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DEMOCRACIA INSTALADA, CRESCIMENTO ECONÔMICO GARANTIDO?

UMA ANÁLISE EM BUSCA DESSA CAUSALIDADE NA ÁFRICA SUBSAARIANA

Suerda Gabriela Ferreira de Araújo


João Paulo Bernardo
Mércia Cristina Gomes de Araújo

RESUMO
Na década de 1990, o continente africano testemunhou uma onda de regimes transitórios,
particularmente, um levante de democracias (Bratton e van de Walle 1997; Lindberg 2006),
que, paralelamente, foi assistido durante um significativo crescimento econômico na região.
Em face do exposto, o presente artigo se propõe a analisar dados da região subsaariana da
África, no período 1990-2010, a fim de encontrar evidências de uma relação de causalidade
entre democracia e positivo crescimento econômico. A ideia não é avaliar se instituições
políticas já alicerçadas produzem riqueza agregada, mas se Estados africanos, ao
sucederem-se à instalação de democracias, e assim se mantiverem em longo prazo, tenderão a
obter crescimento econômico crescente ou se estagnarão ao atingirem determinado período.
Parte-se de três hipóteses: i) alcançada independência, e ausente instabilidade política, os
Estados do continente africano tendem a expandir sua riqueza agregada; ii) democracias
híbridas africanas produzem crescimento econômico; e, iii) democracias desestabilizadas
situadas na África não produzem desenvolvimento. É válido referendar que das três, as duas
últimas são assumidas como hipóteses secundárias. Para os testes empíricos das hipóteses de
trabalho, recorre-se ao Método dos Momentos Generalizados (GMM), usando estimadores
Arellano-Bond.​

Palavras-chave:​ Regime Político. Crescimento Econômico. Democracia. África.


INTRODUÇÃO

O continente africano vivenciou longos e profundos períodos de estagnação


econômica até o fim do século XX. Com os movimentos de democratização africana
iniciadas na década de 1990, a região tem adquirido distintas características oriundos dos
novos sistemas políticos e modos de transição de regimes que tem provocado uma conexão
entre as reformas democráticas produzidas no âmbito dos Estados e o seu desempenho
econômico.
De maneira geral, essa ligação tem sido interpretada nos estudos das ciências política
e econômica por pelo menos três vieses: 1) o de que há compatibilidade e reforço mútuo entre
democracia e crescimento econômico, principalmente quando eleições democráticas
estimulam mecanismos de concorrência entre os governos mobilizando uma busca de
políticas macroeconômicas que promovam estabilidade e abertura comercial, auxiliando o
progresso econômico, a redução da instabilidade política (uma vez que há regras claras de
alternância de poder), e a manutenção do estado de direito atraindo assim, investimentos
externos e criando uma exigência por nível de capital humano que impulsione a
produtividade econômica (Carbone, 2011); 2) o de que há um ​trade-off ​entre ambos, havendo
assim um conflito; e 3) o de que enfatiza a inexistência de relação universal entre ambos,
ainda que compatíveis (idem).
Particularmente no caso da região africana, notadamente, os países subsaarianos,
poucos estudos tem sido realizados a fim de sistematizar a relação supracitada. Nos primeiros
anos da onda democrática africana, van de Walle (1999) foi um dos primeiros pesquisadores
a chegar à conclusão de que a instauração de regimes democráticos no período de 1986 a
1998 não significou melhores ganhos econômicos. Isso foi reafirmado em anos posteriores
nas investigações de ​Narayan et al. (2011), todavia analisando períodos que antecederam à
onda democrática, sua transição e posteridade, indo assim, dos anos 1970 até 1990. De modo
contrário, mas ainda não tão positivo, Lewis (2008) mostra que entre os anos de 1986 e 2006,
a ligação entre democracias e crescimento econômico na região africana, particularmente, na
subsaariana tem se estabelecido, todavia, sem prosperidade.
Segundo Collier e Levitsky (1997) esse processo de transição de regimes levou
Estados do continente a não declararem-se nem democráticos e nem autoritários por
completo, dando surgimento ao que ambos autores denominaram de Estados com
“democracias com adjetivos”, isto é, regimes híbridos.
Em face do exposto, o presente artigo se propõe a analisar dados da África,
Subsaariana, particularmente, de 18 países, quais sejam, Cabo Verde, África do Sul,
Botsuana, Namíbia, Benin, Lesoto, Gana, Mali, Malawi, Zâmbia, Tanzânia, Senegal, Uganda,
Moçambique, Quênia, Serra Leoa, Burundi e Ilhas Maurício, no período 1990-2010, a fim de
encontrar evidências de uma relação de causalidade entre democracia e positivo crescimento
econômico na região. A ideia não é avaliar se instituições políticas já alicerçadas produzem
riqueza agregada, mas se Estados africanos, ao sucederem-se à instalação de democracias a
partir da década de 1990, iniciada em Angola (Young, 2010), e assim se mantiverem em
longo prazo, tenderão a obter crescimento econômico crescente ou se estagnarão ao atingirem
determinado período, pois, conforme aponta Gerring et al (2005) os dividendos econômicos
só advém com o tempo, após o estabelecimento da democracia e o funcionamento de suas
estruturas e práticas políticas.
Parte-se de três hipóteses: i) alcançada independência, e ausente instabilidade política,
os Estados do continente africano tendem a expandir sua riqueza agregada; ii) democracias
híbridas africanas produzem crescimento econômico; e, iii) democracias desestabilizadas
situadas na África não produzem desenvolvimento. É válido referendar que das três, as duas
últimas são assumidas como hipóteses secundárias. Para os testes empíricos das hipóteses de
trabalho, recorre-se ao Método dos Momentos Generalizados (GMM), usando estimadores
Arellano-Bond.​
Para fins de organização, este artigo está dividido em três partes, além da introdução.
Na primeira, há uma breve revisão de literatura que vincula democracia e crescimento
econômico com o intuito de compreender o tipo de relação entre ambas. Alguns trabalhos
empíricos são trazidos nesse momento para facilitar a compreensão do leitor. Na segunda
parte, são apresentados os modelos de estimações entre os ​proxys e as variáveis estabelecidas
para análise a fim de testar as hipóteses propostas. A última parte, sucede aos resultados e
análises dos dados auferidos.

RELAÇÃO ENTRE CRESCIMENTO ECONÔMICO E DEMOCRACIA


Há uma robusta literatura nas Ciências Política e Econômica que relacionam as
variáveis de crescimento econômico e democracia, no intuito de mensurar uma possível
relação de causalidade. Contudo, inexiste um consenso entre os acadêmicos acerca da
causalidade entre ambas, de tal modo que alguns autores identificam essa relação como
teoricamente ambígua (Acemoglu ​et al​, 2015), contraditória (Schumpeter, 1961), vantajosa
para outros setores ou instituições (Aghion ​et al​, 2008), ou, ainda, desencorajadora para o
setor econômico (Alesina; Rodrik, 1994; Persson; Tabellini, 1994).
Para esse trabalho, utilizamos como base o conceito de democracia mínima de Robert
Dahl (1971), que se materializa na reunião do sufrágio universal, eleições livres e regulares,
acrescido pela liberdade de associação, discurso e informação e proteção do direito das
minorias conforme colocado, posteriormente, por Bresser-Pereira (2009). Ao mesmo tempo,
reconhecemos que um regime democrático só alcança estabilidade política quando sua
economia é crescente, é considerado socialmente desenvolvido, é legítimo e eficaz (Lipset,
1963).
De maneira mais direta, Papaioannou e Siourounis (2008a) investigaram a relação
entre crescimento econômico e democracia em países recém saídos de autocracias durante o
período de 1960 a 2005. A partir das estimações de painel sobre Estados em transição
democrática dentro da chamada ‘Terceira Onda de democratização’, os autores evidenciaram
a existência de afetação positiva da democracia sob o crescimento do PIB que pode aumentar
de 0,5% a 1% o crescimento anual ​per capita do país envolvido na transição ​política; e, por
um viés similar, Persson e Tabellini (2007), apontaram que podem diminuir em até 2%
quando decaírem desse processo de transição e caminharem de democracias para a ditadura,
posto que o crescimento e a estabilidade das instituições democráticas é favorecida por um
estoque acumulado de capital democrático. Logo, a cessação do regime democrático
compromete o crescimento econômico.
Associadamente, e com base nos autores anteriores[1], Acemoglu ​et al (2015: 1-4), ao
estimarem o efeito causal da democracia sobre o crescimento econômico em 175 países,
dentre os anos de 1960 a 2010, geraram o entendimento de que regimes não autoritários
produzem um efeito positivo significativo, não de até 1%, mas sim de 20% a longo prazo
sobre o PIB ​per capita de um Estado, o qual dependendo do quantitativo populacional
pertencente, no mínimo, ao nível secundário de escolaridade poderá demonstrar resultados
ainda maiores. Logo, para os referidos autores, PIB ​per capita e nível de escolaridade afetam
a relação de causalidade aqui estudada.
Para além dessas variáveis, há publicações que demonstram efeitos negativos ou
limitantes incidindo sobre o crescimento econômico, conforme apresentam os estudos sobre a
variável corrupção, a qual foi conceituada pela primeira vez como “abuso de um cargo
público para benefício privado” (World Bank, 1997). A partir dos múltiplos ângulos da
corrupção (Heidenheimer; Johnston, 2002) interpretou-se que esta é um transtorno
substancialmente econômico que chega a obstruir o desenvolvimento (Mauro, 1995; Khan,
2006), e se propagar por entre seus níveis (Bardhan, 1997) incidindo sobre indicadores
socioeconômicos.
Esses efeitos limitadores podem ainda ser observados nos trabalhos de Aghion ​et al
(2008), os quais compreendem que regimes democráticos e instituições políticas, no
agregado, podem apresentar fraco crescimento econômico, especialmente em setores
distantes da fronteira tecnológica. Todavia, evidenciam que diferentes setores da economia
tem sua produtividade influenciada positivamente pela democracia e suas instituições. Em
setores mais avançados, o crescimento é ainda favorecido quando no regime democrático
existem direitos políticos incidindo sobre a liberdade de entrada e abertura de novas empresas
na concorrência dos mercados, ​que estimulam a inovação e desenvolvimento tecnológico.
Desse modo, para os autores, o crescimento econômico advém da redução das barreiras de
entrada proporcionadas pelas instituições democráticas, o que favorece o aumento de renda
per capita de um país, ocorrência essa não encontrada nas autocracias devido a proteção aos
interesses adquiridos.
Não suficiente, Amartya Sen (1999) aponta que a relação entre crescimento
econômico e democracias, perpassa necessariamente por outro tipo de liberdades, quais
sejam: as políticas. O autor defende que há uma relação de proporcionalidade na intensidade
de uma para com a outra, isto é, quanto mais intensas as necessidades econômicas, maior será
a urgência por liberdades políticas.
Para Seymour Lipset (1959) e Barro (1999), isso não é muito diferente, posto que o
desenvolvimento econômico oportuniza linearmente transições para a liberdade política,
consequentemente são os regimes democráticos a apresentarem maior riqueza do que as
autocracias. Lipset (1967) afirma ainda que o desenvolvimento econômico, mensurado por
meio da riqueza, industrialização, urbanização e educação, é pré-requisito substancial para a
instauração de democracias. Ao mesmo tempo, aponta que, quando ocorre um rápido
crescimento econômico há uma desestabilização democrática.
Adam Przeworski ​et al (1996: 118) concordam com o entendimento de que o
crescimento econômico favorece à sobrevivência de regimes não autoritários. Mas, inferem
que em países cuja renda ​per capita esteja abaixo dos US$ 1.000,00 esse crescimento deve
advir com uma taxa de inflação moderada. Isto significa que “quanto mais a economia cresce,
mais a democracia está apta a sobreviver” (idem).
Samuel Huntington (1994) argumenta que o desenvolvimento econômico tem
impulsionado as mudanças de regimes, mesmo que perpassando por sinuosas ondas de
democratização que podem envolver o fim de um regime autoritário, ou a instalação ou
consolidação de um regime democrático.
É perceptível, até aqui, a estrutura dicotômica das investigações acerca da causalidade
relacional entre crescimento econômico e democracia que divide os regimes em democráticos
ou autocráticos. Contudo, Collier e Levitsky (1997) têm baseado suas pesquisas para além
desse duo regimental, uma vez que afirmam que esse processo de transição de regimes levou
Estados, particularmente no continente africano, a não declararem-se nem democráticos e
nem autoritários por completo, dando surgimento ao que ambos autores denominaram de
Estados com “democracias com adjetivos”, isto é, regimes híbridos. Isso tem nos permitido
pensar que, a estabilidade do regime é uma variável significante no processo de crescimento
econômico, acompanhada, é claro, por variáveis de interesse, as quais estão organizadas na
tabela abaixo.

Tabela 1 - Relações de causalidade

Variáveis Relação Causal Autores


Esperada

Crescimento econômico Variável dependente Gerring ​et al​ (2005)

Estabilidade das instituições + Persson e Tabellini (2007)

Duração da democracia + -

Nível de escolaridade + Acemoglu ​et al​ (2015)

Corrupção - Mauro (1995), Khan (2006)


Liberdades políticas + Sen (1999), Lipset (1959),
Barro (1999)

Investimento estrangeiro + Aghion ​et al (​ 2008)


Fonte: Elaborada pelos autores
Essas variáveis guiarão o mapeamento da relação entre democracia e crescimento
econômico nos 18 países africanos: Cabo Verde, África do Sul, Botsuana, Namíbia, Benin,
Lesoto, Gana, Mali, Malawi, Zâmbia, Tanzânia, Senegal, Uganda, Moçambique, Quênia,
Serra Leoa, Burundi e Ilhas Maurício. Estes países foram selecionados com base na
capacidade de representação das 4 divisões políticas da África Subsaariana (África Ocidental,
Centro-ocidental, Centro-oriental e Meridional), bem como na existência de dados no período
estabelecido para este estudo, e representação dos 3 tipos de democracias, segundo
classificação do ​The Economist Intelligence Unit’s Index of Democracy ​do ano de 2010
(último ano do recorte temporal desta pesquisa), quais sejam democracias completas,
democracias defeituosas e regimes híbridos.
Por sua vez, o corte longitudinal do trabalho foi demarcado entre 1990 e 2010
considerando os movimentos sociais ocorridos na última década do século XX que
depuseram elites dirigentes do poder, como no Benim e Zâmbia, ou assim tentaram proceder
como na Guiné-Bissau, todavia, sem sucesso, bem como o acontecimento da Conferência de
La Baule, em junho de 1990, que já denotava um condicionalismo político de cooperação
ocidental, o qual estabelecia marcadamente a ligação entre democratização e ajuda
econômica.
Ante o exposto, a seção seguinte será dividida em duas partes. A primeira
dedicar-se-á a discussão que envolve os canais por meio dos quais existe uma relação de
causalidade (não somente benéfica) entre liberdade democrática e crescimento econômico.
Considera-se algumas variáveis de impacto dentro dessa causalidade e suas
características, a exemplo da desigualdade na distribuição de renda, mensurada através do
índice de Gini, o Produto Interno Bruto ​per capita (PIB ​per capita​) e o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH). Por meio desses critérios será feita a argumentação a
respeito de um possível impacto de um regime democrático sobre o crescimento da economia
africana. Por seu turno, a segunda seção dessa parte sistematizará a literatura que versa sobre
as variáveis escolhidas dentro do continente africano, aplicando essencialmente um aparato
de dados quantitativos sobre o tema.

ÍNDICE DE GINI E PIB PER CAPITA


De acordo com Nishi (2010), o índice ou coeficiente de Gini (G), é uma medida
estatística de desigualdade, comumente utilizada para calcular a desigualdade de distribuição
de renda, porém, pode ser usada para qualquer distribuição. Como visto na figura abaixo, seu
cálculo é baseado na Curva de Lorenz, que dispõe de um eixo X, no qual são vislumbrados os
percentuais acumulados de população, e o eixo Y, no qual estão localizados os percentuais
acumulados de renda. De acordo com o autor, seu cálculo é oriundo da divisão entre a área de
concentração e a área de perfeita desigualdade.

G = Área de Concentração / Área de Perfeita Desigualdade.

Se não há concentração, o numerador é zero, e o coeficiente de Gini resultará


também em zero. Se a concentração for máxima, o numerador será semelhante ao
denominador, e o coeficiente assumirá valor um, matematicamente, tem-se que:

0≤G≤1

Ainda sobre esse aspecto, note-se que, ao analisar cuidadosamente sobre a evidência
do impacto da democracia no crescimento econômico, Acemoglu ​et al (2015) argumenta que
as estimativas de linha de base sugerem que um país que democratiza aumenta seu PIB ​per
capita em cerca de 20% nos próximos 25 anos, diminuindo, por conseguinte, e, parcialmente,
a desigualdade.
Todavia, embora os autores acreditem que as democratizações estão associadas o
aumento muito maior do PIB ​per capita em países com níveis mais altos de ensino
secundário, para o autor não há evidências de que a democracia seja ruim para o crescimento
econômico em economias de baixa renda ou mesmo em economias com baixos níveis de
escolaridade.
Para Acemogle ​et al (2015) a evidência mostra que as democracias são melhores na
implantação de reformas econômicas e também no aumento da educação. Assim,
provavelmente aumentam a provisão de bens públicos, embora a evidência aqui seja menos
robusta. Contudo, a principal questão aqui é a da causalidade, que para os autores
supracitados existe, de fato, uma correlação bastante clara entre a democracia e o PIB ​per
capita.​
Em conjunto, essas abordagens fornecem evidências convincentes de que, em média,
a democracia é boa para o desempenho crescimento econômico. Destarte, para Acemoglu ​et
al ​(2015), por um lado, pode ser que a democracia esteja causando maior riqueza ou, por
outro lado, o aumento da riqueza aumente a proporção dos países em democratizar.
Por seu turno, na contracorrente daqueles que preveem uma causalidade estritamente
positiva entre regime político democrático e crescimento econômico, Barro (1996) demonstra
em seu estudo que a democracia tem um pequeno efeito negativo médio sobre o crescimento
econômico. Em particular, o aprimorado trabalho de economia econométrica do economista
fornece uma visão profunda da relação entre crescimento econômico de longo prazo e uma
ampla gama de fatores econômicos, políticos e sociais subjacentes.
Um fator introduzido por Barro (1996) é que, quanto menor for o nível inicial do
produto interno bruto (PIB) ​per capita real relativo ao nível estacionário do PIB ​per capita do
país, maior será a taxa prevista de crescimento econômico. Assim, os países mais pobres não
necessariamente crescerão mais rápido do que os países mais ricos. Para controlar as
diferenças entre países em níveis estacionados de PIB ​per capita​, Barro (1996) usa medidas
de educação, saúde, sistema jurídico, mudanças de termos de troca, gastos governamentais
como fração do PIB, fertilidade e liberdade política.

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH)


Ante o exposto, apresenta-se a terceira variável analisada nesse estudo. Visando
medir o desenvolvimento a partir de novas dimensões, tais como a saúde, a longevidade e a
renda, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi criado em meados da década de
1990, baseado em relatórios publicados pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento.
Sua criação foi particularmente importante para a superação da visão tradicional que
identificava como parâmetro de crescimento apenas o PIB per capita, tal como a de
Przeworski e Limongi (1993), quando citados por Bardhan (1993). De acordo com Bardhan
(1993), os autores limitaram-se explicitamente ao desenvolvimento no sentido estrito de um
aumento na renda ​per capita.​ Para Przeworski e Limongi se alguém adotar um conceito mais
amplo de desenvolvimento para incorporar o bem-estar da população em geral, incluindo
algumas liberdades básicas civis e políticas, uma democracia que garanta essas liberdades é,
quase que por definição, mais propícia ao desenvolvimento nestas contagens do que um
regime não-democrático (BARDHAN, 1993, p.47).
De acordo com Veiga (2005), a palavra “crescimento” não fazia parte da esfera
pública até a eclosão da Segunda Grande Guerra. De acordo com a autora, até então, os
parâmetros utilizados para justificar o alcance de um Estado estavam voltados para o
“progresso material” do mesmo. Mesmo após o conflito, os termos desenvolvimento e
crescimento eram particularmente desassociáveis.
De acordo com Streeten (2007), os apoiadores dessa ideia se baseavam em três
justificativas, quais sejam: 1) a crescente demanda por mão de obra, produtividade, aumento
de salários e preços mais baixos que geraria benefícios automaticamente e de modo mais
eficiente; 3) o dever de o governo impedir que houvesse desigualdade no tocante a renda; e,
3) o acúmulo de capital construiria uma melhor infraestrutura, mesmo provocando
desigualdade na renda. Nesse aspecto, as desigualdades seriam uma pré-condição para que
houvesse qualidade de vida dos menos afortunados. Segundo Bresser-Pereira (2008, p. 2),
Schumpeter (1911) foi o primeiro economista a assinalar esse fato, quando afirmou que o
desenvolvimento econômico implica transformações estruturais do sistema econômico que o
simples crescimento da renda ​per capita​ não assegura.
Para os moldes dessa pesquisa, recai-se na percepção tradicional dos indicadores
quantitativos mais utilizados neste tipo de análise. Considerando necessária a criação de
índices de dimensão, isto é, subíndices, para cada uma das três dimensões, a fórmula utilizada
será a exposta abaixo:

Para o cálculo do IDH, utilizar-se-á a seguinte fórmula para mensurar o impacto da escolha
de regime político no crescimento econômico dos países africanos:
Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2010).

A respeito dessa variável, Bardhan (1993) sublinha que regimes socialistas


não-democráticos a exemplo da China ou Cuba também têm sido mais bem-sucedidos,
mesmo em baixos níveis de renda ​per capita​, na realização dos enormes esforços
organizacionais envolvidos na erradicação do analfabetismo em massa e no alcance de
serviços básicos em saúde pública e saneamento para os pobres (BARDHAN, 1993).
Assim, o autor entende que alguns governos autoritários, por sua vez, deram sua
legitimidade de fornecer ordem e estabilidade e crescimento rápido ao Estado-nação. Grosso
modo, a falta de estruturas de governança democráticas também poderia ser um obstáculo
para o desenvolvimento sustentável. Portanto, a pobreza persistente e a falta de
desenvolvimento econômico podem dificultar o estabelecimento da democracia.

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[1]​Mas, reservando atenção aos “desafios empíricos relacionados à endogeneidade da democracia e a


modelagem sistemática da dinâmica do PIB” (Acemoglu ​et al​, 2015, p.5)

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