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MÔNICA MARTINS RIBEIRO

GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Uberlândia
2018
MÔNICA MARTINS RIBEIRO

GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Pitágoras de Uberlândia, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Engenharia Civil.

Orientador: Rafael Kerst

Uberlândia
2018
MÔNICA MARTINS RIBEIRO

GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Pitágoras de Uberlândia, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Engenharia Civil.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Uberlândia, 27 de abril de 2018


Dedico este trabalho a Deus, pois sem Ele
não teria chegado onde estou, aos meus
pais, meus irmãos e ao meu esposo que
estiverem ao meu lado em todos os
momentos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, sem dúvidas não teria chegado onde estou se
não fosse por Sua presença em minha vida.
Agradeço meus pais, meus irmãos, meu sobrinho e familiares que sempre me
apoiaram a seguir rumo aos meus sonhos. O carinho deles sempre me envolveu e
me fizeram mais forte.
Agradeço ao meu esposo Elvis pela paciência e por estar sempre ao meu lado
dando o apoio necessário para seguir em frente.
Obrigada professores e colegas, vocês foram fundamentais na construção do
conhecimento.
RIBEIRO, Mônica Martins. Gestão de Resíduos na Construção Civil. 2018. 32
folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil – Faculdade Pitágoras,
Uberlândia, 2018.

RESUMO

O objetivo central deste estudo é a compreensão em torno da gestão dos Resíduos


da Construção Civil. Especificamente almeja-se pesquisar o operacional e o
gerenciamento dessa atividade econômica, de maneira a encontrar o ponto
equilibrado entre o crescimento social e econômico e as práticas sustentáveis na
gestão dos Resíduos. Portanto, espera-se entender o que são os Resíduos da
Construção, seus impactos, a classificação, os limites legais impostos sobre o
manejo e o gerenciamento dos resíduos gerados. Para o alcance dos objetivos
definidos, realizou-se uma revisão de literatura em livros acadêmicos, revistas
científicas, notícias e informes em sites oficiais e confiáveis sobre a referida
temática.

Palavras-chave: Resíduos; Construção Civil; Impactos; Gestão.


RIBEIRO, Mônica Martins. Gestão de Resíduos na Construção Civil. 2018. 32
folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil – Faculdade Pitágoras,
Uberlândia, 2018.
.

ABSTRACT

The main objective of this study is to understand the management of Civil


Construction Waste. Specifically, we aim to research the operation and management
of this economic activity in order to find the balance between social and economic
growth and sustainable practices in waste management. Therefore, it is expected to
understand what Construction Waste is, its impacts, classification, legal limits
imposed on the management and management of the waste generated. In order to
reach the defined objectives, a literature review was carried out in academic books,
scientific journals, news and reports on official and reliable websites about this
subject.

Keywords: Waste; Construction; Impacts; Management.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Hierarquia do sistema de gerenciamento de resíduos ........................... 20


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Normas Técnicas Brasileiras de RCC .................................................19


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AL – Alagoas
CE - Ceará
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
OMS – Organização Mundial de Saúde
PIB - Produto Interno Bruto
RCC - Resíduos da Construção Civil
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 13
2. RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................................. 15
3. IMPACTOS AMBIENTAIS DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL.......... 21
4. GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................... 25
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 30
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 31
13

1. INTRODUÇÃO

No contexto econômico a construção civil trata-se de um dos segmentos


importantes que refletem diretamente na economia. Essa área é responsável por
geração de empregos diretos e indiretos, movimenta a economia e participa
ativamente no Produto Interno Bruto (PIB). Considerada por muitos como um
termômetro da economia, essa indústria por sua peculiaridade produz elevada
quantidade de resíduos sólidos, que sem qualquer margem para dúvidas impactam o
ambiente de diferentes formas. No Brasil, o órgão responsável pela regulamentação
da gestão dos resíduos é o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)
juntamente com entidades estaduais e municipais.
O estudo em torno dos Resíduos da Construção Civil justifica-se pelo fato de
que o meio ambiente é direito difuso coletivo, um bem de todos que reveste-se de
proteção no ordenamento jurídico, tanto na Carta Magna do país como na legislação
infraconstitucional. E num contexto global, a preocupação com o meio ambiente é
um tema discutido mundialmente, pois a deposição de resíduos da construção civil
(RCC) em lugares inadequados causam problemas ao meio ambiente e à sociedade
em geral. Portanto, entre o aquecimento da economia, com a geração de empregos
e renda, baliza-se a questão do impacto ambiental, que conduz a uma situação de
necessidade de uma gestão destes resíduos, que podem ser reutilizados, reciclados,
enfim gerenciados através de práticas ordenadas e devidamente monitoradas por
profissionais com competência técnica.
Quais os impactos dos Resíduos da Construção Civil e como equilibrar esse
ramo econômico com a devida proteção ao meio ambiente é o alvo que movimenta
este estudo. Mundialmente as diversas sociedades discutem a proteção ambiental e
a sustentabilidade. A preservação do ecossistema se torna necessária, para que se
tenha uma vida mais saudável e as futuras gerações não sejam comprometidas,
paralelo a tal necessidade está a gestão dos resíduos que impactam e causam
diversos prejuízos à natureza. A partir dessa problemática deve – se criar meios
para que os resíduos sejam reutilizados, reciclados e descartados de forma correta.
O objetivo central alicerça-se em compreender a gestão dos Resíduos da
Construção Civil, pesquisar o operacional e o gerenciamento dessa atividade
econômica, de maneira a encontrar o ponto equilibrado entre o crescimento social e
econômico e as práticas sustentáveis na gestão dos Resíduos.
14

Portanto, especificamente espera-se descrever o que são os Resíduos da


Construção Civil, tanto o conceito como os caminhos adotados. Outro propósito
importante é o de explicar os seus impactos, sua classificação, os limites legais
impostos sobre o manejo e o gerenciamento dos resíduos gerados. E por fim se
deseja compreender a gestão dos resíduos na construção civil. Para o alcance dos
objetivos definidos, realizou-se uma revisão de literatura em livros acadêmicos,
revistas científicas, notícias e informes em sites oficiais e confiáveis sobre a referida
temática.
15

2. RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1 Definição e caminhos

A compreensão do campo conceitual e dos caminhos adotados por um ramo


de destaque na sociedade é essencial para aclarar estudos, apontamentos e
pesquisas nas diversas áreas do saber. Delimitar a abrangência passa a ser algo
importante para a compreensão plena do que seja a construção civil.
O Ministério da Educação e da Cultura, traça limites para a abrangência
dessa área. Portanto, a área é ampla, envolvendo diversos campos de ação
relacionados com práticas de planejamento, projeto, execução e manutenção.

A área de Construção Civil abrange todas as atividades de produção de


obras. Estão incluídas nesta área as atividades referentes às funções
planejamento e projeto, execução e manutenção e restauração de obras em
diferentes segmentos, tais como edifícios, estradas, portos, aeroportos,
canais de navegação, túneis, instalações prediais, obras de saneamento, de
fundações e de terra em geral, estando excluídas as atividades
relacionadas às operações, tais como a operação e o gerenciamento de
sistemas de transportes, a operação de estações de tratamento de água, de
barragens. (BRASIL, 2000, p. 5)

Casarotto (2002, p. 8), citando como fonte a Comissão de Economia e


Estatística da Câmara Nacional da Construção Civil (1998), traz uma definição
sucinta em torno da construção civil, situando-a como indústria da qualidade de vida,
isso por produzir bens como soluções de urbanismo e edificações, tidos pela autora
como “indispensáveis ao bem-estar e à evolução da sociedade, bem como planeja e
executa soluções de infraestrutura imprescindíveis ao aumento da produtividade da
sociedade.” (CASAROTTO, 2002, p.8)
Outra contribuição considerada relevante com relação a esta área foi
encontrada em Pinto (2005, p. 6), que a reconhece como uma das mais destacáveis
para o desenvolvimento econômico e social. Mas em contraposição a esta
afirmação, ressalta que comporta em função de sua natureza, uma área geradora de
grandes impactos ambientais. O autor relaciona tais impactos citando o consumo de
recursos naturais, a modificação da paisagem e também a geração de resíduos.
O Brasil é um país Democrático de Direito, cuja Constituição Federal datada
do ano de 1988. No rol das legislações dessa nação, existem as que são
16

consideradas infraconstitucionais, dentre estas encontra-se a Lei de Crimes


Ambientais que regula o direito difuso e coletivo sobre o meio ambiente.
A construção civil por sua natureza, associa-se a geração de resíduos o que
a relaciona com o meio ambiente que é direito de todos. Válido realçar no campo
legal a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA de nº 307,
de fevereiro de 1998, citada por Pinto (2005, p. 11), que segundo o autor, leva em
consideração as definições da Lei de Crimes Ambientais, prevendo penalidades
para a disposição final de resíduos em desacordo com a legislação.
Pinto (2005, p. 11), ressalta que esta resolução exige do poder público
municipal a elaboração de leis, decretos, portarias e outros instrumentos legais como
parte da construção da política pública que discipline a destinação dos resíduos da
construção civil. E toda regulamentação infraconstitucional tem sua base segura no
que garante a Constituição da República.
Conforme visto, além das atribuições repassadas ao ente município, o meio
ambiente é direito fundamental difuso, garantido na carta Magna do país. Neste
sentido, Souza (2010, p.1), esclarece que a preocupação ambiental somente surgiu
no Brasil a partir da década de 60, o que segundo o autor só ocorreu por pressões
internacionais, principalmente, após a criação do Clube de Roma, em 1972.
Segundo o autor acima citado, um fator essencial na evolução da proteção do
meio ambiente no Brasil, foi a sua elevação a bem de uso comum do povo, ou seja:
a “elevação a bem jurídico. E, mais que isto, o tratamento que recebeu da
Constituição da República como sendo um bem de interesse difuso” (SOUZA, 2010,
p.1).
Souza (2010) destaca que foi desta forma que abriu-se a possibilidade de que
a defesa do meio ambiente não ficasse adstrita ao Ministério Público, mas que
transcendesse a todos aqueles que desejarem exercer a sua defesa, o que contribui
para maior fiscalização e zelo com a questão ambiental.
É preciso fixar o parâmetro do conceito de Resíduo da Construção Civil –
R.C.C, de acordo com a denominação legal estabelecida na Resolução nº 307
/2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, estes são aqueles
provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de
construção civil, também encontra-se neste rol, os resultantes da preparação e da
escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral,
solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros,
17

argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação


elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralhas.
Os resíduos da construção civil, R.C.C, necessitam ser planejados numa
sociedade em que o meio ambiente é direito fundamental. Jacobi e Besen (2011, p.
135), trazem à luz a importância da gestão e a disposição inadequada dos resíduos
sólidos, que pela natureza ocasionam impactos socioambientais, tais como
degradação do solo, o prejuízo dos corpos d’água e mananciais, “intensificação de
enchentes, contribuição para a poluição do ar e proliferação de vetores de
importância sanitária nos centros urbanos e catação em condições insalubres nas
ruas e nas áreas de disposição final.” (JACOBI; BESEN, 2011, p. 135)
O apontamento dos autores alhures citados evidenciam que a questão da
gestão e boa administração dos resíduos da construção civil é essencial para a área
por questões legais que apontam para ações desenvolvidas com responsabilidade
social, legalidade e transparência com relação a sustentabilidade de práticas que
sem o devido zelo e cuidado podem impactar diretamente o meio ambiente que é um
bem de todos.
Jacobi e Besen (2011, p. 136), citando a Organização Mundial de Saúde –
O.M.S., explicam que além do aumento de resíduos na construção civil, aliam-se à
problemática, as mudanças na composição destes, o que resulta no acréscimo da
periculosidade.
De acordo com os autores acima citados, tais mudanças advém dos “modelos
de desenvolvimento pautados pela obsolescência programada dos produtos, pela
descartabilidade e pela mudança nos padrões de consumo baseados no consumo
excessivo e supérfluos.” (JACOBI; BESEN, 2011, p. 136)
A descartabilidade alhures citada é ainda reflexo de uma sociedade
consumista e cada vez mais adepta ao supérfluo e à troca de um produto por outro,
o que é comum nas nações capitalistas em que a competitividade traz produtos e
tecnologias inovadoras com grande rapidez. Essa sociedade é limitada por leis e por
isso mesmo necessita desenvolver e garantir o cumprimento de uma gestão
sustentável dos resíduos, e no caso em questão os Resíduos da Construção Civil.
A gestão integrada e sustentável dos resíduos sólidos, de acordo com Jacobi
e Besen (2011, p. 136) “inclui a redução da produção nas fontes geradoras, o
reaproveitamento, a coleta seletiva com inclusão de catadores de materiais
18

recicláveis e a reciclagem, e ainda a recuperação de energia.” (JACOBI; BESEN,


2011, p. 136).
A compreensão de como a sociedade democrática brasileira deve lidar com
os Resíduos da Construção Civil – R.C.C, não deve passar apenas pelo que
denominou-se neste estudo de gestão, como também se faz necessário o devido
gerenciamento.
De acordo com Nagalli (2014, p. 9), ao lado da gestão que é definida pelo
autor como processo amplo, composto por políticas públicas, leis e regulamentos
que mediam e estabelecem os limites para os agentes do setor, existe o
gerenciamento, que é outra faceta fundamental.
Nagalli (2014, p. 9), esclarece que é o gerenciamento que irá se ocupar das
atividades operacionais e do trato direito com os resíduos. O “gerenciamento aborda
as ações desenvolvidas por empreendedores e construtores, no sentido de antever,
controlar e gerir a manipulação dos resíduos de suas obras.” (NAGALLI, 2014, p. 9)
Nagalli (2014) aclara que a reponsabilidade de gerenciamento dos resíduos deve
caber a um profissional técnico habilitado, sendo maior o costume de ser
desenvolvido por um engenheiro civil.
Outro apontamento considerado relevante quando o alvo do estudo é a
Gestão dos Resíduos de Construção Civil é a questão da sustentabilidade, palavra
cujo conceito tem sido uma vertente de inúmeros estudos científicos da sociedade
consumista e globalizada.
Portanto, mais uma vez apoia-se na contribuição de Nagalli (2014, p. 17), em
que o autor sabiamente afirma que a sustentabilidade possui três dimensões, que
são a ambiental, a social e a econômica. E ressalta o autor que os resíduos de
construção e demolição refletem nessas três dimensões em função do impacto no
meio ambiente, o econômico e social pode ser percebido nas atividades humanas na
cadeia de reciclagem, que geram trabalho e renda para muitos, inclusive àqueles
que não são favorecidos pelo mercado de trabalho formal.
De acordo com publicação do IPEA ainda no ano de 2012, estimava-se que
um valor médio de 0,50 t por habitante de RCC é gerado anualmente em algumas
cidades brasileiras. Outra consideração necessária é situar o tipo de resíduo advindo
da Construção Civil.
Para tanto, buscou-se a contribuição de Ribeiro et. al. (2016), em que o autor
informa que os resíduos possuem particularidades que foram classificadas de
19

acordo com a NBR 10.004 (ABNT, 2015). A norma alhures citada os divide em
classes: I (perigosos), II (não inertes), classe III (inertes) dentre outras, considerando
suas características e o risco oferecido à população e ao meio ambiente.
Os resíduos da construção civil se enquadram na classe III (inertes), a qual
”abrange resíduos que não se decompõem quando descartados no solo (degradam-
se muito lentamente), assim surge a necessidade de aplicar as técnicas de reciclar
ou reutilizar os resíduos gerados pelo setor.” (RIBEIRO; MOURA; PIROTE, 2016, p.
5)
Assim posto, é importante salientar que a grande parte dos municípios do
país não possui uma política municipal de gestão e gerenciamento dos resíduos da
construção civil. Tanto que de acordo com o Relatório do IPEA 2012, cerca de 1%
dos 5.564 municípios brasileiros estabeleceram seus planos de gerenciamento de
RCC.
O relatório do IPEA (2012) evidencia as normas brasileiras sobre os Resíduos
da Construção Civil, estabelecendo um rol que necessita ser conhecido para uma
gestão adequada neste setor.
Quadro 01. Normas Técnicas Brasileiras de RCC
Norma Descrição
NBR 1004 Resíduos sólidos (classificação)
NBR 15112 RCC e resíduos volumosos - áreas de transbordo e
triagem (diretrizes para projetos, implantação e operação).
NBR15113 RCC e resíduos inertes - aterros (diretrizes para projetos,
implantação e operação)
NBR15114 RCC - áreas para reciclagem (diretrizes para projetos,
implantação e operação).
NBR15115 Agregados reciclados de RCC - execução de camada de
pavimentação (procedimentos)
NBR15116 Agregados reciclados de RCC - utilização em
pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural
(requisitos)
Fonte: IPEA 2012
A minimização, o adequado gerenciamento dentro de uma gestão em
resíduos sólidos são ações que necessitam ser desenvolvidas por profissional
20

habilitado que saiba conduzir o manejo de maneira adequada à legislação e com o


rigor exigido nas normas técnicas.
Na busca sobre os caminhos para lidar com os Resíduos da Construção Civil,
é preciso saber, conforme afirma Nagalli (2014, p. 216.), que a gestão dos Resíduos
da Construção Civil – R.C.C, tem como objetivo garantir a correta logística dos
resíduos no decorrer da realização das práticas de engenharia. O autor também
comenta sobre a analogia entre a gestão dos resíduos sólidos e dos resíduos de
construção civil, embora nem todos os resíduos da construção civil sejam sólidos.
Figura 01. Hierarquia do sistema de resíduos

Fonte: NAGALLI, 2014

Os cinco critérios estipulados em caráter hierárquico com relação à Gestão


dos Resíduos da Construção Civil deixam em evidência que tais resíduos precisam
estar inseridos num processo de gestão e gerenciamento para contornar um quadro
de prejuízo ao meio ambiente que é bem de todos, como a saúde humana, tanto no
que se refere ao uso de recursos naturais, quanto a poluição e deterioração do meio.
21

3. IMPACTOS AMBIENTAIS DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

3.1 Os diversos impactos

Para conceituar o título deste capítulo, a resolução 01 do CONAMA do ano de


1986, define impacto ambiental como qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem a
saúde, a segurança, o bem estar, as atividades sociais e econômicas, a biota, as
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, assim como a qualidade dos
recursos ambientais.
Vechi, Gallardo, Teixeira (2016) apud Dezordi et. al. (2017) discorrem sobre
as várias fases da construção civil, como a etapa de eliminação vegetal,
movimentação do solo na fase de terraplenagem, consumo de recursos naturais
para execução dos elementos de concreto, geração de resíduos associados a
diversas atividades, até as atividades finais de acabamento. Todos estes processos
comentados pelos autores impactam o ambiente.
No entanto, os autores alhures citados apresentam uma visão dupla, trazem à
luz os aspectos negativos da construção civil no que se refere a impactar o meio
ambiente e ao mesmo tempo discorrem sobre um lado positivo que associa-se ao
planejamento, gestão e gerenciamento na construção civil no que se refere ao meio
ambiente e a preocupação com a qualidade de vida.

O crescimento do setor de construção civil tem causado significativo


impacto, refletindo uma situação paradoxal, pois a promoção, por meio de
obras civis, da melhoria das condições urbanísticas de um local, ao mesmo
tempo, aumenta a demanda por matérias-primas naturais e, por
consequência, ocasiona a geração de resíduos, causando impactos
ambientais negativos (Paschoalin Filho et al., 2011). Kamimura (2012)
destaca que empreendimentos de grande porte modificam o equilíbrio do
meio biofísico e causam impactos socioeconômicos, culturais e ambientais
de magnitudes diversas. Para Rodríguez et al. (2011), a construção civil
pode ocasionar, além dos impactos negativos, também impactos positivos,
proporcionando um aumento na qualidade de vida da sociedade pela
implantação de infraestruturas diversas. (VECHI; GALLARDO; TEIXEIRA,
2016, p. 2)

Valença et. al. (2015), descrevem alguns prejuízos ao meio ambiente que é
bem de todos, causados pela deposição ilegal ou irregular dos resíduos. Segundo os
22

autores, os principais impactos na área urbana são: “poluição visual, obstrução dos
corpos de drenagem provocando inundações, contaminação dos recursos hídricos,
obstrução do tráfego e proliferação de vetores.” (VALENÇA; MELO, WANDERLEY,
2008, p. 45).
Os autores alhures citados destacam ainda os impactos econômicos em
função do desperdício e esclarecem inclusive sobre alguns aspectos de prejuízos ao
meio ambiente que assumem caráter dramático, impactando os corpos d’água,
provocando desastres e problemas em situação de enchentes, chegando a
prejudicar a saúde pública em vários aspectos, do aquático à segurança das
pessoas de um modo geral.

Os aspectos ambientais do manejo inadequado dos RCC se materializam


através do assoreamento de corpos d’água, obstrução dos sistemas de
drenagem, atração de vetores em função do acúmulo de outros tipos de
resíduos tanto nas caçambas estacionárias da coleta privada de RCC
quanto nos chamados bota-foras, etc. Os impactos ambientais decorrentes
da deposição irregular de RCC às vezes adquirem aspectos dramáticos,
particularmente nos grandes centros urbanos, sob a forma de inundações,
degradação da paisagem urbana e contaminação dos recursos hídricos com
danos à vida aquática, e acarretando custos sociais e econômicos para a
sociedade. (VALENÇA; MELO; WANDERLEY, 2008, p. 52-53)

Como visto, o rol negativo provocado pelos resíduos da construção civil é


bastante amplo. Neste sentido buscou-se ainda a contribuição de Silva (2015, p. 15)
em que a autora destaca que os resíduos da construção civil afetam a qualidade de
vida da população, tanto por impactar o meio ambiente com a extração de recursos
naturais, como também pelo descarte inadequado dos resíduos em áreas de
mananciais e de preservação ambiental.
Silva (2015), traz para discussão um outro aspecto impactante que é o fato
dos resíduos da construção civil serem heterogêneos, podendo ser constituídos de
elementos perigosos advindos de metais pesados, o que deve ser levado em conta
no momento de reciclar. Isto porque segundo a autora é preciso avaliar a
possibilidade de contaminação do solo subjacente, mananciais superficiais e
subterrâneos de água.
Silva (2015) destaca que os resíduos da construção civil podem alterar
drasticamente o ecossistema, podendo provocar até mesmo a extinção, cita como
exemplos a inundação de grandes áreas, corte de vegetações, impermeabilização
do solo, além da poluição sonora e visual.
23

Silva (2015, p. 36) adverte para o que deve ser considerado no quesito
periculosidade nos resíduos, tecendo algumas características como a
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade e a patogenicidade. A autora,
citando Ângulo e Jhon (2006), que o poder contaminante dos resíduos provenientes
de demolição é maior do que os resíduos da construção. Tal apontamento denuncia
a importância de uma gestão eficiente dos resíduos para a proteção do ambiente e
das pessoas, no que se refere à segurança e saúde pública, que compreendem
direitos fundamentais estabelecidos na Constituição Federal do Brasil.
Tessaro et. al. (2012) afirma que o descarte inadequado dos resíduos da
construção civil é um dos maiores problemas na gestão dos municípios, por
ocasionar “impactos significativos no meio ambiente urbano, o que pode
comprometer a paisagem, o tráfego de pedestres e veículos, a drenagem urbana,
além de atrair resíduos não inertes que contribuem para a multiplicação de vetores.”
(TESSARO; SÁ; SCREMIN; 2012, p. 122).
Oliveira e Mendes (2008) tecem uma crítica agressiva sob a qual chamam de
ônus da irracionalidade o ato de muitas empresas e pessoas agirem na
clandestinidade ao descartar os resíduos da construção civil. Os autores chamam a
atenção para o fato de que “muitas vezes, esse resíduo é retirado da obra e disposto
clandestinamente em locais como terrenos baldios, margens de rios e de ruas das
periferias, gerando uma série de problemas ambientais e sociais.” (OLIVEIRA;
MENDES, 2008, p. 2).
Os autores acima citados citam o risco deste tipo de prática que gera a
contaminação do solo por gesso, tintas e solvente; a proliferação de insetos e outros
vetores contribuindo para o agravamento de problemas de saúde pública. Há dez
anos atrás, Oliveira e Mendes (2008), já relatavam que os resíduos gerados nessa
atividade possuíam considerável heterogeneidade em termos da sua composição,
assim como já havia comentado Silva (2015). Com relação à quantidade afirmaram
variar de 54% a 70% dos resíduos sólidos urbanos de cidades brasileiras, como o
Rio de Janeiro e Belo Horizonte, representando uma geração per capita entre 0,4 e
0,76 t /hab./ano.
Considerando a relevância econômica da construção civil para o
desenvolvimento do país, a outra face desta é o prejuízo, a lesão ao meio ambiente
que reflete diretamente na sociedade. Muitas irregularidades são cometidas em
nome do lucro e da irresponsabilidade social de empresas.
24

O Jornal R7 TNH publicou em 19 de março de 2018, que o Ministério Público


encontrou irregularidades na cidade de Maceió – Al, no que se refere à execução
dos serviços de tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos,
incluindo a recuperação da área degradada do vazadouro de Cruz das Almas.
Outra manchete de Alagoinhas na Bahia denuncia aterro sanitário que virou
lixão e causou dano ambiental. Bitencourt (2018) esclarece em reportagem que com
produção diária de cerca de 120 toneladas de lixo, a cidade de Alagoinhas, no
Nordeste do estado, viu seu aterro sanitário, um dos 43 existentes no estado, num
universo de 417 municípios, ser transformado em lixão durante oito meses.
Também em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, outro crime ambiental é
registrado com flagra de descarte de entulhos da construção civil sendo depositado
em terreno. “Nesses casos, além de apreender as caçambas e autuar as empresas
irregulares, os fiscais irão multar o dono da construção, gerador do resíduo, que
estará sujeito a multa de no mínimo R$ 2.097,86, podendo chegar a R$ 8.391,44”
(JORNAL, CRÍTICA, MS, 2018)
Existem na atualidade inúmeras notícias sobre o descarte inadequado de
resíduos sólidos, como também de má gestão em empresas que lidam com estes
resíduos. Tal realidade demonstra que os resíduos sólidos, dentre eles os da
construção civil necessitam de uma boa gestão e também de gerenciamento, como
já alertou Nagalli (2014) no capítulo anterior.
25

4. GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

4.1 As modalidades em gestão

A gestão de resíduos da construção civil liga-se ao conceito de


sustentabilidade que move esta e outras sociedades em muitos países do orbe
terrestre. A sustentabilidade é conceito de grande relevância quando se discute a
gestão dos resíduos na construção civil. Jacobi (2003, p. 192), tece interessante
contribuição ao afirmar que o tema sustentabilidade confronta-se com o paradigma
da sociedade de risco, o que segundo o autor, implica na necessidade de se
multiplicarem as práticas sociais baseadas no fortalecimento do direito ao acesso à
informação e à educação ambiental em uma perspectiva integradora. Trata-se de
promover o crescimento da consciência ambiental, expandindo a possibilidade da
“população participar em um nível mais alto no processo decisório, como uma forma
de fortalecer sua corresponsabilidade na fiscalização e no controle dos agentes de
degradação ambiental.” (JACOBI, 2003, p. 192)
E seguindo a tendência de uma sociedade sustentável e a proteção ao meio
ambiente, no ano de 2002, o CONAMA publicou a resolução de nº 307, que
estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da
construção civil.
Esta normativa traz importante definição em seu inciso V, nomeando de
gerenciamento de resíduos, o sistema de gestão que tem por objetivo reduzir,
“reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas,
procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao
cumprimento das etapas previstas em programas e planos.” (BRASIL, 2002)
Portanto, a Resolução de nº 307 do CONAMA (2002) esclarece diferentes
modalidades possíveis a serem adotadas e ou articuladas no processo de
gerenciamento dos resíduos. Define a reutilização como processo de reaplicação de
um resíduo, sem a transformação do mesmo.
Cita também a reciclagem como processo de reaproveitamento de um
resíduo, o beneficiamento como ato de “submeter um resíduo à operações e/ou
processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que sejam
utilizados como matéria-prima ou produto.” (BRASIL, 2002).
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Diante da necessidade de ampla compreensão sobre os resíduos tratados


neste estudo, a Resolução do CONAMA nº 307 (2002) classificou os resíduos em
classes, ficando assim estabelecidos:
a) Classe A: composta por resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados,
esclarece que o agregado reciclado trata-se de material granular proveniente do
beneficiamento de resíduos de construção que apresentem características técnicas
para a aplicação em obras de edificação, de infraestrutura, em aterros sanitários ou
outras obras de engenharia.
O artigo 10 da Resolução 307 do CONAMA (2002 )estabelece que estes
deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados ou encaminhados a
aterro de resíduos classe A de reservação de material para usos futuros
b) Classe B: “são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como
plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de tintas
imobiliárias e gesso.” (BRASIL, 2002). Deverão ser reutilizados, reciclados ou
encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a
permitir a sua utilização ou reciclagem futura.
c) Classe C: “são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou
recuperação.” (BRASIL, 2002) Deverão ser armazenados, transportados e
destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.
d) Classe D: Explicados como os resíduos perigosos oriundos do processo de
construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou
prejudiciais à saúde, oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas
radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e
materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.
Por sua natureza estreita com a periculosidade, estes deverão ser
armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas
específicas.
Esta resolução é norteadora para o estabelecimento de uma gestão e
gerenciamento de resíduos na construção civil. Alia-se a sustentabilidade e
lucratividade, estimulando a não geração de resíduos e situando as construtoras
como grandes geradores e os particulares como pequenos geradores, conforme
salientou Silva (2015), ao discorrer sobre esta normativa.
27

Silva (2015, p. 21) dá destaque para a reciclagem, isto porque tal modalidade,
segundo a autora, promove a redução de consumo de recursos naturais não
renováveis, diminuindo ainda áreas necessárias para aterro, o consumo de energia
durante o processo de produção, como também o faz com a poluição.
Silva (2015) destaca que a reciclagem no Brasil, encontra-se muito atrasada,
o que não é nem um pouco positivo, pois sua prática contribui com a limpeza da
cidade, resguardando rios, represas e terrenos. “Além dos benefícios ambientais, a
atividade de reciclagem de resíduos, traz o retorno social, pois a atividade tem o
potencial de expandir a geração de trabalho e renda.” (SILVA, 2015, p. 22)

Além de ser rentável, uma característica fundamental para a reciclagem de


RCC no país é o entrosamento entre questões ambientais e a abordagem
preservacionista que a atividade agrega. Ser sustentável garante ao setor
da construção civil um crescimento acima do esperado e ainda facilita as
negociações com os órgãos públicos, iniciativa privada e com os potenciais
parceiros. Para uma empresa ser classificada ou identificada como
sustentável agrega valor a sua marca, o que compreende lucros
inatingíveis. (SILVA, 2015, p.22)

Portanto, pela contribuição de Silva (2015), fica evidente que o título de


sustentabilidade é importante e compreende um bom caminho para a área da
construção civil, refletindo ainda nos aspectos: proteção ao meio ambiente, geração
de renda e valor e também no econômico quando se refere à valorização de uma
marca.
E também Jacobi (2003), está em sintonia com Silva (2015), no que se refere
à sustentabilidade, pois o autor a coloca como essencial para enfrentar o que o autor
chama de crise ecológica. Tal postura envolve a harmonização dos processos
ambientais com os socioeconômicos.
Nagalli (2014) ao discutir o futuro dos resíduos da construção civil afirma ser
“necessário aprimorar os sistemas de destinação, de maneira que resíduos que hoje
não são objeto de preocupação passem a sê-lo.” (NAGALLI, 2014, p.131). Portanto,
para este autor é essencial o investimento em pesquisa, fiscalizar áreas clandestinas
e punir os responsáveis por tais crimes, sendo pequenas ou grandes empresas, até
mesmo particulares.
Nagalli (2014) aponta como necessidade que se passe a informatizar e
planejar a estimativa dos resíduos, mesmo sendo difícil, o autor acredita ser possível
tecer uma estimativa desses resíduos a partir de informações multidisciplinares das
28

obras. O autor também chama a atenção para a importância do treinamento dos


trabalhadores nas obras e o aspecto e gerenciamento da própria obra que devem
denotar organização, limpeza, combate a desperdício e separação do próprio lixo ali
produzido pelos trabalhadores.
O autor acima citado chama a atenção sobre como deve ser a equipe de
gerenciamento de Resíduos, pois seu papel é essencial para o sucesso na gestão
dos resíduos:

As atuais relações de trabalho evidenciam estruturas hierárquicas mais


horizontais. O coordenador, um profissional legalmente habilitado,
geralmente um engenheiro civil ou um arquiteto, é designado para ser o
líder e gestor da equipe de Gerenciamento de Resíduos, e por meio de
ações específicas, usualmente agrupadas em programas (de treinamento,
de gerenciamento, de educação ambiental), põe em prática as diretrizes de
gerenciamento da obra. A equipe é composta então por almoxarifes,
estagiários, apontadores, profissionais da área de qualidade, da área de
segurança do trabalho, do setor de compras, entre outros. Cada um
desempenha um papel fundamental no campo de obras, não somente por
sua própria atuação, coleta e armazenamento de dados, orientação e
instrução técnica, mas também pela fiscalização e controle do
gerenciamento da obra. (NAGALLI, 2014, p. 111)

Ficou evidente pelo apontamento do autor acima citado, que o gerenciamento


envolve uma gama de atividades que necessitam de planejamento e serem
devidamente encadeados para o sucesso da gestão de Resíduos Sólidos na
construção civil.
Nagalli (2014, p. 30) adverte para algo importante a ser aplicado na gestão
dos resíduos sólidos a ser definida a nível municipal. De acordo com o autor, para
um bom êxito é importante que o ente município se adeque legalmente e defina o
que caracteriza, de acordo com sua realidade o pequeno volume e o pequeno porte,
“em razão da estrutura disponível, grau de conscientização da população, logística
de coleta, etc. Em Curitiba, por exemplo, tal limite se estabelece na condição de
geração inferior a cinco carrinhos de mão.” (NAGALLI, 2014, p. 30)
Silva (2015, p.98) teceu pesquisa cuidadosa sobre os resíduos da construção
civil e concluiu que mediante análise ambiental, química e mineralógica, os
agregados reciclados, podem ser utilizados para diversos fins, como substitutos
parciais ou integrais dos agregados naturais, pois a maioria dos compostos
encontrados neles também faz parte dos agregados naturais, usados diariamente na
29

construção civil. Tal constatação da autora demonstra o quanto os agregados


reciclados trazem benefícios econômicos e ambientais para a sociedade.
Em se tratando de modalidades de resíduos sólidos da construção civil é
importante frisar ainda o papel dos consórcios públicos, permitidos pela Lei de
resíduos sólidos, induzindo os entes federados, sobretudo os municípios, a se
“consorciarem como forma de melhor desempenhar o seu papel constitucional. A
formação de consórcios públicos para Gestão de Resíduos Sólidos é regulamentada
pela Lei 11.107/2005 e pela Lei 11.445/2007.” (MARTINS, 2015, p. 195)
Martins (2015), ao tentar pesquisar e apontar a melhor modalidade de gestão
dos resíduos sólidos, portanto, com relação a esta modalidade, o autor acredita ser
necessário a necessidade de se agregar em consórcios um número maior de
municípios, até o limite em que o custo de transporte não inviabilize o agrupamento.
“Essa peculiaridade remete à necessidade de estudos técnicos cuidados na
formação de consórcios para se obter aglomerações otimizadas, em termos de
escala de resíduos e de distância entre municípios.” (MARTINS, 2015, p. 211). Isto é
importante, pois segundo o autor, os custos dos serviços de gestão atingem
proporções que requerem alto nível de priorização na gestão pública;
Basicamente, de acordo com o Manual de Resíduos Sólidos de Fortaleza –
CE, a destinação final ambientalmente adequada, deve incluir mecanismos de
reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento
“energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes, observando
normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública.
e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos.” (VIANA, 2015, p. 21)
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A economia precisa estar aquecida para o desenvolvimento de um país, com


destaque para a geração de trabalho e renda. A construção Civil é relevante para a
questão econômica e por assim o ser, a gestão dos resíduos sólidos além de
atender o que determina a lei, necessita ser feita com conhecimento técnico,
responsabilidade e dentro de um processo educativo, que reflita inclusive no
ambiente físico do canteiro de obras
O objetivo central de compreender a gestão dos Resíduos da Construção Civil
de maneira a entender seus aspectos, impactos e a própria gestão e gerenciamento
foram alcançados ao longo dos capítulos. E tal pesquisa demonstrou claramente que
é vantajoso para o meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas, uma gestão
dos resíduos da construção civil feita com critérios bem estabelecidos. Tal fazer
envolve responsabilidade social, planejamento, fiscalização e pesquisas que tornem
a operacionalização dentro dos recursos financeiros mapeados e adequados para a
atividade empresária e para o bem estar social.
Portanto, propostas futuras de trabalho para este assunto abordado é
bastante pertinente, pois conforme já salientado pelos autores, e tal ponto é alvo de
grande concordância. É grande a necessidade de pesquisas científicas para o
aprimoramento da gestão e do gerenciamento dos resíduos da construção civil,
principalmente no que tange a estimativa de quantitativo, o que pode refletir no
planejamento e nos custos que envolvem esta ação tão necessária para um
ambiente saudável.
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6. REFERÊNCIAS

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Alagoinhas. Correio Bahia. 2018. Reportagem de 09 de abril de 2018. Disponível
em: <http://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/aterro-sanitario-vira-lixao-e-
causa-dano-ambiental-em-alagoinhas/> Acesso em 14 de abril de 2018.

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em março
de 2018.

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Profissional. Construção Civil. Ministério da Educação e da Cultura. Brasília, 2000.
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28 de março de 2018.

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Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. Relatório de Pesquisa. 2012. Disponível em:
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construção civil: definição de funções e atividades de cooperação. 2002. 220f.
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impacto nos custos ambientais dos resíduos gerados na construção Civil.
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