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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ (UESC)

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS (DCAA)


COLEGIADO DE GEOGRAFIA

Disciplina – Leitura de Ambientes – 2018.2


Professora – Elisângela Rosemeri Martins Silva
Aluno: Ícaro Souza Vieira
Atividade Substitutiva da Aula de Campo

Uma leitura e análise geral do Município de Vitória - ES

1 INTRODUÇÃO
Tendo em vista que o objetivo precípuo da disciplina de Leitura de Ambientes
é o aprimoramento da habilidade de identificação dos diferentes ambientes e
paisagens pelos geógrafos em formação, este breve trabalho tem como proposta
apresentar uma visualização geral e abrangente da área do município de Vitória –
ES, capital capixaba, que foi o destino da atividade prática da disciplina.
Como aprendido em aula, a atividade do geógrafo, hoje, muitas vezes
prescinde da ida até o local para que se possa estudá-la. A quantidade de
informações, dados, imagens, mapas, cartas-imagens, disponíveis para análise
alimenta e facilita muito o trabalho da análise geográfica. Convém dizer que não se
pretende afirmar que a percepção e sondagem in situ sejam substituíveis, muito pelo
contrário.
Dito isso, traz-se aqui informações importantes para a formação da visão e
identificação de um ambiente, sendo possível com elas uma “reconstrução” de sua
paisagem, ainda que teórica. Dados sobre a história local, área do município/bairros,
relevo, vegetação, hidrografia, clima, uso do solo, estrutura viária, estrutura e
distribuição da população local, podem nos permitir a enxergar esse território de
modo abrangente e iniciar o seu entendimento mais aprofundado.

2 OBJETIVOS
a) Propor uma leitura do ambiente de Vitória – ES através de
informações como mapas temáticos, imagens, fotos, modelos de elevação, além do
referencial teórico.
b) Inventariar as informações necessárias para a leitura do ambiente
proposto e correlacioná-las para a sua interpretação.
c) Inferir conclusões acerca deste ambiente a partir das informações
coletadas, isto é, realizar a sua leitura.

3 MATERIAIS E MÉTODOS
Para realizar a leitura do ambiente de Vitória – ES utilizar-se-á de pesquisa
bibliográfica para embasamento teórico, elaboração e interpretação de tabelas,
gráficos, mapas, imagens, simulação em 3D (Google Maps), construção de modelo
digital de elevação. Após a compreensão da história de formação do município e
seus fatos mais recentes em conjunto com a interpretação dos dados espaciais
constantes nos materiais disponíveis/elaborados, faremos uma leitura abrangente do
espaço da cidade.
Mapas disponibilizados pela prefeitura de Vitória; elaborados pelo autor deste
trabalho, imagens de Google Maps, modelo digitais de elevação, serão os materiais
utilizados.
Entender os dados de vegetação, relevo, clima, estrutura viária, uso do solo,
história da cidade, atividades econômicas desenvolvidas, distribuição espacial da
população, tornará possível “ler” o ambiente proposto.

4 DISCUSSÕES E RESULTADOS
Inicialmente pretendeu-se compreender os aspectos geográficos da cidade:
Vitória é um município brasileiro, capital do estado do Espírito Santo. Ela é uma das
três capitais do país cuja maior parte do município está localizado em uma ilha, no
caso, a Ilha de Vitória que encontra na desembocadura do Rio Santa Maria. Situada
a 20º19'09' de latitude sul e 40°20'50' de longitude oeste, Vitória limita-se ao norte
com o município da Serra, ao sul com Vila Velha, a leste com o Oceano Atlântico e a
oeste com Cariacica.
Vitória é cercada pela Baía de Vitória e é uma ilha de tipo fluviomarinho, mais
outras 34 ilhas e uma porção continental também fazem parte do município,
perfazendo um total de 93,381 km². Originalmente eram 50 ilhas, muitas das quais
foram agregadas por meio de aterro à ilha maior.
Apesar de estar na região costeira e estar no nível do mar, a capital capixaba
possui cerca de 40% do seu território coberto por morros, típicos da região dos
mares de morros, principalmente de composição granítica. O maciço central da ilha
de Vitória, o Morro da Fonte Grande, possui altitude de 308,8 metros. Os principais
afloramentos graníticos são a Pedra dos Dois Olhos, com 296 metros, e o Morro de
São Benedito, com 194 metros de altitude. O ponto mais alto da cidade é o Pico
Desejado, na ilha de Trindade, com 601 metros de altitude. O restante da área do
município (60%) se encontra em altitude não superior a 30 metros demonstrando a
ocupação humana na planície flúvio marinha.
Ao comparar os mapas de relevo, densidade populacional (por bairro),
Rendimento Nominal Mensal (por bairro) e de Verticalização, fica evidente que a
ocupação antrópica sobre este relevo gerou bairros nobres verticalizados nas áreas
mais planas e privilegiadas1 do município enquanto que o subúrbio se concentrou
nas áreas mais afastadas, nas encostas ou próximo às cidades metropolitanas.
Consequência direta desse contexto é o surgimento de áreas de risco que além de
atentarem contra a vida das pessoas originam áreas urbanas com infraestrutura
insuficiente para a qualidade de vida da população de menor renda.
O clima da cidade é o tropical úmido, nitidamente quente, mas suavizado pela
presença da umidade e vento vindos do mar conferindo baixas amplitudes térmicas
anuais e com chuvas presentes o ano inteiro. Os maiores índices pluviométricos se
concentram no verão (dezembro – março) e as menores no inverno (julho –
setembro).
A vegetação nativa da área é a Floresta Mata Atlântica associada com as
restingas e os mangues tendo em vista a área costeira e o estuário do rio Santa
Maria. Levando em conta a presença humana exploradora dos últimos 400 anos a
maior parte de sua vegetação foi perdida, no entanto, onde o relevo é mais
acidentado ou há alguma área protegida2 ainda restam porções de mata. Ainda
assim, boa parte da população da capital (de diferentes classes sociais) está
assentada sobre áreas de preservação e proteção ambiental, como o caso dos
bairros da Ilha do Frade, Ilha do Boi, Piedade, Santa Tereza, etc…(Modelo Digital de
Elevação comparando Área Urbanizada e Unidades de Conservação).

1
Aqui vem à tona a discussão da paisagem enquanto mercadoria e fomentador de qualidade de vida.
Em Vitória, e isso acontece Brasil afora, os bairros de população mais abastada localizam-se próximo
às orlas, ilhas, com belas vistas. A beleza cênica e natural também entra na conta da seleção de
quem ocupa onde.
2
Parque Municipal Gruta da Onça, Parque Botânico da Vale, Parque Estadual da Fonte Grande,
Parque Municipal Tabuazeiro, etc. Ver mapa de Vegetação x Unidades de Conservação.
Depois de entender minimamente as características do meio físico de Vitória,
vejamos seus aspectos históricos: A cidade foi fundada em 1551, após uma batalha
contra os índios Goitacazes, sendo assim, o nome anterior (Vila Nova) deu lugar à
Vila da Vitória. Durante o período colonial a capitania se sustentava basicamente
pela produção açucareira e a economia local era nitidamente tímida frente às outras
capitanias ao seu redor (sul da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro).
A cultura religiosa dessa época deixou marcas na região e hoje são
encontrados vários construções e monumentos de inspiração barroca, erguidos
pelos jesuítas. Seguindo para meados do século XIX, vemos a substituição da cana-
de-açúcar pela cultura do café que por sua vez trouxe fluxos de capital e de pessoas
nunca antes vistos para a cidade e seu entorno.
São nestas décadas (final do séc. XIX até meados do XX) que observa-se a
modernização de Vitória a partir da construção de aterros para alargamento dos
bairros, pavimentação ampla nos principais pontos da cidade, surgimento de novos
bairros, construção da ferrovia (EFVM), da ponte que ligou a ilha ao continente, etc.
Tal estrutura permitiu que Vitória se adequasse às novas atividades e desafios que
surgiriam.
Após a crise do café e a crescente industrialização do país, o porto de Vitória
exerceu papel fundamental como atrativo de investimento e instalação de indústrias
dos mais variados setores que possibilitaram o desenvolvimento para a cidade e sua
região metropolitana, aqui, mais uma vez se observa o crescimento da população
local:
Quadro 1: Evolução da população de Vitória/ES (1872-2010)
Ano População Total
1872 16.157
1900 11.850
1920 21.866
1940 45.212
1950 50.131
1960 85.242
1970 133.019
1980 207.736
1991 258.777
2000 292.304
2010 325.453

Outra obra importante realizada na cidade no inicio do século passado foi o


Porto de Vitória que hoje é, sem dúvidas, um dos mais importantes do país (único
pátio portuário totalmente sinalizado da América Latina) onde são movimentados
produtos minerais, papel, celulose, madeira e outros produtos da agroindústria.
Associadas a ele estão indústrias de grande porte como a Fibria, Arcelor Mittal
(Tubarão), Vale do Rio Doce, entre outras.
O comércio foi outra atividade que cresceu muito nas últimas décadas na
cidade, empregando parcela significativa da população.
Administrativamente, Vitória possui 9 regiões administrativas que agrupam 90
bairros, a saber (Ver Mapa de Regiões Administrativas):
Quadro 2: Regiões Administrativas e respectivos bairros de Vitória/ES
Região Administrativa Bairros

Centro Centro, Moscoso, Fonte Grande, Forte São


João, Parque Moscoso, Piedade, Santa Clara,
Vila Rubim.

Santo Antônio Ariovaldo Favalessa, Bela Vista, Caratoíra,


Cabral, Quadro, Estrelinha, Grande Vitória, Ilha
do Príncipe, Inhanguetá, Mário Cypreste, Santa
Tereza, Santo Antônio, Universitário.

Jucutuquara Bento Ferreira, Consolação, Cruzamento,


Lourdes, Fradinhos, Gurigica, Horto, Ilha de
Santa Maria, Jesus de Nazareth, Jucutuquara,
Monte Belo, Nazareth, Romão.

Maruípe Andorinhas, Bonfim, Penha, Itararé, Joana


D’arc, Maruípe, Santa Cecilia, Santa Martha,
Santos Dumont, São Benedito, São Cristóvão,
Tabuazeiro.

Praia do Canto Barro Vermelho, Enseada do Suá, Ilha do Boi,


Ilha do Frade, Praia do Canto, Praia do Suá,
Santa Helena, Santa Lúcia, Santa Luiza.

Goiabeiras + Jardim da Penha = Continental Antônio Honório, Boa Vista, Goiabeiras, Jabour,
Jardim da Penha, Maria Ortiz, Mata da Praia,
Morada do Camburi, Pontal de Camburi,
república, Segurança do Lar, Solon Borges,
Aeroporto.

São Pedro Comdusa, Conquista, Ilha das Caieiras, Nova


Palestina, Redenção, Resistência, Santo André,
Santos Reis, São José, São Pedro.

Jardim Camburi Jardim Camburi, Parque Industrial.

Sobre as características da ocupação e distribuição da população no


município, a interpretação e comparação dos mapas de Participação da População
Negra e Branca no Total de Habitantes, de Densidade Populacional, de
Verticalização e de Rendimento Nominal Médio Mensal por Bairro revelam que os
bairros onde a maioria da população é composta de pessoas brancas são mais
verticalizados, tem melhor localização (próximo à praia), melhores vias trânsito, têm
maior renda mensal nominal, são menos densos, isto é, menos pessoas por
domicílio. Logo, convém afirmar que a renda (riqueza) em Vitória é concentrada em
poder de poucas pessoas (brancas inclusive) e que ocupam áreas privilegiadas da
cidade.
Os Bairros onde ocorre a maior concentração de renda são os bairros das
Regiões Administrativas Praia do Canto e Jardim da Penha (“áreas nobres”) e dentro
destas a exceção são os bairros da Praia do Camburi e Praia do Suá que são (“ilhas
de pobreza”) áreas urbanas consolidadas provenientes de ocupação de margem de
rio e de morro, respectivamente (detalhe nas imagens).
Por sua vez, os bairros onde a população negra e parda tem maior
participação são os mais densos, com menor rendimento mensal (mais pessoas com
menos renda) e mais afastados das áreas privilegiadas (acarretando problemas de
mobilidade, por exemplo), frequentemente possuem vulnerabilidade em relação ao
ambiente que estão instaladas, geralmente nos encostas dos morros ou em áreas de
proteção ambiental (pode gerar expropriação do terreno).
Sobre as áreas de risco em Vitória, um recente estudo do IBGE em parceria
com o Cemaden indicou que 26,6% (87.084 pessoas) da população da capital vive
em áreas de risco. Tal número coloca a cidade na 15ª posição no ranking dos
municípios com maior número de moradores em áreas de risco a desastres naturais
no Brasil.
De acordo com o Plano Municipal de Redução de Risco de Vitória 2014/2016
as localidades com risco alto ou muito alto de ocorrência de desastres se encontram
em 45 bairros (metade do total) totalizando 746 domicílios. Curiosamente, essas
localidades não se encontram na “área nobre” da cidade mas sim margeando os
morros da cidade ou estão sobre áreas de mangue.
Ademais, ao analisar o mapa de uso do solo da cidade pode-se perceber que
o uso comercial concentra-se nos bairros mais antigos, como o Centro, Forte de São
João, Bento Ferreira, Ilha de Santa Maria, Monte Belo ou bairros associados aos
bairros mais ricos como Santa Lúcia, Santa Luíza, Barro Vermelho. Quanto às outras
atividades, à exceção dos bairros de destinação específica, como o Aeroporto,
Parque Industrial, Áreas de Preservação, o uso dominante é para a moradia.

5 CONCLUSÃO
A realização da “leitura dos ambientes” é atividade elementar de um geógrafo
ou qualquer outro profissional que se aventura na descoberta do espaço. A
percepção e a identificação das diferenças e identidades dos lugares e das
paisagens obtidas através do estudo de fotos, mapas, gráficos, textos traz o
entendimento acerca do local e da problemática proposta.
Este trabalho buscou, ainda que timidamente, “ler” o município de Vitória/ES
através dessas ferramentas da pesquisa geográfica. Descobriu-se que muita
informações e conclusões podem ser geradas a partir dessas análises.
Perceber Vitória como uma capital que apesar de bela, moderna,
economicamente dinâmica também é desigual e em muitos lugares, excludente. A
construção do espaço da cidade requer trabalho de todos, carece de um
planejamento urbano consciente, inteligente e socialmente responsável, e é isso que
se espera da população (entre civis e políticos) não apenas capixaba mas de todas
as cidades brasileiras.

6 REFERÊNCIAS CONSULTADAS

G1. Vitória e Serra estão entre as 20 cidades com mais moradores em área de
risco. Disponível em: <https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/vitoria-e-serra-
estao-entre-as-20-cidades-com-mais-moradores-em-area-de-risco.ghtml>. Acesso
em 18 out 2018.

IBGE. Evolução da divisão territorial do Brasil 1872-2010. Evolução da população,


segundo os municípios. Disponível em:
<ftp://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_do_territorio/estrutura_territorial/evolucao_da_
divisao_territorial_do_brasil_1872_2010/evolucao_da_populacao_segundo_os_muni
cipios.pdf>. Acesso em 18 out 2018.

IBGE. População em áreas de risco no Brasil. 2018. Disponível em:


<http://portalods.com.br/wp-content/uploads/2018/07/liv101589.pdf>. Acesso em 18
out 2018.
OLIVEIRA, José Teixeira de. História do Estado do Espírito Santo. 3 Ed. Vitória. Arquivo
Público do Estado do Espírito Santo, 2008. Disponível em: <
https://ape.es.gov.br/Media/ape/PDF/Livros/Livro_Historia_ES.pdf> Acesso em 18 out 2018.

Porto de Vitória, Complexo Portuário. Disponível em:


<http://vitoriaport.com.br/Site/OPorto/ComplexoPortu%C3%A1rio/tabid/77/language/
pt-BR/Default.aspx> Acesso em 18 out 2018.

Prefeitura Municipal de Vitória. Parques. Disponível em:


<http://www.vitoria.es.gov.br/cidade/parques>. Acesso em 18 out 2018.

Prefeitura Municipal de Vitória. Plano Municipal de redução de risco de Vitória –


ES, 2014/2016. Disponível em: <http://sites.vitoria.es.gov.br/pmrr/wp-
content/uploads/2017/06/relatorio_final_pmrr_2014_volume_4.pdf> Acesso em 18
out 2018.

Prefeitura Municipal de Vitória. Vitória Bairro a Bairro. 2013. Disponível em:


<http://legado.vitoria.es.gov.br/regionais/geral/publicacoes/Vitoria_bairro_bairro/Vit%
C3%B3ria_bairro_%20a_bairro.pdf> Acesso em 18 out 2018.

Prefeitura Municipal de Vitória. História de Vitória. Disponível em:


<http://www.vitoria.es.gov.br/cidade/historia-de-vitoria>. Acesso em 11 out 2018.

Secretaria de Cultura. O clima de Vitória. Disponível em:


<web.archive.org/web/20071002094143/http://www.vitoria.es.gov.br:80/secretarias/c
ultura/ihges/brunow.htm>. Acesso em 18 out 2018.
7 APÊNDICE

Vista de Vitória pelo Google Earth.

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