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0. Introdução
2. O Hábito
Outro ponto central para a disposição/pensamento conservador muito presente
em Hume é o Hábito. Em Hume o Hábito é uma categoria fundamental para a
determinação do próprio entendimento humano, por através de sua repetição
constante criar a possibilidade do homem fazer inferências, pensar sobre os
aspectos sensoriais que o bombardeiam. Além disto, o hábito é necessário
para a aceitação comum e solidificação da moral e da moralidade. Em Burke, o
hábito e os costumes são necessários pois geram a coesão necessária e a
preservação de uma sabedoria milenar trazida pelo passado (e pelos
antepassados) ao presente, sabedoria esta que entretanto é frágil, mas é a
fonte que emana coesão sob os homens, seja quando se refere à família,
religião, entre outros. Além disso, a influência do hábito Humeano também se
mostra presente na filosofia do direito Burkeana. Ao considerar todas as leis e
regras positivas como frutos do hábito e dos costumes, justamente por estes
criarem sempre as ‘’melhores opções’’ (aqui, mais uma influência, da ideia
protoutilitarista humeana de Justiça, que será citada mais a frente) Burke está
em consonância com a ideia de hábito enquanto categoria central para explicar
o entendimento humano e a sociedade como um todo.
A preferência pelo familiar ao desconhecido em Oakeshott é nada menos do
que uma apologética ao hábito. A ideia de continuidade, de repetição é aqui
ilustrada ainda mais claramente, principalmente quando Oakeshott, ao falar das
mudanças, enuncia que uma mudança só é aceita dentro de um corpo social
quando esta, por pura experiência e tempo, já se consolidou como hábito.
4. O governo
Entre um governo que tem como função ‘’fazer a justiça ser cumprida’’ (Hume)
e um que ‘’só tem como obrigação justamente governar’’ (Oakeshott) as
semelhanças são muitas. Oakeshott ao enunciar um governo que tem como
função a provisão de regras de conduta, deixando o resto por conta dos ‘’little
platoons’’ Burkeanos, em muito lembra Hume, quanto este diz que o hábito
associado à existência do governo faz com que as regras sejam aceitas e a
moral seja construída. Ainda mais, quando trata da ideia de justiça como
virtude construída artificialmente, como necessidade de controlar paixões
humanas, que também em suas reflexões podem ser virtuosas (como em
Oakeshott, o governo não é responsável pela extinção dessas paixões e
possíveis virtudes, só cria um ambiente de familiaridade através do hábito para
que essas regras se apliquem de forma orgânica).
A aceitação destas regras e a legitimidade dos governos também encontra
semelhança no pensamento dos três autores. Hume elenca que, através do
hábito, a aceitação de um governante se torna factualmente legítima (assim
como seu governante), pois este é o representante do controle destas paixões.
Oakeshott lida com a ideia similar de que, com o hábito (familiaridade) se torna
possível entender a origem da legitimidade do poder de um governo. Tem
poder justamente pois ‘’sempre teve’’. É mais fácil e seguro do que mudar toda
uma existência já sincrônica em prol de um teste de hábito novo e prolongado.
Burke (em menor forma, pois este é um defensor das ideias de direito divino),
também diz algo semelhante ao argumentar que a constituição inglesa ganha
força justamente pelo ‘’teste do tempo’’ (hábito).
5. Conclusão