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FERNANDO PEIXOTO
31 de Dezembro de 2007
Início
PARA AMARMO-NOS
FERNANDO PEIXOTO
Portugal, 06.01.2008
Início
Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Início
Além da Terra, Além do Céu
Além da Terra,
além do Céu,
no trampolim do
o pensamento e o coração,
vamos!
vamos conjugar
o verbo transcendente,
o verbo pluriamar,
AUSÊNCIA
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
MÃOS DADAS
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos,
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
DESTRUIÇÃO
Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.
Início
By: Carlos Drumond de Andrade.
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Início
Gilka Machado
(1893/1980)
Pelo telefone
Ignoro quem tu és,
de onde vens,
aonde irás;
amo-te pelo enigma pertinaz
que em ti me atrai e me intimida,
por essa música mendaz
de tua voz
que alvoroçou minha audição
e me vem desviando a vida
de seu destino de solidão.
Lembranças
Teus retratos — figuras esmaecidas;
mostram pouco, muito pouco do que foste.
Tuas cartas — palavras em desgaste,
dizem menos, muito menos
do que outrora me diziam
teus silêncios afagantes...
Só o espelho da minha memória
conserva nítida, imutável
a projeção de tua formosura,
só nos folhos dos meus sentidos
pairam vívidas
em relevo
as frases que teu carinho
soube nelas imprimir.
Início
"São demais os perigos desta vida
1952
in Novos Poemas (II)
in Poesia completa e prosa: "Poesia varia"
Início
PROJETO DE PREFÁCIO
―Sábias agudezas... refinamentos...
- não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.‖
RECORDO AINDA
BILHETE
Se tu me amas,
ama-me baixinho.
Se me queres,
enfim,
by Mário Quintana
―Com o tempo você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa,
você precisa, em primeiro lugar , não precisar dela. Percebe também que
aquele alguém que você ama(ou acha que ama)e que não quer nada com você,
definitivamente não o alguém da sua vida. Você aprende a gostar de você, a
cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você. O
segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas
venham até você. No final das contas, você vai achar não quem você estava
procurando, mas quem estava procurando por você!‖
DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!
Mario Quintana - Espelho Mágico
A oração é a pedir que toda a gente encontre um amor assim e através dele
seja curado.
Se a minha oração for ouvida toda a culpa será apagada e todos os remorsos e
toda a raiva será extinta.
Por favor Deus.
Amén.»
Início
Giuseppe Ghiaroni
Pontos de Vista
Economia
Intermezzo
PREVISÃO
Um dia, será velho
Início
João Guimarães Rosa
Frases escolhidas
"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem..."
―Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre
um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de
a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das
grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar, é todos contra os
acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no
fim dá certo.‖
"Já não se encontrarão os meus olhos nos teus olhos. Já não se adoçará
junto a ti a minha dor, mas por onde for levarei o teu olhar e para onde
fores levarás a minha dor."
―(...) a gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma
nunca se deve de tolerar ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é
a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o
tempo governando a idéia e o sentir da gente; o que isso era falta de
soberania, e farta bobice, e fato é."
―Que isso foi o que sempre me invocou, o senhor sabe: eu careço de que
o bom seja bom e o ruim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o
branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da
tristeza! Quero os todos pastos demarcados... Como é que posso com
este mundo? Este mundo é muito misturado.‖
Mal-entendido
Na boda de um camarão com uma lagosta,
levantaram um brinde ao transatlântico
que passou por cima para os cumprimentar...
Falta de armas
Dois caracóis chocaram, de leve, as suas casas,
e mexeram tentáculos , um dia inteiro,
pedindo-se mil desculpas...
Reportagem - Pág-69
Eu quis chamar o homem, para lhe dar um sorriso,
mas ele ia já longe, sem se voltar nunca,
como quem não tem frente, como quem só tem costas...
GARGALHADA
e me ri
Início
Paulo
Leminski
hay
Início
Fernando Pessoa
" E falta sempre uma coisa, um copo, uma brisa, uma frase,e a vida dói
quanto mais se goza e quanto mais se inventa"
Alberto Caeiro
Fernando Pessoa
Cancioneiro
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Da Lâmpada
(Ricardo Reis)
Da lâmpada noturna
A chama estremece
Os deuses concedem
Aos seus calmos crentes
A chama da vida
Perturbando o aspecto
Como preciosa
E antiga pedra,
Beleza contínua.
Início
PABLO NERUDA
Quem morre?
Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não
conhece.
Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o preto no branco
e os pingos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Pablo Neruda
Il meurt lentement
Celui qui ne voyage pas,
Celui qui ne lit pas,
Celui qui n‘écoute pas de musique,
Celui qui ne sait pas trouver grâce à ses yeux.
Il meurt lentement
Celui qui détruit son amour-propre,
Celui qui ne se laisse jamais aider.
Il meurt lentement
Celui qui devient esclave de l‘habitude
Refaisant tous les jours les mêmes chemins,
Celui qui ne change jamais de repère,
Ne se risque jamais à changer la couleur
De ses vêtements
Ou qui ne parle jamais à un inconnu
Il meurt lentement
Celui qui évite la passion
Et son tourbillon d‘émotions
Celles qui redonnent la lumière dans les yeux
Et réparent les coeurs blessés
Il meurt lentement
Celui qui ne change pas de cap
Lorsqu‘il est malheureux
Au travail ou en amour,
Celui qui ne prend pas de risques
Pour réaliser ses rêves,
Celui qui, pas une seule fois dans sa vie,
N‘a fui les conseils sensés.
Vis maintenant !
Risque-toi aujourd‘hui !
NERUDA EN FRANÇAIS
―Il reste que je ne suis qu'un homme, mais plusieurs vous diront quel
homme j'ai été. J'ai toujours lutté pour le peuple et les droits de celui-ci
de se gouverner lui-même, j'en ai frôlé la mort plus d'une fois et j'ai
même dû me sauver de chez moi pour de longues années. Mais toujours
j'ai écrit et aimé la vie. Mon oeuvre a fait le tour du monde et je suis
devenu un symbole pour une jeunesse pleine de vie. Les élèves aimeront
mon Chant général où je tente de faire sentir toute la beauté du monde.
J'aime la vie et le monde. J'ai été heureux dans ma lutte incessante.
Notez cher lecteur qu'un film fut fait sur mes relations avec un postier
lors de mon exil en Italie, un film merveilleux de tendresse mettant en
vedette Philippe Noiret: Il Postino‖
Neruda, Pablo (Neftali Reyes)
FOMOS
(Últimos Poemas)
"Escrever é fácil.
Você começa com uma maiúscula e termina com um ponto final.
No meio, coloca idéias."
Início
A LOUCURA DO POETA
Fernando Peixoto
Portugal
06.08.2007
Início
REFLEXÃO
Fernando Peixoto
Início
(24/2/2004 - 11:53:26- antevéspera do Natal de 2004 – 23:00:00)
De ti pouco mais sei do que o que li
E apenas pelo que outros me disseram
Mas nunca te escutei, sequer te vi
Nos livros que os antigos escreveram.
E de tudo o que retive e que aprendi
Recordo alguns prodígios que fizeste.
Mas depois, reflectindo, concluí:
Quem foste afinal, Tu? E o que disseste?
Nenhum dos escritores te conheceu,
Nenhum deles jamais te acompanhou.
Nem ao certo se sabe onde nasceu
O Jesus que até hoje a nós chegou.
Por isso é que aprendi a duvidar
E daquilo que li pouco me importa.
Duvidando aprendi a acreditar
Porque ter Fé, sem dúvida, é Fé morta.
Que fizeste, tu, Amigo? Francamente!
Como pudeste cair em tanta asneira?
Tu, que tiveste o mundo à tua frente
E o deixaste cair desta maneira?
Tu, que divino sempre te julgaste
E como filho de Deus te assumiste,
Tu, que a própria família abandonaste
E os míseros aos ricos preferiste
Que surgiste, já homem, sem sabermos
Que fizeste na tua adolescência,
Que caminhos tomaste, sem te vermos,
Onde colheste tu tanta ciência?
Depois permaneceste errando, incerto,
Meditando em contínua oração,
Preparando, sozinho, no deserto
O caminho da tua pregação.
Partiste rumo ao mar para pescar
Com redes de palavras pescadores
Acolheste-os a todos, sem cuidar
Em separar os bons dos pecadores.
Quem eras Tu, que assim se aventurava
Em abalar um mundo instituído?
Quem eras tu, Jesus, que assim falava
De um Novo Deus de amor, desconhecido?
Quem eras tu, surgido de repente
Um pobre, natural de Nazaret,
Acompanhado assim, por tanta gente,
Pregando às multidões a nova Fé?
Que o Velho Testamento transformaste
Num novo Deus, sem fúria nem vingança,
Um novo Deus de Amor, que proclamaste,
Num Novo Testamento de esperança,
Tu, que amaste as crianças com ternura,
Como eternos símbolos de pureza,
Que trilhaste os caminhos da ventura
E foste dos humanos frágil presa,
Que a fome por milagre mitigaste
Em pão que se espalhou com abundância,
Que mesmo aos inimigos abraçaste
Com idêntico amor e tolerância,
Que à mulher conferiste a dignidade
Tornando-a tua amiga e tua irmã,
Pois do seu ventre emerge a humanidade
Que faz de cada parto uma manhã,
Que morreste sozinho, abandonado
Pelo povo que foi o teu algoz,
Exangue e por espinhos cravejado
Suportando na cruz a dor atroz
Questionaste o Pai sobre a razão
De ter-te abandonado nesse instante.
E qual foi a resposta? Um trovão,
Apenas um trovão no céu distante.
Disseram que depois ressuscitaste!
Embora já de forma não terrena,
E que aos olhos daquela a quem amaste
Te mostraste primeiro: Madalena.
Mas não creio que tal seja verdade.
E tudo não passou duma visão
Daquela, para quem a realidade
Eras Tu, inda vivo: uma ilusão.
Eras tu, Jesus, o Deus que amava,
Eras tu, Jesus, a flor eterna,
A pétala da flor que não murchava
No amoroso jardim de Madalena.
E por isso te via a todo o instante
E nunca se sentia em solidão
Porque tinha guardado o seu amante
No cofre mais secreto da paixão.
Para mim nunca foste a divindade,
Aquela que não passa dum conceito,
Foste um Homem apenas, na verdade,
Foste um Homem, apenas, mas PERFEITO.
E se hoje creio em ti desta maneira
Acredita: não é por má vontade.
É por não ver a Humanidade inteira
Seguir o teu exemplo de bondade.
Morreste torturado numa cruz
Às mãos dos que querias libertar.
Mas p‘ra mim tu és sempre esse Jesus
Que eu tanto gostaria de imitar!
Mas tão débil eu sou que não consigo
Ultrapassar os vícios que consomem
O difícil caminho que prossigo
À procura de ti, p‘ra ser um Homem.
Por isso sinto a dor tão pertinaz
De tão perto estar de ti e tão distante,
sentir-me cada vez mais incapaz
de ser igual a ti, ou semelhante.
A minha cruz é de outra natureza
E nada tem em si de misticismo:
É a pesada cruz desta fraqueza
De não poder vencer o meu egoísmo.
E só pensando em ti me tornarei
Capaz de resistir e ser mais forte
Vencendo este percurso que encetei
No dia em que nasci até à morte.
Porque a Vida, Jesus, é mesmo assim,
Um rumo que se traça e se percorre,
Que tem sempre um começo e tem um fim:
Se tudo nasce e vive, tudo morre.
E se de nada mais tenho a certeza,
Pretendo ter ao menos a ambição
De estar conforme a minha natureza
Desta frágil e humana condição.
Do Bem e da Pureza soberano
Foste o fruto de humana concepção.
Eu apenas serei um ser humano
Incapaz de atingir a perfeição.
Se como tu não passo de um mortal
E assumo por inteiro este conceito,
Eu não sou como tu, sou desigual,
Não sou como tu foste: um ser perfeito.
E por isso te quero e te encareço
E por isso te recordo e me ajoelho
Em tributo fraterno. E reconheço
Nos teus humanos actos o Evangelho.
*****
Início
MEUS OITO ANOS
Cassimiro de Abreu
Do despontar da existência!
Eu ia bem satisfeito,
Ia colher as pitangas,
Rezava às Ave-Marias,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
................................
Oh! que saudades que tenho
Início
O QUE É - SIMPATIA
(A uma menina)
Cassimiro de Abreu
Simpatia - é o sentimento
Que nasce num só momento,
Sincero, no coração;
São dois olhares acesos
Bem juntos, unidos, presos
Numa mágica atração.
Simpatia - são dois galhos
Banhados de bons orvalhos
Nas mangueiras do jardim;
Bem longe às vezes nascidos,
Mas que se juntam crescidos
E que se abraçam por fim.
São duas almas bem gêmeas
Que riem no mesmo riso,
Que choram nos mesmos ais;
São vozes de dois amantes,
Duas liras semelhantes,
Ou dois poemas iguais.
Simpatia - meu anjinho,
É o canto do passarinho,
É o doce aroma da flor;
São nuvens dum céu d'Agosto,
É o que m'inspira teu rosto...
- Simpatia - é - quase amor!
………………………
Indaiaçu - 1857.
Início
Economia
Giuseppe Ghiaroni
Início
Dois Caminhos...
Eu queria te dar minha emoção mais pura,
associar-te ao meu sonho e dividir contigo
migalha por migalha, o pouco de ventura
que pudesse colher no caminho onde sigo...
E esse estranho desejo em que se desfigura
a palavra de amor e pureza que eu digo,
- e queria te dar essa minha ternura
que às vezes, por trair-se ao teu olhar, maldigo...
Bem que eu quis te ofertar meu destino, meu sonho,
minha vida, e até mesmo esta efêmera glória
que desperdiço a cantar nos versos que componho...
Nada quiseste... E assim, os sonhos que viviam,
se ontem, puderam ser um começo de história,
hoje, são dois caminhos que se distanciam...
Esperança
Não! A gente não morre quando quer,
Inda quando as tristezas nos consomem.
Há sempre luz no olhar de uma mulher
E sangue oculto na intenção de um homem.
Mesmo que o tempo seja apenas dor
E da desilusão se fique prisioneiro.
Vai-se um amor? Depois vem outro amor
Talvez maior do que o primeiro.
Sonho que se afogou na baixa-mar,
De novo há de erguer, cheio de fé,
Que mesmo sem ninguém o suspeitar,
Volta a encher a maré.
Não penses que jamais hás de achar fundo
Nem que entre as tuas mãos não terás outra mão.
Pode a vida matar o sonho e o sol e o mundo,
Mas não nos mata o coração.
(Poesia de Maria Helena,– extraído do livro
Concerto a 4 mãos - de JG de Araujo Jorge - 1959 )
Paradoxo
A dor que abate, e punge, e nos tortura,
que julgamos às vezes não ter cura
e o destino nos deu e nos impôs,
é pequenina, é bem menor, e até
já não é dor talvez, dor já não é
dividida por dois.
A alegria que às vezes num segundo
nos dá desejos de abraçar o mundo,
e nos põe tristes, sem querer, depois,
aumenta, cresce, e bem maior se faz,
já não é alegria, é muito mais
dividida por dois.
Estranha essa aritmética da vida,
nem parece ciência, parece arte;
compreendo a dor menor, se dividida,
não entendo é aumentar nossa alegria
se essa mesma alegria
se reparte.
(do livro- Festa de Imagens – 1948)
O verbo amar
Te amei: era de longe que te olhava
e de longe me olhavas vagamente...
Ah, quanta coisa nesse tempo a gente sente,
que a alma da gente faz escrava.
Te amava: como inquieto adolescente,
tremendo ao te enlaçar, e te enlaçava
adivinhando esse mistério ardente
do mundo, em cada beijo que te dava.
Te amo: e ao te amar assim vou conjugando
os tempos todos desse amor, enquanto
segue a vida, vivendo, e eu, vou te amando...
Te amar: é mais que em verbo é a minha lei,
e é por ti que o repito no meu canto:
te amei, te amava, te amo e te amarei!
(do livro -Bazar de Ritmos- 1935)
Desfolhando
Essa boca, pequena, e assim vermelha,
que ao botão de uma rosa se assemelha,
- quanta vez provocava os meus desejos
desabrochando em flor entre os meus beijos...
Essa boca, pequena e mentirosa,
que diz, tanta mentira cor-de-rosa,
- era a taça de amor onde eu saciava
toda a ansiedade da minha alma escrava ...
Beijando-a, compreendia que eras minha...
Meu amor transformava-te em rainha,
teu amor me fazia mais que um rei...
Agora, tu fugiste... E eu sofro, quando
vejo um outro em teus lábios desfolhando
a mesma rosa que eu desabrochei!...
Cacho de Uva
Vejo em teu corpo, teus seios
redondos, belos, pesados,
como ao tempo das vindimas
os cachos de uva dourados...
E tomo-os nas minhas mãos,
sazonados de calor
para meus lábios sedentos
do vinho do teu amor
Teus seios são cachos de uvas
Uvas da terra ou do céu
Sei que embriagam mais que o vinho
Que são doces mais que o mel
Noturno nº 2
Estás no pensamento,
fixa, presa,
como a estrela no céu
como a nudez da beleza
sob um véu...
Estás no pensamento,
como a espuma na vaga...
Em vão o vai e vem do mar:
ela nunca apaga...
Estás no pensamento
como , na estória, o tema;
como a palavra, no poema;
como o sopro, no vento;
como a música no instrumento;
como o marulho no rio;
como a chama no pavio;
ou o pêndulo, no movimento...
Estranha Encruzilhada
Não sei por que cruzou com a tua a minha estrada,
o destino é inconsciente e não sabe o que faz...
- Encontro-te, e afinal, já sei que tu és amada,
encontras-me, e afinal, já é bem tarde demais...
Já não posso esquecer a existência passada,
perdi meu coração - o amor não tenho mais...
- já não tens coração, e a tua alma, coitada,
sofrendo há de ficar sem me esquecer jamais...
Até hoje nesse amor não tínhamos pensado:
é por isso talvez que em silêncio tu choras,
e em silêncio também meu pranto é derramado
Eu cheguei... Tu chegaste... Estranha encruzilhada:
se eu tenho que partir depois que tu me adoras,
se, tu tens que ficar sabendo-te adorada!...
Tonta...
Dizes que ficas tonta... quando em tua boca
ergo a taça da minha a transbordar de beijos,
e te dou a beber dessa champanha louca
que espuma nos meus lábios para os teus desejos.
Dizes... E em teu olhar incendiado talvez,
como que tonto mesmo e ardendo de calor,
vejo se refletir minha própria embriaguez
e o mundo de loucura que há no nosso amor...
E receio por ti e por mim, e receio
que um dia ao te sentir tão junto, eu enlouqueça
e aperte no meu peito a maciez do teu seio...
Dizes que ficas tonta... Hás de então ficar louca!
E eu tomando entre as mãos tua loura cabeça
hei de fazer sangrar de beijos tua boca! ...
Canto de ontem
Vamos, põe teu braço no meu braço, vamos recordar
os velhos tempos
do nosso amor.
Passeávamos assim,
e que frias eram as tuas mãos
no momento do encontro,
e que dóceis teus lábios depois da rendição.
Muitas vezes perdi-me em teus lábios e não soube voltar.
Que era o mundo senão um punhado de perspectivas
que saíam do ponto coração
e se perdiam nos teus olhos?
Tanta cousa esperamos e alguma cousa colhemos
mas que triste, amor, este todo-o-dia matando
o que esperávamos jamais ser tocado pelo tempo.
Tu me queres ainda, eu sei que te aninhas,
Liberdade
A liberdade é o meu clarim de guerra
e eu sou, no meu viver amplo e sem véus,
como os caminhos soltos pela terra,
como os pássaros livres pelos céus.
Ela é o sol dos caminhos ! Ela é o ar
que os enche os pulmões, é o movimento,
traz num corpo irrequieto como o mar
uma alma errante e boêmia como o vento.
Minha crença, meu Deus, minha bandeira,
razão mesma de ser do meu destino,
há de ser a palavra derradeira
que há de aflorar-me aos lábios como um hino.
Liberdade: Alavanca de montanhas!
Aureolada de louros ou de espinhos
há de cingir-me a fronte nas campanhas,
há de ferir-me os pés pelos caminhos.
Sinto-a viva em meu sangue palpitando
seja utopia ou seja ideal, - que importa?
Quero viver por esse ideal lutando,
quero morrer se essa utopia é morta !
Supremo Orgulho
Nunca soube pedir...Nunca soube implorar...
Nasci, tendo este orgulho em minha lama irrequieta,
- há um brilho que incendeia o meu altivo olhar
de crente superior... de indiferente asceta...
Minha fronte, jamais, eu soube curvar
na atitude servil de uma existência abjeta...
Ninguém é mais que eu!... Ninguém... e este meu ar
de orgulho, vem da glória imensa de ser poeta...
Sou pobre - mas riqueza alguma há igual à minha,
- a mulher que eu amar terá a glória suprema
de um dia se sentir maior que uma rainha....
Terá a glória de saber o seu nome
perpetuado por mim nas estrofes de um poema,
desses que a História guarda e o Tempo não consome!
Teus seios
Teus seios... quando os sinto, quando os beijo
na ânsia febril de amante incontestado,
são pólos recebendo o meu desejo,
nos momentos sublimes de pecado...
E às manhãs... quando acaso, entre lençóis
das roupagens do leito, saltam nus,
lembram, não sei, dois lindos girassóis
fugindo à sombra e procurando a luz!...
Florações róseas de uma carne em flor
que se ostenta a tremer em dois botões
na primavera ardente de um amor
que vive para as nossas sensações...
Túmidos... cheios... palpitantes, como
dois bagos do teu corpo de sereia,
tem um rubro botão em cada pomo
como duas cerejas sobre a areia...
Quando os tenho nas mãos... Quantas delícias!...
Arrepiam-se, trêmulos , sensuais,
e ao contato nervoso das carícias
tocam-me o peito como dois punhais!...
Meu lúbrico prazer sempre consolo
na carne destas ondas revoltadas,
que são como taças emborcadas
no moreno inebriante do teu colo...
(extraído do livro Poemas do Amor Ardente - 1961)
Quando chegares…
Não sei se voltarás
sei que te espero.
Chegues quando chegares,
ainda estarei de pé, mesmo sem dia,
mesmo que seja noite, ainda estarei de pé.
A gente sempre fica acordado
nessa agonia,
à espera de um amor que acabou sendo fé...
Chegues quando chegares,
se houver tempo, colheremos ainda frutos, como ontem,
a sós;
se for tarde demais, nos deitaremos à sombra e
perguntaremos por nós...
(extraído do livro De mãos dadas- 2a edição 1966 )
Tédio
Vontade preguiçosa de apanhar meus nervos
Ah! ...
***********
J. G. de Araújo Jorge
Início
Círculo Vicioso
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
- Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela !
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
CAMÕES
[2] Perdoem-se estes versos em francês; e para que de todo em todo não fique a
página aqui perdida lhes dou a tradução que fez dos meus versos o talentoso poeta
maranhense Joaquim Serra:
A CAROLINA
Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Machado de Assis
Nacionalidade: brasileira
Assinatura
Início
Não me deixes!
Debruçada nas águas dum regato
A flor dizia em vão
À corrente, onde bela se mirava:
"Ai, não me deixes, não!
"Comigo fica ou leva-me contigo
"Dos mares à amplidão;
"Límpido ou turvo, te amarei constante;
"Mas não me deixes, não!"
E a corrente passava; novas águas
Após as outras vão;
E a flor sempre a dizer curva na fonte:
"Ai, não me deixes, não!"
E das águas que fogem incessantes
À eterna sucessão
Dizia sempre a flor, e sempre embalde:
"Ai, não me deixes, não!"
Por fim desfalecida e a cor murchada,
Quase a lamber o chão,
Buscava inda a corrente por dizer-lhe
Que a não deixasse, não.
A corrente impiedosa a flor enleia,
Leva-a do seu torrão;
A afundar-se dizia a pobrezinha:
"Não me deixaste, não!"
Canção do exílio
Kennst du das Land, wo die Citronen blühen,
Im dunkeln Laub die Gold-Orangen glühen?
Kennst du es wohl? — Dahin, dahin!
Möchtl ich... ziehn. *
Goethe
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Coimbra - julho 1843.
* - "Conheces a região onde florescem os limoeiros ?
laranjas de ouro ardem no verde escuro da folhagem;
conheces bem ? Nesse lugar,
eu desejava estar"
(Mignon, de Goethe)
Ocupação: poeta, professor, pesquisador e teatrólogo brasileiro. Considerado o principal poeta da primeira geração
do romantismo brasileiro.
Nacionalidade: brasileira
Jornada: estudou Direito em Coimbra, Portugal onde fez sua estréia literária com o poema dedicado à coroação do
Imperador D. Pedro II no Brasil. Depois de escrever o famoso ―Canção do Exílio‖, volta ao Brasil. ―Primeiros
Contos‖ o consagrou poeta.
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A pátria
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
a eterna primavera!
Última página
Primavera. Um sorriso aberto em tudo. Os ramos
Nacionalidade: brasileira
Ocupação: poeta
Conhecido por sua atenção à literatura infantil e, principalmente, pela participação cívica, era republicano e
nacionalista. Bilac escreveu a letra do Hino à Bandeira.
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ARCO-ÍRIS
Choveu tanto esta tarde
Castelos na areia
— Que iluminura é aquela, fugidia,
Que o poente à beira-mar beija e incendeia?
— É apenas a criação da fantasia: —
São castelos na areia.
Andam, tontas de sol, brincando as crianças
Como abelhas que voaram da colméia.
Erguem torreões fictícios de esperanças...
São castelos na areia.
Ao canto de um jardim adormecido:
"Por que não crês no afeto que me enleia?
E as palavras que eu disse ao teu ouvido?"
— São castelos na areia.
Foi um poeta, político e diplomata brasileiro. Eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros, em substituição a Alberto de
Oliveira, detentor do título depois da morte de Olavo Bilac, o primeiro a obtê-lo.
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Devaneio
Nilo Entholzer Ferreira
(in memoriam)
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CONTRASTE
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SE
Rudyard Kipling
Tradução de Guilherme de Almeida
Original Inglês
IF
Rudyard Kipling
Nascey em Bombaim, em 30 de dezembro de 1865 e faleceu em Londres em 18 de janeiro de 1936. Foi um autor
e poeta britânico.
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Blues Fúnebres
(Original inglês)
Funeral Blues
Put crêpe bows round the white necks of the public doves,
The stars are not wanted now; put out every one;
W. H. Auden
W. H. Auden nasceu em York, Inglaterra, em 1907. Mudou-se para Birmingham na infância e estudou no Christ's
Church, em Oxford. Quando jovem, era influenciado pelas poesias de Thomas Hardy, Robert Frost, William Blake e
Emily Dickinson.
Em 1928, Auden publicou seu primeiro livro de versos e sua coleção "Poemas", publicada em 1930, o que o colocou no
topo da nova geração de poetas. Era admirado pela sua técnica e habilidade em escrever poemas em todas as formas
imagináveis, pela incorporação em suas obras de elementos cultura popular e eventos atuais e também por seu vasto
intelecto. Sua poesia freqüentemente reconta, literal ou metaforicamente, uma jornada ou aventura, e suas viagens
acabaram servindo como rico material para seus versos.
Visitou a Alemanha, China, serviu na guerra civil espanhola e em 1939 mudou-se para os Estados Unidos, tornando-se,
mais tarde, cidadão americano. Manteve um relacionamento aberto com Chester Kallman, nada fazendo para ocultar sua
homossexualidade.
Suas crenças mudaram muito entre o período de sua jovem carreira na Inglaterra (onde era adepto do socialismo e da
psicanálise Freudiana) e sua fase posterior, na América, quando sua principal preocupação passou a ser o cristianismo e
a teologia do protestantismo.
Auden era também dramaturgo, editor e ensaísta. Considerado o maior poeta inglês do século XX, seu trabalho
influenciou as gerações seguintes, dos dois lados do Atlântico. Foi Chancellor da Academia de Poetas Americanos de
1954 a 1973 e dividiu a segunda parte da sua vida nas residências de Nova York e Áustria. Faleceu em Viena, em 1973.
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A VOZ DAS COISAS
Foi poeta, jornalista, político, romancista, contista, cronista e ensaísta. Sua obra que mais se destacou foi o poema
"Juca Mulato" (1917), considerado precursor do Movimento Modernista. No entanto, sua origem estética, ainda está no
Parnasianismo, evidente em sua poesia pela grandiloqüência e floreios verbais. Em 1982, foi proclamado Príncipe dos
Poetas Brasileiros, título que pertenceu anteriormente a Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Olegário Mariano.
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Piedosa Mentira
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As Máscaras
Pudesse eu repartir-me
encontrar minha calma
dando a Arlequim meu corpo...
e a Pierrô, minha alma!
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Oferta
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Duas Almas
Para Coelho da Costa
Alceu Wamosy*
Livramento - RS
1895-1923
Poeta simbolista, Alceu Wamosy escreveu poemas cheios de desencanto, em uma produção
que se destacou no sul do país e que é uma das obras mais significativas do Simbolismo
brasileiro, sendo o seu soneto ―Duas Almas‖ um dos mais belos produzido em língua
portuguesa.
Enedy Rodrigues Till é o pesquisador que melhor estuda a obra de Alceu Wamosy.
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A UM PINTASSILGO
Belmiro Braga
1872 - 1937
*Belmiro Ferreira Braga (Belmiro Braga, então Vargem Grande, 7 de janeiro de 1872 — 31 de março
de 1937) foi um poeta brasileiro.
Em sua homenagem, seu local de nascimento recebeu seu nome após ser elevado à categoria de
município, passando a ser chamado Belmiro Braga.
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Aceitarás o amor como eu o encaro ?...
Mário de Andrade*
São Paulo - SP
1893-1945
Apesar de ter sido uma pessoa com inúmeras ocupações, este artista modernista
sempre tinha tempo para ajudar os escritores que ainda não eram conhecidos.
Enquanto viveu, ele lutou pela arte com seu estilo de escrita puro e verdadeiro.
Certo de que a inteligência brasileira necessitava de atualização, este escritor
modernista nunca abandonou suas maiores virtudes: a consciência artística e a
dignidade intelectual.
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Soneto XXV
Guilherme de Almeida*
Campinas - SP
1890-1969
Haicais
Consolo
A noite chorou
a bolha em que, sobre a folha,
o sol despertou.
Os andaimes
Na gaiola cheia
(pedreiros e carpinteiros)
o dia gorjeia.
Pescaria
Cochilo. Na linha
eu ponho a isca de um sonho.
Pesco uma estrelinha.
Romance
E cruzam-se as linhas
no fino tear do destino.
Tuas mãos nas minhas.
O haicai
Principais obras: Nós, poesia (1917); A dança das horas, poesia (1919); Messidor, poesia
(1919); Livro de horas de Soror Dolorosa, poesia (1920); Era uma vez..., poesia (1922); A
flauta que eu perdi, poesia (1924); Meu, poesia (1925); Raça, poesia (1925); Encantamento,
poesia (1925); Do sentimento nacionalista na poesia brasileira, ensaio (1926); Ritmo,
elemento de expressão, ensaio (1926); Simplicidade, poesia (1929); Você, poesia (1931);
Poemas escolhidos (1931); Acaso, poesia (1938); Poesia vária (1947); Toda a poesia (1953).
Os haicais acima, foram extraídos do "Suplemento Cultural" do jornal "Ordem do Dia",
editado pela Câmara Municipal de Campinas (SP), datado de junho de 2004, pág. 2.
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ARGILA
Raul de Leôni*
Petrópolis - RJ
1895 - 1926
*Raul de Leoni nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1895. Faleceu no ano de 1926 no Rio de
Janeiro no bairro Itaipava com 31 anos de idade. Era formado em Ciências Jurídicas e
Sociais pela Faculdade Livre de Direito.
Admirador de esportes, participou de prova de natação e remo vencendo, pelo Clube Itaraí.
Publicou seu primeiro livro em 1919. e em 1922 lançou o livro Luz Mediterrânea, que teve
sua segunda edição em 1928.
Trechos Escolhidos foi uma antologia de poemas seus, publicada em 1961.
É considerado um poeta neoparnasiano por uns e, simbolista por outros.
Seus últimos poemas se destacam pelas abstrações filosóficas apresentando modulações
simbólicas.
Obras principais de Raul de Leoni:
- Luz Mediterrâneas,
- Trechos Escolhidos – antologia
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"Que importa que morra o poeta?
Importa que não morra o poema!"
Cruz e Sousa*
[1861 – 1898]
Escárnio perfumado
Quando no enleio
De receber umas notícias tuas,
Vou-me ao correio,
Que é lá no fim da mais cruel das ruas,
E em tom de mofa,
Julgo que tudo me escarnece, apoda,
Ri, me apostrofa,
A borboleta azul
Inefável
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SONETO*
Poeta romântico e boêmio inveterado, Fagundes Varella foi um dos maiores expoentes
da poesia brasileira, em seu tempo. Tendo ingressado no curso de Direito (e frequentado
as faculdades de São Paulo e Recife), abandonou o curso no quarto ano. Foi a transição
entre a segunda e a terceira geração romântica.
Casando-se muito novo (aos vinte e um anos) com Alice Guilhermina Luande, filha de
dono de um circo, teve um filho que veio a morrer aos três meses. Este fato inspirou-lhe o
poema "Cântico do Calvário", expressão máxima de seus versos, tão jovem ainda. Sobre
estes versos, analisou Manuel Bandeira: "...uma das mais belas e sentidas nênias da
poesia em língua portuguesa. Nela, pela força do sentimento sincero, o Poeta atingiu aos
vinte anos uma altura que, não igualada depois, permaneceu como um cimo isolado em
toda a sua poesia."
Casou-se novamente com uma prima - Maria Belisária de Brito Lambert, sendo
novamente pai de duas meninas e um menino, também falecido prematuramente, aos 11
anos.
Embriagando-se e escrevendo, viveu até a morte ainda jovem, à custa do pai, boa parte do
tempo no campo - seu ambiente predileto.
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O sono das águas
(Guimarães Rosa)
no rio, na lagoa,
há de ouvir a cachoeira
O orvalho sonha
e adormece.
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O PÁSSARO CATIVO
Olavo Bilac
Se os pássaros falassem,
Gosto mais do alimento que procuro na mata livre em que a voar me viste.
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Ora (direis) ouvir estrelas!
Olavo Bilac
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Sete de Setembro
Cruz e Sousa
Liberdade! Independência!...
Eis os brados grandiosos
Que quais raios luminosos
Fulguraram lá nos céus!...
Eis a mágica — Odisséia
Que duns lábios rebentando,
Foi o povo transformando,
Foi rompendo os negros véus!...
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Pátria Minha
Vinicius de Moraes*
Texto extraído do livro "Vinicius de Moraes - Poesia Completa e Prosa", Editora Nova
Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 383.
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