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Sobre a ilustração:
Introdução.
brasileiro, sociedades essas que em grande parte são apontadas como um dos fatores
determinantes para a derrota indígena, pois os índios foram organizados de modo que se
indígena e por conseqüência limitou muito sua capacidade de defesa em relação aos invasores.
Embora os jesuítas apareçam algumas vezes no cenário colonial como defensores dos
indígenas, em muito a organização por eles posta em prática contribuiu para a desestruturação
das tribos tradicionais. Alcançaram efetivamente uma grande influência sobre os indígenas, isso
se dá devido ao poder de persuasão religiosa que conquistaram e utilizaram. Conquista que foi
nativa. É justamente sobre uma dessas apropriações que me proponho discorrer neste trabalho.
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Jesuítas, a Conquista e Contra-reforma.
publicação das noventa e cinco teses de Martinho Lutero. A atitude de Lutero deu inicio à
Reforma Protestante4[4]. Esse movimento tirou grande parte do mundo cristão da submissão ao
Papa. O movimento reformista pregava entre outras coisas a justificação pela fé, ao contrário
dos católicos que pregavam a justificação pelas obras, pregava o fim do celibato e o fim do
Diante desse fato que abalou seriamente as estruturas da Igreja Católica Apostólica
Romana, algumas ações foram tomadas para que se revertesse a situação ou ao menos que se
amenizassem seus efeitos. Destaca-se o Concílio de Trento6[6] (1545) que formulou as bases
da Contra Reforma.
Após o Concílio de Trento é que a Igreja intensifica sua ação missionária nas terras
recém conquistadas da América, para isso o Papa precisava de religiosos que estivessem
dispostos a deixar o luxo das cortes européias para se aventurar em terras do além mar que
eram desconhecidas e estavam estigmadas por uma série de mitos e lendas medievais. Neste
contexto Roma encontrou uma ordem religiosa que lhe serviu de fiel escuderia, a Companhia de
Jesus.
A ordem foi fundada por Inácio de Loyola em 1534 na Capela Montmartre, em Paris,
Militantis Ecclesiae” aprovadas pelo Papa Paulo III, contando então com somente dez membros.
missionários empenharam-se em levar a fé aos pagãos, tinham certa afeição também por
judeus e cristãos novos, atitude que ia contra o pensamento da maioria dos eclesiásticos
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Na área educacional podemos destacar a criação do Colégio de Messina, na Sicília, em
1548, o primeiro e inspirador de todos os outros colégios da companhia. Em 1551 foi fundado o
mentores da Educação no Brasil até 1759 quando foram expulsos por decisão do Marquês de
os estudos jesuíticos eram regidos pelo documento “Ratio atque Instituto Studiorum”,
abreviadamente “Ratio Studiorum”8[8], um documento que dentre vários outros visava manter
A principal missão dos jesuítas na América do Sul era evangelizar os povos nativos e
conviver com os povos, que convencionalmente chamaram índios. Esse trabalho foi de
fundamental importância para o êxito das missões, haja vista que o principal método de
civilizatórias9[9], é claro que a idéia civilizatória por eles empregada era baseada no modelo
europeu, que tinha no mercantilismo e nos valores cristãos católicos seus pontos de base.
Outro fator motivador foi o surgimento do ideal missionário 10[10] que floresce na Igreja
por volta do séc. XVI, sendo um contraponto entre a Igreja medieval que tinha nas ordens
interseção. As ordens missionárias deram uma dimensão social à Igreja constituindo-se a ponte
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entre o mundo sagrado e o profano. A Igreja vê na missão a oportunidade de conquistar novos
No séc. XVI o mundo vive a ausência de seu paradigma, pois Deus é expresso apenas
por semelhanças já que seu lugar é no mundo profano ao contrario do período anterior em que
o lugar do divino estava reservado ao recolhimento dos monastérios e à vida de cada um, ou
seja, a sociedade estava imersa em um ambiente sagrado, agora outros interesses começavam
a se sobrepor ou iguala-se aos religiosos e Deus está com o missionário em lugares onde nem
essas marcas que inscrevem nos objetos sua distância e sua diferença do
quer somente ler o livro sagrado enquanto tal. Ele quer Lê-lo (confrontá-lo
enquanto código ideal) no mundo secular. Quer decifrar este mundo como
linguagem, percorrer seus sinais e estabelecer uma leitura frutífera para uma
sagradas por parte das ordens missionárias. Elas as lêem e transmitem sua
mais afastados do dogma. O auditório predileto da Missão é o dos que ainda não
tinham ouvido a palavra divina. Esta palavra para ser ouvida deve ser repetida
[11]”. (SIC).
importante era a comunicação. Como sabemos a produção de cartas dos jesuítas em geral é
bastante grande, isso não ocorre por um simples acaso, mas sim devido às diretrizes da
Companhia de Jesus. Sobre esse tema, há um artigo de Fernando Torres Londoño “Escrevendo
rapidamente se espalhou pelos quatro cantos do mundo. Assim Loyola temendo uma
desagregação dos membros cria uma série de medidas nas constituições da companhia para
evitar que isso ocorresse, dentre as quais a obrigação dos religiosos manterem uma freqüente
comunicação com seus superiores através de cartas. Criaram-se prazos para envio, as cartas
eram copiadas e reenviadas a outras partes do mundo onde houvessem jesuítas, devido à
grande diversidade lingüística e por ser a língua oficial da Igreja, estabeleceu-se o latim como
língua oficial para essas comunicações. Criou-se um sistema de comunicação muito eficiente
para a época.
Além disso, dado que os primeiros membros da companhia, incluindo seu fundador eram
todos mestres em letras e posteriormente muitos doutores fizeram parte de suas fileiras, a
tradição da escrita não teve muita dificuldade para se solidificar na companhia, embora é claro
tenham existido alguns poucos casos de resistência. Havia basicamente dois tipos de cartas, as
de “edificação”, que deveriam mostrar a graça de Deus manifestada pela ação jesuítica nos
diversos cantos do mundo e as cartas que descreviam o cotidiano das casas, os problemas, as
evoluções dos irmãos etc. Esse tipo de carta ficava reservado aos superiores provinciais e ao
governo geral ao contrario das de edificação que deveriam ser lidas pelo maior número de
jesuítas possível.
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A principal forma utilizada pelos jesuítas para a conversão dos índios, na América do
Sul, foram as reduções. O termo “reduções” nos esclarece um dos objetivos desses
que o índio deixasse o estado de “barbárie” passando então a civilizado. “... já foram reduzidos
cristãos civilizados com a continua pregação do evangelho13[13]”. Elas também serviam como
A primeira surgiu por volta de 1610 e foi chamada de Loreto, fundada pelos Padres José
Cataldino e Simão Masseta, ambos italianos. Logo em seguida surge a de Santo Inácio, fundada
por pelo Pe. Marciel de Lorenzana. Essas reduções, localizadas respectivamente, onde
atualmente estão as cidades de Itaguajé e Santo Inácio no norte do Paraná, foram as primeiras
de muitas que existiram nas regiões do Paraguai, Guairá e Tape que abrangem as bacias do
pontos: A “conversão dos principais”, pois convertendo os caciques os jesuítas teriam uma força
muito maior de coação sobre os demais membros da sociedade. “A doutrinação dos jovens”,
que pretendia que os jovens crescessem sem os vícios já enraizados nos mais velhos e a
“eliminação dos Pajés” que eram responsáveis pela manutenção da cultura religiosa nativa.
A Missão dos jesuítas foi responsável por um grande choque cultural. Neste momento
cultural15[15]. Essa circulação pode ser vista nos ritos religiosos, nas formas lingüísticas, no
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culturas envolvidas no processo absorveram elementos da cultura com que estavam se
relacionando16[16], sem deixarem de ter suas identidades próprias. Um grande exemplo disso é
O aldeamento dos índios em reduções foi responsável pela dizimação de muitos índios,
estranhos, a comunidade nativa padeceu sob muitas epidemias. Outro fator que contribuiu para
o desaparecimento de muitos índios foi a perda de tradições bélicas que os deixou muito
redes de comunicação eficazes que garantiam uma quase que total auto-suficiência. Há
estudiosos que falam até mesmo em uma República Guarani Cristã, que seria uma espécie de
Apesar de não receber a devida atenção pela historiografia o trabalho indígena ocupa
um local de grande importância na história do Brasil e dos demais países sul-americanos 18[18].
Dada está importância a busca por essa mão-de-obra foi muito grande. Segundo trabalho
coordenado pelo professor M. K. Macedo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte 19[19],
escravizar apenas índios aprisionados em Guerra justa e garantia a liberdade aos índios que se
uma estrutura administrativa como a das demais vilas, um meirinho seria responsável pelo
cumprimento das leis e deveria garantir a liberdade dos índios dóceis, essa atitude tira a
espirituais. Apesar dessas medidas o aprisionamento por guerra justa ainda continuava sendo
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Tribunal da Relação do Brasil responsável pelo controle das relações sociais, jurídicas e políticas
da colônia. Esse órgão garantiu a liberdade a todos os índios e devolveu o poder administrativo
das missões aos jesuítas. Essa lei gerou fortes reações, isso fez com que a Coroa voltasse atrás
resgatados em outros aldeamentos. Além disso, tirou novamente o poder administrativo das
missões dos jesuítas, que ficaram novamente restritos à administração espiritual. Diante dos
diversos conflitos existentes perante as missões no norte do Brasil “Percebe-se que a criação
das Missões de aldeamento fez parte da política de aldeamento da Coroa portuguesa que
de uns eram prejudicados pelos de outros. Ora a colonização era favorecida, ora os interesses
dos jesuítas eram favorecidos. Era uma verdadeira queda de braços. Constata-se que as
índios, despovoavam o sertão abrindo espaço para a colonização. Não é por acaso que a
escravidão africana.
paulistas e também de paraguaios que buscavam mão-de-obra dócil. Os paulistas eram cruéis
nos ataques e também no transporte dos prisioneiros. Muitos morriam no momento do conflito
e dos sobreviventes poucos conseguiam chegar vivos a São Paulo. Das reduções do Guairá
somente as de Loreto e Santo Inácio não foram destruídas, isso porque se deslocaram em
direção ao sul. Não satisfeitos com a conquista e destruição das reduções do Guairá, os
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paulistas os reduzidos não se entregavam sem resistência, porém tinham um poder de fogo
muito pequeno já que praticamente não contaram com armas de fogo e tinham perdido em
muito suas tradições guerreiras. Nem mesmo a viagem do Pe. Montoya à corte espanhola e o
apelo de muitos outros jesuítas, foi capaz de sensibilizar as autoridades coloniais e conter o
Os jesuítas eram vistos com maus olhos pela maior parte dos colonos tanto portugueses
quanto espanhóis. Isso se deve ao fato de que a ação dos jesuítas sempre foi no sentido de
defesa dos índios reduzidos24[24]. Essa defesa não era descompromissada, visava
além de terem interesses patrimoniais envolvidos, pois a civilização dos índios incluía o trabalho
as coroas ibéricas tomaram uma atitude em favor de seus colonos expulsando os jesuítas de
suas terras. Assim em 1759 o Marquês de Pombal expulsa os jesuítas de Portugal e suas
colônias, a Espanha faz o mesmo em 1767. Os monarcas desses países mantiveram pressão
contraria a Companhia perante o Papa Clemente XIV, que em 1773 dissolveu a Companhia em
todo o mundo, com exceção da Prússia e da Rússia Branca. Estava então terminado o período
da história das colônias americanas em que os Jesuítas exerceram grande influência e poder.
Continua na Parte 2
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[1] Bacharel/licenciado em História pela UEL e mestrando em História pela UFGD sob
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[2] MONTEIRO, John M. Negros da Terra: Índios e Bandeirantes nas origens de São Paulo. São
LUGON, C. A República Comunista dos Guaranis 1610/1768. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
Entre outros.
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[3] Isso significava que os índios assumissem valores europeus.
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[4] Movimento responsável pelo segundo rompimento entre os cristãos, pois o primeiro
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[5] No culto católico os santos são cultuados, porém o culto a eles prestado é chamado de
“Dulia”, diferente da “Adoração” que é prestada apenas à Santíssima Trindade. A Virgem Maria
mãe de Jesus recebe um culto superior aos demais santos, chamado de “Hiperdulia”, São José
considerado pai adotivo de Jesus recebe a “protodulia” e a os demais santos apenas a dulia.
Parte das queixas dos protestantes contra o catolicismo deve-se ao entendimento da não
seja, – Adoradores de ídolos. Porém os católicos se defendem argumentando que não adoram,
mas prestam dulia, que seria uma espécie de reverencia apenas, assim os Santos teriam
apenas poder de intercessão junto à divindade que é quem de fato tem o poder de modificar a
jan. de 2006.
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[6] “O Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563, foi o 19º concílio ecuménico, convocado
pelo Papa Paulo III para assegurar a unidade de fé e a disciplina eclesiástica. A sua convocação
surge no contexto da reação da Igreja Católica à divisão que se vive na Europa do século XVI
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quanto à apreciação da Reforma Protestante. O Concílio de Trento foi o mais longo da história
cânon bíblico, em oposição aos protestantes e estandardizou a missa através da igreja católica,
como a "Missa Tridentina", com base no nome da cidade de Trento, onde o concílio teve lugar.
Regula também as obrigações dos bispos e confirma a presença de Cristo na eucaristia. São
papa sobre a assembléia conciliar. É instituído o índice de livros proibidos Index Librorum
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[7] SALVADOR, José Gonçalves. Cristãos Novos Jesuítas e Inquisição. São Paulo: Edusp, 1969.
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[8] Ordenação dos Estudos - Documento escrito por Loyola, garantia a unidade da Companhia
no âmbito educacional. Os Jesuítas não se limitavam ao ensino das primeiras letras, tinham
em nível superior.
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[9] Segundo Norbert Elias em “O Processo Civilizador, Volume 1: Uma História dos Costumes”,
conceituais de acordo com a nação no qual foi concebido. O conceito que se expandiu para as
nações ocidentais e está ligado a esse trabalho é o conceito francês de Civilisation, esse
conceito descreveria uma auto imagem da sociedade, imagem essa que se acreditava superior a
todas as demais, abrangia fatos políticos, econômicos, religiosos, técnicos, morais e sociais e
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Como vimos o conceito de civization é posterior ao período que estudamos, porém Elias afirma
que o processo é anterior. Termos como civilisé, poli, policé ou civilité eram utilizados quase
como sinônimos como expressão dos seus padrões comportamentais que eram considerados
superiores aos demais. “...politesse ou civilité tinham, antes de formado e firmado o conceito de
civilisation, praticamente a mesma função deste ultimo: expressar a auto imagem da classe alta
européia, em comparação com outros que seus membros mais simples ou mais primitivos e ao
mesmo tempo caracterizar o tipo específico de comportamento através do qual essa classe se
sentia diferente de todos aqueles que julgava mais simples e mais primitivo...”pp. 54. Assim
empreendido pelos jesuítas e europeus em geral que buscava impor os padrões cristãos
http://br.geocities.com/enigmasdahumanidade/peabiru.htm
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[10] NEVES, Luiz Felipe Baeta. O Combate dos Soldados de Cristo na Terra dos Papagaios:
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[11] NEVES, Luiz Felipe Baeta. O Combate dos Soldados de Cristo na Terra dos Papagaios:
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[12] LONDOÑO, Fernando Torres. Escrevendo Cartas: Jesuítas, Escrita e Missão no Século
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[13] MONTOYA, Pe. Antonio Ruiz, Conquista Espiritual feita pelos Padres da Companhia de
Jesus. Porto Alegre: Martins Livreiro Editor, 1ª ed. 1639, 1985. p. 20.
Nota dos tradutores sobre o texto: Este texto vem sendo considerado como a melhor definição
que se tenha da “Redução” ou de “Reduções”, sendo seu autor o próprio Pe. Montoya.
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[14] MONTEIRO, John M. Negros da Terra: Índios e Bandeirantes nas origens de São Paulo.
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[15] Segundo Ronaldo Vainfas (VAINFAS, R., História das mentalidades e História Cultural in.
Rio de Janeiro: Campus, 1997), Ginzburg é o historiador que propõe abertamente o conceito de
Bakhtin. A circularidade cultural seria uma série de trocas entre culturas diferentes, Para a
operacionalização desse conceito pressupõem-se uma dicotomia cultural. Dicotomia essa que
pode ser contestada se formos aplicar em sociedades mais recentes, porém aceitável no caso
40
[16] ASSUNCAO, Paulo de. A terra dos Brasis: um tapete de Flandres jamais visto. Rev. bras.
Hist. [online]. 2001, vol.21, no.40 [citado 07 Janeiro 2006], pp.217-235. Disponível na World
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[17] Ver: LUGON, C. A República Comunista dos Guaranis 1610/1768. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1977.
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[18] MONTEIRO, John M. Negros da Terra: Índios e Bandeirantes nas origens de São Paulo.
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[19] TURMA 2000.2 Coord. MACEDO, M. K. Missões de Aldeamento como Integradoras da
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[20] TURMA 2000.2 Coord. MACEDO, M. K. Missões de Aldeamento como Integradoras da
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[21] MONTEIRO, John M. Negros da Terra: Índios e Bandeirantes nas origens de São Paulo.
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[22] Montoya atingiu parte de seus objetivos, conseguindo a autorização para que os índios
utilizassem armas de fogo em defesa própria, mas isso não foi suficiente para evitar a
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[23] O clero católico é dividido em duas categorias os seculares e os religiosos. Os primeiros
são ordenados, porém não fazem profissão dos votos evangélicos devem apenas guardar o
religiosos podem ser ordenados, mas sua principal característica é a profissão dos votos
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[24] Mesmo que essa defesa muitas vezes significasse defesa de interesses próprios.
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Parte 2 / Sumé - Tomé: Jesuítas e um Apóstolo de Cristo no Além Mar
Ao tentar introduzir o catolicismo como religião aos índios os jesuítas se depararam com
um conjunto de crenças consolidadas. Uma delas lhes chamou atenção. Tanto lhes chamou
atenção que vários jesuítas se preocuparam e dedicaram grande tempo de suas vidas em
estudá-la e registrá-la através de seus escritos, dos quais temos maior conhecimento dos
Deste personagem os indígenas guardariam apenas uma vaga lembrança. Num passado
bastante longínquo teria percorrido muitos locais habitados por indígenas, pregado a fé em um
único deus, nessa trajetória teria ele deixado vários sinais como, pegadas em pedras, teria
carregado um símbolo posteriormente interpretado como uma cruz e por fim teria deixado a
pregação, mas no futuro viriam alguns sucessores seus que revificariam a fé perdida.
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Paraguai e ‘Pay Tumé’ nas do Peru – fez a sua passagem por aquelas terras,
‘A doutrina que eu agora vos prego, perdê-la-eis com o tempo. Mas, quando
doutrina’.51[3]” (SIC).
Esse tratamento não era esperado pelos Padres, após receberem tal tratamento eles se
animaram e ali teriam constituído uma povoação que se tornou a base para todas as outras. Os
padres teriam sido chamados de Pay Abaré – Homem segregado de Vênus – o que significaria
homem casto. Esse título anteriormente os índios teriam dado somente a São Tomé. Abaré era
um título pejorativo na cultura indígena, pois eles não concebiam a vivência da castidade e
celibato. Já para os jesuítas serem chamados da mesma forma que São Tomé o era, constitui-
se motivo de glória com um forte componente psicológico, pois agora eles não eram apenas
espanholas da América do Sul. Era corrente a idéia de que o Apóstolo Tomé aqui teria estado e
deixado várias provas disso. Henani Donato52[4] destaca que vários homens de respeitabilidade
escreveram e discutiram sobre o tema, entre eles, Tiago Voragine53[5] “... elenca reinos
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prodigiosos do Oriente nos quais São Tomé teria cristianizado príncipes e plebeus... [6].
Gustavo Barroso em Aquém da Atlântida diz: “... Como São Tomé foi assim, o apóstolo que por
catequistas e exploradores da época... das conquistas... julgavam ver suas pegadas por toda a
parte55[7]”. Além de outros como Manoel da Nóbrega, que afirma ter visto com os próprios
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“Dizem Elles que S. Thomé a quem elles chamam Zomé, passou por aqui, e isto
lhes ficou por dito que seus passados e suas pisadas estão signaladas juncto de um
rio, as quaes eu fui ver por mais certeza da verdade e vi com meus próprios olhos,
Ainda em tempos recentes o Editor Gumercindo Rocha Dorea afirma ter visto
Montoya destaca a ocorrência de pegadas em várias partes da América para ele elas
seja, nas pegadas que o Santo Apóstolo deixou impressas numa grande penha,
Vicente. Segundo quer o povo, elas se enxergam ainda hoje menos de um quarto
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de légua da povoação. [10]“.
mesma cidade, em cuja planície hoje se vêem duas pegadas humanas, a modo
direito, como de pessoa que fazia força ou finca pé. Existe a tradição entre os
índios de que o Santo Apóstolo pregava aos gentios do alto daquela rocha e que,
também dos demais religiosos é marcante e dá um caráter continental ao mito, pois as pegadas
estão presentes tanto no litoral brasileiro quanto na província paraguaia. É um mito que está
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em ambas as Américas, portuguesa e espanhola, com características similares. Além das
A forma com que o apóstolo se conduzia de um lugar para o outro era unânime, ele
Essas observações são interessantes, pois não faltaram relíquias do santo como
sandálias milagrosas, fontes de água que curavam, pedaços da cruz que eram eficazes contra
raios e incêndios, no Brasil supostamente raspavam as pedras onde havia pegadas e com o pó
conseguia-se muitos milagres, isso teria feito com que a maioria das pegadas desaparecesse já
Sobre as pegadas temos que destacar que elas muito provavelmente não sejam
invenções dos jesuítas, pois a ocorrência de pegadas atribuídas ao Santo é presente e anterior
nas terras do oriente, por onde tradicionalmente o apóstolo teria pregado. É possível que tendo
marcas em pedras como tais pegadas no Brasil e logo isso se expandiu para o Paraguai e Peru.
Essa hipótese é provável, pois locais onde a tradição católica atribui a evangelização primitiva a
São Tomé estavam sob o domínio português e São Francisco Xavier, jesuíta, também estava
por lá em missão.
Essas coincidências levavam cada vez mais a se acreditar que Tomé de fato tinha
passado por aqui pregando aos índios, isso principalmente se lembrarmos que o ambiente de
espiritualidade medieval ainda estava fortemente presente entre os cristãos do séc. XVI62[14].
O Santo também carregaria consigo uma cruz, essa cruz foi considerada milagrosa e
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“...uma cruz, que este santo discípulo ergueu no povoado dito Carabuco, e que à
sua vista emudeceram os ídolos. Não dando eles resposta e, sabida a causa pelos
na perto de uma lagoa e, ainda que a água banhasse aquele sítio ou sepultura,
depois de mais de 1500 anos a descobriram com inteire ainda hoje constatada... 63
[15]”
Montoya destaca que a cruz era feita em madeira maciça, haveria grande escassez de
madeira em todo o Peru, assim sendo ele supõem que pela dureza da madeira, ela tenha sido
feita de Jacarandá, madeira encontrada apenas no Brasil. Devido ao grande peso do artefato,
somente seria possível um transporte sobrenatural da mesma até o Peru. A cruz que teria sido
desenterrada pelo Cura Pe. Sarmiento teria grande eficácia para afastar demônios e também
ensinassem.
norte e do sul por que derramavam água em forma de cruz sobre a cabeça dos recém-nascidos,
responderam categoricamente: um homem de grande formosura passou outrora por este país e
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nos ensinou a fazer estas coisas` [16]“
de São Tomé, um imenso caminho que ligava o litoral do Atlântico ao Pacífico, considerado
precisamente São Vicente a Cuzco ou o inverso, pois ainda não se sabe com certeza onde era o
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Estima-se atualmente em cerca de três mil quilômetros a extensão total do caminho. Ele
possuía ramais que se interligavam e passava pelos seguintes atuais Estados brasileiros;
Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, atingia os atuais;
Paraguai; Argentina; Bolívia e Peru. Por ele transitaram vários exploradores como Dom Álvar
O caminho também foi utilizado pelos religiosos jesuítas que formaram as reduções na
região sul do Brasil, Langer67[19] destaca que o mesmo caminho que facilitou a empresa
missionária facilitou também o acesso a ela aos Bandeirantes que a destruíram principalmente a
Religiosos como o Pe. Antonio Ruiz de Montoya é que vão dar um caráter sagrado ao
“... 200 léguas desta costa terra adentro, meus companheiros e eu vimos um
caminho, que tem oito palmos de largura, sendo que neste espaço nasce uma
erva muito miúda. Cresce, porém, aos dois lados dessa vereda uma erva que
chega até a altura de quase meia vara. Esta erva, embora de palha murchada e
que está dito. Corre esse caminho por toda aquela terra e, como me asseguraram
chamam de ´caminho de São Tomé`. Tivemos nós o mesmo informe dos índios
Uma das teorias mais aceita credita aos Incas a autoria dos caminhos brasileiros, porém
Augusto Pinto, Hernani Donato, entre outros, a tese andina possui antecedentes
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intelectuais que remontam ao Império brasileiro. Muito intelectuais defendiam
esta idéia, como o diretor do Museu Nacional durante os anos de 1870, Ladislau
Amazônica era vista especialmente como o local onde os incas exerceram grande
americana mais famosa durante o século XIX, a marajoara, teria sido fabricada
por um povo mais ´civilizado`. A teoria andina atingiu seu ponto máximo durante
ser cogitada, novamente sem fundamento científico. Sem maior respaldo entre os
amadores, e que sem sombra de dúvida possuem origem andina... podem ter
origem inca dos caminhos brasileiros é uma comparação física entre os dois
data de 1970, feita por arqueólogos da UFPR – Universidade Federal do Paraná. Nesta
cultura Itararé. O caminho seria de cerca quatrocentos a oitocentos anos d.C. A hipótese mais
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provável é que o caminho tenha sido construído por índios brasileiros antes de Cabral, mas as
Um aspecto destacado por Ernani Donato71[23] sobre o Peabiru, foi sua importância geopolítica
nas relações entre portugueses e espanhóis no século XVI. O caminho ligava Assunção a São
Vicente e possibilitava uma mobilidade muito grande para a época, mobilidade considerada
inutilizado.
rendimento da alfândega de São Vicente, fruto das relações comerciais mantidas com os
espanhóis preocupou Tomé de Souza que temia uma ação militar dos potenciais inimigos. Em
1553 Tomé de Souza manifestou sua desconfiança em relação ao caminho ao Rei. Apesar do
medo da ameaça militar não foi essa a causa que deu autoridade às medidas tomadas.
o que indispôs Lisboa contra o Peabiru. Martin de Arue – diplomata que agindo na
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madrilenhosj... [24]“.
Tomé de Souza então recebeu apoio da coroa portuguesa e proibiu o tráfego em toda a
extensão do caminho instalando inclusive postos de controle. Não abriu mão nem mesmo aos
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Ao que tudo indica a proibição de Tomé de Souza foi respeita pela maioria,
principalmente pela constante vigilância exercida habilmente pelos tupis, mas certamente houve
transgressões, Donato cita, por exemplo, “... o aproveitamento do Peabiru pelo mensageiro que
conduziu pacote com avisos e cartas de São Vicente para moradores de Assunção, no ano de
1554...” e ainda “... o índio Miguel, cristão convertido de São Vicente, que regressava do
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Paraguai à sua redução... [25]”.
Até mesmo aos soldados portugueses o caminho estava fechado, “... Em 1584, para a
guerra contra os carijós, as forças velejaram pelo litoral, alongando o caminho a fim de não
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romper a proibição... [26]”.
Mairapé, localizado na Baía de Todos os Santos, “... feito de areia dura e pura com cerca de
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meia légua, pelo mar afora... [27]”.
Além disso, podemos ver nos documentos, que no imaginário indígena seriam dádivas
do Apóstolo a mandioca, a batata doce e a erva mate, constituintes das bases alimentares
nativas. “... têm eles por tradição, que o Santo Apóstolo lhes deu a mandioca, o pão principal
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dos naturais da terra... [28]”.
no Brasil andava descalço, no Paraguai usava sandálias e já no Peru uma espécie de sapato
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“... em contraste com o sucedido no Brasil, onde perseguido dos índios, procura
manifestara seu alto poder, fazendo com que baixasse o fogo do céu para
pretensão de querer ver o altar e adoratório mantido pelos collas, com a intenção
desse intento77[29].
Essas variações são indicações de caminhos ainda a serem pesquisados, como um mito
pode ter tamanho alcance em uma América tão fragmentada etnicamente, certamente as
diferenças étnicas entre os povos poderão ter relevância em um estudo mais profundo estou
desenvolvendo78[30].
devido a fatores como, o fato de Tomé tradicionalmente ter sido identificado como o apóstolo
dos gentios, e ter pregado no oriente e na África. Estabeleceu-se que o Apóstolo Tomé 79[31]
teria passado pela América do Sul pregando o evangelho de Jesus Cristo. Uma das fontes
inspiradoras de tal ligação possivelmente foi a proximidade fonética entre Sumé80[32] e Tomé.
somente a América sem receber a mensagem redentora? Poderia o apóstolo ter conseguido
algum meio para passar da África à América, embora a crença maior fosse de um transporte
sobrenatural.
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Segundo Sergio Buarque de Holanda os portugueses já tinham amplo conhecimento da
forte e já canonizada passagem e evangelização feita por São Tomé em possessões suas na
África, lá se cultuavam em geral o mesmo tipo de relíquias que na América foram atribuídas ao
atores responsáveis pela cristianização do mito do Sumé, pois com a mentalidade espiritual
medieval, ainda presente, poderia ser muito fácil transformar Sumé ou Zumé em São Tomé.
atribuir a eles a transformação de Sumé em Tomé, pois as primeiras notícias que temos deste
fato estão registradas na “Nova Gazeta Alemã”81[33] de 1514. Assim sendo seria impossível a
um jesuíta formular tal mito, pois a Companhia de Jesus foi fundada em 1534 e chegou ao
divulgado. Vide as cartas de Manoel da Nóbrega e Antonio Ruiz de Montoya como um exemplo.
o Pay Tumé peruano ao discípulo de Jesus: na ajuda que teria ele prestado à
tradição dos índios, anunciará-lhes São Tomé, ao partir para a Índia que, ‘havia
Paranapanema, a dizer de Pay Zomé que falará aos seus antepassados do dia em
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certo homens que levariam a cruz diante de si, o que afinal se realizou com as
O acaso de encontrar o mito indígena do Pay Sumé, Zomé, Zumé etc. possibilitou aos
jesuítas valer-se do suposto legado do apóstolo Tomé. E isso foi importantíssimo para o sucesso
beneficiaram:
Em primeiro lugar se os índios estavam à espera de alguém que devia retornar com uma
mensagem já revelada a seus antepassados e tida por boa, isso facilitou grandemente a missão
dos jesuítas, pois é indiscutível a maior eficácia de pregações a pessoas abertas à mensagem.
importância que é terem seus membros motivados, certamente na época em questão não era
diferente. Santo Inácio de Loyola instituiu as cartas de edificação, que nada mais eram do que
documentos produzidos com o intuito de motivar os irmãos em todas as partes do mundo com
os frutos que Deus concedia à Companhia. Seria difícil imaginar fator mais motivante do que se
considerar sucessor de um apóstolo de Cristo, no caso São Tomé. Micea Eliade destaca a
importância para sociedades tidas por primitivas de um modelo a ser seguido, neste caso
podemos nos apropriar dessa explicação para dizer o quão grande teria sido o modelo de Tomé
para os jesuítas que estavam imersos em uma missão tão difícil, vale lembrar que os fatores
Considerações Finais
conquistar novas almas para seu rebanho nas terras de além mar. Foram responsáveis pela
“civilização dos nativos” e da educação na colônia, conseguiram conquistar muitos índios que
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foram reduzidos em aldeamentos onde foram introduzidos ao modo de vida europeu deixando
de lado muitas de suas própria tradições étnico-culturais. Apesar de rejeitarem grande parte
das expressões culturais religiosas dos indígenas, encontraram no Mito do Pay Sumé ou Zumé
cumprimento da missão além da abertura natural dos nativos que esperavam a volta do ente
o Mito do Sumé transformado em São Tomé teve uma larga divulgação pela América do Sul e
também nas metrópoles européias. Alcançou uma repercussão muito grande entre as fileiras
da Companhia de Jesus, e seus membros, mesmo sem terem sido realmente quem deram inicio
à transformação que o mito indígena sofreu, foram seus grandes beneficiários, pois como
sucessores de São Tomé, os jesuítas alcançaram com mais facilidade seus objetivos, tanto pela
receptividade dos indígenas que esperavam a volta de Sumé, quanto pela própria motivação
pessoal. É presumível que ao menos metaforicamente São Tomé concedeu valiosa ajuda aos
Este artigo não tem a pretensão de fechar o assunto, há ainda muito a se pesquisar
Bibliografia e fontes:
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83
[1] NOBREGA, Manoel. Cartas Jesuíticas 1: Cartas do Brasil 1549-1560. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1988
84
[2] MONTOYA, Pe. Antonio Ruiz, Conquista Espiritual feita pelos Padres da Companhia de Jesus. Porto Alegre: Martins Livreiro
Editor, 1ª ed. 1639, 1985.
83
84
85
[3] MONTOYA, Pe. Antonio Ruiz,Conquista Espiritual feita pelos Padres da Companhia de Jesus. Porto Alegre: Martins Livreiro
Editor, 1ª ed. 1639, 1985. p.86.
86
[4] DONATO, Hernani. Sumé e Peabiru: Mistérios do Século da descoberta. São Paulo: Edições GRD, 1997.
87
[5] Bem aventurado (1230-1298) Arcebispo de Genova. Hagiógrafo, autor de Legenda áurea.
88
[6] DONATO, Hernani. Sumé e Peabiru: Mistérios do Século da descoberta. São Paulo: Edições GRD, 1997. p.20
89
[7] DONATO, Hernani. Sumé e Peabiru: Mistérios do Século da descoberta. São Paulo: Edições GRD, 1997. p. 20.
90
[8] NOBREGA, Manoel. Cartas Jesuíticas 1: Cartas do Brasil 1549-1560. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1988. p.
101
91
[9] DONATO, Hernani. Sumé e Peabiru: Mistérios do Século da descoberta. São Paulo: Edições GRD, 1997. (Esta na
apresentação que o editor faz do livro nas “orelhas”).
92
[10] MONTOYA, Pe. Antonio Ruiz, Conquista Espiritual feita pelos Padres da Companhia de Jesus. Porto Alegre: Martins
Livreiro Editor, 1ª ed. 1639, 1985.p. 89.
93
[11] MONTOYA, Pe. Antonio Ruiz, Conquista Espiritual feita pelos Padres da Companhia de Jesus. Porto Alegre: Martins
Livreiro Editor, 1ª ed. 1639, 1985.p. 89.
94
[12] HOLANDA, Sergio. Visão do Paraíso: Os Motivos Edênicos no descobrimento e Colonização do Brasil. São Paulo:
Brasiliense, Publifolha, 2000. p. 145.
95
[13] HOLANDA, Sergio. Visão do Paraíso: Os Motivos Edênicos no descobrimento e Colonização do Brasil. São Paulo:
Brasiliense, 1996. p 113.
96
[14] HOLANDA, Sergio. Visão do Paraíso: Os Motivos Edênicos no descobrimento e Colonização do Brasil. São Paulo:
Brasiliense, Publifolha, 2000. p. 140
97
[15] Frei Alonso Ramos OSA, citado por - MONTOYA, Pe. Antonio Ruiz, Conquista Espiritual feita pelos Padres da Companhia
de Jesus. Porto Alegre: Martins Livreiro Editor, 1ª ed. 1639, 1985.p. 91-92
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[16] DONATO, Hernani. Sumé e Peabiru: Mistérios do Século da descobe
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