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solo urbano espaço urbano
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confusa a relação entre estruturação do espaço urbano e mercado de terras. trabalho tem, portanto, um caráter preliminar .
A noção de especulação, que se tornou a pedra de toque dos debates, serve Num primeiro momento, tentarei estabelecer as bases teóricas para
mais para confundir do que para explicar, pois remete a relação a uma in - compree nsão da rel aç ão entr e espaço ur ba no e a cum ul a ção do c api tal .
determi nação econômi ca, sobretudo quando se quer estabel ecer separa- Este tópico servirá para colocar os termos da questão fundiária a partir da
ções entre ganhos "lí ci tos" e "i lí citos". compreensão mais ampla das contradições da urbanização capitalista. Num
A meu ver, o debate somente tomará cami nhos mai s prof í cuos se segundo, procurarei identificar as relações entre a produção e consumo dos
partir de uma constatação f undamental: o f ato de que a terra é um bem objetos imobiliários e a valorização da propriedade privada da terra urbana,
não-produzido que, portanto, não tem valor, mas que adquire um preço. buscando construir o quadro teórico para a análise das relações entre os
Ora, um bem não-produzido não pode ter seu preço regul ado pel a lei dá agentes presentes nos processos de valorização fundiária e imobiliária. Por
oferta e da procura; pois não há lei regulando a sua oferta. É a procura que sua importância em termos de uso de solo e pelas suas especificidades, cen-
sus ci t a o p r eç o d a te rr a e nã o o e n co n tro n o m er c ad o d e "p ro d ut or es " trarei minha atenção no processo de produção da habitação. Por último,
e compradores de solo. Mas aqui é necessário esclarecer que não é a de - esboçarei algumas conclusões que poss ibilitem alimentar a discussão sobre
manda fi nal formada pel os consumi dores ori entados pel as suas pref erên - o papel da propriedade privada da terra na geração dos problemas urbanos.
cias e levando em consideração as utilidades das várias porções de solo.
.T.rata- s- é- dá— dseM- a- nda capitalista por solo. Em outras palavras, é necessário
solo urbano espaço urbano
A Formação e Renovação do Espaço Construído tos imobiliários é a base física da formação do valor de uso complexo. Ele
nasce da articulação quantitativa, qualitativa e espacial de vários valores de
A busca do estabelecimento de relações entre o espaço e a acumulação do
uso específicos: vias de transportes e comunicações, sistema de captação,
capital tem sido uma constante preocupação de economistas e sociólogos.
tratamento e di stri bui ção de água, si stema de recol hi mento de esgoto,
Para os teóricos da sociedade capitalista ela tem-se resumido na elaboração
sistema de distribuição de energia, moradias, praças, parques, sistema de
de modelos de localização que permitam às firmas maximizar seus investi -
abastecimento etc.
mentos, através da internalização de economias externas. A formação des -
Para a indústria a localização no espaço urbano significa a escolha de
sas economias é irrelevante para esses autores e são assimiladas às "condi-
um pónto que l he permita maximizar a apropri ação do val or de uso com -
ções naturais" da produção.
pl exo. E ssa local ização óti ma se traduz em mai or capaci dade de extrair
Outros autores, mai s preocupados em compreender e criticar a l ó -
mais-valia através do uso das utilidades que compra na forma de merca -
gica global da produção capitalista de mercadorias, têm buscado com -.
dorias e dos efeitos úteis de aglomeração que encontra pceexistente s. Para
preender aqu el a rel ação através do concei to de capi tal soci al fi xo. Para
a esf era de circul ação, o espaço construi - do tem a utilidade de permi tir
eles as firmas se apropriam de um capital produzido socialmente, sem que
uma di minui ção do tempo de duração da imobilização do capital.
nada paguem por essa utilização. A ci dade seri a então um espaço cons -
Mas, se o espaço construído tem um importante papel , no processo
truído, onde estão presentes um conjunto de el ementos que exercem para
de a cu mul aç ão do c api t al , a s u a f orm aç ão e r en ov aç ão é pro bl em áti ca.
o processo global de produção o mesmo papel q ue as máqui nas no interior
A razão principal é que a sua constituição se dá nos marcos das relações
de um processo parti cul ar: capi tal constante fi xo. Embora essa f ormul a -
capi talistas de produção, o que equival e a diz er que el a está subordi nada
ção lance as bases para a compreensão das contradições da urbanização
às leis que regem a produção e circulaçã o de valores. Para melhor com -
capitalista, ela não esclarece a real natureza da relação entre o espaço e a
preender essa af i rmação val e uma comparação entre a f orça produti va
acumulação do capital. Com efeito, cada processo particular de valorização
cri a da no i nt eri or d e um p roc esso pa rti c ul ar de pr od uç ã o e est a, q u e
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constatação importante na medida em que o conhecimento do uso em po - do capital investido na produção de moradi as. Sem essa condição apenas
tenci al dos terrenos permite o control e de um el emento importante do existirão pequenas empresas, de caráter artesanal ou manufatureiro, com
processo de valorização fundiária e imobiliária. Em outras palavras, o con - escassos capital-dinheiro investidos. Assim sendo, torna-se necessária a exis= -
trole do momento de transformação do uso do solo pode permitir que um tência de um pré-financi amento, capaz de aprovisionar em terrenos o capi -
agente se benefi ci e de um preço que não provém apenas do monopóli o tal. Essa função será exercida com o surgimento do capital de incorporação,
sobre a terra, mas do monopólio sobre o acesso ao consumo do sistema como veremos a seguir.
espacial de objetos imobiliários. Utilizaremos ess e elemento quando ana- O segundo obstáculo é a inexistência de uma demanda solvável. Ela
lisarmos a produção capitalista da habitação. se define por uma inadequação do valor da moradia aos salários. Com efei-
to, os preços da moradia tendem a ser extremamente elevados, se compara-
dos aos outros produtos de consumo, e, paralelamente, os rendimentos da
Contradições da Produção Capitalista da Habitação' popul ação tendem a li mi tar -se aos sal ários. O capi tal -moradi a somente
pode realizar-se aos poucos, na medida do seu consumo, pois os salários
F. Engels, em A questão da moradia, analisa o processo social de constitui- tendem a contempl ar as necessi dades habitaci onais de hoje .e não as do
ção da probl em áti ca ha bi taci onal . Na. pol êmi ca q ue tra va com Pro udho n ano que vem. A conseqüênci a é que _o retorno do capi tal comprometi do
e Sax sua preocupação é demonstrar que se trata de uma questão produ - à sua forma di nheiro tenderá a se prol ongar durante um período muito
zi da pel a própri a l ógi ca de f uncionamento da soci edade capi talista. No superior ao das outras mercadorias. .
entanto, E ngel s não consegue ser convi ncente q uando tenta explicar por A produção capitalista da habitação passa .a depender da existênci a
que, malgrado o fato de as moradias alugadas aos operários apresentarem de um capital de circulação capaz de suportar esse longo período de rota -
elevadas taxas de rentabilidade em relação ao investimento realizado, o ção, através do financi amento do consumo, permitindo ao capital constru -
desenvol vimento de um setor capitalista de produção da habitação encon - tor obter uma rotação normal.
tra dificuldades . Na sua opi nião interessava aos capitalistas manter a pe - A emergência e desenvolvimento de um setor capitalista de produção
núri a de moradi as como meio de manter a dominação sobre os operários.' de moradias depende, pois, da existência de agentes capazes de exercer as
Na verdade não estava nos horiz ontes de E ngel s os obstácul os para funções de liberação do terreno e financiamento do consumo, seja através
a valorização de capitais na produção da habitação. Hoje está demonstrado do aluguel seja através da compra. As formas como são atendidas essas ne -
que existem dificuldades estruturais para que tal setor surja e possa suprir cessi dades determi nam em cada soci edade e em cada momento históri co
as necessidades sociais. 6 as características dos processos de produção e circulação da habitação. Eles
Elas dizem respeito às condições de produção e realização do capital constituirão sistemas de produção e de circulação específicos, definidos
investido na construção de moradias. pelos lugares de dominação/subordinação ocupados pelo proprietário fun -
O primeiro obstáculo é a propriedade privada da terra. Ela representa diário, construtor, financiador e usuário.
o monopóli o sobre uma condi ção da produção, que não p ode ser cri ada Passarei agora a tratar desses sistemas. Limitar-me-ei aos sistemas de
pelo próprio capital. ? Como dissemos anteriormente, o capital deve pagar produção. Não preteri do f az er uma históri a dos processos de produção,
um tri buto para obter essa condi ção a cada novo ci clo da sua reprodução. mas apenas construir um quadro teórico que sirva como instrumento de
O que desejamos frisar nesta parte é que o agente que detém o direito de análise.8
uso da terra controla um elemento fundamental no processo de produção.
Esse agente pode ser o proprietário fundi ário ou outro qual quer que obte-
nha o direito de propriedade. O capitalista construtor somente terá contro -
le desse elemento se puder aplicar parte do seu capital na compra da terra.
Sistemas de Produção da Habitação
Mas o setor de produção de moradias somente poderá se constituir e se d e- O primeiro sistema que podemos pensar é o da produção não-mercantil.
senvol ver se houver um fluxo permanente de terrenos disponí veis, condi - Nel e o usuári o é o ag ent e domi n ant e: tem a t erra, por co mprq ou outro
ção fundamental para a existência de um processo contínuo de valorização meio, constrói a moradia ele mesmo ou através da contratação de um agen -
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solo urbano a) surgimento de uma demanda mais estável e de maior poder aqui-
sitivo;
te construtor. A tendência é que esse sistema se desenvolva nas duas franjas b) aumento dos preços dos terrenos, em função, sobretudo, das ren -
opostas do mercado imobiliário, no segmento composto pelos trabalhadores das de localização, exigindo a aplicação de grandes somas de capi -
excluídos do mercado capitalista e no constituído pelas camadas mais enri - tal-dinheiro, como pré-requisito à produção.,
queci das da soci edade. Nos dois casos, a l ógi ca domi nante e determi nada c) transformações no capitalismo, com a emergência dos monopólios
pela utilidade e pelas posses do consumidor, mesmo quando o sistema este - que empurram as frações não-monopolistas para esferas menos
ja integrado com circuitos de valorização de capital (empréstimos imobiliá - rentáveis;
rios, pagamentos de empresa de construção, compra de materiais etc.). d) surgimento de um sistema financeiro capaz de captar pequenas
poupanças, sub-remunerando-as e colocando-as à disposição do
0 segundo sistema é o comando pela lógica rentista. Corresponde ao
setor imobiliário, para o financiamento da produção e da comer -
predomí nio do propri étári o no processo de li beração e transf ormação do
cialização.
uso do solo, produção e na comerci alização das m oradi as. Ele é composto
de três vari antes, o l oteamento, a construção de conjuntos de habitações E m mui tos países f oi necessári a a i ntervenção do E stado para que
e o aluguel da terra a um construtor. Na primeira, o proprietário limita -se a essas condições fossem criadas e esse, ao nosso ver, é o principal objetivo
transformar o uso do solo, acondici oná -lo com alguns objetos urbanos e das políticas habitacionais.
vender os lotes. Na segunda, o proprietário emprega uma soma de recursos Esses sistemas não representam uma cronologi a históri ca da produ -
também na construção de moradias para al ugar. 9 Na terceira, o proprietário ção da habitação. Numa sociedade eles podem coexistir de uma forma arti -
aluga seu terreno a um construtor, sob a condição de nele serem cons truídas culada» Isso equivale a dizer que existem racionalidades heterogêneas no
casas para al uguel e, findo o contrato, o terreno e as casas retornam ao mercado i mobi li ári o e, conseqüentemente, no processo de ocupação do
proprietário. 10 Nas três variantes a racionalidade que preside ao processo é espaço urbano. No entanto, podemos supor que há uma tendência para o
a apropriação de uma renda, fundiária ou imobiliária, capital iza da ou não. predomínio da racionalidade do sistema de i ncorporação na formação do
E sses doi s si stemas predomi nam quando o capi tal ai nda não pene - espaço urbano. Por esse motivo é interessante aprofundar o conhecimento
trou no ramo de produção de moradias, ou penetrou apenas parcialmente, desse sistema.
embora exista uma escassez de moradi as, fruto de um rápi do e i ntenso
crescimento urbano. Geralmente, os construtores são pequenas firmas,
muitas vezes artesanais, que surgem e desaparec em em função da expansão
O Sistema de Incorporação
ou retração do mercado.
O terceiro sistema é o da incorporação imobiliária. Corresponde ao O incorporador é um agente que exerce as seguintes funções: 12
momento em que o papel domi nante é exercido por um capital de circul a - a) escolha e compra do terreno;
ção, uma vez que este passa a controlar o terreno e a transformação do seu b) análise do mer c ado;
uso. O incorporador compra a terra, planeja a operação, encontra financia -
c ) concepção e desenvolvimento do projeto, compreendendo aspec -
mento para a produção e a comercialização e contrata a empresa constru -
tos técnicos, legais, fiscais, financeiros e operacionais;
tora. A racionalidade do processo passa a ser a racionalidade do capital de
d ) mobilização do capital necessário à operação, compreendendo, fi -
circulação. A origem desse capital pode ser variada, desde patrimônios fa -
nanci amento para construção e para o consumidor final.
miliares que passam a ser "aplicados no imobiliário" até o capital financei -
ro, passando por formas combinadas de capitais de origens diferentes. E xi ste uma pol êmi ca sobre a def i ni ção da naturez a desse sente. A
A condi ção bási ca para o surgi mento desse si stema é a ex ti nção ou razão das divergências é o fato de que, apesar de ser um agente capitali sta,
a perda do signifi cado dos sistemas domi nados pelo propri etári o e pelo o incorporador após a compra do terreno assume -a função exarcida pelo
consumidor, que passam a agir nas franjas do mercado. Isso pode acontecer propri etári o f un di ári o. Pe nso q ue s eri a mai s prof í cuo pe nsar o p ap el do
pela ação de vários fatores, a saber: espaço urbano
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solo urbano espaço urbano
Conclusões Notas
Gostaria agora de assinalar alguns pontos para discussão. E s s e con ce it o e n co nt ra -s e d e se n vo l vido , p ri n cip al me n te , na s s e gu i nt es o br as:
— P r et e ce i l l e , E . L a p la n if ic at ion urb a in e . Pa r i s , C en t r e de S o cio l og i e U rb a i n e ,
1. Em primeiro lugar, é equi vocado pensar que a formação do espa - 1974,
ço' urbano está submetida a uma monorracionalídade. Coexistem Lojkine , J. L'État, Le marx isme et l' urbain e. Paris, PUF, 1976.
processos dif erenci ados responsáveis pel a configuração espaci al T op al o v, C . L a urb an iz a ción ca p it a list a. M éxi cd, Ed i tor i al Ed i co l , 197 9.
das cidades. 2 . V e r a p r o p ó s i t o C a s t e l l s , M . L a q u e s t k in u r b a in e . P a r i s , M a s p e ro , 1 9 7 3 .
3 . Para es se s ag en te s a propri ed ad e da terr a ka poss e so bre as co ndi çõ e s de produ -
2. Em segundo lugar, o fundamento dessa heterogeneidade é o duplo ção. Muitas vezes, pequenos comerciantes,' artesãos e camponeses resistem à pro -
papel assumido pelo espaço nas sociedades capitalistas. Enquanto l e t ar iz a ção pe l a p rop ri e da de q u e m an t êm . No caso do s do is pr im e iro s, a p rop ri e -
valor de uso complexo, o espaço é apropriado como efeitos úteis dad e pode sig nif i car o a cesso a um a cli ent el a q ue fa ta lme nt e per der á com a ve nd a
de agl omeração que permi tem valoriz ações dif erenci adas dos d a t e r r a . O a t u a l co n f l i t o e m t o r n o d a s d e s a p r o p r i a çõ e s f e i t a s p e l a H i d o e l é t r i ca
de ,It aipu e viden ci a es sa contradi ção. Para os ca mpon eses, o pre ço obtido não
capi tais. Mas a ci dade é também um conjunto de mercadori as
lhes p ermitirá conti nuar livres, como produtores ind epend ente s, sob fetudo con -
imobiliárias.
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s i de ra n do- se qu e o Pa ra n á s ofr e r áp ido pro ce sso d e con ce nt ra ção f un di á ri a .