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RESUMO
Na década de 1990, o continente africano testemunhou uma onda de regimes transitórios,
particularmente, um levante de democracias (Bratton e van de Walle 1997; Lindberg 2006),
que, paralelamente, foi assistido durante um significativo crescimento econômico na região.
Em face do exposto, o presente artigo se propõe a analisar dados da região subsaariana da
África, no período 1990-2010, a fim de encontrar evidências de uma relação de causalidade
entre democracia e positivo crescimento econômico. A ideia não é avaliar se instituições
políticas já alicerçadas produzem riqueza agregada, mas se Estados africanos, ao
sucederem-se à instalação de democracias, e assim se mantiverem em longo prazo, tenderão a
obter crescimento econômico crescente ou se estagnarão ao atingirem determinado período.
Parte-se de três hipóteses: i) alcançada independência, e ausente instabilidade política, os
Estados do continente africano tendem a expandir sua riqueza agregada; ii) democracias
híbridas africanas produzem crescimento econômico; e, iii) democracias desestabilizadas
situadas na África não produzem desenvolvimento. É válido referendar que das três, as duas
últimas são assumidas como hipóteses secundárias. Para os testes empíricos das hipóteses de
trabalho, recorre-se ao Método dos Momentos Generalizados (GMM), usando estimadores
Arellano-Bond.
Duração da democracia + -
0≤G≤1
Ainda sobre esse aspecto, note-se que, ao analisar cuidadosamente sobre a evidência
do impacto da democracia no crescimento econômico, Acemoglu et al (2015) argumenta que
as estimativas de linha de base sugerem que um país que democratiza aumenta seu PIB per
capita em cerca de 20% nos próximos 25 anos, diminuindo, por conseguinte, e, parcialmente,
a desigualdade.
Todavia, embora os autores acreditem que as democratizações estão associadas o
aumento muito maior do PIB per capita em países com níveis mais altos de ensino
secundário, para o autor não há evidências de que a democracia seja ruim para o crescimento
econômico em economias de baixa renda ou mesmo em economias com baixos níveis de
escolaridade.
Para Acemogle et al (2015) a evidência mostra que as democracias são melhores na
implantação de reformas econômicas e também no aumento da educação. Assim,
provavelmente aumentam a provisão de bens públicos, embora a evidência aqui seja menos
robusta. Contudo, a principal questão aqui é a da causalidade, que para os autores
supracitados existe, de fato, uma correlação bastante clara entre a democracia e o PIB per
capita.
Em conjunto, essas abordagens fornecem evidências convincentes de que, em média,
a democracia é boa para o desempenho crescimento econômico. Destarte, para Acemoglu et
al (2015), por um lado, pode ser que a democracia esteja causando maior riqueza ou, por
outro lado, o aumento da riqueza aumente a proporção dos países em democratizar.
Por seu turno, na contracorrente daqueles que preveem uma causalidade estritamente
positiva entre regime político democrático e crescimento econômico, Barro (1996) demonstra
em seu estudo que a democracia tem um pequeno efeito negativo médio sobre o crescimento
econômico. Em particular, o aprimorado trabalho de economia econométrica do economista
fornece uma visão profunda da relação entre crescimento econômico de longo prazo e uma
ampla gama de fatores econômicos, políticos e sociais subjacentes.
Um fator introduzido por Barro (1996) é que, quanto menor for o nível inicial do
produto interno bruto (PIB) per capita real relativo ao nível estacionário do PIB per capita do
país, maior será a taxa prevista de crescimento econômico. Assim, os países mais pobres não
necessariamente crescerão mais rápido do que os países mais ricos. Para controlar as
diferenças entre países em níveis estacionados de PIB per capita, Barro (1996) usa medidas
de educação, saúde, sistema jurídico, mudanças de termos de troca, gastos governamentais
como fração do PIB, fertilidade e liberdade política.
Para o cálculo do IDH, utilizar-se-á a seguinte fórmula para mensurar o impacto da escolha
de regime político no crescimento econômico dos países africanos:
Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2010).
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