CADERNO2 C CAPA PDF

SiMAHS
SISTEMA MISTO PARA

AUTOCONSTRUÇÃO VOLTADO PARA
HABITAÇÃO SOCIAL: PROJETO E
CONSTRUÇÃO.
ALAIN HENRIQUE DE SOUZA
ORIENTADOR: ALDOMAR PEDRINI/CO: M ARCELO TINOCO
CADERNO2 CARTILHA TUTORIAL PARA

AUTOCONSTRUÇÃO NÃO ASSISTIDA
Sumário
Bem-vindo/a ............................................................................................................... 3
Glossário ilustrado ...................................................................................................... 4
O SiMAHS é confiável? ............................................................................................ 16
Quais são os indícios de confiabilidade do sistema?................................................ 16
Por que escolher o SiMAHS? ................................................................................... 17
A quem esta cartilha se destina? .............................................................................. 19
Para construir com o SiMAHS. É necessário contratar um/a profissional? .............. 21
É possível obter auxílio em projetos com o SiMAHS? .............................................. 21
Do que se trata a UHM - Unidade de Habitação Minima? ........................................ 22
Como projetar com o SiMAHS? ................................................................................ 23
Qual a disponibilidade dos materiais necessários para o SiMAHS? ..................... 24
O SiMAHS é adequado para qualquer clima? ...................................................... 24
Como definir o módulo de projeto? ....................................................................... 26
Como locar uma UHM em um terreno? ................................................................ 31
Onde fica a casa se ela geminar em apenas um muro? ................................... 34
Minha casa ficará no meio do terreno. Onde ela deve ficar exatamente? ......... 35
Como dividir o terreno em faixas? ..................................................................... 36
Gabaritos em anexo .............................................................................................. 40
Como realizar um orçamento? .............................................................................. 43
Como fabricar pré-moldados? .................................................................................. 49
Sapata pré-moldada.............................................................................................. 50
Placas de piso ....................................................................................................... 51
SiMAHS - Projeto e Construção - 1

Placas de peitoril ................................................................................................... 54
Placas de vedação ................................................................................................ 56
Tijolos para fundação ............................................................................................ 57
Transporte do material.............................................................................................. 57
Quais ferramentas são necessárias para construir o SiMAHS? ............................... 58
Qual o passo a passo da construção?...................................................................... 59
É possível personalizar minha residência?............................................................... 67

Bem-vindo/a
Bem-vindo/a à cartilha de construção com o SiMAHS - Sistema Misto1 para

Autoconstrução voltada para Habitação Social. Esta cartilha não tem a capacidade
de ensinar completamente como construir com o sistema em questão, assim como,
aparentemente, nenhuma outra voltada a outro sistema tem. Sempre aparecerão
imprevistos e se fará necessário pedir a ajuda de alguém que entende mais,
improvisar ou pesquisar na internet, mas temos certeza de que ela conseguirá
introduzir de forma satisfatória a lógica geral do sistema abordado.
Tenha em vista a cartilha - e o Sistema - como uma referência de um conjunto de
soluções e sequências consideradas, pelos seus respectivos desenvolvedores, mais
simples de executar dentro de uma realidade específica. Soluções e sequências que
podem (e devem) ser adaptadas para cada contexto, sempre que isso se fizer
necessário. Nem a cartilha nem o SiMAHS devem ser vistos de maneira totalitária,
não transitória ou fixa.
1
Que se utiliza de mais de um tipo de técnica construtiva simultaneamente.

Glossário ilustrado
Dada a grande importância do glossário para o entendimento dessa cartilha, o
mesmo foi incluído no começo e não no fim, como seria de praxe. Para atender ao
maior número de pessoas que não são da área da construção civil, uma grande
quantidade de informações (algumas podem parecer óbvias para grande parte das
pessoas) foi adicionada. O glossário é ilustrado para auxiliar no entendimento.
Alvenaria: Processo construtivo onde se constrói paredes por meio da

união de blocos. O convencional no Brasil é a união desses blocos de
cerâmica por meio de argamassa.
Aglomerado: Tipo de chapa de madeira reconstituída;
Alicate universal: O alicate mais comum, apto a cumprir diversas

funções;
Aresta: Reta originada pelo encontro de duas superfícies
Argamassa: Material aglutinante de assentamento ou de revestimento

das alvenarias, preparado com areia, água e cal e/ou cimento
(Michaelis);
Arruela:

Autoconstrução: Construção feita pelas mãos dos futuros moradores,
parentes, amigos, etc.
● Assistida: Quando existe existe supervisão técnica na parte
de projeto/execução da obra;
● Não-assistida: Quando não existe supervisão técnica na parte
de projeto/execução da obra;
Área molhada: Termo da construção civil para locais que tem

possuem instalação hidráulica/de esgoto. Típicos ambientes: Banheiro,
área de serviço e cozinha;
Balanço: No caso da construção civil, distância que objeto (beiral,

linha, viga, laje…) mantém em relação a estrutura mais próxima que
suporta o seu peso e o lado não apoiado. No caso de materiais
industrializados, checar o manual;
Barrilete: No caso específico dessa cartilha (mas isso é muito comum

na construção civil informal), consiste em uma espécie de estrado
suspenso que suporta o peso da caixa d'água;
Beiral: Parte do telhado que se estende além da construção. É

mensurado por sua projeção horizontal. Um beiral de 60cm (exemplo)
é aquele que passa 60cm da parede;
Bem de consumo: Bens de consumo são os bens produzidos e destinados ao consumo

das pessoas, são diferentes dos bens intermediários, que são utilizados no processo de
produção para serem transformados em bens finais ou dos bens de capitais que são as
máquinas utilizadas pelas indústrias. Na maioria dos casos, existe uma relação
diretamente proporcional entre a quantidade e tipo de bem de consumo que as pessoas
tem acesso e seu nível de "conforto" econômico.
Betoneira: Máquina elétrica utilizada para o preparo de concreto;

Bitola: Dimensão de um determinado elemento. No caso de
elementos lineares que não se alteram ao longo do cobrimento
(caibros, cabos, canos), diz respeito à dimensão da face perpendicular
ao maior sentido. Exemplo: Cabo de 2,5mm, cano de 100mm etc.
Boca de lobo: Também conhecida como cavadeira. Utilizada para

fazer buracos com pequeno diâmetro em relação a profundidade;
Brita: Pedra de pequenas dimensões utilizada como agregado graúdo

no concreto.
Broca chata: Broca para furadeira. Ao ser utilizada realiza furos, mas
sobretudo desbastes de diâmetro muito maior que uma broca
convencional. Não funciona para metais, alvenaria, nem concreto;
CA, aço: "CA" é uma categoria dada aos vergalhões;
Cabo: Associação de fios dentro de um mesmo encapsulamento,

agindo "como um" fio mais grosso. Ao contrário dos fios, são flexíveis.
CEF: Sigla para Caixa Econômica Federal;
Célula: Do quadro ou tabela. Retângulo compreendido no cruzamento

de uma coluna com uma linha específica;
Canteiro: Local onde acontece a obra. Pode ser também o local onde
ocorre a confecção dos pré-moldadados (nesse caso, seriam dois
canteiros diferentes);
Concreto: Em geral (e também no caso desse trabalho) a mistura de

cimento, areia e brita ou algum outro agregado graúdo
● Armado: Que leva aço na sua composição para obter maior
resistência à tração;
● Simples:; Que não leva aço.
Concreto celular: Tipo de concreto que recebe um aditivo especial e

em alguns casos uso de uma máquina borbulhadora, possuindo dentre
outras particularidades, a possibilidade de chegar a pesar cerca de ⅙
do peso de um concreto comum;

Contrapiso: Estrutura que apoia o piso.
Edificação: Construção.
Envoltória: O que "fecha" a edificação e separa o que é lado de

dentro do que é lado de fora;
Esquadria: Portas e janelas;
Fio: No caso desse trabalho, condutor elétrico rígido utilizado para

instalações elétricas;
Formão: Objeto utilizado em conjunto com martelo para talhar

madeira;
Geminar: "Grudar" em um ou mais muros, estendendo o seu papel à

parede.";
Grout/groutear: Concreto despejado para encher formas;
Guia, linha: De linha guia, utilizada para ter uma referência visual,
evitando assim acabamento de má qualidade. O uso é processo
comum na construção civil;

Inclinação (%): Maneira de medir a inclinação muito utilizada na
construção civil. Uma inclinação de X% significa que a cada 1m irá
haver Xcm de mudança da altura do piso, cobertura ou outro;
Jogo de chaves universal: Conjunto com as chaves mais comuns

para usos diversos;
Junta seca: Tipo de assentamento de blocos onde não há a utilização

de material colante. Os blocos se mantém no lugar devido a
impossibilidade mecânica de se deslocar;
Linha (madeira): Nome usual para vigas de madeira, frequentemente

utilizado para se referir a uma faixa restrita de dimensões (bitolas) e
não ao papel desempenhado. No SiMAHS especificamente, se refere
as barras de madeira que se apoiam sobre os travamentos horizontais
e irão suportar o peso do forro que por sua vez suportará o peso das
telhas;
Macro-módulo: Expressão cunhada para o SiMAHS. Módulo de

projeto e de construção. É igual a multiplicação das placas de vedação
pela dimensão da aresta. Pode ser dividido em micro-módulos e zonas
neutras;
Malho: Ferramenta utilizada para compactar o solo. Pode ser feita de

diversas maneiras;
Malhar: Utilizar o malho;
Majorar: Semelhante a arredondar um valor para cima. Processo

frequentemente utilizado quando não se tem muita segurança do valor
necessário para que uma variável torne determinado processo seguro
e se age aumentando o valor da mesma de maneira a ter certeza que
não se está arriscando a segurança.

Martelo de borracha: Martelo utilizado para assentamento de
revestimentos;
MDF: Tipo de chapa de madeira reconstituída;
MDP: Tipo de chapa de madeira reconstituída;
Micro-módulo: Expressão cunhada para o SiMAHS. Módulo que,

"juntamente com as zonas neutras, compõe o macro-módulo". Tem
valor igual a aresta das placas de piso;
Modelagem: Criação de modelo 3D digital;
Módulo (na construção civil): Elemento Que se repete sempre com

as mesmas dimensões.
● Módulo de projeto: Quando as dimensões utilizadas para
projetar são constantes;
● Módulo construtivo: Quando os elementos construtivos
delineiam como será modulada a construção.
Em algumas situações existe somente a utilização de modulação de
projeto, em outras, o módulo de projeto também é construtivo, como é
o caso do SiMAHS.
Mutirão (na construção civil): Processo de construção onde o

grupamento constrói em conjunto de modo a desenvolver o produto
comum ou vários bens de uso individual (exp: Casas para todo o
grupamento).
● Assistido: Quando há a supervisão de técnicos;
● Não-assisitido: Quando não há a supervisão de técnicos;

NBR: Norma brasileira emitida pela ABNT;
● 17
● 9050
● 15220
Nível: Ferramenta que utiliza a gravidade e uma bolha de ar

aprisionada em um cilindro com água colorizada para aferir o
alinhamento de algo (que geralmente deveria estar na horizontal).
OSB: Tipo de chapa de madeira reconstituída;
Pallet: Espécie de estrado utilizado para empilhar cargas durante o

transporte e armazenagem;
Parametrização: Quando o resultado de algo está condicionado a

parâmetros. No caso do SiMAHS, fórmulas matemáticas e quadros.
Por exemplo, na função: P(x,y)=2X+Y²+10. Logo, o valor de P vai estar
parametrizado pelos valores de X, Y e a constante 10.
Peitoril: Altura mais baixa da janela ou afim. Costumeiramente 1,10m.

No caso do SiMAHS, de 80cm em relação ao nível do piso.
Pilarete: Pilar de pequenas dimensões que suporta pequenos vãos,

como é o caso do SiMAHS;
Piche: Derivado bruto do petróleo muito utilizado como

impermeabilizante;

Planejamento participativo: Conjunto de semelhantes metodologias
de tomada de decisões onde há a participação dos interessados (e
não só dos técnicos) de forma mais direta.
PP (cabo): Cabo que reúne dois ou mais cabos dentro de um segundo

encapsulamento, provendo mais segurança mecânica e
impermeabilidade a esse trecho da instalação elétrica;
Pré-moldado: (no caso da construção civil) Elemento feito com

antecedência para ser deslocado pronto na obra. As razões podem ser
rapidez, redução de custos, controle de qualidade, dentre outras;
Prumo: Peso de aço com corda, utilizado para aferir alinhamento

vertical, geralmente de paredes;
Regularizar:
Retífica: Ajuste fino;
RRT: Registro de Responsabilidade Técnica. Documento que sinaliza

que a obra tem um arquiteto responsável;
Sapata: Tipo de fundação;
Serra-arco: Serra muito comum utilizada para pequenos serviços;

Serra copo: Espécie de serra utilizada com furadeira as vezes
sozinha, outras com o formão para realizar furos de grande diâmetro.
Não funciona com alvenaria nem concreto.
SiMAHS: Nome do sistema construtivo abordado nesse trabalho. É a

sigla para Sistema Misto para Autoconstrução voltada para habitação
social
SINAPI: Tabela atualizada mensalmente e fornecida gratuitamente

pela CEF que traz o preço médio de uma grande quantidade de
insumos da construção civil nos estados brasileiros;
Sumidouro: Quando um sistema de esgotamento sanitário possui

fossa, tradicionalmente esta recebe (ou melhor, deveria receber) um
sumidouro em sequência a ela. O sumidouro realiza a etapa de
infiltração da parte líquida do esgotamento no solo;
Tarugo: Carece de definição precisa. Geralmente, resto de madeira

aproveitada como calço ou para alguma outra função. No caso do
SiMAHS, espera-se que vão sobrar tarugos dos pilares ou das linhas e
vigas envolvidas, que podem ser utilizados para distanciar o forro das
telhas, criando uma cobertura ventilada;
Testada: Largura da frente do terreno. Para efeito de cálculo,

devemos considerar no SiMAHS que a testada é a menor dimensão
perpendicular a longitudinal do terreno. Caso as perpendiculares
tenham medidas muito discordantes entre si, o cálculo automatizado
no quadro 4 perde a sua utilidade e não deve ser utilizado;
Tetrapak (telha): Telha feita com embalagens recicladas. Medidas

comerciais semelhantes as de fibrocimento;

Tinta xadrez: Tipo de corante muito utilizado na construção civil.
Tração: Tipo de esforço físico caracterizado por "puxar";
Traço: Proporção dos elementos que dão origem a mistura;
Travamento horizontal:
Trincha: Pincel utilizado na construção civil;
TUG/TUE: Tipos de tomada residencial.

● TUG: Tomada de uso geral (a mais comum). Costuma utilizar
cabo de 2,5mm;
● TUE: Tomada de uso específico, para potências que possam
urapassar 1500W;
UHM: Termo cunhado para o SiMAHS. Sigla para Unidade de

Habitação Mínima. O mínimo necessário para que um ser humano
possa se mudar com dignidade para morar em algum lugar. Não é
uma casa, é o embrião de uma e deve crescer e ser expandida com o
passar do tempo. Consiste em um quarto/sala, uma cozinha, um
banheiro e uma área de serviço;

Vala: Buraco com aspecto linear na superfície;
Ventilação cruzada: Tipo de ventilação onde o ar entra por uma

abertura e sai por outra. É muito mais eficiente do que a ventilação
não-cruzada e extremamente desejável para zona bioclimática 8;
Vergalhão: Aço utilizado dentro do concreto para dar-lhe resistência a

tração;
Verga: Elemento construtivo destinado a "desviar" o peso localizado

acima das esquadrias para a estrutura de sustentação nas laterais;
Vira-macho: Ferramenta utilizada para rosquear barras de metal lisas,

permitindo que as mesmas passem a poder ser utilizadas em conjunto
com porcas;
Zona bioclimática: A NBR15220 separa o Brasil em 8 zonas

bioclimáticas. No exemplo ao lado, hachurado em preto, a Zona 8, na
qual o SiMAHS é apto (do ponto de vista do conforto ambiental) a
atual;

Zona neutra: Faixa ou área onde se foge da modulação estabelecida.
É comum que seja periódica. No caso do SiMAHS, se trata das faixas
dos tijolos assentados com junta seca;
*Significado dos neologismos matemáticos

X=~Y: X tem aproximadamente o mesmo valor de Y;
X>Y: X é maior do que Y;
X>=Y: X é maior ou igual a Y;
X<Y: X é menor do que Y;
X<=Y: X é menor ou igual a Y;

O SiMAHS é confiável?
Ao decidir construir com o SiMAHS é importante que você tenha em mente que esse
é um sistema experimental e que provavelmente vai apresentar algum problema não
previsto durante o processo. Após quatro anos consultando especialistas de áreas
diversas e tendo chegado a um patamar em que não se acham mais pontos cegos
na sua concepção, o sistema merece ser testado, mas é importante se pensar de
que maneira.
Assim como criar o SiMAHS foi um processo de dedicação e abdicação a longo
prazo, será o mesmo para os/as pioneiros/as que a partir dele construírem. Você
não deve construir com o SiMAHS neste momento sem aceitar que estará
arriscando. Arriscar neste momento significa que no futuro ele poderá chegar a
patamares maiores de confiabilidade.
Fazendo uma analogia com softwares, os grupos de teste costumam se dividir em
alfa e beta. O sistema, assim como qualquer produto que busque ser revolucionário,
foi projetado para ser perfeito e não é, porque nada é perfeito e sempre pode
melhorar. Isso significa que o grupo alfa irá encarar uma série de defeitos grosseiros
para que o SiMAHS possa ser reavaliado e melhorado para o grupo beta, onde
pequenas retificações serão necessárias para se chegar a um produto "pronto" (com
muitas aspas). A alvenaria2 convencional não chegou a ter parâmetros de segurança
tão confiáveis (qualidade técnica) em quatro, dez ou cem anos, então não se deve
esperar isso de nenhum sistema experimental.
Quais são os indícios de confiabilidade do sistema?

O sistema foi projetado ao longo de alguns anos e dezenas de profissionais tiveram
acesso ao mesmo através de modelagens3 e longas conversas para vê-lo, revê-lo e
criticá-lo. Todos os problemas detectados foram sanados e o sistema evoluiu até
2
Processo construtivo onde se constrói paredes por meio da união de blocos. O convencional no
Brasil é a união desses blocos de cerâmica por meio de argamassa.
3
Criação de modelo 3D digital.

não aparecerem mais falhas. Com certeza ainda existem aperfeiçoamentos a serem
abordados, mas a grande maioria só será detectada com testes de construção real.
Por que escolher o SiMAHS?

Para que você escolha o SiMAHS para construir sua residência, é importante que
você entenda como ele funciona e quais são as vantagens do mesmo em relação a
uma solução tradicional da construção civil residencial de pequeno porte.
O SiMAHS é um sistema, mas antes disso, um conjunto de técnicas que permite
construir ou reformar uma residência (ou outra estrutura) de maneira mais simples,
mais rápida, mais barata e com mais qualidade, desde que ela seja térrea. As
soluções utilizadas aqui podem ser utilizadas dentro do sistema ou de maneira
isolada, assim como o SiMAHS suporta bem o hibridismo tecnológico com a maioria
dos sistemas usuais.
Construindo com o SiMAHS, você vai poder se mudar da sua situação atual para
uma residência própria (UHM4) em 24h após a conclusão e transporte dos pré-
moldados, economizando de três a seis meses de aluguel que possivelmente
necessitariam ser pagos caso fosse adotado outro sistema. Esse tempo depende da
quantidade de pessoas construindo e da habilidade das mesmas, então pode variar
muito.
É simples expandir com o SiMAHS, não sendo necessário finalizar completamente
uma residência antes de se mudar para ela. O quadro comparativo abaixo apresenta
algumas das diferenças que devem ser levadas em conta na hora de escolher se
vale a pena, para um caso específico (no exemplo, a construção de uma UHM),
utilizar o SiMAHS. Como se pode perceber, ao mesmo tempo que ele possui
vantagens em alguns casos, também não é tão versátil quanto a alvenaria
convencional.
4
UHM - Termo cunhado para o SiMAHS. Sigla para Unidade de Habitação Mínima. O mínimo
necessário para que um ser humano possa se mudar com dignidade para morar em algum lugar. Não
é uma casa, mas é o embrião de uma e deve crescer e ser expandida com o passar do tempo.
Consiste em um quarto/sala, uma cozinha, um banheiro e uma área de serviço

Quadro 1 - Vantagens e desvantagens do SiMAHS
Variável SiMAHS Sistema convencional de

alvenaria
Custo =~5R$5.000,00 =~R$10.000,00
Facilidade de apreensão Mais fácil Padrão
Rapidez de execução 24h (teoricamente) =~3meses
Durabilidade Indeterminada. Especula-se semelhante (no Padrão

máximo igual) a da alvenaria convencional
Ampliação, reforma e Sem quebra de paredes para manutenção na Muitas quebras, processo demorado e
manutenção hidráulica, elétrica e parte do sistema de caro.
esgotamento; ampliação com menor quantidade de
quebras e mais rápida; previsão parametrizada6 em
projeto para maximizar expansibilidade no terreno.
Disponibilidade no local Padrão Padrão

dos materiais
Interface com outros Padrão Padrão

sistemas
Conforto térmico Permite atingir o conforto térmico com muito mais Apto a obter conforto térmico em
facilidade do que os sistemas convencionais (até praticamente qualquer lugar do mundo,
360º de janelas e portas, sem nenhum gasto todavia, frequentemente isso sobe
adicional). Todavia, tem sua abrangência limitada a dramaticamente os custos.
zona bioclimática 8, que corresponde a metade do
Brasil.
Viabilidade do transporte Permite transporte de todo o material em quatro Ao ser um sistema que utiliza mais
viagens de carro e um frete de caminhão baú material, encarece os custos de frete.
Condições de Não pode ser financiado em muitos casos. Ex.: A Pode ser financiado, mas somente
financiamento CEF ainda não teria parâmetros para aprovar ou (assim como qualquer sistema) com o
reprovar esse sistema. Todavia, seu custo inferior cumprimento dos ritos legais de
facilita que seja construído sem financiamento. contratar arquiteto, tirar RRT7, entre
outros.
Adaptabilidade a outros Existente, mas até o momento limitada a Bastante versátil.

usos edificações de porte médio.
Conforto acústico Não está apto a existir em locais com grande Pode existir em quaisquer condições de
quantidade de ruído. ruído, mas são necessários recursos
adicionais que encarecem a obra.
Verticalização Não suporta verticalização. Suporta verticalização.
Impacto ambiental Sistema de baixo impacto ambiental em relação Padrão.

aos convencionais.
5
O mesmo que "aproximadamente"
6
Quando o resultado de algo está condicionado a parâmetros. No caso do SiMAHS, fórmulas
matemáticas e quadros. Por exemplo, na função: P(x,y)=2X+Y²+10. Logo, o valor de P vai estar
parametrizado pelos valores de X, Y e a constante 10.
7
RRT - Registro de Responsabilidade Técnica. Documento que sinaliza que a obra tem um arquiteto
responsável.

Legalidade Pode alcançar a legalidade quando o projeto for Pode alcançar a legalidade quando o
realizado por um arquiteto utilizando o sistema. projeto for realizado por um arquiteto
utilizando o sistema.
Segurança contra Sistema não foi pensado para tipos de uso que Padrão.
incêndios e afins possuam escala suficientemente grande que
necessitem fortemente desse tipo de preocupação.
Ainda é necessário se aprofundar nesse tema.
Estética Possui variação estética limitada sobretudo a Possui grande versatilidade nesse
pintura e acabamentos, além das consequências sentido.
da própria variação da planta baixa em si.
Gosto do público alvo Não verificado. Possui grande versatilidade.
Desgaste físico do Médio Alto

trabalhador durante a
execução
Quantidade de Pequena Média

ferramentas necessárias
para construir
Facilidade para leigos Grande Infima

projetarem com o sistema
(com qualidade)
Possibilidade de Seriamente limitado. A não ser que a fundação seja Padrão.

implantação em terrenos realizada de maneira convencional.
de alta inclinação
A quem esta cartilha se destina?

Apesar do sistema ser versátil e poder se adaptar a diferentes situações e públicos-
alvo, a cartilha em si se destina a um público específico. Pessoas das classes D e E,
desabrigadas, morando em condições sub-humanas, alocadas com parentes,
movidas pela necessidade de se desvencilhar de um aluguel ou de ter uma
residência asseada.
O quadro 2 com base no acesso a bens de consumo8 explica de maneira livre como
são compreendidas as classes nessa cartilha para que o/a leitor/a se identifique com
alguma delas se estiver na dúvida.
8
Bens de consumo são os bens produzidos e destinados ao consumo das pessoas, são diferentes
dos bens intermediários, que são utilizados no processo de produção para serem transformados em
bens finais ou dos bens de capitais que são as máquinas utilizadas pelas indústrias. Na maioria dos
casos, existe uma relação diretamente proporcional entre a quantidade e tipo de bem de consumo
que as pessoas tem acesso e seu nível de "conforto" econômico.

Quadro 2 - Classes sociais (SiMAHS)
Classe Conceito/Classe Hábitos comuns de consumo
A Rico / Média alta Gasto excessivo com coisas supérfluas e acúmulo involuntário de
excedentes de renda devido a ganhar muito mais do que o
necessário para sustentar os próprios hábitos.
B Média Possibilidade de luxos eventuais e acesso a todos os bens de

consumo necessários ou almejados mediante algum esforço ou
financiamento.
C Média baixa Luxos se tornam muito eventuais e conseguidos diante de grandes

esforços. Acesso a todos os bens de consumo mediante prestações
sofríveis.
D Pobre Acesso a bens de consumo mínimos frequentemente através de

financiamento sofrível para uma subsistência quase saudável.
Dependência dos sistemas públicos de saúde, educação etc.
E Miserável Em situação de risco, sujeito/a a morrer de fome ou de doenças

facilmente tratáveis em condições econômicas mais favoráveis.
A verticalização não é suportada, por isso considera-se que o sistema é válido para
os meios suburbanos e rural, muito embora em algumas cidades menos adensadas,
uma construção térrea ainda seja viável.
Em climas muito frios, o sistema não tem capacidade de isolamento necessário para
manter o calor dentro da construção, embora parte das soluções utilizadas possam
ser aproveitadas ou o SiMAHS possa ser utilizado de maneira adaptada.
O sistema também lida mal com terrenos com inclinação muito acentuada, de
maneira que pode ser necessário que a fundação em um cenário desses seja
realizada in loco9 ou até mesmo de maneira tradicional, para que seja possível
continuar utilizando o SiMAHS.
9
Jargão da construção civil para "feito no local"

Para construir com o SiMAHS. É necessário contratar um/a
profissional?
A existência de arquitetos/as ou engenheiros/as civis para projetar / acompanhar a
obra é negada na prática a quase todas as pessoas que não possuem recursos para
pagar de forma privada por esse serviço (⅘ da população), apesar de tal existência
ser garantida pela lei 15.888 de 2008, que responde a emenda constitucional nº 26
de 2000. É ilegal construir sem RRT - Registro de Responsabilidade Técnica.
Todavia, a constituição, que deveria garantir dignidade, lazer, saúde, etc. a todos/as,
não funciona na prática, sobretudo para as classes D e E.
O SiMAHS é voltado à autoconstrução SEM acompanhamento técnico, o que na
prática já acontece quase sempre para seu público-alvo. Logo, o sistema não
estimula e sim qualifica a prática, pois essa parcela de demanda da construção civil
simplesmente não teria acesso a esse serviço pelas vias legais.
A existência do SiMAHS e da cartilha jamais conseguirá substituir o trabalho de
um/a bom/a profissional, mas consegue colocar de forma paramétrica (utilizando
relações matemáticas e afins) alguns dos nossos principais fatores de decisão
enquanto projetistas. Os responsáveis pelo sistema não se responsabilizam
legalmente pela utilização dele.
É possível obter auxílio em projetos com o SiMAHS?

No caso de interesse em auxiliar em projetos maiores e menores (cunho pessoal),
baseados no SiMAHS ou e em outros sistemas de construção alternativas, para
enviar convites de debates sobre a temática e afins, o contato pode ser feito através
do telefone 84-99802-3793.

Do que se trata a UHM - Unidade de Habitação Minima?
É definida como o mínimo necessário para que o público alvo possa viver com
algum conforto durante um período curto de tempo, até que possuam dinheiro
suficiente para efetuar a expansão da residência. Trata-se de um embrião concebido
para posteriormente crescer e acomodar melhor os/as seus/suas moradores/as.
Uma UHM contém um banheiro / área de serviço, uma cozinha e um quarto / sala
pensados/as para mudar de uso com a expansão. A área varia em função das
placas conseguidas para vedação, posto que o melhor custo X benefício de material
varia de acordo com cada região.

Como projetar com o SiMAHS?
Apesar dele ser projetado enquanto sistema para tornar o mais simples possível sua
execução por pessoas que não são da área da construção civil, é importante frisar
que aquelas que não tiveram nenhum contato com esse setor terão provavelmente
dificuldades em realizar o processo.
É apresentada aqui uma versão simplificada de como projetar, para que alguém sem
experiência em tal prática possa, da maneira mais simples possível, se aproximar do
que, em arquitetura, chamamos de estudo preliminar. Enfatizamos que leituras
complementares serão de grande importância nesse projeto e que será de grande
valia se a pessoa consultar o máximo possível quem estiver disponível para ajudar
(arquitetos/as, engenheiros/as, pedreiros/as, serventes, donos/as de lojas de
material de construção, etc.), posto que, o processo padronizado proposto aqui não
dispensará completamente a atuação desses/as profissionais.
Para que o processo não se torne algo desnecessariamente assustador e complexo,
siga o tempo todo o organograma abaixo (em versão grande no fim da cartilha):

Qual a disponibilidade dos materiais necessários para o SiMAHS?
Apesar do sistema ter sido projetado para utilizar os materiais disponíveis em
praticamente quaisquer locais, nem sempre isso será possível ou a melhor escolha.
Nesse sentido, é interessante que se encare o sistema como um conjunto de
soluções tecnológicas utilizadas em associação do que algo fechado e
necessariamente interdependente. A pessoa deve se sentir à vontade para substituir
bitolas, tipos de madeira e outros, de maneira proporcional ao seu conhecimento na
área. Se alguém não se sentir confiante para realizar isso, deve então estudar o
tema e se aconselhar para que isso se torne possível.
Para que o SiMAHS fosse o mais adaptável possível às limitações de variados
locais, o sistema foi em grande parte parametrizado matematicamente para trabalhar
com diversos tipos de chapa de madeira para a vedação e a criação de esquadrias,
sem que com isso ele fuja de parâmetros necessários para a sua aplicação.
Da mesma forma, isso evita que o sistema se apresente engessado quando técnicos
estiverem diante de situações onde existe a possibilidade de empregar materiais que
por algum motivo sejam mais vantajosos do que os vistos como padrão.
O SiMAHS é adequado para qualquer clima?

A utilização do sistema é restrita a Zona Bioclimática 8, que compreende
aproximadamente metade do Brasil. Suas características são delimitadas pela
NBR15220. As recomendações dessa norma para a zona bioclimática 8, na maioria
dos casos, se resumem a: Utilizar grandes aberturas, com paredes externas leves,
cobertura leve e refletora, e se utilizar de ventilação cruzada. É importante ressaltar
que as aberturas devem estar sombreadas por beirais longos. O SiMAHS é capaz
de obedecer a todos esses critérios.

Apesar do sistema não ser indicado na maior parte das vezes para áreas urbanas
(por não ser verticalizável), um artifício que pode auxiliar saber se o seu município
se encontra ou não na zona bioclimática 8 (caso ela esteja próxima aos limites do
mapa) é dar uma olhada na lista de cidades que foram utilizadas pela NBR15220
para criar a separação do Brasil em zonas bioclimáticas:
Quadro 3 - Cidades na Zona Bioclimática 8
UF Cidade UF Cidade UF Cidade UF Cidade
AC Cruzeiro do BA Cipó PA Altamira PE Fernando de

Sul Noronha
AC Rio Branco BA Guaratinga PA Alto Tapajós PE Goiana
AC Tarauacá BA Ilhéus PA Belém PE Nazaré da

Mata
AL Anadia BA Itaberaba PA Belterra PE Pesqueira
AL Coruripe BA Jacobina PA Breves PE Recife
AL Maceió BA Lençóis PA Conceição do Araguaia PE São Caetano
AL Palmeira dos BA Salvador PA Itaituba PE Surubim

índios
AL Pão de BA São Francisco do PA Marabá PE Tapera

Açúcar Conde
AL Pilar BA São Gonçalo dos PA Monte Alegre PI Parnaíba

Campos
AL Porto de BA Serrinha PA Óbidos RJ Angra dos

Pedras Reis
AM Barcelos CE Fortaleza PA Porto de Moz RJ Cabo Frio
AM Coari CE Jaguaruana PA Santarém RJ Ilha Guaiba
AM Fonte Boa CE Mondibim PA São Félix do Xingú RJ Rio de

Janeiro
AM Humaitá ES Cachoeiro de PA Soure RN Apodi

Itapemirim
AM Iaurete ES Conceição da Barra PA Tiriós RN Ceará Mirim
AM Itacoatiara ES Linhares PA Tracuateua RN Macaíba
AM Manaus ES São Mateus PA Tucuruí RN Macau
AM Parintins ES Vitória PB Areia RN Natal
AM Taracua MA Coroatá PB Bananeiras RN Nova Cruz
AM Tefé MA São Bento PB Campina Grande RO Porto Velho
AM Uaupes MA São Luiz PB Guarabira SE Aracajú
AP Macapá MA Turiaçu PB João Pessoa SE Itabaianinha
BA Alagoinhas MA Zé Doca PB Umbuzeiro SE Propriá
BA Canavieiras MS Corumbá PE Barreiros
BA Caravelas MS Cáceres PE Correntes
Como é possível perceber, apesar da zona bioclimática 8 ser apenas uma das oito
zonas do Brasil, compreende cerca de metade do território nacional e também das
nossas capitais: Aracaju, Belém, Fortaleza, João Pessoa, Maceió, Manaus, Natal,
Porto Velho, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador e Vitória. Dentre elas, a
segunda (Rio de Janeiro), a terceira (Salvador) e a quinta maior capital existente no
país (Fortaleza).
Como definir o módulo de projeto?

Antes de tudo, é necessário definir o tamanho do macro-módulo e do micro-módulo,
dado através de uma equação bem complicada, que evita que o material necessite
ser cortado ou que as placas pré-moldadas de piso fiquem muito pesadas para

serem carregadas. Não se preocupe, isso foi automatizado através de uma tabela
que vai facilitar muito a vida do/a interessado/a em construir com o SiMAHS. Veja:
Na parte superior da tabela, em azul, ficam os parâmetros que podem ser editados
e, em vermelho, os que não devem, pois se tratam de medidas já estabelecidas. A
parte inferior assinala se os valores estão dentro do considerado válido. Para isso, é
necessário que a placa de piso pese menos de 80kg, o que permite duas pessoas
carregá-la sem prejuízo à saúde, além disso, o macro-módulo (no caso do SiMAHS,
sinônimo de módulo de projeto) deve ter de 2,5 a 3,5 metros de aresta.
Os valores mínimo e máximo do macro-módulo podem ser editados caso não se
trate de alguma construção voltada para a habitação social ou se a pessoa ou grupo
responsável pelo projeto julgarem os valores indicados na cartilha como
inadequados.
Na coluna “largura da chapa”, o valor colocado vai variar em função do tipo de placa
utilizada devido à disponibilidade e custo X benefício no local. Será necessário
alterar a quantidade de chapas dispostas lado a lado em função disso, para que o
macro-módulo não fique muito grande nem muito pequeno. Isso pode ser conferido
na parte de baixo da tabela.
A zona neutra é uma faixa de tijolos colocados com junta seca10, que vai variar de
largura de acordo com o tipo de tijolo utilizado. A largura da mesma influi no
tamanho (e consequentemente, no peso) das placas de piso resultantes.
10
Junta seca é um tipo de conexão utilizada para blocos onde eles se mantém no local sem
nenhuma cola, somente pela impossibilidade de haver deslocamento devido a outros blocos
ocuparem as vizinhanças e impedirem o deslocamento.

A coluna “quantidade linear de piso” nos permite aumentar a quantidade de placas
em um mesmo espaço, para conseguir um peso menor, ou diminuir, para reduzir a
quantidade de formas necessárias à pré-fabricação e ao trabalho relativo ao
assentamento.
É importante ressaltar que o peso de uma placa de piso depende da densidade do
material utilizado. Utiliza-se, por convenção, para o concreto simples, 2400kg/m³ e,
para o armado, 2500kg/m². Todavia, em obras de porte maior, como um
assentamento do MST, por exemplo, pode valer a pena o aluguel de uma máquina
espumadora para utilizar concreto celular11. Nesse caso, o peso poderia chegar a
até 350kg/m³, ou seja, quase 1/10 do concreto simples!
Na tabela abaixo são colocados alguns valores de larguras padrão de diversos tipos
de placas de vedação que podem ser utilizadas no sistema. Nenhum estudo de
durabilidade comparativa foi realizado até o momento, mas está em andamento o
com placas de pinus pré-montada tipo Pallet12. Atualmente não é possível garantir a
durabilidade com aglomerado13 ou MDP14 (e com outras placas, pois o sistema
carece de maiores estudos).
11
Tipo de concreto que recebe um aditivo especial e em alguns casos uso de uma máquina
borbulhadora, possuindo dentre outras particularidades, a possibilidade de chegar a pesar cerca de ⅙
do peso de um concreto comum.
12
Espécie de estrado utilizado para empilhar cargas em caminhões e depósitos, preservando e
organizando a mercadoria.
13
Tipo de chapa de madeira reconstituída;
14
Espécie de chapa de madeira processada semelhante ao MDF.

Tabela 1 - Modulação em função de diferentes placas
Placa Aresta Macro- m² m² apro Zona Placa Placa de Minimo/máxim

módulo aprox da - neutra de piso piso (kg) o da
macro- UHM (cm) (cm) modulação
módulo
MDP tipo 1 (cortado ao meio 1,05 3,15 9,9 21,6 5 75 67,5 Dentro dos
maneira a), MDP tipo 2 (cortado parâmetros
ao meio maneira B)
10 71 60,92
Compensado multilaminado tipo 1,10 3,30 10,9 23,5 5 79 74,42 Dentro dos
1, OSB15 tipo 1 ou 2 cortado ao parâmetros
meio
10 75 67,5
Compensado multilaminado tipo 1,22 2,44 6,0 13,7 5 57 43,26 Fora dos
2, OSB tipo 1 ou 2 parâmetros
10 75 73,59
3,66 13,4 28,5 5 69 63,21
10 65 56,11
Pinus pré montada semelhante 1,30 2,60 6,8 15,3 5 61 49,52 Dentro dos
a Pallet. Tipo 1. parâmetros
10 74 65,71
Pinus pré montada semelhante 1,34 2,68 7,2 16,1 5 63 52,8 Dentro dos
a Pallet. Tipo 2. parâmetros
10 60 46,63
MDP tipo 1 ou 2 (cortado ao 1,375 2,75 7,6 16,9 5 61 49,52 Dentro dos
meio maneira b) parâmetros
10 74 66,60
Compensado multilaminado tipo 1,60 3,20 10,2 22,1 5 76 69,78 Dentro dos
3, compensado sarrafeado parâmetros
15
Tipo de chapa de madeira reconstituída.

10 73 63,08
MDP tipo 1 1,83 3,66 13,4 28,5 5 69 57,46 Fora dos

parâmetros
10 65 51,01
Aglomerado, MDF 1,85 3,70 13,7 29,1 5 70 58,8 Fora dos

parâmetros
10 66 52,27
A área de uma UHM irá variar (conforme é possível ver acima) em função do macro-
módulo dado a partir das placas de vedação. Todavia, o que está se sugerindo aqui
é que ela sempre seja realizada na mesma conformação, de um banheiro /
lavanderia compartilhando a hidráulica e de dois macro-módulos servindo de quarto /
sala. O modelo proposto será apresentado mais para frente.
A variação dos projetos se dá a partir do momento em que o local passa a ser mais
do que um embrião de residência. Alguns exemplos de UHM, de mesma
conformação, mas com diferentes modulações:

Como locar uma UHM em um terreno?
Para locar16 uma UHM em um terreno, sempre é importante levar em conta como
será realizada a expansão da mesma, para que ela futuramente deixe de ser um
embrião e vire propriamente uma residência. Sendo assim, é melhor que um projeto
para uma UHM seja feito já pensando em seu posterior desenvolvimento. É
complicado abordar todas as possibilidades, sobretudo considerando as questões
climáticas, que podem gerar uma grande quantidade de combinações. A partir disso,
apresentaremos de forma simplificada algumas implantações possíveis que devem
ser buscadas ou evitadas. Antes, uma pequena legenda:
● Priv: Privacidade;
● Vag: Possibilidade de vagas dentro do terreno;
● Econ: Economia gerada pela escolha da implantação;
● Exp: Flexibilidade de expansão futura;
● Com: Viabilidade para instalar um comércio, gerando renda complementar;
● Jan: Facilidade para instalar aberturas;
● M: Tamanho do macro-módulo (distância face a face dos pilares);
● T: Testada (minorar)*
Quadro 4 - Gerador de implantações para UHM's com o SiMAHS
Local Posição Nº Priv Vag Econ Exp Com Jan Indicada
Grudada Paralela grudada 1 2 2 3 2 2 1 Misto; 2M+40cm>T>=M+180cm

na frente em um dos lados
Paralela 2 2 1 1 1 2 3 Misto; 2M+190cm>T>=M+330cm

centralizada ou 4M+ 210cm >T>=3M+350cm
Perpendicular 3 1 1 1 2 3 3 NUNCA
centralizada
Perpendicular 4 1 1 2 2 3 3 NUNCA
grudada em um
dos lados
16
Semelhante a definir o lugar.

Perp. grudada dos 5 1 1 3 3 3 3 NUNCA
dois lados
À 5m da Paralela grudada 6 3 3 3 3 1 1 Casa; 2M+340cm>T>=M+180cm

entrada ou em um dos lados ou 3M + 350 cm >T>2M +190cm
mais ou 4M+360cm >T>=3M+200cm
Paralela 7 3 3 1 1 1 3 Casa; 2M+190cm > T>M+330cm

centralizada ou 4M+210cm>T>= 3M+350cm
Perpendicular 8 3 3 1 3 2 3 Casa ou Misto;

centralizada 3M+200cm>T>=2M+340cm
Perp. grudada em 9 3 3 2 3 2 3 Misto ou Casa;

um dos lados 3M+50cm>T>=2M+190cm ou
4M+60cm>T> =3M+200cm
Perp. grudada dos 10 3 3 3 3 2 2 Misto ou casa; M+30cm=~T ou

dois lados 2M+40cm=~T ou 3M+50cm=~T...
Sem recuo Paralela grudada 11 3 3 3 2 1 1 NUNCA

atrás em um dos lados
Paralela 12 3 3 2 1 1 3 Casa;
centralizada 4M+210cm>T>=3M+350cm ou
3M+50cm>T> =2M+340cm
2M+40cm >T>=M+330cm
Perpendicular 13 3 3 3 2 1 3 Casa;
centralizada 3M+50cm>T>=2M+340cm ou
4M+60cm>T>= 3M+350cm
Perp. grudada em 14 3 3 3 2 1 2 NUNCA

um dos lados
Perp. grudada dos 15 3 3 3 1 1 1 NUNCA

dois lados
A tabela acima garante que a modulação seja aproveitada de maneira a fazer o

terreno suportar o máximo possível de macro-módulos para expansão posterior de
uma UHM. Os valores quebrados nas equações tem relação com a modulação
adotada por causa das zonas neutras entre macro-módulos vizinhos e o espaço
ocupado entre a alvenaria que sustenta os pilares. Convém deixar claro que nenhum
número foi colocado de forma arbitrária. Eles buscam garantir que sempre que
houver algum recuo, ele possua ao menos 1,5m, para garantir uma maior eficiência.

É importante explicitar como o quadro 4 funciona a partir de algum exemplo. Pode-
se ver na tabela abaixo que das catorze equações possíveis, o casal correspondeu
a três, conseguindo duas possibilidades distintas de implantação (1/4 das
implantações consideradas válidas).
Tabela 2 - Equações verdadeiras de implantação
Relação de M com T Exemplo com T=8m e M=2,68m Residencial Misto
T<M+30cm (Falso) Impossível de construir
2M+40cm>T>=M+180cm (Falso) 1
2M+190cm>T>=M+ 330cm (Falso) 7, 12 2
4M+210cm>T>=3M+350cm (Falso) 7, 12 2
3M+200cm>T>2M+340cm (Falso) 8 8
2M+340cm>T>=M+180cm (Verdadeiro) 6
3M+350cm>T>2M+190cm (Verdadeiro) 6
4M+360cm>T>3M+200cm (Falso) 6
3M+200cm>T>=2M+340cm (Falso) 8 8
3M+50cm>T>2M+190cm (Falso) 9 9
4M+60cm>T>3M+200cm (Falso) 9 9
M+30cm ou 2M+40cm ou (Verdadeiro) 10 10

3M+50cm ou 4M+60cm...=~T
3M+50cm>T>=2M+340cm (Falso) 13 13
4M+60cm>T>=3M+350cm (Falso) 13 13
O quadro 4, a partir da introdução dos dados de tamanho e da testada17, nos retorna

os dados contidos na tabela 2, com possibilidades para construir preservando para o
futuro a maior fatia possível do lote que caiba na modulação. Nesse caso específico,
17
Largura da frente do terreno. Para efeito de cálculo, devemos considerar no SiMAHS que a testada
é a menor dimensão perpendicular a longitudinal do terreno. Caso as perpendiculares tenham
medidas muito discordantes entre si, o cálculo automatizado no quadro 4 perde a sua utilidade e não
deve ser utilizado.

a família poderia construir, no centro do terreno, uma casa paralela a ele, grudada
em um dos lados. A casa possuiria elevada privacidade, caberiam até três vagas de
carro no recuo frontal e ela seria facilmente expansível. A localização da mesma não
seria conveniente para instalar algum comércio ou serviço e garantir renda
complementar, pois o local teria (a princípio) pouca visibilidade, assim como seria
necessário tomar algum cuidado para não atrapalhar a ventilação e a entrada de luz
na moradia na hora de expandir.
Neste momento pode parecer óbvio escolher a 10, mas não é, pois ainda
precisamos dar uma olhada nas condicionantes climáticas. Passando pela tabela 2
ainda se colocam mais dúvidas: I) Se for para colar um recuo lateral, em qual colar?
II) Caso a casa não vá geminar18 nem na frente nem atrás, onde ela ficará
exatamente?
Onde fica a casa se ela geminar em apenas um muro?

Sigamos com o quadro 5, otimizado para garantir a proteção contra o sol no Rio
Grande do Norte, enquanto busca a garantia de mais ventilação. Nota-se que a casa
sempre está orientada paralela ou perpendicular ao terreno, ortogonalmente. Isso se
deve ao pequeno tamanho dos lotes que as classes D e E tem acesso na maioria
dos casos.
Devido à grande quantidade de paredes / aberturas que o SiMAHS utiliza como
padrão (e que podem ou não ficar abertas), é possível ter grande controle sobre o
fluxo de vento dentro da edificação. O/a usuário/a controla a quantidade de vento e
luz aumentando o grau de abertura através da haste que segura a janela, tornando
possível assim uma maior adaptabilidade a diferentes climas.
Como as esquadrias são de madeira de baixa densidade (que permitem diminuir
custos da construção), beirais longos são fortemente necessários para evitar que
elas levem chuva (e, consequentemente, apodreçam). Além disso, os mesmos
também possuem outras funções, como sombrear as paredes que normalmente
18
"Grudar" em um ou mais muros, estendendo o seu papel à parede.

estariam expostas ao sol, direcionar o vento para dentro das esquadrias, entre
outras.
Quadro 5 - Onde geminar uma UHM com apenas um recuo lateral
Frente do terreno Geminar no muro
Norte Oeste
Nordeste Noroeste
Leste Norte
Sudeste Sudoeste
Sul Oeste
Sudoeste Noroeste
Oeste Norte
Noroeste Sudoeste
Minha casa ficará no meio do terreno. Onde ela deve ficar exatamente?
Em vários outros sistemas construtivos essa seria uma questão complicada de
responder, ainda mais sem conhecer o terreno. Felizmente, esse não é o caso do
SiMAHS.
Como a modulação adotada é extremamente rígida, o terreno precisa ser dividido
em faixas para garantir uma futura expansibilidade. Sendo assim, primeiro devemos
considerar com que tipo de terreno estamos lidando e quais são as intenções dos
futuros moradores.

Quadro 6 - Onde locar uma UMH em uma faixa no meio do terreno
Tipo do terreno Vegetação p/ Solução

preservar
Plano ou =~ plano Sim a) Realizar levantamento dos trechos com menor quantidade de vegetação
em relação à divisão em faixas; b) Seguir as recomendações da célula19 do
quadro abaixo de maneira aproximada, mas NÃO locar a construção fora
das faixas.
Não a) Separar terreno em faixas e botar casa iniciando a 5m do limite frontal do

lote se houver intenção de uso misto. Se não houver, locar a 1,5m da parte
de trás caso haja grande anseio por privacidade; b) Locar a casa dentro das
faixas; c) Locar a casa no meio divide os terrenos já pequenos e dá a
impressão de que o lote é menor.
Declives / Aclives Sim a) Realizar levantamento dos trechos com menor quantidade de vegetação
em relação à divisão em faixas; b) Seguir as recomendações da célula
variáveis, com abaixo, sempre que possível, mas dar preferência em quase todos os casos
trechos planos ou aos trechos mais planos em relação à vegetação; c) Se a vegetação for
=~planos suficientemente importante para não haver nenhum trecho plano disponível,
considerar que a construção será locada de acordo com alguma das células
da primeira coluna abaixo: “Pequena ou média inclinação constante” ou
“grande inclinação constante”.
Não a) Levantar quais são as faixas que estão aproximadamente nas zonas com
trechos planos; b) escolher uma delas de modo a locar o mais para trás do
terreno (privacidade) ou o mais para frente (intenção de uso misto), desde
que na parte da frente sobrem ao menos 5m e na de trás, ao menos 3m.
Pequena ou média Sim a) Seguir as mesmas recomendações da célula abaixo, mas escolher onde
locar a casa levando em conta também a vegetação.
inclinação
constante
Não a) Dividir o terreno em faixas; b) escolher uma delas de modo a locar o mais
para trás do terreno (privacidade) ou o mais para frente (intenção de
comércio); c) Executar as fundações in loco de maneira tradicional (ao em
vez das pré-moldadas), tanto para os pilares quanto para a parede que fica a
80 cm.
Grande inclinação Sim ou Não O SiMAHS ainda é muito experimental para trabalhar com grandes
inclinações. Utilizar fundação (total) tradicional, inclusive o contrapiso, se
constante
continuar do seu interesse o uso do sistema.
Como dividir o terreno em faixas?

A divisão do terreno em faixas é simples e também pode ser dada a partir de uma
fórmula / tabela. É fundamental para que o sistema possa ter no futuro uma
expansibilidade racional, aproveitando o máximo possível dos pequenos terrenos
nos quais em geral estão sujeitas as classes D e E.
19
Do quadro ou tabela. Retângulo compreendido no cruzamento de uma coluna com uma linha
específica.

Sem planejamento de expansão, estaríamos recaindo na tentação de elaborar uma
obra rápida com prejuízo no futuro, seja ele do cunho de gastos financeiros
(readaptar uma construção para buscar melhorar sua qualidade e conseguir - ou não
- o feito) ou do cunho de usufruto, obrigando os/as moradores/as a viver em
residências não tão boas quanto as mesmas poderiam ser se fossem
adequadamente planejadas para a expansão.
Para executar a separação do terreno em faixas, devemos nos ater ao fato de que
ela sempre terá uma relação direta com as dimensões do macro-módulo, pois a
divisão em faixas busca garantir a expansibilidade futura e o macro-módulo é o
nosso universo de projeto.
A separação do terreno em faixas irá depender da localização da casa em relação
ao terreno, de modo que, se a casa se encontrar geminada na frente, o terreno irá
começar a ser "fatiado" a partir da frente e, se atrás, a partir da parte de trás. Se a
casa estiver construída em algum canto no meio do terreno (em relação à
profundidade), deve-se começar o fatiamento a partir do que se localizar mais
próximo (parte da frente ou de trás). Tendo isso, é aplicada a seguinte regra
matemática para achar a Dl (distância do limite do terreno de cada faixa).
Dl(1) = 0 - SEMPRE
Dl(2) = 5 (se for ter vaga de carro) ou se não for ter, outro valor, no caso, um recuo
frontal ou posterior;
Dl(3) = Dl(2)+0,15+Zn/2;
Dl(n) = Mm + Dl (n-1) - Para demais faixas pares;
Dl(n) = Zn + Dl (n-1) - Para demais faixas ímpares;
Dl(último n) = Profundidade do terreno.
Onde:
● Dl(n) = Distância do limite de uma faixa n;
● Mm = Macro-módulo;
● Zn = Zona neutra
● n = Número da faixa

Apesar do processo parecer complicado, é simples de ser aplicado. No fim das
contas, consiste, a partir de Dl(4), em acrescentar à distância do limite anterior,
alternadamente o macro-módulo e a zona neutra para achar o limite do próximo n.
Também é possível mais uma vez utilizar a tabela automatizada para obter
automaticamente todas essas medidas. Ela "puxa" os valores de outras partes da
tabela. A única coisa necessária será introduzir o valor do recuo frontal.
Tudo isso já está pronto nas malhas anexas da cartilha, bastando usar uma régua
na escala 1/100 para conseguir locar um terreno! Imaginando a utilização de um
macro-módulo de 2,58m (gerado por placa de vedação de tábua de pinus), bastaria
utilizar as malhas em anexo e nenhuma conta seria necessária:

No exemplo acima, como se pode ver, não foi utilizada nenhuma fórmula
matemática, pois o terreno hipotético tinha 8x15m e (quase) coube dentro do papel,
que já era projetado para uma placa nas dimensões compatíveis. Todavia, se não
houver malha disponível nas dimensões adequadas, com o auxílio de uma régua
normal, a criação de uma malha dessas não deve apresentar grandes dificuldades
(inclusive na escala 1/50, com contas simples).
Para garantir que o nível de exatidão esteja de acordo na hora de fazer a marcação
para construir, a determinação matemática dos Dl´s trará exatidão, enquanto que
durante o processo de pensar sobre o projeto e locação em si, a escala gráfica
poderá ser bastante útil.
A delimitação matemática das faixas seguiu uma progressão matemática com as
fórmulas acima colocadas, de modo que:
● Dl(1) = 0 → Afinal, a distância é sempre 0, pois Dl(1) é o
próprio limite;
● Dl(2) = 5 → A implantação vai ter vaga de garagem;
● Dl(3) = Dl(2) + 0,15 + Zn/2 = 5,2m → Pois, para Dl(3), n é
impar;
● Dl(4) = Mm + Dl (n-1) = 7,88m → Pois, para Dl(4), n é par;
● Dl(5) = mm + Dl (n-1) = 7,98m → Pois, para Dl(5), n é impar;
● Dl(7) = mm + Dl (n-1) = 10,76m → Pois, para Dl(7), n é impar;
● Dl(9) = mm + Dl(8) = 13,54m → Pois, para Dl(9), n é impar;

● Dl(10) = Mm + Dl(n-1) = 16,22. ISSO É FALSO, pois a profundidade do
terreno é de 15m, o que torna Dl(10)=Dl(última). Logo, Dl(10)=15m.

Ou seja, a fórmula acima, que parece complexa, nada mais é do que, após o espaço
do recuo frontal e de um trecho em que existe o início da marcação dos pilares -
Dl(3) - a alternância da soma entre os macro-módulos e as zonas neutras.
Gabaritos em anexo
Esta cartilha contém um grande número de gabaritos em anexo, relativos a todos os
tamanhos de placas de chapas de madeira encontrados atualmente e disponíveis à
venda no mercado (inclusive os que não casam com os parâmetros elencados de
macro-módulo e de micro-módulo mínimo), para as zonas neutras de 5 e 10cm.
É possível realizar projetos de UHM’s e pequenas residências com o auxílio dessa
cartilha e das folhas de gabarito. Não é à prova de falhas, mas pode ser
especialmente útil, inclusive em processos de projeto para construção por mutirão
assistido20 e processo de planejamento participativo21 com o SiMAHS.
A cartilha está em escala 1/100, para ser mais facilmente utilizada com o auxílio de
uma régua comum. Ela pode ser xerocada infinitas vezes, recortados os blocos,
riscadas as xerox, até que a família chegue em algum resultado mais próximo do
satisfatório. Todavia, como o processo de fotocopiagem tende a gerar distorções
(principalmente quando passa a haver a xerox da xerox da xerox…), é anexa uma
escala gráfica. Se a planta distorcer, a escala e os blocos vão distorcer
20
Onde os interessados se juntam para construir enquanto grupo, apoiados pela existência de
técnicos.
21
Conjunto de semelhantes metodologias de tomada de decisões onde há a participação dos
interessados (e não só dos técnicos) de forma mais direta.

proporcionalmente, sem gerar consequências (exceto passar a ser inválido o uso da
régua).
Vários blocos são genéricos (retângulos, círculos…) e podem receber qualquer que
seja a atribuição dada, de armários, mesas, criados mudos… Enquanto outros são
figurativos, sobretudo aqueles mais facilmente legíveis em uma planta baixa e que
fazem com que a mesma seja compreendida.
As plantas baixas que acompanham a cartilha juntamente com os blocos trazem o
inconveniente de deixarem a escala muito pequena para facilitar o desenho à mão,
por isso também estão anexas malhas na escala de 1/50, facilitando o processo no
momento que isso se tornar necessário. Nesse caso, foi necessário colocar os
blocos à parte, caso contrário seria necessário utilizar folhas A3, incompatíveis com
as facilidades que essa cartilha pretende gerar.

O processo de projeto com essas cartilhas consiste em:
1. Recortar os blocos;
2. Desenhar no gabarito o terreno existente (essa etapa só é válida caso a
imagem tenha sido impressa e não xerocada);
3. Rascunhar tentativas seguindo as recomendações gerais dessa cartilha, os
pilares contidos em forma de planta baixa e os blocos de móveis para aferir
que a tentativa tem validade quando os móveis estão encaixados;
4. Repetir o processo até obter um resultado satisfatório;
5. Mostrar para a maior quantidade possível de pessoas para perguntar "o que
elas acham". Sobretudo às ligadas à área da construção civil;
6. Aperfeiçoar, se possível, até o ponto considerado satisfatório.
É mais simples do que parece. Permite usos diferentes e traz como resultados algo
parecido com o seguinte:

Como realizar um orçamento?
O orçamento automatizado para a realização de uma UHM não é uma etapa
estritamente necessária para o projeto nem é tão simples de se realizar por quem é
de fora da área. O processo está sendo aperfeiçoado para o lançamento das
próximas versões do sistema.
Abaixo está disponibilizada uma tabela que mostra o orçamento completo de uma
UHM com macro-módulo de 2,68m (utilizando chapas de pinus composta de tábuas,
disponíveis no mercado de transporte de mercadorias, assim como os pallets).
Tabela 3 - Orçamento de uma UHM - SiMAHS
Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total
Elétrica Cabo 1,5mm simples =~15m 0,88 13,20
Cabo 2,5mm paralelo 0 2,40 0,00
Cabo PP 2x2,5mm** =~20m =~3,00 60,00
Cabo paralelo 4mm 0 3,88 0
Cabo PP 4mm** 0 3,50 0
Cabo paralelo 4mm 0 2x1,76 0
Cabo PP 6mm** =~15m =~6,00 90,00
Quadro de disjuntores 1 unid 17,08 17,08
Disjuntor 10A 1 unid 3,58 3,58

Caixa para medidor de entrada 1 unid 74,29 74,29
Medidor de entrada 1 unid 0 0
Poste de entrada** 1 unid 80,00 80,00
Eletroduto 15mm 5m 3,64 18,20
Condulete de PVC 7 unid 1,78 12,46
Espelho de tomada 7 unid 5,20 36,40
Espelho de interruptor c/2 botões 2 unid 7,18 14,36
Bocal para lâmpada 3 unid 1,92 5,76
Lâmpada fluorescente de 18W 3 unid 3,70 11,10
Hidráulica Cano 50mm* =~22m 6,36 139,92

(entrada)
Joelho 50mm =~5 unid 2,32 11,60
T 50mm 8 unid 5,68 45,44
Tampa cega 50mm 4 unid 2,34 9,36
Registro de gaveta 50mm 2 unid 86,03 172,06
Redutor de 50mm p/ ½”* 4 unid 6,30 25,20
Hidráulica de Vaso sanitário com caixa acoplada 1 unid 201,30 201,30

entrada
(complementar)
Chuveiro simples c registro 1 unid 3,12 3,12
Pia da cozinha 1 unid 135,11 135,11

Pia da área de serviço 1 unid 45,00 45,00
Caixa d’água 500L 1 unid 183,67 183,67
Cano 150mm (espera dos pilares) 2m 19,50 39,00
Esgotamento
Cano 100mm 5m 8,22 41,10
sanitário
Cano 50mm 1m 5,35 5,35
Curva 45º 100mm 0 10,35 0
Curva 90º 50mm 0 8,04 0
Curva 90º 100mm 1 10,36 10,36
Joelho 100mm 0 11,57 0
Joelho 50mm 3 3,48 10,44
Ralo com caixa 1 unid 7,81 7,81
Caixa de gordura concreto pré mold. 1 unid 54,66 54,66
Madeiramento Perfil quadrado (10x10c) p pilar* 18m 21,12 380,16
Linha 6x12cm destinada aos travamentos 22 16,99 373,78
Linha 6x12cm destinada à cobertura 25m 16,99 424,75
Placa de pallet 1,34x0,98 p vedação vertical 16 15,00 240,00
Placa de pallet 1,34x0,98 destinada à forro 21 15,00 315,00
Placa de pallet 1,34x0,98 p portas 4 15,00 60,00

Ferragens Dobradiças sem anéis 38 1,71 64,98
Ferrolhos 16 1,35 21,60
Parafuso francês* ⅜” 18 6,74 121,32
Arruela22* ⅜”
Porca* ⅜”
Prego para ripa* 1kg 7,67/kg 7,67
Prego para caibro 1kg 8,30/kg 8,30
Prego para telha* 1kg 8,30/kg 8,30
Cadeado 4mm 1 23,14/unid 23,14
Corrente (para trancar casa) 1kg 14,62/kg 14,62
Suporte para eletroduto =~15 1,14/unid 17,10
Aço CA2023 6,3mm 5kg 4,54/unid 22,70
Arame 12 1kg 10,75 10,75
Telha fibrocimento 2,44x0,50cm 27 11,94 322,38

Material de
construção
Cimento (preferencialmente CP-V) =~3 sacos 22,00 66,00
Areia média =~1/2m³ 55,00/m³ 27,50
22
Peça redonda de metal destinada a ficar entre um parafuso ou porca e a superfície/objeto que os
mesmos prendem sob pressão, de maneira a distribuir melhor os esforços, evitando o desgaste da
peça e/ou permitindo a utilização de parafusos com uma cabeça que normalmente passaria pelo furo;
23
"CA" é uma categoria dada aos vergalhões.

Brita número 2 =~1/2m³ 57,71/m³ 28,86
Bloco tijolo 8 furos baiano =~150 0,42 63,24
Tijolo cerâmico maciço 5 x 10 x 20cm 5074 0,26/unid 1366,04
Verniz marítimo 2 57,90/GL 115,80
Impermeabilizante =~15L 6,75 101,25
Lixa de madeira 120 10 0,53 5,30
Fita veda-rosca 1 1,98 1,98
Bisnaga de silicone** 1 7,35/unid 7,35
Fita isolante 1 1,70 1,70
Verga24 pré-moldada 2 9,40 18,40
Reciclados/ sem Óleo queimado 5L 0 0

custo
Lata de =~18L 6 0 0
Água ? 0 0
TOTAL =~5823
Observações:
1. O preço dos insumos foi obtido a partir da tabela do SINAPI, fornecida à partir
de dados colhidos no Rio Grande do Norte em agosto de 2015. No caso de
alguns elementos não encontrados, foi adotado algum outro semelhante,
24
Elemento construtivo destinado a "desviar" o peso localizado acima das esquadrias para a
estrutura de sustentação nas laterais;

provavelmente de preço semelhante. Esses produtos encontram-se marcados
por um asterisco;
2. Fossa e sumidouro25 não estão contidos nos custos da tabela, posto que
pode haver esgoto no local, mas o encanamento calculado é o suficiente para
chegar até os limites do terreno. De forma análoga, não é calculado poço,
gerador de energia ou muramento do terreno;
3. Muito importantes (em termos de percentual representado na composição do
custo), mas de pouca precisão na hora de realizar um cálculo para serem
utilizados na construção civil não qualificada, as quantidades de cimento,
areia e brita foram fortemente majoradas26;
4. Alguns elementos não constam na tabela e não tem outros produtos de custo
claramente semelhante. Nesses casos, foi feita uma rápida consulta na
internet e dado um valor aproximado. No caso dessa composição, isso se
mostra especificamente importante no caso dos cabos PP;
A partir da tabela disponibilizada, a tabela procura tornar mais fácil a realização de

um orçamento aproximado, considerando somente a substituição que o/a usuário/a
se sinta à vontade para realizar (relacionada ao seu nível específico de
conhecimento).
25
Quando um sistema de esgotamento sanitário possui fossa, tradicionalmente esta recebe (ou
melhor, deveria receber) um sumidouro em sequência a ela. O sumidouro realiza a etapa de
infiltração da parte líquida do esgotamento no solo;
26
Semelhante a arredondar um valor para cima. Processo frequentemente utilizado quando não se
tem muita segurança do valor necessário para que uma variável torne determinado processo seguro
e se age aumentando o valor da mesma de maneira a ter certeza que não se está arriscando a
segurança.

Como fabricar pré-moldados?
Apesar do SiMAHS teoricamente permitir a construção de uma UHM dentro de 24h,

o processo em si depende de um preparo prévio que inclui compor projeto, juntar os
recursos imprescindíveis para a construção e desenvolver as habilidades
necessárias para sua realização, através da leitura dessa cartilha e de materiais
complementares da fabricação de pré-moldados, para que os mesmos possam ser
utilizados no final.
A confecção de pré-moldados pressupõe a necessidade de um local e de boas
circunstâncias. De forma simples, as condições ideais podem ser resumidas da
seguinte maneira:
1. Local suficientemente grande para garantir a fabricação e o
acondicionamento dos pré-moldados, além de movimentação confortável para
quem estiver participando do processo;
2. Local coberto e arejado para secagem dos pré-moldados sem que eles levem
chuva ou sol diretamente (os pré-moldados devem secar a sombra);
3. Possibilidade de acondicionar os diversos materiais de maneira que eles não
estejam em contato direto com o chão, nem sujeitos a acumular umidade.

Sapata pré-moldada
O processo de fabricação de uma sapata27 pré-moldada pode ser resumido aos
seguintes passos:
Quadro 7 - Passo a passo para confeccionar uma sapata pré-moldada
Passo Descrição
1 Fabricar escora que irá manter o cano no local enquanto o concreto seca. Fazer conforme desenho abaixo,
com todas as peças de madeira terminando exatamente no fim da lata, para que o cano fique perfeitamente
centralizado;
2 Cortar cano de 150mm em peças de 60cm;
3 Posicionar o cano e a escora de modo que o cano fique 30cm para dentro e 30cm para fora;
4 Furar cano juntamente com a forma (se for a primeira utilização) e introduzir uma barra rosqueada no meio
conforme desenho;
5 Forrar cano até o fundo com jornal para evitar grouteamento acidental;
6 Groutear até a boca;
7 Retirar gabarito que segura o cano após no mínimo três horas. Deve ser movido com cuidado.
27
Tipo de fundação.

Uma maneira barata para construir uma sapata de porte pequeno é utilizar galões de
18,2L de tinta, comumente descartados. Na falta, vasos pretos descartáveis de
plástico podem ser utilizados como substitutos. Eles podem ser encontrados à venda
em hortos, com preço inferior a um real.
Está prevista a utilização de um pedaço de PVC com diâmetro de 15cm para criar a
espera onde posteriormente se encaixará o pilarete28. O grout depositado no balde
será na proporção (1:2:2). O ideal é que se utilize pouca água, visto que não haverá
problemas para o cimento se assentar, dada a pouca profundidade.
Placas de piso
O processo de fabricação das placas de piso pode ser resumido aos seguintes
passos:
28
Pilar de pequenas dimensões que suporta pequenos vãos, como é o caso do SiMAHS.

Quadro 8 - Passo a passo para confeccionar uma placa de piso pré-moldada
Passo Descrição
1 Obter dimensões do contrapiso na tabela automatizada;
2 Cortar madeiras ou utilizar madeira com ao menos 11cm de largura para tábuas longitudinais29.
Comprimento igual ao número de placas por fôrma vezes a largura das mesmas mais essa mesma
quantidade acrescida de um que multiplica a largura da forma. Ou seja: C=Np*Lp+(1+Np)*Lf;
3 Cortar madeiras para transversais da forma com comprimento igual à largura das placas;
4 Revestir as fôrmas com latinhas cortadas de refrigerante / cerveja / suco no local onde elas receberão o
grouteamento;
5 Montar a fôrma com pregos de ripa;
6 Posicionar a fôrma sobre uma lona em cima de piso reto;
7 Untar todo o espaço que vai ser grouteado com óleo de motor queimado;
8 Groutear até o fim da fôrma com massa pouco fluída;
9 Dar acabamento com régua de alumínio;
10 Desenformar sem mover após três horas. Mover, só no dia seguinte.
29
No sentido da maior direção;

As placas de piso são confeccionadas na mesma proporção das fundações. Dessa
maneira, é possível aproveitar o grout da betoneira30 e agilizar o processo de
produção das peças pré-moldadas, que reúnem piso e contrapiso em uma placa
única, agilizando a montagem. Se for desejo do/a responsável, nada impede que a
essas placas sejam assentadas cerâmicas, porcelanato ou o que quer que se
prefira, desde que se tome cuidado para que as mesmas estejam bem assentadas,
evitando o acúmulo de água, sobretudo nas áreas molhadas.
Durante a queima da placa, uma opção atrativa em termos de variação de
acabamento é se valer dos famosos “amarelão” ou “vermelhão”, muito utilizados no
interior, que basicamente consistem na adição de tinta xadrez31 em pó. Com o
amarelo especificamente, utilizar cimento branco nessa fase pode gerar melhores
resultados.
Importante perceber que o mesmo processo também pode ser adotado na
confecção das placas pré-moldadas de peitoril32.
30
Máquina elétrica utilizada para o preparo de concreto;
31
Tipo de corante muito utilizado na construção civil.
32
Altura mais baixa da janela ou afim. Costumeiramente 1,10m. No caso do SiMAHS, de 80cm em
relação ao nível do piso;

Placas de peitoril
O processo de confecção das placas de peitoril pode ser resumido aos seguintes
passos:
Quadro 9 - Passo a passo para confeccionar uma placa de peitoril pré-moldada
Passo Descrição
1 Introduzir dados na tabela para ver se o peitoril deverá ser dividido ou não em duas partes;
2 Cortar madeiras ou utilizar madeira com ao menos 11cm de largura para as tábuas longitudinais.
Comprimento igual ao do peitoril;
3 Cortar madeiras para transversal com comprimento igual a soma da largura dos peitoris com a largura das
placas em questão;
4 Revestir as fôrmas com latinhas cortadas de refrigerante / cerveja / suco no local onde elas receberão o
grouteamento;
5 Montar a fôrma com pregos de ripa;
6 Posicionar a fôrma sobre uma lona em cima de piso reto;
7 Untar todo o espaço que vai ser grouteado com óleo de motor queimado;
8 Groutear 1cm. Aguardar 3 horas;
9 Posicionar vergalhões33 no meio do vão (vertical), utilizando alguma escora para isso;
10 Posicionar tijolos com =~1cm de distância entre eles;
11 Pregar tábuas auxiliares para evitar empenamento da fôrma;
12 Groutear até o fim da fôrma com massa pouco fluida para que os furos não sejam preenchidos;
13 Dar acabamento com régua de alumínio;
14 Desenformar sem mover após três horas. Mover, só no dia seguinte.
33
Aço utilizado dentro do concreto para dar-lhe resistência a tração.

Assim como as placas de piso, o peso das placas de peitoril é controlado para que
nunca ultrapasse os 80kg (dois homens adultos em capacidade de carga máxima) e
preferencialmente fique abaixo dos 60kg (um homem adulto em capacidade de
carga máxima). As dimensões e peso das placas de piso já foram definidas
automaticamente enquanto se calculava o macro-módulo e o micro-módulo. No caso
das placas de peitoril, isso deverá ser feito separadamente.
A equação na tabela automatizada das placas de peitoril é bem mais complicada de
usar, pois prevê inclusive a quantidade de ar que vai haver dentro do pré-moldado.
Portanto, caso não se sinta seguro para usar a equação, simplesmente considere
que você irá dividir o peitoril em dois.
A exemplo da outra tabela, não se devem editar os campos na parte de cima que
estão marcados em vermelho. Para saber a densidade de uma série de materiais
diferentes, basta consultar as tabelas anexas que se encontram no fim desta
cartilha.

Placas de vedação
Conforme explicado anteriormente, as placas de peitoril podem ser de vários

materiais diferentes para que, em qualquer local, seja possível construir com o
melhor material custo X benefício que se possuir em mãos, sem que com isso seja
necessário serrá-lo com maquinário de qualquer tipo.
O pré-preparo das placas de vedação consiste somente em envernizá-las e deixar
as dobradiças e ferrolhos pré-colocados de maneira a adiantar a obra. Todavia, não
existe a necessidade de que isso ocorra, sendo plenamente viável que as placas
sejam envernizadas e recebam as ferragens após a colocação no local.

Tijolos para fundação
Os tijolos que serão utilizados para realizar a fundação dos peitoris de uma
construção com o SiMAHS estarão em contato direto com a terra e, portanto, é
necessário que sejam impermeabilizados. O processo é realizado com antecedência
simplesmente por uma questão de agilizar a obra. Podem ser utilizados quaisquer
elementos utilizados normalmente para impermeabilizar.
Transporte do material
O SiMAHS foi otimizado para o processo de transporte desde o começo da sua
concepção, com o objetivo de possibilitar que todas as suas peças sejam
transportadas em um carro popular (valendo inclusive o translado com a mala aberta
ou em cima da lataria), fazendo com que pessoas com sérias restrições
orçamentárias não gastem (ou gastem o mínimo possível) com fretes.
O dimensionamento foi feito com base no Fiat Uno "quadrado", por se tratar de um
carro extremamente popular. Para transportar uma UHM de macro-módulo de
2,68m, por exemplo, foi necessário realizar quatro viagens de carro, mais um frete
de caminhão. Seria possível dispensar esse frete, mas na maioria dos casos não
valeria a pena. A distribuição da UHM mencionada ficaria da seguinte maneira:

Tabela 4 - Transporte e manejo de pré-moldados e afins
(Macro-módulo de 2,68 com zona neutra de 10cm)
Tipo Elemento Cm Kg Pessoas Quant. No carro? Viagens
Pré-moldado Placa de piso 59,5x59,5x5,5 46,7 1 18 SIM A
Peitoril 24x11x124 47,8 1 8 SIM
Fundação *=~18 (L) =~40 1 6 SIM
Telhas 244x50x0,5 9 1 27 FORA B
Poste de entrada 200x10x10 50 1 1 FORA
Vergas 120X10X14 42 1 2 SIM
Madeira Placa de pinus 134x98x4 <20,0 1 31 SIM C
Pilarete 10x10x300 30,3 1 6 FORA
Travamento Horizontal34 6x12x600 21,8 1 22 FORA
Linhas35 6x12x500 18,2 1 5 FORA
Diversos Canos diversos YxYx600 - 1 - SERRAR
Caixa d’água 500L 124x124x72 10,5 1 1 SIM
Cimento, areia, brita =/= =/= =/= =/= NÃO
Quais ferramentas são necessárias para construir o SiMAHS?

O sistema foi projetado para que necessitasse da menor quantidade possível de
ferramentas e para que elas fossem do tipo mais comum e barato possível. A única
ferramenta elétrica imprescindível para a construção com o sistema é a furadeira.
34
No caso do SiMAHS, linhas de madeira que servem de suporte para as placas de vedação e
evitam que o sistema "tombe", caindo de lado;
35
Nome usual para vigas de madeira, frequentemente utilizado para se referir a uma faixa restrita de
dimensões (bitolas) e não ao papel desempenhado. No SiMAHS especificamente, se refere as barras
de madeira que se apoiam sobre os travamentos horizontais e irão suportar o peso do forro que por
sua vez suportará o peso das telhas;

Todavia, caso a construção prossiga no turno noturno, tornar-se-a necessária a
utilização de estrutura auxiliar para iluminação.
Quadro 10 - Ferramentas para construir com o SiMAHS
Nº Ferramenta Nº Ferramenta Nº Ferramenta Nº Ferramenta Nº Ferramenta

37 38
1 Alicate 6 Caixa d’água 11 Malho 16 Pá 21 Trincha
36
universal ou tonel
39
2 Baldes 7 Extensão 12 Mangueira 17 Prumo 22 T´s
3 Betoneira 8 Furadeira 13 Martelo 18 Serra- 23 Vassoura

40 41
(opcional) elétrica com arco
brocas
4 Boca de 9 Inchada 14 Martelo de 19 Refletor ou 24 Vira-macho

42 43 44
lobo borracha equivalente (opcional)
46
5 Carro de 10 Jogo 15 Nível 20 Serrote
mão universal de
45
chaves
Qual o passo a passo da construção?
O passo a passo da construção pode ser vislumbrado a partir da sequência abaixo.

Ele foi obtido através da simulação digital da criação de um canteiro de obras
através de modelagem 3d, portanto, nunca deve substituir a experiência de um/a
36
O alicate mais comum, apto a cumprir diversas funções;
37
Ferramenta utilizada para compactar o solo. Pode ser feita de diversas maneiras;
38
Pincel utilizado na construção civil;
39
Peso de aço com corda, utilizado para aferir alinhamento vertical, geralmente de paredes;
40
Máquina elétrica utilizada para o preparo de concreto;
41
Serra muito comum utilizada para pequenos serviços;
42
Também conhecida como cavadeira. Utilizada para fazer buracos com pequeno diâmetro em
relação a profundidade;
43
Martelo utilizado para assentamento de revestimentos;
44
Ferramenta utilizada para rosquear barras de metal lisas, permitindo que as mesmas passem a
poder ser utilizadas em conjunto com porcas;
45
Conjunto com as chaves mais comuns para usos diversos;
46
Ferramenta que utiliza a gravidade e uma bolha de ar aprisionada em um cilindro com água
colorizada para aferir o alinhamento de algo (que geralmente deveria estar na horizontal).

profissional se a mesma estiver à disposição. A ordem não é obrigatória. Tolera
variações e em quase todos os casos isso não gerará maiores problemas.
Os processos descritos e já amplamente divulgados (como a utilização de nylon,
prumo, entre outros) não estão detalhados, pois existe material complementar
(vídeos no youtube, por exemplo) facilmente disponível aos/às interessados/as.
1 - Executar marcação com nylon

e piquetes;
47
2 - Cavar valas para os peitoris;
3 - Cavar buracos para a sapata
pré-moldada;
48 49
4 - Malhar / regularizar a vala,
aditando cim. e água;
5 - Fazer fundação com dois tijolos
deitados previamente pincelados
50
com piche ou outro
impermeabilizante.
6 - Preparar esgotamento
sanitário para receber áreas
51
molhadas . Notas: I - Cano de
100mm para vaso sanitário e 50mm
para as demais; II - Evitar furar
fundação da parede;
47
Buraco com aspecto linear na superfície;
48
Utilizar o malho para compactar a terra;
49
Deixar plano;
50
Derivado bruto do petróleo muito utilizado como impermeabilizante;
51
Termo da construção civil para locais que tem possuem instalação hidráulica/de esgoto. Típicos
ambientes: Banheiro, área de serviço e cozinha;

7 - Posicionar pilares;
8 -Locar travamentos horizontais
na altura adequada à dimensão das
placas. Alvenaria acabada a 70cm
do piso;
52
9 - Efetuar retíficas . Usar nível
de bolha para averiguar
travamentos e prumo os pilares;
10 - Groutear pilares já retificados;
11 - Aguardar três horas antes de
mexer em qualquer coisa perto dos
pilares e dos travamentos em si;
12 - Enterrar áreas que fujam da

modulação;
13 - Regularizar e malhar a
superfície polvilhando com cimento
e água;
14 - Colocar cama de 1cm de
areia;
15 - Colocar as placas de piso e
utilizar martelo de borracha com
53
nível e guias ;
16 - Para tampar os buracos que
fogem da modulação, tábuas em
conjunto com régua de aço podem
ser utilizadas. Sempre que
necessário caminhar, evitar ao
máximo que isso seja na parte não
pré-moldada;
52
Ajuste fino;
53
De linha guia, utilizada para ter uma referência visual, evitando assim acabamento de má
qualidade. O uso é processo comum na construção civil;

17 - Unir os pilares com os
travamentos laterais utilizando
parafusos franceses, barra
rosqueada ou aço CA20 com
auxílio de vira-macho. Se
necessário, o encaixe pode ser
54
rebaixado com broca chata ou
55
serra-copo ;
18 - Serrar o excesso dos pilares;
19 - Assentar alvenaria em cima

da fundação simples até altura de
85cm no ponto mais alto do terreno.
Molhar os tijolos antes;
20 - Assentar placa pré-moldada;
21 - Malhar salpicando com areia
e cimento;
22 - Colocar cama de areia de
1cm;
23 - Executar hidráulica;
24 - Fixar aparelhos hidráulicos;
25 - Executar elétrica;
26 - Locar placas de piso e zonas
neutras, executar eventuais
56
quebras com marreta e formão ,
por fim deixando na localização
exata com o uso de martelo de
borracha;
54
Broca para furadeira. Ao ser utilizada realiza furos, mas sobretudo desbastes de diâmetro muito
maior que uma broca convencional. Não funciona para metais, alvenaria, nem concreto;
55
Espécie de serra utilizada com furadeira as vezes sozinha, outras com o formão para realizar furos
de grande diâmetro. Não funciona com alvenaria nem concreto.
56
Ferramenta utilizada para talhar madeira;

27 - Locar e fixar as linhas ligando
os pilaretes. Entre eles (ver acima),
utilizar calços quando necessário e
pregos para caibro;
28 - Pregar placas sobre as

linhas;
57
29 - Pregar tarugos no
distanciamento adequado para
pregar as telhas. Utilizar restos de
madeira;
58
30 - Executar barrilete com a
parte mais alta a pelo menos
2,80m. Utilizar restos de madeira;
57
Carece de definição precisa. Geralmente, resto de madeira aproveitada como calço ou para
alguma outra função. No caso do SiMAHS, espera-se que vão sobrar tarugos dos pilares ou das
linhas e vigas envolvidas, que podem ser utilizados para distanciar o forro das telhas, criando uma
cobertura ventilada;
58
No caso específico dessa cartilha (mas isso é muito comum na construção civil informal), consiste
em uma espécie de estrado suspenso que suporta o peso da caixa d'água.

31 - Colocar forro do banheiro,
acima dele a caixa d’água e realizar
as respectivas conexões;
32 - Pregar telhas com pregos

próprios nos tarugos. Utilizar
59
balanço máximo da telha em
relação às placas;
33 - Serviços complementares
como portão, muro e afins;
34 - Ligações hidráulica e elétrica
O quadro 11 apresenta algumas medidas de referência que podem (e devem) ser

utilizadas na falta de algum/a profissional para supervisionar e dimensionar o
processo. É importante que quanto a isso se observe que o sistema ainda está em
fase experimental e que todas as medidas foram escolhidas com grande margem de
segurança, pois:
1. Mesmo que se possa chegar a um ajuste fino no futuro, isso permite alguns
testes no presente;
2. As expansões são imprevisíveis e, portanto, é mais pertinente trabalhar com
margens maiores de segurança;
59
No caso da construção civil, distância que objeto (beiral, linha, viga, laje…) mantém em relação a
estrutura mais próxima que suporta o seu peso e o lado não apoiado. No caso de materiais
industrializados, checar o manual.

3. O controle da obra é muito frágil em um cenário onde os construtores não são
profissionais;
4. O sistema em grande parte das medidas foi majorado para reduzir a
quantidade possível de bitolas, traços60 e afins, de modo a torná-lo mais fácil
para quem não tem nenhuma prática na área.
Os traços sugeridos aqui não devem ser considerados imutáveis e não tem a
potencialidade de substituir a experiência de um/a profissional competente na área.
Quadro 11 - Informações numéricas complementares
Item Quantitativo Observações
Situação Cimento Areia Brita

média
Contrapiso, Sapatas e 1 2 2 Os traços foram padronizados

Peitoril pré-moldados em somente dois para que
todo o concreto da: I) Canteiro
Traços de de fabricação de pré-
argamassa e Grouteamento do 1 4 - moldados e II) obra possa ser
concreto cano dos pilares, feito em um só canto de uma
Fundação dos muros, só vez, agilizando e
Assentamento e descomplicando o processo.
Contrapiso in loco
Item Situação Profundidad Nivelar

e a partir Observações
Fundações e Valas para fundação 30cm Do ponto Estabilizar com malho, pó de cimento e água
valas em geral dos peitoris mais baixo
Buraco para sapata Da lata Do ponto

pré-moldada mais baixo
Estabilização para 5cm Do ponto

receber contrapiso mais baixo
Item Situação Minima (%) Máxima

(%) Observações
Inclinações Cobertura 5 10
Para telha de fibrocimento ou tetrapak61
Esgoto 2 -
60
Proporção dos elementos que dão origem a mistura;
61
Telha feita com embalagens recicladas. Medidas comerciais semelhantes as de fibrocimento;

Box do chuveiro 1 3 Excesso de inclinação torna o box
susceptível a escorregões
Acessibilidade para - 8 Sujeito a maiores exigências pela a NBR

cadeirante 905062
Circulação de 1 20 A falta de inclinação causa o acúmulo de

automóvel água
Item Categoria Componente Bitola Observações
Bitolas em geral Elétrica Fio iluminação 1,5mm
Fio (TUG63) tomadas 2,5mm
Fio (TUE64) Chuveiro, 4mm

microondas, outros
Fio entrada 6mm
Canos de entrada 50mm Canos muito grossos para

suportar imprevisível
Hidráulica
expansão futura
Conexões 50mm
Redutores 50mm>½”
Ferragens Barra rosqueada ⅜” A barra rosqueada pode ser

substituída por parafuso
francês ou aço CA20
Arruela rosqueado com vira-macho
Porca
Madeiramentos Pilaretes 10x10cm Perfis susceptíveis a não

existir exatamente nessas
dimensões. Substituir por
semelhantes se necessário.
Travamentos 12x6cm
horizontais
Vigas de cobertura 12x6cm
Placas de vedação 1,34x0,9

8m
62
NBR que discorre sobre acessibilidade;
63
TUG - Tomada de uso geral;
64
TUE - Tomada de uso específico, quando a previsão de carga ultrapassa os 1500W.

É possível personalizar minha residência?
Apesar do sistema ser modulado e ter possibilidades muito mais limitadas de projeto
do que alguma construção tradicional - de alvenaria - isso não necessariamente
deve ser visto como um fator tão limitado em termos de opções estéticas. Abaixo, o
mesmo projeto recebeu diferentes acabamentos. As imagens foram aproveitadas
para mostrar as diferentes configurações possíveis de abertura de janela que o
mesmo projeto permite. Sabidamente:
1. Janelas de cima abertas e debaixo fechadas, mantendo casa "fresca"- mas
sem a percepção direta do vento ao nível das pessoas sentadas;
2. Janelas de cima fechadas e de baixo abertas, refrescando no nível das
pessoas sentadas;
3. Todas as janelas abertas, provendo muito vento;
4. Todas as janelas fechadas, sem circulação.


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SiMAHS

SISTEMA MISTO PARA

ORIENTADOR: ALDOMAR PEDRINI/CO: M ARCELO TINOCO

CADERNO2 CARTILHA TUTORIAL PARA

Glossário ilustrado ...................................................................................................... 4

O SiMAHS é confiável? ............................................................................................ 16

Quais são os indícios de confiabilidade do sistema?................................................ 16

Por que escolher o SiMAHS? ................................................................................... 17

A quem esta cartilha se destina? .............................................................................. 19

Para construir com o SiMAHS. É necessário contratar um/a profissional? .............. 21

É possível obter auxílio em projetos com o SiMAHS? .............................................. 21

Do que se trata a UHM - Unidade de Habitação Minima? ........................................ 22

Como projetar com o SiMAHS? ................................................................................ 23

Qual a disponibilidade dos materiais necessários para o SiMAHS? ..................... 24

O SiMAHS é adequado para qualquer clima? ...................................................... 24

Como definir o módulo de projeto? ....................................................................... 26

Como locar uma UHM em um terreno? ................................................................ 31

Onde fica a casa se ela geminar em apenas um muro? ................................... 34

Como dividir o terreno em faixas? ..................................................................... 36

Gabaritos em anexo .............................................................................................. 40

Como realizar um orçamento? .............................................................................. 43

Como fabricar pré-moldados? .................................................................................. 49

Placas de piso ....................................................................................................... 51

SiMAHS - Projeto e Construção - 1

Placas de vedação ................................................................................................ 56

Tijolos para fundação ............................................................................................ 57

Quais ferramentas são necessárias para construir o SiMAHS? ............................... 58

Qual o passo a passo da construção?...................................................................... 59

É possível personalizar minha residência?............................................................... 67

SiMAHS - Projeto e Construção - 2

Bem-vindo/a à cartilha de construção com o SiMAHS - Sistema Misto1 para

SiMAHS - Projeto e Construção - 3

Alvenaria: Processo construtivo onde se constrói paredes por meio da

Aglomerado: Tipo de chapa de madeira reconstituída;

Alicate universal: O alicate mais comum, apto a cumprir diversas

Aresta: Reta originada pelo encontro de duas superfícies

Argamassa: Material aglutinante de assentamento ou de revestimento

SiMAHS - Projeto e Construção - 4

Área molhada: Termo da construção civil para locais que tem

Balanço: No caso da construção civil, distância que objeto (beiral,

Barrilete: No caso específico dessa cartilha (mas isso é muito comum

Beiral: Parte do telhado que se estende além da construção. É

Bem de consumo: Bens de consumo são os bens produzidos e destinados ao consumo

Betoneira: Máquina elétrica utilizada para o preparo de concreto;

SiMAHS - Projeto e Construção - 5

Boca de lobo: Também conhecida como cavadeira. Utilizada para

Brita: Pedra de pequenas dimensões utilizada como agregado graúdo

CA, aço: "CA" é uma categoria dada aos vergalhões;

Cabo: Associação de fios dentro de um mesmo encapsulamento,

CEF: Sigla para Caixa Econômica Federal;

Célula: Do quadro ou tabela. Retângulo compreendido no cruzamento

Concreto: Em geral (e também no caso desse trabalho) a mistura de

Concreto celular: Tipo de concreto que recebe um aditivo especial e

SiMAHS - Projeto e Construção - 6

Envoltória: O que "fecha" a edificação e separa o que é lado de

Esquadria: Portas e janelas;

Fio: No caso desse trabalho, condutor elétrico rígido utilizado para

Formão: Objeto utilizado em conjunto com martelo para talhar

Geminar: "Grudar" em um ou mais muros, estendendo o seu papel à

Grout/groutear: Concreto despejado para encher formas;

SiMAHS - Projeto e Construção - 7

Jogo de chaves universal: Conjunto com as chaves mais comuns

Junta seca: Tipo de assentamento de blocos onde não há a utilização