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Desenho universal: eficiência e funcionalidade para todos os


indivíduos ao longo dos ciclos da vida.
Priscyla Oriane Brasileiro – arqpbrasileiro@gmail.com
Design de Interiores: Produção e ambientação do espaço.
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Rio Branco, AC, 18 de outubro de 2016

Resumo
Este artigo da área da arquitetura e do urbanismo tem como objetivo explanar a devida
importância do Desenho Universal, mostrando seus conceitos e utilizações
concomitantemente ao conceito de acessibilidade. O objetivo é discutir a necessidade de
compreensão dos conceitos e diretrizes não só pelos profissionais da arquitetura e design,
mas também de toda a população e usuários dos ambientes arquitetônicos e espaços urbanos.
Para tal, é necessário refletir sobre o ensino desse conceito no Brasil, de forma a qualificar
os profissionais para que possam assim difundir esse conceito que cada vez mais se tem
mostrado de necessidade urgente. Demonstrar a proposta do Desenho Universal aplicado à
sociedade como democratização e simplificação do uso, promovendo segurança nos espaços
públicos e privados. Do projeto à execução, o Desenho Universal obedece aos parâmetros
que levam à criação ambientes, edificações e produtos que atendem as expectativas e
necessidades de todos os públicos. A metodologia utilizada envolveu a pesquisa bibliográfica
baseada em material científico (livros, revistas, artigos e teses) e pesquisas eletrônicas, além
de conhecimentos obtidos ao longo do curso de especialização e vida profissional.
Palavras-chave: Desenho universal. Acessibilidade. Diversidade.

1. Introdução
A muito tempo se discute o conceito de desenho universal. O objetivo é, constantemente,
buscar formas de reduzir e amenizar as barreiras arquitetônicas enfrentadas por pessoas com
deficiência física e tornar os ambientes construídos mais acessíveis a diversidade humana.
Para que isso seja possível, é de extrema importância que a formação acadêmica de
profissionais da arquitetura, urbanismo, design e engenharia exerça sua função de forma a
garantir a disseminação da consciência entre a relação ambiente-pessoas, e a partir disso
possibilitar que os profissionais das áreas relacionadas ao projeto de produtos e ambientes
atuem conscientemente, de maneira a tornar realidade a inclusão social do nosso país.
A arquitetura deve ser aliada da liberdade e igualdade de utilização dos espaços e elementos
de utilização destes por todos os usuários. Todo e qualquer espaço habitável digno deve
contemplar as necessidades do ser humano em todas as etapas e circunstâncias da vida. Falar
em desenho universal, abrange um conceito muito mais amplo do que a simples adaptação de
espaços para pessoas com dificuldade ou incapacidade de locomoção, deficiência visual,
auditiva ou de qualquer natureza. Desenho universal consiste em ambientes, produtos,
mobiliário e utensílios desenvolvidos para todo e qualquer tipo de pessoa, que podem ser
utilizados em qualquer momento ou situação da vida, seja em dificuldades permanentes ou
temporárias e ainda facilitar, simplificar e democratizar o uso.
Esse conceito deve ser estabelecido tanto na arquitetura como no urbanismo e no design de
produto, proporcionando mais qualidade de vida, conforto e segurança. Sendo fator decisivo
para a estrutura de uma sociedade que prioriza a eliminação das barreiras arquitetônicas e
ambientais, que compreende e respeita a diversidade, que é um fato humano inerente.
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O Desenho Universal aplicado a arquitetura consiste na criação de ambientes e produtos que


possam ser usados por todas as pessoas, na sua máxima extensão possível, como é citado no
Manual de desenho Universal do estado de São Paulo, que diz que :

O conceito de Desenho Universal surgiu em decorrência de reivindicações de dois


segmentos sociais. O primeiro composto por pessoas com defciência que não
sentiam suas necessidades contempladas nos espaços projetados e construídos. O
segundo formado por arquitetos, engenheiros, urbanistas e designers que desejavam
maior democratização do uso dos espaços e tinham uma visão mais abrangente da
atividade projetual. (DESENHO UNIVERSAL: HABITAÇÃO DE INTERESSE
SOCIAL, 2010:14)

De acordo com a NBR 9050(2015) existem sete princípios do desenho universal: uso
equitativo; uso flexível; uso simples e intuítivo; informação de fácil percepção; tolerância ao
erro; esforço físico mínimo e dimensionamento de espaços para acesso e uso abrangente. Que
será abordado mais detalhadamente ao longo deste artigo.

2. A universalização do homem

Existem diversas formas de partida para a criação de um espaço arquitetônico, porém é


inegável que as proporções do corpo humano é a principal delas, já que a arquitetura é
percebida através dos nossos sentidos, que consequentemente são interpretados de acordo
com a escala do nosso corpo. Quando se fala em proporção humana logo surgem dois
princípio básicos: O Modulor de Le Corbusier e o homem Vitruviano de Leonardo da Vinci,
apesar da inegável importância dos devido autores, de forma mais abrangente se nos
restringirmos ao “homem modular”, diversos usuários, da arquitetura e do urbanismo, em
evidência, serão deixados de lado: crianças, idosos, cadeirantes, obesos, grávidas, qualquer
pessoa com algum tipo de mobilidade reduzida e etc.

Figura 1 - O Modulor de Le Corbusier


Fonte: https://coisasdaarquitetura.wordpress.com
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Figura 2 - O Homem vitruviano de Leonardo da Vinci


Fonte: https://issoeunaosabia.wordpress.com

O arquiteto e urbanista e o designer devem prezar pelo conforto e bem estar do maior número
de usuários do ambiente ou do determinado objeto, que deve ser utilizado em segurança e sem
esforços desnecessários, numa relação direta de pessoa – ambiente. Para que se ajuste à
necessidade do usuário o ambinete é modificado por este, e após a modificação dos processos
produtivos em meio a Revolução Industrial e a especulação imobiliária, o produto final
(arquitetura, urbanismo e design) sofreu um distanciamento das reais necessidades dos
usuários, o que dificulta a interação entre o usuário e o ambiente.

Se no processo de concepção do projeto não for considerada a diversidade de


usuários quanto a sexo, dimensões, idade, cultura, destreza, força e demais
características, é possível que apeas uma porcentagem reduzida da população possa
utilizar os espaços confortavelmente. (CAMBIAGHI, 2012:15).

A aplicação do desenho universal exige conhecimento profundo do público alvo e os espaços


físicos em que ele está inserido e a partir desse pressuposto a maneira de conceber projetos
vem sendo modificada ao longo do tempo. Um projeto pode facilitar ou inutilizar determinado
ambiente ou produtor a determinado usuário.
O Fato é que, o preparo da docência e dos profissionais voltados ao planejamento, projeto e
execução do ambiente construído é bastante limitado, e o conceito de criação de ambientes e
produtos utilizáveis por todos ainda não é muito difundido em nosso país. O desenho
universal é tema muito recente no Brasil e pouco aplicado, tanto no meio acadêmico, como
nas práticas profissionais e frequentemente confundido com acessibilidade, o que gera o mero
cumprimento de normas vigentes relacionadas ao assunto sem que haja a reflexão da
importância dos benefícios para os usuários.

Figura 3 - Diversidade de usuários


Fonte: Cambiaghi, 2012
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O público alvo é a totalidade da população e suas dificuldades permanentes ou provisórias,


mobilidade reduzida, cadeirantes, deficiências sensoriais e/ou cognitivas ou mesmo aquelas
pessoas que não possuem nenhuma dessas dificuldades, e o tema discutido visa determinar
uma arquitetura e design direcionado para o ser humano, independente de suas características
físicas, habilidades e faixa etária, favorecendo a biodiversidade humana e proporcionando
uma melhor ergonomia para todos, expandindo a visão da inclusão social e dos direitos iguais.
Em cada momento da vida nossa percepção à um ambiente e a maneira de habitá-lo ou de
utilizar um objeto, muda. A interação de uma pessoa com ambientes e objetos depende além
de como são projetados, do nosso momento de vida. Quando crianças, as dimensões e
limitações de alcance são diferentes de quando adultos e modificadas mais uma vez quando
idosos. Nosso alcance, força, sentidos, memória e capacidade de interação é modificado de
acordo com cada ciclo da vida.
O mundo em que vivemos hoje é feito por homens para homens, apesar disso há muitos
problemas de interação pois normalmente se é produzido para uma média da população o que
acaba perdendo o ponto de vista da diversidade. Os dados antropométricos trás a compreensão
das diversas medidas do corpo humano e quanto mais os projetos forem destinados ao maior
número de pessoas, mais o desenho universal serão praticados. Zelnik e Panero (2008:38)
dizem que “o conceito do homem ‘médiano’ está fundamentalmente incorreto, porque não
existe tal criatura. Para serem eficientes, os locais de trabalho devem ser projetados de acordo
com a gama de medidas do corpo humano”.
O projetista deve ter a reflexão de quem é o seu cliente e se está preparado para produzir e
não instigar que o usuário sofra o nenhum tipo de discriminação pelo design, o que mesmo
que não intensional, pode acontecer, ao tratar o ser humano como uma entidade específica e
não um ser individual. Quanto mais o usuário se distancia das características de um
consumidor ideal, mais difícil é a interação entre ele e o ambiente. Zelnik e Panero (2008:38)
ainda afirmam que “Ao acomodar o corpo ao ambiente, os fatores aí envolvidos não podem se
limitar às medidas e distâncias, no sentido absoluto de significado desses termos.”
O Design universal recria o processo de homem padrão, que nem sempre é o homem real, se
tornando uma demonstração de respeito aos direitos de todos os indivíduos. Constituindo que
atualmente a maioria das pessoas tem mobilidade física reduzida: cadeirantes, idosos, obesos,
crianças, gestantes, deficientes visuais, deficientes auditivos, etc., ou seja, é um contingente
que possui dificuldade para se movimentar em determinados ambientes e nas vias públicas.

O espaço físico habitado costuma relacionar todas as coisas e pessoas, podendo


incentivar, deprimir, cuidar ou colocar em risco o ser humano que o utiliza. Assim, à
medida que diminui a capacidade individual das pessoas num processo gradual que
acaba por ajustar o indivíduo às inconveniências, a pessoa acaba assumindo que ela
é o problema, numa inversão dos valores. (BARROS,2000)

2 . O conceito de desenho universal


O termo Desenho universal surgiu no Estados Unidos, em 1975 e foi determinado pelo
arquiteto Ron Mace, trazendo uma crescente mudança e desenvolvimento do assunto a
respeito de projetos urbanos, arquitetura e design em decorrencia de reinvidicações de dois
grupos sociais. Uma parcela da população que possuia algum tipo de deficiência e
consequentemente não tinham suas necessidades contempladas nos ambientes e produtos
projetados e desenvolvidos e arquitetos, urbanistas, designers e engenheiros que anciavam
pela democratização do uso coletivo e que tinham uma visão mais diferenciada da atividade
projetual. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) as deficiências tem a
seguinte classificação:
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Deficiências (Impairment) Incapacidade (Disability) Desvantagem (Handicap)


Relativa a toda alteração do corpo Reflete consequências das Diz respeito aos prejuízos que o
ou apararência física(De um órgão deficiências em termos de indivíduo experimenta devido à
ou de uma função com perdas ou desempenho e atividades sua deficiência e incapacidade.
alterações temporárias ou funcionais do indivíduo, Representa a expressão social de
pernamentes), qualquer que seja consideradas como componentes uma deficiência ou incapacidade e,
sua causa. Em princípio a essenciais de sua vida cotidiana. como tal, reflete a adaptação do
deficiênciia significa perturbação Representa pertubações no nível da indivíduo e a interação dele com o
no nível orgânico. própria pessoa. meio
Quadro 1 – Classificação da deficiências
Fonte: OMS (Organização mundial da saúde)

De acordo com o arquiteto Marcelo Pinto Guimarães, Ph.D. em Design, da escola de


arquitetura da UFMG (Universidade federal de Minas Gerais) obtém-se o seguinte conceito:
O conceito de desenho universal apresentado pelo Decreto-Lei e pela norma técnica
se vincula à caracterização do perfil do público-alvo com perspectivas de inclusão
de pessoas pela diversidade de características antropométricas. Dentro da
estruturação lógica deste conceito está a percepção de que algumas soluções
respondem de modo mais específico às necessidades de certas pessoas em relação às
de outras. Assim, pensar em soluções de uso universal requer que trabalhemos numa
base única e flexível que seja capaz de oferecer alternativas aos diferentes usuários
sem que com isso estas alternativas repercutam em soluções paralelas e isoladas.
(GUIMARÃES, 2008)

O conceito consiste na elaboração de produtos, ambientes e serviços que possam ser usados
por maior parcela possível da população, sem segregação das suas capacidades fisicomotoras,
idade, sexo ou habilidade. Porém, esse conceito tem sido utilizado de maneira inadequada por
vários profissionais, pois veem apenas como sinônimo da aplicação de normar técnicas de
acessibilidade, quando na verdade o Desenho Universal vai muito além disso. O que resulta
em projetos fracos e problemas de acessibilidade nas edificações.
Há muito se sabe que a partir do momento em que barreiras ambientais e físicas são
removidas a capacidade funcional e congnitica das pessoas é aumentada, sendo necessário
observar aspectos muito mais amplos e universais para discutir as necessidades dos usuários,
para que os ambientes sejam inteligíveis e itilizáveis por todad as pessoas.
Em um ambiente acessível, seja ele um espaço em um edificação ou um ambiente urbano,
todos pordem circular e utilizar tudo o que é proposto e não apenas uma parte deles, portanto
o proprósito está em estabelecer acessibilidade integrada, apresente o usuário algum tipo de
deficiências ou não, trazendo ao termo: acessibilidade, uma meta de ampla inclusão.
De acordo com estudos da arquiteta Silvana Cambiaghi, esse objetivo pode ser alcançado de
três formas distintas:

-Pela concepção de produtos e serviços com aplicações imediatamente utilizáveis


pela maioria dos usuários potenciais sem quaisquer modificações;
-Pela concepção de produtos facilmente adaptáveis ao diferentes usuários(por
exemplo, por meio da adaptação de interfaces);
-Pela mormalização das interfaces dos produtos, de forma a torná-los compatíveis
com equipamentos especializados (por exemplo, auxílios tecnológicos destinados às
pessoas com deficiência).(CAMBIAGUI, 2012: 75)

A NBR 9050/2015 mostra que foram definidos sete princípios do Desenho Universal,
centrados no ser humano e sua diversidade, estabelecendo critérios para que edificações,
design de interiores, o urbanismo e os produtos criados atendenssem o maior número de
usuários em planejamentos e obras de acessibilidade.
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a) Uso Equitativo
De acordo com o dicionário Aurélio(2001), equidade é a “disposição de reconhecer
igualmente o direito de cada um.” Portanto, o uso equitatido visa propor espaços,
objetos e passíveis de serem utilizados por usuários com capacidades distintas,
independente de idade ou habilidade, evitando discriminar ou censurar qualquer
usuário, consequentemente propiciando privacidade, proteção e segurança para todos.
Determinando ainda, o desenvolvimento e fornecimento de produtos atraentes para
estes usuário, afinal precisam sentir-se atraidos e motivados e não segregados,
utilizando produtos e espaços diferenciados por causa de uma dificuldade e/ou
deficiência. O design deve ser útil e comercializável às pessoas com habilidades
diversas;
b) Uso Flexível
Criar ambientes que possibilite atender às necessidades de usuários com diferentes
habilidade e ainda preferências diversificadas, onde esses ambienter possam propiciar
adequações e transformações, oferecendo diferente maneiras de uso, para destros e
canhotos por exemplo e assim facilitas a destreza do usuário, mesmo com tempos de
reação a estimulos distintos;

c) Uso simples e intuitivo


Proporcionar a fácil compreensão do espaço, independente do tipo de experiência do
usuário, grau de conhecimento, nível de concentração ou habilidades linguísticas. Sem
a necessidade de um grande nível de concentração por parte do usuário pois elimina
complexidades desnecessárias, sendo coerente com as expecitativas e intuição,
descomplicando o uso;

Figura 4 - Exemplo de uso confuso e uso simples de um espaço


Fonte: Desenho universal: habitação de interesse social, 2010

d) Informação de fácil percepção


Desfrutar de diferente meios de comunicação como: símbolos, informações sonoras,
táteis. Tornando o ambiente legível quanto as suas informações vitais, tornando-as
perceptívei por pessoas com diferentes habilidades. Disponibilizando formas e objetos
de comunicação com contraste adequado, tornando o uso mais fácil.
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Figura 5 - Pictograma com informações em relevo e Braille


Fonte: Desenho universal: habitação de interesse social, 2010

e) Tolerância ao erro
Conceito que engloba a segurança na concepção de ambientes, através dos materiais
de acabamentos e demais itens, possibilitando minimizar riscos e ações acidentais ou
não intencionais na utilização de ambientes ou objetos. Para tal, os elementos que
apresentam riscos são isolados ou até mesmo eliminados. Coloca-se avisos de riscos,
evita-se falhas e ações inconscientes.

f) Esforço físico mínimo


Dimensiona elementos e equipamento para que possam ser utilizados de forma segura e
eficiente por qualquer tipo de pessoal, de maneira que sua limitação não seja problema,
evitando ações repetitivas e esforços físicos exagerados, possibilitando que o corpo do usuário
fique em posição neutra e uso de força razoável.

Figura 6 - Cozinha adaptada para cadeirantes


Fonte: http://www.idesignarch.com/ergonomic-italian-kitchen-design-suitable-for-wheelchair-users/

g) Dimensionamento de espaços para aproximação de uso


Acesso confortável a espaços e objetos tanto para usuários sentados como usuários em
pé, possibilitanto alcance visual, acomodações ergonômicas, condições de manuseio,
independente do tamanho do corpo, postura e mobilidade. Deve-se implantar
sinalização em elementos, torna-los alcançáveis e implantas espaços adequados para o
uso de tecnologias assistivas ou ajudantes.
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Figura 7 - Elemento adaptado


Fonte: http://www.idesignarch.com/ergonomic-italian-kitchen-design-suitable-for-wheelchair-users/

Esses princípios apresentados devem ser aplicados, além de orientar para novos projetos e
concepções da arquitetura e design, para analisar o já existente, e ainda, utilizado para
orientação, ensino e capacitação de futuros profissionais da área e orientação para os
consumidores, pois sabemos que uma população bem informada é o maior agente fiscalizador
e orientador de uma sociedade.
Com base em todo estudo, podemos dizer que o conceito de Desenho Universal só alcançará
seu objetivo no momento em que conseguir ser aplicado em todos os âmbitos da vida, dentre
eles: moradia, trabalho, educação, lazer, transporte, meios de comunicação e etc., por meio de
múltiplas soluções e não soluções encontradas separadamente.

3. A importância da aplicação

Aplicação do desenho universal à nossa realidade é como conceber a possibilidade de


conhecer um novo universo de interação, contemplando a diversidade. O acesso físico deve
estar de acordo com o conceito de acessibilidade e ainda compreender as necessidades do
outro dentro do processo.
A instalação de barras de apoio dentro de um banheiro pensando apenas em um usuário de
cadeira de rodas e não entender que outras pessoas podem precisar das mesmas barras, como
por exemplo gestantes e idosos, não se trata de uma prática inclusiva. A acessibilidade aliada
ao desenho universal deve estar na maneira de encarar o próximo e suas diferenças. Como
também a importância de entender a necessidade de adaptar e tornar inclusivo todos os tipos
de edificação, independente do seu uso. Não é porque em determinada edificação funciona
uma academia, por exemplo, que não há a necessidade de acessibilidade.
O quesito não é apenas o acesso físico, mas sim o acesso às diversas oportunidades que uma
pessoa pode e deve ter. Desenvolvimento de independência e autonomia, condições iguais a
todas sem desrespeitar as particularidades de cada indivíduo. Não podemos encarar o desenho
universal apenas em espaços físicos e objetos, mas também respeitar as dificuldades
cognitivas de cada um, como por exemplo símbolos e sinais em placas informativas, os
símbolos e informações também devem ser universais e de fácil compreensão por todos.
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Figura 8 - Símbolos devem ser universais


Fonte: Desenho universal: habitação de interesse social, 2010

Antes de toda a evolução que existe na arquitetura atualmente, o fator pessoal do usuário não
tinha tanta relevância como acontece hoje. Os espaços eram concepção de forma vasta, para
determinada categoria, pensando apenas no coletivo e não no individual. Com o passar do
tempo a especificação dos espaços foi ficando mais pessoal, mas não ainda individual. A
concepção de espaços deve ser uma relação íntima entre pessoa e espaço. De acordo com o
filósofo Allan Botton, em seu livro a Arquitetura de Felicidade, o espaço em que o indivíduo
vive é expressamente responsável pela sua felicidade, o espaço em que habitamos não supre
apenas nossas necessidades físicas e sim uma relação com aquele espaço, de segurança,
introspecção e alegria, onde cada um decodifica seu espaço de maneira diferente.
É preciso entender o significado de se conceber um espaço para pessoas, modelar, dar leitura
e principalmente compreender as necessidades daquele espaço. Deve-se sempre levar em
conta o dinamismo da vida, no desejo incansável de alavancar novos conceitos para uma
arquitetura em que cada vez mais predomine a inclusão. A arquitetura deve ser elaborada de
acordo com a vivência de cada usuário.
O reconhecimento da importância da inclusão dos conceitos do Desenho universal m nosso
país é de fundamental importância para a mudança de paradigmas na arquitetura, urbanismo e
design, para que se possa induzir um processo de democratização dos espaços públicos e
privados e amadurecimento das profissões relacionadas a produção de espaços, tanto no
exercer como no ensinar.
Uma sociedade que consiga de fazer inclusiva se definiria pela valorização e respeito das
diferenças, assumindo um conceito de igualdade e considerando a diferença como princípio
básico e fundamental. Onde qualquer ato de discriminação seja inaceitável, mesmo na
arquitetura e no urbanismo, pois a vida de uma pessoa pode sim ser restringida pelo ambiente
em que vive e realiza as suas atividades, de acordo com o contexto urbano e o espaço
construído. Para atingir esse objetivo, é preciso que haja mudança de entendimento, aceitação
e atitude de todos os agentes sociais envolvidos, não só arquitetos, urbanistas, designers e
engenheiros, mas também usuários, consumidor, empresários e instituições governamentais.
A partir do momento em que o espaço não se adapta às capacidades do usuário, o mesmo
tende a ser passivo, quando na verdade deveria se comunicar e interagir com os espaços. É a
partir do desenho universal que essa distância funcional é reduzida, entre os elementos dos
espaços e as capacidades distintas das pessoas.
Para o consumidor, saber que um determinado produto acompanha os conceitos do desenho
universal é uma segurança, o que é vantagem para as empresas, já que amplia o número de
possíveis usuários para seus produtos e serviços, melhorando a satisfação e em consequência
a fidelidade.
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4. O ensino do Desenho Universal

Em nosso país, os problemas urbanos e arquitetônicos ainda são variados e em grande


número, onde a maioria dos profissionais da área desenvolve projetos sem a coleta necessária
de dados e informações. De certa forma, é preciso repensar todo o ensino da arquitetura, do
urbanismo e do design pois, a base científica deve estar em consonância com a base criativa,
funcionalidade e estética devem caminhar lado a lado. A questão não apenas cumprir regras e
normas e sim projetar com o conceito de inclusão, refletindo sobre as necessidades de todo
tido de usuário, tenha ele mobilidade reduzida, dificuldade cognitiva ou não. Não se pode
negar que o melhor momento para que seja incluído no conceito dos profissionais o âmbito do
desenho universal é na formação profissional.
Todo e qualquer profissional da construção civil precisa estar preparado e qualificado para
criar um novo estágio da qualidade do projeto e design, como base é claro, nos princípios
inclusivos. Já contamos com a obrigatoriedade da inclusão do desenho universal das diretrizes
curriculares, como determina o artigo 10 do Decreto Federal nº5.296/04.

Art. 10. A concepção e a implantação dos projetos arquitetônicos e urbanísticos


devem atender aos princípios do desenho universal, tendo como referências básicas
as normas técnicas de acessibilidade da ABNT, a legislação específica e as regras
contidas neste Decreto.
§ 1º Caberá ao Poder Público promover a inclusão de conteúdos temáticos referentes
ao desenho universal nas diretrizes curriculares da educação profissional e
tecnológica e do ensino superior dos cursos de Engenharia, Arquitetura e correlatos.
§ 2º Os programas e as linhas de pesquisa a serem desenvolvidos com o apoio de
organismos públicos de auxílio à pesquisa e de agências de fomento deverão incluir
temas voltados para o desenho universal. (DECRETO FEDERAL, 2004)

Apesar do que é estabelecido no decreto, poucas mudanças são percebidas na prática, as discussões e
reflexões a cerca deste tema continuam sendo deixadas de lado. O que é de indiscutível importância, já
que o item III do art. 5º da resolução nº 2, de 17 de junho de 2010 do Ministério da Educação, que
institui as diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação de arquitetura e urbanismo diz que:

III - as habilidades necessárias para conceber projetos de arquitetura, urbanismo,


paisagismo e para realizar construções, considerando os fatores de custo,
durabilidade, manutenção e especificações, bem como os regulamentos legais, de
modo que satisfaça as exigências culturais, econômicas, estéticas, ambientais e de
acessibilidade dos usuários. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2010)

A formação destes profissionais é discussão central a respeito do desenho universal e a


necessidade de transformar os modelos de projetos, produtos e ambientes construídos. As
associações e organizações que regem as diretrizes curriculares dos cursos de arquitetura e
urbanismo no Brasil não inserem o ensino dos conceitos de desenho universal na graduação.
Contudo a preocupação com o tema sem crescido, já que normais e leis entraram em vigor em
todo o país.

5. Conclusão

Vivemos um momento em que a inclusão social é urgente e inevitável. É fundamental


e de grande importância refletir e discutir acerca da acessibilidade de todos os ambientes
construídos e produtos desenvolvidos, para que a edificação de uma sociedade e urbanização
de espaços consiga se tornar menos injusta e mais inclusiva e democrática.
Há a necessidade de disseminar os conceitos do desenho universal, tanto no ambiente
construído como em objetos, tanto no âmbito público como o privado, para pessoas com
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dificuldades físicas, cognitivas ou pessoal sem nenhum tipo de dificuldade, para oferecer
oportunidades iguais para todas as pessoas, independente da postura normativa existente. Para
tal, talvez o primeiro ponto seja explanar para todos os profissionais da construção civil,
dentre eles arquitetos e urbanistas, designers e engenheiros civis, sobre o conceito discutido
para que se possa reconstruir a visão de concepção de espaços em cima de total igualdade na
forma de perceber, utilizar e interagir com um edifício, com um ambiente e com um espaço.
É preciso mostrar também, em especial para os graduandos da área, a abordagem da
acessibilidade e do futuro da arquitetura inclusiva em nosso país. Desenho universal é muito
mais do que privilegiar pessoas com deficiência, pois prevê o uso coletivo em equipamentos,
edificações urbanas, espaços arquitetônicos e produtos por todas as pessoas
independentemente do modo vida, idade, sexo e nas diferentes situações da vida. O arquiteto
Marcelo Pinto Guimarães, Ph.D. em Design, da escola de arquitetura da UFMG
(Universidade federal de Minas Gerais) diz que :
Assim, o conceito de desenho universal permite o entendimento de que a
acessibilidade planejada para pessoas com deficiência e pessoas com mobilidade
reduzida esteja integrada às demais soluções para outras pessoas sem deficiência
aparente ou graves problemas de mobilidade. Então, o conceito de desenho universal
compreende soluções de alta qualidade e amplos benefícios para todas as
pessoas.(GUIMARÃES, 2008)

Referências
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< http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia>. Acesso em 12 Out 2016

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http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.096/141 . Acesso em: 05 de
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12

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