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Resumo – O trabalho apresenta resultados de 96 sondagens tipo SPT-T, sondagens à percussão padrão SPT com
medida de torque, realizadas em várias localidades do centro-leste do Estado de São Paulo, Brasil, com 819 pontos
analisados, visando contribuir com mais informações a respeito do que vem sendo proposto para correlações entre a
resistência dinâmica, N, obtida no ensaio SPT, e a resistência lateral máxima por atrito desenvolvida ao longo do
amostrador padrão através da medida de torque.
Abstract – This paper presents the results of 96 Standard Penetration Tests with torque measure (SPT-T) executed in
various locations within the eastern-central region of the State of São Paulo, Brazil, with a total of 819 test points. The
objective is to add information to the present correlations between the N obtained from the SPT and the maximum
lateral shear resistance along the sampling tube, obtained from the torque measure.
INTRODUÇÃO
Desde o primeiro trabalho apresentado por Ranzini [1], tem-se tentado correlacionar o valor do atrito lateral
obtido através do torque no ensaio de penetração dinâmica SPT. A partir de então, outros trabalhos têm procurado
acurar o processo e tentar outras correlações entre os resultados de torque e respectivos valores de SPT. Infelizmente, o
que se tem notado, é a pouca quantidade de valores com os quais são propostas correlações e, exceto alguns pontos no
campus da Unicamp em Campinas, SP e no da USP em São Carlos, SP [2], na baixada santista [3] e na própria cidade
de São Paulo [4], a pequena quantidade de informações disponíveis pode levar à correlações discrepantes, da ordem de
70%, entre a resistência dinâmica no ensaio SPT e o torque, como mostram Decourt e Quaresma Filho [5]. Este
trabalho pretende correlacionar tanto o torque quanto a resistência lateral definida por Ranzini [6] com valores de
resistência dinâmica à penetração no ensaio SPT, através da coleta de dados obtidos em 96 sondagens efetuadas no
interior do Estado de São Paulo. Deseja-se, com isto, dar mais subsídios, tanto no sentido de aferir correlações já
propostas para outros tipos de solos, como propor novas correlações para solos específicos de decomposição de
diabásios, basaltos, solos de decomposição de rochas do Grupo Serra Geral, e solos de decomposição de arenitos,
siltitos e argilitos, principalmente do Grupo Tubarão.
________________________________________________
1
Afiliação: Departamento de Geotecnia e Transportes
Faculdade de Engenharia Civil
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Embora considerados como solos residuais, a variedade de procedência de rochas dificulta uma caracterização
individual das amostras analisadas, mesmo porque neste trabalho foram analisados resultados de 96 sondagens do tipo
SPT-T, com 819 amostras coletadas. Desta forma, as amostras foram classificadas em função de sua característica
principal e, assim, foram adotadas duas classificações: solos predominantemente arenosos e solos predominantemente
argilosos, denominados, neste trabalho, de solos granulares – areia, areia siltosa, silte arenoso –, e de solos argilosos –
argila arenosa, argila siltosa, silte argiloso, conforme descrição táctil e visual apresentada nos relatórios das sondagens.
Marca: Gedore
Capacidade máxima: 80 kgf.m
Braço com prolongamento acoplável
30
TORQUE (kgf.m)
20 RERSULTADO DA REGRESSÃO
Coeficiente de correlação: 0,90
Inclinação da reta: 45°
10
Interseção com o eixo vertical: - 0,46
189 pontos
0
0 10 20 30 40
SPT
30
20
10
464 pontos
0
0 10 20 30 40
SPT
30
RESULTADO DA REGRESSÃO
Coeficiente de correlação: 0,83
20 Inclinação da reta: 44,9°
Interseção com o eixo vertical: 0
10
653 pontos
0
0 10 20 30 40
SPT
40
30
RESULTADO DA REGRESSÃO
fs (kPa)
e, segundo a expressão (2) e a correlação obtida neste trabalho entre valores de SPT e de torque: T = N, com o torque
expresso em kgf.m, chega-se à expressão entre o atrito lateral, fs, e o valor N do SPT, para 45 cm de penetração total do
amostrador:
fs = 5,5 . N (3)
relação bastante próxima encontrada por Alonso [4], fs = 6N, quando da análise de 980 pontos de sondagem SPT-T na
cidade de São Paulo, SP, Brasil.
O gráfico da figura 5, que mostra a relação entre os valores de SPT, para penetração superior a 45 cm, em
função da resistência máxima por atrito, fs, apresenta consistência entre os pares de valores, com um coeficiente de
correlação próximo à unidade e uma inclinação da reta de 5,36. A despeito da reta interpolada entre os pontos
interceptar o eixo vertical em –1,93, este valor pode ser considerado pequeno, confirmando a relação (3) também neste
caso onde a penetração do amostrador ultrapassa 45 cm.
CONCLUSÕES
Os resultados apresentados permitem concluir que existe uma relação linear entre a resistência dinâmica, N, da
sondagem à percussão padrão Terzaghi Peck (SPT) e o torque.
Embora se observa dispersão nos pontos apresentados, é possível induzir que a relação entre N e o torque é de
1:1 quando o torque é medido em kgf.m.
O valor obtido para a resistência máxima por atrito lateral, fs, desenvolvida entre o solo adjacente e a face
externa do amostrador padrão e o número de golpes, N, medido no ensaio de sondagem à percussão SPT pode ser
expresso pela relação: fs = 5,5 N, com fs em kPa.
Correlações feitas com valores de comprimento de penetração do amostrador padrão SPT superiores a 45 cm
também confirmam a relação acima.
A despeito das críticas e deficiências observadas na sondagem à percussão SPT, em particular as observações
feitas por Belincanta et alli [9] e De Mello [10], fica claro que as medidas de torque são mais passíveis de erros da
forma como atualmente têm sido obtidas. Já foi proposto um projeto de torquímetro elétrico com aquisição automática
de dados [11] que, certamente, quando aplicado, fornecerá resultados mais confiáveis.
AGRADECIMENTO
RECUPERE ENGENHARIA E SERVIÇOS LTDA.
INFORMAÇÃO
Os resultados das sondagens SPT-T, que permitiram a realização deste trabalho, podem ser solicitados pelo e-
mail: seraphim@fec.unicamp.br.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Ranzini, S.M.T., SPTF, Revista Solos e Rochas, Vol. 11, pp. 29-30, São Paulo, SP, Brasil, 1988.
[2] Alonso, U.R., Correlação entre o atrito lateral medido com o torque e o SPT, Revista Solos e Rochas, Vol. 17, pp.
191-194, São Paulo, SP, Brasil, 1994.
[3] Alonso, U.R., Ensaios de torque nos sedimentos da baixada santista, Revista Solos e Rochas, Vol. 18, pp. 161-168,
São Paulo, SP, Brasil, 1995.
[4] Alonso, U.R., Estimativa da adesão em estacas a partir do atrito lateral medido com o torque no ensaio SPT-T,
Revista Solos e Rochas, Vol. 19, pp. 81-84, São Paulo, SP, Brasil, 1996.
[5] Decourt, L.; Quaresma Filho, A.R., The SPT-CF, an improved SPT, Segundo Seminário de Engenharia de
Fundações Especiais e Geotecnia - SEFE II, Vol. I, pp. 106-110, São Paulo, SP, Brasil, 1991.
[6] Ranzini, S.M.T., SPTF: 2a Parte, Revista Solos e Rochas, Vol. 17, pp. 189-190, São Paulo, SP, Brasil, 1994.
[7] Leinz, V. & Do Amaral, S.E., Geologia Geral, Companhia Editora Nacional, São Paulo, SP, Brasil, 5ª ed., p. 363,
487 pg., 1970.
[8] IPT, Mapa Geológico do Estado de São Paulo, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo,
Divisão de Minas e Geologia Aplicada, Vol. II, São Paulo, SP, Brasil, 1981.
[9] Belincanta, A. et alli, Métodos para medida de energia dinâmica no SPT, Revista Solos e Rochas, Vol. 17, pp. 93-
110, São Paulo, SP, Brasil, 1994.
[10] De Mello, V.F.B., The Standard Penetration Test, Panamerican Conference on Soil Mechanics and Foundation
Engineering, 4, ASCE, Vol. 1, Porto Rico, 1971.
[11] Peixoto, A.S.P., Estudo do ensaio SPT-T e sua aplicação na prática de engenharia de fundações, Tese de
Doutorado, Faculdade de Engenharia Agrícola, UNICAMP, junho de 2001.