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UNISA- UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO

POLO TERESÓPOLIS/RJ

LICENCIATURA EM HISTÓRIA

DISCIPLINA: História da África e da Ásia

O período pós Apartheid na África do Sul e


suas consequências

ALUNO: Valdecy de Jesus Marques

TERESÓPOLIS/RJ - 2019
INTRODUÇÃO

Sob o enunciado: “O fim do Apartheid: de Mandela a Mbeki, de Mbeki


a Zuma”, proposto pela coordenação da disciplina, este tratado tem como
objetivo, apontar algumas das consequências do fim do Apartheid na África do
Sul. Dois pontos específicos serão objeto de análise: 1) Apresentar as evidências
de que a transição entre o governo dos brancos para a gestão negra foi
tumultuada e, 2) assinalar as perdas para aqueles que eram integrantes da
minoria branca.
Para tanto, no primeiro ponto, será analisada a crise econômica
enfrentada no processo de transição, o que gerou o desemprego e a disparidade
entre ricos e pobres. Também, como a etnia Zulu Inkhata, representada por um
partido político, gerou oposição e mortes durante a transição.
No ponto dois será abordada a violência e a pobreza sofridas por parte da
minoria branca no país.

1 - EVIDÊNCIAS DE QUE A TRANSIÇÃO DE GOVERNOS PÓS APARTHEIDE


FOI TUMULTUADA

A transição entre o governo dos brancos para a gestão negra não foi tarefa
fácil. Dentre várias evidências de tumulto transicional, destacar-se-á aqui duas:
1) conflitos internos causados pela crise econômica e, 2) a mobilização de
oposição do grupo Zulu Inkhata através do IFP (Inkatha Freedom Party - partido
da Liberdade Inkatha).

Conflitos internos e a crise econômica

O término do apartheid pôs fim a uma fase na história da África do Sul,


contudo, de forma alguma resolveu os problemas da nação. O fato de a elite
política, que representa a minoria branca na África do Sul, ter perdido a
concentração do poder político com a Ascensão de Nelson Mandela e sua
eleição à presidência, gerou inúmeros conflitos na região. Um deles foi
econômico, pois a África do Sul já vinha padecendo em sua economia muito
antes do fim do apartheid, e com o fim, os problemas se potencializaram.

Após o surto de expansão dos anos 1960, a economia sul-


africana ingressou em uma crise estrutural entre os anos 1970 e 1980. O
crescimento do PIB caiu para uma média de 3,3% e, além disso, ele se
tornou volátil. A taxa de crescimento da demanda interna declinou de 6,9%
para 3,6% ao ano nesse período. Todos os componentes da demanda,
tais como consumo público, privado e investimentos, apresentaram uma
rápida desaceleração. A contribuição do comércio internacional para o
crescimento tornou-se negativa, com as importações crescendo mais
rapidamente que as exportações, o que veio a se constituir no principal
fator dos problemas de balança de pagamentos (apud - Le Pere Gelb,
1991, p. 25).

Além destes fatores, outros agravantes foram fundamentais para maximizar a


crise:

“Três acontecimentos provocaram a recessão da economia,


anunciando o fim do Apartheid. Em primeiro lugar, a queda dos preços do
ouro, que começou em 1981... Em segundo lugar, na medida em que a
queda dos preços das matérias-primas provocava impactos graves nas
receitas fiscais, as despesas orçamentárias necessárias para manter em
funcionamento a máquina do Apartheid 4 e assegurar a sobrevivência do
regime tornavam-se exorbitantes... Por fim, devem-se considerar as
sanções financeiras impostas à África do Sul... levou a uma retirada de
crédito generalizada. Pouco depois, o país foi obrigado a declarar
moratória de seu serviço de dívida”.1

A economia e a desigualdade social na África do Sul - É importante que fique


claro, que os dados acima se referem ao início do período de transição, que
começou em 1990 com a libertação de Nelson Mandela da prisão e se estendeu
por toda a década de 90. Como era de se esperar, o país voltou a crescer e
quando se analisa a economia da África do Sul, é evidenciado que o país tem a

1
Pereira, Analúcia Danilevicz. Apartheid: apogeu e crise do regime racista na África do Sul (1948-1994). Ed. UFRGS – 2008, Pgs.
150,151.
maior economia do continente africano, todavia, este crescimento durante e após
a transição, não conseguiu resolver o problema da desigualdade social e racial.

“Após comandar a transição à democracia, Mandela foi sucedido


por Thabo Mbeki. Quando o governo Mbeki chegou a seu fim, gerou
grande preocupação entre a comunidade de negócios sul-africana e suas
classes mais altas. Em 2007 ele foi rejeitado para a presidência do CNA.
Nove meses depois, a nova liderança do partido forçou sua saída como
presidente do Estado, sete meses antes do final de seu mandato... Foram
muitas as desigualdades que definiram os 13 primeiros anos da transição
que acabou por forjar uma elite pouco politizada. Objetivamente, o
governo Mbeki herdou um Estado falido e foi confrontado com um conjunto
de expectativas ambiciosas dos grupos de poder que dominavam a África
do Sul. Além disso, o presidente teve que enfrentar uma greve de
investimentos da comunidade de negócios, que o levou a fazer uma série
de concessões econômicas’.2

Desemprego – mesmo com o crescimento da economia, um problema antigo,


agravado pela segregação racial ainda não havia sido sanado:

“O apartheid havia criado desemprego galopante entre a


população negra, e que assombra a economia quase duas décadas mais
tarde. A taxa oficial de desemprego na África do Sul gira em torno de 25%
ao ano, e o desemprego entre os jovens é muito maior. De acordo com
algumas estatísticas, metade dos menores de 25 anos está sem trabalho.
O presidente, Jacob Zuma, tem plena consciência disso. É uma
situação que, combinada a padrões de educação em queda e
trabalhadores sem treinamento, acumula problemas para o futuro”.3

Ricos e pobres – O fim do apartheid não conseguiu resolver a desigualdade entre


ricos e pobres – leia-se aqui, rico, como quase sinônimo de branco, pois após a

2
Pereira, Analúcia Danilevicz. Artigo: A (Longa) História da Desigualdade na África Do Sul. ISSN 2178-1737/2011, págs. 143,144.
3
Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/morte-nelson-mandela/noticia/2013/12/mandela-mudou-economia-da-africa-do-
sul-mas-desigualdade-avanca.html. Acessado em 03 de março de 2019.
segregação racial, poucos negros conseguiram ascender financeiramente. O
portal G1 fornece os seguintes dados:

“Um dos problemas é a enorme discrepância entre ricos e pobres,


que na África do Sul é uma das mais altas do mundo. Na verdade, por algumas
medições é maior do que era no tempo do apartheid. De acordo com o
coeficiente de Gini, comumente usado para medir a desigualdade, a África do
Sul marcou 0,63 em 2009. De acordo com o coeficiente, 0 é o mais igual e 1 é
o menos igual. No entanto, em 1993, o coeficiente do país era de 0,59, o que
tem levado muitos à conclusão de que o fosso entre ricos e pobres está
realmente ficando maior”.4

A mobilização do grupo zulu Inkhata contra o CNA (Congresso Nacional


Africano)

Mesmo com a soltura de Mandela e os avanços no processo de pôr fim a


segregação, muito sangue ainda seria derramado. Estava claro que, o processo
de transição ainda seria constituído de muitos capítulos. Um destes capítulos
teve como protagonista o IFP (Inkatha Freedom Party - partido da Liberdade
Inkatha).

“O Partido da Liberdade Inkatha (em inglês: Inkatha Freedom


Party, IFP) é um partido político da África do Sul... A primeira organização
que teve o nome Inkatha foi fundada na década de 1920 pelo rei dos zulus,
Solomon ka Dinizulu, tio de Buthelezi. Era um movimento cultural (‘inkatha’
é o nome dum símbolo da unidade dos zulus) com o objetivo de ‘promover
o desenvolvimento dos zulus, nos planos espiritual, económico,
educacional e político’. Para além destes objetivos, está ainda explícito
nos seus estatutos de 1975, que o movimento Inkatha deveria cooperar
com ‘todos os movimentos progressistas e nacionalistas africanos e
partidos políticos com vista à completa erradicação de todas as formas de
colonialismo, neocolonialismo, racismo, imperialismo e discriminação’. No
entanto, na década de 1980, o Inkatha transformou-se num grupo

4
Idem.
paramilitar, com Buthelezi preparando-se para passar de chefe tribal a
governante nacional”.5

As eleições de 1994 – os preparativos para as eleições de 1994 na África do Sul,


na qual Nelson Mandela sairia vitorioso, ainda reservavam muitas surpresas e
embates:

Sabendo que na eleição de 1994 concorreriam sete partidos...


Um embate entre ANC e IFP se sobressaiu, a população zulu se organizou
para boicotar o ANC, segundo Castelo Branco no dia 17 de junho de 1993,
membros do IFP entraram na cidade de Boipatong, nas proximidades de
Joanesburgo e assassinaram 38 pessoas, incluindo mulheres e crianças,
todos membros do ANC (Apud - BRANCO, 2003, p. 197)

Na tentativa de mediar os conflitos, o então recém presidente Mandela,


deu cargos e ministérios para os diversos grupos de oposição. Dentre eles, o
IFP, que ficou com o Ministério do Interior. O IFP passou a apoiar os governos
de Mandela e de Thabo Mvuyelwa Mbeki. Porém, hoje consolida-se na oposição
ao governo novamente.6

2 - O FIM DO APARTHEID E A SITUAÇÃO DA MINORIA BRANCA

O regime segregacionista da elite branca não podia mais privilegiar e


defender a minoria branca. Com isto, eles foram perdendo poder, influência e
força e se tornaram alvo de violência por parte de alguns negros que resolveram
fazer justiça própria e vingança. Veja este relato da agência de notícias Sputnik:

“Para alguns, parece segregação, mas para os próprios


residentes isto é inclusive uma medida de segurança, dado os números
de crimes cometidos pela maioria negra contra os fazendeiros brancos.
Embora o governo sul-africano continue negando o caráter sistemático
desses crimes, vários jornalistas e organizações humanitárias já o

5
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_da_Liberdade_Inkatha. Acessado em 03 de março de 2019.
6
Fonte da informação: https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_da_Liberdade_Inkatha
consideram como genocídio; é assim, por exemplo, que o classifica o
portal Genocide Watch.7

Segundo a BBC News, Pobreza e violência põem em xeque o futuro de brancos


na África do Sul:

“Durante o apartheid, período de segregação racial na África do


Sul, o país se preocupava apenas com os brancos. Agora, eles voltam a
ser motivo de preocupação, mas por uma razão diferente: milhares deles
estão mergulhados na pobreza e expostos à violência... Parece que
apenas determinadas partes da comunidade branca têm um futuro
assegurado: os que sustentam melhor status social... Os da classe
trabalhadora, em sua maioria africaners, enfrentam uma crise. Mas não se
trata de uma crise noticiada nos jornais ou na televisão porque despertaria
questões sobre um passado que todos na África do Sul querem esquecer.
Segundo o ativista político Mandla Nyaqela, isto é consequência do
terrível nível de brutalidade com que se tratou a população negra durante
o apartheid”.8

Também, de acordo com o portal Veja, em


matéria da autoria de Vanessa da rocha, da cidade
do cabo, publicada em 10 de dezembro de 2017, há
uma considerável quantidade de brancos vivendo
na pobreza na África do Sul.
Figura 1 - Disponível em
https://veja.abril.com.br/mundo/africa-do-sul-conheca-
os-brancos-que-vivem-na-miseria/

“Eles se tornam quase imperceptíveis em contraste com mais de


25 milhões de negros que compõem as favelas sul-africanas. Famílias que
dependem exclusivamente de doações para viver fazem fila para receber
mantimentos. As mãos que entregam os produtos são negras e as que
recebem a ajuda, brancas. A cena é emblemática por se tratar de um país
composto majoritariamente por negros subjugados durante décadas pelos

7
Disponível em: https://br.sputniknews.com/oriente_medio_africa/2018073111848280-assasinio-fazendeiro-branco-negros-africa-
do-sul/. Acessado em 03 de março de 2019.
8
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/05/130526_brancos_africadosul_fl. acessado em 04 de março
de 2019.
brancos no regime do apartheid. E também vai na contramão do senso
comum, que idealiza a África do Sul como um país quase exclusivamente
negro e pobre com alguns guetos brancos de riqueza”.9

Um fato que muitos desconhecem, é a procedência desta minoria branca


na África do Sul. De onde eles são oriundos? Como chegaram ao poder político
no país? Por que uma parte deles vive na pobreza?

“Dos mais de 55 milhões de sul-africanos, 8% são brancos. Eles


são Afrikaners, descendentes de holandeses, alemães, franceses e
britânicos que migraram para o país a partir do século XVII. São
conhecidos por desfrutar de um conforto financeiro adquirido no
colonialismo e reforçado no regime segregacionista. Dentro dessa minoria
existe outra minoria, equivalente a menos de 1%, que vive na extrema
pobreza. É um grupo de aproximadamente 40 mil brancos com pouca
qualificação profissional e que, por estarem num país com um índice de
desemprego na faixa de 26%, não conseguem trabalho. Eles reclamam
que viram suas oportunidades serem reduzidas a partir de 1994, quando
Nelson Mandela foi eleito e as políticas de emprego e assistência se
voltaram para corrigir as atrocidades do passado”.10

Ataques raciais a fazendeiros na África do Sul

A maior parte da produção agrícola da África do Sul pertence a minoria


branca. Isto sempre causou uma enorme insatisfação por parte dos negros, que
se acham donos das terras por serem nativos. Os fazendeiros brancos têm sido
alvos de constantes ataques por parte de negros.

"’A África do Sul é um país muito violento’, reconhece o vice-


presidente da organização, Ernst Roets. ‘Mas estes ataques também têm
uma causa política. Alguns dirigentes predicam o ódio contra os
fazendeiros brancos e os acusam de todos os males’. Em sua mira está
Julius Malema, chefe da esquerda radical que exorta a "tomar a terra" dos

9 Disponível em: https://veja.abril.com.br/mundo/africa-do-sul-conheca-os-brancos-que-vivem-na-miseria/. Acessado em 03 de


março de 2019.
10 Disponível em: https://veja.abril.com.br/mundo/africa-do-sul-conheca-os-brancos-que-vivem-na-miseria/. Acessado em 02 de

março de 2019.
brancos, e o presidente, Jacob Zuma, que em 2010 entoou o cântico
revolucionário ‘atirem no fazendeiro, atirem no boer (descendente de
colono holandês)’. A agricultura sul-africana continua controlada, em
grande parte, pelos descendentes dos colonos. Os agricultores brancos
possuem 73% das terras, segundo um estudo recente”.11

Conclusão

Analisar a situação da África do Sul após o apartheid, traz a todos a


certeza de que por mais que os anos passem, a história mostra que exemplos
de intolerância, segregação, racismo e outros males, só impedem os seres
humanos de a cada dia serem mais humanos. Fala-se muito em globalismo e
globalização. O mundo é uma imensa aldeia global! E que por conta disso, as
barreiras estão caindo. Todavia, ainda há até hoje, aqueles que querem se
sobrepor aos demais. Ainda há aqueles que se acham no direito de dominar os
identificados como mais “fracos”, o “gado” da população. Ainda há aqueles que
pensam fazer parte de uma elite dominante. Espera-se que em algum momento
esta “trupe do mal”, entenda que todos são iguais; que as distinções de etnia,
credo, raça, cor, língua, sexo ou qualquer fator que possa distinguir uns dos
outros, não os tornam desiguais; apenas diferentes. Diferentes, porém, não
menores. Porquanto, o diferente não é inferior a ninguém.

11Disponível em: http://jornaldesantacatarina.clicrbs.com.br/sc/mundo/noticia/2017/12/o-flagelo-dos-ataques-raciais-a-


fazendeiros-na-africa-do-sul-10104385.html. Acessado em 03 de março de 2019.

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