-dakenal, Dzaulnai e outros.
A população baniwa atual é estimada em
12 m il pessoas, das quais cerca de 4 mil
no Brasil, vivendo basicamente de agricultura
especializada na m andioca brava e da pesca,
em aproximadamente cem aldeias e sítios.
Desenvolveram uma adaptação fina a uma
região com baixa capacidade de suporte, isto
é, com solos ácidos e pobres, com manchas
descontínuas de terra firm e separadas por
campinaranas e igapós.
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UMA HISTÓRIA DE RESISTÊNCIA
s B aniw a en traram em contato co m os c o lo n izad o res eu ro p eu s no início do
sécu lo 18. P ersegu ido s e escravizad o s p or es p a n h ó is e p ortug u eses, boa
parte da sua p op u lação foi d izim a d a por e p id e m ias de saram p o e varíola, trazi
das pelos b rancos. F oram h o stilizad o s e ex p lo rad o s por co m ercian tes brancos,
aliad o s dos m ilita res dos fortes portug u eses de S. G abriel e M arab ita n a s. Em
m eados do sécu lo 19, os B aniw a e outros p ovos da região p ro tag on izaram
m o vim en to s m e ss iâ n ico s co n tra a opressão dos brancos. A p artir de 1 8 7 0 , com
o boo m da b orracha, fo ram ex p lo rad o s p or patrões do extrativism o nos seringais
do baixo Rio N egro.
No sécu lo 2 0 , ch eg aram na região do Rio N egro e aflu en tes os m iss io n ário s
católico s salesian o s e suas escolas civiliza d o ras. No final da d écada de 4 0 ,
S o ph ie M u ller, u m a m iss io n ária evan gélica n o rte-am eric an a da M is s ã o Novas
Tribos, inicio u a evan gelização dos C u rip aco na C o lô m b ia e cheg o u aos B aniw a
do alto Içana. O m u n do baniw a se d iv id iu entre católico s e evan gélicos.
A p artir dos anos 70 , os B aniw a assistiram à en trada de n ovos personagens
nas suas terras, com a tentativa de ab ertura de um trecho da R o d ovia Perim etral
N orte, a co n stru ção de p istas de p ouso para uso m ilitar, a invasão de em presas
de g arim p o e a retaliação de suas terras pelo govern o federal com a dem arcação
de "ilhas", o que eles rejeitaram .
D urante d écadas os h om en s baniw a se en d iv id aram co m patrões extrativistas
de balata, so rva e piaçava, no Brasil e na C o lô m b ia . Desta form a, ad q u iriam
roupas, arm as de fogo e outros bens ind u strializad os. A tu alm ente, a co m e rc ia
lização de artesanato, es pecialm ente da cestaria de arum ã e ralos de m adeira,
é um a das poucas fontes regulares de renda m o n etária.
N os anos 9 0 , os B aniw a co m eçaram a se o rg an izar em as so ciações filiad as à
FO IR N (F ed eração das O rg an izaçõ es Ind ígenas do Rio N eg ro ), fu nd ad a em 1 9 8 7 .
Entre 1 9 9 6 /9 8 , o govern o federal fin a lm en te reconheceu os d ireitos coletivos
dos povos ind ígenas da região do alto e m édio Rio N egro e d em arcou um co n
jun to de cin co terras co n tín u as, co m cerca de 1 0 .6 m ilh õ es de hectares, nas
q uais estão inclu ídas as áreas de o cupação tradicio nal dos B aniw a no B rasil.
EXPERIÊNCIA DE MERCADO
s Baniw a produzem cestaria de arum ã para vender por d in h eiro ou trocar
por bens há décadas. D ependendo da posição da co m u n id ad e no Rio Içana,
o qual apresenta só no trecho b rasileiro 1 9 cach oeiras (ou co rred eiras fortes)
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que d ificu ltam a navegação, os p ro du to res -co m ercian tes ban iw a saem para
ve n d er/tro c ar seus pro du to s em M itú (C o lô m b ia ) ou S. G abriel da C ach oeira.
N a d écada de 5 0 , a preferencia era vend er em M itú , o q ue im p lica va rem ar
forte rio ac im a e carregar a cestaria a pé pelo varado uro que ligava a B acía do
Içana ao U aupés, já na C o lo m b ia. N os anos 7 0 , co m erciantes c o lo m b ian o s p as
saram a descer o Içana para co m p ra r nas ald eias baniw a, aviand o a produção
co m m ercad orias; m esm o assim havia q uem p referisse ir até M itú . D epo is houve
um tem p o dos co m erciantes b rasileiros, que su b ia m o Içana e o A iari tro cand o a
cestaria por m ercad orias nas co m u n id ad es , para revender d ep ois em M an au s;
alg u n s B aniw a se aven turaram a navegar até M an au s, em gran d es canoas com
m o to r de popa, para vend er artesanato d iretam en te.
Em S. G ab riel, os preços sem p re foram baixos. A m issão católica estabeleceu
o co stu m e d ep reciativo de tro car o artesanato ind ígena por roupas usadas.
Em 1 9 9 3 , a recém fu nd ad a O IBI (O rg an ização Ind ígena da B acia do Içana)
tentou o rg an izar a p ro du ção de cestaria de aru m ã para atend er a um p ed id o
de cin co m il u nid ad es, m as não co n seg u iu capital de giro para co m p letar
a transação. Em 1 9 9 7 , a FO IR N inaug u ro u um a loja de arte ind ígena na sua sede
em S. G ab riel.
NOVO SISTEMA
partir de 1 9 9 8 , d ep ois da d em arcação das terras indígenas na região do Rio
Negro, a FO IR N e as so ciações filiad as , em p arceria com o ISA, co m eçaram
a im p la n ta r um co n ju n to de p ro je to s -p ilo to para v iab iliza r alg u m as iniciativas
prio ritá rias das co m u n id ad es ind ígenas, na d ireção de u m Programa
Regional de Desenvolvimento Indígena Sustentável Entre estas, in c en
tivar a p ro du ção sustentável p or en co m e n d a de cestaria de aru m ã para co m e r
cialização co m a gestão d ireta dos recursos pelas as so ciações b an iw a, ag re g a n
do va lo r cu ltural e am b ien tal aos p ro du to s e id e n tifican d o n icho s de m ercad o
ad eq u ad o s para obter preços co m p en sado res.
C o m e ça r por um co n ju n to de p ro du to res de 1 6 co m u n id ad es , re co n h ec id a
m ente m estres no o fício , foi u m a opção ap o ia d a na capacid ad e de m o b ilizaçã o
da O IB I, no p otencial de gestão dos seus d irig en tes e na constatação de que a
arte da cestaria de aru m ã estava ali, n aq uele trecho do alto Rio Içana, plenam en te
em v ig o r (veja m a is so b re o percurso e os resu ltado s d esta ex p e riên cia p ilo to no
ú ltim o capítu lo desta p u b lic açã o ou no site do ISA: w w w .s o c io a m b ie n ta l.o rg ).
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URUTU
s Baniwa fazem esse tipo de cesta em form atos grandes, sem desenhos
marchetados, para reservar massa de m andioca (antes e depois de espre
mer no tip iti) e tam bém para guardar farinha, beiju e roupa.
Para com ercializar, os Baniwa produzem urutus de vários tam anhos - tanto
de diâmetro quanto de altura - geralmente com grafism os coloridos marchetados.
Estes cestos paneiriform es têm grande aceitação nos mercados urbanos,
onde são utilizados com o cachepôs para vasos de plantas e flores ou para
colocar lápis, revistas, brinquedos e lixo seco.
Consta que esse tipo de cesta é de origem baniwa, pelo m enos na região
do Rio Negro.
Com grafismo colorido (kophe ittipi= peixe rabo) e na cor natural de arumã raspado.
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BALAIO
s waláya aparecem na m ito lo gia e nos
rituais de iniciação das meninas
e m eninos baniwa. Tradicionalm ente,
os m eninos aprendem a fazer cestas deste
tipo e ofertá-las às suas am igas rituais,
ao térm ino do período de reclusão.
Os Baniwa usam os waláya makapóko
= balaios grandes, para recolher a massa de
mandioca (antes e depois de espremer no
tip iti) e para servir beiju e farinha nas refeições.
Serve de suporte para presentear com frutas
e outros alim entos.
Essa cesta tigeliform e é considerada pelos
artesãos baniwa a mais trabalhosa, especial
mente pelo acabamento que requer o beirai
(no detalhe abaixo: beirai de cipó uambé e na
página ao lado, beirai de tira trançada sobre
posta). Há vários tipos de acabamento: em
arumã natural ou apenas raspado, sem fin g i
mento; ou com grafism os coloridos,
m archetados em uma ou nas duas faces.
Tem sido com ercializada em diferentes
tam anhos e acabamentos e utilizada com o cesta
para pães e frutas ou para colocar a correspon
dência recebida em casa, e até com o embalagem
para produtos cosm éticos.
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JARRO
term o kaxadádali, em baniw a, refere-se ao fo rm ato bar
rig ud o de u m a cesta ou cerâm ica, palavra que se ap lica
tam bém às pessoas (m u lh e res grávid as, p or e x e m p lo ) e aos
an im ais; an tig am en te era feito tam bém de cip ó e usado para
g uard ar m iu dezas, co m o b óias de m o lo n g ó e iscas para pescar,
fican d o su b m erso até o pescoço.
C onsta que, para os B aniw a, esse tip o de cesta tem
o form ato do universo.
A tu alm ente, os jarros p ro du zido s para a co m ercialização
em fo rm atos grandes, são u tilizad os co m o lu m in ária s, porta
g u a rd a-ch u va ou para co lo c ar roupas. M in iatu rizad o s, são
usados co m o p o rta-ve la e até co m o e m b a la g e m de perfum e.
*6
■
e
PENEIRA
s m ulheres baniwa se orgulham das suas peneiras, objetos de uso diário
que dem onstram a com petência artesanal dos seus m aridos.
As peneiras são cestos platlform es circulares, com talas afastadas,
usadas para cernir a farinha e para transportar o belju do forno até o
jlrau; suspensas por um tirante de cordas, servem com o suporte para
em pilhar belju seco.
Há vários tipos de peneira usados pelos baniwa atualmente:
dopitsipeethepóko, peneira para fazer belju;
dopitsi matsokapóko, peneira para fazer farinha;
báatsi, peneira de tallnhas m ulto finas de arumã,
usada exclusivam ente para coar
suco de frutas; ttíiroli, de
form ato tlgellform e,
conhecida também
com o cumatá, usada
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PREPARAR O FIXADOR
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ing ir o aru m ã dá trabalh o .
A os p ig m e n to s (ve rm e lh o
e p reto ) d eve -se ad icio n ar um
fixad o r natural.
F ixad ores ou bases são
vern izes ou selvas viscosas
extraídas da en trecasca do
ingá ou outras árvores.
T ira -s e co m cu idado a
casca e rasp a-se a entrecasca
com facão para extrair finas
lascas em b e b id as do verniz.
E sm ig alh ad as, estas lascas
são es p rem id as no tipiti
e, as sim , o su m o estará
pro nto para ser m istu rado
aos p ig m ento s.
N as fotos, P au lo, da c o m u
n id ad e T uc u m ã-R u p itã , extrai
o ó leo fixad o r do tro n co de
u m a árvo re d e n o m in a d a em
ban iw a weráama.
VERMELHO URUCU
p ig m e n to ve rm elh o é o btid o a p artir de p lantas cultivadas: o urucu
O (Bixa orellana L .) e o caraju ru kerrawídzo (Arrabidaeae chica H .& B .),
um co rante v e rm e lh o -tijo lo ou ve rm e lh o -o c re , extraído das fo lh as de um a
p lanta da fam ília das B ig no n iáceas e co n sid erad a u m a tinta m ais nobre,
p orqu e só pode ser o b tid a por troca ou co m p ra de trib os q ue se es p e
cializaram no seu p rep aro, entre as q uais alg u n s clãs b an iw a, no Içana
(cf. R ib eiro , B.: 1 9 8 0 , p. 3 7 4 ).
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PRETO FULIGEM
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ara tin g ir de preto, usa
se fu lig em de q uerosene
ou de óleo diesel ac u m u lad a
em urna lata ou na lam p arin a.
P o d e -se usar tam b ém , co m o
tra d icio n a lm en te, a cinza dos
to rn os ou potes de cerám ica.
O utra o pção é q u e im ar pau
de em b aú b a, tirar o carvão,
s o c á -lo bem no p ilão e coar
em paño fino seco.
Jarros e urutus com
g rafism os co lo rid o s exig em
q ue os co lm o s do arum ã
sejam tin g id o s so m ente pela
m etade. S ecad os ao sol,
estarão p rontos para serem
transform ad o s em talas.
DESCORTICAR
ep arar a casca lisa do
m io lo dos c o lm o s de
aru m ã ( líipee, parte nobre
co m a qual se trança) e p ro
d uzir talas u n ifo rm e s na
larg u ra e na espessura é urna
operação q ue exig e precisão
de m o vim e n to s. O m io lo
ain da é d iv id id o em duas
partes, separand o a líixa para
fazer em b a la g e n s e outros
panei ros, da lílxami, parte
central, ú m id a , que será
descartada.
Para descorticar, além
das m ãos, de urna faca
e de urna cruzeta de to q u i-
nhos de arum ã, os artesãos
u sam os pés e até a boca.
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TRANÇAR
rançar é u m ato so litá rio , q ue exig e
atenção, p aciên cia e ded icação . A
cestaria b an iw a é feita com rig orosa s i
m etria gráfica e com esm ero, para durar.
In iciar o trançado se faz com duas
ou três talas. C o m e ça r co m quatro
rende m ais, m as é co n sid erad a um a
opção exag erad a, u tilizad a em situ a
ções e m e rg e n c e s .
0 n úm ero de talas para co m eçar o
trançado é d efinid o em fu nção da
largura das talas ou do tipo de d ese
nho, exceto no caso da peneira.
H á n om es d iferen tes que d efinem o
ato de trançar, relacio nado s ao n úm ero
de talas u tilizad as no início: dzamaita
(p ara d uas), madalitapenali (p ara três)
e Hcoetakapenali (p ara q uatro ).
S e o artesão vai fazer urutu ou jarro,
ele pode usar q u a lq u er um dos jeitos
de trançar. A gora, caso ele vá fazer
pen eira, só pode usar a m o d alid ad e
dzamaita, a ú nica que garante um a
tram a ad eq u ad a para cern ir a m assa de
m and ioca, seja para fazer farin h a ou
beiju , ou para reter a b orra de frutas.
U rutu s e jarros co m g rafism os
m archetad os co lo rid o s, exig em talas
previam ente p in tad as ao m eio , d ife ren
tem ente de p en eiras e b alaios que são
trançad os com talas m o n ocro m áticas.
H á varios tipo s de trançado especí
ficos para fazer tip iti (co m o , por ex em
plo, phitíema dente de cotia e porhe
iiw i escam a de je jú ).
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DAR ACABAMENTO
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á vários tipos de acaba
m ento das cestas de
arum ã, com o uso de cipós e
am arrilhos naturais.
Os m ais com uns para se
fazer os aros são: o heemáphi
(e s p in h a d e a n ta ), um tipo
de árvore-cipó; o cipó titic a
[Heteropsis spp.), dapikántsa,
epífita da fam ília das Aráceas,
em pregado tam bém para fazer
aturás e peneiras; e o cipó
u a m b é (ou A m bê-A çu) = okána,
cip ó-trep ad eira ( Philodendron
spp., tam bém da fam ília das
Aráceas) que se enrosca em
árvores de até 5 0 m etros de
altura, com diâm etro de 2 cm ,
que um a vez descascado, é
usado para fazer os aros de
contorno da borda das apás.
Os am arrilh os são feitos de
curauá ( Bromelia sp.), heríwai
pokoda, planta de roça da qual
se extrai a fibra (heriwaíkhaa).
U m a vez torcida é utilizada para
fazer cordas e, passada no breu,
para fazer linhas para pescar e
fios para am arrar o acabam ento
das apás e urutus. O breu máini
é um a resina coagulada no tron
co de várias espécies de
Burseráceas, m isturada com
carvão, é em pregada para
endurecer e dar durabilidade ao
fio de curauá.
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LOGOMARCA E ETIQUETA
cestaria de aru m ã tem
sido co m e rc ia lizad a em
dúzias. T rata-se de u nid ad e
m ín im a de produção
por en co m en d a, facilitan do
o transporte.
Para o produtor, a dúzia
é tam b é m u m a referência de
valor, para efeito de troca por
d in h eiro ou p or m ercad orias.
No caso dos urutus (foto
ao lad o), o artesão já p roduz
as cestas o bservan do an teci
pad am ente o d iâm etro das
duas peças m aio res, em cada
qual serão encaixad as su ces
sivam ente m ais cin co peças,
fo rm a n d o duas m eias dúzias,
po sterio rm en te am arrad as e
em b a la d a s (ver fotos na
pág in a segu inte).
Em cada peça, o artesão
am arra a etiq ueta com a
lo g o m arca “arte baniw a".
EMBALAGEM
trançado da em balagem é aberto, rápido de
fazer, do m esm o tipo utilizado tradicio nal
m ente para a confecção de cestos descartáveis
de carga, d en om in ad o s aturás (tshéeto). S ão uti
lizadas as sobras das próprias talas do arum ã,
depois de descortinadas. A lg um as têm alças,
para facilitar o trabalho de carregar e descarregar
tantas vezes, devido às cachoeiras.
P ara evitar que as cestas se ja m dan ificadas
no transpo rte, os B aniw a ain d a fazem , p o r d en
tro da em b a la g e m , u m a proteção co m fo lh as do
p ró p rio aru m ã ou de so ro ro ca.
A em b a la g e m foi criada e ap ro vada pelos
p articip an tes da O ficin a de M es tres da Arte de
A rum ã (ver capítu lo ad ian te), realizada na
co m u n id ad e ban iw a de T ucum ã R upitã, alto
Içana, em ab ril de 1 9 9 9 .
36
11
TRANSPORTAR
ransportar a cestaria de aru m ã das
co m u n id ad es do alto Içana até M an au s
é u m a en o rm e d ificu ld a d e e p od e levar até
duas sem anas.
A O IB I, as so ciação ind ígena do Içana, tem
u m a canoa grande íita mákali, reg io n alm en te
d en o m in ad a b on g o, co m um casco de loiro
escavado de 1 4 m etros e co b ertu ra de folhas
de caranã. Essa em barcação, com seis trip u
lantes, tem ca pacid ad e para transpo rtar cerca
de cem dúzias de urutus.
N a data m arcad a com an teced ên cia, os d iri
gentes da A ssociação u sam esse b ongo,
m o vid o a m o to r de popa de 1 5 H P , para visitar
as co m u n id ad es e reco lh er a pro du ção.
38
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40
¡ii#f
CACHOEIRAS
cada cach oeira - e são pelo m eno s dez! - toda
a cestaria tem que ser d escarreg ad a e o b ongo arrasta
do, m u itas vezes so b re a pedra.
A cach oeira de Tun u í é um a das m ais fortes do Içana, d ifí
cil de ser u ltrap assad a co m a carga em barcad a, m esm o no
au g e nas chuvas. N este p onto, os viajantes têm que ped ir
aju d a aos m o rado res da c o m u n id ad e local.
C h eg an d o em S. G ab riel, a cestaria tem que v iaja r 3 0 km
pela estrada para ser em b arcad a no porto de C am an au s. Daí,
são 3 dias para navegar os cerca de 1 .0 0 0 km até M an au s,
onde co m eça u m a longa viag em de b alsa e ca m in h ão , até
B elém (m a is 1 .5 0 0 km ) e S ão Pau lo (m a is 2 .1 2 0 km ).
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AS MULHERES QUE USAM
s m u lheres baniw a
usam cestaria de
aru m ã na roça e,
so b retu d o, na preparação dos
alim en to s à base de m a n d io
ca. A pro du ção artesanal fe
m in in a de u ten sílio s d o m ésti
cos re su m e -se tra d icio n a l
m ente à cerâm ica (larg am en te
su b stituíd a h oje em d ia por
objetos de alu m ín io e ferro )
e às cuias.
As m u lheres vão d ia ria
m ente à roça para lim par e,
pelo m eno s, duas vezes por
sem ana, para arrancar m an
dioca. N o rm alm e n te um a
fam ília tem três roças, um a
m adura, outra “ve lh a” e outra
“n ova”, com cerca de 1 0 0
m etros q uadrad os cada e ocu
padas q uase to talm ente por
dezenas de variedades de
m and ioca brava, além de
frutíferas e plantas m edicin ais.
P esqu isa recente sobre
m anejo tradicio nal da
m an d io ca na A m azô nia
registrou que nessa região do
alto Içana os B aniw a id e n tifi
cam 7 4 varied ad es e que
cada fam ília, em m édia,
m aneja cerca de 3 0 delas
nas suas roças.
43
UM DIA DE CLÁUDIA
láudia, espo sa de A n d ré, m ãe de três
filh o s p eq ueno s, acordo u cedo e
prep arou um m in gau para a fam ília antes de ir
para a roça, ac o m p a n h ad a de su a m ãe Laura
e carreg an do S ilv an a, recé m -n asc id a.
Para ch eg ar à roça m a is perto da c o m u
n id ad e de T uc u m ã-R u p itã o nd e m o ra, C láu d ia
teve que rem ar três horas rio ac im a, no Içana
e, d ep ois, no igarapé P am ari.
F oram necessárias cin co horas para arran
car e ap arar raízes de m an d io ca em q uantid ad e
su ficien te e cu id a d o sa m e n te encaixad as para
en ch er d ois aturás. N a volta, a cano a de
C lá u d ia desceu m ais rápid o, ajo u jad a ao bote
de a lu m ín io co m m o to r q ue levou o fotógrafo
para registrar a cena.
A in d a a s s im ,...
45
...C lá u d ia e sua m ãe g astaram o resto da
tarde para lavar as raízes no igarapé, raspar, ralar
e esprem er, para p ro d u zir u m a q u a n tid ad e su fi
cien te de idaitakapéthi = m assa ralada de m a n
dioca, de to xicid ad e reduzida, a qual foi ao forno
e viro u alg u n s b eiju s so m ente no d ia segu inte.
A lida da m an d io ca - das roças aos a lim e n
tos - to m a a m aio r parte do tem po da vid a das
m u lh eres baniw a. Exige en o rm e esforço físico e
h ab ilidade.
ATURÁ
erm o em lín g ua geral que d esig na cesto s-carg u eiro s
esféricos, em fo rm a de pan eiro s, p ro vido s de alça
para cin g ir a testa e levar nas costas e u tilizad o no trans
porte de pro du to s da roça, da m ata e de o bjeto s durante
viagens; na região do alto Rio N egro, os M ak u fazem
aturas de cip o u am bé, kaámeem baniw a; aq u ele feito de
cip ó titica ou u am b é os Baniw a ch am am de tsheéto.
46
1
47
RASPAR E RALAR
trabalh o de descascar é m ais am en o . As raízes
O já tratadas são reservadas em uru tus ou bacias
de alu m ín io . R alar exig e outra vez en o rm e esforço.
O trabalh o é feito co m o ap o io de um ralo de m adeira
cu ja fab ricação é esp e cialid a d e dos B aniw a e C u rip aco
48
RALO
tilitário para ralar as raízes da m and ioca,
cu b iu , sem entes de um ari; feito a partir
de táb u a de m adeira da fam ilia do m o lon g ó
(adarukónale ou adapéna), talh ad a com
en xó , co m d iferen tes tipo s de gratísim os
riscados ( kowhíapu, saúva cam inh o ; arháipa,
pé de um tipo de cabeçudo; tsinotaráale, céu
da boca de cachorro; díakhe, tipo de co n s
telação; konolíke, g alho de um tipo de
árvo re) que servem de g uia para incrustar
p ed rinh as de quartzo (b ran cas, ádai) que só
existem na serra de Tun u í ou de sílex (pretas
epíttii), ou ain da de p ed acin ho s de m etal.
Encontrável nos arm azéns do co m ércio em
São G ab riel, onde é vend ido co m o u tilitario .
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TIPITI
tipiti é fab ricado p or to do s os povos indígenas da região do
Rio N egro. É um utensílio indispensável no preparo de alguns
tip o s de farin h as, beijus e m in gaus, alim en to s d erivado s da m a n
dioca. U sado pelas m u lheres baniw a para extrair o su m o que co n
tém o ácid o clan ídrlco, tóxico, e secar a m assa antes de Ir ao forno.
H o m e m que não sabe fazer tipiti não está pronto para casar.
T rata-se de um cesto cilín d rico elástico, fab ricado co m talas de
aru m ã ou jacitara sem raspar nem m archetar, co m ab ertura na parte
su p erio r e duas algas: a de cim a para p ren d ê-lo a um ponto fixo e a
de baixo para Introd u zir u m a alavan ca
e fazê -lo disten der-se.
Para uso na cozinha baniw a, os tip itis são fab ricado s com cerca
de 1 ,7 0 m de co m p rim ento ; é possível en co n trar peças deste tipo
no co m ércio de S ão G abriel da C ach oeira. Os B aniw a fab ricam
versões m in ia tu -
rizadas com talas
co lorid as, que são
vend idas co m o
souvenirs tam bém
em M a n au s e
Belém e já foram
u tilizad as co m o
em b a la g e m de p ro
dutos co sm ético s.
PEGA-MOÇA
um a espécie de m in i-tip iti, com cerca de 2 0 cm
de co m p rim e n to , usado nas b rincad eiras
entre joven s: en co lh e, en ca p s u la e prende
o dedo; é ve n d id o em lojas de arte
sanato co m o b rinq u ed o.
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MASSA, MANICOERA, FARINHAS
ara extrair a m a n ico era da m assa ralada, os B aniw a u sam o cu m atá ttíiroli,
um cesto -co ad or, trançad o de talas de aru m ã co m as m a lh as cerrad as,
ap o ia d o n um trip é de varas. D o líq u id o co ad o resulta a tap io ca méenthi, um
p o lvilh o que d ecanta no fu nd o do pote, e a m anico era, que deve ser fervida pelo
m eno s por duas horas para lib erar o veneno.
Para esfarin har a m assa seca no tip iti, u sam p en eiras trançadas em arum ã
raspado, co m m a lh as abertas. A m assa p en eirad a vai ao forno p ara to rrar farin h a
ou assar b eiju s, com o ap o io de gran d es ab an o s de arum ã.
Os balaios e urutus de arum ã servem para reservar a m assa da m and ioca seca.
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TIPOS DE FARINHA
PARA OS BANIWA
matsóka, farin h a d ’ág u a, que
m istu ra a m assa seca com
a que ficou de m olho;
matsóka mewídali, farin h a seca;
motóipe, m assoca, bem fina,
feita de m an d io ca m o le que
ficou de m o lh o três dias,
to rrada lentam ente no forno
m o m o , especial para fazer
ch ibé e b eiju zinh o para
crianças pequenas.
PANEIRO
es to -e m b a la g e m d escartável, de tram a
aberta, de cipó titic a /u a m b é /a ru m ã ,
forrado de fo lh as de aru m ã ou de soro ro ca
(d e d iversas M u sác ea s silvestres), onde se
aco n d ic io n a a farin h a de m a n d io c a para
uso e para venda.
53
54
BEIJU
e iju s - c o m o as
B farin h as - são assa
d os num forno póali,
tra d icio n a lm en te de
cerâm ica, ag o ra cada vez
m ais de ferro, ap o iado
sobre base de barro.
As m u lheres baniw a
fazem vários tipo s de beiju:
péethe tarhewali, beiju
seco (no sol);
péethe pothidzáite, beiju
doce (fresco);
péethe methíwa, curadá
(m assa m istu rada com
g om a de tap ioca);
péethe thaphéwa, beiju
de m assa de m and ioca
a m o lec id a na água, sem
uso d o tip iti.
0 trabalh o é feito com
a p o io de dois u tilitário s
o b rig ató rio s na cozinha
baniw a: cotimápa, u m a pá
de m adeira co m fo rm a de
m e ia lua, usada para
rem o ver o excesso de
m assa p en eirad a e acertar
as b ordas e kadoitsípa,
ab an o de aru m ã trançad o,
usado para ab an ar o fogo
sob o fo rn o, virar e tirar
o beiju.
55
SÍLABAS GRÁFICAS
d esenh o do trançad o fo rm a n d o
q u ad rad o s co n cên trico s
(walálapoem b an iw a, b a la io -e le
vê), sem o uso de talas co lo rid as , é o
p rim eiro q ue to da criança aprende: é co m o
o alfab eto a p re n d id o para p o d er ler na
escola. A p arece no fu nd o de to do urutu.
A través das técnicas do trançad o, vários
m o tivo s g eo m étric o s p od em ser criado s,
to do s com um sig n ificad o sim b ó lico
específico . A lg u n s artefatos ap resentam um
único m o tivo , outros u m a co m b in a çã o de
vários deles.
A s diferen tes co m b in a çõ es de talas kettamárhi= desenho das costas de um
co lo rid as em preto ou ve rm elh o co m talas tipo de besouro
lisas, raspadas ou não, p erm item visu alizar
m e lh o r os d esenh o s do trançado,
assim co m o p ro d u zir pad rõ es ain d a m ais
variad os.
N o s cu m atás e p en eiras redondas, o
cam p o d eco rativo do tecido de aru m ã se m
pre aparece d iv id id o em quatro p or um a
cruz, osso ou sustento do cesto.
S o bre a varied ad e dos desenh o s em uso makowe íthi= ave noturna olho
na cestaria, re g istro u -se 2 7 n om es durante
a O ficin a de M es tres , realizada em Tucum ã
em 1 9 9 9 (ver ad ian te), p raticam ente o
m esm o n úm ero (2 8 ) an o tad o pela
an tro p ó lo g a Berta R ib eiro na d écada de 70 .
Na p ág in as segu intes aparece u m a
am ostra destes pad rõ es g ráfico s, co m os
n om es em b an iw a. A n tigam en te h aviam
alg u n s pad rõ es p rivativo s de d eterm inado s tssípa ittípi= pacu rabo
p ovos e clãs.
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iwithoípa = massaiico pegada kettamárh¡= desenho das costas
de um tipo de besouro
57
rowidzokami = mulher peneirar marca kettamárhi= desenho das costas de
um tipo de besouro
vv.wwv.uvv
58
kettamárhi= desenho das costas de kettamárhi= desenho das costas de
um tipo de besouro um tipo de besouro
59
OFICINA DE TUCUMÃ-RUPITÃ
■m ab ril de 1 9 9 9 , ap ó s q uatro m eses de p rep aração , a O IB I, co m ap o io da
F O IR N e do IS A , o rg an izo u u m a o fic in a de m estres da arte de arum ã,
id e n tificad o s n u m a a s se m b lé ia da asso ciação no an o a n terio r e c o n vid a d o s
para o even to. D u rante u m a sem ana, es tiveram re u n id o s na casa co m u n itá ria de
T u c u m ã -R u p itã 2 0 artesão s de dez co m u n id a d e s do alto Içana. C ada qual
tro u xe um co n ju n to de peças p ro ntas para m o strar e m a té ria s -p rim a s para
prep arar e trançar até o ac ab am en to .
Essa situação de trabalh o e co n vivê n c ia p erm itiu u m a interação inédita entre
os artesãos, os d irig en tes da O IB I e a eq u ip e do ISA, que contou co m Beto
Ricardo (an tro p ó lo g o , co o rd en ad o r do P ro g ram a Rio N e g ro ) e Fáb io M o n te n e g ro
(en carreg ad o da elab o ração de um p lano de co m e rc ia lizaç ão ), e com a p artici
pação especial do fotógrafo Pedro M a rtin e lli. A ped id o da artista gráfica S ylvia
M o n te iro , que vo lu n taria m e n te se en carreg ou do d esenh o e ed itoração desta
p ub licação, foi m o n tad o um estúd io na ald eia, para fo tog rafar as peças co m
fu nd o infin ito e luz natural.
C o n tan d o com o ap o io
dos m o rado res da c o m u
n id ad e h ospedeira, que
g arantiram um b om astral
e c o m id a farta, crio u -s e
um am b ien te que p erm itiu
d ocum en tar d etalh ad a
m ente não só todos os
passos da p ro du ção da
60
cestaria p elos h om en s e de
uso pelas m u lh eres no pro
cessam ento da m and ioca,
co m o passar a lim p o os
vários aspectos relacio nado s
ao m ercad o ( co m o co n tro le
de q u a lid ad e, em b a la g e m ,
custos e p reços).
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INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO E AS PARCERIAS
Os objetivos centrais do projeto de p ro du ção e co m e rc ia lizaç ão de ces
taria b an iw a de aru m ã são: (1 ) valo rizar o p atrim ô n io cu ltural; (2 ) an im a r a p ro
dução de o bjeto s de arum ã, co m o u m a fo rm a de re ciclag em e d is sem in a ção de
u m a tradição cultural m ilen ar; (3 ) identificar n icho s d u rad o u ro s de m ercad o,
co m p atíveis com a capacid ad e de p ro du ção das co m u n id ad es ; (4 ) gerar renda
p ara os p ro du to res ind ígenas e suas asso ciações; (5 ) c o n trib u ir para o uso
sustentável dos recursos n aturais; e (6 ) capacitar a FO IR N e as so ciações filiad as
no g eren ciam en to de projetos.
0 pro jeto AR TE B A N IW A é u m a p arceria entre a O IB I (O rg an ização Ind ígena
da Bacia do Içan a), a FO IR N (F ed eração das O rg an izaçõ es Ind ígenas do Rio
N e g ro ) e o IS A (In s titu to S o cio a m b ie n ta l).
A OIBI (O rg an ização
Ind ígena da Bacia do Içana)
fu nd ad a em 1 9 9 2 , filia d a à
F O IR N , representa 1 7 c o m u
n id ad es ban iw a (S. José,
Jacaré Poço, S an ta Rosa,
T ap ira-P o n ta , S an ta M arta,
Ju ivitera, A rapaço, Tarum ã,
P u pu n ha, T u c u m ã-R u p itã ,
J a n d ú -C a c h o e ira , M a u á -C a c h o e ira , Trindade, A racu -C a ch o e ira, S iu s i-C a c h o e ira ,
T u c u n aré-lag o e T am and u á), num trecho do alto Içana.
D esd e 1 9 9 4 , a FO IR N e o IS A es tab eleceram um a p arceria para d esenvolver
um P ro g ram a R egio nal de D e se n v o lvim e n to Ind ígena S u sten tável do A lto e
M é d io Rio N egro.
A FOIRN - Federação das O rg an izaçõ es Ind ígenas do Rio N egro - é um a
asso ciação civil, sem fin s lucrativos, fu nd ad a em 1 9 8 7 para o rg an izar os 2 2
p ovos ind ígenas da região e lutar pelo reco nh ecim en to dos seus d ireitos c o le
tivo s à terra, saúde, ed u cação e cu ltura. A sede da FO IR N é em S ão G abriel da
C ach oeira. Existem 3 4 asso ciações ind ígenas filiad as à F O IR N , represen tan do 3 0
m il pessoas de m a is de 6 0 0 co m u n id ad es.
O ISA - Instituto S o cio a m b ie n ta l - é u m a as so ciação civil, sem fins lucra
tivos, fu nd ad a em 1 9 9 4 para p ro po r so luções integradas a q uestõ es so ciais e
am b ien tais. O ISA tem co m o o bjetivo d efender bens e d ireitos so ciais, co letivo s
e d ifu so s, relativos ao m eio am b ien te, ao p atrim ô n io cu ltural, aos d ireitos
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h um an os e dos povos. C o m sede em São Paulo e um escritó rio em Brasília, o
ISA tem su b -sed es regio nais em S. G abriel da C ach oeira, no Rio N egro (A M ),
no X ing u (M T ) e no V ale do R ibeira (S P ).
A p arceria IS A /F O IR N inclui várias ativid ad es, com o: a instalação de um a rede
de radio fon ía e transporte, o d esenvolvim en to de pesquisas d irig id a s, a p u b li
cação da p rim eira série de livros de autores indígenas no B rasil, a im p lantação
de escolas ind ígenas, de p ro jetos de p iscicu ltu ra e de m anejo ag ro florestal, a
fo rm ação de um banco de d ados so cio am b ien tais g eo rreferen ciad os, a d em a r
cação, proteção e fiscalização das terras e o d esenvolvim en to de alternativas
ec o n ô m ica s ap ro p riad as, in c lu in d o a capacitação das o rg an izaçõ es indígenas.
Estas ativid ad es co n tam com ap o io s técnico s e financeiro s de várias p essoas e
o rg an izaçõ es g overn am en tais e n ão -g o ve rn am e n ta is, do Brasil e do exterior.
A pós vários testes de m ercad o, o ISA identificou a em presa T o k & S to k, do
segm en to de m ó veis e o bjeto s de d ecoração para co n su m id o re s específicos de
classe m éd ia dos gran d es centros u rb an os b rasileiros, e co n stru iu u m a p arceria
co m ercial que acolh eu a h istória da arte ban iw a e flexib ilizo u alg un s p ro ced i
m ento s p ad ro nizad o s para os fo rn ecedo res, co m bons resultados. Os recursos
o btid os com a venda da cestaria ban iw a de aru m ã são u tilizad os integralm en te
para rem u nerar os pro du to res, co b rir custos o peracio n ais e ap lic ar em p ro jetos
de Interesse das asso ciações baniw a.
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GLOSSÁRIO
(bw = baniwa; reg = regional; Ig = língua geral)
Chibé matsókaa (bw ), bebida que se tom a depois das refeições e durante as viagens;
deixa-se a farinha inchar na água fria; servida com cuia.
Manicoera kenítshiw¡(bw), sum o venenoso (ácido hidrociânico - ou cianídrico
(H C N ) ou prússico) extraído da m andioca brava (Manihot esculenta Cranz, tam bém
cham ada Manihot útilísima Pohl) no cum atá; deve ser fervido pelo m enos por duas
horas até liberar o sum o venenoso.
Mujeca (Ig) dzatíkhaa (bw ), ensopado de peixe engrossado com tapioca ou farinha,
tem perado com sal e pim enta e consum ido com beiju.
Quinhapira (Ig) ttímapa (bw ), cozido à base de pim enta e peixe, em cujo caldo se
um edece o beiju.
Tapioca mhéetti(bw ), polvllho que decanta no fundo do pote, depois que o líquido
da m anicoera é coado; tam bém existe farinha de tapioca, granulada.
Tucupi káinia (bw ), sum o venenoso extraído da m andioca brava, obtido após o cozi
mento da polpa da m andioca puba, quando filtrada pelo tipiti. Depois da ebulição
torna-se escuro, xaroposo e um tanto ácido.
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DO MATO ATÉ O MERCADO
Cortar o arumã no mato, fazer feixes
e carregar até a aldeia
Tirar e preparar os materiais para tingimento
e acabamento
Raspar, lavar e arear
Pintar e descorrear em talas
Trançar e fazer o acabamento
Trançar a embalagem
Colocar etiquetas, encaixar as peças
e embalar por dúzia
Transportar em canoa com motor até S. Gabriel,
passando por várias cachoeiras
De carro, do porto de cima
até o porto de Camanaus
Daí até Manaus, de barco
De onde segue de caminhão
embarcado em balsa, até Belém
Para chegar a São Paulo,
por estrada
rÚ JL?
INSTITUTO
SOCIOAMBIENTAL