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oglobo.globo.com

Floresta preservada vale mais que


terra desmatada, diz estudo
Ana Lucia Azevedo
6-8 minutos

RIO - Em meio ao debate de ruralistas e ambientalistas levantado


por declarações do candidato à Presidência do PSL, Jair Bolsonaro,
no sentido de enfraquecer o licenciamento ambiental e a fiscalização
do Ibama, estudos indicam que a floresta em pé vale bem mais do
que a terra desmatada. Análises do economista Bernardo
Strassburg, diretor do Instituto Internacional para a Sustentabilidade e
professor da PUC-Rio, mostram que os serviços ambientais
proporcionados pela Amazônia e pelo Cerrado geram mais recursos
econômicos que a substituição da vegetação nativa por culturas
como a soja ou a pecuária.

São chamados serviços ambientais — ecossistêmicos, no jargão


técnico — a oferta de água, a regulação do clima, a manutenção da
fertilidade do solo, a prevenção da erosão e a polinização das
culturas. Pelos cálculos de Strassburg, um hectare de floresta em pé
na Amazônia presta serviços precificados em R$ 3.500 por ano. No
Cerrado, a vegetação gera de R$ 2.300 anuais. O mesmo hectare
desmatado para a pecuária daria um lucro de R$ 60 a R$ 100 por
ano. Se usado para soja, o valor será de R$ 500 a R$ 1 mil por ano.
Outros serviços que podem ser precificados, mas não estão nesse

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cálculo, são o impacto na saúde, o turismo e a biodiversidade em si.


Cerca de 40% dos produtos farmacêuticos dependem da riqueza
biológica desses biomas brasileiros.

O estudo do valor do capital natural surgiu nos anos 1980 e


amadureceu ao ponto de ser usado para fundamentar negócios hoje
em dia. Do ponto de vista do país, não faz o menor sentido desmatar
mais do que já foi feito até hoje, assegura Strassburg, único
integrante brasileiro do painel de valoração do capital natural da
Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços
Ecossistêmicos, com 127 países membros. O Brasil tem mais de 50
milhões de hectares em terras degradadas e sem uso.

A questão é que os serviços ambientais são benefícios para o


agronegócio de forma geral e para toda a sociedade, numa
perspectiva de longo prazo. Já os ganhos da pecuária e agricultura
são imediatos e vão diretamente para o bolso do proprietário de terra,
o que aumenta a pressão pelo desmatamento. Mas existem formas
de compensar. Há pagamentos por serviços ambientais e
mecanismos de compensação em tratados internacionais, como o
Acordo de Paris.

Restrições comerciais

O Fundo Amazônia, por exemplo, capta doações para o combate ao


desmatamento no Brasil. Petrobras, Noruega e Alemanha são os
principais doadores e os valores oscilam em função do tamanho da
área desmatada no país — quanto menor, maiores os recursos. Em
dez anos, o fundo recebeu US$ 1,2 bilhão. Strassburg observa que a
Noruega acena com a ampliação das doações para o Cerrado, que
entrou no radar dos investidores internacionais devido à pressão da
expansão das commodities agrícolas.

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— É o governo brasileiro que decide para onde esse dinheiro vai, não
há ingerência estrangeira. Hoje é usado, principalmente, em
unidades de conservação e monitoramento. Mas também poderia, se
o governo quisesse, ser empregado em parte para compensar
proprietários de terra que abrissem mão de desmatar áreas legais —
diz o economista.

Derrubada, a floresta se torna um prejuízo dividido por todo o país. A


França, por exemplo, começa a implementar um plano que incorpora
o desmatamento relacionado à produção de suas importações às
emissões francesas. Isso significará o fechamento do mercado
francês a produtos do agronegócio de países sem controle da perda
de vegetação. Outros países da União Europeia (UE) caminham na
mesma direção. E o Brasil é o maior exportador de commodities
agrícolas para a UE.

— Desmatar é péssimo negócio — observa Strassburg.

Não sem motivo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos


Vegetais, que reúne as maiores traders de soja, como Cargill e
Bunge, reiterou o compromisso com ações de combate ao
desmatamento ilegal. A presidente do Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina
Grossi, diz que a organização defende zerar o desmatamento líquido
e aumentar as taxas de reflorestamento.

Linha de cosméticos

Como exemplo dos ganhos da preservação da biodiversidade, o


CEBDS destaca o caso da Natura. A empresa fez da colheita de
sementes da ucuubeira, uma espécie da Amazônia, uma linha de
cosméticos que gera renda três vezes maior para comunidades da
floresta que o que viria da derrubada da árvore, que só pode ser feita

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uma vez e não rende mais do que R$ 20 por unidade. A linha de


produtos da floresta da Natura movimentará R$ 1,2 bilhão entre 2010
e 2020, 22% a mais que o previsto inicialmente.

Um debate sobre possibilidades de novos investimentos em áreas


como clima, água, florestas e energia reuniu na semana passada em
São Paulo representantes de fundos, bancos, empresas e
especialistas em meio ambiente. O evento “Caminhos para 2050” foi
promovido pela Associação dos Analistas e Profissionais do
Investimento de Mercado de Capitais e o PRI (Principles for
Responsible Investment), rede que tem entre seus membros dois mil
dos maiores gestores de investimento e fundos de pensão do
mundo.

Durante o debate, Peter van der Werf, da Robeco, uma das gigantes
globais de gestão de investimentos, explicou que o desmatamento foi
incorporado às análises da gestora porque impacta a
sustentabilidade das empresas a longo prazo. Em sua
apresentação, Álvaro Dilli, diretor de RH e Sustentabilidade da SLC
Agrícola, uma das maiores produtoras de grãos do mundo, disse que
a empresa busca alternativas ao desmatamento e que só 1% de
suas lavouras tem menos de três anos.

— O evento mostra o interesse do setor financeiro na


sustentabilidade de toda a cadeia produtiva e do valor das florestas
em pé — afirma Danielle Carreira, gerente sênior de meio ambiente
do PRI.

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