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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR – CAMPUS DE CACOAL


DEPARTAMENTO ACADÊMICO DO CURSO DE DIREITO

FERNANDA PITTERI ANASTÁCIO

A NATUREZA JURÍDICA DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA


CONDENATÓRIA CÍVEL

Trabalho de Conclusão de Curso


Monografia

Cacoal - RO
2010
1

FERNANDA PITTERI ANASTÁCIO

A NATUREZA JURÍDICA DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA


CONDENATÓRIA CÍVEL

Monografia apresentada à
Universidade Federal de Rondônia -
UNIR, para obtenção de grau de
Bacharel em Direito, sob a orientação
do Professor Telmo de Moura
Passareli.

Cacoal - RO
2010
2

FERNANDA PITTERI ANASTÁCIO

A NATUREZA JURÍDICA DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA


CONDENATÓRIA CÍVEL

Esta monografia foi julgada aprovada para obtenção do grau de Bacharel em


Direito pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR – Campus de Cacoal,
mediante apresentação à Banca Examinadora, formada por:

___________________________________________________
Prof. Telmo de Moura Passareli – Orientador
Presidente

___________________________________________________
Prof. ................................................................................
Membro

___________________________________________________
Prof. ................................................................................
Membro

______________________________
Média

Cacoal - RO
2010
3

Dedico aos meus pais, irmãos, amigos e aos futuros


clientes razão de minha luta.
4

Agradeço a Deus por me conceder a proeza de viver


dignamente e ser agraciada por suas benevolências:
ter meus pais: Ivair e Ivanilde que com amor e
confiança me proporcionaram a concretude dos meus
sonhos; ter meus irmãos: Rafael grande defensor e a
Mariana que compartilhou de minhas tristezas e
alegrias durante minha vida; ter minhas colegas, que
ao longo do curso se tornaram minhas amigas:
Camila, apoiadora dessa investida, que com grande
parceria evidenciou sua solidariedade, Graciele, super
prestativa e companheira dos arrochos, Elaine,
conselheira e atenciosa; Camila Queiroz, com sua
doçura e preocupação me fez bem; ter minhas
vizinhas e, sobretudo, Amigas: Daniela e Eveline,
que com grande cumplicidade souberam me aturar; ter
colegas de sala que contribuíram para meu
crescimento, com os momentos de conversas
(paralelas), ops! (sic) rs, discussões, chacotas, risadas,
teatro, festinhas (surpresas, juninas), danças, jogos,
tempos bons e inesquecíveis (The best), principalmente
a galera do lado direito; ter professores que fizeram
do conhecimento um fruto compartilhado, em
especial, o meu orientador Telmo de Moura Passareli,
que aceitou esse desafio e o Credival Duarte, que com
sua ternura, fez-me refletir; ter os companheiros de
estágio na PGE que sempre me incentivaram; ter
pessoas que indiretamente, ajudou-me sem qualquer
pretensão.
Caminhar e não reconhecer me tornaria alheia à
verdade, de que sozinha sou incapaz de prosseguir...
5

“Tenha
“Tenha fé no Direito, como o melhor instrumento para a
convivência humana; na Justiça, como destino normal do
Direito; na paz como substituto bondoso da Justiça; e,
sobretudo, tem fé na liberdade, sem a qual não há Direito,
nem Justiça, nem Paz
Paz.”
(Eduardo Couture)
6

RESUMO

ANASTACIO, Fernanda Pitteri. A natureza jurídica do cumprimento da sentença


condenatória cível. 2010. [s.n.]. 62 f. Monografia (Bacharelado em Direito)
Universidade Federal de Rondônia - UNIR. Cacoal - RO.

O presente trabalho objetiva identificar a natureza jurídica do cumprimento da


sentença condenatória cível. Assim, aborda-se o estudo da ação, do processo e
seus tipos, da jurisdição e os princípios para sustentar a sistemática do trabalho.
Sendo que, com o sincretismo processual se teve a junção dos processos de
conhecimento e execução em um só, para que assumisse o caráter de procedimento
único, para acabar com atos que pudessem atrasar o andamento processual. Razão
para que a doutrina majoritária defenda a tese de que o cumprimento da sentença
seria meramente um módulo do processo, uma vez que não caracteriza uma nova
relação jurídica, bem como não se tem a citação do devedor, para dar cumprimento
aos ditames da sentença, tendo-se apenas presente o simples requerimento do
credor, para que possa concretizar seu direito de modo fático. Para a outra parte da
doutrina, seria o cumprimento da sentença uma via ativa, por atender às condições
da ação. Deste modo, o método mais adequado para o trabalho é o comparativo
dedutivo, com aplicação de procedimentos técnicos bibliográficos. Então, espera-se
por promover as considerações finais tangentes ao assunto.

Palavras-chave: Ação. Cumprimento. Requerimento. Sincretismo.


7

ABSTRACT

ANASTACIO, Fernanda Pitteri. 2010. The legal nature of the compliance with a
condemnatory decision in a civil Law suit. [s.n.]. 62 f. Monografia (Bacharelada
em Direito) Universidade Federal de Rondônia - UNIR. Cacoal - RO.

The goal of this work is to identify the legal nature of the condemnatory decision in a
civil law suit. Thus it’s approach the study of the lawsuit, the process and its kinds,
the jurisdiction and the principles that support the systematic of this work. With the
syncretism of the due process, both the cognizance process and the execution
process became one, so it has taken on the feature of a unified process, which puts
an end to actions intended to procrastinate the course of the proceedings. This is the
reason why mainstream legal doctrine says that the compliance with a condemnatory
decision is only one phase of the due process, in as much as no new judicial
relationship is formed and there is no new summons of the debtor to comply with the
terms of the decision, but merely a petition by the creditor in order to secure his or
her right. A minority part of doctrine sees the execution process as the compliance
with a condemnatory decision in an active way, for it has to observe the conditions for
the legal action. Thus, the deductive-comparative method seems to be the most
suitable one, using technical bibliographic proceedings. Thus I hope to present the
final arguments pertinent to this subject.

Key-words: Lawsuit. Compliance. Petition. Syncretism.


8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 09

1 NOÇÕES GERAIS DA AÇÃO............................................................................... 11


1.1 TEORIAS DA AÇÃO........................................................................................... 12
1.1.1 Teoria civilista da ação.................................................................................... 12
1.1.2 Teoria do direito concreto da ação.................................................................. 14
1.1.3 Teoria do direito abstrato da ação................................................................... 16
1.1.4 Teoria eclética da ação.................................................................................... 17
1.2 CONCEITO DE AÇÃO........................................................................................ 19
1.3 CONDIÇÕES DA AÇÃO..................................................................................... 20
1.4 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES QUANTO À EFICÁCIA DA SENTENÇA......... 23

2 NOÇÕES GERAIS DE PROCESSO..................................................................... 26


2.1 JURISDIÇÃO...................................................................................................... 29
2.2 TIPOS DE PROCESSO...................................................................................... 34
2.3 PROCESSO DE EXECUÇÃO............................................................................. 37
2.4 PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO PROCESSO...................................................... 40

3 SINCRETISMO PROCESSUAL............................................................................ 43
3.1 CUMPRIMENTO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA CÍVEL COMO MÓDULO
DO PROCESSO SINCRÉTICO........................................................................... 45
3.2 CUMPRIMENTO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA CÍVEL COMO AÇÃO...... 48

CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 56

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 58

OBRAS CONSULTADAS......................................................................................... 62
9

INTRODUÇÃO

O presente trabalho se delimita em um estudo acerca de verificar se é


adequado encarar a natureza jurídica do cumprimento da sentença condenatória
cível como uma via de ação.
Em decorrência disso, observa-se que há certa relutância por parte da
doutrina majoritária em não reconhecer a natureza jurídica do cumprimento da
sentença condenatória cível como uma ação processual, sendo que a
fundamentação é alicerçada por frágeis argumentos.
Destarte, pelo processo ser considerado um instrumento de alcance do
direito material, a sua sistematização busca por extirpar as burocracias e
morosidades no desenvolto de sua tramitação, desta forma, o pleiteante para estar
posto no exercício, em modo efetivo, de seu direito percorria um longo e árduo
período de litígio, sem sequer ser concretizado.
Diante disso, tiveram-se várias mudanças no sistema processual civil
brasileiro, sendo que as de maior relevo ocorreram na fase de execução.
Portanto, atenta-se que o momento processual mais sensível às reformas,
foram o da execução, como a Lei nº 11.232/2005, a qual deu uma nova “roupagem”
ao processo civil, contudo, as transformações ocorridas foram tendentes a tornar o
processo de conhecimento e de execução como um só, vislumbrando o sincretismo
processual, sendo-lhe dedicado um tópico, para a tangente explanação.
Desta forma, pelas reformas advindas, foi abolido por completo o processo
de conhecimento como autônomo de execução, para o cumprimento das sentenças
que condenam o vencido ao pagamento da quantia certa.
Contudo, a divergência doutrinária persiste no sentido de que ao passar para
o sincretismo, a fusão de atividade cognitiva e de execução fez desaparecer a
10

necessidade de instaurar uma nova relação processual, bem como não ocorrer
citação.
Assim, razão de o método utilizado ser o comparativo dedutivo, pois este é
pertinente aos fins do trabalho, com aplicação de procedimentos técnicos
bibliográficos.
Então, imprescindível para maiores entendimentos na abordagem do tema
destinar um capítulo para tratar da ação, a qual carrega em seu bojo, as teorias,
essas que com o decorrer do tempo procuraram um conceito adequado às suas
reais características, portanto serão expostas, bem como as condições da ação,
sendo de suma importância para o desenvolvimento do trabalho.
Não obstante, nesse panorama também é comprometido fazer as devidas
pontuações sobre processo e jurisdição. Para tanto, em tal sede se farão breves
considerações acerca de seus tipos, no âmbito processual civil, com enfoco para
alguns dentre os princípios norteadores da atividade processual, como a pertinência
para o trabalho.
Contudo, o último capítulo elenca o sincretismo processual bem como os
dois posicionamentos sobre o cumprimento para que posteriormente sejam feitas as
considerações finais.
11

1 NOÇÕES GERAIS DA AÇÃO

Em linhas preliminares, observa-se que o papel do Direito é


reconhecidamente pautado pela sua importância em gerir conflitos sociais, de modo
que as relações entre os indivíduos somente são visualizadas com a sua presença,
pois a convivência social é que faz a importância do Direito ser extrema. Como
explana (COELHO, 2004, p. 5).
Então, se os homens não tivessem contato entre si, não se explicaria a
existência de um parâmetro de condutas, porque desnecessário seria disciplinar o
comportamento humano. No entanto, ao que ocorre a convivência humana não se
dá pelo isolamento e fazendo patente o regramento de condutas.
Todavia, pela diversidade de interesses inerentes a essas relações entre os
membros sociais, nem sempre se tem a satisfação dos conflitos, então, urge a
necessidade de uma ordem, provida de mecanismos a propiciar a melhor solução
possível.
Para tanto, surge a figura do Estado, como fornecedor de instrumentos aos
litigantes, para que aqueles possam promover o exercício da atividade jurisdicional,
quedando-se ao atendimento das solicitações propostas pelos que o acionam, como
aduz Montenegro Filho (2007, p. 109):

A pessoa natural que pretende resolver o conflito de interesses deve ter o


direito de solicitar a intervenção do Estado, vale dizer, que a função
jurisdicional se manifeste, função que se encontre estática, no aguardo da
correspondente provocação.

Assim, em juízo, o indivíduo interessado em satisfazer uma pretensão, busca


pela utilização dos meios que lhe são dispostos para acionar o Estado, seja para
reconhecimento ou execução de seu pleito.
Desse modo, identifica-se a ação, que não traz tão somente ao órgão
julgador um pedido, como também lhe recai o ônus da continuidade, enquanto
procura buscar a tutela desejada. Nesse contexto, indubitavelmente, a sua atividade
será constante dentro do âmbito processual, como é a transcrição de Silva (1998, p.
87):
[...] terá o interessado de agir processualmente, em atividade simultânea à
desenvolvida pelo Estado. Se a ordem jurídica se contentasse com a
simples provocação da atividade jurisdicional, com o simples exercício da
pretensão, enquanto exigência de tutela, deixando ao juiz toda a atividade
12

necessária subseqüente, teríamos a prestação da tutela jurisdicional


mediante o simples exercício da pretensão.

Destarte, nesse contexto, foca-se que a ação exerce tamanha relevância


para o Direito Processual, enquanto mecanismo formal, devido sua tarefa ser de
grande dimensão processual, não se limitando somente à provocação do Poder
Judiciário, e sim em uma predisposição para atuar em demais momentos, no
decorrer do andamento do processo.
Não obstante, passa-se aos estudos acerca das teorias que tiveram maior
influência, no percurso de buscar o entendimento da ação.

1.1 TEORIAS DA AÇÃO

De grande relevo é a abordagem das teorias que estudaram a ação, pois


proporcionaram grandes debates entre os doutrinadores, conforme faziam a sua
análise, com o decorrer do tempo foi encarada sobre diversos ângulos, influenciando
no seu conceito, como se observará no desenvolvimento das explanações de cada
teoria.

1.1.1 Teoria civilista da ação

A primeira, entre as teorias, que tomou o estudo da ação foi a denominada


Civilista ou Imanentista, que teve adeptos de grande renome como Savigny, Clóvis
Beviláqua, Eduardo Espínola, entre outros, os quais defendiam o entendimento de
que a ação era o direito de alcançar o que era devido, como aduz Santos (2007, p.
111):

Os clássicos, desde o direito romano até os formuladores da doutrina


civilista, entendiam a ação como decorrência da reação do direito material
violado e sustentavam, com base em Savigny, que não havia ação sem
direito e nem direito sem ação.
13

Na mesma linha de raciocínio, Câmara (2008, p. 107) complementa que


parte do século XIX, vivenciava-se com a concepção de que o direito material
exercia reflexos por meio do direito processual, assim, razão para esse não ter se
revestido de autonomia, uma vez que era tido como um só: “Essa teoria é reflexo de
uma época em que não se considerava ainda o Direito Processual como ciência
autônoma, sendo o processo civil mero ‘apêndice’ do Direito Civil.”
Pode-se depreender destas palavras, que pelo Direito Processual não ter
sido aceito como uma matéria autônoma, isso implicava em considerá-lo como um
acessório ou até mesmo o próprio direito material, razão pela qual recebe a
nomenclatura de Teoria Civilista.
Pois, a valoração era para a matéria em si, sem ter a via processual como
um instrumento do direito material, assim a existência do processo somente era
concebida pela existência do direito material. Conforme aduz Alvim (2005, p. 343):

[...] vendo-os como dois momentos de um mesmo fenômeno jurídico, em


nosso sentir, não explicava, racionalmente, um fenômeno comum na prática
judiciária, que era o da ação infundada.

Nesse entrementes, observa-se que os adeptos dessa teoria concebiam a


ação, tão somente como um direito material, assim mesclavam o seu entendimento
com o objeto em si. Contudo, não conseguiram satisfazer indagações acerca da
ocorrência da improcedência da ação, acarretando na falta de direito, esse
incumbido de fomentar a ação, assim, significaria a inexistência do direito material.
Portanto, diante de tal insatisfação, eis que surgiram teses polêmicas
ocorridas na metade do século XIX, de um lado a defesa de que o direito de ação
por mais que tivesse autonomia não se divorciava do direito material, pois existia
para tutelá-lo, enquanto que para outros a ação se transpõe em um ambiente
independente da ocorrência de uma violação ao direito, como aborda (COELHO,
2004, p. 204-205).
Nesse contexto, identifica-se que essa teoria passou por confrontos, em que
para uma posição se poderia ter ação, independentemente, de se violar um direito,
enquanto que para a outra não havia essa ruptura, pois de certa forma, ação e
direito se entrelaçavam. Nessa temática, a teoria passou a sofrer um descrédito
entre os estudiosos.
14

Dessa forma, diante de uma nova forma de visualizar o direito de ação, as


pesquisas se destinaram para formulação de outras teorias, entre elas, a próxima a
ser abordada.

1.1.2 Teoria do direito concreto da ação

Nessa teoria, defende-se o pensamento de que o direito de ação somente


existe se o direito material existir, razão para assumir a nomenclatura de concreto,
devido essa ligação dada ao direito de ação com o material. Como Câmara (2008, p.
109) explica: “Defendem seus adeptos que a ação seria o direito de se obter em
juízo uma sentença favorável.”
Ocorre que, conforme eram realizados dos estudos, mais insatisfeitos os
doutrinadores ficavam em vincular o direito de ação com o próprio direto material,
pois se em outro momento havia uma confusão de identidade, dessa forma, bastava
um existir somente para se ter o outro. Não se poderia extirpar a relevância da
prestação jurisdicional, conforme o interesse do pleito fosse para declarar a
existência ou até mesmo a inexistência da relação jurídica.
Assim, a utilização da via processual poderia ser para obter um provimento,
declarador de que nada era devido pelo demandante, dessa forma, colocando-se
como ultrapassada a ideia de que atuar em juízo era somente em razão de uma
pretensão revelada pela perseguição ou pela defesa do que era devido. Nesse
caminho, a utilização do processo poderia existir para buscar um provimento que
declarasse a negativa em uma relação jurídica, é como assinala (SILVA, 1998, p. 92-
93).
Vale ressaltar que para essa teoria, por mais que se aceitasse o direito de
ação como sendo autônomo, não era o suficiente para considerar a existência da
prestação jurisdicional, tão somente quando o veredito fosse favorável a quem
exerceu o direito de ação, portanto, com a procedência do pedido.
Então, é de se valorar as palavras de Coelho (2004, p. 206), ao expor que
somente com o direito material se teria a ação em sua efetividade: “Embora
autônomo o direito de ação, a tutela jurisdicional só estaria presente quando a
pretensão acolhida, ou seja, quando a sentença proferida lhe fosse favorável.”
15

Razão essa que é atribuída à teoria a denominação de concreta, haja vista a


ligação entre a ação e a efetiva presença do direito material, pois por mais que a
ação se revestisse de autonomia, não se concebe a prestação jurisdicional sem que
se tenha um direito material munindo a ação.
Contudo, para a presente teoria, caso o pedido fosse procedente, de
sabença que a ação só existiria se a decisão fosse nesse destino, então, não
haveria direito material para o pleiteante, pois não tinha relação jurídica com o
demandado, consequentemente, o caso de inexistência de direito material refletia na
inexistência do direito de ação. Motivo pelo qual foi alvo de várias críticas, em
decorrência de não fornecer respostas a esse tipo de indagação. Como afirma
(CÂMARA, 2008, p. 110).
Para corroborar, Chiovenda (2002, p. 41-42), foi um grande contribuinte com
a Teoria Concreta, ao complementar que a ação era autônoma sendo exercida
contra a parte e não contra o Estado, esse que tem o encargo de prestar a atividade
jurisdicional, implicando em dizer em um direito potestativo:

[...] há vontades concretas da lei cuja atuação só se concebe por obra dos
órgãos públicos no processo; todavia, normalmente, esses órgãos só a
pedido de uma parte podem prover à atuação (Nemo iudex sine actore), de
modo que, normalmente, a atuação da lei depende de uma condição, a
saber, da manifestação de vontade de um indivíduo; e diz-se que esse
indivíduo tem ação, querendo dizer-se que tem o poder jurídico de provocar,
com seu pedido, a atuação da vontade da lei.

Portanto, Chiovenda viabilizou maior sustento à teoria, ao expor que a


intenção do legislador é a de fornecer aparatos ao demandante, para que busque
perante os órgãos judiciais a sua atuação, então, esse fornecimento implica em uma
posição de disponibilidade caso o interessado queira ou não utilizar os instrumentos
que lhe são garantidos.
Destarte, pode-se depreender que ao considerar o direito de ação, autônomo
e alheio para com o direito material, tendo somente uma relação com o Poder
Estatal, enquanto prestador de um serviço, o reconhecimento de um direito, ou seja,
a procedência do pedido pleiteado ficaria comprometida, por desconsiderar o outro
pólo como participante, na qualidade de ser compelido a dar cumprimento à ordem
judicial.
Portanto, razão para que essa teoria não fosse aceita, devido à ausência de
argumentos para justificar tal fenômeno, pois tornaria o pleito procedente em um
16

resultado frustrante, diante da desconsideração da parte ré na relação jurídica, sem


que a prestação do pleito fosse concretizada.
Nesse diapasão, observa-se que teve um novo percurso para os estudos da
ação. Não obstante, surge a Teoria Abstrata da Ação, a qual são destinadas as
próximas considerações.

1.1.3 Teoria do direito abstrato da ação

Com o posicionamento completamente diferente, quanto vincular a ação ao


próprio direito material, seja por considerar os dois em um só ou considerar esse
como requisito, a Teoria Abstrata se respaldou nas críticas direcionadas às demais
teorias, no entanto, vale ressaltar que mesmo antes das indagações acerca de
considerar a ação tão somente com a presença do direito material, já se tinha a
instigação por aceitar um direito completamente autônomo, sem que esse direito
fosse outorgado aos que a lei atribuísse um direito material, e sim a todos que
tivessem interesse em provocá-lo.
Nesse contexto, a ação não mantinha vínculo com qualquer direito material
subjetivo, devido à sua autonomia ter um alcance amplo, sem que se distinguisse a
titularidade desse direito material. Portanto, o direito de ação tinha caráter autônomo
por estar à disposição de todos que se posicionarem como seus titulares, bastando a
sua invocação. Conforme explica por (SILVA, 1998, p. 96).
Assim, a tese defendida era a de que o litigante ao buscar uma prestação
jurisdicional, necessariamente, o seu pleito poderia não estar abarcado pelo direito
ora requerido. Portanto, focou-se para o direito de ação ser considerado autônomo
em relação ao seu conteúdo. Como (CÂMARA, 2008, p. 110), assevera que a
bandeira defendida nessa teoria era a de que a ação era o próprio direito inerente à
personalidade, implicando em dizer que todos teriam o direito de provocar o Estado-
Juiz, para ter a devida atividade prestada.
Para tanto, a independência do direito de ação está limitada em respeitar, de
forma imprescindível, a presença das condições da ação, em um primeiro contato
com o serviço jurisdicional.
17

Desse modo, aduz Silva (1998, p. 97), que se torna irrelevante o teor da
matéria, sendo que em outra etapa, no momento de análise do mérito, ocorre à
apreciação tangente ao reconhecimento ou não do direito aclamada:

Diferentemente de um mero direito abstrato e indeterminado, o verdadeiro


“direito de ação” haveria de qualificar-se através de determinados requisitos
prévios, ou condições legitimadoras de seu exercício, de tal modo que - não
se identificando com no direito a uma sentença favorável, como o
concebiam os defensores da teoria do “direito concreto da ação” - também
não fosse assimilado a mero direito cívico de petição, faculdade esta que
todo cidadão tem de reclamar providências perante os órgãos do estado,
tenha ou não procedência a reclamação.

Contudo, a teoria abstrata da ação serviu de grande alicerce para aceitar o


direito de ação revestido de uma forma autônoma, tornando-se ultrapassado
concebê-lo tão somente pela existência do direito material, o objeto da demanda.
Consequentemente, proporcionando um novo ângulo para se visualizar o direito de
ação, pelo seu caráter completamente diferente e autônomo do direito material.
Assim, em um foco mediano surge a teoria eclética, que buscou aproveitar
algumas características das duas teorias antagônicas, como será a abordagem a
seguir.

1.2.4 Teoria eclética da ação

Em uma vertente mais neutra, surge a teoria eclética da ação, a qual


procurou balizar as posturas extremadas das teorias expostas em linhas anteriores,
pois sua tese se pautou por visualizar um direito de ação autônomo, isto é, abstrato.
Todavia, sem colocá-lo na posição de ser um direito público subjetivo
incondicionado, pois para ser exercido deve se adequar aos requisitos que lhe dão a
necessária existência, como fala Silva (1998, p. 98):

A doutrina de LIEBMAN representa, de certa forma, uma intermediação


entre os dois extremos, representados pelas correntes do “direito concreto
de ação” e do direito “abstrato”. Reagindo contra a doutrina “civilista” da
ação, ou contra a sua variante moderna representada pelos “concretistas”,
e, ao mesmo tempo, negando também a tese oposta, que identifica a ação
com o simples exercício de um direito público subjetivo incondicionado, por
meio do qual qualquer pessoa pode provocar a atividade jurisdicional.
18

Ainda, ao dizer que a autonomia da ação para essa teoria, não significa
repudiar as formalidades a serem preenchidas, ou seja, as condições da ação. No
entanto, nesse novo prisma, a autonomia da ação não implica na inexistência de
requisitos, pois esses figuram como condições da ação.
Nesse viés, com o entendimento de que ao se ter ação, não
necessariamente pode existir o direito material, que o demandante suscitara diante
do juízo, portanto, nesse ponto recepciona a tese da teoria abstrata, contudo, a
diferença está na exigência de uma categoria diversa do mérito, conceituada como
condições da ação, as quais estão relacionadas como requisitos de exigência
pertinente ao direito de agir, como contribui (CÂMARA, 2008, p. 111).
Desse modo, ao que ocorre, a independência do direito de ação está adstrita
em respeitar, de forma imprescindível, a presença das condições e pressupostos da
ação, em um primeiro contato com o serviço jurisdicional, assim, tornando-se
irrelevante o teor da matéria.
Sendo que em outra etapa, no momento de análise do mérito, ocorre à
apreciação tangente ao reconhecimento ou não do direito aclamado, é como expõe
Montenegro Filho (2007, p. 112):

Encontramo-nos diante das exigências formais, decorrentes do exercício do


direito de ação. Nesse particular, verificamos que a Lei de Ritos adota a
teoria de eclética da ação, desenvolvida por Liebman, dispondo que a ação
é direito subjetivo que não se prende ao direito material nela envolvido
(como defendia a teoria concreta), sujeitando-se, contudo, à observância de
condições, sem as quais não se pode validar a ação. Essa teoria, como
visto, situa-se no meio-termo entre as teorias concreta e abstrata.

O sistema processual brasileiro adotou a teoria eclética, como se observa o


dispositivo 267, VI, do Código de Processo Civil, vigente desde 1973, sendo que o
dispositivo foi alterado pela Lei nº 11. 232, de 2005 (BRASIL, 2005). Assim, vela o
entendimento de um caráter autônomo da ação, sem desconsiderar os elementos
necessários, condições, para que se possa chegar à apreciação do mérito, isto é, o
objeto da demanda.
Para tanto, prossiga-se as considerações sobre as conceito da ação, com
objetivo de proporcionar ao presente capítulo a devida contribuição para fins de
elucidação.
19

1.2 CONCEITO DE AÇÃO

Importante expor que a ação está relacionada com o direito de obter do


Poder Judiciário uma prestação, seja respaldada por um direito material ou não,
desta forma, bem como para iniciar um processo ou até mesmo impulsioná-lo.
Nesse viés, o poder de ação não teria grande força se estivesse limitado
somente em dar início ao processo, teria pequena importância diante do que se
revela ao longo do caminho processual, em que se espera de quem ocupa uma
posição ativa na relação processual. Como aduz (CÂMARA, 2008, p. 112): “O poder
de ação se revela ao longo de todo o processo, sendo exercida, toda vez que é
ocupada alguma posição jurídica ativa no processo”.
Assim, pelo interesse da demanda ser inerente ao demandante, pois lhe
recaem as consequências da decisão judicial, quando o seu pedido é acatado ou
negado. Então, pode-se afirmar que a ação exerce grande potencialidade no que
tange à provocação da atividade judicial. De acordo com Cintra, Grinover e
Dinamarco (2008, p. 267):

Ação, portanto, é o direito ao exercício da atividade jurisdicional (ou o poder


de exigir esse exercício). Mediante o exercício da ação provoca-se a
jurisdição, que por sua vez se exerce através daquele complexo de atos que
é o processo.

Depreende-se que o direito de ação não atuará simplesmente na


provocação da atividade jurisdicional, em seu marco inicial, pois terão momentos em
que o processo deverá ser movido por atos do interessado na relação processual,
sem contar o papel desempenhado pelos serventuários da justiça, de mero
expediente, na movimentação do processo, como promover a citação do réu, juntar
documentos, entre outras atribuições.
Nesse âmbito, de grande importância é o impulso do interessado, pois a
força que contém na ação é a alavanca para andamento do processo.
Assim, ao visualizar a ação, observa-se que seu surgimento não existe por si
só, devido ao respeito às condições que o ordenamento jurídico processual lhe
impõe, para que não se abarrote o Poder Judiciário com demandas, que por muitas
20

vezes não mereçam a movimentação da marcha processual, seja por serem


impertinentes ou descabidas.
Atenta-se que a Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, XXXIV, “a” e
XXXV (BRASIL, 1988), preceitua que todos estão assegurados de fazerem a defesa
de seus direitos, por meio de petição, aos Poderes Públicos, tendo a garantia de que
haverá apreciação de demandas fundadas em lesão ou ameaça ao direito. Desta
forma, denota-se que a Carta Constitucional contemplou o direito de ação, ao expor
que a tutela jurisdicional está garantida a qualquer um que sentir seu direito
ameaçado ou lesionado.
Contudo, adiante as condições da ação receberão o devido tratamento, para
fins de adequação para embasar o trabalho.

1.3 CONDIÇÕES DA AÇÃO

Quando o demandante busca por providência jurisdicional, deve no momento


da propositura da ação haver o preenchimento de suas condições, com isso a
demanda se torna apta para análise do mérito. Destarte, dentre essas condições se
encontra: a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a legitimidade das
partes, dispostos no artigo 3º e 267, VII, do Código de Processo Civil (BRASIL,
2005). Para tanto, Santos (2007, p. 120), explica o seguinte acerca da primeira:

Possibilidade jurídica do pedido. É a condição que diz respeito à viabilidade


em abstrato do pedido em face do ordenamento jurídico, seja nele porque
previsto ou não-vedado. Cabe ao juiz verificar se o pedido é possível ou não
em face do ordenamento jurídico e, em sendo impossível, deve decretar a
extinção do processo em razão do exercício legítimo do direito de ação.

Ademais, ressalta-se que a possibilidade jurídica do pedido é o ordenamento


jurídico respaldar o objeto da demanda, assim, tanto deve o objeto ser previsto bem
como não ser vedado por lei, pois nesse caso se constituiria de ilegalidade o pleito.
Exemplifica-se pela propositura de uma ação declaratória visando o reconhecimento
da nulidade de uma sentença transitada em julgado, ora o instrumento correto é a
ação rescisória. Portanto, o pleito seria decretado improcedente sem resolução do
mérito.
21

Nesse viés, deve a demanda apresentar a pertinência e possibilidade do


pleito, para que haja a apreciação jurisdicional do objeto da lide. Assim, antes
mesmo de julgar pela procedência do pedido, o juiz primeiramente, faz o estudo de
sua possibilidade, dando lógica ao serviço jurisdicional.
Não obstante, sem se ater somente à condição de possibilidade jurídica do
pedido, deve o demandante, mostrar o interesse de agir, bem como o julgador deve
identificá-lo, pois do contrário, como poderia haver o atendimento a um pleito sem
que a parte demandante não se apresentasse apta ou mesmo merecedora do
julgamento, pois não se encontra em estado de adequação, para figurar no âmbito
processual.
Então, diante da análise do interesse de agir, identifica-se dois elementos
que o respaldam, quais sejam, a necessidade e a adequação, uma vez que por puro
e simplesmente interesse não é suficiente para subsidiar um julgamento em que se
possa descartar a existência de interesse. Nesse entrementes, a procura é pela
adequação e necessidade da demanda, sendo que não havendo, não se vislumbra o
interesse.
Ora, pois, qual seria o interesse do autor mover uma ação para pleitear a
entrega de um bem que já não existe mais? Logicamente, nenhuma, contudo, o
ordenamento lhe expõe outras opções de não ficar em posição desfavorável, como a
ação de indenização por perdas e danos. Assim, Cintra, Grinover e Dinamarco
(2008, p. 277) aduzem:

Essa condição da ação assenta-se na premissa de que, tendo embora o


Estado o interesse no exercício da jurisdição (função indispensável para
manter a paz e a ordem na sociedade), não lhe convém acionar o aparato
judiciário sem que dessa atividade se possa extrair algum resultado útil [...]
a prestação jurisdicional solicitada seja necessária e adequada. Repousa a
necessidade da tutela jurisdicional na impossibilidade de obter a satisfação
do alegado direito sem a intercessão do Estado. [...] Adequação é a relação
existente entre a situação lamentada pelo autor ao vir a juízo e o provimento
jurisdicional concretamente solicitado.

Contudo, denota-se quanto ao interesse de agir, que há uma bifurcação em


primário e secundário, pois o demandante procura a prestação jurisdicional por um
motivo, esse constitui o interesse primário, enquanto isso se espera que o Estado
promova a apreciação de sua tese, implicando no interesse secundário.
Para ocorrência desse cenário, o autor deve trazer em sua ação a
necessidade e adequação, assim, terá que demonstrar ao Estado-Juiz que a
22

demanda é fundada na resistência da outra parte em promover a satisfação de sua


pretensão de outra forma, sendo que o pleito deve alcançar uma decisão
potencializada de resolução.
Já no que tange à legitimidade das partes, a referência é aos sujeitos do
processo, com a verificação de que realmente o autor deve figurar na lide, para
constituir o pólo ativo, e ainda, se contra quem foi proposta ação, é legítimo de estar
no pólo passivo. Contudo, Alvim (2005, p. 357) ressalta que: “A legitimatio ad
causam não se confunde com a legitimação formal, também denominada ad
processum ou, a capacidade para estar em juízo (que é pressuposto processual).”
Assim, a legitimidade pertinente à condição da ação está relacionada ao
direito material, pois é cediço que a ocorrência da chamada legitimidade
extraordinária é referente ao sujeito que tem capacidade para figurar no âmbito
processual.
Contudo, depreende-se que a atividade jurisdicional é exercida de modo a
respeitar certos trâmites, pertinentes ao procedimento de apreciação da ação, para
tanto, deve atender às exigências que respaldam o seguimento dos atos
processuais. Portanto, uma vez preenchidas as condições da ação, o magistrado
apreciará o direito material. Isso, porque segundo Vigliar (2005, p. 10):

O juiz deve realizar uma das questões, quando da consideração das


denominas condições da ação [...]. Uma das questões que realiza diz
respeito à eficiência da atividade jurisdicional (“Ao final, quando da oferta da
tutela jurisdicional pleiteada, esta será eficiente para resolver a situação que
foi reclamada pelo autor, quando no exercício do direito de ação?”). A outra,
deve se referir ao aproveitamento da decisão para as partes (“Autor e réu
serão os destinatários dessa tutela?”)

Não obstante, por meio de questionamento o autor levantou uma importante


qualidade atribuída à atividade jurisdicional, que é a eficiência, a qual receberá
tratamento no próximo capítulo, a fim de possibilitar maior embasamento ao
trabalho. Por hora, no próximo tópico, observa-se que é pertinente abordar a
classificação das ações quanto à sua eficácia, devido sua contribuição para o
trabalho.
23

1.4 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES QUANTO À EFICACIA DA SENTENÇA

Ao longo do tempo, inúmeros foram os critérios utilizados para classificação


da ação. Sem que houvesse um contentamento com as classificações, conforme se
utilizava de critérios não muitos precisos, conforme a divisão feita a partir do direito
material: em reais, pessoais, petitórias e possessórias, como assevera (GRECO
FILHO, 1998, p. 93).
Então, a sistemática científica do direito processual moderno passou a
considerar que a melhor classificação está no objetivo que propulsou a demanda,
uma vez que se a ação está relacionada na busca de um provimento, cada demanda
será peculiar como o julgado. Como Cintra, Grinover e Dinamarco (2008, p. 283)
explicam: “[...] se toda ação implica pedido de provimento de dada ordem e se as
ações se diferenciam entre si também na medida em que os provimentos pedidos
sejam diferentes, será lícito classificá-los com base nesse seu elemento”.
Nesse viés, na Alemanha, surgiu no final do século XIX, a teoria ternária da
ação que segundo (DIDDIER JUNIOR, BRAGA e OLIVEIRA, 2008, p. 323), a
classificação era: condenatória, constitutiva e declaratória, apesar de ser alvo de
agudas críticas, prevaleceu durante todo o século XX, no sistema brasileiro.
Devido o posicionamento pelo acréscimo de mais duas modalidades, entre
elas, mandamental e executiva, com a defesa da classificação quinária, sendo que
em seu bojo a sentença sempre trará a predominância de uma das cinco, apontando
o remédio jurídico que o demandante possa utilizar, de acordo com (MIRANDA,
1999, p. 206).
Assim, conforme o tipo de ação pretendida pelo demandante, a ação de
conhecimento, a qual será exposta no capítulo seguinte, de antemão, informa-se
que se trata de um tipo de ação que traz para o processo elementos que visam à
comprovação de um direito, tendo um extenso trabalho no sentido de nortear o juízo
para pleitear seja a condenação, sendo a busca pela formulação de um comando
que imponha a pretensão para que o réu a cumpra, ou ainda a declaração, a qual
visa apenas declarar se existe ou não uma relação jurídica, bem como o pleito
constitutivo, que se destina à criação, modificação ou extinção de um estado ou
situação jurídica material, como assevera (THEODORO JUNIOR, 2009, p. 67).
24

Contudo, atenta-se para as outras duas ações existentes, que serão


abordadas no próximo capítulo, que serão dividas em outro ângulo, o do processo,
portanto, conforme o tipo de processo, considerando a atividade predominante, as
duas outras ações são: executiva lato sensu, sede em que o autor pretende que o
Estado adiante os efeitos da cognição, bem como os efeitos da condenação, para
isso, deve utilizar os meios expropriatórios em face do patrimônio do devedor e
cautelar, em que visa assegurar e garantir o eficaz desenvolvimento das outras
ações (conhecimento e execução).
Ademais, como o exercício da ação implica em um provimento jurisdicional,
o qual aparece por meio da sentença, sendo uma decisão judicial saneadora da lide,
para tanto, deverá atender cada pedido em que lhe fora proposto. Disso, advém a
classificação da ação quanto aos preceitos da sentença, para haver a adequação,
pois se observa que a sentença possui a mesma estrutura da petição inicial, então, a
divisão se constitui em: mandamental, condenatória, executiva lato sensu,
constitutiva, declaratória.
Dentre os que apoiam a divisão quinária, está (ASSIS, 2009, p. 7- 8), que
expõe ser a melhor classificação, pois não deixa de desconsiderar o provimento
final, conforme pode apresentar mais de uma força.
Nesse panorama, identifica-se que pela ação mandamental, o demandante
tem como objetivo uma ordem, para que outrem adote um comportamento
predeterminado, como na sentença em que se concede mandado de segurança,
enquanto que a ação executiva está voltada para uma sentença de mérito, provida
de eficácia que dispensa o ajuizamento de novo processo para sua execução, como
ocorre nas ações de despejo.
Quanto às ações declaratórias e constitutivas, o objetivo principal do
demandante é realizado com o simples provimento final procedente da ação, sendo
desnecessária a interposição de novo processo para que se alcance o “bem da
vida”.
Vale ressaltar que, nos casos em que a eficácia da sentença é
predominantemente condenatória, executiva ou mandamental, o provimento em si
não entrega ao autor o bem da vida, para tanto, sendo indispensável a realização
posterior de uma nova atividade, impondo-se a necessidade de realizar, na prática, o
comando judiciário por meio da execução forçada.
25

Com o fito de discutir e contribuir para o trabalho, interessante é a


abordagem da classificação em seu modo quinário, uma vez que engloba a divisão
ternária, sem colocá-las em situação de confronto, mas, tão somente com o intuito
de expô-las.
Não obstante, valorizam-se as palavras de (ASSIS, 2009, p. 11), que em
resumo atribui à divisão quinária o fim da necessidade de instauração de dois
processos para alcançar o “bem da vida”.
Desse modo, a necessidade de instauração de dois processos, que teve
esse procedimento mudado, conforme a Reforma trazida pela Lei nº 11.232/2005
(BRASIL, 2005), no que tange ao surgimento do sincretismo, reunião de dois
processos em um só, sendo que receberá a devida explanação no terceiro capítulo,
ademais, é pertinente no momento trazer a importância das modalidades de ações,
que recaem quanto à sua eficácia conforme fora o provimento dado pela sentença.
No mais, a limitação da classificação da ação somente dar-se-á quanto à
eficácia da sentença, é unicamente para fins de focar e viabilizar subsídios para o
presente trabalho.
Para tanto, encerra-se esse capítulo, para dar espaço à explanação dos
assuntos tangentes à formação processual, como Jurisdição, alguns princípios, tipos
de processos, entre outros relacionados com o tema.
26

2 NOÇÕES GERAIS DE PROCESSO

Para adentrar ao tópico pertinente ao processo, remete-se ao seu


significado, então, o termo processo é entendido como seguir adiante, motivo esse
que por um tempo razoável fez com que muitos confundissem processo com a
sucessão de atos processais. Não obstante, foi deflagrada uma força motivadora, a
qual justifica a técnica dos atos do procedimento, fazendo com que houvesse uma
ligação entre os sujeitos do processo. Desse modo, o processo se constitui de um
complexo que abarca atos e relações entre os sujeitos. Como explanam de
(CINTRA, GRINOVER e DINAMARCO, 2008, p. 297).
Destarte, depreende-se que o processo é caracterizado pela sua finalidade
de exercer o poder jurisdicional, então, deve o órgão judicial se equipar, para que as
atividades desenvolvidas sejam realizadas de modo coordenado.
Pelo fato de as relações sociais serem providas de interesse, muitas vezes
antagônicos, assim, consequentemente ocasionando conflitos, dada à luta para que
uma ou outra pretensão prevaleça, sendo acarretada pela resistência, o meio mais
idôneo e imparcial que a sociedade dispõe para dirimir tais conflitos se dá pela figura
do processo. Como é a afirmação de Gaio Júnior (2008, p. 05), ao mencionar a
importância de uma ordem jurídica vigente, detentora de poder para solucionar as
desavenças sociais:

É certo que a solução de controvérsia passou, ao longo do tempo, por


certas características discrepantes, se comparado com aos paradigmas dos
sistemas atuais, mas, logicamente, tendo como fruto etapas bastante
significativas tais como a sua estatização, patrimonialização e a devida
humanização.

Para tanto, isso implica em dizer que pelo Estado não poder captar todos os
conflitos que ocorrem, tem o dever de analisá-los, quando lhes são levados a juízo.
Razão de ser posto como um instrumento viável, para que ocorra a prestação do
serviço judicial, de modo a recompor as lides, assim, é imprescindível para operação
e concretude da lei, conforme aduz (SANTOS, 1998, p. 13).
Destarte, para afastar um resultado parcial, injusto ou até mesmo coercitivo,
é de incumbência do Estado, as atividades de administrar e proferir decisões ao ser
provocado, assim oferecendo um posicionamento.
27

Pois lhe atribuem á transparência e imparcialidade necessária para produzir


um julgamento igualitário, desprovido de qualquer privilégio ou prejuízo para uma
das partes, mesmo que inconsequentemente, seu veredito nem sempre agradará
uma das partes, quando em uma situação litigiosa.
Porém, é resultado de uma ordem organizada e própria para o fim destinado,
o exercício da função jurisdicional. Portanto, ocorre um repúdio para que os
indivíduos resolvam seus conflitos pelos meios da autotutela. Segundo Cintra,
Grinover, Dinamarco (2008, p. 27), que tal meio é ultrapassado e insatisfatório:

A própria repressão aos atos criminosos se fazia em regime de vingança


privada e, quando o Estado chamou para si o jus punitionis, ele o exerceu
inicialmente mediante seus próprios critérios e decisões, sem a interposição
de órgãos ou pessoas imparciais independentes e desinteressadas. A esse
regime chama-se autotutela (ou autodefesa) e hoje, encarando-a do ponto-
de-vista da cultura do século XX, é fácil ver como era precária e aleatória,
pois não garantia a justiça, mas a vitória do mais forte, mais astuto ou mais
ousado sobre o mais fraco ou mais tímido.

Então, observa-se que a autotutela era o meio escolhido para dirimir os


conflitos, devido ao fato de que se valorizava uma decisão pautada por métodos
coercitivos e violentos, para fazer prevalecer o interesse de quem dispunha de
instrumento para alcançar a satisfação de seu interesse, desta forma, a evolução
social passou por um aprimoramento, ao encarregar ao Estado a tarefa de mediar os
conflitos oriundos de relações entre os indivíduos, ressaltando a ocorrência do
fenômeno da substitutividade. Pode Santos (1998, p. 15) explicar:

Tais órgãos, ou seja, os juízes foram instituídos desde que se tornou


perniciosa à ordem jurídica a autodefesa. Nos tempos primitivos esta era a
forma de se fazer justiça. Quem se sentisse ameaçado ou contrariado em
seus interesses por ato de outrem lançava mão dos recursos que própria
força lhe proporcionava, a fim de assegurá-los. Era o regime da violência, a
negação ao direito. Chamando para si, com exclusividade, a função de
distribuir a justiça, de exercer a função jurisdicional, de declarar e aplicar o
direito ajustável aos conflitos de interesses individuais.

Prima-se pontuar que conceder ao Estado o poder de decidir as lides, exime


a prevalência de qualquer interesse promovido e imposto por parte de uma dos
litigantes, tendo a substituição da vontade das partes pela do Estado-Juiz. Destarte,
admite-se um sistema legítimo, uma vez que as partes são cientes do poder
embutido de uma decisão proferida pelo órgão jurisdicional.
Assim, conquanto surja um conflito de interesses, sem que os conflitantes
28

não ponham termo, tendo desestabilização da vida social, resta ao Estado impor a
sua intervenção, pois é ente desprovido de qualquer interesse do conflito, para
alcançar a solução. Em outras palavras é o saber de (ALVIM, 2007, p. 22).
Com o escopo de sempre melhorar, tanto no modo de execução como pelo
meio escolhido para o serviço jurisdicional alcançar seu fim, a evolução do Processo
Civil foi influenciada pelos estudos das teorias acerca da ação, como explanadas no
primeiro capítulo, então, plausível o pensamento de Dinamarco (1998, p. 18):

Tinha-se, até então a remansosa tranqüilidade de uma visão plana do


ordenamento jurídico, onde a ação era definida como o direito subjetivo
lesado (ou: o resultado da lesão ao direito subjetivo), a jurisdição como
sistema de tutela aos direitos, o processo como mera sucessão de atos
(procedimento); incluíam a ação no sistema de exercício de direitos (jus
quod sibi debeatur, judicio persequendi) e o processo era tido como
conjunto de formas para esse exercício, sob a condução pouco participativa
do juiz [...] Foi esse sincretismo jurídico, caracterizado pela confusão entre
os planos substancial processual do ordenamento estatal, que no século
XIX principiou a ruir.

Assim, conforme a exposição das teorias da ação, em uma temática


cronológica, observa-se que o sincretismo, ou seja, a colocação do direito
substancial e processual em uma mesma ordem passou pela crise, devido à direção
da cobrança pela prestação do serviço jurisdicional se dar em face do Estado-Juiz e
não da parte contrária, essa reservada ao bem litigioso.
Entrementes, superada a discussão e com um novo modo de visualizar a
ação, focando-a autônoma, também recaiu sobre o processo tal mudança, assim,
como ocorreu com o direito processual, não concebido mais como acessório do
direito material, assumindo independência, conforme se davam os debates
científicos, é como informa (CINTRA, GRINOVER e DINAMARCO, 2008, p. 48).
Para tanto, segundo Alvim (2007, p. 91), a terceira fase do processo passou
a buscar a finalidade de sua instituição, visando-se a sua aplicação de um modo
mais eficaz e célere conforme as lides suscitas, pois a busca por uma simplificação
significava a utilidade do processo, como transpõe:

[...] aproveitando-se dos valores universais da ciência jurídica processual da


atualidade, e mesmo modo passado, objetivar a simplificação desse
instrumento” que o Estado Põe à disposição dos litigantes, a fim de
administrar justiça”. Na medida em que se atinja essa simplicidade, sem
decorrer prejuízo para as partes litigantes, em função do amplo contraditório
ao longo de todo o evolver do processo, é que se estará dotando a Justiça
29

de um instrumento realmente útil (=eficiente) e, portanto, digno de sua


missão.

Na mesma linha, Cintra, Grinover e Dinamarco (2008, p. 49) expõem que a


fase instrumentalista significa muito mais que uma simples prestação de serviço
fornecido pelo Estado. Assim, fazem um paralelo com a relação de consumo,
quando o serviço é posto para desfrute dos litigantes, uma vez que é provocado.
Então, decorre o entendimento de uma atividade executada com preocupação no
que tange à satisfação de quem é abrangido:

A fase instrumentalista, ora em curso, é eminentemente crítica. [...] é preciso


levar em conta o modo como os seus resultados chegam aos consumidores
desse serviço, ou seja, à população destinatária.

Contudo, ocorre que as fases pelas quais o processo vem passando, ao


longo do tempo, foram essenciais para alicerçarem uma ordem capaz de atender
aos seus jurisdicionados, com a utilização de um modo de maior amplitude e eficácia
possível.
Então, o processo é visto não como um instrumento meramente técnico,
exposto pela ordem jurídica vigente, pois, mais que isso, é um mecanismo que tem a
potencialidade de exerce grande feitos, uma vez que se encontra predisposto para
atender aos membros sociais e ao Estado, fazendo a transformação na realidade
fática. Como dispõe Levenhagen (1996, p. 92): “é a via pela qual o Estado exerce a
função jurisdicional, quando chamado a prestá-la.”
Sem maiores prejuízos, e como feitas as devidas pontuações necessárias,
licencia-se para tratar da Jurisdição.

2.1 JURISDIÇÃO

A jurisdição é outro ponto de relevo, pela sua extrema importância na seara


processual, pois se trata de um instituto munido de realizar os ditames inerentes à
atividade jurídica, qual seja a pacificação social de conflitos.
Contudo, por meio de referida atividade exercida, viabiliza a demonstração
de seu poder com uma envergadura cogente e impositiva para os administrados.
30

Destarte, a jurisdição é concebida como poder, função e atividade, institutos


interligados para a execução da lei. Pois, a força que tem para se fazer impositiva
sua decisão, assim, revela seu poder, caso contrário, não teria o condão de ampla
abrangência e respeito.
Ao mesmo tempo, paralelo ao poder está a sua função expressa pelos
órgãos estatais encarregados de aplicação da lei, em prol da pacificação de conflitos
interindividuais. Já no que concerne à sua atividade, a relação é com o complexo de
atos realizados pelo juiz. Sendo que a função, atividade e poder somente serão
visualizados quando se tem um processo em condições legítimas, devido à sua
estrutura, dessa forma, teve o devido processo legal. Segundo (CINTRA,
GRINOVER e DINAMARCO, 2008, p. 147).
No que tange à função da jurisdição, é cediço e basilar entendê-la como um
mecanismo de alcance para a harmonia social, ou seja, sua razão de ser
unicamente se vincula ao atendimento de solucionar os conflitos, assim, o ápice é a
concretude de tal feito, de modo que deixa evidente a sua persecução aliada aos
textos legislativos, para tanto, Dinamarco (1998, p. 159) aduz:

Assim a jurisdição, como expressão do poder político. Saindo da extrema


abstração consistente em afirmar que ela visa à realização da justiça em
cada caso e, mediante a prática reiterada, à implantação do clima social de
justiça, chega o momento de com mais precisão indicar os resultados que,
mediante o exercício da jurisdição, o Estado se propõe a produzir na vida da
sociedade. Por esse aspecto, a função jurisdicional e a legislação estão
ligadas pela unidade do escopo fundamental de ambas: a paz social.

Não obstante, a função da jurisdição só consegue a sua concretude e um


alcance amplo graças ao poder que lhe é investido, segundo Santos (1998, p. 71),
será dividido em três esferas: decisão, coerção e documentação:

O poder de decisão [...] consiste no poder de conhecer, prover, recolher os


elementos de prova e decidir. Compreende-se nesse poder tanto o de
decidir definitivamente a lide, pela atuação da vontade da lei ao caso
(decisões de mérito), como o de decidir quanto aos limites e modos do
exercício da própria atividade jurisdicional. Ali o juiz atua a lei material; aqui
a lei processual. O poder de coerção se manifesta flagrantemente no
processo de execução, quando se trata de compelir o vencido ao
cumprimento da decisão. Mas também exerce-o o juiz nos processos de
conhecimento e cautelares, como quando ordena intimações de partes e
testemunhas, determina desentranhamento de documentos, comina ou
aplica penas. Finalmente, o poder de documentação, eu resulta da
necessidade de representação por escrito dos atos processuais.
31

Então, quanto a esta explanação, verifica-se que o poder da jurisdição está


abarcado de atributos, quais sejam a decisão, coerção e documentação, que são
propiciadores de tamanha força para conseguir gerenciar e organizar a atividade
judicial.
Pois, ao conceber um poder decisório se reconhece a potencialidade de
analisar, averiguar ou escolher os elementos necessários, para que possam formar
toda a contextualização e proporcionar provas robustas para se proferir uma
decisão.
Já em relação à coerção, nota-se que conforme decisão proferida, de uma
atividade reconhecidamente legítima como é a jurisdicional, seu poder não seria tão
forte se não pudesse ser imposto e acatado, como é o viés da coerção,
principalmente, no caso dos processos de execução e cautelar. Pois, a simples
declaração de que se tem direito não é o suficiente para que a outra parte promova
a sua efetividade.
Ao que ocorre com a documentação, é de se valorar a transposição dos atos
processuais para conhecimento, então, uma vez que estão documentados estão em
perfeito estado de apreciação, e do material necessário para o que se pleiteia.
Assim, o poder de documentação é uma exteriorização para deslindar o que ocorre a
tramitação processual. Sendo cediço que, a cada litigante envolvido no conflito, ao
fazer a alegação de um fato, deve demonstrar a sua veracidade, senão vejam as
palavras de (CINTRA, GRINOVER e DINAMARCO, 2008, p. 70).
Dessa forma, a jurisdição que o Estado exerce somente se configura pelo
fenômeno da substituição, que é uma de suas características, assim, tamanho poder
da atividade jurisdicional só encontra guarida por causa da ocorrência da
substituvidade, pois caso contrário, não se tinha razão em provocar o Poder
Judiciário, conforme pudesse resolver de pronto pela parte. Como assevera Santos
(1998, p. 70):
Diversamente, a jurisdição é uma atividade secundária substitutiva, porque
se exerce em substituição à atividade das partes, que seria a atividade
primária. Realmente, a atividade das partes em conflito se substitui pela do
juiz, a fim de compô-lo e resguardar a ordem jurídica. O juiz nunca é parte
no conflito, mas um terceiro estranho a este.

Contudo, a potencialidade da jurisdição também está ligada aos princípios


que lhe regem, devido ao sustento que esses lhe proporcionam, como se observa
que na maioria das vezes é um princípio mais valorado e respeitado do que a própria
32

norma, ocasião em que se faz a exposição dos princípios da jurisdição, quais sejam:
investidura, indelegabilidade, inevitabilidade, inafastabilidade, juiz natural, inércia,
aderência ao território. Quanto à investidura, o autor Gaio Júnior (2008, p. 33)
sintetiza que:
Determina que a jurisdição somente será exercida por quem tenha sido
regularmente investido da autoridade de juiz. Neste sentido, a investidura da
autoridade de juiz se faz por dois meios distintos:- por concursos de provas
e títulos para o ingresso na carreira de juiz de 1º grau (art. 93, inciso I); -
pelo quinto constitucional para o ingresso de advogados e membros do
Ministério Público no cargo de juiz nos tribunais colegiados de 2º grau de
jurisdição (art. 94 da CF).

Portanto, falar de investidura é fazer referência à atividade substitutiva do


Estado, por uma via legítima de reconhecimento aos que estão em perfeita aptidão
para concretizá-la.
No que tange ao princípio da indelegabilidade, concebe-se que é dada à
jurisdição a um Poder, o Judiciário, não pode haver o repasse para outro Poder
exercê-la, pois sua atividade típica é dirimir os conflitos, como Meirelles (2007, p. 60-
61) assevera: “[...] a função precípua do Poder Judiciário é a aplicação coativa da lei
aos litigantes (função judicial)”
Ainda complementa Santos (1998, p. 72), que a função primordial do Poder
Judiciário é conteúdo de matéria constitucional, para firmar o preceito de que os
Poderes Estatais: Legislativo, Executivo e o Judiciário, apresentam independência e
harmonia, para que possam exercer suas atividades sem qualquer subordinação, no
entanto, somente se atentando para que não haja a invasão de esferas:

O juiz exerce a função jurisdicional por delegação do Estado e não poderá


delegá-la a outrem, mas deverá exercê-la pessoalmente. Rege a matéria a
regra proibitiva implicitamente contida no art. 2º da Constituição Federal,
que dispõe: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Quanto ao princípio da aderência ao território, tange ao episódio de que a


jurisdição limita a atuação de seus agentes, para fins de organizar o atendimento
aos jurisdicionados, portanto, a jurisdição deve ser exercida dentro do território
fixado ao juiz, e caso esteja fora de sua circunscrição territorial não exerce a
jurisdição, passando a ser um cidadão particular. É como explica (SANTOS, 1998, p.
72).
No que concerne ao princípio da inevitabilidade, a referência é para o poder
33

de imposição que exerce perante os jurisdicionados, pois sem qualquer privilégio ou


prejuízo, todos os membros sociais estão abarcados pelos comandos da lei. É como
Cintra, Grinover e Dinamarco (2008, p. 155) preceituam: “[...] sendo uma emanação
do próprio poder estatal soberano, impõe-se por si mesma, independentemente da
vontade das partes”.
Para o princípio da inafastabilidade é sublime o entendimento do artigo 5º,
XXXV, da Constituição Federal (BRASIL, 1988), de que não pode o Judiciário se
opor de apreciar as demandas que lhe chegam. Assim, não pode o juiz se escusar
de um julgamento, por motivos de obscuridades da lei ou mesmo lacuna. Pois, a lei
lhe confere meios que possam integrar e sanar tais vícios, sejam eles: a equidade,
analogia, princípios gerias de direito e costumes. De acordo com (GAIO JÚNIOR,
2008, p. 35).
Já para o princípio do juiz natural, tem-se que a investidura para o
julgamento dos conflitos não se realizarão com caráter de pessoalidade, isto é, não
há criação de um corpo judicial para se resolver um conflito específico, o
denominado Tribunal de Exceção. Dessa forma, com a figura do juiz natural se
garante um veredito eximido de parcialidade, como assinala Alvim (2007, p. 162):

O primeiro deles é de que somente é juiz aquele integrado no Poder


Judiciário, na conformidade do que esteve prescrito em leis anteriores ao
caso que seja por ele decidido. É o princípio do juiz natural. Desta forma, na
sistemática constitucional, juízes são aqueles que legalmente, ocupem os
cargos nos juízos e tribunais, constitucionalmente previstos (CF, art. 92, I a
VII), cujos cargos tenham sido legitimamente criados, pela legislação própria
e infraconstitucional.

Então, para se explanar acerca da inércia, revela-se que não cabe e nem é
permitido ao Poder Judiciário procurar lides para resolver, mas tão somente apreciar
as que lhe são expostas pelas partes, portanto, seja pela inviabilidade ou para não
comprometer com a imparcialidade dos juízes, as parte devem provocar a jurisdição
para receberem a devida apreciação de sua pretensão, como fala Alvim (2007, p.
163):
Nessas condições, para que seja acionada a jurisdição, faz-se essencial a
atividade da parte ou do interessado no processo civil. Depois, desenvolve-
se o processo por impulso oficial (art.262). Isto quer dizer que não é
necessária a cada momento a presença da parte para requerer o
andamento da causa, que se dá oficialmente (embora não de forma total-v.
art. 267, I e III). De quando vez, no entanto, as partes devem requerer a
prática de atos específicos ou tomar outras providências para a
movimentação do processo.
34

Desta maneira, cabe pontuar que a jurisdição sendo uma atividade, função
ou poder do Estado deve atender aos seus jurisdicionados da melhor forma
possível, então, necessária é a distribuição territorial entre os sujeitos responsáveis
por promovê-la, com a especificação do trato para cada matéria.
Com esse seguimento, passa-se ao tópico tipos de processo, que está entre
uma dessas consecuções atribuídas aos órgãos e juízes.

2.2 TIPOS DE PROCESSO

Como já exposto, as considerações sobre processo, bem como sobre


jurisdição, tem-se subsídios que possam facilitar a captação quanto ao presente
tópico, uma vez que são temas de intrínseca relação. Portanto, para melhor
exercício da atividade jurisdicional, com utilização da via processual, a divisão de
processo é um procedimento tendente a facilitar o trato para com as lides. Como
assinala Marinoni (2001, p.67): “A tutela específica deve ser pensada em face das
diversas situações de direito substancial carentes de tutela.”
Destarte, o sistema processual brasileiro divide conforme a finalidade da
matéria: conhecimento, execução e cautelar. Para tanto, Montenegro Filho (2008, p.
9) explica sobre o primeiro:

O processo de conhecimento é formado a partir do exercício do direito de


ação pelo autor; através da apresentação da petição inicial em juízo
(qualificando-se como pressuposto de constituição do processo), dando
enseja á citação do réu (que de igual modo assume a condição de
pressuposto de constituição do processo), abrindo-lhe ensejo para a
apresentação da defesa, nas espécies possíveis da contestação, das
exceções de incompetência relativa, de impedimento e de suspeição, da
reconvenção e da impugnação ao valor da causa.

Como o próprio nome denominado, o processo de conhecimento é utilizado


para que se leve ao juízo, meios capazes de fazer o convencimento das alegações
feitas, para o pleito de um direito. Destarte, precisa-se fazer a colação de provas que
respaldem as afirmações, pois não basta aclamar sem mostrar ao juiz a razão de
assistir posição favorável ao pedido. Contudo, o juiz faz a cognição dos fatos
pautando seu veredito nas provas apresentadas, que foram robustas e
35

contundentes.
Nesse panorama, observa-se que há audiências de instrução e julgamento,
para o colhimento das provas colacionadas aos autos, como depoimento pessoal
das partes, inquirição de testemunhas, perícias, apresentação de documentos, entre
outras. Isso, para que possa o magistrado concluir a lide.
Assim, o itinerário para se chegar à sentença, que não extingue o processo,
todavia encerra a fase de cognição, e tendo a certificação do direito material seja
favorável ao pleiteante ou até ao réu, caso haja resistência acarretando na
frustração dessa certificação, resta, em fase de execução, ao representante judicial
intervir, para que o direito seja realizado. Como aduz (MONTENEGRO FILHO, 2008,
p. 10).
Já o processo em sua forma cautelar exige que, o autor apresente ao juízo,
um pleito respaldado por uma situação de possível lesão, mas sendo que tal
hipótese apresente brevidade quanto à ocorrência de um dano, caso o pleito não
seja atendido, assim, o autor pode trazer em seu pedido provas que não estão
robustas, mas deve apresentar fatos, que no momento, possam valorar a
procedência do pedido, dada a necessidade, em comparação das provas que lhe
recaem.
Portanto, como explica Cintra, Grinover e Dinamarco (2008, p. 317), em
sede de cautelar, a busca é para que mal maior seja evitado, contudo, não se tem
toda dilação probatória como ocorre no processo de conhecimento:

A atividade cautelar foi preordenada a evitar que o dano oriundo da


inobservância do direito fosse agravado pelo inevitável retardamento do
remédio jurisdicional (periculum in mora). O provimento cautelar funda-se
antecipadamente na hipótese de um futuro provimento jurisdicional
favorável ao autor (fumus boni iuris): verificando-se os pressupostos do
fumus boni iuris e do periculum in mora, o provimento cautelar opera
imediatamente, como instrumento provisório e antecipado do futuro
provimento definitivo, para que este não seja frustrado em seus efeitos.

Dessa forma, visualiza-se que para se conceder o pleito em ordem cautelar,


deve o demandante mostrar que os trâmites normais, quando do trato da matéria,
seja pelo tempo que se juntará as provas aos autos, ou o juiz despachar, outra parte
ser citada, são medidas que possam acarretar na demora, nesse contexto, aborda
Nogueira (2001, p. 230):
36

Na tutela cautelar, no entanto, se está simplesmente, sem antecipação do


convencimento de mérito, protegendo possível direito do autor, em caso de
prosperar ação principal, para que não seja inviabilizada, resultado
inexecutável. Há, pois, de haver fundado receio que uma das partes possa
causar prejuízo grave ou irreparável à outra. A decisão sobre o direito
material, por conseguinte, deve ser postulada na ação principal, não na
tutela cautelar.

Contudo, atrasar o percurso dos autos até a procedência da medida, pode


representar um trabalho em vão posteriormente, se considerar o atraso como
irreversível para que a tutela demanda seja efetivada.
Para tanto, para que o juiz acelere tais etapas a demanda deve apresentar
dois pressupostos, quais sejam: a fumaça do bom direito e o perigo na demora.
Pois, no decorrer da atividade jurisdicional o magistrado sempre se deparará com
pleitos desesperados por medidas urgentes, no entanto, na imprecisão de decidir se
um ou outro merece uma tutela urgente, o julgador se furtará por atender esses dois
requisitos, pois, é preferível transigir com os institutos a negar a prestação justa,
incumbida ao Estado, uma vez que todos lhe recorrem para defesa de direitos e
interesse. Conforme (THEODORO JÚNIOR, 2004, p. 480).
Interessante é a observação de que no processo cautelar se tem um único
procedimento, pois o conhecimento e a execução ocorrem juntamente, sem que
possa distinguir uma fase da outra, para que a tutela de urgência implementada,
desse modo, sem que haja a separação, devido o interesse ser um só. Assim é que
demonstram (CINTRA, GRINOVER e DINAMARCO, 2008, p. 342).
E por último, o processo de execução, o qual é tratado como uma atividade
jurisdicional de concretude, devido nesse âmbito não se procura provar a quem o
direito é assistido, dispensando a farta dilação probatória que é essencial ao
processo de conhecimento, e sim na execução de uma decisão proferida em sede
de conhecimento, em momento anterior, a qual reconheceu o pleito, portanto, é um
momento de satisfação, como Assis (2009, p. 13) aduz:

Daí porque o provimento condenatório outorga ao vitorioso uma autorização


especial para executar. É o titulo executivo. Embora tenha sido eliminado o
princípio expresso, não há dúvidas de que, nesses casos, permanece
implícito porque um cumprimento (art. 475-N) e a execução (art.585)-
palavras que têm a mesma significação- Têm lugar sempre com base num
dos títulos previstos na lei. Seja como for, a nova técnica legislativa permite
distinguir duas espécies de execução: mediata e imediata.

Ademais, o processo de execução será tratado no próximo tópico, na


37

oportunidade cabe expor que cada processo tem sua atividade predominante, sem
deixar de realizar, em alguns momentos, as atividades pertinentes aos outros
processos. Contudo, sem significar usurpação.

2. 3 PROCESSO DE EXECUÇÃO

No tópico anterior houve uma pequena dissertação acerca do processo de


execução, em decorrência disso, será necessário expor alguns aspectos desse
momento processual. Contudo, primeiramente, deve-se tomar conhecimento de seu
surgimento. Para tanto, Theodoro Júnior (2007, p. 6) expõe que:

O direito processual civil do final do século XX deslocou seu enfoque


principal dos conceitos e categorias para funcionalidade do sistema de
prestação de tutela jurisdicional. Sem desprezar a autonomia científica
conquistada no século XIX e consolidada na primeira metade do século XX,
esse importante ramo do direito público concentrou-se, finalmente, na meta
da instrumentalidade e, sobretudo, da efetividade. [...]. Nessa ótica de
encontrar a efetividade do direito material por meio dos instrumentos
processuais, o ponto culminante se localiza, sem dúvida, na execução
forçada, visto que é nela que, na maioria dos processos, o litigante
concretamente encontrará o remédio capaz de pô-lo de fato no exercício
efetivo do direito subjetivo ameaçado ou violado pela conduta ilegítima de
outrem.

Portanto, é pertinente relacionar que a importância do momento de execução


é o objetivo propulsor do interesse do litigante, ao mover a demanda. Pois antes o
simples reconhecimento por uma decisão que declare um direito, sem que se tenha
a sua execução, não coloca o demandante em posição de total satisfação. Nesse
contexto, é como se a execução conseguisse fazer a ligação do mundo abstrato,
que se vislumbra o processo, com a realidade do pleiteante.
Destarte, grifa-se que a execução é conceituada como uma fase que opera
no sentido de providenciar o pleito aclamado, consequentemente deixa o vencedor
em contato com o que lhe interessa. Como doutrina Assis (2009, p. 4): “dá-se o
nome de execução àquelas operações que, em decorrência da natureza do
provimento reclamado e obtido pelo vitorioso se destinam a entregar-lhe o bem da
vida.”
Como de sabença, com o ajuizamento da execução, a pretensão maior do
exequente é ter o efetivo alcance do “bem da vida”. Assim, o objetivo da execução é
38

conceder ao litigante o exercício do seu direito, entendido esse como o “bem da


vida”. Tal satisfação se realiza no mundo dos fatos e não na simples declaração ou
constatação do direito.
Conforme Theodoro Júnior (2007, p. 8), no direito antigo de origem românica,
a execução se procedia da seguinte forma:

O exercício do direito de ação fazia-se, primeiramente, perante o praetor


(agente detentor do imperium), e prosseguia em face do iudex (um jurista, a
quem o praetor delegava o julgamento da controvérsia-iudicium) [...] Dentro
desse prisma, somente por meio de outra ação se tornava possível obter a
tutela da autoridade pública (imperium) para levar a cabo a execução do
crédito reconhecido pelo iudex, quando o devedor não se dispunha a
realizá-lo voluntariamente. Daí a existência da acto iudicati, por meio da
qual se alcançava a via executiva.

Ora, observa-se que no direito antigo, o pleiteante não desfrutava de posição


muito favorável, pois se por um lado o devedor, dificilmente, cumprirá o comando
executivo de forma espontânea, por outro, era necessário instaurar dois processos,
sendo um para reunir elementos probatórios acerca da existência do direito do
pleiteante, em que, uma vez findo sendo reconhecido o pleito, ficaria o demandante
apto para demandar nova ação perante o órgão executor, portanto, outro processo,
a fim de obter a concretude do direito, por meio da sua execução.
Dessa forma, do momento que se acionava a via processual até chegar ao
tempo de gozar seu direito significava um longo roteiro. Sendo que muitas vezes,
desnecessário o usufruto do direito, haja vista o seu perecimento ou mesmo a
extinção de sua finalidade. Assim, razão para que houvesse mudanças, com intuito
de oferecer um serviço de modo mais célere, como explica Theodoro Júnior (2007,
p. 9):
O processamento dos litígios passou a ser feito apenas perante o praetor, e
seus auxiliares permanentes e especializados, de sorte que a sentença já
era ato emanado do próprio detentor do imperium, visto que este, então,
enfeixava em suas mãos, também o iudicium. A prestação jurisdicional se
tornou pública, desaparecendo a conformação privatística e arbitral de suas
origens.

Denota-se, que somente no tocante ao tipo de justiça, passou a ser pública,


significando maior imparcialidade para os que buscavam a via processual. Assim, foi
abandonada a figura de outro órgão, para realizar o processo de execução, havendo
a concentração nas mãos do preator, o qual outrora era tão somente o conhecedor e
39

declarador de um direito, sem que tivessem em sua órbita os poderes para conduzir
o procedimento de execução.
Então, ao fazer um paralelo com a evolução da ação, observa-se que há
íntima relação com os ditames da execução processual, pois em outros tempos,
tinha-se uma justiça realizada de modo privado, acentuando que o seu procedimento
era muito demorado, pois para alcançar a satisfação precisava mover dois
processos, perante dois órgãos diversos.
Desse modo, o processo sempre foi definido como instrumento de alcance
do direito material. Contudo, diante da intensa burocratização dos procedimentos
judiciais e da morosidade no andamento da tramitação do processo, o pleiteante só
era posto no exercício efetivo de seu direito após longo período de litígio e perante o
ajuizamento de mais de uma ação e em muitas vezes sequer alcançava a satisfação
parcial do seu direito.
Contudo, essa concentração de tarefas para um mesmo órgão significou
avanço processual, pois acabou por extirpar procedimentos que faziam com que a
execução fosse realizada em um percurso mais demorado.
Paralelamente, observa-se que no processo civil brasileiro, a maioria das
reformas ocorreu na parte de execução, isso pode ser explicado pela grande
preocupação em garantir aos litigantes maior satisfação em menor tempo possível,
conciliando o respeito às formas e etapas do processo, porém eliminando alguns
métodos que emperrem o itinerário do processo. É como se depreende das palavras
de Carmona (2007, p. 153):

De fato a opção do legislador (Lei 8.952/1994) foi a de conceder ao juiz


mais poderes para fazer cumprir sua própria sentença, alterando em certa
medida a estrita correlação entre pedido e sentença (princípio da
congruência): com efeito, a partir de 1994 deu-se ao juiz poderes para
implementar “medidas de apoio” (mecanismo de coerção que tendem a
quebrar a resistência do vencido e que não dependem sequer de
requerimento pela parte vencedora).

Então, ocorre que a reforma advinda da Lei nº 8.952/1994 (BRASIL, 2004),


foi para que a temática executiva deixasse de ser rígida e estática, para adentrar
nesse panorama uma maior mobilidade ao juiz, sem deixar que usurpasse da
posição do demandante, para tão somente colocar os atos executórios em cenário
prático.
40

No momento, o trato será dos princípios regedores do processo, que são de


suma importância no que tange à sua finalidade.

2.4 PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO PROCESSO

Para que o sistema processual civil brasileiro, assim como os demais tipos
de processos como ocorre com o penal, trabalhista, entre outros, a sua força é
assumida e gerada pelos princípios que lhes dão o revestimento compactado, para
não ficar em posição de vulnerabilidade.
No entanto, a presença dos princípios não significa o engesso da ordem
processual, então, fica nessa predisposição de se fazer valer sem perder a essência
e a finalidade de atender aos jurisdicionados da melhor forma possível, sem
comprometer o julgamento imparcial.
Para tanto, no tópico referente à jurisdição, foram feitas as devidas
considerações acerca dos principais princípios que lhe norteiam e que também
exercem grande importância para o prosseguimento processual. Assim, necessário
expor outros que são basilares na presente sede.
Dentre eles, a instrumentalidade das formas, a celeridade processual e o
impulso oficial, os quais são de grande contribuição para alicerçarem o presente
trabalho. Então, com sua obra, Dinamarco (2005, p. 149) fala sobre a
instrumentalidade das formas processuais:

O raciocínio teleológico há de incluir então, necessariamente, a fixação dos


escopos do processo, ou seja, dos propósitos norteadores da sua instituição
e das condutas dos agentes estatais que o utilizam. Assim é que se poderá
conferir um conteúdo substancial a essa usual assertiva da doutrina,
mediante a investigação do escopo, ou escopos em razão dos quais toda
ordem jurídica inclui um sistema processual.

Não obstante, o princípio da instrumentalidade das formas, na verdade é


uma junção dos princípios da finalidade e do não prejuízo, portanto, configura-se
que a atividade jurídica deve visar um aproveitamento de atos praticados no
processo, que não respeitaram as devidas formas, porém que não tem o condão de
causar grandes danos, podendo haver a convalidação, pois se prima pela serventia
ao direito material, conforme (PORTANOVA, 2005, p. 189).
Nesse sentido, extrai-se que o princípio da instrumentalidade das formas
41

possui um caráter composto, pois ao mesmo tempo em que se busca atingir uma
finalidade, proferir um julgamento e ser executado, razão de seu roteiro, acorda-se
com a ideia de que se deve ter um aproveitamento do trabalho despendido ao longo
do trâmite processual, para o caso de realizá-lo de forma diversa preceituada pelas
regras. Pois foi o escopo, ao qual destina a movimentação processual procurando
atingir a devida prestação, dentro dos limites das regras processuais, porém as
executando sem excessiva formalidade. Ainda, Dinamarco (2005, p. 302) afirma:

Em situações inúmeras e imprevisíveis, coloca-se para o intérprete o dilema


entre duas soluções, uma delas mais acanhada e limitativa da utilidade do
processo e outra capaz de favorecer a sua efetividade. E pairam ainda no ar
muitos preconceitos irracionais que opõem resistência à plenitude da
consecução dos objetivos eleitos. É dever do juiz e do cientista do processo,
nesse quadro, romper com eles e dispor-se a pensar como mandam os
tempos, conscientizando-se dos objetivos de todo o sistema e, para que
possam ser efetivamente alcançados, usar intensamente o instrumento
processual.

Destarte, pode se depreender que suprir formalidades pode ocasionar uma


atividade de maior celeridade, constituindo outro princípio muito referendado no
ordenamento processual, porque muitas vezes, a satisfação tardia de um direito
pode não mais resolver ou extirpar a finalidade para qual fora proposta a demanda,
como flagra Portanova (2005, p. 171):

Em busca da celeridade, a Constituição Federal oportunizou uma quebra do


princípio de competência da União para legislar sobre direito processual
(CF, inc. I, art. 22). O inc. XI do art. 24 atribui aos Estados e ao Distrito
Federal competência para legislar em concorrência com a União sobre
procedimento em matéria processual. Não tem sido fácil valer-se de tal
permissivo. A maior dificuldade reside em encontrar-se o espaço adequado
para a legislação estadual, porquanto não é absolutamente tranqüila a
distinção entre processo e procedimento. As pedras no caminho da
celeridade são o acúmulo de serviço (originário dos muitos conflitos sociais
que aportam ao Judiciário) e o pequeno número de juízes. O Estado é
tímido em promover a melhor distribuição da riqueza nacional com vistas a
diminuir os conflitos sociais. Já o Judiciário é tímido em promover a criação
de cargos de juízes em proporcionalidade razoável ao número de feitos que
acorrem à Justiça. Enquanto não diminuírem os conflitos sociais ou
aumentarem os juízes, sempre haverá sobrecarga de trabalho e
justificativas para a morosidade do Poder Judiciário.

Ora, observa-se que o autor faz críticas ferrenhas sobre as deficiências,


pertinentes à prestação dos serviços jurisdicionais, pois tanto se visualiza grande
volume de demandas, causadas pela falta de políticas públicas que visem uma
melhor distribuição de renda, tendentes a uma igualdade entre os membros sociais,
42

acarretando o abarrotamento do Judiciário, esse que por sua vez não supre tal
lacuna com o devido empenho que necessita, assim, compromete a resolução das
lides em menor tempo possível, pois o corpo técnico não está composto de forma
suficiente.
Sendo que, para a formação do princípio da celeridade é encontrado o da
economia processual, pois com a extinção de atos ou diligências que poderiam se
utilizar de um longo período para serem efetivados, assim, acarretaria em um custo
maior tanto para o Estado, muitas vezes o promovedor de tais diligências, como para
as partes, que sem qualquer necessidade teriam esse encargo. Então, ao eliminar
alguns procedimentos desnecessários se busca a celeridade do andamento
processual, bem como sua economia.
Contudo, para reforço do princípio da inércia se tem a vedação do impulso
oficial, pois, é vedado ao magistrado que promova atos que são de incumbência das
partes realizarem. É matéria de muita importância, conforme se observa que haverá
uma flexibilização, caso se tenha expressa previsão em lei que autorize a atuação
do juiz de modo ex officio, como é a redação do art. 797, do Código de Processo
Civil (BRASIL, 1973). Destarte, o impulso oficial se constitui na atuação do juiz
quanto e tão somente em dar movimento de fase em fase do processo, uma vez
instaurada a relação processual. Portanto, limitado ao trâmite administrativo do
processo, sem que invada a esfera das partes.
Assim, explanar sobre a vedação ao impulso oficial é simplesmente, remeter
ao caminho da temática processual, onde houve a passagem de um juízo particular
e parcial, para dirimir os conflitos, sendo que por tal princípio, com o decorrer do
tempo, o que se encontra é o afastamento do julgador, para que não ultrapasse o
campo das partes, sem que isso comprometa com a celeridade do andamento do
processo, pois, caso contrário, atingiria o devido processo legal.
Destarte, para que o processo se constitua de elementos que reforcem tanto
a sua eficácia como sua legalidade se muni de princípios. Nem menos importante
um ou outro, o intuito é a formação de um complexo que procure concretizar a lei no
mais breve e com maior satisfação possível. Para isso, a lição é a de que, tanto os
princípios da jurisdição como os do processo, são encontrados para esses fins de
eficácia por via legal.
Ademais, prossiga-se para que o próximo capítulo, o qual se compromete
em expor um raciocínio para a compreensão da temática do trabalho.
43

3 SINCRETISMO PROCESSUAL

Em linhas anteriores foi exposto, que tanto a instrumentalidade como a


efetividade são nortes que guiam o processo. Para tanto, a execução foi o instituto,
em processo civil que mais sofreu modificações, isso pode estar relacionado com a
sua finalidade de colocar o litigante em posição de alcance e exercício de seu
direito. De suma importância as palavras de Câmara (2007, p. 161-162):

A Lei nº10. 444/2002 modificou o modelo anteriormente existente


(ressalvadas, apenas, as obrigações pecuniárias, em relação às quais
continuou a existir o binômio processo de conhecimento + processo de
execução) [...] a execução é um prolongamento do processo, que não é
mais nem puramente cognitivo nem puramente executivo, mas um processo
misto, sincrético, em que as duas atividades se fundem. Além da
simplificação trazida para o sistema executivo brasileiro, a obtenção de
tutela jurisdicional plena pode ser alcançada mais rapidamente.

Nesse entrementes, observa-se que a separação dos processos de


conhecimento e de execução se tornou inviável, pois se o intuito da atividade
processual é oferecer um serviço revestido de efetividade, sendo que a morosidade
e os procedimentos burocráticos podem significar um revés para o pleiteante exercer
seu direito, sem razão para se ter procedimentos com longa duração. Em
decorrência disso, foram imprescindíveis as reformas processuais ocorridas, como
observa Wagner Júnior (2008, p. 457) ao falar da Lei nº 11.232/2005 (BRASIL,
2005):
[...] entre a provocação do Poder Judiciário para resolver a sua lide
(ajuizamento da petição inicial) e a efetiva obtenção do beneficio
(recebimento do bem da vida), era submetida, em algumas vezes, ao
trâmite de quatro processos. É que o jurisdicionado ingressava com uma
ação de conhecimento, que se julgada por uma sentença genérica, dava
ensejo a uma ação de liquidação de sentença, cuja decisão, se não
cumprida voluntariamente pelo vencido, exigia a interposição de uma ação
de execução. [...] promulgou-se, então, a Lei nº 11.232/05, que na prática
aglutina todas as quatro ações antes mencionadas em uma única relação
processual, identificada, doravante, por várias fases.

Para dar alento, prima-se fazer a consideração de que em linhas anteriores


foi dada a explicação acerca das teorias da ação, que ocasionalmente, exerceram
grandes reflexos na ordem processual. Não obstante, pela nomenclatura de
sincretismo, em meio a uma fase de confusão entre direito material e processual,
foram apresentados junto ao que se identificava como ação em vertente civilista.
44

Todavia, parte da doutrina vem denominando processo sincrético como um


procedimento que pode reunir em um mesmo momento etapas que possuem
naturezas diferentes, que por formalismo e organização possui uma divisão. Nesse
panorama, identifica-se o processo de cognição e de execução. Nesse sentido, em
artigo científico na prática jurídica, Silveira e Santana (2010, p. 60) apontam o
seguinte:
Com as Leis 8. 952/94, 10. 444/02 e 11. 232/05, ganhou força a era da
efetivação das decisões judiciais, a qual largou ao desuso, em certos casos,
o modelo de concretização dos julgados por procedimento executivo
autônomo ao de cognição, em face do nascimento do chamado sincretismo,
constituído de fases ou módulos de conhecimento e execução.

Nesse cenário, tornou-se inapropriado considerar a sentença judicial como


extintiva de um processo, uma vez que tanto se tem posterior fase de execução,
outrora, com certas objeções, aceitava-se a sentença como ponto final do processo,
conforme assinala Wagner Junior (2008, p. 469): “Tinha-se em mente que o
processo de conhecimento se encerrava com essa, seguindo-se de um novo
processo, o de execução.”
No mais, depreende-se que o sincretismo teve interferência no sentido da
sentença ser um ato que extinguisse com o processo. Então, ao analisar a mudança,
observa-se que o sentido mais apropriado para a sentença, é o de considerá-la
como ato que coloca fim na atividade exercida pelo juiz, em sede de processo de
cognição, pois nada obsta a continuação do processo em sua atividade,
predominantemente, executiva.
Portanto, não significa um retrocesso processual, ao contrário, apenas uma
simplificação de procedimentos, para não prolongar o tempo entre promoção da
demanda e satisfação de um direito. É nos dizeres de Theodoro Júnior (2009, p. 9):

O clamor avolumou-se contra a demora, a falta de funcionalidade, e a


elevação de custos que a dualidade de processo em torno da mesma lide
representava, tanto para as partes como para a própria prestação
jurisdicional.

Denota-se que, ao reunir os dois tipos de processos, o interesse do


legislador foi pautado pela busca de melhor atender aos jurisdicionados, pois ao
implantar a junção de processos com atividades tipicamente diferentes, pesou para o
oferecimento de um serviço dotado de eficiência, nada mais ponderável do que não
sujeitá-lo a mais um entrave, mover outro processo, uma vez que já se visualiza
45

outros empecilhos processuais decorrentes de sua prática, como o pouco aparato


humano, a falta de espaço físico a de material, entre outros.
Então, dessa junção de processos surgiu o cumprimento da sentença
condenatória civil, na parte do processo de conhecimento, contudo, sendo efetivado
na fase de execução, por meio da aplicação dos atos executórios elencados no
Código de Processo Civil.
Não obstante, chega-se ao ponto ápice do trabalho, assim adiante, serão abordadas
as duas correntes doutrinárias acerca do cumprimento da sentença condenatória,
que por focos diferentes o vislumbram diferentes, sendo que para a maioria é visto
como uma mera fase processual, uma vez que o sincretismo procurou a
simplificação dos processos, em outra vertente, minoritária, o cumprimento da
sentença é tido como uma ação.
Então, basilar para os dois posicionamentos a devida exposição de suas
teses que serão embasadas pelos argumentos pertinentes. Destarte, a seguir.

3.1 CUMPRIMENTO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA CIVEL COMO MÓDULO


DO PROCESSO SINCRÉTICO

É cediço que o processo de conhecimento não mais se encerra com o


trânsito em julgado da sentença condenatória, assim, tendo o prosseguimento até
que o credor tenha alcançado seu direito de fato, o que muitas vezes somente será
possível com o cumprimento da sentença. Interessante é apontamento de Tuda
(2008, p. 14):
Atualmente, no direito processual brasileiro, o cumprimento de sentença e
processo de execução são realidades distintas e inconfundíveis. Embora, o
juiz utilize de atos e procedimentos do processo de execução para fazer
cumprir a sentença condenatória. Isto se passa sem a instauração de uma
nova relação processual, ou seja, sem a relação própria de processo de
execução.

Os autores: Humberto Theodoro Júnior, Alexandre Freitas Câmara, Fredie


Diddier Jr., Misael Montenegro Filho, Athos Gusmão Carneiro, entre outros,
concebem o cumprimento de sentença condenatória como um simples módulo do
46

processo sincrético, afirmam que a execução forçada ocorrerá sem a necessidade


de instauração de nova relação processual.
Implica isso, em dizer que não se formará uma nova ação, conforme se
depreende da redação do art. 475-J, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2005),
pois o início da atividade executiva é independente da instauração de outra ação,
passando o trâmite processual apenas como mera fase, segundo (TUDA, 2008, p.
103).
Evidencia-se, que um dos pontos para a defesa de que o cumprimento da
sentença constitui fase processual é a interpretação do artigo 475-J, do Código de
Processo Civil (BRASIL, 2005), com a orientação de que a palavra requerimento no
texto legal é simplesmente mero módulo para completar o andamento, sem grandes
interferências para obstar a satisfação do credor, ressaltando que mencionado
dispositivo foi alterado pela Lei nº 11.232/2005 (BRASIL, 2005). Para tanto,
necessária a sua transcrição:

Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em


liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da
condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a
requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta
Lei, experdir-se-á mandado de penhora e avaliação.

Dessa forma, para a presente tese, o requerimento não é sinônimo de ação,


é um mero procedimento participativo dessa etapa processual, por não ter a
potencialidade de formar uma nova relação processual, apenas se constitui de um
singelo ato.
Pois, para haver uma relação processual são necessários elementos que
propiciem essa instauração, como a legitimidade de partes, o pedido e o interesse
de agir. Sendo que tais elementos são condicionadores da ação, expostos no
primeiro capítulo, já se fazem presentes no processo, portanto, o mencionado
requerimento tão somente será para prestar colaboração no itinerário do momento
executório do processo.
Denota-se, ainda, para proporcionar maior consistência à presente defesa,
os autores explanam que o legislador ao introduzir o cumprimento da sentença na
parte final do Livro I do Código de Processo Civil, pertinente ao tratamento do
processo de conhecimento, é uma das justificativas para a doutrina considerar tal
cumprimento como uma etapa do processo de cognição, pois dessa forma, excluiu a
47

dicotomia entre os processo de conhecimento e de execução, com a atribuição dos


atos executórios do cumprimento da sentença de etapa da ação cognitiva, como
explica Wagner Júnior (2008, p. 460):

[...] não mais se justificaria que referidos atos executórios continuassem


compondo o Livro II do Código de Processo Civil, destinado ao Processo de
Execução, sendo mais coerente com a inovação, que tais regras
compusessem a parte final do Livro I, que trata justamente do Processo de
Conhecimento [...] nesse ponto, têm-se o porquê de o artigo 475, que
formalmente encerra o capítulo que trata do processo de cognição.

Assim, a Lei nº 11.232/2005 (BRASIL, 2005), teve por finalidade eliminar a


autonomia do processo de execução, para tanto, criou a fase de cumprimento da
sentença, entendida como a execução da sentença, sem que se forme outro
processo, mas ocorrendo em um mesmo procedimento, como assevera (DIDDIER,
BRAGA e OLIVEIRA, 2008, p. 478).
Então, observa-se que a autonomia do processo de execução, contemplada
pela Lei nº 11.232/2005 (BRASIL, 2005), foi no sentido de simplificação, para passar
a englobar como etapa o cumprimento da sentença, a fim de acelerar o estado de
satisfação do credor.
Ainda, para corroborar com o entendimento, há argumentação no sentido de
que a citação do devedor, requisito para formação da relação processual, foi
dispensada no cumprimento da sentença, pois não há menção no art. 475-J, do
Código de Processo Civil (BRASIL, 2005). Assim, propiciando maior apego à
assertiva de que o requerimento é simplesmente um segmento processual. É como
consta a explicação de Montenegro Filho (2007, p. 4):

[...] após plena investigação probatória realizada pelo magistrado, e por


outra fase posterior, de mero cumprimento de decisão judicial, não mais de
execução, como processo judicial autônomo a reclamar nova citação do
vencido, o pagamento das custas processuais.

Cumpre ressaltar, que em defesa do cumprimento da sentença condenatória


como etapa processual, para alguns doutrinadores, entre eles Theodoro Júnior
(2009, p. 14), faz a declaração de que inexiste todo e qualquer vínculo entre esse
instituto e o processo de execução:

Atualmente, no direito processual brasileiro, o cumprimento de sentença e


processo de execução são realidades distintas e inconfundíveis. Embora o
48

juiz utilize de procedimentos do processo de execução para fazer cumprir a


sentença condenatória. Isto se passa sem a instauração de uma nova
relação processual, ou seja, sem a relação própria do processo de
execução.

Em contrapartida, tem o posicionamento favorável ao fato de o cumprimento


da sentença ser uma ação, com a fundamentação de que por si só a técnica
processual não possui a força executiva, portanto, ao decorrer de um direito
material, a finalidade de satisfação dar-se-á ao visualizar o instituto de cumprimento
da sentença como meio executivo, alcançando o seu destino, entregará ao credor o
seu direito.
Ademais, será exposta no tópico a seguir, a argumentação pertinente à
defesa do cumprimento da sentença condenatória como ação, então,
depreendendo-se que a fundamentação terá por escopo sabatinar os argumentos do
presente tópico, a fim demonstrar a importante discussão acerca do tema abordado
no trabalho.

3.2 CUMPRIMENTO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA CIVEL COMO AÇÃO

Em outra vertente, há poucos doutrinadores contrários ao entendimento de


que a Reforma Processual, a qual introduzira o cumprimento da sentença no sistema
processual, tenha modificado a natureza jurídica da execução de decisão civil
condenatória, não são menos fortes os argumentos apresentados na defesa da
natureza de ação do cumprimento da sentença.
A princípio, a terminação cumprimento da sentença, ao invés de execução,
em nada altera a força atuante desse instituto, pois continua com o objetivo de
entregar o bem da vida ao demandante, contudo, utilizando-se dos mesmos meios
executórios velados para o processo de execução. Como anota Greco (2005, p. 2):

[...] a Lei nº 11.232/05, rendeu-se a realidade de que a atividade prática


desenvolvida depois da sentença para concretizar a satisfação do crédito do
vencedor é verdadeiramente uma execução, ainda que não gere um
processo autônomo com esse nome. Vejam-se, entre outros, o §3º do artigo
475-B, o caput e os §§1º e 2º do artigo 475-J, o inciso V do artigo 475-L, o
caput e o §1º do artigo 475-M, que usam as palavras execução, exeqüente,
executado e decisão exeqüenda.
49

Ainda, no que tange à modificação terminológica, Assis (2009, p. 199)


assinala que: “[...] a troca do nome (cumprimento em lugar de execução), ou o
caráter incidental da actio iudicati, de modo algum alterou a natureza da atividade
jurisdicional”.
Dessa forma, revela-se que a mudança da terminologia não trouxe grandes
transformações ao ponto de ter a potencialidade de extirpar a outra ação, executiva,
tão repudiada para os que a concebem como um retrocesso e entrave para a
atividade jurisdicional.
Para corroborar, encontra-se Nery et al (2007, p. 232) levantando a bandeira
de que as características da ação executiva continuam presentes na nova maneira
de se alcançar o cumprimento da sentença condenatória:

Continuam existindo as características inatas da execução, como por


exemplo: a) possuir atividade jurisdicional; b) ter natureza jurídica de ação;
c) a ação de execução (pretensão executória) ser exercitável por meio de
processo de execução, não autônomo, mas como continuação da ação de
conhecimento, em cúmulo objetivo superveniente de ações (ação de
conhecimento, ação de liquidação de sentença e ação de execução), todas
num mesmo processo.

Denota-se, que para a tese defendida a intenção do legislador foi tão


somente simplificar a ação e o processo executivo, em busca de um caminho com
maior eficácia para alcançar a pretensão de satisfação. Pois, a reunião da atividade
cognitiva e da execução não possui o condão de modificar a natureza, a força e até
mesmo a finalidade de cada ação. Para tanto, a força executiva da ação se mostrará
não pelos métodos que o Judiciário se utiliza, mas pela estrutura da ação conter o
direito material, portanto, os meios executórios auxiliam na execução, tendo
potencialidade devido à presença da ação, como aduz. (ASSIS, 2009, p. 12).
Depreende-se que o instituto cumprimento da sentença condenatória possui
a finalidade de satisfazer, com a utilização de força executiva para possibilitar a
entrega do direito ao credor.
Contudo, com relação ao argumento, sustentado pela corrente anterior,
referente ao fato de que a inexistência de nova citação no cumprimento da sentença
o tornaria uma simples fase do processo sincrético.
Nesses debates, os processualistas defensores da natureza executiva
respondem da seguinte forma, conforme se verifica Assis (2009, p. 178):
50

Ora, a validade do processo somente depende da citação inicial frise-se


bem do réu (art.214, caput). E a citação sequer constitui pressuposto
processual de existência do processo, completando a relação processual,
quando exigida, para permitir o desenvolvimento do processo. Da falta de
(nova) citação não se extrai, necessariamente, a inexistência de (novo)
processo, tampouco prova direta ou indiretamente que ele se forma a partir
do “requerimento” do exeqüente (art.475-J, caput).

No mesmo sentido, doutrina Nery et al (2007, p. 732), que a citação


realizada para a ação de conhecimento, que forma a relação jurídica processual,
continua proporcionando validade e eficácia para as ações processadas em
sequência (liquidação e cumprimento de sentença), sendo suficiente a intimação da
parte para que participe da liquidação ou se defenda sobre a penhora. O autor faz o
comentário de que tal procedimento já era previsto para o processo de reconvenção
(art. 316 do Código de Processo Civil) (BRASIL, 1973), no qual o réu ajuíza a sua
ação na mesma relação processual em que é demandado, sem que seja necessária
a citação do demandante para responder à demanda em que figurará no pólo
passivo, uma vez que se aproveita do ato citatório do mesmo processo.
Portanto, subentende-se que a citação ou intimação em sede de
cumprimento da sentença condenatória seria um ato desnecessário para o processo,
pois o réu já está perfeitamente ciente do que o comando lhe determina a fazer e se
tornando uma via que apenas ratifica e ampara o credor para assistir uma satisfação
completa do seu direito. Para corroborar, atenta-se para o julgado do Superior
Tribunal de Justiça, (BRASIL, 2005):

Com o art. 461, não se exige mais a citação do executado na execução de


sentença civil condenatória que imponha o cumprimento de obrigação de
fazer e não fazer. Tal circunstância afasta a aplicação do art. 632, que faz
referência expressa à citação, já que a execução se processa sem intervalo
(fase executiva, sem a citação do executado e sem a possibilidade de
oposição de embargos do executado). Não havendo nova citação, nesses
casos, não se forma um processo de execução de título judicial fundado em
sentença civil condenatória de obrigação de fazer e não fazer." (Paulo
Henrique dos Santos Lucon. in: Código de Processo Civil Interpretado, 1ª
Edição, Editora. Atlas, p. 1870/1871. Grifos nossos). (Resp.692386/PB.
0131371/2004, 11/10/05, 1º Turma, Min. Relator Luis Fux).

Então, pode-se entender que a dispensabilidade da citação no cumprimento


da sentença condenatória é comparada com o momento que surge a reconvenção,
no processo de conhecimento, pois já se tem ciência pela parte contrária de que lhe
é dirigida uma demanda, no entanto, por oportunidade para não passar por novo
processo de conhecimento, no momento de resposta do réu pode propor uma ação
51

com outro pedido, relacionada com assunto da demanda inicial. Assim, ocorre um
aproveitamento de atos processuais.
É muito plausível tal argumento, pois procura demonstrar que dentro de uma
mesma etapa, exemplificando a de conhecimento, não se obsta a existência de mais
de uma ação em um mesmo processo, que necessariamente não precisaria passar
pelos mesmos procedimentos do que o do pleito inicial, esse que por inaugurar a
figura dos sujeitos, pedidos, quebra da jurisdição.
Enfim, mover a máquina judiciária, para passar por todos os ritos do
processo de conhecimento seria mais dispendioso e demorado. Uma vez que,
precisa haver uma exposição maior dos fatos, com a devida adequação dos
fundamentos jurídicos, isso implicaria em uma minuciosa dilação probatória,
consequentemente, também para o réu, a árdua tarefa de colacionar aos autos
dados que possam desconstituir o pleito inicial. Nesse viés, dispõe da ação de
reconvenção, para pleitear um pedido, esse que tem intrínseca relação com a
demanda.
Contudo, a sentença condenatória civil, fornece ao vencido o título para uma
nova ação, a actio iudicati, que não deixou de existir face às mudanças processuais.
A actio iudicati vai operar a agressão à esfera jurídica dos bens do condenado. Em
atenção aos ensinamentos de Pontes de Miranda, comenta Assis (2009, p. 198):

A particularidade de a execução se realizar em simultaneo processu, mas


em seqüência à formação do título (sententia), é de pouco relevo. Conforme
assinalou Pontes de Miranda, “por mais curta, rápida, que se torne a
execução, actio iudicati continuaria a ser...”, doravante com dose maior de
cognição.

Outro ponto de importante relevo é a configuração da natureza da ação do


cumprimento da sentença ter a necessidade de requerimento do credor, para dar
início aos atos executórios e de satisfação do direito do pleiteado. Então, utilizando-
se do trecho do art. 475-J, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2005), o qual fora
transcrito em tópico anterior, tem-se a referência ao requerimento do credor.
Ora, para a defesa de o cumprimento da sentença condenatória civil ser uma
ação, extrai-se da norma legal, que há um impulso processual oficial para a
execução de quantia certa, ao contrário do que ocorre com as tutelas específicas
dos arts. 461 (BRASIL, 1994) e 461-A (BRASIL, 2002), referentes à execução de
obrigação de fazer ou não fazer e entregar coisa certa.
52

Assim, no cumprimento da sentença condenatória de pagar quantia certa, a


jurisdição é inerte e exige a provocação do interessado para a execução. Após a
resolução do litígio material, o processo de cognição só terá continuidade se a parte
vencedora provocar o órgão judicial para que esse realize os atos necessários à
satisfação do direito. Como Cintra, Grinover e Dinamarco (2008, 64) aduzem: “É isto
que denomina princípio da ação: nemo judex sine actore.”
Indiscutível, pois, a presença do princípio da demanda (ou da ação) na
execução de condenação de pagar, cabendo ao vencedor a faculdade de provocar o
exercício da função jurisdicional. Como assevera Assis (2009, p. 249): “O início da
execução se subordina ao interesse do exeqüente, vez que a execução se realiza no
seu exclusivo interesse”.
Ainda, prelecionado o autor Assis (2009, p. 251), que a terminologia
requerimento é aplicada no art. 475-J, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2005),
requerimento, corresponde à petição inicial do art. 614, caput, (BRASIL, 1973), pelo
simples fato de fazer a quebra da inércia:

Em última análise, o art. 475-J, caput, mudou o rótulo aplicado à iniciativa


do exeqüente, preferindo chamá-la, utilizando-se da margem de opções
técnicas da legislação, de “requerimento” em lugar de “petição inicial”;
porém, quanto à forma e ao conteúdo, inexiste mudança substancial.

Destarte, depreende-se que para essa corrente doutrinária, a Actio Iudicati


não foi extinta do ordenamento jurídico brasileiro, apesar de não se ter a exigência
de formação de um novo processo para sua entrada. Contudo, sua ocorrência está
sujeita ao interesse do vencedor, consequentemente, sendo-lhe facultado ajuizar o
cumprimento da sentença, que pode configurar maior força diante do alcance da
concretude da demanda, segundo Wambier (2008, p. 306) incontestavelmente,
possui natureza jurídica de ação: “Há uma nova demanda, de execução, ainda que
dentro do processo em curso.”
Ademais, vale a observação de que na prática forense, as decisões
proferidas, em sede de apreciação de requerimento para a consecução dos atos
executórios, aplicam o mesmo tratamento dado à petição inicial, pois indeferem,
determinam a emenda de requerimento, quando não contiver os requisitos exigidos
dos arts. 282 e 283, do Código de Processo Civil (BRASIL, 1973). Sendo que
paralelo à petição inicial, para o cumprimento da sentença condenatória, essa
53

constitui a representação do crédito. Ora, isso evidencia que tal requerimento traz a
mesma potencialidade que da ação, como é a redação do art. 614, II, do Código de
Processo Civil (BRASIL, 1994), de acordo com Greco Filho (2006, p. 56):

se o juiz verificar que a petição inicial ou o requerimento estão incompletos


ou não se acham acompanhados dos documentos indispensáveis à
propositura, determinará ao credor que os corrija.

Destarte, para conceber o cumprimento da sentença como uma via ativa, a


defesa é no sentido de que suas características e condições são as mesmas da
ação. Nesse contexto, faz-se a comparação dos elementos que revestem a ação,
como a exigência de legitimidade de partes; ainda a utilização dos atos executórios
devido ao inadimplemento do devedor, portanto, em um momento de execução,
análogo ao que ocorre quando se tem a ameaça ou lesão a um direito, em que se
busca na fase de conhecimento a condenação do réu. Sendo essa exposição de
(GRECO FILHO, 2006, p. 23).
Nesse viés, pode-se remeter à esfera material civil, em que o credor tem o
direito de cobrar seu crédito, e o dever de recebê-lo, como ainda, o devedor tem um
débito, constituindo um dever de pagá-lo como um direito de que o credor o receba.
Portanto, caso isso não ocorra, dispõe a parte de realizar uma consignação em
pagamento, que constitui a ação do devedor pelo inadimplemento do credor. É como
expõe Macedo (2006, p. 216):

A inexistência da ação condenatória está, obviamente, comprometida com a


compreensão do termo agir com agir para satisfação de um direito subjetivo.
Nesse sentido, a sentença que reconhece a obrigação prestacional emite
um enunciado que, num primeiro momento lógico, remete para o devedor o
agir no sentido de satisfazer a prestação. Superada essa fase, mas
frustrada a satisfação do crédito, o agir volta a ser do tercius, isto é, do
Poder Judiciário, atuando, agora sim, sobre o patrimônio o devedor,
presente o princípio de direito material (e não processual) que vigora nos
ordenamentos jurídicos contemporâneos: créditos se resolvem pela
responsabilidade patrimonial.

Contudo, tal paralelo é pertinente para que se possa entender a lógica do


cumprimento da sentença como uma ação, pois sua estrutura dar-se-á da mesma
forma que desta.
Todavia, apesar da comparação ser com o que ocorre na esfera material,
não se nega o caráter autônomo da ação de cumprimento da sentença, como
54

explanado no primeiro capítulo, bem como a adoção do ordenamento jurídico da


teoria eclética, porém, sendo cediço que há o atendimento às condições da ação,
não se torna incabível a presente comparação, uma vez que por momentos ou
âmbitos diferentes, o que se tem são caracteres de mesma natureza.
Desse modo, se a petição inicial não se apresentar em conformidade com os
requisitos do art. 282, do Código de Processo Civil (BRASIL, 1973), podem-lhe recair
o indeferimento ou determinação de emenda, também, pode o requerimento do
cumprimento da sentença sofrer as mesmas consequências, conforme art. 614, II,
do Código de Processo Civil (BRASIL, 1994).
Não obstante, na temática processual em utilização dos conceitos já
expostos acerca dos princípios da inércia e do impulso oficial, para esse tangente à
sua vedação, não promove o magistrado os atos pertinentes às partes, uma vez que
são essas que tem o direito de provocar a jurisdição para que ocorra a ruptura ou a
continuidade em demandar. E quanto ao cumprimento da sentença, essa líquida,
sem qualquer requerimento do credor, o juiz já poderia utilizar os mecanismos
executórios para dar cumprimento à condenação.
Ora, o interesse surge com o inadimplemento da obrigação, pois se caso o
devedor pague, não existe interesse de o credor querer o cumprimento da sentença,
pois a possibilidade de tal pedido está exaurida a partir do momento em que o
devedor cumpriu, assim, tendo a apresentação das condições da ação. Como se
observa na figura 1:
55

CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
AÇÃO CIVIL CONDENATÓRIA CONDENATÓRIA CÍVEL

Surgimento

Lesão a direito Inadimplemento de


subjetivo material cumprir obrigação
líquida da sentença

Condições

1) Legitimidade das partes 1) Legitimidade das partes


2) Possibilidade jurídica do pedido 2) Possibilidade jurídica do pedido
3) Interesse de agir 3) Interesse de agir

Instrumento

Petição Requerimento
Art. 282, do CPC Arts. 475-J e
614,II, do CPC

Fig. 1: Quadro comparativo do surgimento e das condições das ações: condenatória e de


cumprimento de sentença condenatória cível.
Fonte: Concatenação da autora.

Portanto, não se deve olvidar de que o cumprimento da sentença


condenatória apresenta as características de uma ação, como ter o credor a
faculdade de apresentá-lo, bem como o dever de atender às condições impostas à
ação, sendo a conclusão de que possui natureza de ação, sem que se comprometa
com os fins ou que se atente contra os princípios do processo, uma vez que se pode
encontrar em uma via ativa potencialidade maior se comparada com um simples
módulo processual.
.
56

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da temática apresentada, queda-se por relacionar a natureza jurídica


do cumprimento da sentença condenatória cível como ação.
Destarte, conforme comparativo realizado entre as corrente doutrinárias, em
que para a majoritária prevalece o entendimento de que o cumprimento da sentença
constitui apenas como um módulo, sendo somente uma simples passagem do
itinerário processual. Sendo que se respalda na ideia de que o sincretismo, advindo
com a reforma processual, foi para extinguir a existência de dois tipos de processos,
para tornar um só. Tendo as atividades de cognição e execução em momentos
diferentes, porém reunidas em um mesmo processo. Sem que isso possa ter o
condão de encontrar o cumprimento da sentença como uma posição ativa.
Pois bem, ora, de bom alvitre foi a exposição das características e o conceito
de ação, devido proporcionar argumentos de relevo para considerar que o
cumprimento da sentença tem natureza de ação.
Assim, de acordo com o trato destinado ao sincretismo, pode-se concluir que
tal aceitação não implica em maiores delongas ao processo, o que acarretaria um
atentado aos princípios da celeridade e instrumentalidade das formas.
Contudo, depreende-se que a reunião dos processos de conhecimento e de
execução foi para que o credor colocasse em desfrute de seu direito, devidamente
reconhecido, em tempo mais hábil possível. Para tanto, o cumprimento da sentença
concebido como ação não implica em um retardamento para essa concretude.
Desta maneira, por não se ter uma nova relação jurídica ou mesmo citação
do devedor, não é argumento suficiente para descaracterizar o cumprimento como
uma via ativa, haja vista aos caracteres assumidos serem os da ação, conforme
evidenciado no deleito do trabalho e com reforço do quadro comparativo.
57

Não obstante, se a petição inicial deve estar munida de condições que lhe
propicie a apreciação do mérito, pois caso contrário, estaria sujeita ao indeferimento
ou à emenda, não é diferente com o que ocorre com o requerimento proposto pelo
credor, para que os ditames da sentença sejam cumpridos pelo devedor, pois deve
trazer em seu bojo condições suficientes, para que sejam realizados os atos
executórios.
Nesse contexto, também se revela de suma importância relacionar que ter o
cumprimento da sentença como uma via ativa é velar pela manutenção da vedação
ao impulso oficial, pois se fosse um módulo, poderia o magistrado, em sede de
sentença líquida, já se utilizar de medidas executórias, que deveriam ser requeridas
pelo credor.
Isso, garante com que o andamento processual seja de plena lisura,
conforme afasta atos do juiz que poderiam configurar imparcialidade, bem como
invasão à esfera da parte, a qual está incumbida de tanto provocar o Poder
Judiciário como dar prosseguimento ao processo, quando se apresentar em posição
de interesse.
Vale ainda pontuar, que as instituições processuais, paulatinamente,
sofreram mudanças, sendo que sempre foram tendentes a concretizar a lei em um
breve período e com maior satisfação possível. Por tal razão, a conclusão de o
cumprimento da sentença condenatória cível ter natureza de ação, pode reforçar a
aproximação do credor com o bem almejado, na esfera concreta.
58

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NUNES, Rizzatto. Manual da monografia jurídica, 7. ed. Saraiva: São Paulo, 2009.
63

APÊNDICE

DECLARAÇÃO DE AUTORIA

FERNANDA PITTERI ANASTÁCIO acadêmica devidamente matriculada no


10º período do Curso de Direito da Universidade Federal de Rondônia – UNIR-
Campus Cacoal, DECLARA para os devidos fins ter desenvolvido o trabalho
monográfico intitulado: “A NATUREZA JURÍDICA DO CUMPRIMENTO DA
SENTENÇA CONDENATÓRIA CÍVEL”, firmando responsabilidade pela sua autoria.

Cacoal, 09 de dezembro de 2010.

_______________________________________
Acadêmica
64

ANEXO A

PARECER DE ADMISSIBILIDADE DO ORIENTADOR

A acadêmica FERNANDA PITTERI ANASTÁCIO desenvolveu seu Trabalho


de Conclusão de Curso sobre o Tema “A NATUREZA JURÍDICA DO
CUMPRIMENTO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA CÍVEL”, observando os critérios
do Projeto de Monografia apresentado ao Departamento do Curso de Direito da
Universidade Federal de Rondônia – UNIR, Campus Cacoal.
O acompanhamento foi efetivo, tendo o desenvolvimento do trabalho
observado os prazos fixados pelo Departamento.
Destarte, a acadêmica está apta à apresentação expositiva de sua
monografia junto à banca examinadora.

Cacoal/RO, 09 e dezembro de 2010.

______________________________________
Professor: Telmo de Moura Passareli
Orientador

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