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CALENDÁRIO 2019
A promoção e proteção dos direitos humanos de
afrodescendentes tem sido uma prioridade para as
Nações Unidas.
A Declaração de Durban e Programa de Ação
reconhecem que afrodescendentes foram vítimas de
escravidão, do tráfico de escravos e do colonialismo, e
continuam sendo vítimas das consequências.
O processo de Durban deu visibilidade às pessoas
afrodescendentes e contribuiu para um avanço
Existem aproximadamente 200 milhões de pessoas substancial na promoção e proteção de seus direitos,
vivendo nas Américas que se identificam como como resultado de ações concretas tomadas pelos
afrodescendentes. Muitos mais vivem em outros lugares Estados, pela ONU, por outras organizações
do mundo, fora do continente africano. internacionais e regionais e pela sociedade civil.
Seja como descendentes das vítimas do tráfico Ainda assim, apesar de avanços originais, o racismo e a
transatlântico de escravos ou como migrantes mais discriminação racial, sejam diretos ou indiretos, de fato ou
recentemente, estas pessoas constituem alguns dos de direito, continuam a se manifestar em desigualdade e
grupos mais pobres e marginalizados. Estudos e desvantagem.
pesquisas de órgãos nacionais e internacionais A Década Internacional de Afrodescendentes foi
demonstram que pessoas afrodescendentes ainda têm proclamada pela resolução 68/237 (acesse aqui em
acesso limitado a educação de qualidade, serviços de inglês) da Assembleia Geral e será observada entre 2015
saúde, moradia e segurança. e 2024, proporcionando uma estrutura sólida para as
Em muitos casos, a situação permanece praticamente Nações Unidas, os Estados-membros, a sociedade civil e
invisível, e pouco reconhecimento e respeito são dados todos os outros atores relevantes para tomar medidas
aos esforços das pessoas de ascendência africana para eficazes para a implementação do programa de
buscar compensação por sua condição atual. Todos eles atividades no espírito de reconhecimento, justiça e
são, com frequência, vítimas de discriminação perante a desenvolvimento.
justiça, enfrentam alarmantes índices de violência policial O período também é uma oportunidade única de apoiar
e discriminação racial. o Ano Internacional de Povos Afrodescendentes,
Além disso, seu grau de participação política é baixo, observado pela comunidade internacional em 2011, além
tanto na votação quanto na ocupação de cargos políticos. de destacar a importante contribuição dada pelas e pelos
Adicionalmente, os afrodescendentes podem sofrer de afrodescendentes para nossas sociedades e propor
múltiplas formas de discriminação baseadas em outros medidas concretas para promover a sua plena inclusão, o
critérios relacionados, como idade, sexo, idioma, religião, combate ao racismo, à discriminação racial, à xenofobia e
opinião política ou outra, classe social, incapacidade, à intolerância.
origem ou outros.
Nós, do Afroativos, decidimos fazer um calendário comemorativo com datas
significativas para a cultura afro. Ressignificar, aprender, apreciar e conhecer a
trajetória de nossos antepassados, em nossa cidade - Porto Alegre/ RS é fundamental
para que saibamos construir e fortalecer nossas identidades.
Datas festivas, comemorações, datas que marcaram não só nascimentos,
mas também mortes, leis, congressos, etc.
Os lugares onde fotografamos, são locais de resistência, de luta contra a
escravidão, de ressignificação e de preservação da nossa cultura.
Escolhemos 12 alunos para serem fotografados nesses lugares. Mês a mês,
vocês encontrarão uma relação de datas (pesquisadas por nós), além de conhecerem
um pouco da história do local escolhido, seguido do relato de cada aluno fotografado.
O calendário está inacabado, pois sabemos da grandeza de nosso povo e
dos feitos a serem relembrados, trabalhados e eternizados em nossas memórias.
Aceitamos sugestões para a inclusão de datas e informações, através do email:
afroativos@gmail.com. Contribuam!
O Mercado Público faz parte dos ―caminhos invisíveis O Orixá Bará é reverenciado por toda a comunidade de
dos negros em Porto Alegre‖, e sua importância deve- matriz africana no Estado.
se a preservação e culto ao Orixá Bará Agelu Olodiá
assentado no centro do prédio. O Bará é, dentro do Mãe Norinha de Oxalá
panteão africano, a entidade que abre os bons Fundadora e Presidente da Congregação
caminhos, o guardião das casas e da cidade, e em Defesa das Religiões Afro-Brasileiras – RS
representa o trabalho e a fartura. Os religiosos de xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
matriz africana e frequentadores acreditam na força do
axé do orixá, que garantiu a sobrevivência e a Ao pesquisarmos, encontramos algumas versões
prosperidade do mercado, ao longo de seus 244 anos, referentes ao Bará do Mercado. Alguns, defendem que,
dando fatura aos transeuntes que passam no local e em algum lugar do Mercado Público foi realizado o
fazem os seus pedidos. assentamento; há outros que afirmam a existência do
Os africanistas e simpatizantes, ao fazerem seus assentamento no centro do prédio, porém, o
pedidos de abertura dos caminhos na terra para a incontestável é o SAGRADO presente na energia e
fartura de comida na mesa e de prosperidade na vida espiritualidade africana. O local é um marco religioso
ao Bará, jogam sete moedas, como certos da sua afrocentrado de extrema importância para as religiões
proteção. Com o passar do tempo, somam-se os afro-gaúchas.
testemunhos de pessoas que agradecem pelo pedido
alcançado ao Bará do Mercado Público.
JANEIRO
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―Tirar fotos no Bará do Mercado foi uma experiência ótima! Saber da história
daquele lugar, me fez perceber que não tenho que desistir rápido. Sou uma
menina guerreira e tenho orgulho de ser negra. Amei estar no Mercado Público!
Ficará para sempre no meu coração.‖
Formado por cerca de 70 famílias que vivem nos altos do Morro dos Alpes, no bairro Cascata, região Glória.
São descendentes de Edwirges Francisca Garcia, que para lá teria ido fugida de uma chácara, na região do
bairro Lami, e se estabelecido com seu esposo entre final do século XIX e início do século XX. Atualmente
habitam o local netos, bisnetos e tataranetos da matriarca.
Seus integrantes trabalham nas proximidades em prestação de serviços domésticos, segurança, pedreiro e
eletricista. Criam cabras e praticam extrativismo de brotos de bambu e ervas nativas e desenvolvem no local
atividades de criação de aves e cultivo de pomar e canteiros de ervas medicinais.
Segundo relatos da comunidade, a fundadora Dona Edwirges veio com seu segundo marido Antonio Ramos,
fugida provavelmente de uma chácara após o marido ter quebrado a guampa de um boi. Na época, o acesso
ao arraial da Glória dava-se por poucas vias.
Em meio a este lugar ermo das trilhas do Morro dos Alpes, nascem três dos seus quatro filhos: Carlos
Francisco, Arminda e Paulo. Com o avanço da ocupação do arraial, Dona Edwirges, tentando proteger sua
família, vai subindo paulatinamente até os altos do morro.
Os membros da comunidade - filhos, netos e agregados dos outros dois casamentos de Dona Edwirges -
formaram a comunidade e conviveram com suas memórias, seu conhecimento da natureza (uso das ervas e
chás) até o ano de 1998, quando falece com 108 anos. Atualmente os descendentes de Dona Edwirges
estão na sua maioria habitando os altos do Morro dos Alpes. Alguns moram ao longo da própria Estrada dos
Alpes, ampliando os espaços da comunidade, que sofre o constante assédio da especulação imobiliária.
FEVEREIRO
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Com méritos de nova inclusão, a manifestação visível da ―Pegada Africana‖ afirma a Praça da Alfândega como um dos
lugares de existência do Museu de Percurso do Negro. Na praça, antigo Largo das Quitandeiras, raízes históricas
adquirem nova visibilidade na forma de continente africano, concebida a partir de uma linha formada por sinuosos
movimentos de matriz orgânica. Vinicius Vieira apresenta um desenho
contemporâneo, modelado em aço, que envolve e ressignifica as pedras portuguesas do local, simbolizando a
concretização de políticas públicas que resultaram da luta histórica por reconhecimento das culturas étnicas.
Miriam Chagas
Doutora em Antropologia – UFRGS
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A origem dos negros que aportaram em Porto Alegre está traduzida nesse marco, na Praça da Alfândega. Sintetiza um
pouco do nosso pensamento e pertencimento étnico. Representado pelo mapa africano, pois sintetiza as diversas
nacionalidades de nossos ancestrais. Outro detalhe importante, é a direção da pegada (de encontro ao lago) dando uma
ideia de ―caminhada para a liberdade‖.
―Estar nesse lugar, me fortalece e me
conecta ao continente africano.‖
ABRIL
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DATAS IMPORTANTES
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―Eles começaram a postar nas redes sociais e o pessoal me perguntava onde conseguia as minhas camisas. Então começaram a
me contatar e eu mandei mensagem para minha mãe – porque ela trabalha com roupas e tecidos há 30 anos – e ela começou a
mandar as camisas para mim‖.
Segundo Kadi, a aposta na moda africana foi uma forma de valorizar a cultura afro em Poto Alegre. ―Agora começou o movimento
afro e o empoderamento, e as pessoas começaram a se identificar, a procurar pelas roupas e cabelo crespo. Tudo afro! As pessoas
começaram a consertar, não um erro, mas algo que não faziam antes. Elas estão aceitando a sua realidade‖.
Consone quer dizer harmonizar, consertar e aceitar, e isto simboliza as raízes da cultura africana. ―A Consone leva em consideração
estas três palavras: Harmonizar em relação à moda, consertar a sua origem, e aceitar a sua verdade e realidade‖.
Os tecidos das roupas da Consone são produzidas em países africanos como Nigéria, Togo, Gana e Costa do Marfim. Para Kadi,
isto é uma forma de reaproximar a população negra com as origens. ―É importante valorizar a cultura afro para o pessoal daqui ter o
primeiro contato. É importante esta aproximação, pois podemos trazer a África para eles, para o povo negro daqui se identificar. O
povo sem representatividade é um povo sem futuro.‖
Ao final de 2018, uniu-se a outro empreendimento africano, o salão Tranças África, que abriu uma filial no Centro de Porto Alegre. A
união dos dois espaços foi oportuna para celebrar as conquistas das duas marcas. Essa união com a marca angolana é símbolo de
resistência. O objetivo da união, segundo Elisa Matheus, diretora do salão, é levar o empoderamento negro o mais longe possível.
AGOSTO
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O projeto leva o nome de Maraia's Bonecas de Pano, em homenagem a uma das sobrinhas de Liliane, Maraia, 14
anos, que passou por um episódio de racismo na escola quando era pequena, o que motivou a tia a dar início à confecção. Na
hora de botar a mão na massa, fez uso dos ensinamentos que teve em um curso de corte e costura realizado aos 13 anos, uma
imposição da mãe para que ela "não ficasse na rua sem uma ocupação". Mesmo tanto tempo depois, nunca esqueceu dos dotes
artesanais.
Despretensiosamente, fez a primeira boneca para a menina — a Mulher Maravilha, até hoje a mais pedida —, mas
não demorou para que as amigas também quisessem e para que o hobby se transformasse em um negócio.
Somos um projeto que tem como objetivo diminuir o racismo e a discriminação racial, atuando na base do indivíduo, ou seja, na
infância. Sabemos que o ato de brincar, assim como as brincadeira exercem função fundamental na construção da autoestima
através de uma relação saudável com a autoimagem. A criança enquanto brinca constrói uma série de verdades que a
acompanharão para o resto da vida. Brincando a criança se inscreve na sociedade e interage com o mundo, percebe as
diferenças étnicas e a que grupo étnico ela pertence, brincar então gera aprendizagem, consciência de si e do outro, o que,
progressivamente favorece as relações interpessoais sem a negação da própria etnia e cultura. Acreditamos que os bonecos
negros e as bonecas negras constituem importante ferramenta de combate ao racismos, pois atuam positivamente na capacidade
de compreensão da criança, na medida que lhe geram reconhecimento e mostram que a figura humana pode ser linda, digna de
carinho e afeição indiferente da cor de sua pele, ou etnia
OUTUBRO
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Gente, vocês têm noção de como é bom ser representado em um painel? No dia
em que eu fui tirar as fotos no Painel Afrobrasileiro, foi uma experiência muito boa,
sabe? Graças ao Afroativos eu fui me reconhecendo, aprendendo coisas novas
que eu nunca soube. Pessoas me ajudaram a ser quem eu sou. Hoje, a história
mudou: sou eu quem ajudo as pessoas a saberem quem elas são.
O painel é bem legal! Gostei das cores, do material que ele foi feito e de quem ele
representa.
Thayoná Luiza Ferreira Palma, 13 anos
DATAS IMPORTANTES
• https://www.google.com/search?q=monumento+ao+bar%C3%A1+do+mercado&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi1jO
i-ounfAhUCiJAKHa4XDOMQ_AUIDigB&biw=1366&bih=608#imgrc=PxCRXjxt1OpHyM:
• http://www2.portoalegre.rs.gov.br/gpn/default.php?p_secao=71
• http://www.afropress.com/post.asp?id=18091
• http://janeladahistoriaegh.blogspot.com/2012/06/territorios-afro-brasileiros-em-porto.html
• http://www2.portoalegre.rs.gov.br/gpn/default.php?p_noticia=185515&PREFEITURA+INAUGURA+CENTRO+DE+REFERENCIA+
DO+NEGRO
• http://renehass.blogspot.com/2009/01/igreja-de-nossa-senhora-das-dores-e.html
• https://jornaldomercado.com.br/territorios-negros/
• http://diariogaucho.clicrbs.com.br/rs/dia-a-dia/noticia/2017/08/escultura-desperta-curiosidade-nos-moradores-do-bairro-restinga-
9872652.html
• http://www.correiodopovo.com.br/blogs/correiofeminino/2018/12/24865/moda-e-beleza-afro-representada-em-porto-alegre/
• https://www.facebook.com/pelastrilhasdoquilombo/photos/a.1292434870873520/1845079668942368/?type=3&theater
• http://outrolhargeografico.blogspot.com/2016/09/quilombo-dos-alpes.html
• http://diariogaucho.clicrbs.com.br/rs/dia-a-dia/noticia/2017/10/batman-mulher-maravilha-e-chaves-negros-
estudante-confecciona-bonecos-de-pano-em-prol-da-representatividade-negra-no-universo-infantil-9925039.html
• https://www.facebook.com/maraiasbonecasdepano/
• http://pontodeculturaafricanamente.blogspot.com/
• https://www.facebook.com/pontodeculturaafricanamente/about/
• https://globalherit.hypotheses.org/4059
• http://entidadesciganasdaumbanda.blogspot.com/2010/01/monumento-mae-oxum-em-porto-alegre.html
• https://jornaldomercado.com.br/museu-de-percurso-do-negro-os-passos-da-memoria-negra-em-porto-alegre/
• http://www.quilombhoje.com.br/site/calendario-afro/
• http://www.palmares.gov.br/?p=8766
• Calendário afro-brasileiro 2019, com contagem do povo Yoruba - Kojoda. Organizado por Patrícia da S. Pereira
• ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho. Almanaque pedagógico afro-brasileiro .3ed. Belo Horizonte: Mazza
Edições, 2012.
AFROATIVOS