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Você, aluno, deve saber como atuar em casos práticos, isto é, ter ciência de como se
elabora uma peça processual e como é o dia a dia do operador do Direito. Este estudo
também te capacitará para ser aprovado no exame da OAB! Um trabalho bem feito,
realizado com dedicação, permitirá aliar teoria e prática, tornando-o profissional
exemplar. Vamos em frente?
Nesta seção você fará as vezes de um advogado, recém aprovado no exame da OAB, e
que foi contratado em 29/07/2018 por uma cliente que recentemente ficou desempregada.
A condição financeira dela é bastante precária, haja vista que não recebia expressiva
remuneração e tem três filhos para sustentar,
Juliana Pereira, brasileira, auxiliar de serviços gerais, divorciada, inscrita no CPF sob o
n. 123.123.123-00,RG n. 8-555.236, residente e domiciliada na Rua Cirandinha, n. 100,
bairro Jardim Guanabara, em Belo Horizonte, CEP 30.000-000, foi contratada em
12/12/2017 pela Metcom Metalurgia Ltda., para exercer as funções de auxiliar de serviços
gerais.
No dia a dia Juliana realizada a limpeza dos banheiros, vestiários e salas da empresa,
fazendo a coleta do lixo encontrado. Para tanto, auferia mensalmente a quantia bruta de
R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais) para jornada de trabalho de 44 (quarenta e quatro)
horas semanais. Executava suas atividades durante 08 (oito) horas por dia, de segunda à
sexta-feira, e por 4 (quatro) horas nos sábados.
Ela lhe informa que o serviço era bastante penoso, tendo apenas 25 (vinte e cinco) minutos
de intervalo para refeição e descanso. Juliana lhe entrega algumas cópias dos cartões de
ponto que tinha, em que constavam corretamente os horários de início e término do
trabalho. No que diz respeito ao intervalo intrajornada havia no documento pré-
assinalação de 01 (uma) hora.
Ela lhe confidencia que ficava bastante incomodada em fazer a limpeza dos banheiros,
pois eram muito sujos, devido ao enorme número de trabalhadores que por lá passavam
diariamente, e não lhe eram fornecidas luvas para a realização da tarefa. Assim, o lixo a
ser coletado era muito grande.
Além disso, também não gostava de ter que adentrar diariamente no almoxarifado da
empresa, tarefa esta que era necessária para poder buscar os produtos de limpeza
imprescindíveis para a realização de suas atividades. Ela ficava lá dentro por cerca de 10
(dez) minutos por dia e no local também estavam armazenados tintas inflamáveis e óleo
diesel para o abastecimento das empilhadeiras que circulavam pelo estabelecimento
comercial.
Juliana Pereira também lhe apresenta os contracheques mensais, em que constam somente
o pagamento de R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais). Não havia, portanto, a quitação de
qualquer adicional.
Por fim, ela informa que tem uma amiga de nome Beatriz Ferraz, que também exerce as
atividades de auxiliar de serviços gerais na mesma empregadora. No entanto, apesar de
terem sido contratadas na mesma época, Beatriz recebe a quantia mensal de R$ 1.400,00
(mil e quatrocentos reais). Ela esclarece que ambas realizam atividades idênticas, com
mesma produtividade e perfeição técnica.
Juliana foi comunicada da sua dispensa em 29/06/2018, tendo recebido o aviso prévio
indenizado. O pagamento das verbas rescisórias foi feito em 06/07/2018, mediante
depósito em sua conta bancária. Os documentos necessários para o saque do Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço e para o recebimento do seguro desemprego foram
entregues na mesma data.
Agora é com você, caro aluno. Após a conversa com a Sr. Juliana você deve verificar os
direitos a que ele faz jus e elaborar a peça processual adequada à postulação junto ao
Poder Judiciário dos direitos trabalhistas que lhes são devidos.
O caso narrado faz parte do cotidiano trabalhista e você, ao elaborar a petição inicial da
reclamatória trabalhista, estará se preparando para o exercício da advocacia ou para outras
profissões relacionadas ao mundo jurídico-trabalhista.
Neste momento deve-se dar bastante atenção para o disposto na Lei n. 13.467/17, que
modificou as algumas regras de Direito Processual do Trabalho, notadamente no que
diz respeito aos requisitos da petição inicial. Vamos, então, ao que deve ser observado no
que tange ao aspecto processual:
A petição inicial trabalhista obedece ao disposto no art. 840, §1º, da CLT, cuja redação
foi modificada pela Lei n. 13.467/17. Ele preceitua que a exordial deve conter “a
designação do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte
o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a
data e a assinatura do reclamante ou de seu representante” (BRASIL, 2017). Novidade
relevante trazida pela citada lei foi a introdução do §3º, no art. 840, da CLT, que dispõe
que os pedidos que não forem certos, determinados e com indicação e valor, deverão ser
julgados extintos sem julgamento do mérito. Neste contexto, a cada um dos pedidos
formulados na peça de ingresso deve ser atribuído um valor. A soma dele resultará no
valor da causa, que também é requisito obrigatório.
Analisando, ainda, o citado art. 840, nota-se que a CLT prevê a possibilidade de a
assinatura ser do reclamante, ou seja, do autor da ação judicial. Isto porque no Direito
Processual do Trabalho, para o ajuizamento de reclamatória trabalhista individual, é
desnecessária a participação de advogado, tendo as partes capacidade postulatória, nos
termos do art. 791, caput, da CLT.
Por fim, no que diz respeito ao Direito Processual do Trabalho, se a causa trabalhista tiver
valor inferior a 40 (quarenta) vezes o salário mínimo nacional à época do ajuizamento, o
processo tramitará sob o rito sumaríssimo. Ele tem diversas especificidades que estão
descritas na Seção II-A, da CLT, mais precisamente nos arts. 852-A até o 852-I. Uma
relevante é a necessidade de indicação do correto endereço do réu, vez que não cabe
citação por edital. Caso não se obedeça aos citados critérios, que estão previstos no art.
852-B, da CLT, o processo será extinto sem julgamento do mérito (ocorrerá o
arquivamento da reclamatória trabalhista). Assim, na hipótese de o endereço ser
desconhecido, o reclamante terá que ajuizar nova reclamação trabalhista, atribuindo valor
superior a 40 (quarenta) vezes o salário mínimo nacional para que tramite sob o rito
ordinário e seja possível a citação por edital.
Na hipótese de o valor da causa ser superior a 40 (quarenta) vezes o salário mínimo
nacional à época do ajuizamento o rito a ser observado será o ordinário. Inovação trazida
pela “Reforma Trabalhista”, como já salientado, foi a obrigatoriedade de se indicar valor
para cada um dos pedidos formulados na peça de ingresso, como se depreende da nova
redação do art. 840, §1º, da CLT.
Assim, tanto no rito sumaríssimo quanto no rito ordinário você, aluno, terá que realizar
uma conta aproximada do valor do pedido.
A título ilustrativo vamos analisar como se calcula o valor de relativo às horas extras
eventualmente pleiteadas. Inicialmente, você deve verificar qual é o divisor a ser
utilizado. Ele é aplicado à remuneração do empregado para se chegar ao valor-hora do
salário, sobre o qual incidirá o adicional de hora extra. Para uma jornada de 44 (quarenta
e quatro) horas semanais, que é máxima permitida pela Constituição Federal de 1988, em
seu art. 7º, inciso XIII, o divisor é o 220.
Ora, mas como se chega a este divisor? Não é muito complicado. Basta analisar o disposto
no art. 64, da CLT, que assevera que o “salário-hora normal, no caso de empregado
mensalista, será obtido dividindo-se o salário mensal correspondente à duração do
trabalho, a que se refere o art. 58, por 30 (trinta) vezes o número de horas dessa duração”.
Denota-se da parte final da referida redação que o divisor é encontrado por meio da
multiplicação da quantidade de horas diárias trabalhadas por 30. Uma pessoa que labora
8 (oito) horas diária de segunda à sexta-feira, além de 4 (quatro) horas aos sábados,
trabalha 44 (quarenta e quatro horas por semana), ou seja, uma média de 7,33 (sete vírgula
trinta e três) horas por cada dia de prestação de serviços. Multiplicando-se 7,33 (sete
vírgula trinta e três) por 30 (trinta) dias chega-se à 219,9 (duzentos e dezenove vírgula
nove), que deve ser arredondado para encontrarmos o divisor 220 (duzentos e vinte).
Por fim, não se pode esquecer dos reflexos, que não mais são do que as incidências das
horas extras habituais sobre as demais parcelas remuneratórias. Por exemplo, um
trabalhador sempre faz 02 horas extras por dia durante um ano inteiro de trabalho, mas
seu patrão jamais as quitou. Ele, então, ajuíza reclamação trabalhista com o pleito de
pagamento de horas extras e de seus reflexos. Caso tivesse recebido o pagamento destas
horas extras durante todo o contrato de trabalho obviamente que no fim de cada mês o
Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço (FGTS) e a contribuição previdenciária seriam
calculados levando-se em consideração o trabalho extraordinário. Estas horas extras
também comporiam a base de cálculo das férias +1/3 e do décimo terceiro salário
referentes ao período. Todavia, tais reflexos não foram pagos no curso do contrato de
trabalho justamente pela inadimplência no que toca às horas extras. Assim, estas
incidências não podem ser esquecidas na peça de ingresso.
1) Intervalo Intrajornada
O intervalo intrajornada está previsto no art. 71, da CLT (BRASIL, 1943) e é também
popularmente conhecido como “intervalo para refeição”:
Diante do exposto, você, aluno, deve confrontar os fatos que lhe foram narrados pela Sra.
Juliana Pereira com os dispositivos legais que regulam o tema, a fim de verificar se foi
violada alguma norma trabalhista.
Não se esqueça de analisar o §4º, do art. 71, com a redação dada pela Lei n. 13.467/17,
pois ele é fundamental acerca das consequências jurídicas acerca de eventual
descumprimento do lapso temporal destinado ao intervalo intrajornada.
2) Adicional de Insalubridade
http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInt
eiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado=E-ED-RR%20-
%20630-
49.2014.5.04.0351&base=acordao&rowid=AAANGhABIAAANNwAAL&dataPubl
icacao=28/07/2017&localPublicacao=DEJT&query=insalubridade%20and%20li
mpeza%20and%20banheiro. Data de acesso: 06.08.2017.
Não se pode deixar de lado a previsão do art. 191 da CLT, que dispõe que o adicional de
insalubridade não será devido se houver a eliminação ou neutralização dos agentes
insalubres, seja pela adequação do ambiente de trabalho, seja pelo fornecimento e
utilização de equipamentos de proteção individual (EPI´s).
Já o art. 195 da CLT assevera que é obrigatória perícia técnica a ser realizada por
engenheiro para fins de caracterização, classificação ou delimitação da atividade alegada
como insalubre.
Por fim, não se pode perder de vista a questão da base de cálculo do adicional de
insalubridade, isto é, ele incidirá sobre o salário mínimo e não sobre a remuneração do
trabalhador. Isto porque a Súmula Vinculante n. 4, do Supremo Tribunal Federal,
determina que o salário mínimo não deve servir de indexador. Entretanto, o art. 192, da
CLT, anterior à Constituição de 1988, é no sentido de que o referido adicional deve ser
calculado tendo o salário mínimo como base. Assim, nos termos da referida Súmula
Vinculante, até que sobrevenha alteração legislativa que modifique o mencionado art.
192, o salário mínimo servirá como base de cálculo do adicional de insalubridade.
3) Adicional de Periculosidade
Não se pode olvidar da disposição do caput, do citado art. 193, que condiciona o
pagamento do adicional em questão à regulamentação por parte do Ministério do
Trabalho e Emprego, o que foi feito pela Norma Regulamentadora n. 16 (Anexo 2). Além
disso, o invocado caput também dispõe que é necessária exposição permanente ao agente
para que o trabalhador tenha direito ao adicional respectivo.
Assim, você, aluno, deverá analisar se ele tem direito ao recebimento do adicional de
periculosidade, em razão das atividades desenvolvidas.
Não se esqueça de ler a Súmula n. 191, que trata da base de cálculo do adicional de
periculosidade.
Assim, analise se é possível a cumulação dos adicionais, haja vista a previsão do art. 193,
§2º, da CLT.
http://aplicacao4.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?consulta=C
onsultar&conscsjt=&numeroTst=7092&digitoTst=95&anoTst=2011&orgaoTst=5&
tribunalTst=12&varaTst=0030&submit=Consultar
5) Equiparação salarial
b) no mesmo estabelecimento;
Não se esqueça de elencar no rol de pedidos cada um dos pleitos. A ausência de um deles
pode acarretar a sua inépcia. Além disso, cada pedido deve ter um valor correspondente,
ainda que aproximado.
a) Rito Sumário: valor da causa até dois salários mínimos na data da propositura da
ação judicial.
Deve haver também o requerimento da gratuidade judiciária, nos termos do art. 790, da
CLT, haja visa que a trabalhadora estava em precária situação financeira, tendo que
sustentar seus 03 filhos.
Também neste particular não se pode perder de vistas as modificações introduzidas pela
Lei n. 13.467/17, que alterou a redação o mencionado art. 790, além de ter ampliado as
hipóteses de pagamento de honorários advocatícios (art. 791-A). Neste contexto, cabe a
você, futuro advogado, avaliar o cabimento da condenação ao pagamento dos honorários
advocatícios, após detida leitura do art. 791-A, da CLT.
Não se esqueça de inserir data e assinatura na sua peça processual. No que se refere à
assinatura, não insira seu nome, vez que no exame da OAB não é admitida a identificação
do aluno. Faça apenas menção ao local em que deve ser inserida a assinatura.
Esses são os requisitos exigidos pela Justiça do Trabalho e pelo exame da OAB.
Vamos peticionar?