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e mostra as fotos da família. Pode ser que a menina da primeira carteira seja
filha de um engenheiro e uma arquiteta e o pai do menino de cabelos vermelhos
chefie a cozinha de um restaurante. Theodora, naturalmente, vai contar sobre a
escola de cabeleireiros dos pais. Dos dois pais – Vasco Pedro da Gama e Júnior
de Carvalho, juntos há quase 20 anos. Theodora não hesita em explicar para os
colegas: não mora com a mãe e tem dois pais gays. Ela passou 4 anos num
orfanato, até 2006, quando uma juíza de Catanduva, interior de São Paulo,
autorizou a adoção. Nos próximos meses, a família vai crescer: o casal espera a
guarda de uma nova menina, de apenas alguns meses de idade.
Theodora faz parte de um novo tipo de família. Nos EUA, que tem estatísticas
sólidas sobre o assunto, 1 milhão de casais gays criam atualmente cerca de 2
milhões de crianças. E cada vez mais casais gays optam por criar seus próprios
filhos. Segundo o mesmo instituto, em 2009, 21.740 casais homossexuais
adotaram crianças – quase o triplo do número de 2000. A estimativa é que cerca
de 14 milhões de crianças, em todo o mundo, convivam com um dos pais gays.
Por aqui, onde mais de 60 mil casais gays vivem numa união estável
(reconhecida perante a lei em 2011), a história é mais recente. O caso de
Theodora foi a primeira adoção por um casal gay. E isso não faz tanto tempo
assim – só 7 anos.
É justamente por ser tão recente que o assunto gera dúvidas, preconceitos e
medos. Quais as consequências na personalidade de uma criança se ela for
criada por gays? A resposta dos estudos é bem clara: perto de zero. “As
pesquisas mostram que a orientação sexual dos pais parece ter pouco a ver com
o desenvolvimento da criança ou com as habilidades de ser pai. Filhos de mães
lésbicas ou pais gays se desenvolvem da mesma maneira que crianças de pais
heterossexuais”, explica Charlotte Patterson, professora de psiquiatria da
Universidade da Virginia e uma das principais pesquisadoras sobre o tema há
mais de 20 anos.
Mariana Farias, psicóloga e especialista no assunto, vai pela mesma linha. “O
desenvolvimento da criança não depende do tipo de família, mas do vínculo que
esses pais e mães vão estabelecer entre eles e a criança. Afeto, carinho, regras:
essas coisas são as mais importantes para uma criança crescer saudável”, diz .
Mesmo assim, não faltam mitos nessa seara. Veja aqui o que a ciência tem a
dizer sobre eles.