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Revista SÍNTESE
Direito Previdenciário
Ano XIV – Nº 66 – Maio-Jun 2015
Repositório autorizado
Tribunal Regional Federal 1ª Região – Portaria CONJUD nº 610-001/2013
Tribunal Regional Federal 2ª Região – Despacho nº TRF2-DES-2013/08087
Tribunal Regional Federal 3ª Região – Portaria nº 03, de 31.05.2012 – Registro nº 26
Tribunal Regional Federal da 4ª Região – Portaria nº 942, de 13.08.2013 – Ofício – 1528443 – GPRES/EMAGIS
Tribunal Regional Federal da 5ª Região – Informação nº 001/2013-GAB/DR
Diretor Executivo
Elton José Donato
Coordenador Editorial
Cristiano Basaglia
Editora
Valdinéia de C. Tessaro de Souza
Conselho Editorial
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Heloísa Hernandez Derzi, Ivani Contini Bramante,
José Aldizio Pereira Junior, Marcus Orione G. Correia,
Maria Garcia, Marisa Ferreira dos Santos,
Oscar Valente Cardoso, Roberto Luis Luchi Demo,
Wladimir Novaes Martinez
Comitê Técnico
Hermes Arrais Alencar,
Luciano Marinho Filho,
Marco Aurélio Serau Junior
Tatiana Sada Jordão
Revista SÍNTESE Direito Previdenciário. – Ano 14, n. 66 (maio/jun. 2015)- . – São Paulo: IOB, 2011- .
v. ; 23 cm.
Trimestral: 2001-2011. Bimestral: 2011- .
Continuação de: Revista de Direito Social. Ano 1, n. 1 (jan./mar. 2001)-ano 10, n. 42 (abr./jun. 2011).
Publicação: Sapucaia do Sul: Notadez, 2001-2010; São Paulo: SÍNTESE, 2011.
Descrição baseada em: Ano 10, n. 45 (jul./ago. 2011).
ISSN 2237-714X
1. Ciências sociais aplicadas - Periódico. 2. Legislação social - Periódico. 3. Direito previdenciário - Periódico.
CDU: 34:368.4
CDD: 341.67
Eliane Beltramini
Gerente Editorial e de Consultoria
Sumário
Assunto Especial
O Novo CPC e o Direito Previdenciário
Doutrinas
1. Impacto do Novo CPC sobre as Ações Previdenciárias
Marco Aurélio Serau Junior........................................................................9
2. O Novo CPC e o Direito Previdenciário
Theodoro Vicente Agostinho e Sérgio Henrique Salvador........................30
Parte Geral
Doutrinas
1. Limite para o Acúmulo de Pensões por Morte na Previdência
do Servidor
Bruno Sá Freire Martins............................................................................35
2. Noções Preliminares sobre o Acordo Internacional de Previdência
Social entre o Brasil e a França
Juliano Sarmento Barra e Francis Kessler..................................................43
3. Limbo Jurídico Trabalhista Previdenciário
Cássia Bertassone da Silva........................................................................59
4. Da Licença e Salário-Maternidade à Licença-Natalidade-Infância
e Salário-Maternidade Parental – Releitura dos Direitos
Previdenciários à Luz do Novo Conceito de Família
Ivani Contini Bramante............................................................................74
Jurisprudência Previdenciária
Acórdãos na Íntegra
1. Supremo Tribunal Federal........................................................................93
2. Superior Tribunal de Justiça...................................................................102
3. Superior Tribunal de Justiça...................................................................109
4. Tribunal Regional Federal da 1ª Região..................................................119
5. Tribunal Regional Federal da 2ª Região..................................................129
6. Tribunal Regional Federal da 3ª Região..................................................140
7. Tribunal Regional Federal da 4ª Região..................................................150
8. Tribunal Regional Federal da 5ª Região..................................................160
Ementário Previdenciário
1. Ementário de Jurisprudência Previdenciária...........................................170
Seção Especial
Com a Palavra, o Procurador
1. A Ação Regressiva Acidentária e a Reabilitação Profissional:
Obrigação de Fazer ou Ressarcimento?
Fernanda de Paula Campolina...............................................................210
Em Poucas Palavras
1. Utilização de EPI Quando do Ruído
Wladimir Novaes Martinez....................................................................217
Clipping Jurídico...............................................................................................223
Resenha Legislativa...........................................................................................226
Tabelas Práticas...............................................................................................227
Bibliografia Complementar..................................................................................228
Índice Alfabético e Remissivo..............................................................................229
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Assunto Especial – Doutrina
O Novo CPC e o Direito Previdenciário
RESUMO: O artigo discute as inovações que chegam com o novo Código de Processo Civil e o
seu impacto sobre o processo judicial previdenciário, considerado como o segmento judicial que
tem por objeto a concessão ou revisão de benefícios previdenciários. Apresenta as primeiras
observações sobre o novo texto legal, priorizando alguns aspectos que devem ter profundo
efeito nas ações previdenciárias, tudo a depender, por certo, do uso das inovações legais que
advier da práxis judicial.
Introdução
O artigo discute as inovações que chegam com o novo Código
de Processo Civil e o seu impacto no processo judicial previdenciário,
considerado, em sentido amplo, como o segmento judicial que tem por
objeto a concessão ou revisão de benefícios previdenciários (Serau Jr.,
2014; Savaris, 2008; Tavares, 2009).
Procurou-se dar ênfase àquilo que constitui novidade em relação
ao regime processual anterior, visto que muitas regras gerais e particula-
res são preservadas.
Deve ser registrado que não temos a pretensão de esgotar o tema,
pois outros reflexos do novo estatuto processual podem ser igualmente
10 R������������������������������������������������������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – ASSUNTO ESPECIAL – DOUTRINA
1 Daqui em diante, caso não haja referência em sentido diverso, todos os artigos mencionados e citados se
referem ao novo Código de Processo Civil. Conforme conveniente à exposição das ideias, os dispositivos legais
poderão ser transcritos em nota de rodapé ou no próprio corpo do texto.
12 R������������������������������������������������������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – ASSUNTO ESPECIAL – DOUTRINA
eficiência”), especialmente pelo fato de determinar ao juiz a observância
de princípios como da dignidade da pessoa humana, da razoabilidade e
proporcionalidade e da eficiência.
Essa inovação principiológica do novo estatuto processual redun-
da, em termos práticos, em preceitos como o futuro art. 4892, que deter-
mina ao juiz, na sentença, explicar analiticamente os conceitos juridi-
camente indeterminados nos quais tenha fundamentado a sua decisão,
bem como a demonstração dos critérios pelos quais realizou pondera-
ção e sopesamento no caso de eventual colisão de normas jurídicas.
Essa norma pode ter impacto extremamente positivo no processo
judicial previdenciário, onde defendemos uma posição mais ativa do
juiz, preferencialmente (re)interpretando os conceitos previdenciários à
luz da Constituição Federal (com fundamento em seus princípios e valo-
res) – e aí a necessidade de indicar precisamente a compreensão dada a
certos conceitos juridicamente indeterminados, como a boa-fé (no caso
de uma eventual discussão sobre restituição de benefício previdenciário)
ou a dignidade da pessoa humana (no caso de ações buscando benefício
assistencial para o deficiente, p. ex.).
Também é de importância salutar a disposição do art. 6º, segundo
a qual “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que
se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”.
No processo judicial previdenciário, essa norma pode ter impli-
cações práticas bastante relevantes, explicitando a premência da cola-
boração processual da autarquia previdenciária, em especial no forne-
cimento de documentos e informações que estejam a seu cargo3, como
5 “Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente
capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre
os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste
artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de
adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.”
6 Veja-se a literalidade do art. 334 do novo Código de Processo Civil:
“Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar
do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta)
dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
§ 1º O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou de
mediação, observando o disposto neste Código, bem como as disposições da lei de organização judiciária.
§ 2º Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois)
meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes.
§ 3º A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado.
§ 4º A audiência não será realizada:
I – se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual;
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – ASSUNTO ESPECIAL – DOUTRINA........................................................................................................... 15
forma de resolução de conflitos. A autocomposição, aliás, é tida como
um dos pilares da estrutura do novo estatuto processual civil e dos novos
rumos do sistema de justiça brasileiro.
Não somos radicalmente contra a adoção de métodos alternativos
de solução de conflitos (alternativos à solução judicial, registre-se). Po-
rém, a utilização da conciliação em matéria previdenciária deve obser-
var certas ressalvas, certas cautelas7.
Já se observou que o INSS aceita acordos, nas tentativas de conci-
liação, somente quando a pretensão do autor se revela inequívoca. Os
estritos parâmetros nos quais o Procurador da autarquia previdenciária
pode realizar conciliação judicial residem nas duas hipóteses seguintes:
a) inexistir controvérsia quanto ao fato e ao direito a ser aplicado, o
que se verifica a partir e tão somente das súmulas administrativas edita-
das pelo Advogado-Geral da União; b) erro administrativo, reconheci-
do pela autoridade competente, derivado o erro de simples análise de
provas e documentos que instruam a ação. Fora desses parâmetros, o
entendimento comum é que a realização de conciliação implicaria em
ofensa ao interesse público. Nessas hipóteses, entretanto, deveria ha-
ver revisão de ofício pela própria Administração, no exercício do dever
de autotutela administrativa, sem necessidade de recurso à via judicial
(Batista, 2014: 122-124).
8 “Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que
considerar adequado, observado o contraditório.”
20 R������������������������������������������������������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – ASSUNTO ESPECIAL – DOUTRINA
atualmente existem em relação à validade das provas (principalmente
em relação ao tempo de trabalho e às condições de trabalho do segu-
rado) produzidas na Justiça do Trabalho, as quais são, diuturnamente,
impugnadas pelo INSS, principalmente sob a alegação de inexistência
de contraditório em sua constatação.
Na realidade, embora o preceito novo seja digno de elogios, a
preocupação em relação ao processo previdenciário diz respeito à já
existente resistência da autarquia previdenciária (e da própria Justiça Fe-
deral) em rejeitar situações laborais reconhecidas por meio de decisões
(sentenças ou acórdãos) da Justiça do Trabalho, negando-lhes validade
sob a alegação de ofensa ao contraditório.
No campo das ações, visando aos benefícios à população rural,
especialmente a aposentadoria por idade, revela-se interessante o dispo-
sitivo contido no art. 415, a permitir que registros domésticos, como car-
tas, sirvam de prova a certas situações ali tratadas9. Tal regra é relevante
à medida que flexibiliza a instrução probatória nas demandas ajuizadas
por esse segmento da população, onde impera a informalidade e ausên-
cia de registros formais das relações sociais e de emprego.
Uma regra constante do novo CPC, tomada de empréstimo do pro-
cesso trabalhista, vem a ser a possibilidade de o juiz distribuir de modo
diverso o ônus probatório10, eventualmente equilibrando as partes em
situação de desigualdade processual.
Vale sublinhar que o texto do novo CPC em nenhum momento
veda expressamente a inversão do ônus da prova nos processos envol-
9 “Art. 415. As cartas e os registros domésticos provam contra quem os escreveu quando:
I – enunciam o recebimento de um crédito;
II – contêm anotação que visa a suprir a falta de título em favor de quem é apontado como credor;
III – expressam conhecimento de fatos para os quais não se exija determinada prova.”
10 “Art. 373. O ônus da prova incumbe:
[...]
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à
excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova
do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi
atribuído.
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo
pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.”
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vendo a Fazenda Pública – como as ações previdenciárias ajuizadas
contra o INSS.
Tal como no regime processual de 1973, preconiza-se que o ma-
gistrado não se encontra preso às conclusões do laudo pericial quando
profere as suas decisões:
Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no
art. 371, indicando na sentença os motivos que o levaram a considerar
ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, levando em conta o
método utilizado pelo perito.
6 Aspectos recursais
A sistemática recursal do novo CPC preserva, em boa parte, o regi-
me anterior (salvo pequenas alterações, como a extinção do recurso de
embargos de divergência), mas, de modo geral, diminui as possibilida-
des de recorribilidade, pois objetiva combater a morosidade processual.
Uma regra geral no novo sistema será a irrecorribilidade em se-
parado, ou imediata, das decisões interlocutórias, com a preclusão das
decisões proferidas em primeiro grau, diferindo para o recurso de ape-
lação o exame da irresignação do prejudicado, salvo algumas decisões
específicas, impugnáveis por meio de agravo de instrumento, as quais
serão expressamente previstas em lei14 (Sokal, 2011: 412).
15 As matérias que não sejam objeto de agravo de instrumento serão tratadas como preliminares no recurso de
apelação, a teor da redação do futuro art. 1.009, § 1º, do novo CPC.
16 Salvo a previsão constante do art. 1.105, XI, supratranscrito, que permite o agravo de instrumento para
impugnar decisão que redistribui o ônus da prova, nos termos do art. 373, § 1º.
17 Disciplina a remessa necessária o futuro art. 496:
“Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo
tribunal, a sentença:
I – proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público;
II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – ASSUNTO ESPECIAL – DOUTRINA........................................................................................................... 25
chancela dos Tribunais em relação às sentenças procedentes proferidas
contra a Fazenda Pública Federal, inclusive as suas autarquias, como é
o caso do INSS.
A maior parte das demandas previdenciárias, devido ao baixo va-
lor da maior parte dos benefícios previdenciários, muitos deles corres-
pondentes ao piso de um salário-mínimo, certamente estarão dispen-
sadas do reexame necessário, o que é avanço em termos de celeridade
processual e concretização dos direitos fundamentais.
Além disso, a remessa necessária também é dispensada em outros
casos, como quando a sentença se baseia em julgamentos de recursos
repetitivos, súmula vinculante ou na sistemática da repercussão geral.
Interessante inovação é a dispensa da remessa necessária quando o jul-
gamento é coerente com orientação administrativa, o que talvez não
será tão frequente em relação aos posicionamentos do INSS (muitas ve-
zes estribados em uma visão míope da legalidade), mas que permite
projetar avanços quando consideramos os posicionamentos mais ade-
quados às normas constitucionais que são oriundos do CRPS – Conselho
de Recursos da Previdência Social.
A sistemática do recurso de apelação é mantida em termos muito
semelhantes pelo novo Código. É interessante mencionar a possibilidade
de proposição de questões fáticas não suscitadas em primeiro grau, se a
parte provar que deixou de fazê-lo por motivos de força maior (redação
do futuro art. 1.014). Nas ações previdenciárias, é muito comum que os
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos
autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa necessária.
§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for
de valor certo e líquido inferior a:
I – 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público;
II – 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e
fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados;
III – 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de
direito público.
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:
I – súmula de Tribunal Superior;
II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de
recursos repetitivos;
III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV – entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente
público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.”
26 R������������������������������������������������������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – ASSUNTO ESPECIAL – DOUTRINA
segurados não possuam pleno acesso a toda a documentação ou mes-
mo contato com todas as testemunhas relativas à sua situação previden-
ciária, seja pelo decurso do tempo, seja por desconhecimento de seus
direitos e seu baixo grau de instrução, entre outros fatores. A mudança,
então, é bem positiva.
Outro ponto de preocupação, no âmbito do funcionamento dos
Tribunais e do tratamento dado aos recursos, é a introdução do inciden-
te de resolução de demandas repetitivas, tratado no art. 976 do futuro
Código de Processo Civil18.
Introduz-se no âmbito dos Tribunais de segundo grau sistemáti-
ca semelhante à do julgamento dos recursos extraordinários com reper-
cussão geral ou recursos especiais repetitivos: os Tribunais julgarão um
processo piloto, determinando-se a suspensão dos demais processos que
tratem da mesma matéria; fixada a tese jurídica no processo principal,
esta é aplicada vinculativamente nos demais casos.
Esta modalidade de julgamento (coletiva) certamente causará im-
pacto no processo judicial previdenciário, onde as demandas são natu-
ralmente repetitivas e as ações previdenciárias se contam aos milhares
na esfera federal e mesma na jurisdição delegada à Justiça Estadual. Afi-
nal de contas, discute-se em juízo a aplicação de uma legislação (pre-
videnciária) de abrangência nacional, dirigida a milhões de segurados,
aplicada por meio de uma questionável atuação administrativa por parte
do INSS, o que suscita grande índice de litigiosidade.
18 O incidente de resolução de demandas repetitivas é regido pelo art. 976, a seguir transcrito:
“Art. 976. É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas quando houver,
simultaneamente:
I – efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito;
II – risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.
§ 1º A desistência ou o abandono do processo não impede o exame de mérito do incidente.
§ 2º Se não for o requerente, o Ministério Público intervirá obrigatoriamente no incidente e deverá assumir sua
titularidade em caso de desistência ou de abandono.
§ 3º A inadmissão do incidente de resolução de demandas repetitivas por ausência de qualquer de seus
pressupostos de admissibilidade não impede que, uma vez satisfeito o requisito, seja o incidente novamente
suscitado.
§ 4º É incabível o incidente de resolução de demandas repetitivas quando um dos tribunais superiores, no
âmbito de sua respectiva competência, já tiver afetado recurso para definição de tese sobre questão de direito
material ou processual repetitiva.
§ 5º Não serão exigidas custas processuais no incidente de resolução de demandas repetitivas.”
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – ASSUNTO ESPECIAL – DOUTRINA........................................................................................................... 27
Duas preocupações iniciais quanto a essa inovação: a possibili-
dade de engessamento das teses judiciais e a vedação à inovação juris-
prudencial do Direito Previdenciário (lado negativo da salutar obtenção
da uniformização dos julgamentos judiciais); o risco de paralisação por
tempo inadequado das ações previdenciárias (as quais são pautadas por
ínsita celeridade, diante do objeto em litígio, de natureza alimentar).
Conclusões
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Processo Civil). Rio de Janeiro: Forense, 2011.
TAKAHASHI, Bruno. O papel do terceiro facilitador na conciliação de confli-
tos previdenciários. Dissertação de Mestrado apresentada à FADUSP, 2015.
TARTUCE, Fernanda. Igualdade e vulnerabilidade processual no processo
civil. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
TAVARES, Marcelo Leonardo (Coord.). Direito processual previdenciário –
Temas atuais. Rio de Janeiro: Impetus, 2009.
VAZ, Paulo Afonso Brum. Conciliações nos conflitos sobre direitos da Seguri-
dade Social. Revista do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Porto Alegre,
a. 23, n. 80, p. 29-40, 2012.
Assunto Especial – Doutrina
O Novo CPC e o Direito Previdenciário
1 BALERA, Wagner. Sistema de Seguridade Social. 5. ed. São Paulo: LTr, 2009. p. 11.
2 BUENO, Cássio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
p. 45.
3 Projeto de Lei nº 166/2010.
32 R������������������������������������������������������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – ASSUNTO ESPECIAL – DOUTRINA
posse do Poder Constituinte Derivado, para pronunciamento a respeito,
cuja discussão contou com a realização de várias audiências públicas,
até que, em 16.03.2015, restou definitivamente aprovado.
A título ilustrativo, segue a linha de pensamento externada por
essa preclara comissão neste especial mister que recentemente chegou
ao fim:
Em suma, para a elaboração do novo CPC, identificaram-se os avanços
incorporados ao sistema processual preexistente, que deveriam ser con-
servados. Estes foram organizados, e se deram alguns passos à frente,
para deixar expressa a adequação das novas regras à Constituição Fede-
ral da República, com um sistema mais coeso, mais ágil e capaz de gerar
um processo civil mais célere e mais justo.4
5 SANTOS, Ernane Fidélis. Novíssimos perfis do processo civil brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey, v. 1, p. 146.
6 Revista de Direito Previdenciário da Escola Paulista de Direito, São Paulo, a. II, n. 02, p. 247, 2006.
Parte Geral – Doutrina
Limite para o Acúmulo de Pensões por Morte na Previdência do
Servidor
Bruno Sá Freire Martins
Servidor Público Efetivo do Estado de Mato Grosso, Advogado, Pós-Graduado em Direito Pú-
blico e em Direito Previdenciário, Professor da LacConcursos e da Pós-Graduação na Univer-
sidade Federal de Mato Grosso, no ICAP – Instituto de Capacitação e Pós-Graduação (Mato
Grosso) no Instituto Infoc – Instituto Nacional de Formação Continuada (São Paulo), no
Complexo Educacional Damásio de Jesus – Curso de Regime Próprio de Previdência Social
(São Paulo), Fundador de site jurídico, Membro do Comitê Técnico da Revista SÍNTESE Admi-
nistração de Pessoal e Previdência do Agente Público. Autor de livros jurídicos.
Introdução
2 Delegação Constitucional
1 TEIXEIRA, Flávio Germano de Sena. O controle das aposentadorias pelos Tribunais de Contas. Fórum, p. 92
e 93.
2 MASSON, Nathalia. Manual de direito constitucional. 2. ed. JusPodivm, p. 27.
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – DOUTRINA..................................................................................................................... 39
XVII – a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abran-
ge autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia
mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamen-
te, pelo poder público;
[...]
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria
decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,
emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma
desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declara-
dos em lei de livre nomeação e exoneração.
Art. 40. [...]
[...]
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis
na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma apo-
sentadoria à conta do regime de previdência previsto neste artigo.
3 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 26. ed. Atlas, p. 665.
40 R��������������������������������������������������������������������������������������������������������������� RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – DOUTRINA
4 A Cumulação das Pensões
4 CAMPOS, Marcelo Barrosso Lima Brito de. Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores Públicos.
4. ed. Juruá, p. 302.
5 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 10. ed. Saraiva,
p. 95.
42 R��������������������������������������������������������������������������������������������������������������� RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – DOUTRINA
Não se discute aqui a sua redução parcial, principalmente porque
prevista no Texto Maior, mas permitir que a legislação ordinária funcio-
ne como fator de restrição, em especial quando essa decorre da negativa
de direito outorgado pela Carta Magna, como é o caso das cumulações,
implica em flagrante afronta aos seus ditames6.
A única forma de não se reconhecer a inconstitucionalidade dessa
vedação é afirmar-se que a intelecção do artigo de lei citado deve ser fei-
ta em conjunto com a possibilidade constitucional de acumulação lícita
de cargos. Assim, se o instituidor do benefício pensional acumulava dois
cargos licitamente, seus beneficiários terão direito à pensão de ambos os
cargos, mesmo que estes já recebam outra pensão. Ocorre que, de acor-
do com esse entendimento, a vedação ao acúmulo de pensões dar-se-ia
por instituidor, não em relação ao conjunto das pensões recebidas7.
Conclusão
Assim, há de prevalecer o entendimento de que a limitação a duas
pensões encontra-se eivada de inconstitucionalidade quando servidores
falecidos responsáveis pela geração dos benefícios recebiam remune-
rações ou proventos cumulativamente na forma autorizada constitucio-
nalmente, ressalvada aplicação do entendimento de que a limitação de
pensões deve ser aplicada a um único instituidor.
6 MARTINS, Bruno Sá Freire; AGOSTINHO, Theodor Vicente. Regime próprio – Impactos da MP 664/2014
Aspectos Teóricos e Práticos. LTr, p. 90 e 91.
7 MAGALHÃES FILHO, Inácio. Lições de direito previdenciário e administrativo no serviço público. 2. ed.
Fórum, p. 214.
Parte Geral – Doutrina
Noções Preliminares sobre o Acordo Internacional de Previdência
Social entre o Brasil e a França
JULIANO SARMENTO BARRA
Advogado, Especialista e Mestre em Direito pela PUC/SP, Doutorando em Droit Social pela Uni-
versité Paris 1 Panthéon – Sorbonne, Membro do Departamento de Direito Social do Institut de
Recherche Juridique de la Sorbonne – IRJS e do Réseau Académique Européen sur la Charte
Sociale et les Droits Sociaux – RACSE.
FRANCIS KESSLER
Professor Associado da Escola de Direito da Sorbonne (Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne)
e SciencesPo (Paris), Advogado, Membro Sênior do Comitê Científico do Escritório Gide
Loyrette Nouel em Paris.
SUMMAIRE: Première partie: De la mise en œuvre d’un rapport international en matière de pro-
tection sociale entre la France et le Brésil; I – L’accord de sécurité sociale, source de droit social
entre les pays; A) La gestion par répartition comme caractéristique commune des régimes de
prévoyance sociale français et brésilien; B) La naissance d’un système de coordination entre la
France et le Brésil dans le domaine de la protection sociale; II – L’accord bilatéral comme support
de protection des droits sociaux fondamentaux prévus dans les systèmes de sécurité sociale;
A) Le renforcement de la protection sociale des travailleurs par le biais de l’accord international;
B) Un encouragement à la libre circulation des travailleurs. La fin de la double imposition des
cotisations; Deuxième partie: De la mobilité des travailleurs et la reconnaissance de leurs droits
44 R��������������������������������������������������������������������������������������������������������������� RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – DOUTRINA
sociaux comme fondement de l’accord bilatéral. Le champ matériel et personnel d’application;
I – De la dynamique de l’accord bilatéral dans le domaine des prestations de sécurité sociale;
A) Des personnes concernées par l’accord; B) Un accord au champ d’application restreint aux
prestations les plus classiques; II – La coordination entre les régimes sociaux applicables; A) Du
principe général de l’affiliation au régime social du lieu de la prestation du service et de la clause
de mobilité temporaire; B) De l’exportation des prestations. Conservation des droits sociaux
acquis et en cours d’acquisition; Conclusion.
2 “Artigo 1º Definições.
1. Para fins do presente Acordo, os termos e expressões abaixo:
[...]
g) ‘Período de Seguro’ significa qualquer período de contribuição ou de seguro reconhecido como tal pela
legislação de uma ou de outra Parte e em função das quais o referido período houver sido computado, bem
como qualquer período assimilado a um período de contribuição ou de seguro, em cumprimento à respectiva
legislação.”
3 “Artigo XXV. 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e
bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis,
e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos
meios de subsistência fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas
dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.”
46 R��������������������������������������������������������������������������������������������������������������� RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – DOUTRINA
aos tratados e acordos internacionais, nos termos de seu art. 55, em
que “traités ou accords régulièrement ratifiés ou approuvés ont, dès leur
publication, une autorité supérieure à celle des lois, sous réserve, pour
chaque accord ou traité, de son application par l’autre partie”4.
4 Sobre as fontes internacionais da Seguridade Social no direito francês, consulte: LABORDE, Jean-Pierre. Droit
de la Sécurité Sociale. Paris: PUF, 2005. p. 208/17.
5 Quanto aos princípios de coordenação, três são essenciais: (i) a determinação da lei aplicável; (ii) isonomia
sob a ótica de sua aplicação entre as diferentes nacionalidades de trabalhadores; e (iii) critérios para a
totalização dos períodos de seguro. CORNELISSEN, Rob. Les axes de réforme et les principes généraux du
règlement nº 883/2004. RDSS 2010, p. 5; KESSLER, Francis. Sécurité sociale Encyclopédie Dalloz de droit
communautaire. Paris: Dalloz, 2002.
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – DOUTRINA..................................................................................................................... 47
poderão ser levados em conta para fins de tempo de contribuição e ca-
rência na concessão de aposentadoria (por exemplo, assim como o em-
pregador poderá recolher as suas contribuições previdenciárias somente
sobre uma base salarial e territorial, em caso de deslocamento temporá-
rio de empregados).
II – Acordo bilateral como forma de proteção dos direitos sociais básicos previstos nos
sistemas de Seguridade Social
7 Sobre os aspectos gerais do sistema previdenciário francês, consultar BARRA, Juliano Sarmento. Réforme des
Retraites: l’avenir do sistema de aposentadorias por repartição na França e o Direito Social. Revista Brasileira
de Previdência, Unifesp, 2013. Disponível em: <http://www.revbprev.unifesp.br/index.php/component/
content/article/20-dois/33-reforme-des-retraites-l-avenir-do-sistema-de-aposentadorias-por-reparticao-na-
franca-e-o-direito-social>; KESSLER, Francis. Droit de la Protection Sociale. 5. ed. Paris: Dalloz, 2014.
8 Alguns aspectos gerais sobre o benefício de aposentadoria do régime geral francês: (a) Idade mínima: é
necessário ter no mínimo 62 anos. Existem algumas exceções no caso de pessoas que começaram a trabalhar
muito jovens (60 anos) ou que possuem mais de 8 trimestres do que o mínimo requerido pela lei (podem
partir com 58 anos); (b) Salário anual médio (SAM): seria próximo do conceito brasileiro de período básico
de cálculo (PBC). Desde a lei de 1º de janeiro de 2008 o SAM se baseia nos 25 melhores anos de toda a
vida contributiva; (c) Duração das contribuições: desde 1º de janeiro de 2003 foi estabelecido que a duração
das contribuições deve evoluir progressivamente à média da esperança de vida da população. Todos os anos
um decreto estabelece o número mínimo de trimestres exigidos conforme o ano de nascimento do segurado.
Assim, pessoas nascidas em 1952 precisariam de 164 trimestres (41 anos), para as gerações nascidas em
1953 ou 1954, 165 trimestres (41,25 anos) e nascidas em 1955 ou 1956, 166 trimestres (41,5 anos);
(d) Coeficiente do valor da pensão: o coeficiente de substituição de renda é de 50%. Para obtê-lo deve-se
dividir o número de trimestres obtidos pelo número de trimestres exigidos pela lei. Deste valor, multiplica-se
pelo salário anual médio (SAM) e o coeficiente. Existe no atual régime francês (também existiu no passado,
mas com outras características e nome) uma espécie de aposentadoria chamada allocation de solidarité aux
personnes âgées (ASPA) que é de natureza não contributiva. Ela leva em consideração a renda do segurado
e sua idade (a partir de 62 anos). Algo na prática próximo do benefício assistencial brasileiro de prestação
continuada (BPD).
Para uma melhor compreensão sobre os regimes de aposentadoria e seu regime jurídico no ordenamento
francês, consultar MORVAN, Patrick. Droit de la Protection Sociale. 6. ed. Paris: Lexis Nexis, 2013.
p. 281/328.
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – DOUTRINA..................................................................................................................... 49
previstos nos respectivos sistemas previdenciários, materializando uma
forma de justiça social aos trabalhadores ao reconhecer reciprocamente
tempos de seguro em ambos os territórios (A), assim como enseja um
cenário de incentivo para empresas brasileiras e francesas ao evitar uma
bitributação de contribuições previdenciárias no caso de trabalhadores
transferidos temporariamente (B).
11 Este seria o caso de quando a prestação ocorrer nos seguintes países: Argentina, Alemanha, Canadá, Cabo
Verde, Chile, Espanha, Grécia, Japão, Portugal e Uruguai.
54 R��������������������������������������������������������������������������������������������������������������� RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – DOUTRINA
Não sem motivo que alguns dos conceitos previstos no Regulamento
(CE) nº 883/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho de 29 de abril
de 2004, relativo à coordenação dos sistemas de Seguridade Social, fo-
ram utilizados no acordo bilateral Brasil-França, a exemplo do art. 76 do
referido Regulamento, em que é previsto que
as autoridades competentes dos Estados-membros comunicam entre si
todas as informações relativas: a) Às medidas tomadas tendo em vista
a aplicação do presente regulamento; b) Às alterações das respectivas
legislações susceptíveis de afetar a aplicação do presente regulamento.
2. Para efeitos do presente regulamento, as autoridades e as instituições
dos Estados-membros prestam assistência mútua, como se se tratasse da
aplicação da própria legislação. A assistência administrativa prestada pe-
las referidas autoridades e instituições é, em princípio, gratuita. Contudo,
a Comissão Administrativa estabelece a natureza das despesas reembol-
sáveis e os limiares acima dos quais é devido um reembolso.
12 FILLON, Jean-Claude. La machinerie des nouveaux règlements: pilotage et gestion administrative et financière.
RDSS, Paris, 2010, p. 64.
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – DOUTRINA..................................................................................................................... 55
contratante ficará, no que diz respeito a essa atividade, submetida uni-
camente à legislação desta Parte contratante”. Ou seja, em regra preva-
lece a filiação ao regime onde é exercida a atividade profissional, ainda
que o empregado tenha sido contratado em país onde não se presta o
serviço, como, por exemplo, um empregado contratado na França, mas
prestando serviços no Brasil. Pela regra, deverá se submeter à legisla-
ção previdenciária brasileira. A partir desta regra, previram-se algumas
exceções. A mais importante, a nosso ver, refere-se à possibilidade de
deslocamento temporário.
Neste sentido, o art. 8.1 aduz que
uma pessoa que exerça habitualmente atividade assalariada em uma par-
te contratante, a serviço de um empregador que explora normalmente
suas atividades nessa parte contratante, e que seja deslocada por este
empregador para a outra parte contratante para ali exercer uma atividade
ou função por conta deste mesmo empregador, fica submetida à legisla-
ção da primeira parte contratante desde que o prazo previsto para essa
atividade ou função não exceda 24 (vinte e quatro) meses, nela incluída
a duração de licenças.
CONCLUSÃO
O Acordo Internacional de Previdência Social firmado entre o
Brasil e a França cumpre importante função ao sanar uma omissão em
matéria de coordenação de regimes previdenciários, estabelecendo um
viés de justiça social no reconhecimento de alguns direitos sociais bá-
sicos dos trabalhadores entre os dois países, fomentando a sua mobili-
dade e racionalizando os aspectos sobre legislação aplicável, filiação
e contribuições sociais. Espera-se agora que os organismos de ligação
responsáveis implementem e respeitem os direitos previstos no acordo
de forma a materializar, na prática, um verdadeiro Direito Internacional
da Seguridade Social.
Parte Geral – Doutrina
Limbo Jurídico Trabalhista Previdenciário
CÁSSIA BERTASSONE DA SILVA1
Especialista em Direito e Processo do .Trabalho e Direito Previdenciário pela Universidade
Anhanguera – UNIDERP, Advogada associada ao Escritório Ramos – Araújo Advogados, Pro-
fessora do Centro Universitário São Camilo/ES no Curso de Direto, Aluna especial do Curso de
Mestrado em Direito e Garantias Fundamentais pela Faculdade de Direito de Vitória.
RESUMO: O presente trabalho visa a demonstrar situação social atualmente vivenciada pelos
inúmeros trabalhadores e que até agora não possui um correspondente legislativo para lhe dar
guarida. Trata-se de uma lacuna legislativa que tem sido suprida por meio da tutela judicial,
utilizando, para tanto, interpretação sistemática de vários princípios constitucionais, tais como a
intangibilidade da dignidade da pessoa humana, o caráter social do trabalho, o risco econômico
pela atividade desenvolvida pelo empregador, entre outros. A situação sob análise, por não
possuir uma tutela legislativa específica, passou a ser denominada pela doutrina como “limbo
jurídico trabalhista previdenciário”, formado por meio da divergência entre o laudo do perito
médico do INSS e do médico do trabalho da empresa que coloca o empregado em situação sui
generis, capaz de caracterizar, inclusive, reparação por danos morais.
PALAVRAS-CHAVE: Contrato de trabalho; suspensão; auxílio-doença; alta; incapacidade; limbo
jurídico.
ABSTRACT: The present work aims to demonstrate social current situation experienced by
workers in general and that does not have a legislative correspondent who give him shelter. This
is a legislative gap that has been filled by the legal protection using for this purpose, systematic
interpretation of various constitutional principles such as the inviolability of human dignity, the
social character of labor, economic activity developed by risk by the employer, among others.
The situation under review, has no effective legislative protection, was named by the doctrine
as “legal limbo labor welfare” formed by the discrepancy between the report of the INSS doctor
and the medical work of the company that puts the employee in sui generis situation, capable
of characterizing including compensation for moral damages.
KEYWORDS: Employment contract; suspension; care assintance; highinability; legal limbo.
SUMÁRIO: Introdução; 1 Do limbo jurídico trabalhista previdenciário; 2 Da pesquisa; Considera-
ções finais; Referências.
INTRODUÇÃO
A situação suscitada nesta pesquisa trata, particularmente, dos
empregados que, incapacitados para o trabalho, buscaram amparo so-
1 Colaboração: Bruna Marcelino Brunoro, graduanda do curso de Direito do Centro Universitário São Camilo/ES.
60 R��������������������������������������������������������������������������������������������������������������� RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – DOUTRINA
cial perante a Autarquia Previdenciária (INSS), contudo tiveram o seu
benefício negado ou, sendo concedido, posteriormente receberam alta
programada pela perícia médica do INSS. As hipóteses referem-se aos
casos em que o perito do INSS considera estes trabalhadores aptos para
exercerem as suas funções.
Entretanto, ao retornarem ao seu antigo posto de trabalho, são
impedidos de regressar pelo laudo do médico do trabalho da empre-
sa devido à constatação da permanência do estado de inaptidão para
o exercício das funções laborativas. Temos, portanto, configurada uma
divergência entre o laudo do perito do INSS e o laudo do médico do
trabalho da empresa.
Neste cenário, o trabalhador se encontra em uma espécie de “lim-
bo jurídico”, não auferindo salários por parte do empregador, que o con-
sidera inapto para o labor, o mantendo afastado e o remetendo ao INSS;
nem percebendo o benefício previdenciário junto ao INSS, pois o perito
o considera apto ao trabalho, o devolvendo ao seu empregador.
A persistência neste cenário por um longo período pode lhe acar-
retar sérias e graves consequências, pois, sem condições de arcar com o
seu sustento, não terá condições de custear tratamentos ou medicamen-
tos para recuperação de sua saúde.
O objetivo da presente pesquisa é demonstrar como esta situação
sui generis tem recebido da tutela jurisdicional uma resposta efetiva e
eficaz que corresponde aos ideais trabalhistas, valorando o empregado
e a função social da empresa muito acima de questões meramente bu-
rocráticas de divergências administrativas, sobre a qual o trabalhador
não pode sofrer consequências funestas, sob pena de violação de seus
princípios e suas garantias fundamentais.
2 Destaca-se que referido prazo foi alterado para 30 dias após a publicação da MP 664/2014.
62 R��������������������������������������������������������������������������������������������������������������� RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – DOUTRINA
conforme dispõe o art. 6º da Constituição Federal. E ainda que a cober-
tura pelos eventos de doença ou invalidez são regulados nos termos da
lei, ao teor do art. 201, I, da Constituição Federal.
O artigo constitucional supramencionado alude à Lei
nº 8.213/1999, que regula os Planos de Benefícios da Previdência So-
cial, onde, em seus arts. 42 e seguintes, estabelece os critérios para
concessão de aposentadoria por invalidez; e, posteriormente, em seus
arts. 59 e seguintes, estabelece os critérios para concessão de auxílio-
-doença.
O empregado, como segurado obrigatório da Previdência Social
(art. 11, I, da Lei nº 8.213/1999), possui o direito de receber os referi-
dos benefícios previdenciários por incapacidade caso, após submetido
a perícia com o médico do INSS, reste comprovada a sua incapacidade
parcial ou total para o trabalho.
Ao lhe ser deferido o benefício previdenciário de auxílio-doença
por disposição legal, o perito médico do INSS já estabelecerá uma data
provável para a recuperação do empregado, o que restou conhecida
como “alta programada” (art. 78, § 1º, do Decreto nº 3.048/1999).
Além disso, lembremos que as situações por incapacidade do em-
pregado somente são encaminhadas ao INSS no 31º dia de afastamento
do serviço, pois nos primeiros 30 dias a responsabilidade salarial perma-
nece a cargo do empregador, ao teor do art. 43, § 2º, e art. 60, § 3º, am-
bos da Lei nº 8.213/1999, alterados pela Medida Provisória nº 664/2014.
[...] quando a moléstia se prolonga além de quinze dias, a responsabili-
dade integral do benefício é transferida para a instituição de previdência.
Interrompe-se o pagamento da remuneração, exatamente porque não é
justo que existindo instituto organizado e que recolhe aos seus cofres as
contribuições dos empregados e dos empregadores, se onere a empresa
com o encargo de pagar os benefícios por doença durante longo tempo.
No décimo sexto dia de afastamento do trabalhador, a interrupção inicial
se transforma, automaticamente, em suspensão do contrato: mais nenhu-
ma cláusula contratual será exigível. (Russomano, 1984, p. 209)
2 DA PESQUISA
Por meio de pesquisa quantitativa desenvolvida para apresentação
na Expociência do Centro Universitário São Camilo – ES/2014, com a
ajuda essencial da aluna, na época, do 1º período do Curso de Direito,
Bruna Marcelino Brunoro, foi possível desenvolver uma consulta juris-
prudencial nos sítios eletrônicos dos Tribunais Regionais do Trabalho
para obter alguns dados concretos acerca do processamento de deman-
das com essa temática, bem como do percentual de condenações das
empresas ao pagamento de salários no período de “limbo jurídico tra-
balhista previdenciário”, inclusive com condenações por danos morais.
Destaca-se que a pesquisa tomou por base os últimos anos (2012
a 2014), quando a problemática se mostrou mais evidente perante os
Tribunais Trabalhistas.
Além disso, tomamos por base quatro importantes Tribunais Regio-
nais do Trabalho: 3ª Região, que representa o Estado de Minas Gerais; 4ª
Região, que representa o Estado do Rio Grande do Sul; 12ª Região, que
representa o Estado de Santa Catarina; e 17ª Região, que representa o
Estado do Espírito Santo.
A pesquisa observou mais de 50 (cinquenta) acórdãos do referido
período, obtendo o seguinte resultado, representado pelo gráfico a seguir:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de
1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm>. Acesso em: 4 jul. 2014.
______. Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. Aprova o Regulamento da
Previdência Social, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm>. Acesso em: 1º jul. 2014.
______. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação
das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 1º jul. 2014.
72 R��������������������������������������������������������������������������������������������������������������� RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – DOUTRINA
______. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de
Benefícios da Previdência Social, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 1º jul.
2014.
______. NR7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, de 30 de
dezembro de 1994. Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Disponí-
vel em: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/05/mtb/7.htm>. Acesso
em: 4 jul. 2014.
______. Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, Recurso Ordinário
nº 0137100-72.2012.5.17.0003, Ementa: Interregno entre a alta do INSS até a
dispensa sem justa causa. Pagamento de salários. Responsabilidade. Aplicação
dos princípios da função social da empresa e do contrato, da solidariedade e
da justiça social. Por força dos princípios da função social da empresa e do
contrato, da solidariedade e da justiça social, é da empresa a responsabilida-
de pelo pagamento dos salários a partir do momento em que o empregado é
considerado apto pelo INSS, pois é seu o risco da atividade econômica.
3ª Turma, Relator Desembargador Carlos Henrique Bezerra Leite, Julgado em
05.05.2014, DJES 06.05.2014. Disponível em: <http://www.trtes.jus.br/portal/
PaginaInicial.aspx>. Acesso em: 27 jun. 2014.
______. Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, Recurso Ordinário
nº 0057700-82.2012.5.17.0011, Ementa: Percepção de auxílio-doença. Alta
previdenciária. Pagamento dos salários vencidos. Após a concessão, pelo
INSS, de alta médica ao obreiro, a reclamada não poderia afastá-lo do traba-
lho, sob a alegação de que estava inapto, sendo o correto procedimento a ser
adotado pela empresa a readaptação do autor em outra função. Isso porque,
enquanto o reclamante aguarda a decisão do INSS quanto ao pedido de re-
consideração para manutenção do auxílio doença, não faz jus à percepção do
benefício previdenciário, ficando o reclamante desamparado, já que não rece-
beu salários, pois foi afastado de suas atividades pela reclamada, tampouco re-
cebeu o benefício previdenciário, pois já havia recebido alta do INSS. Assim,
deve a reclamada ser condenada ao pagamento dos salários vencidos referente
ao período em que manteve o obreiro afastado de suas atividades. 3ª Turma,
Relator Desembargador Jailson Pereira da Silva, Julgado em 09.09.2013, DJES
24.09.2013. Disponível em: <http://www.trtes.jus.br/portal/PaginaInicial.
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IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 15. ed.
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SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho. Disponível em:
<http://www.trt12.jus.br/portal/>. Acesso em: 17 jun. 2012.
Parte Geral – Doutrina
Da Licença e Salário-Maternidade à Licença-Natalidade-Infância
e Salário-Maternidade Parental – Releitura dos Direitos
Previdenciários à Luz do Novo Conceito de Família
Ivani Contini Bramante
Desembargadora Federal do Trabalho Tribunal Regional do Trabalho, São Paulo, Doutora pela
Pontifícia Universidade Católica, Professora de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito de
São Bernardo do Campo.
1 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Direito de família. 11. ed. São Paulo: Saraiva, v. 6,
2014. p. 23.
2 Idem, p. 23/24.
76 R��������������������������������������������������������������������������������������������������������������� RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – DOUTRINA
mem e mulher, passou a aceitar sua dissolução em alguns casos, bem
como a proteger a união estável, como se observa no art. 226, § 3º, da
CF/1988.
Em decisão de profunda relevância e senso de justiça, o col. STF,
em 4 de maio de 2011, o Plenário do STF iniciou o julgamento da ADIn
4.277, ajuizada pela Procuradoria-Geral da República, e da ADPF 132,
proposta pelo Rio de Janeiro, acerca do reconhecimento jurídico, como
entidade familiar, da união entre pessoas do mesmo sexo.
No julgamento, a Suprema Corte, em votação unânime, reconhe-
ceu as relações homoafetivas como formadoras de entidade familiar e
lhe estendeu os direitos destinados a toda e qualquer família.
Merece destaque trecho do voto do MM. Ministro Relator Carlos
Ayres de Brito, ao afirmar que:
[...] dar conta, ora do enlace por amor, por afeto, por intenso carinho
entre pessoas do mesmo sexo, ora da união erótica ou por atração física
entre esses mesmos pares de seres humanos. Aclare-se união com perdu-
rabilidade o bastante para a constituição de um novo núcleo doméstico
tão socialmente ostensivo na sua existência quanto vocacionado para a
expansão de suas fronteiras temporais.
Logo, vínculo de caráter privado, mas sem o viés do propósito empresa-
rial, econômico, ou por qualquer forma, patrimonial, pois não se trata de
uma mera sociedade de fato ou interesseira parceria mercantil. Trata-se,
isto sim, de uma união essencialmente afetiva ou amorosa, a implicar
um voluntário navegar emparceirado por um rio sem margens fixas e
sem outra embocadura que não seja a conflitante entrega de um coração
aberto a outro.
[...] a terminologia entidade familiar não significa algo diferente de fa-
mília, pois não há hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as
duas formas de constituição de um novo núcleo domestico. Estou a dizer:
a expressão entidade familiar não foi usada para designar um tipo inferior
de unidade doméstica, porque apenas a meio caminho da família que se
forma casamento civil. Não foi e não é isso, pois inexiste essa figura da
subfamília, família de segunda classe ou família mais ou menos.
4 Finalidade do salário-maternidade
3 RUPRECHT, Alfredo J. Direito da seguridade social. São Paulo: LTr, 1996, p. 259 apud CASTRO, Carlos
Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 16. ed. São Paulo: Forense,
2014. p. 1753.
84 R��������������������������������������������������������������������������������������������������������������� RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – DOUTRINA
que os cônjuges ou companheiros estejam submetidos a Regime Próprio
de Previdência Social.
Conclusões
Tendo em vista o quanto analisado anteriormente, podem ser ex-
traídas algumas conclusões.
Com efeito, o sistema jurídico se funda na igualdade, sendo cer-
to que a isonomia não pode ser vista apenas em relação ao homem e
mulher e suas relações sociais, profissionais ou familiares, mas também
quanto às entidades fundantes de todo o Direito.
Assim, efetivamente, as famílias devem ser tratadas de forma igual,
sejam oriundas de um casal heterossexual, homossexual, monoparental
ou de família recomposta.
No entanto, a isonomia não se resume à identidade de direitos en-
tre tais entidades familiares, nem entre seus membros e suas relações na
família moderna em que homens e mulheres não possuem mais funções
estanques e absolutamente distintas, mas sim devem se integrar para o
desenvolvimento da celula mater da sociedade.
Portanto, a análise dos institutos deve ser realizada de acordo com
os conceitos atuais de família e da importância e atribuições de seus
membros, fundadas na isonomia do conceito de família e na igualdade
de seus membros dentro da relação jurídica.
Se a ordem jurídica assegura o direito ao cônjuge ou companhei-
ro, ainda que originário de família recomposta, em caso de morte da ge-
nitora, ao gozo de licença, por todo o período da licença-maternidade;
ou pelo tempo restante a que teria direito a mãe, exceto no caso de
falecimento do filho ou de seu abandono, nos termos do art. 392-B da
EMENTA
DIREITO ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO – SERVIDOR PÚBLICO – CONTRIBUIÇÕES
PREVIDENCIÁRIAS – LICENÇA SEM REMUNERAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 5º,
II, LIV E LV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA – LEGALIDADE – CONTRADITÓRIO E AMPLA
DEFESA – DEVIDO PROCESSO LEGAL – DEBATE DE ÂMBITO INFRACONSTITUCIONAL –
EVENTUAL VIOLAÇÃO REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA NÃO VIABILIZA O MANEJO
DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO – NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DE LEGISLAÇÃO
LOCAL – APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 280/STF – NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL –
ART. 93, IX, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA – NULIDADE – INOCORRÊNCIA – RAZÕES DE
DECIDIR EXPLICITADAS PELO ÓRGÃO JURISDICIONAL – ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO
EM 14.03.2014
1. Inexiste violação do art. 93, IX, da Lei Maior. A jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que o referido dispo-
sitivo constitucional exige a explicitação, pelo órgão jurisdicional,
das razões do seu convencimento, dispensando o exame detalha-
do de cada argumento suscitado pelas partes.
2. O exame da alegada ofensa ao art. 5º, II, LIV e LV, da Consti-
tuição Federal, observada a estreita moldura com que devolvida
a matéria à apreciação desta Suprema Corte, dependeria de pré-
via análise da legislação infraconstitucional aplicada à espécie, o
que refoge à competência jurisdicional extraordinária, prevista no
art. 102 da Magna Carta.
3. As razões do agravo regimental não são aptas a infirmar os fun-
damentos que lastrearam a decisão agravada, mormente no que se
94 R�������������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA
refere ao óbice da Súmula nº 280 do STF, a inviabilizar o trânsito
do recurso extraordinário.
4. Agravo regimental conhecido e não provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros
do Supremo Tribunal Federal, em Primeira Turma, sob a Presidência da
Senhora Ministra Rosa Weber, na conformidade da ata de julgamento e
das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em negar provimento
ao agravo regimental, nos termos do voto da Relatora.
Brasília, 14 de abril de 2015.
RELATÓRIO
A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Contra a decisão por
mim proferida, pela qual negado seguimento ao recurso, maneja agravo
regimental o Estado de Minas Gerais.
Insurge-se contra a decisão agravada, ao argumento de que a vio-
lação dos preceitos da Constituição Federal se dá de forma direta.
Insiste na tese da afronta aos princípios da legalidade, inafastabili-
dade da jurisdição, devido processo legal, contraditório e ampla defesa.
Reitera a afronta aos arts. 5º, II, LIV, LV, 37, caput, 40, 93, IX, da Cons-
tituição Federal.
O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais julgou a contro-
vérsia em decisão cuja ementa reproduzo:
“AÇÃO ORIGINÁRIA DE MANDADO DE SEGURANÇA – ILEGITIMIDA-
DE PASSIVA INOCORRENTE – LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES
PARTICULARES – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DO SERVIDOR –
RECOLHIMENTO DEVIDO – CONTRIBUIÇÃO PATRONAL – RESPON-
SABILIDADE DO ENTE PÚBLICO – RECOLHIMENTO PELO SERVIDOR
INDEVIDO – SEGURANÇA PARCIALMENTE CONCEDIDA
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA.................................................................. 95
1. A legitimidade passiva, no mandado de segurança, decorre de a au-
toridade apontada como impetrada ter competência para determinar a
prática de ato apontado como sendo omissivo ou desfazer o comissivo.
2. É devido o recolhimento de contribuição previdenciária do servidor
durante o período de licença sem remuneração para tratar de interesses
particulares, uma vez que mantém o vínculo com a Administração Pú-
blica e o período de afastamento é contado para fins de aposentadoria.
3. A disposição contida no art. 31 da Lei Complementar nº 64, de 2002,
do Estado de Minas Gerais, que obriga o servidor afastado sem remunera-
ção a recolher a contribuição previdenciária patronal é inconstitucional,
porque transfere responsabilidade do ente público e fere o princípio da
solidariedade.
4. Segurança concedida em parte, rejeitada uma preliminar.”
VOTO
A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Preenchidos os pressu-
postos genéricos, conheço do agravo regimental e passo ao exame do
mérito.
Nada colhe o agravo.
Transcrevo o teor da decisão que desafiou o agravo:
“Vistos etc.
Contra o acórdão prolatado pelo Tribunal de origem, maneja recurso
extraordinário, com base no art. 102, III, da Lei Maior, o Estado de Minas
Gerais. Aparelhado o recurso na afronta aos arts. 5º, II, LIV, LV, 37, caput,
40, 93, IX, da Constituição Federal.
É o relatório.
Decido.
Preenchidos os pressupostos extrínsecos.
Da detida análise dos fundamentos adotados pelo Tribunal de origem,
por ocasião do julgamento do apelo veiculado na instância ordinária, em
96 R�������������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA
confronto com as razões veiculadas no extraordinário, concluo que nada
colhe o recurso.
Está no acórdão recorrido:
‘AÇÃO ORIGINÁRIA DE MANDADO DE SEGURANÇA – ILEGITIMI-
DADE PASSIVA INOCORRENTE – LICENÇA PARA TRATAR DE IN-
TERESSES PARTICULARES – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DO
SERVIDOR – RECOLHIMENTO DEVIDO – CONTRIBUIÇÃO PATRO-
NAL – RESPONSABILIDADE DO ENTE PÚBLICO – RECOLHIMEN-
TO PELO SERVIDOR INDEVIDO – SEGURANÇA PARCIALMENTE
CONCEDIDA
A legitimidade passiva, no mandado de segurança, decorre de a au-
toridade apontada como impetrada ter competência para determinar
a prática de ato apontado como sendo omissivo ou desfazer o comis-
sivo.
2. É devido o recolhimento de contribuição previdenciária do ser-
vidor durante o período de licença sem remuneração para tratar de
interesses particulares, uma vez que mantém o vínculo com a Admi-
nistração Pública e o período de afastamento é contado para fins de
aposentadoria.
A disposição contida no art. 31 da Lei Complementar nº 64, de 2002,
do Estado de Minas Gerais, que obriga o servidor afastado sem remu-
neração a recolher a contribuição previdenciária patronal é inconsti-
tucional, porque transfere responsabilidade do ente público e fere o
princípio da solidariedade.
Segurança concedida em parte, rejeitada a preliminar.’
Da leitura dos fundamentos do acórdão prolatado na origem, constato
explicitados os motivos de decidir, a afastar o vício da nulidade por nega-
tiva de prestação jurisdicional arguido. Destaco que, no âmbito técnico-
-processual, o grau de correção do juízo de valor emitido na origem não
se confunde com vício ao primado da fundamentação, notadamente con-
sabido que a disparidade entre o resultado do julgamento e a expectativa
da parte não sugestiona lesão à norma do texto republicano. Precedentes
desta Suprema Corte na matéria:
‘Fundamentação do acórdão recorrido. Existência. Não há falar em
ofensa ao art. 93, IX, da CF, quando o acórdão impugnado tenha
dado razões suficientes, embora contrárias à tese da recorrente.’
(AI 426.981-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ 05.11.04; no mesmo
sentido: AI 611.406-AgR, Rel. Min. Carlos Britto, DJe 20.02.2009)
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA.................................................................. 97
‘Omissão. Inexistência. O magistrado não está obrigado a res-
ponder todos os fundamentos alegados pelo recorrente. PIS. Lei
nº 9.715/1998. Constitucionalidade. A controvérsia foi decidida com
respaldo em fundamentos adequados, inexistindo omissão a ser su-
prida. Este Tribunal fixou entendimento no sentido de que o magistra-
do não está vinculado pelo dever de responder todos os fundamen-
tos alegados pela parte recorrente. Precedentes. Esta Corte afastou a
suposta inconstitucionalidade das alterações introduzidas pela Lei
nº 9.715/1998, admitindo a majoração da contribuição para o PIS me-
diante a edição de medida provisória. Precedentes.’ (RE 511.581-AgR,
Rel. Min. Eros Grau, DJe 15.08.2008)
PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA
AgRg no Recurso Extraordinário nº 868.111
Proced.: Minas Gerais
Relatora: Min. Rosa Weber
Agte.(s): Estado de Minas Gerais
Agte.(s): Mesa Diretora da Assembléia Legislativa do Estado de Minas
Gerais
Proc.(a/s)(es): Advogado-Geral do Estado de Minas Gerais
Agdo.(a/s): Henrique Mendes Monteiro Ferreira
Adv.(a/s): Roberto de Carvalho Santos e outro(a/s)
EMENTA
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL – APOSENTADORIA – CONTRIBUINTE INDIVIDUAL –
CLASSES – INTERSTÍCIO – APOSENTADORIA OCORRIDA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 10.666/2003
– CÁLCULO DA RMI – APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO DO MOMENTO DA AQUISIÇÃO DO DIREITO
À APOSENTADORIA
1. O Tribunal de origem deixou claro que a aposentadoria por ida-
de foi concedida em 04.05.2004, quando já estava em vigor a Lei
nº 10.666/2003, que, em seu art. 9º, extinguiu a escala de salários-
-base prevista no art. 4º da Lei nº 9.876/1999.
2. Esta Corte já proferiu entendimento no sentido de que a renda
mensal inicial dos proventos da aposentadoria deve ser calculada
em conformidade com a legislação vigente ao tempo em que pre-
enchidos todos os requisitos para a aposentadoria. Assim, afasta-se
o argumento de que deve ser considerada a legislação em vigor à
época do desempenho da atividade e do recolhimento das contri-
buições. Precedentes.
Agravo regimental improvido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima
indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal
de Justiça: “A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo re-
gimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a).” Os Srs.
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA............................................................... 103
Ministros Herman Benjamin, Og Fernandes, Mauro Campbell Marques
(Presidente) e Assusete Magalhães votaram com o Sr. Ministro Relator.
Brasília (DF), 28 de abril de 2015 (data do Julgamento).
RELATÓRIO
O Exmo. Sr. Ministro Humberto Martins (Relator):
Cuida-se de agravo regimental interposto pelo Instituto Nacional
do Seguro Social – INSS contra decisão monocrática de minha relatoria
que não conheceu do recurso especial, nos termos da seguinte ementa
(fl. 350, e-STJ):
“PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL – APOSENTADORIA – CON-
TRIBUINTE INDIVIDUAL – CLASSES – INTERSTÍCIO – APOSENTADO-
RIA OCORRIDA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 10.666/2003 – FUNDAMEN-
TO NÃO INFIRMADO – SÚMULA Nº 283/STF – RECURSO ESPECIAL
NÃO CONHECIDO.”
Extrai-se dos autos que o recurso especial foi interposto, com fun-
damento no art. 105, inciso III, alínea a, da Constituição Federal, contra
acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região que deu
parcial provimento ao recurso de apelação do recorrido.
A ementa do julgado guarda os seguintes termos (fl. 297, e-STJ):
“PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – APOSENTADORIA POR IDADE UR-
BANA – ESCALA DE SALÁRIO-BASE – EXTINÇÃO – SALÁRIO-DE-CON-
TRIBUIÇÃO
A partir de novembro de 1999, a escala de salários-base deve ser apli-
cada nos termos do art. 4º da Lei nº 9.876/1999; a partir da competên-
cia abril de 2003, não há mais a observância da tabela, devendo ser
considerados os salários-de-contribuição efetivamente recolhidos, desde
que respeitado o teto máximo, haja vista o disposto nos arts. 9º e 14 da
MP 83 de 12.12.2002, posteriormente convertida na Lei nº 10.666, da
08.05.2003 (arts. 9º e 15).”
104 S����������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA
Alega o agravante que “o fundamento de que a aposentadoria foi conce-
dida na vigência da nova legislação foi impugnado com o argumento de
que para o cálculo da RMI deve ser considerada a legislação em vigor à
época do desempenho da atividade e do recolhimento das contribuições
e não o da concessão do benefício” (fl. 360, e-STJ). Requer seja afastada a
incidência da Súmula nº 283 do STF, a fim de que seja julgado o recurso
especial e considerada a obediência à escala de salário-base prevista no
art. 29 da Lei nº 8.212/1991.
EMENTA
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL – APOSENTADORIA – CONTRIBUINTE INDIVIDUAL –
CLASSES – INTERSTÍCIO – APOSENTADORIA OCORRIDA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 10.666/2003
– CÁLCULO DA RMI – APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO DO MOMENTO DA AQUISIÇÃO DO DIREITO
À APOSENTADORIA
1. O Tribunal de origem deixou claro que a aposentadoria por
idade foi concedida em 04.05.2004, quando já estava em vigor
a Lei nº 10.666/2003, que, em seu art. 9º, extinguiu a escala de
salários-base prevista no art. 4º da Lei nº 9.876/1999.
2. Esta Corte já proferiu entendimento no sentido de que a renda
mensal inicial dos proventos da aposentadoria deve ser calculada
em conformidade com a legislação vigente ao tempo em que pre-
enchidos todos os requisitos para a aposentadoria. Assim, afasta-se
o argumento de que deve ser considerada a legislação em vigor à
época do desempenho da atividade e do recolhimento das contri-
buições. Precedentes.
Agravo regimental improvido.
VOTO
O Exmo. Sr. Ministro Humberto Martins (Relator):
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA............................................................... 105
Não obstante o esforço contido nas razões de agravo regimental,
não prospera a pretensão recursal de reforma da decisão prolatada.
Conforme consignado na análise monocrática, é firme nesta Corte
o entendimento no sentido da estrita observância dos interstícios legais
para progressão de classes, com exceção, para estes fins, dos recolhi-
mentos extemporâneos, nos termos da Lei nº 9.876/1999.
Contudo, o Tribunal de origem deixou claro que a aposentadoria
por idade foi concedida em 04.05.2004, quando já estava em vigor a Lei
nº 10.666/2003, que, em seu art. 9º, extinguiu a escala de salários-base
prevista no art. 4º da Lei nº 9.876/1999. Assim, concluiu que, “a partir
da competência abril de 2003, não há mais a observância da tabela,
devendo ser considerados os salários-de-contribuição efetivamente re-
colhidos, desde que respeitado o teto máximo”.
Alega o INSS que, “para o cálculo da RMI deve ser considerada
a legislação em vigor à época do desempenho da atividade e do reco-
lhimento das contribuições e não o da concessão do benefício” (fl. 360,
e-STJ).
Não assiste razão ao agravante.
Esta Corte já proferiu entendimento no sentido de que a renda
mensal inicial dos proventos da aposentadoria deve ser calculada em
conformidade com a legislação vigente ao tempo em que preenchidos
todos os requisitos para a aposentadoria. Assim, afasta-se o argumento
de que deve ser considerada a legislação em vigor à época do desempe-
nho da atividade e do recolhimento das contribuições.
A propósito, os seguintes precedentes:
“DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO – EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO – ERRO DE FATO – RECONHECIMENTO – APRECIA-
ÇÃO DO RECURSO ESPECIAL – CÁLCULO DA RMI – APLICAÇÃO DA
LEGISLAÇÃO DO MOMENTO DA AQUISIÇÃO DO DIREITO À APO-
SENTADORIA – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS – RE-
CURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Nos termos do art. 535 do CPC, são cabíveis os embargos de declara-
ção para a modificação do julgado que se apresentar omisso, contradi-
tório ou obscuro, bem como para sanar possível erro material existente
na decisão.
106 S����������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA
2. No caso, há evidente erro material quanto à questão tratada nos autos.
3. Tanto no Pretório Excelso quanto nesta Corte Superior de Justiça, en-
contra-se pacificado o entendimento segundo o qual, em homenagem ao
princípio tempus regit actum, o cálculo do valor da aposentadoria deve
ser realizado com base na legislação vigente à época em que restaram
cumpridas as exigências legais para a concessão do benefício. Situação
que não se confunde com a retroação da data de início do benefício.
4. Embargos de declaração acolhidos para apreciar e dar parcial provi-
mento ao recurso especial.”
(EDcl-EDcl-EDcl-EDcl-REsp 1.240.190/PR, Rel. Min. Moura Ribeiro,
5ª T., Julgado em 18.06.2014, DJe 27.06.2014)
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA
Número Registro: 2013/0069209-2
AgRg-REsp 1.370.292/PR
Números Origem: 110246981 110307370 110663967 200570050024024
201300692092
Pauta: 28.04.2015
Julgado: 28.04.2015
Relator: Exmo. Sr. Ministro Humberto Martins
Presidente da Sessão: Exmo. Sr. Ministro Mauro Campbell Marques
Subprocuradora-Geral da República: Exma. Sra. Dra. Darcy Santana
Vitobello
Secretária: Belª Valéria Alvim Dusi
AUTUAÇÃO
Recorrente: Instituto Nacional do Seguro Social – INSS
Advogado: Procuradoria-Geral Federal – PGF
Recorrido: Ralf Vitorio Maas
Advogados: Frederico Azambuja Patino Cruzatti
Clovis Felipe Fernandes e outro(s)
Assunto: Direito previdenciário – Benefícios em espécie – Aposentadoria
por idade (art. 48/51)
AGRAVO REGIMENTAL
Agravante: Instituto Nacional do Seguro Social – INSS
Advogado: Procuradoria-Geral Federal – PGF
Agravado: Ralf Vitorio Maas
Advogados: Frederico Azambuja Patino Cruzatti
Clovis Felipe Fernandes e outro(s)
108 S����������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia Segunda Turma, ao apreciar o processo em
epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
“A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental,
nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a).”
EMENTA
DIREITO TRIBUTÁRIO – AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL –
CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO CUSTEIO DO SEGURO ACIDENTE DO TRABALHO (SAT) –
APLICAÇÃO DO FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO (FAP) – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
– ACÓRDÃO RECORRIDO COM FUNDAMENTO EXCLUSIVAMENTE CONSTITUCIONAL – ART. 97
DO CTN – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – MATÉRIA INSUSCETÍVEL DE EXAME EM RECURSO
ESPECIAL – AGRAVO DESPROVIDO
1. Não se conhece do recurso especial quando o Tribunal de ori-
gem analisa a questão posta nos autos sob a ótica do princípio da
Legalidade Tributária, bem como de outros dispositivos constitu-
cionais, decidindo a questão com fundamentos de índole eminen-
temente constitucional.
2. É inviável o conhecimento, em sede de recurso especial, da ale-
gação de violação ao art. 97 do Código Tributário Nacional, uma
vez que o preceito infraconstitucional invocado trata-se de mera
reprodução de dispositivo da Constituição Federal. Precedentes:
AgRg-REsp 12.90.963/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
2ª T., DJe 25.09.2012; REsp 1277853/SC, Rel. Min. Humberto
Martins, 2ª T., DJe 11.11.2011; e AgRg-Ag 1362310/RS, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, 1ª T., DJe 06.09.2011.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.
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ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da
Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar
provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator. Os Srs. Ministros Regina Helena Costa, Marga Tessler (Juíza Fe-
deral convocada do TRF 4ª Região), Napoleão Nunes Maia Filho (Presi-
dente) e Benedito Gonçalves votaram com o Sr. Ministro Relator.
RELATÓRIO
O Exmo. Sr. Ministro Sérgio Kukina (Relator): Trata-se de agravo
regimental contra decisão que negou provimento a agravo em recurso
especial, sob os fundamentos de que (I) não ocorreu ofensa ao art. 535,
II, do CPC, eis que o Tribunal de origem dirimiu, fundamentadamen-
te, as questões que lhe foram submetidas, apreciando integralmente a
controvérsia posta nos presentes autos; (II) quanto à apontada ofensa ao
art. 97 do CTN, esta Corte já se manifestou no sentido de que a matéria
não pode ser invocada em recurso especial, porquanto o preceito infra-
constitucional é mera reprodução de dispositivo da Constituição Fede-
ral; e (III) o Tribunal a quo, ao analisar a demanda, dirimiu a matéria sob
enfoque eminentemente constitucional, o que a torna insuscetível de ser
examinada em sede de recurso especial.
É o relatório.
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA............................................................... 111
VOTO
O Exmo. Sr. Ministro Sérgio Kukina (Relator): A irresignação não
merece acolhimento, tendo em conta que a parte agravante não logrou
desenvolver argumentação apta a desconstituir os fundamentos adota-
dos pela decisão recorrida, que ora submeto ao Colegiado para serem
confirmados:
Verifica-se, inicialmente, não ter ocorrido ofensa ao art. 535, II, do CPC,
na medida em que o Tribunal de origem dirimiu, fundamentadamente, as
questões que lhe foram submetidas, apreciando integralmente a contro-
vérsia posta nos presentes autos. Ressalte-se que não se pode confundir
julgamento desfavorável ao interesse da parte com negativa ou ausência
de prestação jurisdicional.
Ademais, relativamente à apontada ofensa ao art. 97 do CTN, esta Corte
já se manifestou no sentido de que a matéria não pode ser invocada em
recurso especial, porquanto o preceito infraconstitucional é mera repro-
dução de dispositivo da Constituição Federal.
Além disso, com efeito, verifica-se que o Tribunal de origem decidiu a
controvérsia à luz de fundamento eminentemente constitucional, maté-
ria insuscetível de ser examinada em sede de recurso especial, a saber:
princípio da legalidade.
Destaca-se da fundamentação do acórdão recorrido os seguintes trechos
(fls. 255/261):
A controvérsia diz respeito à legitimidade da exigência da contribuição
para o SAT, utilizando-se a metodologia lembrada no corpo do relatório.
Assim estabelece o Verbete Sumular nº 351/STJ:
[...]
Nessa linha de raciocínio:
a) O art. 22, II, da Lei nº 8.212/1991 estabeleceu alíquotas variáveis (1%,
2%, ou 3%, conforme o caso) das contribuições destinadas aos bene-
fícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade
laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (RAT/SAT):
[...]
b) A Lei nº 10.666, de 08.05.2003, previu que, em razão do grau de in-
cidência de incapacidade laborativa, decorrente dos riscos ambientais
do trabalho, as alíquotas citadas podem ser reduzidas em até 50% ou
112 S����������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA
aumentadas em até 100% (o que redunda na flutuação da alíquota
de 0,5% até 6%), em razão do desempenho da empresa em relação à
atividade econômica exercida, conforme dispuser regulamento com
cálculo segundo metodologia do Conselho Nacional de Previdência
Social (CNPS):
[...]
Em consequência, foram expedidos os Decretos nº 6.042/2007,
art. 202-A e 6.957/2009, bem como as Resoluções MPS/CNPS nº 1.308,
de 27.05.2009, e nº 1.309, de 27.05.2009, que estabeleceram a metodo-
logia para o cálculo do FAP.
Ressalte-se, inicialmente, que o STF entendeu constitucional a regula-
mentação do SAT por regulamento do Poder Executivo (RE 343.446/SC).
A jurisprudência nacional firmou, então, a seguinte diretriz:
[...]
Registre-se, com efeito, que a discussão nos autos cinge-se às alterações
promovidas pelo Decreto nº 6.957/2009. Contudo, como visto, nos ter-
mos da jurisprudência do eg. Supremo Tribunal Federal, o fato de a lei
deixar para o regulamento (in casu, o referido Decreto) a complementa-
ção dos conceitos de “atividade preponderante” e “grau de risco leve,
médio e grave” não implica ofensa ao princípio da legalidade, seja no
seu sentido material ou formal.
Nesse sentido, confira-se:
[...]
Além do mais, recentemente, ao examinar a Lei nº 12.382/2011, que tra-
tou do salário mínimo, o Supremo Tribunal Federal, na ADI 4568, da rela-
toria da Ministra Carmem Lúcia Antunes Rocha, sessão de 03.11.12011,
reafirmou, em hipótese como a dos autos, a validade do poder regula-
mentar.
Querer a parte autora um tratamento diferenciado somente para si, afas-
tando-se do grupo/atividade das empresas do mesmo ramo e dos percen-
tuais estabelecidos na legislação e regulamento pertinentes, não encontra
suporte no ordenamento jurídico pátrio. Tal postulação ensejaria, na ver-
dade, uma verdadeira balbúrdia administrativa, com pronunciamentos
técnicos diversos para casos idênticos ou análogos.
Com efeito, “havendo norma do Poder Executivo que classifique deter-
minada atividade empresarial como de risco, não compete ao Poder Ju-
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA............................................................... 113
diciário, [...] alterar a classificação da atividade para fins de se alterar a
alíquota da contribuição devida ao SAT/RAT, interferindo na atividade re-
gulatória do Poder Executivo” (Ag 0018930-18.2011.4.01.0000/DF, Rel.
Des. Fed. Luciano Tolentino Amaral, 7ª T., e-DJFI p. 334 de 17.06.2011).
Na verdade, a própria norma referente ao FAP/SAT/RAT reconhece o di-
reito ao devido processo legal, com possibilidade, inclusive, de interpo-
sição de recurso administrativo.
Logo, não há sequer que se falar em ofensa ao devido processo legal.
Nesse sentido, confiram-se:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – AGRAVO REGIMENTAL NO
RECURSO ESPECIAL – MANDADO DE SEGURANÇA – CONTRI-
BUIÇÃO DESTINADA AO CUSTEIO DO SEGURO ACIDENTE DO
TRABALHO (SAT) – APLICAÇÃO DO FATOR ACIDENTÁRIO DE
PREVENÇÃO (FAP) – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (ART. 150, I, DA
CF) – FUNDAMENTO EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL – RE-
VISÃO DO ACÓRDÃO NA VIA ELEITA – DESCABIMENTO
1. Na hipótese em foco, tendo a Corte Regional decidido que a co-
brança da contribuição previdenciária destinada ao Seguro de Aci-
dente do Trabalho, mediante aplicação do Fator Acidentário de Pre-
venção – FAP, instituído pelo art. 10, da Lei nº 10.666/2003, não
afronta o princípio da legalidade tributária insculpido no art. 150, I,
da Constituição Federal, mostra-se descabida a revisão do acórdão na
via especial.
2. A propósito: AgRg-REsp 1.290.417/SC, Rel. Min. Francisco
Falcão, DJ de 25.05.2012, AgRg-REsp 1.290.932/SP, Rel. Min. Herman
Benjamin, DJ de 14.04.2012, AgRg-REsp 1.290.631/RS, Rel. Min.
Humberto Martins, DJ de 05.03.2012, AgRg-REsp 1.290.982/PR, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJ de 29.06.2012.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg-REsp 1.344.046/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª T., Julga-
do em 18.10.2012, DJe 23.10.2012)
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA
Número Registro: 2013/0356024-7 AgRg-AREsp 417.099/BA
Números Origem: 00020229620104013304 201033040009093
20229620104013304
Em Mesa Julgado: 10.03.2015
Relator: Exmo. Sr. Ministro Sérgio Kukina
Presidente da Sessão: Exmo. Sr. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho
Subprocuradora-Geral da República: Exma. Sra. Dra. Denise Vinci Tulio
Secretária: Belª Bárbara Amorim Sousa Camuña
AUTUAÇÃO
Agravante: Nordeste Segurança e Transporte de Valores Bahia Ltda. e
outros
Advogados: Paulo Alberto Leite Cerqueira e outro(s)
João Humberto de Farias Martorelli
Agravado: Fazenda Nacional
Advogado: Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
118 S����������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA
Assunto: Direito tributário – Contribuições – Contribuições sociais – Se-
guro acidentes do trabalho
AGRAVO REGIMENTAL
Agravante: Nordeste Segurança e Transporte de Valores Bahia Ltda. e
outros
Advogados: João Humberto de Farias Martorelli
Dóris de Souza Castelo Branco e outro(s)
Agravado: Fazenda Nacional
Advogado: Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia Primeira Turma, ao apreciar o processo em
epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos
termos do voto do Sr. Ministro Relator.
EMENTA
PENAL – PROCESSO PENAL – ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO – ART. 171, § 3º, DO CP
– MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS – DOLO CONFIGURADO – PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA – INAPLICABILIDADE – DOSIMETRIA DA PENA MANTIDA
RELATÓRIO
A Exma. Sra. Desembargadora Federal Mônica Sifuentes (Relato-
ra): Trata-se de apelação interposta por João Batista Silva de Lima contra
sentença prolatada pelo Juiz Federal Leão Aparecido Alves, da 11ª Vara
da Seção Judiciária de Goiás, que o condenou a 02 (dois) anos e 08 (oito)
meses de reclusão, e 32 (trinta e dois) dias-multa, à razão de 1/10 (um
décimo) do salário mínimo vigente à época dos fatos, pela prática do
delito previsto no art. 171, § 3º, do Código Penal.
De acordo com a inicial acusatória, oferecida em 16.12.2005 e
recebida em 08.02.2006 (fl. 99), após o falecimento de seu genitor em
27.04.1999 (fl. 12) o acusado adulterou o documento de identidade do
mesmo, trocando a fotografia original pela sua, com a finalidade de re-
ceber o benefício de aposentadoria percebida por seu pai. O recebi-
mento indevido da aposentadoria ocorreu de maio de 1999 a março de
2003, com o cancelamento do benefício.
A defesa alega que não ficou comprovado o envolvimento de João
Batista no crime, haja vista a ausência de dolo em sua conduta. Sustenta
a aplicação do princípio da insignificância, uma vez que o prejuízo cau-
sado ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi de R$ 9.500,00
(nove mil e quinhentos reais), quantia considerada irrelevante para a
configuração do delito de estelionato. Aduz que o agente recebeu os
valores de boa-fé, pois pensava se tratar de seguro deixado por seu pai.
Requer a absolvição de João Batista pela aplicação dos princípios da
insignificância e do in dubio pro reo (fls. 223/234).
Contrarrazões às fls. 236/241.
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA............................................................... 121
O Ministério Público Federal, em parecer do Procurador Regio-
nal da República Juliano Baiocchi Villa-Verde de Carvalho, manifesta-se
pelo não provimento da apelação (fls. 245/247).
É o relatório.
Ao eminente Revisor.
VOTO
A Exma. Sra. Desembargadora Federal Mônica Sifuentes (Relato-
ra): Consoante se verifica no relatório, João Batista Lima Silva insurge-se
contra sentença que o condenou à pena de 02 (dois) anos e 08 (oito)
meses de reclusão e 32 (trinta e dois) dias-multa, à razão de 1/10 (um
décimo) do salário mínimo vigente à época dos fatos, pela prática do
delito previsto no art. 171, § 3º, do CP.
A materialidade está demonstrada pela carteira de identidade de
fl. 09, termo de declarações de Divina Eterna Silva de Lima, irmã do
acusado (fls. 10/11), declaração de óbito de José Pereira da Silva (fl. 12),
bem como pelo ofício e documentos de fls. 17/20.
A autoria é comprovada pelas imagens fornecidas pela Caixa Eco-
nômica Federal (fls. 32/37) e pelo interrogatório do réu em sede policial
(fls. 86/87), no qual confessou o recebimento indevido do benefício de
aposentadoria e confirmou ser ele nas imagens.
Em que pese o acusado ter negado em Juízo que soubesse estar
praticando um ato ilícito, pois pensava estar recebendo um seguro do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o certo é que de fato houve o
recebimento de vantagem ilícita, razão pela qual não há como acolher a
tese de boa-fé do ora apelante. Isso porque o réu fraudou o documento
de identidade de seu pai, trocando a foto original pela sua, e recebeu
indevidamente o benefício por mais de 03 (três) anos.
Ademais, sendo pessoa com bom nível de escolaridade, que che-
gou a frequentar a faculdade (fl. 111), não é crível que realmente acredi-
tasse estar recebendo um seguro do INSS.
Presentes, portanto, a materialidade, a autoria e o elemento sub-
jetivo do tipo (dolo específico de fraudar a Previdência Social), motivo
122 S����������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA
pelo qual não se pode falar em ausência ou insubsistência de provas
para sustentar um decreto condenatório.
Princípio da insignificância
VOTO-REVISOR
O Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra João
Batista Silva de Lima, pela prática do crime previsto no art. 171, § 3º, do
Código Penal.
A denúncia foi recebida em 08.02.2006 (fl. 99).
Por ocasião do sentenciamento do feito (fls. 189/196), o MM.
Juiz singular julgou procedente a denúncia, para condenar João Batista
Silva de Lima à pena de 02 (dois) anos e 08 (oito) meses de reclusão e 32
(trinta e dois) dias-multa, pela prática do crime capitulado no art. 171,
§ 3º, do CP.
Inconformado, João Batista Silva de Lima interpôs Recurso de Ape-
lação (fls. 223/234), sustentando, em síntese, que se aplica ao caso o
princípio da insignificância, em razão do valor recebido não superar o
valor mínimo exigido para ajuizamento de ações fiscais pela Fazenda
Pública; que apenas prosseguiu recebendo o benefício previdenciário
deixado por seu genitor, sem ter ciência da ilicitude do fato, não ha-
vendo dolo para a prática do delito; que deve ser excluída a valoração
negativa das circunstâncias judiciais, vez que não se mostraram graves a
ponto de justificar a exasperação da pena-base.
Com contrarrazões (fls. 236/241), subiram os autos a esta Corte,
onde receberam parecer ministerial pelo não provimento do recurso
(fls. 245/247).
Vejamos.
Sustenta o apelante que se aplica ao caso o princípio da insigni-
ficância, em razão do valor recebido não superar o valor mínimo exigi-
do para ajuizamento de ações fiscais pela Fazenda Pública; que apenas
prosseguiu recebendo o benefício previdenciário deixado por seu geni-
tor, sem ter ciência da ilicitude do fato, não havendo dolo para a prática
do delito; que deve ser excluída a valoração negativa das circunstâncias
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA............................................................... 125
EMENTA
APELAÇÃO CÍVEL – CONTRATO DE EMPRÉSTIMO – BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO – DESCONTO
INDEVIDO – INSS – AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE
I – O art. 6º da Lei nº 10.820/2003, com a redação dada pela
Lei nº 10.953/2004, dispõe sobre a autorização para desconto de
prestações em folha de pagamento, estatuindo que a Autarquia
Previdenciária ostenta a condição de mero agente de retenção e
repasse dos valores ao credor, nos empréstimos consignados de
aposentados/pensionistas.
II – O INSS, implementando a consignação em pagamento, editou
a IN 121/2005, conforme previsão do art. 6º, caput, in fine, da Lei
nº 10.820/2003, que dispõe acerca dos parâmetros técnicos exigi-
dos das instituições financeiras que pretendam se habilitar perante
a autarquia previdenciária, sempre mediante convênio, estabele-
cendo que as instituições financeiras não poderiam obter a auto-
rização do segurado apenas por telefone, bem como traçando os
procedimentos para a comunicação ao INSS, em casos de fraude.
Das referidas normas, se pode observar que o INSS exige que a
instituição financeira seja idônea, isto é, esteja regular junto ao
Banco Central do Brasil, e possua meios para transmitir os dados
eletronicamente para o INSS.
130 S����������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA
III – Prevê o art. 1º, § 4º, da citada Instrução Normativa, que: “A
instituição financeira ou sociedade de arrendamento mercantil
concedente do empréstimo deverá conservar em seu poder, pelo
prazo de cinco anos, a contar da data do término do empréstimo,
a autorização firmada pelo titular do benefício, por escrito ou por
meio eletrônico, para o empréstimo, financiamento ou operação
de arrendamento mercantil ou constituição de Reserva de Margem
Consignável – RMC.”
IV – A responsabilidade pela conferência dos documentos e ob-
tenção da autorização é da instituição financeira, e não do INSS.
V – Nesse contexto, consentâneo, inclusive, com a própria facili-
dade e agilidade que os empréstimos por consignação visam a as-
segurar, descabe a mencionada fiscalização do INSS. Bem assim,
também não cabe à autarquia previdenciária restituir valores que
apenas descontou e repassou, por determinação legal, à institui-
ção financeira.
VI – Em suma, não participando da relação de mútuo, não tem o
INSS responsabilidade solidária em relação às operações de em-
préstimos, e nessa condição não pode ser condenado, ainda que
subsidiariamente, a suportar eventual ônus financeiro imposto.
VII – A existência de ilegalidade na contratação do emprésti-
mo é de responsabilidade do banco, que então será responsável
pelo eventual cancelamento e devolução das parcelas indevidas,
bem como pelo eventual pagamento de indenização por danos
morais.
VIII – Não restou demonstrada qualquer irregularidade na conduta
do INSS ao permitir o desconto consignado no benefício da Parte
Autora (por outro lado, como se trata de alegada omissão, a res-
ponsabilidade é subjetiva), eis que pautada em conformidade com
o disposto nas Leis nºs 10.820/2003 e 10.953/2004, consistindo
em operacionalização da consignação, efetuando retenção e re-
passe à instituição bancária.
IX – Agravo interno improvido.
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA............................................................... 131
ACÓRDÃO
Visto e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas.
Rio de Janeiro, de de .
Reis Friede
Relator
RELATÓRIO
Trata-se de Embargos de Declaração opostos pela Caixa Econô-
mica Federal – CEF em face de Decisão Monocrática proferida por esta
Relatoria (fls. 16/22), que, na forma do art. 557 do CPC, deu provimento
ao Reexame Necessário e à Apelação do INSS para afastar a responsabi-
lidade da autarquia previdenciária pelos danos causados à parte autora,
bem como no que tange à devolução de qualquer valor indevidamente
descontado do seu benefício.
É o relatório.
132 S����������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA
Reis Friede
Relator
VOTO
O Senhor Desembargador Federal Reis Friede (Relator):
Consoante jurisprudência do STF e do STJ, são inadmissíveis os
embargos de declaração opostos em face de decisão monocrática do
relator, devendo referido recurso ser recebido como agravo interno, com
fundamento no princípio da fungibilidade.
Veja-se:
“[...] Decisão Monocrática do Relator: cabimento de Agravo e não de
Embargos Declaratórios. Embargos recebidos como Agravo. Art. 557,
§ 1º, do CPC. [...]” (STF, AI 299956-ED/SC, 1ª T., Rel. Min. Sydney
Sanches, DJ 24.08.2001)
DA SÍNTESE CONCLUSIVA
Ante o exposto, recebo os Embargos de Declaração opostos como
Agravo Interno, negando-lhe provimento.
É como voto.
Reis Friede
Relator
Parte Geral – Jurisprudência – Acórdão na Íntegra
1630
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – BOLSAS DE ESTUDOS PARA
FUNCIONÁRIOS – NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – BOLSA DE
ESTUDOS CONCEDIDA AOS FILHOS E DEPENDENTES DOS EMPREGADOS – NATUREZA SALARIAL
– INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
1. No que toca às bolsas de estudos para funcionários, a juris-
prudência também já se definiu pela não inclusão no salário-de-
-contribuição, até em razão do art. 458, § 2º, II, da CLT (STJ, REsp
729901).
2. As bolsas de estudos para filhos de funcionários constituem um
acréscimo no salário do empregado concedido de maneira indire-
ta, que se classifica doutrinariamente como salário-utilidade, pois
esse tipo de estímulo educacional não tem qualquer ligação com
a finalidade da empresa.
3. Sucumbência recíproca.
4. Apelação da União e Remessa Oficial parcialmente providas.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indica-
das, decide a Egrégia Décima Primeira Turma do Tribunal Regional Fe-
deral da 3ª Região, por maioria, em dar parcial provimento ao apelo da
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA............................................................... 141
União e à Remessa Oficial, nos termos do voto relator, com quem votou
o Des. Fed. Nino Toldo, vencida a Desª Fed. Cecília Mello que lhes ne-
gava provimento, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte
integrante do presente julgado.
São Paulo, 28 de abril de 2015.
José Lunardelli
Desembargador Federal
RELATÓRIO
Trata-se de Remessa Oficial e de apelação interposta em face
de sentença proferida em ação ordinária ajuizada por Instituto Educa-
cional Luiz Rosa Ltda. em face da União Federal, com a finalidade de
obter provimento jurisdicional que declare a nulidade dos autos de in-
fração nºs 37.173.740-0, 37.173.741-9, 37.173.742-7, 37.173.743-5,
37.173.744-3 e 37.173.745-1, bem como a insubsistência das decisões
lançadas nos processos administrativos nºs 19311.000296/2008-49,
19311.000297/2008-93, 19311.000298/2008-38, 19311.000299/2008-
82, 19311.00300/2008-79 e 19311.000301/2008-13, e, consequente-
mente, decrete o cancelamento das multas lançadas.
Alega, em suma, que as seis autuações decorreram da incidência
da contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de bolsa
de estudos a empregados e seus filhos, dada a natureza de remuneração
indireta, com fundamento no art. 28 da Lei nº 8.212/1991, o que ense-
jou a cobrança de valores devidos, respectivamente, pela empresa mais
o RAT, as contribuição dos segurados e a de terceiros, bem como as
multas em razão da omissão de informações à previdência social (GFIP),
de não inclusão em suas folhas de pagamentos e ausência de registro
em sua contabilidade relativos às verbas de bolsas de estudos. Sustenta
a inexistência de fato gerador, considerando que a bolsa de estudo não
é base de cálculo da contribuição, sob o argumento de que se trata de
benefício de caráter não salarial, eventual, temporário, condicional, não
se destinando a retribuir o trabalho uma vez pago como incentivo à edu-
cação. Destaca que se trata de utilidade que não integra o salário como
previsto no art. 458 da CLT, e a ampliação desse rol incentiva a em-
presa a conceder vantagens de modo a permitir melhoria da condição
142 S����������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA
social do trabalhador, em conformidade com o art. 205 da Constituição
Federal.
É o relatório.
José Lunardelli
Desembargador Federal
VOTO
É preciso esclarecer que há três possibilidades em relação ao tema
e é comum a confusão em torno das mesmas, que são:
1. Auxílio-creche e auxílio-babá
Sucumbência recíproca.
É o voto.
José Lunardelli
Desembargador Federal
DECLARAÇÃO DE VOTO
A Exma. Sra. Desembargadora Federal Cecilia Mello: A par do res-
peito e admiração que nutro pelo Ilustre Relator, dele ouso divergir, em
parte.
Cecilia Mello
Desembargadora Federal
Parte Geral – Jurisprudência – Acórdão na Íntegra
1631
EMENTA
PREVIDENCIÁRIO – ATIVIDADE ESPECIAL – AVERBAÇÃO – AGENTES BIOLÓGICOS – CATEGORIA
PROFISSIONAL – ENFERMAGEM – HABITUALIDADE E PERMANÊNCIA – EQUIPAMENTOS DE
PROTEÇÃO INDIVIDUAL
1. O reconhecimento da especialidade e o enquadramento da ati-
vidade exercida sob condições nocivas são disciplinados pela lei
em vigor à época em que efetivamente exercidos, passando a inte-
grar, como direito adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador.
2. Considerando que o § 5º do art. 57 da Lei nº 8.213/1991 não
foi revogado pela Lei nº 9.711/1998, e que, por disposição consti-
tucional (art. 15 da Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.1998),
permanecem em vigor os arts. 57 e 58 da Lei de Benefícios até que
a lei complementar a que se refere o art. 201, § 1º, da Constituição
Federal, seja publicada, é possível a conversão de tempo de ser-
viço especial em comum inclusive após 28.05.1998. Precedentes
do STJ.
3. Até 28.04.1995 é admissível o reconhecimento da especialida-
de por categoria profissional ou por sujeição a agentes nocivos,
aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruído e calor);
a partir de 29.04.1995 não mais é possível o enquadramento por
categoria profissional, devendo existir comprovação da sujeição a
agentes nocivos por qualquer meio de prova até 05.03.1997 e, a
partir de então, por meio de formulário embasado em laudo técni-
co, ou por meio de perícia técnica.
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA............................................................... 151
4. A exposição a agentes biológicos enseja o reconhecimento do
tempo de serviço como especial.
5. As atividades de técnico/atendente de enfermagem, exercidas
até 28.04.1995, devem ser reconhecidas como especial em decor-
rência do enquadramento por categoria profissional, por equipa-
ração à categoria profissional de enfermagem.
6. Para a caracterização da especialidade, não se reclama exposi-
ção às condições insalubres durante todos os momentos da prática
laboral, sendo suficiente que o trabalhador, em cada dia de labor,
esteja exposto a agentes nocivos em período razoável da jornada,
salvo exceções (periculosidade, por exemplo).
7. A habitualidade e permanência hábeis aos fins visados pela
norma – que é protetiva – devem ser analisadas à luz do serviço
cometido ao trabalhador, cujo desempenho, não descontínuo ou
eventual, exponha sua saúde à prejudicialidade das condições fí-
sicas, químicas, biológicas ou associadas que degradam o meio
ambiente do trabalho.
8. Os equipamentos de proteção individual não são suficientes,
por si só, para descaracterizar a especialidade da atividade desem-
penhada pelo segurado, devendo cada caso ser apreciado em suas
particularidades.
9. Comprovado o exercício de atividades em condições espe-
ciais nos intervalos de 01.02.1985 a 21.10.1986, 01.03.1989
a 04.06.1990, 02.07.1990 a 29.10.1990, tem a autora direito à
averbação, para fins de futura concessão de benefício previdenciá
rio, do acréscimo resultante da conversão, para tempo comum,
dos períodos de atividade especial reconhecidos.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indi-
cadas, decide a Egrégia 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª
Região, por unanimidade, dar parcial provimento à apelação do INSS
e à remessa oficial e determinar o cumprimento imediato do acórdão
no tocante à averbação das atividades especiais ora reconhecidas, nos
152 S����������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA
termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte
integrante do presente julgado.
Porto Alegre, 29 de abril de 2015.
RELATÓRIO
Cuida-se de apelação contra sentença em que a magistrada a quo
julgou parcialmente procedente o pedido para reconhecer a especialida-
de dos períodos de 01.02.1985 a 21.10.1986, 01.03.1989 a 04.06.1990,
02.07.1990 a 29.10.1990 e de 01.01.2004 a 27.11.2007, com a sua
respectiva conversão para tempo comum, deixando de conceder a apo-
sentadoria por falta de tempo de serviço/contribuição.
Em suas razões de apelação, a Autarquia Previdenciária sustentou,
em síntese, a inexistência de comprovação hábil do exercício de ativida-
des especiais pela demandante, bem como que o uso de equipamentos
de proteção neutraliza a nocividade dos agentes.
Sem contrarrazões, vieram os autos a esta Corte para julgamento
por força, tão somente, do recurso voluntário.
É o relatório.
À revisão.
VOTO
Em relação à remessa oficial, o Colendo Superior Tribunal de Jus-
tiça, por sua Corte Especial (EREsp 934.642/PR, Rel. Min. Ari Pargen-
dler, Julgado em 30.06.2009; EREsp 701.306/RS, Rel. Min. Fernando
Gonçalves, Julgado em 07.04.2010; EREsp 600.596/RS, Rel. Min. Teori
Zavascki, Julgado em 04.11.2009), prestigiou a corrente jurisprudencial
que sustenta ser inaplicável a exceção contida no § 2º, primeira parte,
do art. 475 do CPC aos recursos dirigidos contra sentenças (a) ilíquidas,
(b) relativas a relações litigiosas sem natureza econômica, (c) declara-
tórias e (d) constitutivas/desconstitutivas insuscetíveis de produzir con-
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA............................................................... 153
denação certa ou de definir objeto litigioso de valor certo (v.g., REsp
651.929/RS).
Assim, em matéria previdenciária, as sentenças proferidas contra
o Instituto Nacional do Seguro Social só não estarão sujeitas ao duplo
grau obrigatório se a condenação for de valor certo (líquido) inferior a
sessenta salários mínimos.
Não sendo esse o caso dos autos, dou por interposta a remessa
oficial.
A controvérsia restringe-se ao reconhecimento do tempo de ser-
viço prestado sob condições especiais, nos intervalos de 01.02.1985 a
21.10.1986, 01.03.1989 a 04.06.1990, 02.07.1990 a 29.10.1990 e de
01.01.2004 a 27.11.2007, com a sua consequente averbação para fins
de futura concessão de benefício previdenciário.
DA ATIVIDADE ESPECIAL
EMENTA
AGRAVO DE INSTRUMENTO – TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO
DA EMPRESA – HORAS EXTRAS – NATUREZA REMUNERATÓRIA – INCIDÊNCIA – TERÇO
CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS – NATUREZA INDENIZATÓRIA – NÃO INCIDÊNCIA – ENTENDIMENTO
DO STJ EM SEDE DE RECURSOS REPETITIVOS (RESP 1358281/SP E RESP 1230957/RS)
– PARCIAL PROVIMENTO
1. A alegação da agravante referente à natureza remuneratória do
terço constitucional de férias para fins de incidência de contri-
buição previdenciária não se reveste de relevância jurídica, uma
vez que a pretensão recursal encontra-se em colisão com o en-
tendimento pacificado no STJ de que não incide a contribuição
previdenciária sobre tal importância, visto que a mesma possui
natureza compensatória/indenizatória. REsp 1230957/RS, julgado
sob o rito do art. 543-C do CPC.
2. Por outro lado, merece ser reformada a decisão agravada no
que diz respeito à exclusão das horas extras da base de cálculo da
contribuição previdenciária, uma vez que o STJ tem entendimento
de que tal verba possui natureza remuneratória, razão pela qual se
sujeita à incidência de tal encargo. REsp 1358281/SP, julgado sob
o rito do art. 543-C do CPC.
3. Agravo a que se dá parcial provimento.
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ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos do processo tombado sob o
número em epígrafe, em que são partes as acima identificadas, acordam
os Desembargadores Federais da Quarta Turma do Tribunal Regional
Federal da 5ª Região, em sessão realizada nesta data, na conformidade
dos votos e das notas taquigráficas que integram o presente, por unani-
midade, dar parcial provimento ao agravo de instrumento, nos termos
do voto do Relator.
RELATÓRIO
O Exmo. Sr. Desembargador Federal Edilson Pereira Nobre Júnior
(Relator):
É o relatório.
VOTO
O Exmo. Sr. Desembargador Federal Edilson Pereira Nobre Júnior
(Relator):
162 S����������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA
Ao desatar a controvérsia, assim se manifestou o ilustre Desembar-
gador Federal convocado Ivan Lira de Carvalho (fls. 677/681):
“1. A Fazenda Nacional interpõe o presente agravo de instrumento con-
tra decisão que, em sede de execução fiscal, deferiu, em parte, a exceção
de pré-executividade, apenas para reconhecer que não incide contribui-
ção previdenciária sobre o terço de férias e sobre as horas extras, consi-
derando que tais verbas não se incorporam ao salário.
2. A agravante defende a reforma da decisão, afirmando que tais verbas
têm natureza remuneratória, impondo-se a incidência da contribuição
previdenciária, a teor do art. 22, I, da Lei nº 8.212/1991.
3. Para a admissão do agravo em sua forma de instrumento, o CPC exige
que se cuide de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de di-
fícil reparação, ou que se trate dos casos de inadmissão da apelação ou
dos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida. Nessas situações,
o relator, dentre outras providências, poderá atribuir efeito suspensivo
ao recurso, ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente,
a pretensão recursal, caso também se mostre presente o requisito da rele-
vância da fundamentação. Do contrário, a regra é a apreciação do agravo
em sua forma retida.
4. No caso, em se tratando de execução fiscal, a conversão do recurso
em agravo retido não se mostra adequada, considerando-se a inexistên-
cia de momento posterior para manifestação sobre a questão.
5. A alegação da Fazenda Nacional referente à natureza remuneratória
da contribuição previdenciária incidente sobre o terço constitucional de
férias não se reveste de relevância jurídica, considerando-se que, quanto
à questão, a pretensão recursal encontra-se em colisão com o entendi-
mento da egrégia Quarta Turma deste Tribunal sobre a questão, segundo
se depreende do seguinte aresto:
TRIBUTÁRIO – PROCESSUAL CIVIL – LEGITIMIDADE ATIVA DA AS-
SOCIAÇÃO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE VALORES
PAGOS A TÍTULO DE AUXÍLIO-DOENÇA/ACIDENTE AO EMPRE-
GADO NOS PRIMEIROS 15 (QUINZE) DIAS DE AFASTAMENTO
DO TRABALHO – ADICIONAL DE 1/3 DE FÉRIAS – AVISO-PRÉVIO
INDENIZADO – NÃO INCIDÊNCIA – INCIDÊNCIA SOBRE HORAS
EXTRAS – CUSTAS PROCESSUAIS – FAZENDA PÚBLICA – ISENÇÃO
I – O Superior Tribunal de Justiça já se posicionou no sentido de que
não há necessidade de autorização expressa ou relação nominal dos
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associados para que a associação ou sindicato atue em seus nomes,
seja para propor ações ordinárias ou coletivas, porquanto está-se
diante da chamada substituição processual. Precedente: STJ, EDcl-
-AgRg-Ag 1191457/GO, Relª Min. Laurita Vaz, DJe 24.05.2010.
II – Não é devida a contribuição previdenciária sobre os valores pa-
gos a título de auxílio-doença/acidente ao empregado, durante os pri-
meiros dias de afastamento. (STJ, REsp 1126369/DF, Relª Min. Eliana
Calmon, 2ª T., DJe 10.03.2010)
III – O Supremo Tribunal Federal já pacificou a matéria no sentido de
que não incide contribuição social sobre o terço de férias por não se
tratar de verba incorporável ao salário. Precedente: STF, Eros Grau;
DJ: 27.02.2009 e AgR-RE 545317/DF; Rel. Min. Gilmar Mendes;
DJ 14.03.2008; STJ, 1ª T., AGA 201001858379, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, DJe 11.02.2011.
IV – O aviso-prévio indenizado não têm natureza remuneratória, pos-
to que não incorpora para fins de aposentadoria, tendo caráter emi-
nentemente indenizatório, visto que é pago para amenizar o impacto
das consequências inovadoras da situação imposta ao empregado
que foi dispensado pelo empregador, não devendo o mesmo, portan-
to, integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária.
V – As horas extras têm natureza remuneratória, sendo uma contra-
prestação pelo serviço prestado, não constando, ainda, no rol das
verbas a serem excluídas do salário de contribuição do empregado,
conforme art. 28, § 9º, alínea d, da Lei nº 8.212/1990.
VI – O Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral (CPC,
art. 543-C, § 3º) decidiu pela inconstitucionalidade da segunda parte
do art. 4º da LC 118/2005, prevalecendo o voto da Min. Ellen Gracie,
que considerou, contudo, aplicável o novo prazo de cinco anos as
ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a
partir de 09.06.2005, conforme se verifica no Informativo nº 634/STF.
VII – No caso, tendo a ação sido ajuizada junho/2012, encontram-
-se prescritas as parcelas anteriores ao quinquênio que antecedeu ao
ajuizamento do feito, recolhidas indevidamente pela parte autora, a
título de terço de férias, aviso-prévio indenizado e respectiva parcela
de 13º proporcional, sobre os valores pagos aos seus empregados, nos
quinze primeiros dias de afastamento por doença ou acidente e sobre
o auxílio-alimentação, quando pago in natura.
164 S����������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA
VIII – A compensação requerida nos presentes autos deve ser feita nos
termos do art. 26 da Lei nº 11.457/2007.
IX – A Medida Provisória nº 449, de 2008, convertida na Lei
nº 11.941, de 27 de maio de 2009, que entrou em vigor na data de
sua publicação, revogou o art. 89, § 3º, da Lei nº 8.212/1991, não se
aplicando mais a limitação de 30% na compensação da contribuição
previdenciária.
X – No âmbito da própria Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional,
foi editado o Parecer PGFN/CAT nº 1.929/2009, o qual consagra que
‘a nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494, de 1997, promovida pelo
art. 5º da Lei nº 11.960, de 2009, não modificou a aplicação da Taxa
Selic para as repetições de indébito tributário’.
XI – O art. 4º da Lei nº 9289/1996 isenta a União, os Estados, os Mu-
nicípios, os Territórios Federais, o Distrito Federal e suas autarquias e
fundações do pagamento das custas processuais, de modo que deve
ser afastada a condenação em tal verba fixada na sentença.
XII – Apelação e remessa oficial parcialmente providas, para reco-
nhecer a existência de relação jurídico-tributária que fundamente a
incidência da contribuição previdenciária sobre as horas extras, bem
como para afastar a condenação em custas processuais. (TRF 5ª R.,
4ª T., Ap-Reex 25366/RN, Rel. Des. Fed. Conv. Ivan Lira de Carvalho,
J. 11.12.2012)
6. No que diz respeito à exclusão das horas extras da base de cálculo da
contribuição previdenciária, a Quarta Turma desta Corte tem entendi-
mento no sentido de que essas têm natureza remuneratória, sendo uma
contraprestação pelo serviço prestado, além de que as mesmas não cons-
tam do rol das verbas a serem excluídas do salário de contribuição do
empregado, conforme art. 28, § 9º, alínea d, da Lei nº 8.212/1990.
TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – NÃO INCI-
DÊNCIA SOBRE VALORES PAGOS A TÍTULO DE FÉRIAS INDENI-
ZADAS, ADICIONAL DE UM TERÇO DE FÉRIAS E AVISO-PRÉVIO
INDENIZADO – INCIDÊNCIA SOBRE HORAS EXTRAS
I – Remessa oficial e apelação de sentença que, confirmando liminar
deferida, concedeu parcialmente a segurança, para determinar à ex-
clusão definitiva das verbas pagas a seus empregados e prestadores de
serviços da contribuição previdenciária incidente sobre o terço cons-
titucional de férias, as férias indenizadas e o aviso-prévio indenizado.
Mantida a incidência sobre o adicional de hora extra.
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – JURISPRUDÊNCIA – ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA............................................................... 165
II – É pacífica a jurisprudência dos Tribunais acerca da não incidência
de contribuição previdenciária sobre verbas de caráter indenizatório
ou que não se incorporem à remuneração do Trabalhador.
III – O STJ decidiu, nos autos do REsp 1.230.957/RS, em sede de re-
curso repetitivo, nos termos do art. 543-C do CPC, que: ‘No o que se
refere ao adicional de férias relativo às férias indenizadas, a não inci-
dência de contribuição previdenciária decorre de expressa previsão
legal (art. 28, § 9º, d, da Lei nº 8.212/1991 – redação dada pela Lei
nº 9.528/1997). Em relação ao adicional de férias concernente às fé-
rias gozadas, tal importância possui natureza indenizatória/compen-
satória, e não constitui ganho habitual do empregado, razão pela qual
sobre ela não é possível a incidência de contribuição previdenciária
(a cargo da empresa)’.
IV – O Supremo Tribunal Federal já pacificou a matéria no sentido
de que não incide contribuição social sobre o terço de férias por
não se tratar de verba incorporável ao salário. Precedentes: STF, Eros
Grau, DJ 27.02.2009 e AgR-RE 545317/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes,
DJ 14.03.2008. No mesmo sentido: STJ, 1ª T., AGA 201001858379,
Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 11.02.2011.
V – As férias não têm natureza de interrupção do contrato de trabalho,
assim seu pagamento tem evidente natureza salarial, sendo, portanto,
cabível a incidência de contribuição previdenciária, computado, para to-
dos os efeitos legais, para fins de aposentadoria. Entretanto, as férias não
gozadas e pagas em dobro não estão sujeitas à incidência de contribui-
ção previdenciárias, posto que se constituem em verdadeira indenização
pela falta do empregador quanto ao prazo de concessão das férias.
VI – Afastada a natureza remuneratória do aviso prévio indenizado,
para efeito de incidência da contribuição previdenciária.
Precedente desta Quarta Turma: Ap-Reex/PB, Processo
nº 08001777020124058200, Data do Julgamento: 29.04.2014, Rel.
Des. Fed. Rogério Fialho Moreira.
VII – As horas extras possuem natureza remuneratória, sendo uma
contraprestação pelo serviço prestado, não constando, ainda, no rol
das verbas a serem excluídas do salário de contribuição do emprega-
do, conforme art. 28, § 9º, alínea d, da Lei nº 8.212/1990 (grifo nosso).
VIII – O Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral
(CPC, art. 543-C, § 3º) decidiu pela inconstitucionalidade da segunda
parte do art. 4º da LC 118/2005, prevalecendo o voto da Min. Ellen
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Gracie, que considerou, contudo, aplicável o novo prazo de cinco
anos às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias,
ou seja, a partir de 09.06.2005, conforme se verifica no Informativo
nº 634/STF.
IX – No que concerne ao direito de compensação dos valores inde-
vidamente recolhidos, o art. 170 do Código Tributário Nacional e o
art. 66 da Lei nº 8.383/1991 não deixam dúvidas quanto à possibili-
dade de sua efetivação.
X – A Lei Complementar nº 104 introduziu no CTN o art. 170-A, que
veda ‘a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto
de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em jul-
gado da respectiva decisão judicial’.
XI – A Medida Provisória nº 449, de 2008, convertida na Lei
nº 11.941, de 27 de maio de 2009, que entrou em vigor na data de
sua publicação, revogou o art. 89, § 3º, da Lei nº 8.212/1991, não se
aplicando mais a limitação de 30% na compensação da contribuição
previdenciária.
XII – Remessa oficial e apelação improvidas. (TRF 5ª R., 4ª T.,
Ap-Reex 0801526312014405830, Rel. Des. Fed. Conv. Ivan Lira de
Carvalho, J. 09.09.2014)
7. Posto isso, defiro, em parte, a liminar, para suspender os efeitos da de-
cisão agravada, apenas no que se refere a não incidência da contribuição
previdenciária sobre as horas extras.
8. Dessa decisão, dê-se ciência ao Juízo de 1º grau.
7. Intime-se a parte agravada para contrarrazões.”
1645 – Atleta profissional – lesão no joelho esquerdo – déficit funcional parcial e liame
ocupacional – auxílio-acidente – pagamento devido
“Acidentária. Atleta profissional. Lesão no joelho esquerdo. Déficit funcional parcial e liame
ocupacional reconhecidos tecnicamente. Auxílio-acidente devido. ‘Incontroversos o nexo
causal laboral e a lesão no joelho esquerdo, bem como reconhecido pela perícia médica o
prejuízo funcional decorrente das sequelas dela advindas, de rigor a concessão do auxílio-
-acidente com início a partir da juntada do laudo pericial, observadas a Lei da época e a
prescrição quinquenal. Os valores em atraso serão apurados na forma da Lei nº 8.213/1991
com atua lização pelo IGP-DI e acrescidos de juros de mora (estes à base mensal Lei
nº 11.960/2009), adequando-se, no que couber, a modulação que advier do Supremo Tri-
bunal Federal por força do julgamento da ADI 4.357. A renda mensal a ser implantada será
reajustada pelos índices de manutenção’.” (TJSP – Ap 0054260-48.2012.8.26.0053 – São
Paulo – 16ª CDPúb. – Rel. Luiz de Lorenzi – DJe 23.03.2015 – p. 1834)
1665 – Funrural – contribuição social – empregador rural pessoa física – art. 1º da Lei
nº 8.540/1992 – inconstitucional (STF) – exigibilidade suspensa – repristinação
“Processual civil. Tributário. Mandado de segurança. Contribuição Social (Funrural). Empregador
rural pessoa física. Art. 1º da Lei nº 8.540/1992. Inconstitucional (STF). Lei nº 10.256/2001 (c/c EC
20/1998). Não ‘constitucionalização’. Exigibilidade suspensa. Repristinação. Não ocorrência. Ação
ajuizada após a vigência da LC 118/2005 (09.06.2005). Prescrição quinquenal (STF, RE 566621/RS).
Compensação. 1. Tendo sido ajuizada a ação após a vigência da LC 118/2005 (09.06.2005), o pra-
zo prescricional do direito de pleitear repetição de indébito dos tributos lançados por homologação
aplicável é de cinco anos (STJ, RE 566.621/RS). 2. O adquirente, o consignatário e a cooperati-
va (responsáveis tributários, por substituição, pelo recolhimento da contribuição para o Funrural)
detêm legitimidade apenas para discutir a legalidade ou constitucionalidade da exigência, mas
não para pleitear em nome próprio a restituição ou compensação do tributo, a não ser que aten-
didos os ditames do art. 166 do CTN, quais sejam: comprovar que assumiu o encargo financeiro
do tributo ou que, transferindo-o a terceiro, possua autorização expressa para tanto (Neste senti-
do: EDcl-AgRg-REsp 1.418.303/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª T. do STJ, DJe de 18.06.2014;
AgRg-AgRg-REsp 537.623/RS, Rel. Min. Humberto Martins, 2ª T. do STJ, DJe de 02.06.2008; REsp
489.156/SC, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª T. do STJ, DJ de 29.09.2003, p. 155). 3. O produtor rural, in-
dependentemente da condição que ostente (produtor rural pessoa física, empregador rural pessoa
física ou segurado especial), detém legitimidade também para reclamar a repetição da contribui-
ção ao Funrural (AC 0005609-87.2010.4.01.3802/MG, Rel. Juiz Federal Alexandre Buck Medrado
Sampaio (Conv.), 8ª T. do TRF 1ª R., e-DJF1 de 30.05.2014, p. 845). 4. Quanto à comprovação do
recolhimento do tributo, é assente na jurisprudência desta Corte que ‘para mera discussão judicial
sobre possível repetição de tributos dispensa-se prova dos recolhimentos, que se fará, se o caso,
quando das eventuais compensação (na esfera administrativa, sob o crivo da Administração) ou res-
tituição (na liquidação da sentença)’ (AC 2002.34.00.000166-5/DF, Rel. Juiz Federal Rafael Paulo
Soares Pinto (Conv.), 7ª T. do TRF 1ª R., e-DJF1 de 11.04.2008, p. 291). 5. O importante é que haja
comprovação de estar o contribuinte na situação jurídica que lhe garanta o direito (AC 0036191-
35.2012.4.01.3500/GO, Rel. Juiz Federal Alexandre Buck Medrado Sampaio (Conv.), 8ª T. do TRF
1ª R., e-DJF1 de 23.05.2014, p. 836) como no caso. 6. O Supremo Tribunal Federal declarou
inconstitucional, sem modulação temporal dos efeitos, o art. 1º da Lei nº 8.540/1992, em sede de
recurso repetitivo, nos moldes do art. 543-B do CPC (RE 596.177, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
Pleno do STF, DJe de 29.08.2011). 7. A autorização para instituição, por lei ordinária, da contribui-
ção social sobre a comercialização da produção rural do produtor rural pessoa física somente surgiu
com a Emenda Constitucional nº 20/1998, que ampliou as fontes de financiamento da seguridade
social, prevendo, como tal, a receita ou o faturamento (art. 195, I, b, CF/1988). 8. A Sétima Turma
do TRF1 entende que a Lei nº 10.256/2001 (c/c EC 20/1998) não ‘constitucionalizou’ a contribuição
anteriormente prevista em lei. 9. Tendo sido reconhecida a inconstitucionalidade da contribuição
prevista nos arts. 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/1991, com as
redações decorrentes das Leis nº 8.540/1992 e 9.528/1997, não há que se falar em inaplicabilidade
da decisão proferida RE 363.852, porquanto, ainda que em controle difuso, é legítima a suspensão
198 S�������������������������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – EMENTÁRIO DE JURISPRUDÊNCIA
da sua exigência (AGA 0002044-41.2011.4.01.0000-MA, Rel. Des. Fed. Souza Prudente, 8ª T. do
TRF 1ª R., e-DJF1 de 15.07.2011, p. 354). 10. A inconstitucionalidade da contribuição social ao
Funrural, prevista nos arts. 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/1991,
com as redações decorrentes das Leis nºs 8.540/1992 e 9.528/1997, declarada pelo Supremo Tri-
bunal Federal (RE 363.852) não está fundamentada somente na necessidade de lei complementar
para a criação de nova exação, o que seria um vício formal, mas também na ofensa aos princípios
da isonomia e da vedação à bitributação, o que demonstra a ocorrência, além disso, de vício ma-
terial na Lei nº 10.256/2001. 11. Não há que se falar em repristinação da exigibilidade da contri-
buição previdenciária ao Funrural dos empregadores rurais pessoas físicas, em relação ao período
em que a contribuição foi considerada Inconstitucional, porquanto a determinação que previa a
incidência da contribuição previdenciária sobre a ‘folha de salários’, com base na receita bruta da
comercialização (redação original da Lei nº 8.212/1991), restou nulificada. 12. A compensação será
realizada de acordo com a lei vigente na época de sua efetivação (limites percentuais, os tributos
compensáveis, etc.), vedada antes do trânsito em julgado (art. 170-A do CTN). Nesse sentido: REsp
1.164.452/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, 1ª S. do STJ, DJe de 02.09.2010). 13. Inexiste qual-
quer limitação à compensação (art. 89 da Lei nº 8.212/1991), conforme entendimento consolidado
nesta Corte (AR 0025945-09.2009.4.01.0000/MG, Rel. Des. Fed. Luciano Tolentino Amaral, 4ª S.,
e-DJF1 de 10.05.2010, p. 24). 14. Apelação da União Federal/Fazenda Nacional e remessa oficial
parcialmente providas para que seja observada a prescrição quinquenal na eventual compensação
dos valores indevidamente recolhidos.” (TRF 1ª R. – Ap-RN 2010.36.00.001942-7/MT – Rel. Juiz
Fed. Conv. Evaldo de Oliveira Fernandes Filho – DJe 24.10.2014)
1667 – Pensão por morte – incapaz – habilitação posterior – pagamento das parcelas em
atraso – possibilidade
“Processual civil e previdenciário. Agravo regimental no recurso especial. Pensão por morte.
Incapaz. Habilitação posterior. Pagamento das parcelas em atraso, desde a data do óbito.
Possibilidade. 1. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que não corre a prescrição
contra incapazes, o que resulta na conclusão de que são devidas as parcelas no período com-
preendido entre o óbito do segurado e a data do pedido administrativo. 2. Agravo Regimental
não provido.” (STJ – AgRg-REsp 1.357.778 – (2012/0260479-7) – 2ª T. – Rel. Min. Herman
Benjamin – DJe 31.03.2015 – p. 2027)
1671 – Servidor público – diferenças remuneratórias – horas extras não comprovadas – fé-
rias – cálculo de acordo com a CLT – inaplicabilidade
“Apelações cíveis. Ação de cobrança. Servidor público. Diferenças remuneratórias. Horas
extras. Não comprovadas. Férias. Cálculo de acordo com a CLT. Inaplicabilidade. Devido o
recolhimento de contribuições previdenciárias. Honorários de sucumbência. Devido. Sen-
tença mantida. Recursos aos quais se nega provimento. O servidor público que intentar a co-
brança de diferença remuneratória decorrente de horas extras efetuadas e não pagas não está
desincumbido do dever de provar suas alegações (art. 333, II, CPC). O cálculo das férias do
agente público não observa as regras da CLT, pois a relação jurídica existente é administrativa,
portanto, regida por estatuto próprio. As contribuições previdenciárias são direitos de todo e
qualquer trabalhador, inclusive o estatutário, e devem ser recolhidas pelo empregador, ainda
que em atraso. Havendo sucumbência, lícita é a condenação em honorários advocatícios ao
advogado da parte adversa.” (TJMS – Ap 0004391-88.2010.8.12.0017 – C.Cív. – Rel. Des.
Luiz Tadeu Barbosa Silva – DJe 04.03.2015)
Destaque Editorial SÍNTESE
Selecionamos os julgados abaixo no mesmo sentido:
APELAÇÃO – REEXAME NECESSÁRIO – DIREITO ADMINISTRATIVO – SERVIDORES
PÚBLICOS – PROFESSORES MUNICIPAIS – ESTATUTO PRÓPRIO NÃO REVOGADO
PELO ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS EM GERAL DO MUNICÍPIO – APLICA-
ÇÃO SUBSIDIÁRIA DA CLT – OFENSA AO REGIME JURÍDICO ÚNICO – IMPOSSIBILI-
DADE DE PAGAMENTO DAS FÉRIAS NÃO GOZADAS EM DOBRO – TERÇO CONSTI-
TUCIONAL – INCIDE SOBRE TODOS OS PERÍODOS DE FÉRIAS – JURISPRUDÊNCIA
DO STF – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO – 1. O Município de Fortaleza elegeu
o estatutário como regime a reger suas relações com seus servidores, mediante a Lei
municipal denominada Estatuto dos Servidores Públicos, e especialmente quanto aos
profissionais da educação, o Estatuto do Magistério, Lei nº 5.895/1984. O Estatuto do
Magistério é norma especial não revogável por norma geral (Estatuto dos Servidores do
Município). 2. A aplicação subsidiária das normas trabalhistas afronta a necessidade
de o ente político optar por apenas um regime jurídico a reger as suas relações com
seus servidores, podendo denotar inclusive um regime jurídico híbrido. Considerando a
ausência de previsão expressa, na Lei reguladora do regime dos professores, do direito à
percepção em dobro das férias não gozadas, reconheço tão somente a obrigação do Mu-
nicípio ao pagamento das férias simples, por ser direito do servidor público amparado no
art. 7º, XVII c/c art. 39, § 3º da CF/1988 e no princípio geral que veda o enriquecimento
sem causa. 3. O Supremo Tribunal Federal, ao analisar o dispositivo da Lei Orgânica da
Magistratura Nacional que prevê férias de sessenta dias para os juízes e a incidência do
terço constitucional, assentou entendimento no sentido de que o art. 7º, XVII garante o
direito do abono em todos os períodos de férias previstos em lei, ou seja, os 60 dias. Há
igual jurisprudência na Suprema Corte para os membros do Ministério Público e mem-
bros dos Tribunais de Contas. Aplica-se o mesmo entendimento aos professores da rede
municipal de ensino cuja legislação prevê dois períodos de férias anuais. 4. Apelação
conhecida e parcialmente provida.” (TJCE – Ap-RN 0037220-12.2008.8.06.0001 –
Rel. Francisco Gladyson Pontes – DJe 11.12.2014) (Disponível em online.sintese.com,
sob o nº 141000102016. Acesso em: 05.03.2015)
APELAÇÃO – ADMINISTRATIVO – CONSTITUCIONAL – SERVIDOR PÚBLICO ESTA-
DUAL – CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA – SUCESSIVAS PRORROGAÇÕES – VÍNCULO
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – PARTE GERAL – EMENTÁRIO DE JURISPRUDÊNCIA.............................................................................. 205
JURÍDICO-ADMINISTRATIVO – CARACTERIZAÇÃO – VERBAS RESCISÓRIAS – APLI-
CAÇÃO DA CLT – IMPOSSIBILIDADE – FICHAS FINANCEIRAS – Férias, décimo tercei-
ro, insalubridade, vantagem abrangente e reflexos. Demonstração de pagamento. Fato
extintivo. Gratificação por trabalho extrajornada e noturno. Descabimento. Ausência de
provas. 1. É pacífico o entendimento, tanto no Supremo Tribunal Federal quanto no Su-
perior Tribunal de Justiça, de que a relação jurídica estabelecida entre o poder público e
seus servidores contratados por prazo determinado em face de necessidade temporária
de excepcional interesse público possui natureza jurídico-administrativa, o que não se
modifica com a ocorrência de sucessivas prorrogações do prazo de vigência do contrato
temporário originalmente estabelecido entre as partes. 2. Não há falar, em razão desse
vínculo firmado entre as partes, em pagamento de verbas trabalhistas previstas na Con-
solidação das Leis do Trabalho. 3. É assegurado o direito de recebimento de horas extras
aos servidores públicos quando trabalharem em regime de plantão e escalas, desde que
não haja a compensação de horas pela retribuição pecuniária ou folga compensatória.
4. Para o reconhecimento do direito ao recebimento de horas extras é imperioso que o
autor demonstre a efetiva prestação do serviço extrajornada, pois, caso contrário, não
será devido o pagamento. 5. Havendo demonstração, por meio de fichas financeiras,
de pagamento das verbas rescisórias que o servidor faz jus em razão da extinção do
contrato temporário (férias, décimo terceiro e reflexos), bem como daquelas que pleiteia
na inicial (gratificação de insalubridade e vantagem abrangente), tem-se fato extintivo
do direito do autor. 6. Recurso desprovido.” (TJRO – Ap 0009011-76.2010.8.22.0014
– 2ª C.Esp. – Rel. Des. Gilberto Barbosa – DJe 28.08.2013) (Disponível em online.
sintese.com, sob o nº 156000067695. Acesso em: 05.03.2015)
RESUMO: Este artigo analisa a possibilidade de se requerer, no âmbito da ação regressiva aci-
dentária, a obrigação de fazer relativa à reabilitação profissional e/ou o regresso dos valores
expendidos com esse serviço previdenciário. O tema é tratado sob a ótica da teoria objetiva do
Estado.
Introdução
1 Conceito
A reabilitação profissional constitui serviço da Previdência Social
cujo objetivo é oferecer aos segurados incapacitados para o trabalho os
meios de reeducação ou readaptação profissional para o seu retorno ao
mercado de trabalho.
O atendimento é feito por equipe de médicos, assistentes sociais,
psicólogos, sociólogos, fisioterapeutas e outros profissionais.
Concluído o processo de reabilitação profissional, a Previdência
Social emitirá certificado indicando a atividade para a qual o trabalha-
dor foi capacitado profissionalmente.
Viana, ao discorrer sobre o tema, ensina:
Esses serviços são devidos em caráter obrigatório aos segurados, inclusive
aposentados e, na medida das possibilidades do INSS, que é o órgão da
previdência social responsável por sua prestação, aos seus dependentes.
O processo de habilitação e de reabilitação profissional do beneficiário
será desenvolvido por meio das funções básicas de:
I – avaliação do pontencial laborativo;
II – orientação e acompanhamento da programação profissional;
III – articulação com a comunidade, inclusive mediante a celebração de
convênio para reabilitação física restrita a segurados que cumpriram os
pressupostos de elegibilidade ao programa de reabilitação profissional,
com vistas ao reingresso no mercado de trabalho; e
IV – acompanhamento e pesquisa da fixação no mercado de trabalho.
A execução dessas funções dar-se-á, preferencialmente, mediante o
trabalho de equipe multifuncional especializada em medicina, serviço
social, psicologia, sociologia, fisioterapia, terapia ocupacional e outras
afins ao processo, sempre que possível na localidade do domicílio do be-
neficiário, ressalvadas as situações excepcionais em que este terá direito
à reabilitação profissional fora dela.
212 S������������������������������������������������������������������� RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – SEÇÃO ESPECIAL – COM A PALAVRA, O PROCURADOR
A programação profissional será desenvolvida mediante cursos e/ou trei-
namentos, na comunidade, por meio de contratos, acordos e convênios
com instituições e empresas públicas ou privadas. O treinamento do rea-
bilitado, quando realizado em empresa, não estabelece qualquer vínculo
empregatício ou funcional entre o reabilitando e a empresa, bem como
entre estes e o INSS. Concluído o processo, não cabe ao INSS manter
o segurado no mesmo emprego ou sua colocação em outro, mas ape-
nas realizar articulação com a comunidade, com vistas ao levantamento
da oferta do mercado de trabalho, ao direcionamento da programação
profissional e à possibilidade de reingresso do reabilitando no mercado
formal.
Quando indispensáveis ao desenvolvimento do processo de reabilitação
profissional, o INSS fornecerá aos segurados, inclusive aposentados, em
caráter obrigatório, prótese e órtese, seu reparo ou substituição, instru-
mentos de auxílio para locomoção, bem como equipamentos necessários
à habilitação e à reabilitação profissional, transporte urbano e alimenta-
ção e, na medida das possibilidades do Instituto, aos seus dependentes.
Concluído o processo de habilitação ou reabilitação social e profissional,
será emitido certificado individual, indicando as atividades que poderão
ser exercidas pelo beneficiário, nada impedindo que este exerça outra
atividade para o qual se capacitar. (Viana, Curso de direito previdenciá-
rio. 3. ed., 2010, p. 558/559)
2 Tratamento legal
Conclusão
Referências
IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. Rio de Janeiro:
Impetus, 2003.
JORGE, Társis Nametala Sarlo. Teoria geral do direito previdenciário e ques-
tões controvertidas do regime geral (INSS), do regime dos servidores públicos e
dos crimes previdenciários. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
VIANA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. São Paulo:
Atlas, 2010.
Seção Especial – Em Poucas Palavras
Utilização de EPI Quando do Ruído
Wladimir Novaes Martinez
Advogado Especialista em Direito Previdenciário.
Conceito mínimo
Decisão do STF
Consequências patronais
Mesmo fornecendo o EPI em consonância com todos os ditames
da NR 15 da Lei nº 6.514/1977, deferida a aposentadoria especial ho-
mologadora do fato gerador, requerida e deferida para um segurado,
dentro de um lustro decadencial, a empresa se sujeitará à contribuição
de 6% do salário-de-contribuição do trabalhador no período de trabalho
da exposição constante do PPP ou do LTCAT, por determinação da Lei
nº 9.732/1998.
A política de emissão do PPP não deve ser modificada sempre
que refletir a realidade laboral. Os que foram emitidos não carecem ser
substituídos.
Não subsiste disposição legal que descaracterize o tempo especial
diante do uso do EPI, embora o tema tenha sido tratado na Súmula TNU
nº 09, que pontuou: “O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI)
RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – SEÇÃO ESPECIAL – EM POUCAS PALAVRAS.......................................................................................... 219
ainda que elimine a insalubridade, no caso da exposição a ruído não
descaracteriza o tempo de serviço especial prestado”.
Certificado de Avaliação
Dever do INSS
Contestação empresarial
ruído, pois cabe discussão judicial possível para elas, já que este proces-
so envolve o INSS e o segurado e não o empregador.
O entendimento do STF é bastante para empresas se acautelarem
quanto ao eventual dever da contribuição. Se for a hipótese, cumpri-la
no tocante a esse aspecto.
O próprio INSS (aperfeiçoador do fato gerador fiscal quando defe-
re a prestação) também aguarda tal solução para conceder o benefício,
e, nesse sentido, o MPS deverá regulamentar as concessões.
Se as empresas tomarem conhecimento da concessão, a presun-
ção é de que ocorreu o aludido fato gerador (lembrando-se da decadên-
cia de cinco anos em relação ao ônus fiscal).
Transitada em julgado, cabe debate do mérito, mediante os instru-
mentos constitucionais e processuais previstos no Regimento Interno do
STF, por contribuintes legitimamente ativos para isso.
O efeito é ex tunc, valendo para o passado, aplicando-se o tempus
regit actum interpretativo. Julga-se que, em cada caso em que configu-
radas as hipóteses, as empresas deveriam contabilizar uma provisão dos
valores.
Clipping Jurídico
Tribunal nega pagamento de danos materiais à beneficiária do INSS por
contratação de advogado
INSS – JANEIRO/2015
Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso, para
pagamento de remuneração a partir de 1º de janeiro de 2015.
Salário-de-contribuição (R$) Alíquota para fins de recolhimento ao INSS (%)
Até 1.399,12 8,00%
De 1.399,13 até 2.331,88 9,00%
De 2.331,89 até 4.663,75 11,00%
ARTIGO DOUTRINÁRIO
• O Fator Psicológico como Forma de Obtenção de Aposenta-
doria Especial
Tiago Valero Brait
Juris SÍNTESE ONLINE e SÍNTESENET,
disponíveis em: online.sintese.com
Índice Alfabético e Remissivo
Índice por Assunto Especial Francis Kessler
• Noções Preliminares sobre o Acordo Interna-
cional de Previdência Social entre o Brasil e a
Doutrina França..................................................................43
Autor
Índice Geral Fernanda de Paula Campolina
• A Ação Regressiva Acidentária e a Reabilitação
Doutrinas Profissional: Obrigação de Fazer ou Ressarci-
mento?................................................................210
Assunto
Em Poucas Palavras
Pensão
• Limite para o Acúmulo de Pensões por Morte
Assunto
na Previdência do Servidor (Bruno Sá Freire
Martins)................................................................35 EPI
Previdência Social • Utilização de EPI Quando do Ruído (Wladimir
Novaes Martinez)...............................................217
• Limbo Jurídico Trabalhista Previdenciário (Cássia
Bertassone da Silva)..............................................59
Autor
• Noções Preliminares sobre o Acordo Internacio-
nal de Previdência Social entre o Brasil e a França Wladimir Novaes Martinez
(Juliano Sarmento Barra e Francis Kessler).............43
• Utilização de EPI Quando do Ruído ..................217
Salário-maternidade
• Da Licença e Salário-Maternidade à Licença- ACÓRDÃOS NA ÍNTEGRA
-Natalidade-Infância e Salário-Maternidade Pa-
rental – Releitura dos Direitos Previdenciários à Assunto
Luz do Novo Conceito de Família (Ivani Contini
Bramante).............................................................74 Agravo
• Direito tributário – Agravo regimental no agra-
vo em recurso especial – Contribuição desti-
Autor
nada ao custeio do Seguro Acidente do Traba-
Bruno Sá Freire Martins lho (SAT) – Aplicação do Fator Acidentário de
Prevenção (FAP) – Princípio da legalidade –
• Limite para o Acúmulo de Pensões por Morte Acórdão recorrido com fundamento exclusiva-
na Previdência do Servidor...................................35 mente constitucional – Art. 97 do CTN – Prin-
cípio da legalidade – Matéria insuscetível de
Cássia Bertassone da Silva exame em recurso especial – Agravo desprovido
• Limbo Jurídico Trabalhista Previdenciário ...........59 (STJ)..........................................................1627, 109
230S�������������������������������������������������������������������������������������������������������RSP Nº 66 – Maio-Jun/2015 – ÍNDICE ALFABÉTICO E REMISSIVO
Aposentadoria EMENTÁRIO
• Previdenciário e processual civil – Aposentado-
ria – Contribuinte individual – Classes – Inters- Assunto
tício – Aposentadoria ocorrida na vigência da
Ação regressiva
Lei nº 10.666/2003 – Cálculo da RMI – Aplica-
ção da legislação do momento da aquisição do • Ação regressiva – pagamento de benefício de-
direito à aposentadoria (STJ).....................1626, 102 corrente de acidente de trabalho – normas de
segurança – negligência do empregador – res-
Benefício previdenciário sarcimento devido....................................1633, 170
• Apelação cível – Contrato de empréstimo – Be- Aposentadoria
nefício previdenciário – Desconto indevido –
INSS – Ausência de responsabilidade (TRF 2ª R.) • Aposentadoria – servidor municipal – tempo
.................................................................1629, 129 de contribuição – registro – legalidade.....1634, 170