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Modelo Unificado para o Fluido Cosmológico

Technical Report · January 2019


DOI: 10.13140/RG.2.2.22456.39681

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2 authors:

Eduardo Morais R. R. Cuzinatto


São Paulo State University Universidade Federal de Alfenas
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Relatório de Iniciação Cientí…ca

Modelo Uni…cado para o Fluido Cosmológico

Eduardo Messias de Morais Rodrigo Rocha Cuzinatto (orientador)


Sumário

1 Relatividade Restrita 1
1.1 Transformações de Lorentz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.1 Referenciais Inerciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.2 Transformações de Galileu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.3 Constância da Velocidade da Luz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.4 Inconsistências entre Galileu e Maxwell . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.5 As Transformações de Lorentz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.6 Dilatação do Tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1.7 Fórmula de Adição de Velocidades Relativísticas . . . . . . . . . . . . 10
1.2 Mecânica Relativística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.1 Massa Relativística e Momento Relativístico . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.2 Equivalência entre Massa e Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2.3 Fótons . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.3 Diagramas de espaço-tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.3.1 Convenções de Notação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.3.2 Cones de Luz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

2 Modelos Gravitacionais 27

2.1 Gravidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.1.1 Gravidade Newtoniana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.1.2 Campo Gravitacional Newtoniano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.1.3 Equação de Poisson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.1.4 Relatividade Geral - A Gravidade por Einstein . . . . . . . . . . . . . 38
2.1.5 As Duas Formas de Entender a Gravidade . . . . . . . . . . . . . . . 39

3 A expansão do Universo 41
3.1 Blueshift e Redshift . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.2 A Lei de Hubble . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.3 O Princípio Cosmológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

4 Curvatura Tempo-Espacial 51
4.1 Curvatura em Espaços Bidimensionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.1.1 Espaço Bidimensional Plano - Curvatura Nula . . . . . . . . . . . . . 54
4.1.2 Espaço Bidimensional Esférico - Curvatura Positiva . . . . . . . . . . 56

v
vi SUMÁRIO

4.1.3 Espaço Bidimensional Hiperbólico- Curvatura Negativa . . . . . . . . 60


4.2 Curvatura em Espaços Tridimensionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.2.1 Espaço Tridimensional Plano - Curvatura Nula . . . . . . . . . . . . 61
4.2.2 Espaço Tridimensional Esférico - Curvatura Positiva . . . . . . . . . . 64
4.2.3 Espaço Tridimensional Hiperbólico - Cuvatura Negativa . . . . . . . . 66
4.3 Curvatura do Espaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.4 Métricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.5 A Métrica de Minkowski . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.5.1 Intervalo no espaço-tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.6 A Métrica de Robertson-Walker . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
4.7 Distância Própria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

5 Dinâmica Cósmica 83
5.1 A Equação de Friedmann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
5.2 Densidade de Energia Crítica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
5.3 A Equação do Fluido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
5.4 A Equação da Aceleração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
5.5 Equações de Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
5.6 Constante Cosmológica - . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

6 Universo com Uma Componente 111


6.1 Evolução da Densidade de Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
6.2 Universo com Curvatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
6.3 Universos Espacialmente Planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
6.3.1 Universo com Materia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
6.3.2 Universo com Radiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
6.3.3 Universo com Constante Cosmológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131

7 Universo com Múltiplas Componentes 135

7.1 Universo com Matéria e Curvatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137


7.2 Universo com Radiação e Constante Cosmológica (INCOMPLETO) . . . . . 142
7.3 Universo com Materia e Constante Cosmológica . . . . . . . . . . . . . . . . 142
7.4 Universo com Radiação e Matéria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
7.5 Modelo de Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153

Afterword 157
Capítulo 1

Relatividade Restrita

1.1 Transformações de Lorentz


Em física, algumas grandezas são chamadas relativas, pois só podem ser mensuradas em
comparação à algum referencial. Nelas não existe um referencial privilegiado, ou seja,
aquele referencial absoluto cujo qual todas as medidas são feitas. Posição e velocidade são
dois exemplos mais comuns que podem ser citados. Basta imaginar que, em relação à Terra,
uma pessoa pode estar parada enquanto que em relação ao Sol, ela está se movimentando
em uma velocidade aproximada de 30 km/s.

1.1.1 Referenciais Inerciais


Quando falamos de referencial, estamos nos referindo ao ponto cujo qual serão feitas as
comparações. Num sistema de coordenadas cartesianas tridimensional, o referencial natural
será a origem, ou seja, o ponto O(0; 0; 0):
Um referencial inercial, então, é simplesmente um refencial onde é válida a Lei da Inercia:
sem a ação de nenhuma força, uma partícula se move à velocidade constante. Em sintese, é
aquele referencial que se move à velocidade constante[1].

1.1.2 Transformações de Galileu


Na física clássica é comum ocorrerem as chamadas transformações de referencial. Se, por
exemplo, formos estudar o movimento de um bloco se movimentando em um plano inclinado,
como a Fig.1.1, será conveniente fazermos uma transformação, no qual, o referencial terá o
sentido do movimento do bloco como um de seus eixos. Assim, os calculos seriam facilitados,
porém, os resultados devem ser identicos aos obtidos com uma análise realizada sem tais
transformações..
As Transformações de Galileu são aquelas que convertem um ponto do referencial inercial
S para o referencial inercial S 0 . Com a utilização dessas transformações, as leis da mecânica
clássica …cam invariáveis, isto é, iguais em qualquer referencial inercial. Para compreender-
mos, vamos imaginar um vagão de trem em movimento constante. Sabe-se que o piso do
trêm está no mesmo nível que o piso da estação. Assim, conforme Fig.1.2, temos dois dis-
tintos referenciais: o de um observador na estação (S) e o de um observador no vagão (S 0 ).

1
2 CAPíTULO 1 RELATIVIDADE RESTRITA

Figura 1.1: As leis de Newton são invariantes com a mudança do referencial S para o referencial
S 0.

Figura 1.2: Dois referenciais inerciais para descrição do mesmo fenômeno.

Na Fig.1.3 se encontra de forma sistemática a ilustração dos referenciais. Dessa forma, um


ponto qualquer pode ser de…nido por um par de coordenadas (x; y) em S, e também por um
par de coordenadas (x0 ; y 0 ) em S 0 .
Antes de encontrarmos as transformações, temos que estabelecer as seguintes relações:

D é a distância entre os referenciais;

r0 é a posição do ponto em relação ao referencial do trem - S 0 ;

r é a posição do ponto em relação ao referencial da estação - S. É importante observar


a seguinte relação:

! ! !
r =D+ r . (1.1)
Derivando a Eq.(1.1) em relação ao tempo, encontraremos as relações vetoriais de veloci-
dade entre S e S 0 .Assim:
1.1 TRANSFORMAÇÕES DE LORENTZ 3

! !
d!r dD dr
= + . (1.2)
dt dt dt
Considerando:

d!r
=!
v , (1.3)
dt
!
dD !
=V , (1.4)
dt
!
dr !
= v0 , (1.5)
dt
obtemos a seguinte relação:

! ! !
v = V + v0 , (1.6)
onde:
!v é a velocidade do ponto em relação ao referencial S;
!
V é a velocidade do referencial S 0 em relação ao referencial S;
!0
v é a velocidade do ponto em relação ao referencial S 0 ;
Como o eixo x é colinear ao eixo x0 , logo inferimos que a coordenada y será equivalente
à y (se houvesse três coordenadas, teriamos também que z seria igual à z 0 ). Dessa forma, a
0

coordenada x0 pode ser encontrada pela equação do movimento uniforme:


!
x = x0 + V t . (1.7)

Na época de Galileu, era consenso que o tempo era absoluto, e não havia desvios de
intervalos de tempo entre dois referenciais. Se representermos o tempo por t no referencial
S e t0 em S 0 , as equações de transformação de referencial serão:

t = t0 (1.8)

!
x0 = x Vt, (1.9)

y0 = y , (1.10)

z0 = z . (1.11)

Observe que a notação vetorial foi omitida apenas porque, em cada uma das equações,
somente uma dimensão foi considerada.
4 CAPíTULO 1 RELATIVIDADE RESTRITA

1.1.3 Constância da Velocidade da Luz


No século XIX, o escocês James Clerk Maxwell estabeleceu as leis que descrevem os fenô-
menos eletromagnéticos. Foi ele também que provou que a luz é uma onda eletromagnética,
e têm em essência as mesmas propriedades que as outras de mesmo tipo. Com a utiliza-
ção dessas equações, foi descoberto que velocidade de propagação de todas essas ondas é a
mesma[3]:
1
c= p , (1.12)
0 "0

onde:
c é a velocidade das ondas eletromagnéticas ou velocidade da luz;
0 é a constante de permeabilidade magnética no vácuo;
"0 é a constante de permissividade elétrica no vácuo:
Sabendo que os valores dessas constantes são:

6
0 = 1; 257 10 H/m, (1.13)

12
"0 = 8; 854 10 F/m , (1.14)
o valor para a velocidade da luz (ondas eletromagnéticas) será:

c = 299 792 458 m/s . (1.15)

1.1.4 Inconsistências entre Galileu e Maxwell


De acordo com o princípio da relatividade, a velocidade da luz deveria ser dada em relação
à algum referencial, até então desconhecido. Foi proposto na época que haveria um meio
imperceptível, denominado éter que cobrisse todo o universo cujo qual seria o referencial
privilegiado para a propagação das ondas eletromagnéticas. Então, esse éter seria o refer-
encial inercial S. Imagine que um outro referencial inercial, por exemplo uma espaço-nave,
viaje à uma velocidade V em relação ao éter. Suponha que dentro da nave um feixe de
luz foi disparado para frente. Se a luz se propagar em relação ao referencial da nave, então
a velocidade de propagação dessa luz seria igual a velocidade de luz (c = v 0 ). Nesse caso,
para calcular as velocidades da luz em relação ao éter, usaremos a Eq.(1.6) proveniente das
Transformações de Galileu :

v =V +c .

) v>c. (1.16)

Por outro lado, se a luz se propagar em relação ao referencial de éter, então c = v. Então,
a velocidade da luz em relação a espaço-nave será:

v0 = c V
1.1 TRANSFORMAÇÕES DE LORENTZ 5

) v0 < c . (1.17)
De acordo com (1.16) e (1.17), constatamos então que a velocidade de propagação da luz
não seria constante para todos os referenciais através do uso das transformações de Galileu.
Essa inconsistência produz duas hipóteses excludentes:

1. As Transformações de Galileu se aplicam as leis da mecânica clássica e às leis do


eletromagnetismo, porém, a constância prevista por Maxwell seria medida sempre em
relação ao referencial absoluto e seria sempre diferente de c em referenciais inerciais.
Dessa forma, deveria existir o éter como sendo o referencial absoluto para propagação
das ondas eletromagnéticas;

2. As Transformações de Galileu estariam erradas;

Como as Transformações de Galileu estavam muito bem fundamentadas e comprovadas


experimentalmente, era improvável que houvesse inconsistência entre elas. Logo, o passo
seguinte era provar experimentalmente a existência do éter, comprovando assim a primeira
hipótese e excluindo a segunda.
Apesar dos cientistas estarem certos sobre a existência do éter, a comprovação de tal
nunca veio. Com o uso de um aparato de extrema precisão, Morley e Michelson em 1887
puderam concluir de…nitivamente que a velocidade da luz é a mesma em qualquer referencial.
O experimento foi repetido inúmeras vezes sob inúmeras condições e nada foi constatado.
Dessa forma, foi provado que as Transformções de Galileu necessitavam de reformulações
para tornar invariantes as equaçõs de Maxwell.

1.1.5 As Transformações de Lorentz


Foi Hendrick Lorentz que, na esperança de salvar o conceito de éter, propôs uma hipótese
de compatibilização, onde um objeto se contrai no sentido do movimento relativo ao éter.
Porém esta hipótese não era satisfatória, pois ainda havia muitas inconsistências. Foi nesse
cenário que surge Albert Einstein, que era desconhecido até então. Com os postulados da
relatividade formulou a Teoria da Relatividade Restrita (ou Especial) e assim conseguiu
desfazer essas tais incoerências, criando um novo ramo de física denominado física relativista
que é responsável por estudar os efeitos resultante aa constância da velocidade da luz, tais
como dilatação do tempo e contração do comprimento. Tais postulados são:

Postulado 1 As leis de Física são invariantes em qualquer referencial inercial.

Postulado 2 A velocidade da luz é a mesma em todos os referenciais inerciais.

Conforme visto anteriormente, as transformações de Galileu devem ser substituidas por


outras à …m de que a velocidade da luz se torne invariante à escolha de referenciais inerciais.
Imagine dois referenciais inerciais, onde, cada um é descrito por quatro coordenadas (x,y,z,t),
tal comoFig.1.4.
6 CAPíTULO 1 RELATIVIDADE RESTRITA

Como visto anteriormente, haverá dilatação de tempo e contração do comprimento, e


consequentemente:

t > t0 , (1.18)

l < l0 . (1.19)
Tinhamos pelas Transformações de Galileu que x0 obedecia às equações do movimento
uniforme, ou seja:

x = x0 + V t )

x0 = x Vt . (1.20)
Sabemos por (1.18) e (1.19) e os postlados da relatividade que a equivalência (1.20) é falsa.
Então, será feita uma hipótese baseada na homogeinidade do espaço-tempo que tal relação
seria de proporcionalidade ao invés de equivalência. Então:

x / x0 Vt , (1.21)
e por …m:

x0 = (x V t); (1.22)
onde seria uma constante de proporcionalidade. Tal constante tem a característica especial
de depender de V . Uma boa transformação de coordenadas devia ter propriedade de 1,
quando V c;validando assim com extrema aproximação as transformações de Galileu para
as velocidade normais das atividades humanas. Vamos concentraragora nossas atenções no
referencial O0. Se considerarmos que o referencial O se move a velocidade constante V
de O0 , x será a coordenada no referencial inercial móvel , x0 e t0 serão respectivamente a
coordenada e o tempo no referencial inercial …xo. Com esse conceito em mente, a Eq.(1.22)
para esse caso será:

x = (x0 + V t0 ); (1.23)
Imagine que um fóton F seja disparado paralelamente aos eixos x-x0 : No referencial O,
ele foi disparado no instante t = 0, assim como, disparado no instante t0 = 0 no referencial
O0 . Portanto as origens de O e O0 são coincidentes em t = t0 = 0. Como o movimento
é´paralelo aos eixos x-x0; as coordenadas y e z não se alteram. Assim:

y = y0 (1.24)
z = z0 (1.25)

Pelo segundo postulado da relatividade, as componentes x e x0 serão:


1.1 TRANSFORMAÇÕES DE LORENTZ 7

x = ct , (1.26)
x0 = ct0 . (1.27)

Substituindo (1.26) em (1.23) e (1.27) em (1.22), temos:

ct = (ct0 + V t0 ); (1.28)
ct0 = (ct V t): (1.29)

O produto do primeiro termo de (1.28) pelo primeiro de (1.29) deve ser igual ao produto
do segundo termo de (1.28) pelo segundo termo de (1.29). Assim:

c2 tt0 = 2
(ct0 + V t0 )(ct V t) )
c2 tt0 = 2 0
t (c + V )t(c V ) )
c2 = 2
(c + V )(c V ) )
2 c2
= )
(c + V )(c V )

2 c2
= (1.30)
c2 V2
1
Agora, multiplicaremos por c2
o nominador e o denominador:
1
2 c2 c2
= 1 )
c2 V2 c2

2 1
= V2
(1.31)
1 c2

= q 1 (1.32)
V2
1
c2

Essa constante …cou conhecida como o fator de Lorentz. Na Fig.1.5 se encontra um


grá…co representando a Eq.(1.32) , onde = (V ). Analizando o grá…co plotado, podemos
perceber outro efeito dos postulados da relatividade: a velocidade da luz é o valor limite de
velocidades. Ou seja, nada pode ser mais rápido do que a luz.
Podemos agora encontrar a transformação da coordenada temporal. Vamos substituir
(1.22) em (1.23):

x = ([ (x V t) + V t0 ]) )

x
= (x V t) + V t0 )

x
= (x V t) + V t0 )
8 CAPíTULO 1 RELATIVIDADE RESTRITA

x
V t0 = (x V t) )

x
V t0 = + (V t x) )

1 x
t0 = + (V t x) )
V

1 x
t0 = 2
+ (V t x) )
V

x x
t0 = 2
+ (t ) )
V V

x x
t0 = 2
+t )
V V

x 1
t0 = 2
1 +t )
V
2
Agora, substituimos de acordo com a Eq.(1.31):
2 0 1 3
x 1
t0 = 4 @ 1 1A + t5 )
V V2
1
c2
2 0 1 3

t0 = 4x @ 1 1A + t5 )
1
V V2
1
c2
" ! #
V2
x 1 c2
t0 = 1 +t )
V 1

x V2
t0 = 1 1 +t )
V c2

x V2
t0 = +t )
V c2

V
t0 = x +t )
c2

V
t0 = t x (1.33)
c2

Assim, as Transformações de Lorentz …cam:


1.1 TRANSFORMAÇÕES DE LORENTZ 9

8
>
> t0 = t V
x
>
> c2
>
>
< x0 = (x V t)
(1.34)
>
> y0 = y
>
>
>
>
: z0 = z

Se a intenção for explicitar t , x,y e z teremos:


8
>
> t = t0 + cV2 x
>
>
>
>
< x = (x0 + V t)
(1.35)
>
> y = y0
>
>
>
>
: z = z0

1.1.6 Dilatação do Tempo


Imagine que dentro de um trêm se movendo à velocidade v, dois espelhos são posicionadas
um de frente para o outro. Um está no chão do vagão e o outro está no teto. Pense ainda
que exista um fóton que viaja verticalmente entre esses espelhos, conforme Fig.1.6: O evento
E representa a saída do fóton da base e o evento R representa a chegada do fóton na base.
No vagão, a distância percorrida em um ciclo é 2D. Como a velocidade da luz c é
constante, o intervalo de tempo para esse caso será:
2D
t0 = . (1.36)
c
No referencial da Terra, a distância percorrida será 2L. Então:
2L
t= . (1.37)
c
Se obserarmos Fig.1.6 (b), teremos um triângulo retângulo. Assim, podemos calcular L
em termos de D, v e t:
s
2
1
L= v t + D2 . (1.38)
2
Se isolarmos D em (1.36) e substituirmos em (1.38), teremos:
s
2 2
1 1 0
L= v t + c t . (1.39)
2 2
Agora substituimos (1.39) em (1.37):
s
2 2
2 1 1
t= v t + c t0 )
c 2 2
10 CAPíTULO 1 RELATIVIDADE RESTRITA

s
2 2
c 1 1
t= v t + c t0 )
2 2 2
1 2 1 1
c ( t)2 = v 2 ( t)2 + c2 t02 )
4 4 4

c2 ( t)2 = v 2 ( t)2 + c2 t02 )

c2 ( t)2 c2 t02 = v 2 ( t)2 )

c2 ( t)2 t02 = v 2 ( t)2 )

v2
( t)2 t02 = 2
( t)2 )
c
v2
( t)2 2
( t)2 = t02 )
c
v2
( t)2 1 = t02 )
c2
( t02 )
( t)2 = 2 )
1 vc2
t0
t= q : (1.40)
v2
1 c2

Substituindo(1.32) em (1.40):

t= t0 . (1.41)

1.1.7 Fórmula de Adição de Velocidades Relativísticas


Imagine dois referenciais inerciais S e S 0 , onde temos S 0 se distanciando de S à uma velocidade
V . Considere tembém uma partícula que se move à velocidade v em relação ao referencial
S e uma velocidade v 0 em relação à S 0 . Através da Eq.(1.35) , concluimos:
8
< x = ( x0 + V t0 )
(1.42)
: t= t0 + V x0 c2

A velocidade média em S é dada por x= t. Dessa forma, temos:

x ( x0 + V t0 )
= )
t t0 + cV2 x0
1.2 MECÂNICA RELATIVíSTICA 11

x x0 + V t0
=
t t0 + cV2 x0
Se dividirmos o denominador e o nominador por t0 teremos:
x0 0
x t0
+ V t0t
= t0 0 )
t t0
+ xt0 cV2
x 0
x 0 + V
= t x0 V )
t 1 + t0 c2
E assim:

v 0 +V
v= 1+v 0 V2
(1.43)
c

Se repetirmos o processo usando:


8
< x0 = (x V t)
; (1.44)
: t0 = t V
x
c2

encontraremos:

v V
v0 = 1 v V2
(1.45)
c

1.2 Mecânica Relativística


1.2.1 Massa Relativística e Momento Relativístico
Plausivelmente, assim como tempo e comprimento são medidas dependentes do observador,
a massa também deveria ser. Dessa forma:

m = m(v): (1.46)
Para explicitarmos essa dependência, imaginemos o seguinte. Em um sistema referencial S
duas partículas A e B com velocidades iguais (V ) e opostas se diregem uma em direção à
outra. Considerando as massas dependentes da velocidade, temos:

mA = mB = m(V ): (1.47)
Por convenção, vamos de…nir que a massa da partícula em repouso seja m(0) = m0 .
Após algum tempo, ocorre uma colisão inelástica1 entre elas, de modo que após tal colisão,
o sistema formada pelas duas partículas …que parado (ver Fig.1.7). Se a massa do sistema
for dado por M (v), após a colisão, o sistema terá massa dada por:
1
Na colisão inelástica, as partículas permanecem unidas após a colisão,
12 CAPíTULO 1 RELATIVIDADE RESTRITA

Msis = m(0) + m(0) = M0 . (1.48)

Consideremos um outro referencial S 0 que se aproxima do referencial S à velocidade V


(ver Fig.1.7). Dessa forma, como a partícula B também se aproxima do referencial S à
velocidade V ; ela estará em repouso no referencial S 0 até a colisão (ver Fig.1.8).
No referencial S 0 , se assumirmos massa relativística e conservação do momento linear,
teremos:
8
< m(v) + m = M (V )
0
(1.49)
: v m (v) = V M (V )

Eliminando o termo M (V ) e isolando m(v):

v m (v) = V (m(v) + m0 ) = V m0 + V m (v) )

m (v) (v V ) = V m0 )

V
m (v) = m0 (1.50)
v V
Podemos fazer uma observação. A velocidade da partícula A no referencial S é V ,
enquanto que em S 0 é v. O referencial S 0 se movimenta com uma velocidade Vs0 = V . A
fórmula de adição de velocidades, dada pela Eq.(1.45), para esse caso será:

V Vs0 V ( V)
v= Vs0
= ( V)
1 V c2 1 V c2
2V
v= 2 (1.51)
1 + Vc2
Se separarmos os termos que tem V; obteremos:
v
2
V 2 2V + v = 0
c
Se multiplicarmos todos os termos por (c2 =v) :

2c2
V2 V + c2 = 0 (1.52)
v
Resolvendo essa equação de segundo grau, temos:
2 s 3
2 2 2
1 2c 2c
V = 4 4c2 5 )
2 v v
" r #
1 2c2 c4
V = 4 2 4c2 )
2 v v
1.2 MECÂNICA RELATIVíSTICA 13

s
c2 1c4 v2
V = 1 4 )
v 2v2 c2
r
c2 1 c2 v2
V = 2 1 )
v 2 v c2
r
c2 c2 v2
V = 1 )
v v c2
r !
c2 v2
V = 1 1 )
v c2
8 q
>
> 2 2
< cv 1 + 1 vc2
V = q (1.53)
>
> c2 2
: v 1 1 vc2

A Fig.1.9 ilustra o comportamento das duas soluções de Eq.(1.52). Vemos que para v ! 0
, o limite à direita da primeira solução (a que contém o sinal positivo dentro do parenteses)
será 1 enquanto que o limite segunda solução será zero. Como para uma transformação de
velocidades esperamos um resultado …nito, a solução que satisfaz o problema será:
r !
c2 v2
V = 1 1 (1.54)
v c2
Se substituirmos (1.54) em (1.50), teremos:
q
c2 2
v
1 1 vc2
m (v) = m0 q )
c2 v2
v v
1 1 c2
q
c2 c2 v2
v v
1 c2
m (v) = m0 q )
v2 c2 c2 v2
v
+ v
1 v c2
q
c2 2
v
1 1 vc2
m (v) = m0 q )
c2 v2 v2
v c2
1+ 1 c2
q
v2
1 1 c2
m (v) = m0 q )
v2 v2
c2
1+ 1 c2
q
v2
Se multiplicarmos o nominador e o denominador por 1+ 1 c2
, teremos:
14 CAPíTULO 1 RELATIVIDADE RESTRITA

q q
v2 v2
1 1 c2
1+ 1 c2
m (v) = m0 q q )
v2 v2 v2
c2
1+ 1 c2
1+ 1 c2
h i
v2
1 1 c2
m (v) = m0 q q q )
v2 v2 v2 v2 v2 v2
c2
1+ 1 c2
+ c2
1 c2
1 c2
+ 1 c2

v2
c2
m (v) = m0 q )
v2 v2
c2
1 c2

1
m (v) = q m0 (1.55)
v2
1 c2

Se substituirmos Eq.(1.32) na Eq.(1.55), teremos:

m (v) = m0 (1.56)
Momento Linear é de…do por:

p (v) = mv . (1.57)
Assim, para encontrarmos o momento relativístico, basta substituirmos a massa m pela
massa relativística, dada na Eq.(1.56):

p (v) = m0 v . (1.58)

1.2.2 Equivalência entre Massa e Energia


A segunda Lei de Newton a…rma que força é igual a taxa de variação do momento linear em
relação ao tempo:
dp
F =
: (1.59)
dt
Se considerarmos um corpo inicialmente em repouso, a energia cinética inicial será K0 = 0.
Se aplicarmos uma força F , ele irá ganhar velocidade e sua enegia cinética passará de 0 para
K. De acordo com a Teoria do Trabalho-Energia, o trabalho realizado por essa força F será
W = K = K. Como trabalho é dado por W = F x, temos que:
Z x
W = F dx . (1.60)
0
Substituindo (1.59) em (1.60), teremos:
Z x Z P
dp dx
W = dx = dp.
0 dt 0 dt
1.2 MECÂNICA RELATIVíSTICA 15

Como a derivada da posição em relação ao tempo é a velocidade, temos:


Z P
W = vdp . (1.61)
0

Temos que:
d (vp) = pdv + vdp
e consequentemente

vdP = d (vp) pdv (1.62)


Se substituirmos (1.62) em (1.61), temos:
Z v
W = [d (vp) pdv] )
0
Z v Z v
W = d (vp) pdv )
0 0
Z v Z v
v v
W = m0 v 2 0 m0 v dv = m0 v 2 0 m0 v dv )
0 0

v
Z v
m0 v 2 mv
W = q q 0 dv )
2 v2
1 vc2 0 1 c2
0
v
Z v
m0 v 2 v dv
W = q m0 q )
2 v2
1 vc2 0 1 c2
0

Se …zermos as transformações:

v2
u=1 ;
c2
p
v=c 1 u

2v
du = dv )
c2

c2
vdv = du;
2
teremos:
v
2 Z p
c 1 u
m0 v c2 du
W = q m0 p )
1 v2 2 1 u
c2 0
16 CAPíTULO 1 RELATIVIDADE RESTRITA

v
p
m0 v 2 c2 p c 1 u
W = q m0 2 u 1
)
1 vc2
2 2
0
v " r #v
m0 v 2 v2
W = q + m 0 c2 1 )
1 vc2
2 c2
0
0
r v
2
m0 v v2
W = q + m0 c2 1 )
1 v2 c2
c2 0
q 2 v
v2
m 0 v 2 + m0 c2 1 c2
W = q )
v2
1 c2
0
v
v2
m0 v 2 + m0 c2 1 c2
W = q )
2
1 vc2
0
v
m0 v 2 + m0 c2 m0 v 2
W = q )
2
1 vc2
0
v
1
W = m0 c2 q )
v2
1 c2 0

1
W = m0 c2 q 1 )
v2
1 c2

m0 c2
W =q m0 c2 (1.63)
2
1 vc2
Pelo Teorema do Trabalho-Energia, W = K = K. Portanto, de acordo com a Eq.(1.63),
a energia de uma partícula será:

m 0 c2
K=q m 0 c2 : (1.64)
2
1 vc2
Rearranjando a equação, teremos:

m c2
q 0 = K + m 0 c2 :
v2
1 c2
1.2 MECÂNICA RELATIVíSTICA 17

Por convenção, o termo da esquerda foi chamado de energia relativística (E):

m 0 c2
E=q = m 0 c2 : (1.65)
v2
1 c2
Para uma velocidade nula, basta calcular o limite da função para v ! 0; teremos:

lim E = m0 c2 :
v!0

Esse limite indica que um corpo em repouso possui energia, denominada Energia de
Repouso (E0 ):

E0 = m0 c2 : (1.66)
A Eq.(1.66) estabelece uma relação entre massa e energia, sendo possível a conversão de
um para outro.
Dessa forma, a energia total de um corpo será a soma da energia cinética com a energia
de repouso2 :

E = E0 + K : (1.67)
Pelo fato dos físicos crerem que o momento linear é um conceito mais fundamental que
a energia cinética, vamos deduzir uma expressão de equivalência massa-energia, tendo o
momento linear como argumento. Primeiro, comecemos com a expressão do momento rela-
tivistico, que é dado pela Eq.(1.58):

p = m0 v (1.68)
Vamos elevar os dois membros ao quadrado e em seguida multiplica-los por c2 :

p2 = 2
m20 v 2 )

p2 c2 = 2
m20 v 2 c2 )

2 2 2 v2
pc = m20 c4 (1.69)
c2
Vamos isolar v 2 =c2 na expressão do fator de Lorentz, dada pela Eq.(1.32):
1
=q )
v2
1 c2

2 1
= v2
)
1 c2

2
Havendo outras formas de energia, estas devem ser incluidas na Eq.(1.67), de forma que a energia total
seja um somatório de todas as manifestações de energia.
18 CAPíTULO 1 RELATIVIDADE RESTRITA

v2 1
1 = )
c2 2

v2 1
=1 (1.70)
c2 2

Substituindo (1.70) em (1.69):

1
p2 c2 = 2
m20 c4 1 2
)

p2 c2 = 2
m20 c4 m20 c4 )

2 2
p2 c2 = m 0 c2 m 0 c2 (1.71)
De acordo com a Eq.(1.65), teremos:
2
p2 c2 = E 2 m0 c2 )

E 2 = p2 c2 + m20 c4 . (1.72)

Se for de interesse, podemos inserir ainda Eq.(1.66) :

E 2 = p2 c2 + E02 (1.73)

1.2.3 Fótons
No …nal do séc.XIX, foi proposto por Max Planck que a luz e outras ondas eletromagnéticas
não tinha energia distribuída continuamente. Ao invés disso, consistia de pequenos pacotes
de energia denominados quanta, onde um quanta de luz foi denominado fóton. Nascia ai a
mecânica quântica. Ele sugeriu que a energia de um quanta fosse proporcional à frequência
de emissão da onda (v). A constante de proporcionalidade …cou conhecida com a constante
de Planck (h):

Ef ot = hv . (1.74)
Apesar de estranho, a mecânica quântica prevê para a luz a dualidade onda-partícula. A
frequência de um feixe luminoso pode ser dada por:
c
v= ;

onde é o comprimento de onda. Então, (1.74) pode ser reescrito como:

hc
Ef ot = . (1.75)
1.3 DIAGRAMAS DE ESPAÇO-TEMPO 19

De acordo com os conceitos relativísticos estudados anteriormente, uma partícula pode


viajar á velocidade da luz somente se esta for isenta de massa (m = 0). Sendo assim, vamos
calcular sua energia pela Eq.(1.72):

E 2 = p2 c2 + m 2 c4 = p2 c2 )

E = pc (1.76)

Igualando (1.74) e (1.76) :

hv = pc )

hv
p= (1.77)
c
Desse modo, podemos ver facilmente que um fóton, apesar de não massívo, possui mo-
mento linear.

1.3 Diagramas de espaço-tempo


Uma ferramenta muito importante para o estudo da Relativiade Restrita é o diagrama de
espaço-tempo. Como a mente humana não é capaz de imaginar e representar sistemas
quadridimensionais, os eventos são representados em duas dimensões, sendo uma delas a
coordenada temporal e a outra, uma das coordenadas espaciais. Às vezes, uma outra co-
ordenada espacial pode ser adicionada no terceiro eixo do sistema cartesiano. Por razões
históricas, a coordenada espacial é representada no eixo das abscissas. A …gura abaixo rep-
resenta uma fatia bidimensional do espaço tempo. Um ponto nesse diagrama é chamado
de evento. Uma linha nesse diagrama fornece a relação x = x(t), e pode representar a
posição da partícula em tempos diferentes. Essa liha é chamada de linha de universo de uma
partícula[11]. O declive dessa linha é dado por:

dt 1
declive = = dx .
dx dt

dx
A velocidade é a taxa de variação da posição em função do tempo v = dt
. Assim, o declive
será:

dt 1
declive = =
dx v
Como a velocidade da luz é constante, podemos escolher unidades de modo que c = 1.
Assim, nesse diagrama, qualquer velocidade é adimensional e sempre menor que um, pois é
uma fração da velocidade da luz[1]. Assim, o declive de um raio luminoso sempre será 45 .
20 CAPíTULO 1 RELATIVIDADE RESTRITA

1.3.1 Convenções de Notação


1. Eventos são denotados por letras maiúsculas cursivas. Por exemplo A; B; P e etc.
Porém a letra O é reservada para denotar os observadores.

2. As coordenadas serão representadas por (t; x; y; z). Uma sequência de quatro números,
como (5; 3; 2; 106 ) representa um evento, onde t = 5, x = 3, y = 2 e z = 106 .
Assim, sempre consideraremos a coordenada t primeiro. As coordenadas espaciais
serão mensuradas em metros.

3. Frequentemente, é conveniente referir as coordenadas (t; x; y; z) como um todo, ou para


cada um indiferentemente. Por isso, são dados nomes alternativos (x0 ; x1 ; x2 ; x3 ). Esse
2
superscritos não são expoentes mais simplismente indices. Assim, (x3 ) refere-se ao
quadrado da coordenada 3 (isto é, a coordenada z). Genericamente, as coordenadas
x0 ; x1 ; x2 e x3 são referidas como x : Um índice grego (por exemplo ; ; ) pode
ser usado para substituir os valores (0,1,2,3). Se não for dado um valor para , x
representa as quatro coordenadas.

4. Há ocasiões onde é necessário distinguir a coordenada temporal t das coordenadas


espaciais (x; y; z). São usados índices latinos para refrirmos à coordenadas espaciais
isoladamente. Assim, um índice latino (por exemplo a; b; c; d; e) recebe um valor dentre
(1,2,3). Se não for dado um valor para i, xi representa as três coordenadas espaciais.
As convensões referente ao uso de indices gregos e latinos não são convensões universais
usadas entre os físicos. É importante conferir as convensões usadas em cada livro que
está sendo usado.

1.3.2 Cones de Luz


Segundo o resultado (1.12) proveniente das equações de Maxwell, a velocidade da luz é
constante. Assim, se um feixe de luz for disparado, ele se espalhará pelo espaço como uma
esfera de luz que cresce proporcionalmente com o tempo. Esse comportamento é semelhante
as ondulações na superfície da água quando se é jogado nesta uma pedra. A coroa formada
pelas ondulações crescem proprocionalmente com o tempo. Se for acrescentada a coordenada
temporal à superfície bidimensional do tanque, podemos notar que o comportamente da
coroa decorrente no tempo forma um cone, conforme a Fig1.11 (a). Da mesma maneira, a
luz proveniente de um evento P ocorrido no presente forma o cone de luz Futuro. Esse cone
é o conjunto de eventos que um pulso de luz é capaz de atingir um a partir de um evento
dado. A região interna ao cone de luz Futuro é chamada de Futuro Absoluto e engloba todos
os eventos que tem chances de ser afetados pelo que ocorrer em P. Já o cone de luz Passado
é o conjunto de todos os eventos que se deslocam na velocidade da luz e podem alcançar P.
A região interna ao cone de luz Passado é chamada de Passado Absoluto. Regiões externas
a essas não podem afetar nem serem afetadas pelo evento P. Os eventos externos ao cone
de luz não podem afetar P.
Para dar um exemplo, suponhamos que tenhamos o encerramento do brilho do Sol como
o evento A. No mometno em que a luz parasse de ser emitida, a Terra não estaria no cone
de luz desse evento, e não seria afetada. Na Fig.1.12, podemos ver que, como a Terra não
1.3 DIAGRAMAS DE ESPAÇO-TEMPO 21

deixa de seguir uma trajetória no eixo temporal do diagrama, depois de aproximadamente


oito minutos, teriamos o evento B que seria a entrada da Terra no cone de luz do evento A.
Outro exemplo que podemos tomar é que a luz que vemos das galáxias no tempo t0 atual é
referente à um evento D de disparo do feixe luminoso em algum tempo tP no pasado, conforme
Fig.1.13. O evento D faz parte do cone de luz passado do nosso evento O de observar a
galáxia.O evento E representa um evento que está ocorrendo na galáxia no momento em que
a observamos, porém não temos acesso pois estamos fora de seu cone de luz. O evento O 0
de visualização de E só ocorrerá em um tempo tF no futuro, quando a Terra entrar no cone
de luz de E.
22 CAPíTULO 1 RELATIVIDADE RESTRITA

Figura 1.3: Correlações vetoriais entre dois referenciais.

Figura 1.4: Referenciais Inerciais O e O0 :


1.3 DIAGRAMAS DE ESPAÇO-TEMPO 23

Figura 1.5: Grá…co de em função de V .

Figura 1.6: (a) Fóton viajando verticalmente no referencial do vagão. (b) Fóton viajando diago-
nalmente no referencial da Terra.

Figura 1.7: Colisão inelástica entre duas partículas iguais no referencial S .


24 CAPíTULO 1 RELATIVIDADE RESTRITA

Figura 1.8: Colisão inelástica entre as partículas no referencial S 0 . Note que após a colisão, o
sistema formado pelas partículas permanece em movimento com velocidade V:

q q
c2 v2 c2 v2
Figura 1.9: (a)Grá…co de função v
1+ 1 c2
:(b) Grá…co da função v
1 1 c2

Figura 1.10: (a)Uma partícula em repouso; (b)Um raio luminoso; (c)Um evento; (d)Uma
partícula com velocidade constante; (e)Uma partícula com velocidade variável;
1.3 DIAGRAMAS DE ESPAÇO-TEMPO 25

Figura 1.11: (a) A velocidade de propagação das ondas na superfície da água é constante e provoca
um crescimento da coroa proporcional ao tempo transcorrido. (b) Cone de Luz para um evento
ocorrido no presente.

Figura 1.12: A Terra não percebe instantâneamente um evento ocorrido no Sol. Isto porque nesse
instante, a Terra não é um evento interno ao cone de luz do evento de morte do Sol
26 CAPíTULO 1 RELATIVIDADE RESTRITA

Figura 1.13: A luz que vemos das galáxias foi disparada a muito tempo no passado. Quanto mais
distante a galáxia, mais velho são os feixes de luz.
Capítulo 2

Modelos Gravitacionais

2.1 Gravidade
Dentre as quatro forças da natureza conhecidas atualmente: Forte, Fraca, Eletromag-
nética e Gravitacional, somente as duas últimas são de longo alcance e têm in‡uencia quando
se trata de escalas cosmológicas. Se levarmos em conta que o universo nessas escalas é eletri-
camente neutro, a única força que têm o potencial de intervir e consequentemente determinar
a evolução do universo é a força gravitacional[6].

2.1.1 Gravidade Newtoniana


Para Newton, o espaço é Euclideano1 , isto é, todos os teoremas da geometria plana são
válidos. Sendo assim, a menor distância entre dois pontos sempre será uma reta. Outros
exemplos que podemos tomar são de que a soma dos ângulos internos de um triângulo no
espaço Euclidiano ( medido em radianos) será sempre igual a assim como a relação entre
a circunferência e o diâmetro de um círculo será :
Na visão de Newton, um objeto isento de forças se moverá com velocidade constante
em uma trajetória reta. Porém, quando olhamos para o espaço e observamos o movimento
de outros astros, tais como planetas, asteróides, cometas e luas, vemos que isso não ocorre.
Esses astros se movem em trajetória curva e velocidades constantemente variáveis. Conse-
quentemente, deveria haver uma força que atuasse nesses corpos e alterasse seus estados de
inércia.
Na época de Newton, estava difundida na comunidade cientí…ca uma ideia de que essa
força de atração corpórea que altera a velocidade dos astros, se difundiria em todas as
direções e consequentemente, sua intensidade diminuiria com o quadrado da distância, ou
seja, ela seria proporcional ao inverso do quadrado da distância. Newton então imaginou que
todo objeto teria uma propriedade de resistência à alteração de velocidade ocasionada por
essa força, denominada massa gravitacional (mg ). Imaginou também que a força de atração
1
Euclides foi um matemático grego que viveu cerca de 300 A.E.C. Ele reuniu grande parte do conhecimento
matemático de sua época em sua obra mais conhecida , Elementos, que se tornaria o segundo livro mais
copiado e estudado da história da humanidade[7]. Por tal motivo, dá-se o o nome de geometria euclideana
àquela que obedece aos postulados da geometria plana encontrada nos Elementos de Euclides.

27
28 CAPíTULO 2 MODELOS GRAVITACIONAIS

entre dois objetos seria proporcional a massa gravitacional dos dois. Juntando esses dois
conceitos, Newton formulou a Lei da Gravitação Universal:
GMg mg
F = ; (2.1)
r2
onde G é a Constante Gravitacional vale2

G = (6; 6743 0; 0001) 10 11


N.m2 /kg2 : (2.2)
O sinal negativo em (2.1) indica que a força imposta por um objeto altera a velocidade de
outro no sentido inverso ao aumento da distância dos dois, ou seja, a força é atrativa.
De acordo com a Segunda Lei de Movimento de Newton, todo objeto tem uma pro-
priedade de resistência à mudança de velocidade, denominada massa inercial (mi ), tal que:

F = mi a . (2.3)
Nas equações (2.1) e (2.3) houve distinção entre massa inercial (mi ) e massa gravitacional
(mg ), pois considerou-se diferentes situações. Porém, um dos principais fundamentos da física
é que a massa inercial de um corpo é igual a sua massa gravitacional. Ou seja:

mi = mg . (2.4)
Se não considerarmos o princípio da equivalência e combinarmos (2.1) e (2.3), para en-
contrar uma aceleração comum, temos:
GMg mg
F = = mi a ,
r2
GMg mg
a= : (2.5)
r2 mi
onde a razão mg =mi varia de acordo com o objeto. Porém, com as experiências de Galileu
…cou evidente que mi é equivalente a mg . Ao lançar do alto de torres objetos com massas
diferentes e mesma geometria (para igualar os efeitos da resistência do ar), ele observou que
eles chegavam ao solo simultâneamente. Como foram lançados em repouso, a acelereção em
ambos foi a mesma. Isso indica que na equação (2.5), a razão mg =mi sempre será igual para
qualquer objeto, e mg equivale a mi . Assim, (2.5) …ca da seguinte forma:

GMg
a= . (2.6)
r2
Com (2.6), resultada do princípio da equivalência, foi possível calcular o módulo da
aceleração gravitacional na superfície terrestre:

GMterra m
g= 2
= 9; 8 2 . (2.7)
r s

2
Resultado de melhor precisão até 2006. Este valor é obtido experimentalmente, e pode ser atualizado
no site http://physics.nist.gov/constants .
2.1 GRAVIDADE 29

Figura 2.1: (a) Interação gravitacional entre dois corpos massivos. (b) Interação gravitacional
entre três corpos massivos.
30 CAPíTULO 2 MODELOS GRAVITACIONAIS

2.1.2 Campo Gravitacional Newtoniano


Em um sistema de dois corpos (m e M ) onde as duas massas podem ser consideradas
pontuais, temos que o módulo da força de atração gravitacional entre eles é dado por:
GmM
F~ = (2.8)
r2
Quando o sitema é composto por mais corpos, como na Fig.2.1(b) , utilizaremos a seguinte
equação para encontrarmos os vetores das forças gravitacionais atuantes em cada corpo:

( ~r2 ~r1 )
F1!2 = Gm1 m2 :
jr2 r1 j3
Com a aplicação desta formula em cada interação, podemos chegar a uma equação mais
completa, dada por:

(~r ~ri )
Fi = Gmmi ;
j~r ~ri j3
onde Fi é a força gravitacional atuante na partícula de massa m causada pela partícula de
massa mi .
Podemos encontrar também a resultante das forças em cada partícula somando todas as
forças que nela atuam:
X
n
(~r ~ri )
F~t (~r) = Gm mi (2.9)
i=1
j~r ~ri j3
Para seguirmos em frente na dedução, vamos lembrar das propriedades do vetor gradiente
de uma função:

~ (x; y; z) = @f @f @f ^
grad f (x; y; z) = rf ^{ + |^ + k.
@x @y @z
O vetor gradiente fornece a direção de maior crescimento da função f (x; y; z). Imaginemos
agora uma função dada por:
1
f= ; (2.10)
j~r ~ri j
onde j~r ~ri j é a distância entre os vetores posição e ~r e ~ri . Se considerarmos as coordenadas
retangulares, temos ~r = x^{ + y^ | + z k^ e ~ri = xi^{ + yi |^ + zi k^ , o módulo da distância entre os
vetores será a raiz da soma quadrática das diferenças de suas coordenadas:
p
j~r ~ri j = (x xi )2 + (y yi )2 + (z zi )2 ) (2.11)
Inserindo (2.11) em (2.10) teremos:
1
f (x; y; z) = p : (2.12)
(x xi )2 + (y yi )2 + (z zi )2
Para esse caso, o vetor gradiente será dado por:
2.1 GRAVIDADE 31

~ (x; y; z) = @f ^{ + @f |^ + @f k^
rf (2.13)
@x @y @z
A derivada parcial de f em relação à x será:
" #
@f @ 1
= p )
@x @x (x xi )2 + (y yi )2 + (z zi )2

@f 1 2 (x xi )
= h i3 )
@x 2 p
(x xi )2 + (y yi )2 + (z zi )2

@f (x xi )
= hp i3 (2.14)
@x
(x xi )2 + (y yi )2 + (z zi )2

Substituindo (2.11) em (2.14), teremos:

@f x xi
= (2.15)
@x j~r ~ri j3
Analogamente:

@f y yi
= (2.16)
@y j~r ~ri j3
@f z zi
= (2.17)
@z j~r ~ri j3
Inserindo (2.10), (2.15), (2.16) e (2.17) em (2.13) obteremos:

~ =r
~ 1 x xi y yi z zi ^
rf = ^{ |^ k )
j~r ~ri j j~r ~ri j3 j~r ~ri j3 j~r ~ri j3

~ 1 (x xi ) ^{ + (y yi ) |^ + (z zi ) k^
r = )
j~r ~ri j j~r ~ri j3

~ 1 x^{ xi^{ + y^| yi |^ + z k^ zi k^


r = )
j~r ~ri j j~r ~ri j3

~ 1 | + z k^
x^{ + y^ xi^{ yi |^ zi k^
r = )
j~r ~ri j j~r ~ri j3

1 | + z k^
x^{ + y^ xi^{ + yi |^ + zi k^
~
r = )
j~r ~ri j j~r ~ri j3

~ 1 (~r ~ri )
r = (2.18)
j~r ~ri j j~r ~ri j3
32 CAPíTULO 2 MODELOS GRAVITACIONAIS

Substituindo então (2.18) em (2.9):


X
n
1
F~t (~r) = Gm ~
mi r (2.19)
i=1
j~r ~ri j

Se a intenção for encontrar a força resultante gravitacional em uma partícula pontual


A de massa m causada pela interação com um corpo sólido extenso B, devemos considerar
este último como um aglomerado de partículas de massa diferencial dmi , tal como a Fig.2.2
. Após isso, usaremos a Eq.(2.19) como um somatório contínuo:
ZZZ
1
F~t (~r) = Gm ~
dmi r :
j~r ~ri j
V

Figura 2.2: A força gravitacional atuante em A é causada por um somatório contínuo de partículas
dV que compõem B:

Sabendo que:

dmi = (~ri ) dV;


encontramos
ZZZ
(~ri )
F~t (~r) = Gm ~
r dV: (2.20)
j~r ~ri j
V

~ opera
A variavel de integração da Eq.(2.20) é ri e consequentemente xi , yi e zi . Como r
nas coordenadas x, y e z, ele pode ser posto para fora da integral. Dessa forma:
ZZZ
(~ri )
F~t (~r) = rGm
~ dV: (2.21)
j~r ~ri j
V

Agora, F~t (~r) é proporcional à massa m, e nós de…nimos intensidade de campo gravitacional
(ou simplesmente campo gravitacional) - ~g (~r) - em um ponto ~r no espaço como sendo a
2.1 GRAVIDADE 33

força imposta pela distribuição de massa por unidade de massa, na qual, consideraremos a
partícula de massa m :

F~t (~r)
~g (~r) = ; (2.22)
m
onde F~t (~r) é a força exercida em um ponto de massa m na posição ~r. Se em um sistema
de dois corpos, a massa M puder ser considerada pontual, teremos o módulo da força dado
pela Eq.(2.8) e assim, a intensidade do campo gravitacional é dada por:

GM
j~g (~r)j = ; (2.23)
r2
sendo que o sinal negativo expressa que a força é atrativa e diminui a distância entre os
corpos no decorrer do tempo.
Se não for possível considerar as massas pontuais, então, de acordo com as equações
(2.19) e (2.21), nós podemos escrever (2.22) das seguintes formas:

X
n
(~ri )
~
~g (~r) = rG mi ; (2.24)
i=1
j~r ~ri j
ZZZ
~ (~ri )
~g (~r) = rG dV (2.25)
j~r ~ri j
V

O campo ~g (~r) tem dimensões de aceleração. É o que ocorre de fato na ausência de outras
forças agindo sobre a partícula de massa m.
O cálculo do campo gravitacional em (2.24) e (2.25) com exceção de uns poucos simples
casos, é extremamente difícil. Como a força gravitacional entre um par de partículas massivas
é conservativa, podemos de…nir uma energia potencial gravitacional -E(~r)- à uma partícula
m sujeita a forças gravitacionais. Para duas partículas m e mi , a energia potencial é dada
por:

Gmmi
E(mmi ) = ; (2.26)
j~r ~ri j
onde o sinal negativo aparece devido ao fato de que a força gravitacional é atrativa.
Para os casos onde a partícula de massa m interage com um sistema de partículas mi ,
temos

X
m
mi
E(~r) = Gm : (2.27)
i=1
j~r ~ri j
Para uma distribuição contínua de massa:
ZZZ
(~ri )
E (~r) = Gm dV: (2.28)
j~r ~ri j
V

Se compararmos a Eq.(2.21) com (2.28), notaremos a seguinte relação:


34 CAPíTULO 2 MODELOS GRAVITACIONAIS

F~t (~r) = ~
rE; (2.29)
Nos de…nimos potencial gravitacional - (~r)- como sendo o negativo do quociente entre
energia potencial gravitacional e m na posição ~r:

E (~r)
(~r) = : (2.30)
m
Substituindo (2.27) em (2.30), para encontrarmos a expressão do potêncial gravitacional em
um sistema de partículas:

X
m
mi
(~r) = G : (2.31)
i=1
j~r ~ri j

Se (~r) representa uma distribuição contínua de massa, substituimos (2.28) em (2.30),


ZZZ
(~r)
(~r) = G dV 0 : (2.32)
j~r ~ri j
V

Se compararmos (2.24) com (2.31) assim como (2.25) com (2.32), encontraremos:

~g = r . (2.33)
A relação inversa é dada por:
Z r
(~r) = ~g d~r: (2.34)
rs

A de…nição de (~r) requer a adição de mais uma constante, ou equivalentemente, um ponto


arbitrário ~rs , no qual (~r) = 0: Usualmente, ~rs é dada como uma distância in…nita.

2.1.3 Equação de Poisson


Com as equações de campo e potencial gravitacional, surge o interesse de encontrar um
relação entre o potencial gravitacional e a densidadede um ponto no espaço. Para isso,
vamos começar fazendo o seguinte: considere um corpo oco de volume V e superfície S no
espaço, cujo qual, em todos os pontos da superfície é possível ter um vetor n^ normal à ela.
Imagine que por ele passe diversas linhas de ação de um campo vetorial. No nosso caso,
consideraremos que esse campo vetorial seja a intensidade de campo gravitacional ~g (~r). Se
dividirmos a superfície S do corpo em pequenos pedaços dS como na Fig.2.3, então, dS será
aproximadamente plano. Assim, para encontrarmos a componente do vetor ~g na direção do
vetor unitário n
^ , devemos fazer n
^ ~g : Se repetirmos isso em todos os elementos de área dS
e somarmos através de uma integral de superfície, teremos o ‡uxo de ~g (~r) através de S;ou
‡uxo gravitacional:
ZZ
I= ^ ~g dS .
n (2.35)
S
2.1 GRAVIDADE 35

Figura 2.3: Corpo de massa m e volume V .

Sabemos que:

^ ~g = j^
n nj j~g j cos . (2.36)
Imagine que em algum ponto da supefície S, exista uma massa pontual m, de forma que
a distância desse ponto para algum outro nesta superfície seja dado por r. Sendo assim,
podemos encontrar o módulo da intensidade do campo gravitacional através da Eq.(2.23),
sendo que um sinal negativo deve ser acrescentado já que a força gravitacional é atrativa
e a interação entre os corpos tende a diminuir a distância entre eles. Como n
^ é um vetor
unitário, sabemos que j^
nj = 1. Dessa forma, a Eq.(2.36) …cará:

Gm
n
^ ~g = cos , (2.37)
r2
onde m é a massa, r é a distância entre m e o elemento de área dS e é o ângulo entre
^ e ~g : Se substituirmos (2.37) em (2.35), teremos:
n
ZZ
cos dS
I = Gm . (2.38)
r2
S

Para prosseguirmos, devemos nos lembrar do conceito de angulo sólido. Conseguimos


encontrar um ângulo comum conhecendo o comprimento de um arco e seu raio: = L=R: Se
ao invés disso, …zermos um análogo desse procedimento em 3 dimensões, dividindo a área
de um setor esférico pelo quadrado do raio, estaremos encontrando o que chamamos ângulo
sólido (medido em esferorradianos):

A
= : (2.39)
R2
Note que o raio ao quadrado no denominador terá de unidade de área, que se cancela com a
unidade de área do nominador. Imagine uma esfera. Se pegarmos um setor de sua superfície e
aplicarmos a Eq.(2.39), encontraremos o ângulo sólido que referente àquela cone (ver Fig.2.4).
Se ao invés disso, considerarmos a superfície esférica (4 R2 ), teremos que o ângulo sólido de
36 CAPíTULO 2 MODELOS GRAVITACIONAIS

Figura 2.4: Angulo sólido formado por um setor esférico.

uma esfera completa será 4 esf erorradianos. (Assim como um circulo completo tem um
ângulo de 2 radianos).
Voltando à dedução, se observarmos o interior da integral presente na Eq.(2.38), podemos
observar que temos um elemento in…nitesimal de ângulo sólido. Interpretando, sabemos que
dS é um elemento da área super…cial do corpo. Se nós considerarmos que o ponto que contém
a massa m seja o centro de uma esfera, então, os elementos dS de vários pontos da superfície
estarão inclinados3 em relação a massa m. Dessa forma a função cos que multiplica dS
faz com que a área de dS, se projete em um plano não inclinado em relação à m; de modo
que, com in…nitos pontos projetados em in…nitos planos não inclinados teremos uma esfera
imaginária. Como cos é adimensional, o nominador terá unidade de área que será dividido
por R2 : Então, esse quociente será um grandeza de ângulo sólido:

cos dS
=d (2.40)
r2
Substituindo (2.40) em (2.38) teremos:
ZZ
I = Gm d . (2.41)
S

Conforme dito anteriormente, ao integrarmos os elementos d em toda superfície, teremos


uma esfera. Como já sabemos, uma esfera tem um angulo sólido de 4 . Dessa forma teremos:
ZZ
I = Gm d = Gm(4 ) )
S

I= 4 Gm (2.42)
Se considerarmos que exista mais de uma massa na superfície S, teremos:

X
n
I= 4 G mi . (2.43)
i=1

3
Considere que um elemento dS está inclinado em relação à m quando a direção do vetor n
^ ; normal à
dS, e a reta que liga m à dS tenha um angulo diferente de zero.
2.1 GRAVIDADE 37

Podemos ainda considerar que todo o volume encerrado por S seja massívo. Assim, a
Eq.(2.43) …caria da seguinte forma:
ZZZ
I= 4 G dV: (2.44)
V

Se igualarmos à Eq.(2.35), teremos:


ZZ ZZZ
n
^ ~g dS = 4 G dV: (2.45)
S V

Ao aplicarmos o Teorema da Divergência4 no membro esquerdo da Eq.(2.45), encontraremos


a seguinte equivalência:
ZZ ZZZ
n
^ ~g dS = r ~g dV (2.46)
S V

Igualando (2.45) à (2.46), teremos:


ZZZ ZZZ
r ~g dV = 4 G dV (2.47)
V V

Como os dois membros estão sendo integrados no volume, podemos desprezar a integral
e obter a seguinte relação:

r ~g = 4 G (2.48)

Se substituirmos a Eq.(2.33) em (2.48), teremos:

r r = 4 G )

r2 = 4 G ; (2.49)

conhecida como a Equação de Poisson, usual em aplicações da Teoria do Potêncial Gravita-


cional.
4
Teorema da Divergência ou Teorema de Gauss Seja V uma região sólida simples e seja S sua
superfície de fronteira, orientada para fora. Seja ~g um campo vetorial cujas funções componentes tenham
derivadas parciais contínuas em uma região aberta que contenha V . Então:
ZZ ZZZ
n
^ ~g dS = r ~g dV
S V
38 CAPíTULO 2 MODELOS GRAVITACIONAIS

2.1.4 Relatividade Geral - A Gravidade por Einstein


As Leis de Newton por dois séculos previam todos os fenômenos naturais observados de
ordem mecânica. Porém, algumas anomalias começaram a aparecer. Em 1896, Simon New-
comb detectou seis dessas anomalias: as oscilações do movimento da Lua, a aceleração secular
dos satélites de Marte a as precessões5 dos quatro planetas interiores do sistema solar. Um
exemplo mais signi…cante é alteração da precessão de Mercúrio - Fig. 2.5 . A teoria newto-
niana previa que o deslocamento ângular de seu maior eixo seria de = 1; 5 por século,
enquanto que as observações indicam um valor 0; 43" diferente deste. No início do século XX
, Albert Einstein, levando em conta o princípio da equivalência, desenvolveu uma teoria da
gravidade que além de explicar a diferença no avanço do periélio de Mercúrio, previa muitos
outros efeitos gravitacionais: a Teoria da Relatividade Geral [11].

Figura 2.5: (a) A órbita de Mercúrio teria um periélio …xo no espaço se não houvesse a interferência
de outros corpos do sistema solar. (b) Deslocamento ângular do periélio de Mercúrio.

Einstein seguiu a seguinte linha de raciocínio: imagine que uma pessoa é trancada em um
compartimento fechado. Essa pessoa abandona um objeto e percebe que ele se acelera rumo
ao chão com aceleração de 9,8 m/s2 : O princípio da equivalência fornece duas interpretações
para isso: (a) o compartimento está em repouso ou em velocidade constante e o objeto foi
acelerado para baixo por uma força gravitacional constante; (b) o objeto …cou parado ou
movimentou-se com velocidade constante e o compartimento foi acelerado para cima. Esse
comportamento está representado na Fig.2.6.
Imagine então que o compartimento está se acelerando no espaço e que um feixe de luz
é disparado perpendicularmente ao sentido de aceleração. Do evento de disparo do feixe
de luz até o evento de chegada, ocorreu um intervalo de tempo onde o compartimento se
movimentou. Conforme Fig. 2.7(a), a trajetória do feixe para um observador dentro da
caixa será curva, pois o chão está subindo para encontrar os fótons. Pelo princípio da
equivalência, os efeitos devem ser os mesmos se considerarmos o feixe sob a ação de um
campo gravitacional. Então a gravidade afeta também os fótons mesmo eles não possuindo
massa.
5
Precessão é o efeito de deslocamento angular do periélio de uma órbita devido às interferências gravita-
cionais de outros astros [11].
2.1 GRAVIDADE 39

Figura 2.6: Princípio da Equivalência. Os efeitos ocasionadas pela aceleração em (a) são os mesmos
que em (b).

Pelo Princípio de Fermat, a luz sempre percorre uma trajetória entre dois pontos pelo
caminho que minimiza seu tempo de viagem, sendo que, conforme o princípio de equivalência,
com a presença de gravidade, esta trajetória é curva. Uma vez que no espaço euclidiano a
menor distância entre dois pontos é uma reta, Einstein concluiu que o espaço não é euclidiano.
A partir dessa conclusão, Einstein pode desenvolver a Teoria da Relatividade Geral,
na qual massa e energia estão interligados de acordo com a equação E = mc2 , e também
que espaço e tempo estão interligados formando um espaço-tempo quadri-dimensional. Em
síntese, a presença de massa e energia causa uma curvatura no espaço-tempo. Partindo da
de…nição de que uma geodésica é a menor distância entre dois pontos [13], temos um terceiro
ponto de vista sobre os efeitos observados pela pessoa dentro do compartimento fechado:
quando ela abandona um objeto, este não sofre ação de nenhuma força, mas simplesmente
segue uma geodésica no espaço-tempo curvo.

2.1.5 As Duas Formas de Entender a Gravidade

A forma de Newton
A massa diz à gravidade como exercer a força - conforme (2.1).
A força diz à massa como acelerar - conforme (2.3).

A forma de Einstein
Massa e energia diz ao espaço-tempo como se curvar.
A curvatura do espaço-tempo diz à massa e energia como se mover.
40 CAPíTULO 2 MODELOS GRAVITACIONAIS

Figura 2.7: Princípio da Equivalência. A trajetória do feixe de luz é a mesma em (a) e (b).
Capítulo 3

A expansão do Universo

As equações da Relatividade Geral de Einstein previa um Universo dinâmico que se colap-


saria com o tempo pela ação da gravitação. Partindo do pressuposto de que o Universo era
uma hiperesfera estática, Einstein introduziu em suas equações uma constante cosmológ-
ica ( ) representando a energia do vácuo que tinha como principal efeito anular a atração
gravitacional. Porém, em 1929, Edwin Powell Hubble provou experimentalmente que o uni-
verso não era estático e estava se expandindo uniforme e homogêneamente. Para isso, foi
necessário utilizar uma nova técnica de mensuração que utiliza o Redshift (desvio para o
vermelho) das galáxias, que nada mais é que alteração da frequência da onda emitida devida
a velocidade da fonte emissora em relação ao receptor para o vermelho. Na época se atribuia
essa alteração ao efeito Doppler relativistico, sendo que hoje se sabe que esse efeito é uma
simples consequência da expansão do universo.

3.1 Blueshift e Redshift


Quando se excita um átomo, por exemplo por aquecimento, este libera o excesso de energia
para voltar a um estado de maior estabilidade. Assim, átomos e moléculas conhecidos têm
espectros de emissão bem de…nidos. Esses espectros são semelhentes ao adquirido pela
dispersão da luz em um prisma. Como é conhecido os espectros de emissão das galáxias,
temos que encontrar uma expressão onde consigamos calcular a velocidade de afastamento
destas para com a Terra.
Primeiramente, chamaremos de desvio a razão da diferença de comprimento de onda
observada e emitida para com o comprimento da onda emitida. Assim:

ob em
z= , (3.1)
em

onde ob é o comprimento da onda observada, em é comprimento da onda emitida e z é o


desvio. Se z < 0, então ob < em e isso indica que a fonte se aproxima de nós. Esse efeito é
chamado de desvio para o azul ou blueshift e está representado na Fig.3.1. Caso contrário, a
fonte se afasta e o efeito é chamado de desvio para o vermelho ou redshift, conforme Fig.3.2.
Para encontrarmos uma expressão que contenha v (velocidade de afastamento ou aprox-
imação) e o desvio z, é conveniente lembrarmos que a frequência será o quociente entre a

41
42 CAPíTULO 3 A EXPANSÃO DO UNIVERSO

Figura 3.1: Blueshift ou desvio para o azul. A fonte emissora está se movendo a uma velocidade !
v
em direção ao observador O; que recebe um comprimento de onda menor que emitido pela fonte.
(a) Evento de emissão da primeira crista de onda. (b) Evento de observação da primeira crista de
onda e emissão da segunda.

velocidade de propagação da onda e o comprimento da mesma. Como a velocidade da luz é


sempre a mesma, temos:
c
fob = ; (3.2)
ob

c
fem = . (3.3)
em

A frequêcia observada é um evento do referencial S enquanto que a frequência emitida é


um evento do referencial S 0 . Assim, de acordo com Fig.3.2, temos:

ob = (c + v) t , (3.4)

em = c t0 . (3.5)
Substituindo (3.4) e (3.5) em (3.2) e (3.3) respectivamente, teremos:
c
fob = ; (3.6)
(c + v) t
1
fem = . (3.7)
t0
Podemos reescrever a Eq.(3.6) da seguinte forma:
1
t
fob = 1 )
c
(c + v)

1
t
fob = v (3.8)
1+ c
3.1 BLUESHIFT E REDSHIFT 43

Figura 3.2: Redshift ou desvio para o vermelho. A fonte emissora está se movendo a uma velocidade
!
v em direção oposta ao observador O; que recebe um comprimento de onda maior que emitido
pela fonte. (a) Evento de emissão da primeira crista de onda. (b) Evento de observação da primeira
crista de onda e emissão da segunda.

Temos pela Eq.(1.41) que:

t= t0 (3.9)
Substituindo (3.9) em (3.8):
1
t0
fob = )
1 + vc
1
t0
fob = v
: (3.10)
1+ c

Se substituirmos e Eq.(3.7), teremos:

fem
fob = v
:
1+ c

Vamos isolar fem :


v
fem = fob 1+ (3.11)
c
Vamos agora substituir a expressão do fator de Lorentz, dada pela Eq.(1.32):

1 v
fem = q 1+ fob )
1 V2 c
c2
r
1 v 2
fem = q 1+ fob )
1 V2 c
c2
44 CAPíTULO 3 A EXPANSÃO DO UNIVERSO

v
u
u 1+ v 2
fem = t c
2 fob )
1 vc2
s
1 + vc 1 + vc
fem = 2 fob )
1 vc2
Como o denominador dentro da raiz é um produto notável podemos substituir por:
s
1 + vc 1 + vc
fem = fob )
1 vc 1 + vc
s
1 + vc
fem = fob )
1 vc
s
fem 1 + vc
= : (3.12)
fob 1 vc
Agora vamos substituir (3.2) e (3.3) em (3.12):
s
c
em
1 + vc
c = v )
ob
1 c
s
ob c 1 + vc
= )
em c 1 vc
s
ob 1 + vc
= )
em 1 vc
Vamos escrever da seguinte forma:
s
v
ob em + em 1+ c
= v )
em 1 c
s
v
ob em 1+ c
+1= v (3.13)
em 1 c

Agora, vamos substituir a (3.1) em (3.13):


q
1+v=c
z+1= 1 v=c (3.14)
Isolando z teremos:
s
v
1+ c
z= v 1.
1 c
3.2 A LEI DE HUBBLE 45

A Fig.3.3 traz o grá…co de z em função de vc referente a equação anterior. Podemos


perceber que para velocidades muito menores que a da luz , o desvio é aproximadamente
proporcional a vc .

Figura 3.3: Para velocidades muito baixas, o desvio z é aproximadamente proporcional à vc :

Então para v c , temos:


v
z (3.15)
c

3.2 A Lei de Hubble


Com a utilização do Redshift, Hubble estudou o comportamento de galáxias próximas e
chegou a conclusão de que a velocidade com que elas se afastam da Terra é diretamente
proporcional a sua distância, conforme Fig.3.4.
Assim.:

v = H0 r , (3.16)
onde v é a velocidade de afastamento, r é a distância para com a Terra e H0 é a constante de
proporcionalidade para a equivalência, conhecida como constante de Hubble. Partindo da
hipótese de que velocidade de afastamento é muito menor que a da luz, podemos substituri
(3.16) em (3.15):
H0 r
z= )
c
46 CAPíTULO 3 A EXPANSÃO DO UNIVERSO

Figura 3.4: Relação de proporcionalidade entre a distância e a velocidade de afastamento das


_ 2001, ApJ, 553, 47.)
galáxias. (Baseado em dados publicados por Freedman et al:;

c
H0 = z:
r
Como o desvio z é uma razão entre velocidades e portanto adimensional, a unidade da
constante de Hubble será uma unidade de velocidade por uma unidade de distância. Como
unidade de velocidade usamos km s 1 (quilômetros por segundo) e para distâncias usa-se
Mpc (mega-parsec). Então a unidade da constante de Hubble será km s 1 Mpc 1 :
O valor aceito atualmente para a constante de Hubble é1 :

H0 = (74; 2 3; 6) km s 1 Mpc 1
(3.17)
Se analizarmos o grá…co, vemos que a velocidade de afastamento depende só da distância
da galáxia e não da posição. Infere-se então que a expansão se dá de forma homogênea. Para
entendermos isso, vamos imaginar três galáxias A, B e C cujo as posições são r! ! !
A , rB e rC
respectivamente. A Fig.3.5 mostra que elas estão dispostas na forma de um triângulo cujo
os lados tem comprimentos dados pelas seguinte equações:

rAB = jr!
B r!
Aj , (3.18)
!
rBC = jrC !
rB j , (3.19)
rCA = jr!
A r!Cj . (3.20)

Como a expansão é homogênea, a disposição das galáxias não muda. O que ocorre é
apenas um distanciamento entre elas proporcional a distância de cada uma para com a
1
Fonte: http://hubblesite.org/newscenter/archive/releases/2009/08/full
3.2 A LEI DE HUBBLE 47

Figura 3.5: Disposição triangular das galáxias A, B e C.

outra. Então:
rAB (t) / rAB (t0 )
rBC (t) / rBC (t0 )
rCA (t) / rCA (t0 )
A expansão também se dá de forma uniforme. Assim, o fator de expansão será o mesmo
para todos. Dessa forma, temos:
rAB (t) = a(t)rAB (t0 ) (3.21)
rBC (t) = a(t)rBC (t0 ) (3.22)
rCA (t) = a(t)rCA (t0 ) (3.23)
onde a(t) é o fator de expansão, denominado fator de escala. Em t = t0 , temos que o fator
de escala é 1.
No tempo t, o observador da galáxia A, verá a galáxia B se afastar com velocidade:
d
vAB = rAB (t) )
dt
d
vAB = [a(t)rAB (t0 )] )
dt
da
vAB = rAB (t0 ) )
dt

_ AB (t0 ) )
vAB = ar

a_
vAB = rAB (t)
a
Fazendo isso para todas as três galáxias, teremos:

a_
vAB = rAB (t) , (3.24)
a
a_
vBC = rBC (t) , (3.25)
a
a_
vCA = rBC (t) . (3.26)
a
48 CAPíTULO 3 A EXPANSÃO DO UNIVERSO

a_
Podemos ver que o termo a
aparece em todos, representando a constante de Hubble. Então:

a_
H= : (3.27)
a
Dessa forma, a fórmula para velocidades de afastamento é dada por:

v = Hr; (3.28)

Podemos considerar velocidade como:

dr
v= )
dt

dr = vdt )

Z Z
dr = v dt )

Z Z
dr = v dt )

r = vt )

r
v= : (3.29)
t
Igualando com a Eq.(3.28), temos:

r
v= = Hr )
t

1
t= . (3.30)
H
Esse tempo t = H1 é denominado tempo de Hubble e tem um valor de (13; 2 0; 6) bilhões
de anos para H0 = (74; 2 3; 6) km s 1 Mpc 1 . No entanto, o tempo de Hubble só pode
prever o o intervalo de tempo desde o Big Bang se as galáxias possuírem velocidade constante
desde o início da expansão. Caso contrário, ou o domínio da gravidade retardaria a expansão
sendo o universo mais novo, ou a constante cosmológica dominaria fazendo a expansão se
acelerar e consequentemente fazendo o universo ser mais velho do que o previsto pelo tempo
de Hubble.
3.3 O PRINCíPIO COSMOLÓGICO 49

3.3 O Princípio Cosmológico


Esse conceito deixa de lado a visão de que a posição da Terra ou do Sistema Solar é privile-
giada no universo. O Princípio cosmológico a…rma que o universo é homogêneo e isotrópico.
Apesar não haver formas de demonstrá-lo, é compatível comas observações.
Se observarmos o céu, podemos não notar tal homogenidade. O fato é que em pequenas
escalas, temos concentrações de estrelas, galáxias e assim por diante. Esta distorção ocorre
em uma distribuição de galáxias na ordem de 20 a 30 Mpc. Conforme vamos apliando
a escala, o universo se torna cada vez mais homogêneo e, a medida que ultapassamos a
distância de 100 Mpc, o universo é homogêneo em qualquer direção considerada.
Capítulo 4

Curvatura Tempo-Espacial

Para entender a curvatura do tecido tempo-espacial, primeiramente, vamos analisar um caso


mais simples: um espaço bidimensional.
Imaginemos três insetos que vivem em três distintos espaços bidimensionais. Estes não
possuem olhos e por isso não tem consciência de outra dimensão. Apenas podem se locomover
para frente, para trás e para os lados.

O primeiro habita um plano, tal como uma folha de papel estirada, conforme Fig.4.1(a)
:

O segundo vive na superfície de uma esfera, podendo ser visualizado na Fig.4.1(b) :

O terceiro também vive em uma espaço plano, porém neste, a temperatura é diferente
em pontos distintos. Imagine que o centro seja mais frio, e a temperatura aumenta
no sentido da periferia, conforme Fig.4.1(c). O inseto e qualquer régua que ele possa
usar para medição são feitos do mesmo material. Nas regiões mais quentes ocorre uma
dilatação térmica, porém, como tudo é feito do mesmo material, o inseto não pode
notar essa dilatação pois tanto ele quanto a reta dilatam na mesma proporção.

Depois de algum de tempo, os insetos se locomovem de um ponto A para um ponto B,


sendo que em todos os casos, o trajeto foi o menor possível. No plano, o inseto fez uma
trajetória reta - Fig.4.2(a). No espaço esférico, o inseto apenas andou para frente e para
ele esse certamente foi o menor trajeto possível, porém, não foi uma linha reta - Fig.4.2(b).
Somente um observador externo pode veri…car que o menor caminho entre os pontos A e B
que faça parte do espaço esférico é um arco do grande círculo da esfera. Apesar de haver
uma reta que passe por A e B como sendo a menor distância entre eles, o inseto não é capaz
de perfazer esse caminho devido às suas limitações.
No terceiro caso, apesar do espaço ser plano, a menor trajetória também será curva,
apesar do inseto não perceber - Fig.4.2(c). Isso porque a linha que representa a trajetória
tende às regiões mais quentes. Basta imaginar que, a medida que a temperatura aumenta,
ocorre a dilatação térmica. Assim, o inseto necessitará de menos passos para chegar ao
seu destino. Se medirmos a trajetória do inseto, veremos que a dilatação térmica provoca
um afastamento nas divisões da régua, e portanto, entre os pontos A e B, teremos menos
divisões. Por outro lado, se a trajetória fosse uma reta, passaria pelas regiões mais frias,

51
52 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

Figura 4.1: (a) Espaço Bidimensional Plano. (b) Espaço Bidimensional Esférico. (c) Espaço
Bidimensional Plano com Variação de Temperatura.

onde a temperatura é menor, não haveria dilatação, acarretando que necessitaria de mais
divisões da régua entre os pontos A e B.

Figura 4.2: Menor trajetória entre dois pontos em diferentes espaços bidimensionais.

Suponhamos que para cada inseto foi dada a seguinte instrução:

"Ande para frente por 100 cm. Em seguinda, vire exatos 90 a direita e ande
mais 100 cm. Vire outra vez 90 à direita e ande outros 100 cm. Novamente,
vire à direita 90 e ande 100 cm."

Para cada um dos casos, iremos notar trajetórias diferentes. Para o inseto do espaço
plano - Fig.4.3(a) - essa trajetória forma um quadrado perfeito, onde o ponto inicial coincide
com o ponto …nal. Para os demais, a …gura formada será aberta, composta de linhas curvas
onde o ponto inicial difere do ponto …nal.
53

Analogamente, imaginem que os insetos, após …xarem um ponto de referência, marcaram


uma série de pontos espaçados a mesma distância desse referencial. Podemos chamar essa
distância de raio e a forma resultante de círcunferência. Admitindo que eles têm conheci-
mento de geometria plana, decidiram encontrar o raio medindo apenas o comprimento da
circunferência. Para isso, usaram a seguinte relação:

C
rprev = , (4.1)
2
onde:
rprev é o raio previsto;
C é o comprimento de circunferência;
2 refere-se a relação de proporcionalidade entre circunferência e raio.

O primeiro inseto, ao medir o raio, …ca satisfeito ao ver que suas previsões estava corretas.
O raio medido foi equivalente ao raio previsto. Porém, para o inseto que habita a circunfer-
ência, isto não aconteceu - Fig.4.4. O raio medido foi maior que o previsto. Indignado, ele
calcula e excesso da seguinte forma:

rmed rprev = rexce , (4.2)

onde:
rmed é o raio medido;
rprev é o raio previsto;
rexce é o raio excedente.

Ao repetir a experiência diversas vezes, alterando os valores do raio, ele percebe que o reio
excedente (rexce ) varia em função do raio medido (rmed ). Combinando estes fatos com o fato
de que ele não retorna ao mesmo ponto após percorrer quatro trajetórias retas equivalentes
perpendiculares entre si ele pôde concluir sem sair da esfera que o espaço que ele habita não
corresponde as leis da geometria plana. Analogamente, o inseto que habita o plano com
temperaturas distintas chegou a mesma conclusão.
Podemos com essa simples experiência mental chegar a duas importantes conclusões:

Conclusão 3 Um espaço curvo é aquele em que não são válidas as leis da geometria plana,
dita geometria Euclideana. Neles ocorrem que a relação entre raio e circunferência nunca
é 2 ; a soma dos ângulos internos de um triângulo nunca é rad, a regra para se fazer
um quadrado nunca gera uma …gura fechada, dentre tantas outras propriedades. Entre as
curvaturas possíveis, pode-se ainda de…nir curvatura positiva quando as regras da geome-
tria euclideana se quebrarem com um sinal (rmed > rprev ) e curvatura negativa quando as
regras se quebrarem com o sinal inverso (rmed < rprev ) [14].

Conclusão 4 É possível determinar se o espaço é curvo mesmo estando contido nele.


54 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

Figura 4.3: Devido as propriedes do espaço em que habitam, os insetos percorrem trajetórias
diferentes para a mesma instrução.

Figura 4.4: A geometria espacial explica a discrepância entre rmed e rprev .

4.1 Curvatura em Espaços Bidimensionais


Ao concluir que o espaço-tempo era curvo, Einstein precisava encontrar um modo de descr-
ever matematicamente esta curvatura. Levando em conta a di…culdade em imaginar uma
distorção em quatro dimensões, considerou primeiramente uma curvatura bidimensional pra
depois expandir os resultados para dimensões maiores.

4.1.1 Espaço Bidimensional Plano - Curvatura Nula


O espaço bidimensional mais simples é um plano, no qual prevalece a geometria euclideana.
Nesse plano, a geodésica será uma linha reta. Se considerarmos um triângulo construido
nesse plano pela conexão de três geodésicas, conforme Fig.4.5, a soma dos ângulos internos
obedece a equivalência:
4.1 CURVATURA EM ESPAÇOS BIDIMENSIONAIS 55

+ + = , (4.3)
quando os ângulos forem medidos em radianos. No plano, podemos montar um sistema de
coordenadas cartesianas a …m de associar a cada ponto um par de coordenadas (x; y).

Figura 4.5: Espaço Bidimensional Plano.

Como no plano são válidos todas os teoremas da geometria euclideana, tais como o
Teorema de Pitágoras, a distância ds entre um ponto (x; y) e um ponto (x + dx; y + dy) é
dada por:

(ds)2 = (dx)2 + (dy)2 . (4.4)

Se (4.4) é válida para todo o espaço bidimensional, o espaço é plano. Se for necessário,
pode-se utilizar outro sistema de coordenadas, tal como as coordenadas polares onde cada
ponto será descrito por um par de coordenadas (r; ). Nesse caso, a distância ds entre um
ponto (r; ) e um ponto (r + dr; + d ) pode ser deduzida considerando primeiramente as
transformações de coordenada:
x = r cos (4.5)
y = rsen (4.6)
Derivando (4.5) e (4.6) de acordo com a regra do produto, temos:

dx = (dr) cos r sen (d ) (4.7)

dy = (dr)sen + r cos (d ) (4.8)

Substituindo (4.7) e (4.8) em (4.4) temos:

(ds)2 = [(dr) cos r sen (d )]2 + [(dr)sen + r cos (d )]2

Aplicando a regra do quadrado perfeito:


56 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

(ds)2 = (dr)2 cos2 2rsen cos (dr)(d ) + r2 sen2 (d )2 +


+(dr)2 sen2 + 2rsen cos (dr)(d ) + r2 cos2 (d )2

(ds)2 = (dr)2 cos2 + r2 sen2 (d )2 + (dr)2 sen2 + r2 cos2 (d )2

Evidenciando os termos semelhantes:

(ds)2 = sen2 (dr)2 + r2 (d )2 + cos2 (dr)2 + r2 (d )2

Novamente, evidenciando os termos semelhantes:

(ds)2 = (sen2 + cos2 ) (dr)2 + r2 (d )2

Aplicando a indentidade trigonométrica sen2 + cos2 = 1;temos:

(ds)2 = (dr)2 + r2 (d )2 . (4.9)


Aparentemente, (4.4) e (4.9) são diferentes, porém ambas descrevem um espaço plano.

4.1.2 Espaço Bidimensional Esférico - Curvatura Positiva


Um outro espaço bidimensional é a superfície de uma esfera. Nela, a geodésica entre dois pon-
tos é sempre um segmento do grande círculo1 da esfera e conforme a Eq.(4.10), a somatória
dos ângulos internos de um triângulo será maior do que .
A
+ + = + , (4.10)
R2
onde , e são os ângulos internos, R é o raio de curvatura e A é a área do triângulo.

Para calcularmos uma distância ds entre um ponto Q(r; ), e um outro ponto próximo
0
Q (r + dr; + d ); na superfície da esfera de raio R, devemos primeiramente pegar um par de
pontos opostos, e considerar a geodésica que passa por eles como sendo o primeiro meridiano-
Fig.4.7(a). A distância entre o pólo norte e o ponto Q é r, e o ângulo é referente ao arco
formado por r: Depois devemos considerar um plano imaginário P-Fig.4.7(b), e projetar a
distância r e o ângulo sobre ele, de modo que o primeiro meridiano seja colinear ao eixo
das abscissas. Em seguida, montar um sistema de coordenadas polares, onde é o angulo de
inclinação em relação ao primeiro meridiano e (projeção de r sobre P) será o raio-Fig.4.7(c).
Podemos observar na Fig. 4.7 as seguintes relações:

= Rsen . (4.11)
1
Grande círculo é aquele formado quando a esfera é cortada por um plano que passa por seu centro.
4.1 CURVATURA EM ESPAÇOS BIDIMENSIONAIS 57

Figura 4.6: Espaço bidimensional com curvatura positiva.

r=R (4.12)
r
= . (4.13)
R
Se isolarmos R em (4.13) e substituirmos em (4.11), podemos encontrar o valor de :
r
= =)
sen
sen
= r (4.14)

Substituindo (4.13) em (4.14) :


r
= Rsen (4.15)
R
Para calcularmos a distância entre dois pontos próximos em um sistema de coordenadas
retangulares, usa-se a equação:

(ds)2 = (dx)2 + (dy)2 . (4.16)

De acordo com a Fig. 4.7 (b), um ponto pode ser de…nido por um par de coordenadas
( ; ). Desse modo, são válidas as seguintes relações:

x = cos ; (4.17)
y = sen . (4.18)
Diferenciando (4.17) e (4.18) e posteriormente elevando ao quadrado, temos:

(dx)2 = cos2 (d )2 2 sen cos d d + 2


sen2 (d )2 , (4.19)

(dy)2 = sen2 (d )2 + 2 sen cos d d + 2


cos2 (d )2 . (4.20)
Substituindo (4.19) e (4.20) em (4.16), temos:

(ds)2 = cos2 (d )2 2 sen cos d d + 2 sen2 (d )2 +


+sen2 (d )2 + 2 sen cos d d + 2 cos2 (d )2 .
58 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

Figura 4.7: Sistema de coordenadas polares montado sobre a superfície da esfera. (a) Visão geral da
superfície esférica. (b) Projeção do plano P. (c) Vista de cima da esfera, onde o primeiro meridiano
está orientado no sentido horizontal (eixo das abscissas).
4.1 CURVATURA EM ESPAÇOS BIDIMENSIONAIS 59

Cancelando os termos opostos:

(ds)2 = cos2 (d )2 + 2
sen2 (d )2 + sen2 (d )2 + 2
cos2 (d )2 :

Evidenciando os termos semelhantes:

(ds)2 = (sen2 + cos2 )(d )2 + (sen2 + cos2 ) 2 (d )2 .

Aplica-se a identidade trigonométrica sen2 + cos2 = 1 :

(ds)2 = (d )2 + 2
(d )2 : (4.21)

Substituindo (4.15) em (4.21):


r
(ds)2 = (d )2 + R2 sen2 (d )2 (4.22)
R

Figura 4.8: Grá…co representando a variação dos comprimentos de e r em função do ângulo .

Observando a Fig. 4.8, podemos notar que os valores de e r, nas equações (4.11) e
(4.12) respectivamente, se aproximam quando muito pequenos.

lim (Rsen ) = lim (R ) . (4.23)


!0 !0
Se considerarmos valores extremamente pequenos, teremos d e dr. Dessa forma, de
acordo com Eq.(4.23), podemos assumir a seguinte equivalência:

d = dr : (4.24)
Substituindo (4.24) em (4.22), temos:

r
(ds)2 = (dr)2 + R2 sen2 R
(d )2 . (4.25)

É importante ressaltar que a superfície da esfera é limitada e pode ser calculada por
4 R2 . Com isso, a maior distância entre dois pontos (passando pela geodésica) será R, isto
é, para um ponto P , seu ponto mais distante será o ponto oposto, tal como o pólo norte é
o ponto mais afastado do pólo sul. Em contraste, o espaço plano é in…nto e não há limites
para as possibilidades de distância.
60 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

4.1.3 Espaço Bidimensional Hiperbólico- Curvatura Negativa


Uma outra forma de espaço pode ser considerada. Assim como o espaço esférico tem uma
curvatura positiva, a superfície de uma hiperbolóide tem uma curvatura negativa. Esta tem
a forma de uma sela de cavalo, podendo ser visualizada na Fig.4.9. É dita de curvatura
negativa, pois as deformações de sua geometria em relação à um espaço euclideano serão
inversas às de uma superfície esférica.

Figura 4.9: Espaço bidimensional com curvatura negativa.

O espaço bidimensional hiperbólico não pode ser montado em um espaço tridimensional


esférico[6]. Podemos visualizar na Fig.4.9 que sua curvatura só é constante no centro. Apesar
disso, suas propriedades são fáceis de prever. Considerando um espaço bidimensional de
curvatura negativa e um raio de curvatura R, a soma dos ângulos internos de um triângulo,
desenhado sobre essa superfície pela conexão de três geodésicas, será menor que , conforme
a equação:
A
+ + = ,
R2
onde , e são os ângulos internos, R é o raio de curvatura e A é a área do triângulo.
Na superfície de curvatura negativa constante, assim como na superfície esférica, nós
podemos montar um sistema de coordenadas polares. Basta escolher um ponto qualquer
para ser o pólo e uma geodésica qualquer que passa por esse plano para ser o primeiro
meridiano. Sendo r a distância de um ponto qualquer até o pólo e o ângulo em relação ao
primeiro meridiano, a distância entre dois pontos próximos P (r; ) e P 0 (r + dr; + d ) será:

r
(ds)2 = (dr)2 + R2 senh R
(d )2 . (4.26)

4.2 Curvatura em Espaços Tridimensionais


Nós vivemos em um espaço tridimensional, onde um ponto e descrito por três coordenadas.
Devido as nossas limitações humanas, não podemos imaginar uma curvatura em três dimen-
sões, mas podemos sem sair de nosso espaço, determinar se ele é curvo através dos postulados
da geometria espacial [14]. Porém, antes disso, é conveniente estudar as características de
cada tipo de espaço tridimensional.
4.2 CURVATURA EM ESPAÇOS TRIDIMENSIONAIS 61

4.2.1 Espaço Tridimensional Plano - Curvatura Nula

Figura 4.10: Para determinar a distância entre dois pontos próximos em um espaço plano tridi-
mensional, usa-se coordenadas esféricas.

O espaço tridimensional plano é aquele em que é válida a geometria euclideana. Analoga-


mente aos espaços bidimensionais, vamos deduzir uma forma de se calcular a distância entre
dois pontos utilizando coordenadas esféricas. Primeiro, de acordo com a Fig. 4.10, vamos
estabelecer as seguintes relações:
x = rsen cos , (4.27)
y = rsen sen , (4.28)
z = r cos . (4.29)
Quando se deseja obter a taxa de variação de uma função de multiplas variáveis, uti-
lizamos o conceito de diferencial total, dado por:

@f @f @f
df = dx + dy + dz + ::: (4.30)
@x @y @z

onde f = f (x; y; z; :::).


Uma identidade trigonométrica que é útil para esse caso é o quadrado da soma de três
termos, dado por:
(a + b + c)2 = a2 + b2 + c2 + 2ab + 2bc + 2ac (4.31)
Vamos considerar que ds é a distância do ponto P (x; y; z) até um ponto próximo P 0 (x +
dx; y + dy; z + dz). Então, o quadrado da distância entre eles será:

(ds)2 = (x + dx x)2 + (y + dy y)2 + (z + dz z)2 =)

(ds)2 = (dx)2 + (dy)2 + (dz)2 . (4.32)


Para calcularmos os termos da Eq.(4.32), devemos diferenciar (4.27),(4.28) e (4.29) uti-
lizando a Eq.(4.30). De acordo com (4.27), temos que x = x(r; ; ). Então a Eq. (4.30)
…cará da seguinte forma:
62 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

@x @x @x
dx = dr + d + d , (4.33)
@r @ @
onde:
@x
= sen cos , (4.34)
@r
@x
= r cos cos , (4.35)
@
@x
= rsen sen : (4.36)
@
Substituindo (4.34), (4.35) e (4.36) em (4.33), temos:

dx = sen cos dr + r cos cos d rsen sen d (4.37)

Para calcularmos o quadrado de (4.37), utilizaremos a identidade (4.31). Então:

(dx)2 = sen2 cos2 (dr)2 + r2 cos2 cos2 (d )2 + r2 sen2 sen2 (d )2 +


+ 2rsen cos cos2 drd 2r2 sen cos sen cos d d +
2rsen2 sen cos drd . (4.38)

Agora, para calcularmos (dy)2 , usaremos a seguinte relação proveniente de (4.30) :


@y @y @y
dy = dr + d + d , (4.39)
@r @ @
onde:
@y
= sen sen , (4.40)
@r
@y
= r cos sen , (4.41)
@
@y
= rsen cos : (4.42)
@
Substituindo (4.40),(4.41) e (4.42) em (4.39), temos:

dy = sen sen dr + r cos sen d rsen cos d (4.43)

Para calcularmos o quadrado de (4.43), utilizaremos a identidade (4.31). Então:

(dy)2 = sen2 sen2 (dr)2 + r2 cos2 sen2 (d )2 + r2 sen2 cos2 (d )2 +


+ 2rsen cos sen2 drd + 2r2 sen cos sen cos d d +
+ 2rsen2 sen cos drd . (4.44)

En…m, para calcular (dz)2 devemos observar que z = z(r; ). Então, para esse caso, a
Eq.(4.30) …cará assim:
@z @z
dz = dr + d , (4.45)
@r @
4.2 CURVATURA EM ESPAÇOS TRIDIMENSIONAIS 63

onde:
@z
= cos , (4.46)
@r
@z
= rsen . (4.47)
@
Substituindo (4.46) e (4.47) em (4.45), teremos:

dz = cos dr rsen d . (4.48)


Agora, aplicando a regra do quadrado perfeito em (4.48), temos:

(dz)2 = cos2 (dr)2 2rsen cos drd + r2 sen2 (d )2 . (4.49)


Por …m, substitui (4.38), (4.44) e (4.49) em (4.32):

(ds)2 = sen2 cos2 (dr)2 + r2 cos2 cos2 (d )2 + r2 sen2 sen2 (d )2 +


+2rsen cos cos2 drd 2r2 sen cos sen cos d d +
2rsen2 sen cos drd +
+sen2 sen2 (dr)2 + r2 cos2 sen2 (d )2 + r2 sen2 cos2 (d )2 +
+2rsen cos sen2 drd + 2r2 sen cos sen cos d d +
+2rsen2 sen cos drd +
+ cos2 (dr)2 2rsen cos drd + r2 sen2 (d )2 (4.50)

Primeiramente, deve-se cancelar os termos opostos:

(ds)2 = sen2 cos2 (dr)2 + r2 cos2 cos2 (d )2 + r2 sen2 sen2 (d )2 +


+2rsen cos cos2 drd + sen2 sen2 (dr)2 +
+r2 cos2 sen2 (d )2 + r2 sen2 cos2 (d )2 + 2rsen cos sen2 drd +
+ cos2 (dr)2 2rsen cos drd + r2 sen2 (d )2 (4.51)

Evidencia-se os termos semelhantes:

(ds)2 = (sen2 + cos2 )sen2 (dr)2 + (sen2 + cos2 )r2 cos2 (d )2 +


(sen2 + cos2 )r2 sen2 (d )2 + (sen2 + cos2 )2rsen cos drd +
+ cos2 (dr)2 2rsen cos drd + r2 sen2 (d )2 (4.52)

Aplica-se a identidade trigonométrica sen2 + cos2 =1:

(ds)2 = sen2 (dr)2 + r2 cos2 (d )2 + r2 sen2 (d )2 + 2rsen cos drd +


+ cos2 (dr)2 2rsen cos drd + r2 sen2 (d )2 (4.53)

Cancela-se novamente os termos opostos:

(ds)2 = sen2 (dr)2 + r2 cos2 (d )2 + r2 sen2 (d )2 + cos2 (dr)2 + r2 sen2 (d )2 (4.54)


64 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

Evidencia-se os termos semelhantes:

(ds)2 = (sen2 + cos2 )(dr)2 + (sen2 + cos2 )r2 (d )2 + r2 sen2 (d )2 (4.55)

Aplica-se novamente a identidade trigonométrica sen2 + cos2 =1:

(ds)2 = (dr)2 + r2 (d )2 + r2 sen2 (d )2 =)

(ds)2 = (dr)2 + r2 [(d )2 + sen2 (d )2 ] (4.56)

4.2.2 Espaço Tridimensional Esférico - Curvatura Positiva


Um espaço bidimensional esférico é a superfície de uma esfera, sendo que esta é tridimen-
sional. Para encontrarmos a distância entre dois pontos próximos na superfície esférica, foi
necessário o uso de coordenadas polares sobre um plano imaginário , onde cada ponto podia
ser caracterizado por duas coordenadas: raio2 e inclinação em relação a um eixo principal.
Porém, para que isso fosse feito, foi necessário uma relação entre a distância r e sua projeção
no plano, denotada por , conforme a Eq.(4.15).
Para expandirmos o resultado para um espaço tridimensional esférico, devemos fazer de
forma análoga. Antes disso é necessário fazer uma observação. O espaço esférico em três
dimensões não é bem esférico, visto que para isso ele teria que ser a "superfície"tridimensional
de uma esfera de quatro dimensões. Ele é chamado de esférico simplesmente por que, assim
como na superfície de uma esfera, ele é caracterizado por sua curvatura positiva.
Portanto, para encontrar a distância entre dois pontos próximos, devemos assumir a
existência de uma esfera de quatro dimensões. Sendo assim, a projeção desta se faria em
um espaço tridimensional imaginário. Com isso em mente, vamos assumir que R é o raio
quadri-dimensional da esfera e seria a projeção de R no espaço imaginário. A relação então
será dada por:

= Rsen , (4.57)
onde é o angulo referente a projeção, dado por:
r
= . (4.58)
R
Então:
r
= Rsen . (4.59)
R
Como temos agora o valor da projeção de R, faremos um procedimento em coordenadas
esféricas, identico ao usado paa encontrar a distância em um espaço plano tridimensional.
Assim, os eixos x, y e z são as três dimensões do espaço imaginário onde a esfera está sendo
projetada. As equações de conversão são dadas por:
2
Esse não se refere ao raio de curvatura, mas sim a projeção da distância r no plano imaginário consid-
erado. Naquele caso, essa projeção foi designada por .
4.2 CURVATURA EM ESPAÇOS TRIDIMENSIONAIS 65

x = sen cos , (4.60)


y = sen sen , (4.61)
z = cos . (4.62)
A distância então será:

(ds)2 = (dx)2 + (dy)2 + (dz)2 . (4.63)


Para encontrarmos uma expressão para (dx)2 , devemos realizar um procedimente igual
ao realizado em (4.30) à (4.37).

(dx)2 = sen2 cos2 (d )2 + 2 cos2 cos2 (d )2 + 2 sen2 sen2 (d )2 +


+ 2 sen cos cos2 d d 2 2 sen cos sen cos d d +
2 sen2 sen cos d d . (4.64)

Agora, para calcularmos (dy)2 , usaremos o mesmo procedimento usada para se deduzir
a Eq.(4.44).

(dy)2 = sen2 sen2 (d )2 + 2 cos2 sen2 (d )2 + 2 sen2 cos2 (d )2 +


+ 2 sen cos sen2 d d + 2 2 sen cos sen cos d d +
+ 2 sen2 sen cos d d . (4.65)

Dessa forma, a expressão para (dz)2 será:

(dz)2 = cos2 (d )2 2 sen cos d d + 2


sen2 (d )2 . (4.66)
Por …m, substitui (4.64), (4.65) e (4.66) em (4.63):

(ds)2 = sen2 cos2 (d )2 + 2 cos2 cos2 (d )2 + 2 sen2 sen2 (d )2 +


+2 sen cos cos2 d d 2 2 sen cos sen cos d d +
2 sen2 sen cos d d +
+sen2 sen2 (d )2 + 2 cos2 sen2 (d )2 + 2 sen2 cos2 (d )2 +
+2 sen cos sen2 d d + 2 2 sen cos sen cos d d +
+2 sen2 sen cos d d +
+ cos2 (d )2 2 sen cos d d + 2 sen2 (d )2 (4.67)

Primeiramente, deve-se cancelar os termos opostos:

(ds)2 = sen2 cos2 (d )2 + 2 cos2 cos2 (d )2 + 2 sen2 sen2 (d )2 +


+2 sen cos cos2 d d + sen2 sen2 (d )2 +
+ 2 cos2 sen2 (d )2 + 2 sen2 cos2 (d )2 + 2 sen cos sen2 d d +
+ cos2 (d )2 2 sen cos d d + 2 sen2 (d )2 (4.68)
66 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

Evidencia-se os termos semelhantes:


(ds)2 = (sen2 + cos2 )sen2 (d )2 + (sen2 + cos2 ) 2 cos2 (d )2 +
(sen2 + cos2 ) 2 sen2 (d )2 + (sen2 + cos2 )2 sen cos d d +
+ cos2 (d )2 2 sen cos d d + 2 sen2 (d )2 (4.69)
Aplica-se a identidade trigonométrica sen2 + cos2 =1:
(ds)2 = sen2 (d )2 + 2
cos2 (d )2 + 2 sen2 (d )2 + 2 sen cos d d +
+ cos2 (d )2 2 sen cos d d + 2 sen2 (d )2 (4.70)
Cancela-se novamente os termos opostos:
(ds)2 = sen2 (d )2 + 2
cos2 (d )2 + 2
sen2 (d )2 + cos2 (d )2 + 2
sen2 (d )2 (4.71)
Evidencia-se os termos semelhantes:
(ds)2 = (sen2 + cos2 )(d )2 + (sen2 + cos2 ) 2 (d )2 + 2
sen2 (d )2 (4.72)
Aplica-se novamente a identidade trigonométrica sen2 + cos2 =1:

(ds)2 = (d )2 + 2
(d )2 + 2
sen2 (d )2 =)

(ds)2 = (d )2 + 2
(d )2 + sen2 (d )2 (4.73)
Substituindo (4.59) em (4.73), temos:
r
(ds)2 = (d )2 + R2 sen2 (d )2 + sen2 (d )2 . (4.74)
R
O valor de se aproxima do valor de r à medida que tende a zero. Então:

lim (Rsen ) = lim (R ) . (4.75)


!0 !0
Quando estamos considerando ‡utuações de r e extremamente pequenas, temos por
(4.75) que:

dr = d . (4.76)
Substituindo (4.76) em (4.74), temos:

r
(ds)2 = (dr)2 + R2 sen2 R
[(d )2 + sen2 (d )2 ] : (4.77)

4.2.3 Espaço Tridimensional Hiperbólico - Cuvatura Negativa


O espaço tridimensional de curvatura negativa não é necessáriamente hiperbólico mas sim
tem características semelhantes às do espaço hiperbólico que é bidimensional por natureza.
Assim, a expressão para distância de dois pontos próximos nesse espaço é dada por:

r
(ds)2 = (dr)2 + R2 senh2 R
[(d )2 + sen2 (d )2 ] : (4.78)
4.3 CURVATURA DO ESPAÇO 67

4.3 Curvatura do Espaço


Como visto anteriormente, Einstein provou que o tempo-espaço pode se curvar. Um dos
objetivos primordiais da cosmologia é determinar se, na ausência de efeitos gravitacionais, o
tempo-espaço é curvo. E se sim, qual seria sua curvatura.
Teoricamente, os espaços em geral podem ter curvaturas das mais diversi…cadas formas.
Porém, para determinar a curvatura do universo, é conveniente estabelecer alguns padrões
que se ajustam aos dados empíricos. Assim, podemos considerar o universo como sendo
homogêneo, isto é, dois observadores em pontos distintos o descreverão da mesma forma.
Outra consideração que podemos fazer é de que o universo é isotrópico e portanto não tem
direção privilegiada[11].
Somente os três tipos de espaços curvos que abordamos até aqui (plano, esférico e hiper-
bólico), podem ser ao mesmo tempo homogêneo e isotrópico. Assim, as suas geometrias
podem ser especi…cadas pelas grandezas R e k. R é a grandeza que pode ser real ou imag-
inária3 referente ao raio de curvatura e tem unidade de comprimento. A grandeza k é
chamada de constante de curvatura e assume valores especí…cos para cada tipo de curvatura
[16]:

Para espaços Esféricos, temos um raio de curvatura real e uma constante de curvatura
k = +1.

Para espaços Planos, temos um raio de curvatura in…nto e uma constante de curvatura
k = 0.

Para espaços Hiperbólicos, temos um raio de curvatura imaginário e uma constante


de curvatura k = 1.

Nos modelos cosmológicos, a constante é de fundamental importância. Para um mesmo


modelo cosmológico, os resultados podem ser completamente diferentes se considerarmos
diferentes valores de constante de curvatura.

4.4 Métricas
As relações (4.9),(4.25),(4.26),(4.56),(4.77) e (4.78) fornecem a distância ds entre dois pontos
próximos. Relações desse tipo são conhecidas como métricas. As três métricas possíveis
para um espaço tridimensional homogêneo e isotrópico são dadas por (4.56),(4.77) e (4.78),
e podem ser simpli…cadas na forma:

(ds)2 = (dr)2 + Sk (r)2 (d )2 , (4.79)


onde:

(d )2 = (d )2 + sen2 (d )2 , (4.80)
3
Nesse caso, raio imaginário é uma propriedade da curvatura. Ele não existe em si, mas as características
do espaço apontam para sua existência.
68 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

e
8
>
> Rsen Rr ; para k = +1
>
<
Sk (r) = r ; para k = 0 (4.81)
>
>
>
: Rsenh r ; para k = 1
R

Para espaços tridimensionais, como o nosso, o sistema de coordenada esféricas (r; ; )


não é o único possível. Se por exemplo, trocarmos o sistema de coordenada radiais r por um
onde:

x Sk (r); (4.82)

teremos os seguintes resultados para cada um dos três casos:

Espaço Tridimensional Esférico (k = +1)

De acordo com a Eq.(4.77), a métrica de um espaço tridimensional com curvatura positiva


é dada por:

r
(ds)2 = (dr)2 + R2 sen2 (d )2 + sen2 (d )2 . (4.83)
R
Para encontrarmos um outro sistema de representação para (4.83), vamos partir de (4.82)
para encontrarmos expressões equivalentes de (dr)2 e R2 sen2 Rr e então substituí-las. De
acordo com (4.81), se k = +1, então

r
Sk (r) = Rsen .
R
Impondo a condição (4.82), teremos:

r
x = Rsen . (4.84)
R
Assim:

r
x2 = R2 sen2 ; (4.85)
R

r x2
sen2 = ; (4.86)
R R2

Foi encontrada a métrica do espaço tridimensional equacionado uma distância medida


na superfície de uma esfera. Assim, o raio R da esfera é constante. Com isso, se derivarmos
a Eq.(4.84) em relação à r, teremos:
4.4 MÉTRICAS 69

dx 1 r
= R cos )
dr R R
dx r
= cos )
dr R
r
dx = dr cos )
R
dx
dr = (4.87)
cos Rr

Se elevarmos essa equação ao quadrado, teremos:

(dx)2
(dr)2 = :
cos2 Rr
Aplicando a identidade trigonométrica sen2 x + cos2 x = 1, temos:

(dx)2
(dr)2 = r
: (4.88)
1 sen2 R

Substituindo a Eq.(4.86) na Eq.(4.88):

(dx)2
(dr)2 = 2 : (4.89)
1 Rx 2
Agora, podemos substituir (4.85) e (4.89) em (4.83). Assim:

(dx)2
(ds)2 = x2
+ x2 (d )2 + sen2 (d )2 .
1 R2
Para …nalizar, substitui a equivalência (4.80):

(dx)2
(ds)2 = x2
+ x2 (d )2 . (4.90)
1
R2

Espaço Tridimensional Plano (k = 0)

Sua métrica é dada por:

(ds)2 = (dr)2 + r2 (d )2 + sen2 (d )2 . (4.91)


r
Annalogamente com o anterior vamos encontrar (dr)2 e R2 sen2 R
e então substituí-las.
De acordo com (4.81) e (4.82) , se k = 0, então:

x=r. (4.92)
Então:

x2 = r 2 (4.93)
70 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

Derivando (4.92), temos:

dx = dr :
Assim:

(dx)2 = (dr)2 (4.94)


Substituindo (4.80), (4.93) e (4.94) em (4.91), temos:

(ds)2 = (dx)2 + x2 (d )2 . (4.95)

Espaço Tridimensional Hiperbólico (k = 1)

Em um espaço tridimensional hiperbólico, a métrica é dada por:


r
(ds)2 = (dr)2 + R2 senh2 (d )2 + sen2 (d )2 (4.96)
R
De acordo com (4.81) e (4.82) , se k = 1, então:
r
x = Rsenh . (4.97)
R
Assim:

r
x2 = R2 senh2 ; (4.98)
R

r x2
senh2 = ; (4.99)
R R2
Como R é constante, derivamos a Eq.(4.97) em relação à r :

dx 1 r
= R cosh )
dr R R
dx r
= cosh )
dr R
r
dx = dr cosh )
R
dx
dr = (4.100)
cosh Rr

Se elevarmos essa equação ao quadrado, teremos:

2 (dx)2
(dr) = :
cosh2 Rr
Aplicando a identidade trigonométrica senh2 x cosh2 x = 1, temos:
4.5 A MÉTRICA DE MINKOWSKI 71

2 (dx)2
(dr) = r
: (4.101)
1 + senh2 R

Substituindo a Eq.(4.86) na Eq.(4.88):

2 (dx)2
(dr) = 2 : (4.102)
1 + Rx 2
Agora, podemos substituir (4.80), (4.85) e (4.89) em (4.83). Assim:

(dx)2
(ds)2 = x2
+ x2 (d )2 : (4.103)
1
R2

Analisando as equações (4.90), (4.95) e (4.103), podemos simpli…car os resultados para


incluir na equação a constante de curvatura k, fazendo:

(dx)2
(ds)2 = 2 + x2 (d )2 , (4.104)
1 k x2
R

onde:

(d )2 = (d )2 + sen2 (d )2 .
Embora as equações (4.79) e (4.104) sejam escritas de formas diferentes, ambas repre-
sentam um espaço homogêneo e isotrópico. As suas funcionalidades variam de acordo com
a escolha do sistema de referenciais.

4.5 A Métrica de Minkowski


Em 1908, Hérman Minkowski propôs um espaço adequado à descrição da Teoria de Rel-
atividade Restrita de Einstein. Como na Relatividade Restrita, intervalos de tempo e as
distâncias são diferentes para observadores em diferentes referenciais inerciais, foi necessário
encontrar uma grandeza que fosse invariante à troca de referenciais pelas transformações de
Lorentz, Eq.(1.34). Essa grandeza é denominada intervalo no espaço-tempo.

4.5.1 Intervalo no espaço-tempo


Para expressarmos em linguagem matemática o princípio da constância da velocidade da luz,
faremos o seguinte. Imagine dois referenciais inerciais K (t; x; y; z) e K 0 (t0 ; x0 ; y 0 ; z 0 ), onde x
é colinear à x0 , y é paralelo à y 0 e z é paralelo à z 0 . No referencial K, temos um evento de
emissão E de um feixe de luz representado pelas coordenadas (t1 ; x1 ; y1 ; z1 ) e um evento R
de recepção do mesmo feixe dado pela coordenada (t2 ; x2 ; y2 ; z2 ): Como a luz se propaga à
velocidade c, temos que a distância percorrida pelo feixe em um intervalo de tempo é:

d = c(t2 t1 ): (4.105)
Podemos expressar vetorialmente essa distância por:
72 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

p
d= (x2 x1 )2 + (y2 y1 )2 + (z2 z1 )2 . (4.106)
Por (4.105) e (4.106), temos que:
p
d = c(t2 t1 ) = (x2 x1 )2 + (y2 y1 )2 + (z2 z1 )2 )

c2 (t2 t1 )2 = (x2 x1 )2 + (y2 y1 )2 + (z2 z1 )2

(x2 x1 )2 + (y2 y1 )2 + (z2 z1 )2 c2 (t2 t1 )2 = 0

( x)2 + ( y)2 + ( z)2 c2 ( t)2 = 0 (4.107)


Imaginemos agora eventos equivalentes no referencial K 0 : E 0 (t01 ; x01 ; y10 ; z10 ) e R0 (t02 ; x02 ; y20 ; z20 ).
A distância percorrida será:
p
d0 = c(t02 t01 ) = (x02 x01 )2 + (y20 y10 )2 + (z20 z10 )2 ; (4.108)
e então:

( x0 )2 + ( y 0 )2 + ( z 0 )2 c2 ( t0 )2 = 0 (4.109)
Analizando (4.107) e (4.109), percebemos que existe uma quantidade padrão dependente
apenas da coordenada tempo-espacial:
2 2 2 2
( x)2 + ( y)2 + ( z)2 c2 ( t)2 = ( x0 ) + ( y 0 ) + ( z 0 ) c2 ( t0 ) = 0:

À raiz quadrada dessa quantidade damos o nome de intervalo:


q
s12 = ( x)2 + ( y)2 + ( z)2 c2 ( t)2 : (4.110)
Para intervalos in…nitamente próximos, temos:

(ds)2 = (dx)2 + (dy)2 + (dz)2 c2 (dt)2 (4.111)


Em um espaço-tempo quadridimensional, o movimento de um feixe luminoso em um
referencial K será em apenas duas dimensões: x e t. Assim, podemos simpli…car a Eq.(4.111)
para:

(ds)2 = (dx)2 c2 (dt)2 . (4.112)


Queremos provar que o intervalo é invariante em relação à escolha de referencial. Para
isso, devemos lembrar das Transformações de Lorentz para interva-los diferenciais:

V
dt0 = dt dx (4.113)
c2
dx0 = (dx V dt) (4.114)
4.5 A MÉTRICA DE MINKOWSKI 73

Imaginemos que o referencial K 0 se afasta a velocidade V do referencial K. Nele uma


partícula se move percorrendo uma distância (dx0 ) em um intervalo de tempo (dt0 ) De acordo
com a Eq.(4.112), o intervalo no espaço tempo pode ser calculado por:
2
(ds0 )2 = (dx0 )2 c2 (dt0 ) . (4.115)
Substituindo (4.113) e (4.114) em (4.115), teremos:
2
0 2 2 2 V
(ds ) = [ (dx V dt)] c dt dx )
c2
2
V
(ds0 )2 = 2
(dx V dt)2 c2 2
dt dx )
c2

2 2 2 V V2
0 2
(ds ) = 2
(dx) 2dxV dt + V (dt) 2
c 2 2
(dt) 2dt 2 dx + 4 (dx)2 )
c c

2
V 2V
(ds0 )2 = 2
(dx)2 2 2 dxV dt + 2
V 2 (dt)2 c2 2
(dt)2 + 2c2 2 dt dx c2 (dx)2 )
c2 c4

2
2V
(ds0 )2 = 2
(dx)2 2 2 dxV dt + 2
V 2 (dt)2 c2 2
(dt)2 + 2 2 dtV dx (dx)2 :
c2
Cancelando os termos opostos:
2
2V
(ds0 )2 = 2
(dx)2 + 2
V 2 (dt)2 c2 2
(dt)2 (dx)2 :
c2
Agrupando os termos com c2 2
(dt)2 e 2
(dx)2 :

V2 1
(ds0 )2 = 2
(dx)2 2
(dx)2 2
+ 2 c2 2 V 2 (dt)2 c2 2
(dt)2 )
c c

V2 V2
(ds0 )2 = 2
(dx)2 1 + c2 2
(dt)2 1 )
c2 c2

V2 V2
(ds0 )2 = 2
(dx)2 1 c2 2
(dt)2 1 : (4.116)
c2 c2
Substituindo a Eq.(1.31) na Eq.(4.116):

1 1
(ds0 )2 = 2
(dx)2 2
c2 2
(dt)2 2
)

(ds0 )2 = (dx)2 c2 (dt)2 : (4.117)


74 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

Se compararmos a Eq.(4.117) com a Eq.(4.112) vemos que ds0 = ds. Isso signi…ca que
se medirmos o intervalo em K e em K 0 , os valores serão iguais. Assim, o interva-lo ds é
invariante à troca de referenciais pelas Transformações de Lorentz.
Se na Eq.(4.111) agruparmos o conjunto das coordenadas espaciais (dx)2 + (dy)2 + (dz)2
, podemos reescreve-la da seguinte forma:

(ds)2 = (dsespaço )2 c2 (dt)2 , (4.118)


onde (dsespaço ) refere-se às coordenadas do espaço tridimensional.

Podemos representar as coordenadas espaciais de outros modos sem ser pelo sistema de
eixos cartesianos. De acordo com a Eq.(4.79), (dsespaço ) pode ser representado por:

(dsespaço )2 = (dr)2 + Sk (r)2 (d )2 . (4.119)


Substituindo (4.119) em (4.118), teremos a métrica de Minkowski:

(ds)2 = (dr)2 + Sk (r)2 (d )2 c2 (dt)2 .


É importante ressaltar que a essa métrica só vale para referenciais inerciais, onde a
aceleração do referencial, tal como a produzida pela gravitação, pode ser desprezada. Assim,
não teremos deformações no espaço tempo. Dessa forma, o espaço será euclideano (plano) e
a constante de curvatura será k = 0. De acordo com a Eq.(4.81), temos:

Sk (r) = r . (4.120)
Por …m, a Métrica de Minkowski será:

(ds)2 = (dr)2 + r2 (d )2 c2 (dt)2 (4.121)

4.6 A Métrica de Robertson-Walker


O caminho de um fóton pelo espaço-tempo é uma geodésica quadridimensional. Não uma
simples geodésica, mas um tipo especial chamada de geodésica nula, onde ao longo de um
segmento in…nitesimal do trajeto do fóton, o intervalo será nulo, ou seja, ds = 0; tal com
representado na Eq.(4.107). No espaço-tempo de Minkowski, a trajetória do fóton obedece
a seguinte relação:

(ds)2 = (dr)2 + r2 (d )2 c2 (dt)2 = 0 (4.122)


Se o fóton se mover ao longo de um caminho radial, onde a direção será da origem até
um ponto …xo na superfície, os angulos e serão constantes. Como não haverá variação,
o termo r2 (d )2 será nulo, resultando a seguinte equação:

(dr)2 = c2 (dt)2 )
dr = c (dt) )
4.6 A MÉTRICA DE ROBERTSON-WALKER 75

dr
= c (4.123)
dt
A métrica de Minkowski é útil quando não se consideram os efeitos gravitacionais. Para
encontrarmos uma métrica no tempo-espaço quadridimensional, voltemos a Eq.(4.118):

(ds)2 = (dsespaço )2 c2 (dt)2 : (4.124)


De acordo com a Lei de Hubble, o espaço não é estático. Então devemos considera-lo em
expansão.De acordo com a Eq.(3.21), temos que:

dsespaço (t) = a(t)dsespaço (t0 ): (4.125)


Elevando ao quadrado:

[dsespaço (t)]2 = a(t)2 [dsespaço (t0 )]2 : (4.126)


Substituindo a Eq.(4.104) que é a equação geral de métrica espacial em (4.126), teremos:
" #
2
(dx)
[dsespaço (t)]2 = a(t)2 x2
+ x2 (d )2 : (4.127)
1 k R2
Por …m, substituindo (4.127) em (4.124), teremos:

(dx)2
(ds)2 = a(t)2 2 + x2 (d )2 c2 (dt)2 : (4.128)
1 k x2
R

Se ao invés de (4.104), considerarmos a Eq.(4.79) como a métrica espacial, teremos:

(ds)2 = a(t)2 [(dr)2 + Sk (r)2 (d )2 ] c2 (dt)2 : (4.129)


As equações (4.128) e (4.129) são escritas de forma diferente , mas ambas descrevem
a mesma métrica, denominada Métrica de Robertson-Walker. A variável t é o tempo cos-
mológico próprio, denominado tempo cósmico, referente ao tempo medido por um observador
que vê o universo se expandido ao seu redor. As variáveis espaciais (x; ; ) ou (r; ; ) são
chamadas coordenadas comóveis de um ponto no espaço. Em uma expansão perfeitamente
homogênea e isotrópica, as coordenadas permanecem constantes ao longo do tempo.
Se o universo é homogêneo e isotrópico, tudo o que nós precisamos saber sobre sua
geometria está contido em a(t), k e R. O fator de escala a é uma função adimensional que
descreve como as distâncias aumentam ou diminuem com o tempo, sendo que no presente,
ele é padronizado como tendo o valor a(t0 ) = 1. A constante de curvatura k é um número
adimensional que fornece um dos três possíveis valores discretos: k = 0 para um universo
plano; k = +1 para um universo com curvatura espacial positiva; e k = 1 para um universo
com curvatura negativa. O raio de curvatura R tem dimensão de comprimento e fornece o
raio de curvatura do presente momento.
Pesquisas e observações mostram que o universo só pode ser considerado homogêneo e
isotrópicos em grandes escalas (maiores que 100 Mpc), sendo possível descrever a expansão
com um simples fator de escala a(t). Em pequenas escalas o universo é heterogêneo e não se
76 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

expande uniformemente, sendo que a métrica de Robertson-Walker não é válida para esses
casos.

4.7 Distância Própria


Imagine uma galáxia muito distante de nós, tal como na Fig.4.11, onde podem ser ignoradas
as pertubações do espaço tempo em pequenas escalas e consequentemente a métrica de
Robertson-Walker pode ser adotada. De acordo com a Lei de Hubble, a expansão do universo
nos permite inferir que nossa distância para com a galáxia aumenta com o tempo. Assim,
reescrevendo a Eq.(4.129) considerando um tempo …xo, teremos:

(ds)2 = a(t)2 (dr)2 + Sk (r)2 (d )2 . (4.130)


Ao longo do tempo, os ângulos e não se alteram. Dessa forma, d na Eq.(4.80) será
nulo e consequentemente, a Eq.(4.130) …cará assim:

ds = a(t)dr . (4.131)

Figura 4.11: Um observador na origem do sistema referencial e uma galáxia no ponto (r; ; ).

Para encontrarmos a distância própria, devemos integrar (4.131). Assim:


Z dp Z r
ds = a(t)dr )
0 0
Z r
dp = a(t) dr = a(t)r (4.132)
0
Se a intensão for usar o sistema de coordenadas (x; ; ) ao invés de (r; ; ), devemos relem-
brar a Eq.(4.82):

x Sk (r) .
4.7 DISTÂNCIA PRÓPRIA 77

Isolando r nas equações (4.81), teremos:


Espaço com curvatura positiva (k = +1 ):
Substituindo (4.82) em (4.81) e isolando r :

r
Sk (r) = Rsen )
R
r
x = Rsen )
R
x r
= sen )
R R
x r
arcsen = )
R R
x
r = R arcsen (4.133)
R
Substituindo (4.133) em (4.132) teremos:
x
dp = a(t) R arcsen R
(4.134)

Espaço com curvatura nula (k = 0):


Analogamente, substituindo (4.82) em (4.81) e isolando r :

Sk (r) = r )
r=x (4.135)
Substituindo (4.135) em (4.132) teremos:

dp = a(t) x (4.136)

Espaço com curvatura negativa (k = 1 ):


Substituindo (4.82) em (4.81) e isolando r :

r
Sk (r) = Rsenh )
R
r
x = Rsenh )
R
x r
= senh )
R R
x r
arcsenh = )
R R
x
r = R arcsenh (4.137)
R
Substituindo (4.133) em (4.132) teremos:
x
dp = a(t) R arcsenh R
(4.138)
78 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

Dessa forma, podemos generalizar:

Distância própria
8
>
> a(t) R arcsen Rx ; ) (k = +1)
>
<
dp = a(t) x (k = 0) ; ) (k = 0)
>
>
>
: a(t) R arcsenh x ; )
R
(k = 1)

Devido ao fato da equação da distância própria ter a forma dp = a(t)r com a coordenada
comóvel r constante, a taxa de variação da distância em função do tempo será:

d d
(dp ) = [a(t)] r )
dt dt
d (dp ) da
= r)
dt dt

d_p = a_ r (4.139)
Isolando r em (4.132), temos:

dp = a(t)r = ar )

dp
r= (4.140)
a
Substituindo (4.140) em (4.139):
a_
d_p = dp . (4.141)
a
Como d_p é um valor de taxa de variação de distância pelo tempo, podemos fazer uma
inferencia à velocidade e considerar:

vp = d_p (4.142)
Assim, substituindo (3.27) e (4.142) em (4.141) :

vp = Hdp . (4.143)
Se considerarmos o valor de tempo atual na escala absoluta (t = t0 ), teremos:

vp (t0 ) = H0 dp (t0 ):
Supondo que a velocidade de afastamento seja igual a velocidade da luz, isolaremos dp
na Eq.(4.143):

vp = c = Hdp )
4.7 DISTÂNCIA PRÓPRIA 79

c
dp =
H
Quando consideramos o tempo atual, essa distância é chamada distância de Hubble (dH ).
Então:

c
dH (t0 ) = H0
(4.144)

Considerando a constante de Hubble como H0 = (74; 2 3; 6) km s 1 Mpc 1 , temos que


a distância de Huble será:

dH (t0 ) = (4040 196) Mpc .


Galáxias à distâncias maiores que esse valor, estão se afastando da Terra com velocidades
superiores à da luz. Isso não confronta os postulados da relatividade pois, a velocidade da
luz é limitante para interações dentro de um tecido tempo espacial. De fato, o afastamento
das galáxias não se deve a esse motivo, mas sim, ao esticamento do tecido tempo espacial,
podendo desse modo, ser com velocidade superior à da luz.
Quando vemos uma galaxia, podemos dizer sua posição angular mas não sua distância
própria e nem seu fator de escala. Todavia, podemos medir seu redshift, e com ele, descobrir
os dados que não podem ser medidos diretamente. Conforme demonstrado anteriormente, a
luz percorre um caminho chamado geodésica nula, onde o intervalo é nulo, ou seja, ds = 0.
Se levarmos isso em conta juntamente com o fato de que no trajeto do fóton até a Terra,
os angulos e permanecerem os mesmos, a Eq.(4.129) referente à métrica de Robertson-
Walker …cará:

a (t)2 (dr)2 c2 (dt)2 = 0 )

a (t) dr = cdt )

dt
dr = c (4.145)
a (t)
O membro esquerdo dessa equação é independente de t, ao contrário do membro direito
que depende de t. Suponhamos que essa galáxia emita luz à comprimento e , medida por
um observador su…ciente próximo a ela. Nos concentrando em apenas uma crista de onda
do feixe emitido, temos que o tempo de emissão foi te e o mesmo foi observado no tempo t0 :
Então,

Zr Zt0
dt
dr = c )
a(t)
0 te

Zt0
dt
r=c (4.146)
a(t)
te
80 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

A próxima crista de onda será emitida em um tempo te + e


c
, e observada em um tempo
t0 + co , onde geralmente e 6= o . Então:

t0 + o
Zr Z c
dt
dr = c )
a(t)
0 te + e
c

t0 + o
Z c
dt
r=c (4.147)
a(t)
te + e
c

Se compararmos as equações (4.146) e (4.147), veremos:

t0 + o
Zt0 Z c
dt dt
=
a(t) a(t)
te te + e
c

Podemos rearranjar essa equação da seguinte forma:

te + e
R c
dt
Adicionar o termo a(t)
nos dois membros:
t0

te + e t0 + o te + e
Zt0 Z c Z c Z c
dt dt dt dt
+ = +
a(t) a(t) a(t) a(t)
te t0 te + e t0
c

Devido às propriedades das integrais em relação aos limites de integração, chegamos à:


te + e t0 + o
Z c Z c
dt dt
=
a(t) a(t)
te t0

dt dt
A integral a(t) entre a emissão sucessivas ondas de luz é igual a integral a(t) entre a
observação sucessivas ondas de luz. Se observarmos os limites de integração, perceberemos
que o intervalo de tempo considerado é c referente ao comprimento de onda da luz visível e
esta na ordem de 2 10 15 s . Se comparado ao tempo de Hubble, esse tempo é tão pequeno
e insigni…cante que o universo não tem tempo de se expandir. Assim, o fator de escala
permanece constante:
te + ce t0 + co
Z Z
1 1
dt = dt )
a(te ) a(to )
te t0

1 te + e 1 to + o
[t]te c
= [t]to c )
a(te ) a(to )
4.7 DISTÂNCIA PRÓPRIA 81

1 e 1 o
te + te = to + to )
a(te ) c a(to ) c
1 e 1 o
= )
a(te ) c a(to ) c
e o
= )
a(te ) a(to )
o a(to )
=
e a(te )
Como o fator de escala no tempo atual é a(to ) = 1, temos:

o 1
= (4.148)
e a(te )

Substituindo a Eq.(4.148) na Eq.(3.1) referente ao redshift, teremos:

o e
z = ;
e
o
z = 1;
e
1
z = 1;
a(te )

1
1+z = : (4.149)
a(te )
Podemos concluir pela Eq.(4.149) o que está representado na Fig.4.12: o redshift obser-
vado é uma simples consequência da expansão do universo e não do efeito Doppler.
82 CAPíTULO 4 CURVATURA TEMPO-ESPACIAL

Figura 4.12: Como o comprimento de onda é uma medida espacial unidirecional, é afetado pela
espansão do universo.
Capítulo 5

Dinâmica Cósmica

Conforme discutido anteriormente, o universo é de…nido por sua curvatura (k), seu raio (R)
e seu fator de escala (a(t)). Medir a curvatura do universo é teoricamente simples. Basta
desenharmos um triângulo extremamente grande a veri…carmos se a soma de seus ângulos
internos é menor, igual ou maior que 180o .
Podemos concluir também que, se caso a curvatura do universo for positiva, ele será
…nito e terá a circunferência dada por C0 = 2 R0 . Se pensarmos um pouco na expansão do
universo, e associarmos o fato de que a circunferência C0 foi menor no passado, chegaremos a
conclusão que C0 não pode ser muito menor que a distância de Hubble ( 4040 M pc) . Isso
porque se assim fosse, estariamos vendo duas ou mais imagens de tempos distintos da mesma
galáxia, pois haveria tempo su…ciente para os feixes de luz contornarem o espaço. Como não
observamos coisas desse tipo, logo concluimos que se a curvatura do universo for positiva,
o raio é bem grande se comparado à distância de Hubble. Tomemos o seguinte exemplo:
imagine que o universo tenha uma circunferência de 10 milhões de anos-luz ( 3 M pc):
Imagine que um observador na Terra esteja olhando para uma galáxia à 2 milhões de anos-
luz. Com a curvatura positiva, ele estaria vendo duas imagens. Uma referente a luz emitida
pela mesma galáxia à dois milhões de anos e outra referente a emissão realizada à 12 milhões
de anos, cuja qual, ja teve tempo de contornar o universo.

5.1 A Equação de Friedmann


A equação de campo de Teoria da Relatividade Geral de Einstein é o equivalente relativístico
da Eq.(2.49), conhecida como equação de Poisson, dada a seguir:

r2 = 4 G . (5.1)

Essa equação fornece uma relação entre potencial gravitacional e a densidade de massa em
um ponto no espaço. O gradiente do potencial determina a aceleração do de um objeto,
sendo possível calcular sua trajetória no espaço. Em contrapartida, a equação de campo de
Einstein fornece a relação matemática entre a métrica tempo-espacial, energia e pressão em
um determinado ponto. A trajetória de um objeto corresponde ao caminho percorrido em
uma geodésica do espaço-tempo.

83
84 CAPíTULO 5 DINÂMICA CÓSMICA

Figura 5.1: Em um unverso bidimensional, o observador estaria vendo duas imagens de tempos
distintos da mesma galáxia.

Podemos estabelecer uma relação entre o fator de escala (a(t)), constante de curvatura (
k ) e o raio (R), assim como podemos descrever a curvatura, a densidade de energia ("(t)) e a
pressão (P (t)) do universo usando de conceitos advindos da física clássica. Para encontrarmos
uma equação que relaciona todos esses itens , vamos fazer o seguinte. Considere uma esfera
de massa Me distribuida homogêneamente e contínua ao longo do tempo. Imagine que ela
se expande ou contrai e consequentemente seu raio Re (t) se altera com o passar do tempo.
Imagine que uma massa in…nitesimal m esteja na superfície da esfera. Dessa forma, existe
uma força gravitacional que atrai a massa da esfera Me e a massa m em sua superfície. A
força é dada pela Eq.(2.8):
mMe
Fg = G : (5.2)
Re (t)2
Pela segunda Lei de Newton, a força que age sobre a massa m na superfície esférica é
equivalente ao produto da massa m pela derivada de segunda ordem do raio em relação ao
tempo:

d2 Re
F =m (5.3)
dt2
Temos assim duas expressões para uma mesma força que age na partícula de massa m.
Se igualarmos (5.2) e (5.3), teremos:

d2 Re Me
= G : (5.4)
dt2 Re (t)2
Se multiplicarmos cada lado da equação por um elemento in…nitesimal do raio, teremos:

d2 Re Me
2
dRe = G dRe : (5.5)
dt Re (t)2
Vamos integrar os dois lados separadamente. A integral do primeiro termo será:
5.1 A EQUAÇÃO DE FRIEDMANN 85

Z Z
d2 Re d dRe
I= dRe = dRe (5.6)
dt2 dt dt
Suponhamos que a função Re (t) seja uma primitiva de uma função (t). Assim, teremos:

dRe
(t) = ; (5.7)
dt
e consequentemente

dRe = (t)dt : (5.8)


Substituindo (5.7) e (5.8) em (5.6) :
Z
d
I= [ (t)] [ (t)dt] )
dt
Z
d
I= (t)dt )
dt
Z
I= (t) d )

1
I= [ (t)]2 (5.9)
2
Inserindo a Eq.(5.7):
2
1 dRe
I= (5.10)
2 dt

Agora, a integral do segundo termo da Eq.(5.5) será:


Z Z
Me dRe
I= G dR e = GM e )
Re (t)2 Re (t)2

1
I= GMe +U
Re

GMe
I= +U (5.11)
Re
Igualando (5.10) com (5.11) :
2
1 dRe GMe
= + U. (5.12)
2 dt Re
Lembrando que U é simplesmente uma constante de integração.
A energia cinética de qualquer corpo massivo é dada por
86 CAPíTULO 5 DINÂMICA CÓSMICA

2
1 1 dx
Ec = mv 2 = m , (5.13)
2 2 dt
assim como a energia potencial gravitacional entre dois corpos de massa m e M é dada por
Mm
Ep = . G (5.14)
R
Tendo em mente que Re tem dimesões de comprimento, ao compararmos as duas últimas
equações com os termos da Eq.(5.12), poderemos observar a seguinte relação:
Ec Ep
= +U )
m m

Ec + Ep = mU: (5.15)
Essa relação expressa uma conservação de energia, pois, conforme Re se altera, a esfera
continuará sob sua própria in‡uência gravitacional.
Conforme comentado anteriormente, a massa da esfera está distribuida homogeneamente.
Assim, concluimos que a densidade é ditribuída homogeneamente, e dessa forma, com a
mudança nas dimensões da esfera, ela depende do tempo. Podemos escrever:
4
Me = Re (t)3 (t) , (5.16)
3
onde a densidade está representada por , sendo o restante da equação o volume esférico.
Considerando que a alteração do raio da esfera seja isotrópica, podemos escrever a função
Re (t) da seguinte forma:

Re (t) = a(t)re , (5.17)


onde re é um raio comóvel constante e a(t) um fator de escala que se altera ao longo do
tempo. Podemos ainda obter a seguinte relação:
dRe da dre
= re + a(t)
dt dt dt
Como re , não varia ao longo, do tempo sua taxa de variação é zero. Então:
dRe da
= re )
dt dt

R_ e = a_ re (5.18)

Ao substituirmos (5.16),(5.17) e (5.18) em (5.12), encontraremos:

1 G 4
(a_ re )2 = Re (t)3 (t) + U )
2 Re 3
G 8
(a_ re )2 = (a(t)re )3 (t) + 2U )
(a(t)re ) 3
5.1 A EQUAÇÃO DE FRIEDMANN 87

(a_ re )2 8 2U
2 = G (t) + )
(a(t)re ) 3 (a(t)re )2
2
a_ 8 2U
= G (t) + . (5.19)
a(t) 3 a(t)2 re2
Essa é a forma newtoniana para a Equação de Friedmann.
Considerando a energia de repouso de cada partícula, dada pela Eq.(1.66)1 , temos:

E = mc2 :
Percebemos que, se massa é equivalente a energia. Assim, toda forma de energia e não
apenas a massa deve contribuir com os efeitos gavitacionais. Então, se dividirmos cada lado
da equação pelo volume, teremos:

E mc2
= ;
V (t) V (t)
sabendo que o volume se altera ao longo do tempo. O quociente da massa pelo volume
nos fornece densidade ( (t)), enquanto que a energia de repouso divido pela volume, por
de…nição, é denominada densidade de energia (" (t)). Assim:

" (t) = (t) c2 )

" (t)
(t) = : (5.20)
c2
Sunstituindo (5.20) em (5.19):
2
a_ 8 G 2U
= 2
" (t) + . (5.21)
a(t) 3c a(t)2 re2
Assumindo:

2U kc2
= ;
re2 R2
teremos:
2
a_ 8 G kc2
= " (t) :
a(t) 3c2 R2 a(t)2
Por comodidade, podemos reescreve-la desta forma:

a_ 2 8 G kc2
a
= 3c2
" (t) R 2 a2
, (5.22)

onde k é a constante de curvatura. A Eq.(5.22) pode ser deduzida através do tensor energia-
momento. Podemos ainda adicionar o parâmetro de Hubble, dado pela Eq.( 3.27) , onde:
1
Vamos neste caso denotar a energia de repouso por E.
88 CAPíTULO 5 DINÂMICA CÓSMICA

a_
H(t) = :
a
Dessa forma, a equação de Friedmann …cará:

8 G kc2
H(t)2 = " (t) (5.23)
3c2 R2 a(t)2

5.2 Densidade de Energia Crítica

Imagine que temos um universo plano e a constante de curvatura seja nula. Dessa forma,
teremos:

8 G
H(t)2 = " (t) :
3c2
Para um determinado valor de H(t)2 , a densidade de energia crítica será:

3c2
"c = 8 G
H(t)2 : (5.24)
Então, podemos reescrever a densidade de energia da seguinte forma:

" (t) = "c (5.25)


onde é uma constante real positiva que representa a proporção da densidade de energia
para com a densidade de energia crítica. Assim se = 1; a densidade será igual a densidade
crítica. Se < 1; a densidade será menor que a densidade crítica assim como se > 1;
teremos a densidade maior que a densidade crítica. Vamos analisar como se comporta a
constante de curvatura em cada um dos casos.

Substituindo " (t) = "c na equação de Friedmann e isolando k , teremos:

8 G kc2
H(t)2 = "c )
3c2 a(t)2

kc2 8 G
= "c H(t)2 )
a(t)2 3c2

a(t)2 8 G
k= "c H(t)2 (5.26)
c2 3c2
Inserindo (5.24) em (5.26):

a(t)2 8 G 3c2
k= H(t)2 H(t)2 )
c2 3c2 8 G

a(t)2
k= H(t)2 H(t)2 )
c2
5.2 DENSIDADE DE ENERGIA CRíTICA 89

a(t)2
k= H(t)2 [ 1] (5.27)
c2
Dessa forma, se a densidade de energia do universo for superior que a densidade crítica
(" (t) > "c ), vamos ter > 1, e de acordo com a Eq.(5.27), a constante k será maior que zero,
2
visto que o termo a(t)c2
H(t)2 é positivo. Teremos então um universo esférico com curvatura
positiva.
Caso contrário, se a densidade de energia do universo for menor que a densidade crítica
(" (t) < "c ), teremos < 1, e consequentemente, a constante k menor que zero. O universo
será então hiperbólico com curvatura negativa.
Se a energia do universo for igual a energia crítica, o universo será plano.
Conhecendo o valor da constante de Hubble, podemos calcular o valor da densidade de
energia crítica atual. Ficará assim:
8
< "c0 = 3c2 H 2
8q G 0
: = 3c2
H2
2 2
+ 3c H0
2
"c0 8 G2 0 G 8 G H0

onde a velocidade da luz (c) é dada pela Eq.(1.15) , a constante de Hubble (H0 ) é dado
pela Eq.(3.17) e a constante gravitacional (G) por (2.2):

c = 299 792 458 m/s .

H0 = (74; 2 3; 6) km s 1 Mpc 1

G = (6; 6743 0; 0001) 10 11


N.m2 /kg2 :
Assumindo que 1M pc = 3; 084 1022 m;teremos:

19
H0 = (24; 06 1; 17) 10 s 1.
Portanto:

"c0 = (9; 3 0; 9) 10 10
J=m3 = (5805 561) MeV/m3
A densidade crítitca geralmente é usado em sua equivalente massiva. Então, de acordo
com a Eq.(5.20):

"c0 3H02
0 = = )
c2 8 G

0 = (10; 35 1; 0) 10 27
kg/m3 :
Para se ter uma idea, este valor é o equivalente ao de um próton à cada 162 litros.
Com respeito à curvatura do universo, não é conveniente usar a densidade apenas, mas
sim a razão entre a densidade e a densidade crítica. Podemos então, de acordo com a
Eq.(5.25) de…nir esta razão como sendo o parâmetro de densidade, variável com o tempo:

"(t)
(t) = (5.28)
"c (t)
90 CAPíTULO 5 DINÂMICA CÓSMICA

Para incluirmos o parâmetro de densidade na equação de Friedmann, faremos o seguinte.


Primeiro, dividimos os dois lados da Eq.(5.23) pela energia crítiva ("c (t)) :

H(t)2 8 G " (t) kc2


= : (5.29)
"c (t) 3c2 "c (t) "c (t)R2 a(t)2
Substituimos (5.28) em (5.29):

H(t)2 8 G kc2
= (t) (5.30)
"c (t) 3c2 "c (t)R2 a(t)2
Inserimos na equação anterior, a Eq.(5.24):

H(t)2 8 G kc2
3c 2 = 2
(t) 3c2
)
8 G
H(t)2 3c 8 G
H(t)2 R2 a(t)2

8 G 8 G 8 G kc2
2
= (t) )
3c 3c2 3c2 H(t)2 R2 a(t)2
kc2
1 = (t) )
H(t)2 R2 a(t)2
kc2
1 (t) =
H(t)2 R2 a(t)2
Se considerarmos o tempo atual o fator de escala será 1, e a equação …cará da seguinte
forma:

kc2
1 0 = H02 R2
(5.31)

5.3 A Equação do Fluido


A equação de Friedmann é muito importante, porém, com ela não podemos encontrar como o
fator de escala a (t) se comporta em relação ao tempo. Isso porque nela temos duas icógnitas:
o fator de escala e a densidade de energia. A densidade de energia depende do volume do
universo além da própria quantidade energia presente nele. Como o volume depende do raio
e consequentemente do fator de escala, existe uma clara relação entre densidade de energia
" (t) e fator de escala a (t).
Para encontrarmos essa relação, usaremos a lei de conservação de energia presente na
primeira lei da termodinâmica:

dE = dQ dW: (5.32)
O trabalho é o produto da força pela distância percorrida:

W = Fh
Imaginemos um sistema termodinâmico adiabático, caracterizado por um tubo fechado
em uma das extremidades e um embolo móvel na altura h (ver Fig. 5.2 ). Com a aplicação
5.3 A EQUAÇÃO DO FLUIDO 91

Figura 5.2: A força aplicada no embolo altera sua altura para h + dh. Consequentemente, o
volume varia de V para V + dV .

de uma força F , o embolo se move para uma altura h + dh. O trabalho realizado por essa
movimentação será:

dW = F dh . (5.33)
Como se sabe, o acréscimo de volume nesse sistema será dado pela área de seção do
embolo A multiplicado pela distância percorrida pelo mesmo:

dV = Adh:
Consequentemente

dV
dh = . (5.34)
A
Se inserirmos (5.34) em (5.33), teremos:

dV F
dW = F = dV .
A A
Como sabemos que pressão é o quociente entre força e área, podemos reescrever a equação
anterior da seguinte forma:

dW = P dV (5.35)
Ao inserirmos (5.35) em (5.32) vamos obter:

dE = dQ P dV: (5.36)
Voltando à cosmologia, podemos considerar o universo como sendo um sistema adiabático.
Sendo assim, não existe trocas de energia entre ele e um meio externo - dQ = 0. A Eq.(5.36)
então pode ser escrita da seguinte forma:
92 CAPíTULO 5 DINÂMICA CÓSMICA

dE + P dV = 0 (5.37)
Se as diferenciais da equação forem com respeito ao tempo, teremos:
dE dV
+P =0)
dt dt

E_ + P V_ = 0 (5.38)
Considerando que, o volume de uma esfera é dado por:
4 3 4
V (t) = r = (a (t) R)3 )
3 e 3
4 3 4 3
V (t) = r = R a (t)3 (5.39)
3 e 3
a taxa de variação do volume em relação ao tempo é dada por:

dV 4 3 da
= R 3a (t)2 )
dt 3 dt
4 3 a_
V_ = R a (t)3 3 )
3 a (t)
4 3 a_
V_ = R a (t)3 3 : (5.40)
3 a (t)
Se inserirmos (5.39) em (5.40), encontraremos:
a_
V_ = 3V (t) : (5.41)
a (t)

A densidade de energia é dada pelo quociente entre a energia interna e o volume:


E
"(t) = )
V (t)

E = "(t)V (t): (5.42)


E a taxa de variação em relação ao tempo é:
dE d" dV
= V (t) + "(t) )
dt dt dt

E_ = "_ V (t) + V_ "(t): (5.43)


Substituindo (5.41) em (5.43):
a_
E_ = "_ V (t) + 3"(t)V (t) )
a (t)
5.4 A EQUAÇÃO DA ACELERAÇÃO 93

a_
E_ = V (t) "_ + 3"(t) : (5.44)
a (t)
Ao inserimos as equações (5.41) e (5.44) em (5.38), vamos encontrar:

a_ a_
V (t) "_ + 3"(t) + P 3V (t) =0)
a (t) a (t)
a_ a_
V (t) "_ + 3"(t) + 3P =0)
a (t) a (t)
a_
V (t) "_ + 3 ("(t) + P ) = 0
a (t)
Temos uma multiplicação igualada a zero. Consequentemente, um dos dois termos deve ser
deve ser nulo. Logicamente, o volume do universo no decorrer do tempo não é zero. Então:
a_
"_ + 3 ("(t) + P ) = 0;
a (t)
na qual, podemos representar apenas por:

"_ + 3 aa_ (" + P ) = 0 , (5.45)


que é a forma usual para a equação do ‡uido.

5.4 A Equação da Aceleração


Para …ns que se tornarão mais claros posteriormente, reescreveremos a Eq.(5.45) na seguinte
forma:
a_
"_ = 3 ("(t) + P ) )
a(t)
a(t)
"_ = 3 ("(t) + P ) (5.46)
a_
O fator de escala dita como o raio do universo varia com o tempo. Para encontrarmos
a aceleração do universo, devemos encontrar a taxa de variação do universo em relação ao
tempo. Para isso, vamos trabalhar com a equação de Friedmann. Primeiramente, vamos
multiplicar os dois membros da Eq.(5.22) por a(t)2 :
" #
2
2 a_ 8 G kc2
a(t) = a(t)2 " (t) )
a(t) 3c2 R2 a(t)2

8 G kc2
a_ 2 = a(t)2 " (t) (5.47)
3c2 R2

Vamos derivar em relação ao tempo:


94 CAPíTULO 5 DINÂMICA CÓSMICA

d 2 d 8 G kc2
a_ = 2
a(t)2 " (t) )
dt dt 3c R2

da_ 8 Gd
2a_ = a(t)2 " (t) + 0 )
dt 3c2 dt

8 Gd da d"
2a•
_a = 2
2a(t) " (t) + a(t)2 )
3c dt dt dt

8 G
2a•
_a = _ (t) + a(t)2 "_
2a(t)a" (5.48)
3c2
Se dividirmos a Eq.(5.48) por 2a(t)a_ :

2a•
_a _ (t) a(t)2 "_
8 G 2a(t)a"
= + )
2a(t)a_ 3c2 2a(t)a_ 2a(t)a_

a
• 8 G a(t)_"
= 2
" (t) + )
a(t) 3c 2a_

a
• 8 G 1 a(t)_"
= 2" (t) + )
a(t) 3c2 2 a_

a
• 4 G a(t)_"
= 2
2" (t) + (5.49)
a(t) 3c a_
Se substituirmos (5.46) em (5.49), vamos obter:

a
• 4 G
= [2" (t) 3 ("(t) + P )] )
a(t) 3c2

a
• 4 G
= [2" (t) 3"(t) 3P ] )
a(t) 3c2

a
• 4 G
= [ "(t) 3P ] )
a(t) 3c2

a
• 4 G
= ["(t) + 3P ] )
a(t) 3c2

a
• 4 G
a
= 3c2
(" + 3P ) ; (5.50)

que é a forma usual para a equação da aceleração do universo. Note que se a densidade
de energia e a pressão forem positivas, a aceleração é negativa e a expansão desacelera com
o tempo. Com isso, é reduzida a velocidade relativa entre dois pontos no universo com o
passar do tempo.
5.5 EQUAÇÕES DE ESTADO 95

5.5 Equações de Estado


Até agora, temos três equações que descreve o comportamento do universo ao decorrer do
tempo:

A Equação de Friedmann:

2
a_ 8 G kc2
= " (t) ; (5.51)
a 3c2 R 2 a2

A Equação de Fluido:

a_
"_ + 3 (" + P ) = 0; (5.52)
a
A Equação da Aceleração:

a
• 4 G
= (" + 3P ) : (5.53)
a 3c2
Das três equações acima, apenas duas são independentes, uma vez que a Eq.(5.53) é
obtida á partir das outras duas. Temos então duas equações e três icógnitas - a(t) ; P (t)
e " (t) - que são variáveis macroscópicas do universo. Precisamos de mais uma equação
independente para resolvermos o sistema.
Para encontrar esta equação, devemos considerar as características macroscópicas das
componentes do universo. Isto é, devemos fazer uma descrição estatística do mesmo. Um
exemplo de como isso funciona se encontra na Lei de Clapeyron

P V = nRT; (5.54)
para gases perfeitos, onde por exemplo, velocidade, energia e massa de cada partícula não in-
teressa, mas sim, uma média estatística das características macroscópicas de todas as partícu-
las em conjunto: pressão, volume e temperatura. Equações desse tipo onde são chamadas
Equações de Estado.
Para calcular o fator de escala-(a), densidade de energia-(") e pressão-(P ) como uma
função do tempo cósmico, nós precisamos de uma equação de estado que relacione matem-
aticamente todas essas variáveis. Se considerarmos uma equação na forma:

P = P (") ;

então nosso sistema estará completo e poderemos saber qual foi o comportamento do universo
no passado e como ele se comportará no futuro.

Em geral, a física de materia condensada lida com substâncias onde a pressão é uma
função não linear da densidade. Isso faz com que as equações de estado para esses casos
sejam extremamente complexas. Cosmologicamente, se tratarmos o universo como um ‡uido
96 CAPíTULO 5 DINÂMICA CÓSMICA

cósmico, onde as galáxias desempenhem o papel de partículas, ele será extremamente diluído,
fazendo com que a equação de estado …que mais simples e assuma a forma:

P = !" ; (5.55)

onde ! é um número adimensional.


Podemos pensar nesse ‡uido de duas formas distintas:

Gas não Relativístico

Por exemplo, considere um gás de baixa densidade, de partículas não-relativísticas. Não-


relativístico, neste caso, indica que as partículas se movimentam com velocidades desprezíveis
comparadas à velocidade de luz. Então, esse gás não-relativístico obedece a lei dos gases
perfeitos:

P V = N kT (5.56)
onde N é o número inteiro de partículas e k é a constante de Boltzmann.
A densidade do gás é dada por:
M
= )
V
M
V = ; (5.57)

onde M é a massa total do gás, que é calculada somando as massas de todas as partículas:

X
N
M= mi :
i=1

Sabemos que a massa média das partículas é:


M
= ;
N
e consequentemente

M = N: (5.58)
De acordo com (5.58), a Eq.(5.57), que representa o volume pode ser reescrita assim:

V =N : (5.59)

Se substituirmos (5.59) em (5.56) e isolarmos P teremos:

PN = N kT )

P = kT (5.60)
5.5 EQUAÇÕES DE ESTADO 97

Pela Eq.(1.67), temos que energia total de uma partícula será a soma das energias de
repouso e cinética da mesma:

E = E0 + K ,
onde E é a energia total, E0 é a energia de repouso e K é a energia cinética. Como estamos
considerando a velocidade desprezível em relação á velocidade da luz, sua energia cinética
também será (K 0). A energia total de um corpo será então:

E E0 ;
que pela Eq.(1.66) assume a forma

E mc2
e se dividirmos cada lado pelo volume, teremos a densidade de energia em termos da densi-
dade de massa:
E m
= c2
V V

" c2 ; (5.61)
e consequentemente
"
: (5.62)
c2
Se inserimos a Eq.(5.62) na Eq.(5.60) :
kT
Pn~ rel "n~ rel ; (5.63)
c2
onde os índices n~ rel indicam que estamos tratando o gás como não relativístico.
Temos então uma equação de estado em termos da temperatura e densidade de energia.
Nosso objetivo agora será encontrar uma relação entre a velocidade de cada partícula e a
temperatura para eliminar essa última da Eq.(5.63).
Considere uma caixa cúbica de lados L e volume V; preenchida por um gás de inúmeras
partículas de massa , tal como na Fig.5.3. Vamos primeiramente encontrar a relação entre
a pressão exercida pelas partículas do gás sobre a parede pintada, que é perpendicular ao
eixo x.
Assumimos que a colisão entre uma partícula do gás e a parede seja elástica. Assim,
a partícula incialmente com velocidade vx (direção x perpendicular a parede), …ca com a
velocidade vx após a colisão. A variação de momento linear da partícula foi:

p = vx vx )

p = 2 vx ;
e consequentemente, o momento linear transferido à parede é dado por:
98 CAPíTULO 5 DINÂMICA CÓSMICA

Figura 5.3: Massa se movimentando dentro de uma caixa cúbica de volume V e lados L:

p = 2 vx ; (5.64)
A partícula se choca várias vezes contra a mesma parede. Depois de colidir, o intervalo
de tempo para com um segundo choque é dado pelo tempo em que a partícula gasta para
atravessar todo o comprimento L, se chocar contra a outra parede e voltar atravessando
novamente o comprimento L: Este intervalo de tempo é dado por:

2L
t= ; (5.65)
vx

Conforme fora comentado, queremos achar a relação entre pressão e velocidade. Sabendo
que pressão é de…nida como força por unidade de área e também que força é a taxa de
variação do momento linear em relação ao tempo, temos:

F 1 dp
P = = :
A A dt
A área nesse caso será a de um quadrado de lado L: Então, teremos:

1 dp
P = (5.66)
L2 dt
Podemos também calcular a pressão com a força média aplicada na parede pelo gás
durante um intervalo de tempo t:

Fmed 1 p
P = = 2 : (5.67)
A L t
Substituindo (5.64) e (5.65) em (5.67):

Fmed 1 2 vx
P = = 2 )
A L 2L=vx
5.5 EQUAÇÕES DE ESTADO 99

vx2
P = : (5.68)
L3
Esse resultado se aplica à apenas uma partícula. Para encontrarmos a pressão exercida
pelas N partículas do gás faremos:

X
N XN 2
vxi
P = Pi = )
i=1 i=1
L3

X
N
2
P = vxi : (5.69)
L3 i=1

Vamos de…nir a velocidade média quadrática na direção x, como sendo:

1 X 2
N
vx2 v : (5.70)
N i=1 xi
Substituindo (5.70) em (5.69):
N 2
P = v : (5.71)
L3 x
Como nossa caixa é cúbica, o volume V é encontrado elevando o lado ao cubo.

V = L3 :
Então:
N 2
P = vx )
V

P V = N vx2 ; (5.72)
onde, pela Eq.(5.56) teremos:

P V = N kT = N vx2 )

kT = vx2 : (5.73)
Sabendo que a energia cinética de uma partícula se movendo em uma trajetória paralela ao
eixo x é:
1
Kx = vx2 ; (5.74)
2
podemos reescrever (5.73) da seguinte forma:

kT = 2Kx )

1
Kx = kT (5.75)
2
100 CAPíTULO 5 DINÂMICA CÓSMICA

Essa relação é válida apenas para direção x. Como não há (para esse caso) um sentido
preferencial de trajetória para as partículas, podemos assumir a isotropia do sistema. Assim,
é estatisticamente correto assumirmos as correlações:

vx2 = vy2 = vz2 ; (5.76)


e

v 2 = vx2 + vy2 + vz2 = 3 vx2 : (5.77)


A energia cinética que considera as três dimensões, é dada por:

1
K= v2 : (5.78)
2
Então:

1
K= vx2 + vy2 + vz2 )
2

1
K=3 vx2 = 3Kx ;
2
1
Kx = K; (5.79)
3
onde K é a energia cinética média de translação de uma molécula. Inserindo (5.79) em
(5.75), teremos:

1 1
Kx = kT = K )
2 3
3
K = kT : (5.80)
2
A energia cinética de uma partícula não relativística é:

1
K= v2 : (5.81)
2
Então, por (5.80) e (5.81), teremos:

3 1
K = kT = v2 )
2 2
Para um gás não-relativístico, a equação que relaciona temperatura e a raiz quadrada da
velocidade é:

3kT = v2 )

1
kT = v2 . (5.82)
3
5.5 EQUAÇÕES DE ESTADO 101

Assim, a equação de estado para um gás não relativístico pode ser encontrada substi-
tuindo (5.82) em (5.63) :

1 hv 2 i
Pn~ rel "n~ rel )
3 c2

hv2 i
Pn~ rel 3c2
"n~ rel . (5.83)
Ou seja, para um gás não relativístico a constante ! da Eq.(5.55) será:

hv 2 i
!= , (5.84)
3c2
sendo que v 2 << c2 : A maioria dos gases com que nos deparamos cotidianamente não
é relativística. Por exemplo, no ar atmosférico presente em um quarto, as moléculas de
nitrogênio se movem velocidade quadrada média de hv 2 i = 500m=s, onde ! 10 12 .

Gás Relativístico

Um gás de fótons ou outras partículas pouco massívas são considerados relativísticos.


Se por um lado os fótons não têm nenhuma massa, por outro eles têm momento - ver
Eq.(1.77) - e consequentemente exercem pressão. Para deduzir equação de estado de fótons
primeiramente faremos o seguinte. A primeira Lei da Termodinâmica é dada por (5.37):

dE + P dV = 0 , (5.85)
onde E é a energia total do gás, P é sua pressão assim como V é seu volume. Se derivarvos
(5.85) em relação ao tempo, teremos:
dE dV
+P =0. (5.86)
dt dt
Se isolarmos a pressão na Eq.(5.86), encontraremos:
dE
dt
P = dV
(5.87)
dt
Vamos considerar que cada partícula do gás tenha um energia . Sendo que N é o número
de partículas do gás, a energia total será dada por:

E=N : (5.88)
Se derivarmos com respeito ao tempo, teremos:
dE d
=N (5.89)
dt dt
Substituindo (5.89) em (5.87) :
d
dt
P = N dV
:
dt
102 CAPíTULO 5 DINÂMICA CÓSMICA

É conveniente fazermos uma troca de variáveis, para que sejam consideradas as taxas de
variação em relação ao fator de escala a (t). Se assim …zermos, teremos:
d da
da dt
P = N dV da
)
da dt
d
da
P = N dV
(5.90)
da
Para encontrarmos a equação de estado que procuramos, devemos primeiramente de…nir
d
os termos da e dV
da
.
Suponhamos que toda a superfície que encerra volume do gás aumente ou diminua em
torno de um centro comum (tal como se considera o universo nos modelos cosmológicos).
Então seu volume será o volume de uma esfera, dada por:
4
V (t) =r (t)3 :
3
Como r é uma distância própria, o fator de escala não está presente nele. Vamos reescrever
a equação em coordenada comóveis considerando como sendo a distância comóvel, o valor
atual do raio (R):
4 3
V (t) = R a (t)3 : (5.91)
3
Derivando (5.91) em relação à a (t):

dV 4 3
= R 3a (t)2 )
da 3
dV 4 3 1
= R a (t)3 3 )
da 3 a (t)
dV 4 3 1
= R a (t)3 3 )
da 3 a (t)
dV 4 3 1
=3 R a (t)3 (5.92)
da 3 a (t)
Substituindo (5.91) em (5.92) :

dV V (t)
=3 (5.93)
da a (t)
Antes de de…nir o segundo termo, vamos relembrar da Eq.(1.77) que fornece o momento
linear de um fóton:
hv
p= ; (5.94)
c
onde v é a frequencia, h é a constante de Planck e c a velocidade da luz. Como se sabe,
a frequência de uma onda se equivale ao quociente entre a velocidade de propagação e o
5.5 EQUAÇÕES DE ESTADO 103

comprimento da mesma. Como o fóton é uma partícula de luz, sua velocidade de propagção
é c e seu comprimento será representado por : Dessa forma:
c
v= : (5.95)

Conforma fora comentado anteriormente, para um universo em expansão, as grandezas de


comprimento (como o comprimento de onda luminosa) também se expandem. Dessa forma,
podemos reescrever (5.95) da seguinte forma:
c
v= : (5.96)
0 a (t)

Se substituirmos (5.96) em (5.94) , obteremos:

h
p (t) = : (5.97)
0 a (t)

Os termos h e 0 são constantes. Se seperarmos em um membro os termos que variam e no


outro os constantes, vamos encontrar:

h
p (t) a (t) = : (5.98)
0

Podemos perceber que para a função de multiplicação entre o momento linear e o fator de
escala ao longo do tempo, a quantidade h= 0 é conservada. Se considerarmos o tempo atual,
onde por de…nição, o fator de escala é 1, teremos:

h
p0 = : (5.99)
0

Igualando (5.98) e (5.99), teremos uma expressão para o momento linear:

p (t) a (t) = p0 (5.100)

p0
p (t) = (5.101)
a (t)
Vamos usar nesse momento a Eq.(1.72) que fornece a energia total de uma partícula
relativística em termos de seu momento linear:

2
= p2 c2 + m20 c4 )

q
= p2 c2 + m20 c4 : (5.102)

Substituindo (5.101) em (5.102), vamos encontrar:


s
2
p0
= c2 + m20 c4 )
a (t)
104 CAPíTULO 5 DINÂMICA CÓSMICA

s
p20 2 2 4
= 2 c + m0 c (5.103)
a (t)
d 1 1 3
= q p20 c2 ( 2) a (t) )
da 2 p20
c2 + m20 c4
2
a(t)

d 1 (p20 c2 )
= q 3 )
da p20 2
c + m 2 4 a (t)
c
a(t)2 0

Se inserimos (5.100), vamos ter:

d 1 a (t)2 p (t)2 2
= q 3 c )
da p20 2 2 4 a (t)
2c + m c 0
a(t)

d 1 p (t)2 c2
= q : (5.104)
da p20
c2 + m2 c4 a (t)
a(t)2 0

Agora, vamos sunstituir (5.103) em (5.104) :

d 1 p (t)2 c2
= : (5.105)
da a (t)
Sabemos pela Eq.(1.76) que a energia de um fóton é dada por:

= pc: (5.106)
Substituindo (5.106) em (5.105) :
2
d 1
= )
da a (t)

d
= (5.107)
da a (t)
Como já sabemos, refere-se a energia de uma partícula. Para enconrarmos a energia
total, devemos multiplicar pelo número de partículas N :

E=N (5.108)
Derivando, obteremos:

dE d
=N )
da da

1 dE d
= (5.109)
N da da
5.5 EQUAÇÕES DE ESTADO 105

Se substituirmos (5.108) e (5.109) em (5.107) vamos encontrar a expressão para a taxa de


variação da energia total em função do fator de escala:
1 dE 1 E
= )
N da N a (t)
dE E
= (5.110)
da a (t)
Com todas as equações deduzidas, vamos substituí-las para encontrarmos a equação de
estado para um gás relativístico. Inserimos (5.93) e (5.110) em (5.87) :
E
a(t)
P = )
3 Va(t)
(t)

1 E a (t)
P = )
3 a (t) V (t)
1 E
P = :
3 V (t)
Temos uma grandeza de energia dividida por uma grandeza de volume. Logo, temos uma
grandeza de densidade de energia (") :
1
P = "
3
Para diferenciar essa equação de estado de gases relativisticos da dos gases não relativísticos,
adotaremos o indice rel :

Prel = 13 "rel (5.111)


Temos então:
8
<P hv2 i
n
~ rel 3c2
"n~ rel
:P = 31 "rel
rel

Um gás de partículas massivas altamente relativísticas (com hv 2 i c2 ) também terá


! = 1=3: Um gás com partículas moderadamente relativísticas terá 0 < ! < 1=3.
Dentre todas as possibilidade, alguns valores de ! são de interesse. Por exemplo:
Materia

! 0 (5.112)
O valor é associado à componente não relativística. Como se sabe, o universo é
preenchido por esssa componente. Associaremos à essa componente não relativística, o
nome materia. De acordo com a Eq.(5.55), a pressão causada pela materia é pequena
e pode desprezada:
Pn~ rel = 0 (5.113)
106 CAPíTULO 5 DINÂMICA CÓSMICA

Radiação
1
!= 3
(5.114)
O valor é associado à componente relativística, ou seja, os fótons. Vamos nos referir
a essa componente como sendo radiação. A pressãocausada por ela é dada por:
1
Prel = "rel (5.115)
3

Constante Cosmológica
!= 1 (5.116)
Devido à evidencias observacionais, sabe-se que o universo hoje se expande acelerada-
mente, apesar das equações (que só consideram os efeitos gravitacionais) preverem o
contrário. Isso se deve à uma outra componente que exerce uma pressão negativa e
possui ! = 1; constante no tempo. Á essa componente deu-se o nome de energia
escura ou constante cosmologica, nome cujo qual vamos adotar daqui por diante. A
pressão exercida porela é dada por:

P = " (5.117)

5.6 Constante Cosmológica -


Quando Einstein publicou sua Teoria da Relatividade Geral, a humanidade não sabia sobre
a expansão do universo e a radiação cósmica de fundo. Assim, ele imaginava que apenas
a massa estelar e a radiação emitida pelas estrelas podiam contribuir para a densidade de
energia do universo. Como a energia da radiação é muito menor que a da massa, concluiu
que contribuição primária para a densidade de energia do universo era obtida a partir da
matéria não-relativística (e não da radiação). Era então possível fazer uma aproximação de
que nós vivemos num universo sem pressão.
Einstein acreditavaem um universo estático. Ele passou a se questionar se o universo
poderia permanecer estático com apenas uma componente. Tomemos como exemplo a
mecânica newtoniana. Dada a equação de Poisson2 que relaciona densidade de massa e
intensidade de campo gravitacional:

r2 =4 G , (5.118)
e a equação de campo para aceleração gravitacional gravitacional:

r = ~g :
Combinando as duas equações e isolando a densidade, temos:
2
Por uma questão de adaptação à obra literaria de referência, o sinal da Equação de Poisson (5.118)
será positivo, diferentemente do deduzido na Eq.(2.49). Vale ressaltar que esse sinal depende de qual é
considerado o sentido positivo na hora da dedução, que na referência [6] provavelmente foi inverso do que
consideramos aqui.
5.6 CONSTANTE COSMOLÓGICA - 107

1
r~g :
=
4 G
Em um universo estático, a aceleração gravitacional deve ser nula em todo o ponto
(~g = 0). Dessa forma, = 0 ; e o único meio do universo ser estático era não possuindo
massa, o que é impossível.
Quando Einstein viu que as equações de campo da Relatividade Geral previa um universo
que se colapsava, ele teve que adicionar em suas equações uma constante que atuava como
uma antigravidade e deixava o unverso estático. Em termos newtonianos, o que ele fez
basicamente é adicionar uma constante na equação de Poisson:

r2 + =4 G :
Esse novo termo …cou sendo conhecido como constante cosmológica e tem dimensões de
(tempo) 2 : O universo podia ser estático se a constante cosmológica assume o valor =
4 G .

Em termos relativísticos, o que Einstein fez foi inserir a constante cosmológica em suas
equações. Se a equação de Friedmann for deduzida novamente à partir das equações de
Einstein, agora com , encontraremos:
2
a_ 8 G kc2
H(t)2 = = " (t) + : (5.119)
a 3c2 R2 a(t)2 3
A equação do ‡uido não muda, permanecendo assim na forma:
a_
"_ + 3 (" + P ) = 0: (5.120)
a
Com o termo , a equação da aceleração vai assumir a forma:

a
• 4 G
= (" + 3P ) + : (5.121)
a 3c2 3
Por de…nição, teremos:

8 G
" ; (5.122)
c2
e consequentemente

c2
" = (5.123)
8 G
A Eq.(5.119) assumirá a forma:
2
a_ 8 G kc2 8 G
= " + " )
a 3c2 2
R a(t)2 3c2
2
a_ 8 G kc2
= (" + " ) (5.124)
a 3c2 R2 a(t)2
108 CAPíTULO 5 DINÂMICA CÓSMICA

Se é constante com o tempo, então a taxa de variação da densidade de energia será


nula (_" = 0) : Dessa forma, a equação do ‡uido (5.120) e a Eq.(5.122) nos dará a pressão,
que é:
a_
3 (" + P ) = 0 )
a
c2
P = " = : (5.125)
8 G
Assim, nós podemos pensar na constante cosmológica como um componente do universo
que tem uma densidade constante " e uma pressão constante P = " .
Com a introdução da constante cosmológica em suas equações, Einstein encontrou o
modelo de universo estático que quis. Se deduzirmos a Equação de Poisson pela Teoria da
Relatividade Geral, considerando assim os efeitos relativísticos e a constante cosmológica,
teremos:

4 G P
r2 + = (" + 3P ) = 4 G +3 : (5.126)
c2 c2
Para permanecer estático, o universo deve ter velocidade de expansão e aceleração nulas
(a_ = 0 e a
• = 0; respectivamente). Se a
• = 0; então a Eq.(5.121) …cará assim:
4 G
(" + 3P ) = 0: (5.127)
3 3c2
Se inserirmos (5.122) em (5.127), encontraremos:
8 G 4 G
" (" + 3P ) = 0 )
3c2 3c2
4 G
(2" " 3P ) = 0 )
3c2

2" " 3P = 0 (5.128)


Como P refere-se à pressão ocasionada pela componente não relativística, podemos desprezá-
la, tal como anunciado em (5.113). Assim, a Eq.(5.128) assume a forma:

2" = " (5.129)


Substituindo (5.129) em (5.124), teremos:
2
a_ 8 G kc2
= (2" + " ) )
a 3c2 R2 a(t)2
2
a_ 8 G kc2
= " (5.130)
a c2 R2 a(t)2
Vale lembrar que uma das condições para o universo estático é a velocidade de expansão
nula (a_ = 0). Então, a Eq.(5.130) …cará:
5.6 CONSTANTE COSMOLÓGICA - 109

8 G kc2
" = (5.131)
c2 R2 a(t)2
De acordo com (5.122), teremos:

kc2
= : (5.132)
R2 a(t)2
Como estamos considerando um universo estático, o fator de escala será constante durante
todo o tempo. Então:

a (t) = a0 = 1;
e consequentemente

kc2
= 2 )
R

kc2
R2 = :

Einstein acreditava num universo com curvatura positiva (k = +1) : Então:

2 c2
R = )

R= pc (5.133)

Einstein, mesmo insatisfeito com os resultados publicou o seu modelo de universo estático
com curvatura positiva. Apesar de todos os esforços com a constante cosmológica, esse
modelo ainda continuava instável. Para vermos isso, consideraremos a equação da aceleração:

a
• 4 G 4 G
= (" + 3P ) + : (5.134)
a 3c2 3
onde 4 G = :
Einstein considerava a radiação como sendo insigni…cante para a dinâmica cósmica. Dessa
forma, somente materia e constante cosmológica poderiam afetar a evolução do universo.
Como a equação de estado aponta uma pressão nula para componentes não relativísticas
(materia), a Eq.(5.134) …ca na forma:

a
• 4 G 4 G
= 2
"+ :
a 3c 3
Se lembrarmos que = "=c2 ; veremos que essse modelo é estático. Mas, como a constante
cosmológica não se altera no decorrer do tempo, a densidade de materia não pode se alterar
para que o universo permaneça estático.
Acontece que o próprio Einstein, quando formulou a Teoria da Relatividade Restrita,
descobriu a conversão massa e energia dada por:
110 CAPíTULO 5 DINÂMICA CÓSMICA

E = mc2 :
Sabemos que no interior estelar, a todo momento, massa se transforma em em energia na
forma de radiação pelo processo de fusão nuclear. Vamos considerar que uma quantidade
de materia se converte em radiação. A equação da aceleração então deve considerar as duas
formas de manifestação de energia:
a
• 4 G 4 G
= ("n~ rel + 3Pn~ rel + "rel + 3Prel ) + : (5.135)
a 3c2 3
Sabemos que:
8
< P
~ rel = 0
n
;
: P = 1"
rel 3 rel

e então
a
• 4 G 4 G
= (" n
~ rel + " rel + " rel ) + : (5.136)
a 3c2 3
Por conservação de energia, temos a equação:

" = "n~ rel + "rel ; (5.137)


onde " é a densidade de energia do universo antes da conversão materia-radiação. Substi-
tuindo (5.137) em (5.136), teremos:
a
• 4 G 4 G
= (" + " rel ) + )
a 3c2 3
a
• 4 G 4 G 4 G
= " "rel + )
a 3c2 3c 2 3
a
• 4 G 4 G 4 G
= 2
"rel + )
a 3 3c 3
a
• 4 G
= "rel : (5.138)
a 3c2
Dessa forma, após a conversão de materia em radiação, a aceleração do universo passa a
ser não nula ocasionando em um universo não estável.
O modelo de universo de Einstein foi o primeiro estudo cosmológico completo de que
se tem notícia. Apesar de sua instabilidade, os conceitos que estão envolvidos nele acerca
os cientistas até os dias atuais, tais como a geometria do universo e os efeitos repulsivos
representados pela constante cosmoógica.
Após a comprovação da dinâmica do universo, Einstein repudiou sua constante cosmológ-
ica e a tratou como sendo o maior erro de sua vida. Curiosamente, após quase um século, ela
vem sendo aceita nos modelos de universo atuais como a explicação da inesperada expansão
acelerada apontada pelos dados observacionais.
Capítulo 6

Universo com Uma Componente

Para um universo homogeneo e isotrópico, a relação entre a(t) ; P (t) e " (t) é dada pelo
sistema composto pelas seguintes equações:

A Equação de Friedmann:

2
a_ 8 G kc2
= " (t) ; (6.1)
a 3c2 R 2 a2

A Equação de Fluido:

a_
"_ + 3 (" + P ) = 0; (6.2)
a
A Equação de Estado:

P = !": (6.3)
Em princípio, dada as condições de limite apropriadas, podemos calcular através de (6.1),
(6.2) e (6.3), as variáveis a(t) ; P (t) e " (t) para qualquer tempo.

6.1 Evolução da Densidade de Energia


Na realidade, dizer precisamente como foi a evolução do universo é complicado pois ele é
formado por diferentes componentes de diferentes equações de estado onde a proporção de
contribuição de cada componente para com universo varia com o tempo. Sabemos que o
universo é composto por materia não relativistica (! = 0), radiação (! = 1=3) e constante
cosmológica (! = 1). Mas não sabemos se essas são as únicas. Por equanto, devemos
considerar a possibilidade de existirem componentes exóticas que possuam diferentes vaores
de !. A densidade de energia é uma grandeza aditiva, ou seja, para sabermos a densidade
de energia do unverso, basta somarmos a densidade de energia de cada componente. Assim:

111
112 CAPíTULO 6 UNIVERSO COM UMA COMPONENTE

X
"= "! , (6.4)
!

onde "! representa a densidade de energia da componente com o parâmetro da equação de


estado !: A pressão total do universo será a soma das pressões de cada componente:
X X
P = P! = !"! : (6.5)
! !

Logicamente, teremos também para cada componente uma equação do ‡uido, dada pela
Eq.(6.2). Assim:

a_
"_ ! + 3 ("! + P ) = 0 )
a
a_
"_ ! + 3 ("! + !"! ) = 0 )
a
a_
"_ ! + 3 (1 + !) "! = 0: (6.6)
a
Vamos reescreve-lada seguinte forma:

d"! 3 da
+ (1 + !) "! = 0: (6.7)
dt a dt
Pela regra da cadeia, podemos fazer:

d"! d"! da
= : (6.8)
dt da dt
da
Substituindo (6.8) em (6.7) e evidenciando dt
encontraremos:

d"! da 3 da
+ (1 + !) "! = 0 )
da dt a dt

da d"! 3
+ (1 + !) "! = 0: (6.9)
dt da a
da
Sabemos que hoje, o universo expande aceleradamente no decorrer do tempo. Então dt
6= 0.
Para que a Eq.(6.9) seja verdadeira, temos:

d"! 3
+ (1 + !) "! = 0:
da a
Se for a intenção encontrar "! (a), devemos resolver esta equação diferencial. Então:

d"! 3
= (1 + !) "! )
da a
d"! da
= 3 (1 + !) : (6.10)
"! a
6.1 EVOLUÇÃO DA DENSIDADE DE ENERGIA 113

Assumindo ! como constante, teremos:


Z Z
d"! da
= 3 (1 + !) )
"! a

ln "! = 3 (1 + !) ln a )

3(1+!)
ln "! = ln a +C )

3(1+!)
exp (ln "! ) = exp ln a +C )

exp (ln "! ) = eC exp ln a 3(1+!)


)

"! (a) = eC a 3(1+!)


(6.11)
Sendo "0 a densidade de energia atual onde o fator de escala é 1:

"! (1) = "0 = eC 1 3(1+!)


)

eC = "0 : (6.12)
Inserindo (6.12) em (6.11), vamos encontrar:

3(1+!)
"! (a) = "0 a : (6.13)
De acordo com (5.112), o parâmetro ! para a equação de estado que considera a materia
é nulo. Assim, a densidade de energia será encontrada se inserimos esse resultado em (6.13):

3(1+0) 3
"m (a) = "m0 a = "m0 a )

"m0
"m (a) = : (6.14)
a3

Dessa forma, o parâmetro ! para a equação de estado da radiação é ! = 1=3. A densidade


de energia será:
1
"r (a) = "r0 a 3(1+ 3 ) = "r0 a 4 )

"r0
"r (a) = : (6.15)
a4
Para entender esta diferença entre materia e radiação, vamos pensar que a densidade de
energia de ambas as componentes seja:

" = nE; (6.16)


114 CAPíTULO 6 UNIVERSO COM UMA COMPONENTE

Figura 6.1: Diluição de partículas relativísticas e não-relativísticas na expansão do universo.

onde a grandeza n é a densidade do número de partículas que nada mais é que o número de
partículas dividido por unidade de volume. Então:

no de part{culas
n= :
[V ]
O volume do universo é dado por V = 4
3
R3 a (t)3 = V0 a (t)3 : Então, como V0 é constante,
podemos considerar a relação:

V / a3 ;
e consequentemente
1
n/ : (6.17)
a3
Vamos considerar mais uma vez uma esfera de raio comóvel re que se expande com o uni-
verso (Fig.6.1). Quando o raio próprio se expande num fator de 2, o volume aumenta 8
vezes e a densidade do número ne partículas diminui 8 vezes. A energia das partículas
não-relativísticas (matéria) é composta apenas por sua energia de repouso, E = mc2 , que
permanece constante com a expansão. Sabendo disso, vemos pela Eq.(6.16) que a densidade
de energia da materia não relativística é proporcional à n : Logo:
1
"m / n / : (6.18)
a3

Para a componente relatívistica (radiação), a energia de cada fóton será dada pela
Eq.(1.75):
6.1 EVOLUÇÃO DA DENSIDADE DE ENERGIA 115

hc
E= :

Visto que o comprimento de onda tem dimensão de comprimento, ele se expande com o
universo. Por conveniencia, devemos considerar então

hc
E=; (6.19)
0a

onde 0 é o comprimento de onda atual do fóton. Para sabermos o comportamento da


densidade de energia da radiação, substituiremos (6.19) em (6.16):

hc
"r = n : (6.20)
0a

Temos a relação n / 1=a3 , logo:


1
n = Kp ; (6.21)
a3

onde Kp é uma constante de proporcionalidade qualquer. Inserindo (6.21) em (6.20):

1 hc
" r = Kp )
a3 0 a
hcKp 1
"r = 4
:
0 a
hcKp
Como 0
é um termo constante, é válida a relação:
1
"r /
: (6.22)
a4
Para chegarmos à essa conclusão, tivemos que assumir que o número de fótons do universo
permanece constante com o tempo, o que não é condizente com a realidade. Para nos
convensermos disso, basta imaginarmos que o Sol emite 1045 fótons por segundo. Porém,
podemos considerar o resultado (6.22) como aproximadamente correto, visto que a Radiação
Cósmica de Fundo (RCF), uma consequência do Big Bang, tem um número de fótons muito
maior que o emitido por todos as estrelas em toda a história do universo. Para ver como
isso é verdadeiro, vamos considerar os dados experimentais à respeito da RCF. A densidade
de energia atual da RCF é:

"RCF 0 = 0; 260 M eV m 3 : (6.23)


O parâmetro de densidade atual da RCF pode ser calculado por:
3
"RCF 0 0; 260 M eV m
RCF 0 = = 3
)
"c0 5805 M eV m
"RCF 0
RCF 0 = = 4; 48 10 5 : (6.24)
"c0
116 CAPíTULO 6 UNIVERSO COM UMA COMPONENTE

A densidade de luminosidade das estrelas é:

33
nL 2; 6 10 ! m 3: (6.25)
Vamos assumir que as galáxias estão emitindo luz nessa taxa por todo tempo que o
universo possui, to = H 1 14Gyr 4; 4 1017 s. Assim, a densidade de energia das
estrelas é dada por:

33 3
"est nLt0 2; 6 10 !m 4; 4 1017 s )

15 3
"est 1: 144 10 J m )

"est 0; 007 M eV m 3 : (6.26)


Podemos perceber que a densidade de energia da RCF é pequena comparada com a
densidade crítica, mas é enorme se comparada com a densidade de energia de luz das estrelas.
Esta chega a ser 3% da densidade de energia da RCF.

A Radiação Cósmica de Fundo é uma relíquia do tempo de quando o universo era quente
e denso o su…ciente para deixar os fótons opacos. Se nós extrapolarmos esse tempo , en-
contraremos um universo tão quente e denso que até os neutrinos eram opacos. Como
conseqüência, devemos ter hoje um Fundo Cósmico de Neutrinos, análogo à Radiação Cós-
mica de Fundo. A Radiação Cósmica de Fundo formou-se quando o universo tinha 379.000
anos de idade e o Fundo Cósmico de Neutrinos, quando ele tinha apenas 2 segundos de idade.
A densidade de energia dos neutrinos deveria ser comparável com a energia dos fótons. Um
cálculo detalhado indica que a densidade de energia de cada sabor de neutrino deveria ser
4
7 4 3
"= "RCF 0 0; 227"RCF 0 : (6.27)
8 11
Podemos concluir que neutrinos são relativísticos, pois sua energia é muito maior que
a energia de repouso, E = m c2 . Assim, o parâmetro de densidade para os 3 sabores de
neutrinos será:

= 0; 681 RCF 0 ; (6.28)


desde que todos os neutrinos sejam relativísticos. A energia média de cada neutrino a
aproximadamente igual a energia média de cada fóton.

10 4 eV5
E ; (6.29)
a
para E > m c2 . Se a energia média das partículas de neutrino cair para aproximadamente
E m c2 , eles deixarão de ser considerados radiação e serão considerados materia. É
importante notar que o Fundo Cósmico de Neutrinos ainda não pode ser detectado. A
tecnologia atual só permite a detecção de neutrinos com energia maior que 0; 1 M eV , maior
que os neutrinos do Fundo Cósmico de Neutrinos.
6.1 EVOLUÇÃO DA DENSIDADE DE ENERGIA 117

Se todas as espécies de neutrinos quase não possuem massa atualmente, com m c2


5 10 4 eV , então o parâmetro de densidade para a radiação atual será:

5 5
r0 = RCF + 0 = 5; 0 10 + 3; 4 10 )

r0 = 8; 4 10 5 : (6.30)
Conhecemos a densidade de energia da Radiação Cósmica de Fundo com muito boa
precisão. Podemos calcular o quanto deveria ser a densidade de energia do Fundo Cósmico
de Neutrinos. Infelizmente, não temos muito conhecimento sobre a densidade de energia
total da materia não-relativística e a constante cosmológica. Evidênciais atuais fornecem
um parâmetro de densidade de 0; 3 para a materia não-relativística e 0; 7 para a constante
cosmológica. Assim, quando combinamos em um modelo as propriedades de um universo
real, o chamamos de Modelo de Mercado. Este modelo tem r0 = 8; 4 10 5 para radiação,
m0 = 0; 3 para a matéria não relativística e 0 = 0; 7 para a constante cosmológica.
É importante notar que este modelo considera a curvatura espacial nula, ou seja, espaço
tridimensional plano.
Vamos então organizar os dados que temos até agora. De acordo com a Eq.(6.13) referente
a evolução temporal da densidade de energia de cada componente em função do fator de
escala, ao considerarmos os valores das Eqs.(5.112, 5.114, 5.116) para o parâmetro !, teremos:
8
>
> " (a) = "m0 a 3 ) para ! = 0;
>
< m
"r (a) = "r0 a 4 ) para ! = 1=3; (6.31)
>
>
>
: " (a) = "
0 ) para ! = 1:
O parâmetro de densidade atual de cada componente, considerando o modelo de mercado,
é:
8
>
> = 0; 3 ;
>
< m0

r0 = 0; 7 ; (6.32)
>
>
>
: 5
0 = 8; 4 10 :
A razão entre parâmetro de densidade da constante cosmológica e a o parâmetro de
densidade da materia não-relativística é:

" 0 " 0 1="c0 " 0 ="c0


= = :
"m0 "m0 1="c0 "m0 ="c0
Considerando a Eq.(5.28):

" 0 " 0 ="c0 0


= = )
"m0 "m0 ="c0 m0

" 0 0 0; 7
= = )
"m0 m0 0; 3
118 CAPíTULO 6 UNIVERSO COM UMA COMPONENTE

" 0
2; 3: (6.33)
"m0
Na linguagem dos cosmólogos, a constante cosmológica "domina"sobre a materia. No
passado, porém, quando o fator de escala era menor. Utilizando as Eqs.(6.31), a razão entre
as densidades é:

" (a) " 0


= )
"m (a) "m0 =a3

" (a) " 0 3


= a 2; 3 a3 (6.34)
"m (a) "m0
Se o universo se expandiu desde um estado de extrema densidade, em algum momento
no passado, os parâmetros de densidade da constante cosmológica e da materia foram iguais.
Assim, nesse momento, a razão " (a) ="m (a) foi 1. Para encontrarmos o fator de escala
desse momento, usamos as Eq.(6.34):

" (a) " 0 3 0


= a = a3 )
"m (a) "m0 m0
r
3 m0
am = 0; 76: (6.35)
0

A razão entre a densidade de energia da materia sobre o densidade de energia da radiação


é:

"m0 m0 0; 3
= = 5
)
"r0 r0 8; 4 10
"m0
= 3571: (6.36)
"r0
Isto vale supondo que os três sabores de neutrino são relativísticos. Caso algum deles não
seja, esse valor será ainda mais elevado. No passado, houve um momento onde "m (a) e "r (a)
eram iguais. Utilizando as Eqs.(6.31), teremos:
3
"m (a) "m0 a "m0
= 4
= a = 1:
"r (a) "r0 a "r0
De acordo com (6.36):

"m (a)
= 3571a = 1 )
"r (a)
1
a= )
3571

4
a = 2; 8 10 (6.37)
6.1 EVOLUÇÃO DA DENSIDADE DE ENERGIA 119

Para generalizar, se o universo tem diferentes componentes e diferentes valores de !; a


Eq.(6.13), indica que no limite de a ! 0, a componente com maior valor de ! domina. Se
o universo se expande para sempre, a componente com menor valor de ! domina no limite
de a ! 1. As evidências indicam que a radiação (! = 1=3) dominou nos primeiros estágios
do universo primordial. Logo após, a componente dominante foi a matéria (! = 0). Se
as evidências estiverem corretas, e nós vivemos em um universo descrito pelo Modelo de
Mercado, estamos vivendo em um universo em que à pouco tempo está sendo dominado pela
constante cosmológica (! = 1).
Em um universo que se expande continuamente, o fator de escala varia com o tempo,
ou seja a (t). Dessa forma, podemos usar o fator de escala no lugar do tempo cósmico. Por
exemplo, vamos nos referir ao momento onde a = 2; 8 10 4 como sendo um momento unico
na história do universo. A Eq.(4.149) fornece uma simples relação entre fator de escala e
redshift:
1
:
a= (6.38)
1+z
Os cosmologos utilizam o redshift no lugar do tempo cósmico por conta disso. Eles fazer
a…rmações do tipo: "A equivalência entre materia e radiação ocorreu em um redshift de
zrm 3600". Isto é, a luz que era emitida no momento onde a equivalência entre materia e
radiação acontecia é observado com o comprimento de onda alterado por um fator de 3600.
Um dos principais fatores pelo qual os cosmólogos utilizam o fator de escala e o redshift no
lugar do tempo cósmico é que a conversão destas para o tempo cósmico t não é tão simples
quando consideramos o universo com múltiplas componentes.
A densidade de energia do universo é a soma das densidades de energia de todas as
componentes. Assim, a Equação de Friedmann pode ser escrita da seguinte forma:

8 GX
2
2 a_ 3(1+!) kc2
H = = "!0 a )
a 3c2 ! R 2 a2
!
8 GX kc2
a_ 2 = a2 "!0 a 3(1+!)
)
3c2 ! R 2 a2
8 GX kc2
a_ 2 = "!0 a2 a 3(1+!)
a2 )
3c2 ! R 2 a2

2 8 GX kc2
a_ = 2
"!0 a2 3(1+!)
)
3c ! R2
8 GX kc2
a_ 2 = "!0 a (1+3!)
(6.39)
3c2 ! R2
Cada termo do membro direito da Eq.(6.39) tem uma diferente dependência do fator
de escala. A radiação contribui com um termo / a 2 , a materia com um termo / a 1 ; a
curvatura com um independente de a e a constante cosmológica contribui com um termo
/ a2 . Resolvendo a Eq.(6.39), não encontramos um solução analitica simples para a (t). No
entanto, considerando modelos de universo simpli…cados com componentes isoladas, teremos
importantes percepções sobre a física da evolução do universo.
120 CAPíTULO 6 UNIVERSO COM UMA COMPONENTE

6.2 Universo com Curvatura


Em um universo vazio, sem radiação, materia e costante cosmológica, a equação de Fried-
mann assume a forma:

kc2
a_ 2 = )
R2
cp
a_ = k: (6.40)
R
As únicas soluções seriam um universo plano estático (k = 0; a_ = 0) e um universo com
cuvatura negativa. Desconsideramos um universo positivamente curvado, pois uma constante
de curvatura positiva na Eq.(6.40) iria proporcionar um número complexo. Substituímos
então k = 1 na equação. Assim:
c
a_ = : (6.41)
R
Em um universo em expansão, esperamos que a velocidade da mudança do raio seja
positiva (a_ > 0). Então, para um universo vazio com curvatura negativa, temos a_ = c=R. O
fator de escala atual então pode ser descrito como:

_ 0)
a0 = at

c
a0 = t0 :
R
Como a0 = 1; podemos veri…car que:
1 c
= : (6.42)
t0 R
Vamos econtrar uma expressão para a (t) : Reescrevendo a Eq.(6.41) em termos diferen-
ciais, com o sinal negativo e considerando a Eq.(6.42):

da c 1
= = : (6.43)
dt R t0
Vamos agora resolver esta equação difrencial:
1
da = dt )
t0
Z Z
1
da = dt )
t0
1
a (t) = t + C1 : (6.44)
t0
Como valor inicial, temos que o universo iniciou sua expansão com o Rp = 0. Logo, a (0) = 0.
Então
6.2 UNIVERSO COM CURVATURA 121

1
a (0) = 0 + C1 = 0 )
t0

C1 = 0:
A Eq.(6.44) assume a forma:
t
a (t) = ; (6.45)
t0
que pode ser visualizada em verde na Fig.6.2.
Esse modelo é conhecido como o Universo de Milne. Em termos Newtonianos, se não
existe força gravitacional, a velocidade de afastamento entre dois pontos não diminui. Se
não existe também a constante cosmológica, a velocidade de afastamento entre os mesmos
dois pontos não aumenta. Podemos então concluir que no universo de Milne, a velocidade de
expansão é constante. Assim, a idade atual do universo é exatamente a mesma que o tempo
de Hubble.
t 1
t0 = = ) (6.46)
a H0
t 1
t0 = = )
a a_ 0 =a0
t0 a0
= )
a0 a_ 0
1
t0 = ;
a_ 0
Substituindo a Eq.(6.41), teremos;

R
t0 = ; (6.47)
c
tal como em onde (6.43).
Um universo vazio em expansão pode não parecer nada além de uma curiosidade matemática.
Porém se o universo tem uma densidade de energia " que é muito menor que a densidade
crítica "c (então teremos 1), o comportamento linear do fator de escala, dado pela
Eq.(6.45) é uma boa aproximação do comportamento real do fator de escala em função do
tempo.
Suponha um universo em expansão com o parâmetro de densidade desprezível, sendo
plausível a aproximação de um universo vazio curvado negativamente, com o tempo atual
dado por t0 = R=c: Você observa uma fonte luminosa, como uma galáxia, que tem um
redshift z. O feixe de luz que você observa agora em t = t0 , foi emitido em um tempo
passado t = te . De acordo com a Eq.(4.149), se considerarmos o tempo te temos:
1
1+z = : (6.48)
a (te )
122 CAPíTULO 6 UNIVERSO COM UMA COMPONENTE

Para um universo vazio, temos a Eq.(6.45) que fornece o fator de escala em função do
tempo. Substituindo-a em (6.48), teremos:
t0
1+z = : (6.49)
te
Se isolarmos te em (6.49) e também considerar a Eq.(6.46), teremos:
t0 1
te = = : (6.50)
1+z H0 (1 + z)
Quando observamos um feixe de luz proveniente de uma galáxia, devemos nos questionar
não só sobre o seu tempo de emissão, mas também a sua distância. A Eq.(4.132) nos da a
distância própria como:
Z r
dp (t0 ) = a (t0 ) dr )
0
Z r Z r
dp (t0 ) = a0 dr = dr )
0 0

dp (t0 ) = r: (6.51)
Se a luz foi emitida pela galáxia no tempo te e observada em t0 ; a geodésica nula seguida
pela luz satisfaz a Eq.(4.146):
Z t0 Z r
dt
c = dr = r: (6.52)
te a (t) 0

Considerando as Eqs.(6.51,6.52), encontraremos:


Z t0
dt
dp (t0 ) = c : (6.53)
te a (t)

Como estamos considerando especi…camente o caso em que o universo é vazio e de cur-


vatura negativa, onde a (te ) = t=t0 , então:
Z t0
dt
dp (t0 ) = ct0 )
te t

dp (t0 ) = ct0 ln tjtt0e = ct0 [ln t0 ln te ] )

t0
dp (t0 ) = ct0 ln : (6.54)
te
De acordo com a Eq.(6.49), podemos escrever (6.54) da seguinte forma:

dp (t0 ) = ct0 ln jz + 1j : (6.55)


Ou então, podemos também escreve-lá substituindo t0 por 1=H0 :
6.2 UNIVERSO COM CURVATURA 123

c
dp (t0 ) = ln jz + 1j : (6.56)
H0
Em um universo vazio em expansão, podemos ver objetos que estão atualmente muito
distantes. Porém, à distância maiores que c=H0 ; o redshift cresce exponencialmente com
a distância. À primeira vista, pode parecer contra-intuitivo que você possa ver uma fonte
luminosa à distâncias maiores que c=H0 ; quando temos que a idade do universo é dada
por t0 = 1=H0 :

1
d> c)
H0

d > t0 c: (???) :
Devemos lembrar que dp (t0 ) é a distância própria no tempo de observação. No tempo de
emissão, a distância própria dp (te ) era menor. Temos que a distância própria é:

dp (t) = a (t) dc :
Ao isolarmos a distância comóvel (que é constante), teremos:

dp (t)
dc = :
a (t)
Isso signi…ca que o quociente entre a distância própria e o fator de escala, ambos em função
do tempo, é constante para todo o tempo cósmico. Torna-se válida então a expressão:

dp (te ) dp (t0 )
= )
a (te ) a (t0 )

dp (te ) dp (t0 )
= = dp (t0 ) )
a (te ) a0

dp (te ) = dp (t0 ) a (te ) ; (6.57)


visto que a0 = 1.
1
De acordo com a Eq.(6.48), teremos então que a (te ) = 1+z
: Podemos reescrever (6:57)
como:

dp (t0 )
dp (te ) = (6.58)
1+z
A distâcia própria pode ser encontrada pela Eq.(6.56). Substituindo-a em (6.58), encon-
traremos:

c ln jz + 1j
dp (te ) = (6.59)
H0 1 + z
124 CAPíTULO 6 UNIVERSO COM UMA COMPONENTE

Figura 6.2: Fator de escala em função do tempo para diferentes modelos de universos com uma
componente.

6.3 Universos Espacialmente Planos


Na seção anterior, para simpli…car a equação de Friedmann, consideramos a densidade de
energia " como sendo nula. Um outro modo de simpli…car é se assumimos que o universo é
plano. Assim, a Equação de Friedmann (6.39) assume a forma:

8 GX
a_ 2 = "!0 a (1+3!)
: (6.60)
3c2 !
Para modelos de universos com uma única componente, teremos:

8 G"0 (1+3!)
a_ 2 = a : (6.61)
3c2
Vamos reorganiza-la da seguinte forma:
r
8 G"0 (1+3!)
a_ = a 2 : (6.62)
3c2
E depois utilizar a notação de Leibniz para taxa de variação do fator de escala em relação
ao tempo:
r
da 8 G"0 (1+3!)
= a 2 : (6.63)
dt 3c2
Vamos resolver essa equação diferencial separável:
r
(1+3!) 8 G"0
a 2 da = dt )
3c2
6.3 UNIVERSOS ESPACIALMENTE PLANOS 125

Z r Z
(1+3!) 8 G"0
a 2da = dt )
3c2
r
1 (1+3!) 8 G"0
(1+3!)
a 2 +1 = t+C )
+ 1 3c2
2
r
2 3(1+!) 8 G"0
a 2 = t + C: (6.64)
3 (1 + !) 3c2
Vamos aplicar a condição de Big-Bang, ou seja, no tempo zero, o fator de escala era zero
(a (0) = 0). Então:
r
2 3(1+!) 8 G"0
0 2 = 0+C )
3 (1 + !) 3c2

C = 0: (6.65)
Com esse resultado, a Eq.(6.64) …cará:
r
2 3(1+!) 8 G"0
a 2 = t)
3 (1 + !) 3c2
r
3(1+!) 3 (1 + !) 8 G"0
a 2 = t)
2 3c2
r
3(1+!) 32 8 G"0
a 2 = (1 + !) t)
22 3c2
r
3(1+!) 3 2 G"0
a 2 = (1 + !) t)
1 c2
r
3(1+!) 6 G"0
a 2 = (1 + !) t)
c2
" r # 3(1+!)
2

6 G"0
a (t) = (1 + !) t : (6.66)
c2

A …m de simpli…carmos mais um pouco, vamos utilizar a de…nição de que:

a0 a (t0 ) 1: (6.67)

Inserindo essa de…nição em (6.66) teremos:


" r # 3(1+!)
2

6 G"0
a (t0 ) = (1 + !) t0 = 1:
c2
126 CAPíTULO 6 UNIVERSO COM UMA COMPONENTE

Vamos passar o expoente da expressão do lado esquerdo para o lado direito, com sinal inverso:
r
6 G"0 2
(1 + !) t0 = 1 3(1+!) :
c2
Como o número 1 elevado a qualquer expoente é ele próprio, teremos:
r
6 G"0
(1 + !) t0 = 1:
c2
Logo,
r
6 G"0 1
(1 + !) 2
= : (6.68)
c t0
Substituindo (6.68) em (6.66), vamos obter:
2
t 3(1+!)
a (t) = t0
: (6.69)

É válido lembrar que, pela Eq.(6.68), teremos que


1 1
t0 = q = p
(1 + !) 6 cG" 2
0 (1 + !) 6pcG"2
0
)
p p
c2 1 c2
t0 = p = p )
(1 + !) 6 G"0 (1 + !) 6 G"0
s
1 c2
t0 = : (6.70)
(1 + !) 6 G"0
Como o parâmetro de Hubble é de…nido como:
a_
H (t) = ; (6.71)
a

vamos inserir a Eq.(6.62)


q
8 G"0 (1+3!) r
3c2
a 2
8 G"0 (1+3!) 1
H (t) = = a 2 a )
a 3c2
r r
8 G"0 (1+3!) 2 8 G"0 3(1+!)
H (t) = a 2 = a 2 )
3c2 3c2
r
8 G"0 3(1+!)
H (t) = a 2 : (6.72)
3c2
q
8 G"0
Vamos, retrabalhar a Eq.(6.70), de modo que nela apareça o termo 3c2
: Então:
6.3 UNIVERSOS ESPACIALMENTE PLANOS 127

s s
1 c2 1 c2
t0 = = )
(1 + !) 6 G"0 (1 + !) 2:3: G"0
s s
1 3c 2 1 22 :3c2
t0 = = )
(1 + !) 2:32 : G"0 (1 + !) 23 :32 : G"0
s s
1 22 3c2 1 22 3c2
t0 = = )
(1 + !) 32 23 G"0 (1 + !) 32 8 G"0
s s
1 2 3c 2 2 3c2
t0 = = )
(1 + !) 3 8 G"0 3 (1 + !) 8 G"0
r
8 G"0 2 1
2
= (6.73)
3c 3 (1 + !) t0

Vamos substituir (6.73) em (6.72):


2 1 3(1+!)
H (t) = a 2 : (6.74)
3 (1 + !) t0

Considerando que no tempo atual t0 ; o fator de escala é a0 = 1. Então, a constante de


Hubble pode ser calculada como:
2 1 3(1+!)
H0 = H (t0 ) = a 2 )
3 (1 + !) t0 0
2 1 3(1+!)
H0 = 1 2 )
3 (1 + !) t0
2 1
H0 = ) (6.75)
3 (1 + !) t0
2 1
t0 = 3(1+!) H0
: (6.76)

Organizando os dados que deduzimos, teremos:


8 2
< a (t) = t 3(1+!) ;
t0
(6.77)
:
t0 = 3(1+!) H10 :
2

Essas funções carregam uma característica em comum. Se …xarmos as outras variáveis,


deixando apenas o parâmetro !, teremos que são descontínuas quando ! = 1 e o domínio
dessas funções é dado por:

D = f! 2 R j ! 6= 1g :
128 CAPíTULO 6 UNIVERSO COM UMA COMPONENTE

Logo, (6.77) é valido para ! 6= 1, ou seja, radiação e matéria sem considerar componentes
exóticas desconhecidas.
Ja foi vimos a seguinte relação
1
1+z =
a (te )
que ao consierarmos (6.77), vamos obter
2
t0 3(1+!)
1+z = :
te
O tempo de emissão será dado por:
3(1+!) t0
(1 + z) 2 = )
te
t0
te = 3(1+!)
: (6.78)
(1 + z) 2

Inserindo a segunda equação de (6.77) em (6.78), teremos:


2 1 1
te = : (6.79)
3 (1 + !) H0 (1 + z) 3(1+!)
2

A distância própria atual até a fonte de luz será:


Z t0 Z t0
dt dt
dp (t0 ) = c =c 2 )
te a (t) te t 3(1+!)
t0

Z 2 " #
t0 2
t 3(1+!)
3(1+!) 1 1 2 t0
dp (t0 ) = c dt = ct0 2 t 3(1+!) )
te t0 1 3(1+!)
te

2 t0
3(1+!) 3 (1 + !) (1+3!)
dp (t0 ) = ct0 t 3(1+!) )
(1 + 3!) te

(1+3!) (1+3!) (1+3!)


3 (1 + !) 3(1+!) 3(1+!) 3(1+!)
dp (t0 ) = c t0 t0 t0 te )
(1 + 3!)
" (1+3!) #
3 (1 + !) te 3(1+!)
dp (t0 ) = ct0 1 (6.80)
(1 + 3!) t0
Se o intuito for representar a distância própria em termos de H0 e z, deve-se fazer o
seguinte. Primeiro, isolar 3 (1 + !) t0 em (6.76):
2 1
H0 = )
3 (1 + !) t0
2
3 (1 + !) t0 = ; (6.81)
H0
6.3 UNIVERSOS ESPACIALMENTE PLANOS 129

e inserir em (6.80):
" (1+3!) #
2 te 3(1+!)
dp (t0 ) = c 1 (6.82)
H0 (1 + 3!) t0

De acordo com a Eq.(4.149):

1
1+z = : (6.83)
a(te )
Aplicando (6.77) em (6.83):

1
1+z = 2 )
t 3(1+!)
t0

1
te 3(1+!) 1
= (1 + z) 2 : (6.84)
t0
Inserindo (6.84) em (6.82):

2 h (1+3!)
i
dp (t0 ) = c 1 (1 + z) 2 (6.85)
H0 (1 + 3!)
O objeto mais distante que pode ser visto foi emitido no tempo t = 0. A distância
própria no tempo de observação para esse objeto é denominada distância de horizonte. Em
um universo descrito pela métrica de Robertson-Walker, temos:
Z t0
dt
dhor (t) = c : (6.86)
0 a (t)
Ou seja, nesse caso, vamos calcular o limite de te ! 0 em (6.80) e (6.82) para obtermos:

3 (1 + !) c 2
dhor (t) = ct0 = : (6.87)
(1 + 3!) H0 (1 + 3!)
Em universos onde ! > 1=3, um observador só pode ver uma porção do universo. Isso
é denominado universo observável. Caso contrário, a distância de horizonte é in…nita e ele
pode observar todo ponto do espaço, supondo ser o universo transparente.

6.3.1 Universo com Materia


Vamos nos focar em exemplos especí…cos de universos. Para materia, temos ! = 0. Com
essa consideração, a segunda Eq.(6.77), que expressa a idade do universo será

2 1
t0 = :
3 H0
Logo, o fator de escala é expressado por
130 CAPíTULO 6 UNIVERSO COM UMA COMPONENTE

2
t 3
a (t) = ; (6.88)
t0
que pode ser observado em vermelho na Fig.6.2.
Inserindo ! = 0 nas Eqs.(6.80, 6.85), vamos encontrar

" #
3 (1 + 0) te
(1+3 0)
3(1+0) 2 h (1+3 0)
i
dp (t0 ) = ct0 1 = c 1 (1 + z) 2 )
(1 + 3 0) t0 H0 (1 + 3 0)
" 1
#
te 3 2c 1
dp (t0 ) = 3ct0 1 = 1 p ; (6.89)
t0 H0 1+z

6.3.2 Universo com Radiação


O universo plano composto somente por radiação é de grande interesse aos cosmólogos, pois
se sabe que houve um período do universo primordial em que a radiação dominou. Por isso,
enquanto as densidades de energia da constante cosmológica e da materia permaneceram
baixas o su…ciente, o universo se comportou como se fosse composto apenas por radiação.
Já sabemos que o parâmetro da equação de estado para radiação é ! = 1=3. Inserindo isso
nas Eqs.(6.77), vamos encontrar
8 1
< a (t) = t 2
;
t0
(6.90)
: 1 1
H0 = 2 t0
:
O comportamento do fator de escala na na primeira equação de (6.90) está ilustrado em azul
na Fig.6.2.
A distância de horizonte no universo com radiação é encontrado ao substituir ! = 1=3
em (6.87):
c
dhor (t) = 2ct0 = : (6.91)
H0
Para esse caso em especial a distância de horizonte é exatamente igual à distância de
Hubble.
A distância própria é dada pelas Eqs.(6.80, 6.85)

2 3
(1+3 31 ) " #
3 1+ 1
6 te 3) 7
3(1+ 1 2 (1+3 13 )
3
dp (t0 ) = 1
ct0 41 5= 1
c 1 (1 + z) 2 )
1+3 3
t0 H0 1+3 3

" 1
#
te 2 c 1
dp (t0 ) = 2ct0 1 = 1 : (6.92)
t0 H0 1+z
6.3 UNIVERSOS ESPACIALMENTE PLANOS 131

Tal como com o universo plano composto pela materia, a distância propria no tempo de
emissão dp (te ) será dp (te ) dividida por (1 + z) :

dp (te ) c 1
dp (te ) = = 1 )
1+z (1 + z) H0 1+z

c 1+z 1 c z
dp (te ) = = )
(1 + z) H0 1+z (1 + z) H0 1 + z
c z
dp (te ) = : (6.93)
H0 (1 + z)2
Nesse modelo de universo, a distância própria no tempo de emissão tem um máximo
quando z = 1, onde dp (te ) = 4Hc 0 :

6.3.3 Universo com Constante Cosmológica

Vamos terminar considerando o universo como composto somente pela constante cosmologica
- . Aqui temos ! = 1. Como ! < 1=3, não podemos usar as equações que vinhamos
utilizando. Ao invés disso, vamos reconsiderar a equação de Friedmann para universos planos
- (6.61)
r
8 G"0 (1+3!)
a_ = a 2 :
3c2
Quando ! = 1, temos:
r
da 8 G"0 (1 3)
a_ = = a 2 )
dt 3c2
r r
da 8 G"0 ( 2) 8 G"0 2
= a 2 = a2 )
dt 3c2 3c2
r
da 8 G"0
= a (6.94)
dt 3c2
Resolvendo essa equação diferencial:
r
8 G"0
a da = dt )
3c2
Z r Z
8 G"0
a da = dt )
3c2
r
8 G"0
ln a = t+C )
3c2
132 CAPíTULO 6 UNIVERSO COM UMA COMPONENTE

r !
8 G"0
exp(ln a) = exp t+C )
3c2
r !
8 G"0
a (t) = C2 exp t (6.95)
3c2

Para encontrar a constante C2 , faremos a (t0 ) = 1 :


r !
8 G"0
a (t0 ) = C2 exp t0 =1)
3c2

1
C2 = q )
8 G"0
exp 3c2 0
t
r !
8 G"0
C2 = exp t0 (6.96)
3c2

Inserindo (6.96) em (6.95):


r ! r !
8 G"0 8 G"0
a (t) = exp t0 exp t )
3c2 3c2
r r !
8 G"0 8 G"0
a (t) = exp 2
t t0 )
3c 3c2
"r #
8 G"0
a (t) = exp (t t0 ) : (6.97)
3c2
Podemos observar esse comportamento na função roxa da Fig.6.2.
De acordo com as Eqs(6.94,6.97), o parâmetro de Hubble é dado por:
q
8 G"0
a_ 3c2
a
H (t) = = )
a a
r
8 G"0
H (t) = H0 = : (6.98)
3c2
Ou seja, o parâmetro de Hubble é constante com o tempo. Substituindo (6.98) em (6.97),
teremos:

a (t) = exp [H0 (t t0 )] )

a (t) = eH0 (t t0 )
: (6.99)
6.3 UNIVERSOS ESPACIALMENTE PLANOS 133

Portanto, universos planos dominados pela constante cosmologica crescem exponencial-


mente. Podemos encontrar a expressão para distância própria inserindo ! = 1 na Eq.(
6.85)
2 h (1+3 ( 1))
i
dp (t0 ) = c 1 (1 + z) 2 )
H0 (1 + 3 1)
2 h ( 2)
i
dp (t0 ) = c 1 (1 + z) 2 )
H0 ( 2)
c c
dp (t0 ) = [1 (1 + z)] = [(1 + z) 1] )
H0 H0
cz
:
dp (t0 ) = (6.100)
H0
E a distancia propria do tempo de emissão será:

dp (t0 ) c z
dp (te ) = = : (6.101)
1+z H0 (1 + z)
Capítulo 7

Universo com Múltiplas Componentes

Em geral, a equação de Friedmann pode ser escrita da seguinte forma:

8 G kc2
H (t)2 = " (t) (7.1)
3c2 R 2 a2
em que H (t) = a=a,
_ e " é a densidade de energia de todas as componentes. A equação (5.31)
nos fornece a relação

k H02
= ( 0 1) : (7.2)
R2 c2
Com (7.2) em (7.1), podemos reescrever a equação de Friedmann da seguinte forma

8 G H02
H (t)2 = " (t) ( 0 1) : (7.3)
3c2 a2
Dividindo por H02 ; teremos

H (t)2 8 G 1
2
= 2 2
" (t) + 2 (1 0) : (7.4)
H0 3H0 c a
De…nindo a densidade de energia critica atual como sendo

3H02 c2
"c0 ; (7.5)
8 G
teremos

H (t)2 " (t) 1


2
= + 2 (1 0) : (7.6)
H0 "c0 a
Sabemos que nosso universo possui materia, cujo qual, sua densidade de energia "m tem
a dependencia "m = "m0 a 3 . Possui tembém radiação que contribui com uma densidade
de energia "r = "r0 a 4 . Existem também evidências de consideraveis contribuições para
densidade de energia da constante cosmologica com " = " 0 constante.
Apesar de não se conhecer outras componentes, não se pode dizer que elas não exis-
tem. Atualmente, os cosmólogos estudam as propriedades de uma uma componente teórica

135
136 CAPíTULO 7 UNIVERSO COM MÚLTIPLAS COMPONENTES

chamada "quintessencia", que tem o parâmetro da equação de estado 1 < ! < 1=3.
Porém, vamos considerar nessa sessão somente aquelas três componentes que são conheci-
das.
Assim, temos:

3 4
" (t) = "m + "r + " = "m0 a + "r0 a +" 0 (7.7)
Inserindo (7.7) em (7.6):

H (t)2 ("m0 a 3
+ "r0 a 4
+ " 0) 1
2
= + (1 0) )
H0 "c0 a2

H (t)2 "m0 a 3
"r0 a 4
" 0 1
2
= + + + 2 (1 0) )
H0 "c0 "c0 "c0 a

H (t)2 m0 r0 1
2
= 3 + 4 + 0 + (1 0) ; (7.8)
H0 a a a2
" 0
onde m0 = ""m0c0
; r0 = ""r0
c0
, 0 = "c0 e 0 = m0 + r0 + 0 : No capitulo anterior, foi
introduzido o conceito de Modelo de Mercado que engloba as propriedades do universo real.
Esse modelo tem 0 = 1; que indica um universo espacialmente plano.
Sabendo que H = a=a,
_ podemos reescrever (7.8) como
2
a_ 1 m0 r0 1
2
= 3 + 4 + 0 + (1 0) ; (7.9)
a H0 a a a2
e em seguida vamos multiplicar por a2 :

a_ 2 m0 r0
2
= + 2 + a2 0 + (1 0) )
H0 a a
r
1 da m0 r0
= + 2 + a2 0 + (1 0) )
H0 dt a a
da
H0 dt = q )
m0
a
+ r0
a2
+ a2 0 + (1 0)
Z
da
H0 t = q : (7.10)
m0
a
+ r0
a2
+ a2 0 + (1 0)

Essa não é uma integral fácil de se resolver. Na maioria dos casos, não terá uma solução
analítica. Porém, conhecendo os valores dos parâmetros de densidade, é possível a integração
numérica.
Em algumas circunstâncias, a integral em (7.10) tem uma solução analitica aproximada.
Por exemplo, na seção anterior foi visto que em um universo com radiação, matéria, constante
cosmológica e curvatura, o termo comradiação dominou a expansão nos primeiros estágios do
universo. Nesse limite, a Eq.(7.10) pode ser simpli…cada desprezando os termos com outras
componentes:
7.1 UNIVERSO COM MATÉRIA E CURVATURA 137

Z
da
H0 t q ) (7.11)
r0
a2
Z
ada
H0 t p )
r0

1
H0 t p a2 )
2 r0

p 1
2
a 2 r0 H0 t (7.12)

No limite de r0 ! 1 temos exatamente a expressão para universo plano somente com


radiação. Se o universo se expande in…nitamente, então no limite a ! 1 o termo da
constante cosmologica ira dominar a expansão.
No entanto, durante algumas épocas do universo, duas componentes contribuiam na
expansão com densidades de energia comparáveis. Nesse caso, não se é possível desprezar a
existência de nenhuma delas. A solução é se trabalhar com um modelo de duas componentes.

7.1 Universo com Matéria e Curvatura


O primeiro modelo de universo que vamos analizar é de grande interesse histórico para
a cosmologia. Depois que Einstein descartou a constante cosmologica e bem antes dos
astrônomos terem uma ideia dos valores de 0 , foi considerado a possibilidade do universo
não ser plano, com a maior parte da densidade de energia vinda da materia.
Nesse modelo, como a maior parte é formada pela materia, com ! = 0, o universo é
descrito sem pressão e uma constante (k) de curvatura não nula. Retomando a Eq.(7.8),
vamos desprezar os termos de radiação e ; e também assumir que toda a densidade de
energia do universo é referente a materia ( 0 = m0 ). Assim,

H (t)2 0 1
2
= 3 + 2 (1 0) : (7.13)
H0 a a
Se este univeso está atualmente em expansão (H0 > 0), é possível prever se ele nunca
deixará de expandir ?
Supondo que que ele expanda até alcançar um tamanho máximo (amax ) e pare de se
expandir, ou seja H (t) = 0. Aplicando essa restrição em (7.13), obtemos:

0 1
0= 3
+ (1 0) )
amax a2max

0
= (1 0) )
amax

0
amax = : (7.14)
0 1
138 CAPíTULO 7 UNIVERSO COM MÚLTIPLAS COMPONENTES

Em um universo com materia e curvatura positiva, temos um colapso ( denominado


Big-Crunch). Note que pela Eq.(7.13) o parâmetro de Hubble entra somente com H (t)2 :
Então, após a fase de expansão, o universo alcança o seu tamanho máximo e se contrai à
singularidade em um tempo que é exatamente reverso ao da fase de expansão. O universo
com essa con…guração terá um tempo limite, tcrunch .
Se o universo com materia possui curvatura negativa ( 0 < 1 e k = 1), todos os termos
do membro direito de (7.13) são positivos. Então ele expande para sempre. Analizando
a Eq.(7.13), observa-se que quando o fator de escala for pequeno, o termo da componente
materia irá dominar. Porém quando a for grande, o termo da curvatura dominará.
Nesse modelo contendo somente materia, o fator de escala pode ser calculado explicita-
mente. Vamos reescrever (7.13) na forma
2
2 0 1 1 da
H (t) = H02 3
+ 2 (1 0) = 2 )
a a a dt
2
da 0 1 0
= H02 a2 + (1 0) = H02 +1 0 )
dt a3 a2 a
s
da 0
= H0 +1 0 )
dt a
Z a
da
H0 t = q : (7.15)
0
a
0
+1 0

Para esse modelo com 0 > 1, a solução encontrada é paramétrica na forma de uma
cicloide . Vamos fazer a parametrização

1 0
a( ) = (1 cos ) (7.16)
2 0 1
onde o parâmetro varia de 0 até 2 . Em seguida, derivar (7.16):

da 1 0
= sen )
d 2 0 1
1 0
da = sen d ; (7.17)
2 0 1
e por …m substituir as Eqs.(7.16, 7.17) em (7.15):
Z 1
2
0
1
sen d
H0 t = s 0
)
1 0
0
+1 0
2 1
(1 cos )
0

Z
1 0 sen d
H0 t = rh i)
2 0 1 2( 0 1)
(1 cos )
+1 0
7.1 UNIVERSO COM MATÉRIA E CURVATURA 139

Z Z
1 0 sen d 1 0 sen d
H0 t = rh i=2 r h i)
2 0 1 2( 0 1) 0 1 2
(1 cos )
( 0 1) ( 0 1) (1 cos )
1

Z
1 0 sen d
H0 t = p rh i)
2( 0 1) ( 0 1) (2 1+cos )
(1 cos )

Z s
1 0 (1 cos )
H0 t = 3 sen d )
2( 0 1) 2 (1 + cos )
Z s
1 0 sen2 (1 cos )
H0 t = 3 d )
2( 0 1) 2 (1 + cos )

Aqui, usaremos a identidade sen2 = 1 cos2 = (1 cos )(1 + cos ) :


Z s
1 0 (1 cos )(1 + cos ) (1 cos )
H0 t = 3 d )
2 ( 0 1) 2 (1 + cos )
Z p
1 0
H0 t = (1 cos ) (1 cos )d )
2 ( 0 1) 23
Z
1 0
H0 t = (1 cos ) d )
2 ( 0 1) 23

1 0
t( ) = 3 ( sen ) : (7.18)
2H0 ( 0 1) 2
Com as Eqs.(7.16, 7.18) pode-se plotar o grá…co a (t), que se encontra na Fig.7.1
Como disse anteriormente, o parametro é nulo no Big-Bang e assume o valor de 2 no
Big-Crunch (colapso). Para sabermos o tempo decorrente desse ciclo, devemos impor esses
limites ao resultado da integração (7.18):

1 0
t (2 ) = tcrunch = 3 ( sen )j20 )
2H0 ( 0 1) 2

1 0
tcrunch = 3 (2 sen2 0 + sen0) )
2H0 ( 0 1) 2
1 0
tcrunch = 3 (2 ) )
2H0 ( 0 1) 2
0
tcrunch = 3 (7.19)
H0 ( 0 1) 2
140 CAPíTULO 7 UNIVERSO COM MÚLTIPLAS COMPONENTES

Figura 7.1: Grá…co do fator de escala em função do tempo cósmico para universos com materia e
curvatura positiva. Foi utlizado 0 = 1:1:

Tal como foi dito do capítulo passado, para universos planos, onde 0 = 1, temos um
fator de escala que mantém o comportamento
2
t 3
a= ;
t0
que pode ser visualizado na Fig.7.2.
Porém, para universos com 0 < 1, temos que integrar a Eq.(7.15) com a utilização de
parâmetros. A parametrização necessária para esse caso será

1 0
a( ) = (cosh 1) ; (7.20)
2 (1 0)

com os valores de variando de zero até o in…nito.


Vamos encontrar a expressão para um elemento in…nitesimal de a ( ) :

da 1 0
= senh )
d 2 (1 0)

1 0
da = senh d ; (7.21)
2 (1 0)
7.1 UNIVERSO COM MATÉRIA E CURVATURA 141

Figura 7.2: Grá…co do fator de escala em função do tempo para espaço-tempo plano.

e substituir as Eqs.(7.20, 7.21) em (7.15)


Z
1 0 senh d
H0 t = s )
2 (1 0)
1 0
0
+1 0
2 (1
(cosh 1)
0)

Z
1 0 senh d
H0 t = rh i)
2 (1 0) 2(1 0)
(cos 1)
+1 0

Z
1 0 senh d
H0 t = r h i)
2 (1 0) 2
(1 0 ) (cosh 1)
+1
Z
1 0 senh d
H0 t = 3 rh i)
2 (1 0)
2 2 1+cosh
(cosh 1)

Z
1 0 senh d
H0 t = 3 rh i)
2 (1 0)
2 (1+cosh )
(cosh 1)
142 CAPíTULO 7 UNIVERSO COM MÚLTIPLAS COMPONENTES

Z s
1 0 (cosh 1)
H0 t = 3 senh d )
2 (1 0 )2 (1 + cosh )
Z s
1 0 senh2 (cosh 1)
H0 t = 3 d
2 (1 0 ) 2 (1 + cosh )

Mais uma vez, utilizaremos a identidade senh2 = cosh2 1 = (cos 1) (cos + 1) :


Z s
1 0 (cos 1) (cos + 1) (cos 1)
H0 t = 3 d )
2 (1 0)
2 (cos + 1)
Z q
1 0
H0 t = 3 (cos 1)2 d )
2 (1 0)
2

Z
1 0
H0 t = 3 (cos 1) d )
2 (1 0 ) 2

1 0
t( ) = 3 (sin ): (7.22)
2H0 (1 0)
2

Coms as Eqs.(7.20, 7.22) foi plotado o grá…co do fator de escala com respeito ao tempo que
pode ser visualizado na Fig.7.3.
É importante notar que quando a ! 0, o comportamento tende a ser identico ao obser-
vado em um universo plano, visto em Fig.7.2. Porém, quando a ! 1, o comportamento
tende a ser linear, tal como universos dominado apenas pela curvatura negativa.
Podemos perceber que o comportamento do universo é totalmente dependente do parâmetro
de densidade 0 . Valores com 0 < 1, indicam que a densidade de energia desse modelo
está abaixo do valor de densidade crítica (" < "cr ) e isso ocasiona uma expansão eterna,
denominada Big-Chill: Por outro lado, se a densidade de energia for maior que a densidade
crítica, ocorrerá o colapso ou Big-Crunch. A Fig.7.4 mostra um grá…co comparativo entre
esse comportamentos e nos leva a conclusão de que nesse modelo com materia e curvatura,
o destino do universo depende da densidade de energia.

7.2 Universo com Radiação e Constante Cosmológica


(INCOMPLETO)
7.3 Universo com Materia e Constante Cosmológica
Considere um universo que é espacialmente plano ( 0 = 1), que contenha materia e constante
cosmológica. Se em um determinado tempo t = t0 o parâmetro de densidade na materia é
m0 e o parâmetro de densidade da constante cosmológica é 0 ; temos:

0 = m0 + 0 =1)
7.3 UNIVERSO COM MATERIA E CONSTANTE COSMOLÓGICA 143

Figura 7.3: Grá…co do fator de escala no tempo para universos com curvatura negativa. Foi
utlizado 0 = 0:9:

0 =1 m0 : (7.23)
Trabalhando com a equação de Friedmann em (7.8), temos:

H (t)2 m0 r0 1
2
= 3 + 4 + 0 + (1 0) )
H0 a a a2

H (t)2 m0 1
2
= 3 + (1 m0 ) + (1 1) )
H0 a a2
H (t)2 m0
2
= 3 + (1 m0 ) : (7.24)
H0 a
O primeiro termo do membro direito representa a contribuição da materia e é sempre
positivo. O segundo termo representa a contribuição da constante cosmológica e é positivo
quando m0 < 1 pois implica em 0 > 0 assim com é negativo quando m0 > 1 pois implica
em 0 < 0: Desse modo, um universo com 0 > 0 continuará á se expandir para sempre.
Em um universo com 0 < 0, a constante cosmológica impõe um força atrativa e não
repulsiva. Desse modo, o universo irá expandir até um raio máximo seguido pela contração
ocasionada pela força atrativa da constante cosmológica. O raio máximo será alcançado
quando H (t)2 = 0. Inserindo isso em (7.24) :
144 CAPíTULO 7 UNIVERSO COM MÚLTIPLAS COMPONENTES

Figura 7.4: Grá…co comparativo dos comportamentos do fator de escala para os modelos de
universo plano, aberto e fechado.

m0
3
+ (1 m0 ) =0)
amax

m0
= m0 1=0)
a3max

m0
a3max = )
m0 1
1
3
m0
amax = : (7.25)
m0 1
Reescrevendo (7.24) da seguinte forma:
2
2 m0 a_
H (t) = H02 + (1 m0 ) = )
a3 a
2
da m0
= H02 a2 + (1 m0 ) )
dt a3
7.3 UNIVERSO COM MATERIA E CONSTANTE COSMOLÓGICA 145

s
da m0
= H0 + a2 (1 m0 ) )
dt a
da
q = H0 dt )
m0
a
+ a2 (1 m0 )
Z
da
H0 t = q )
m0
a
+ a2 (1 m0 )
Z r
a
H0 t = da )
[ m0 + a3 (1 m0 )]
Z r
a
H0 t = da )
[ m0 + a3 (1 m0 )]
Z 1
a2
H0 t = p da: (7.26)
[ m0 + a3 (1 m0 )]

Para resolver essa integral, devemos fazer uma substituição de variáveis:

u 2 = a3 ) (7.27)

3
u = a2 ;
logo
3 1
du = a 2 da: (7.28)
2
Inserindo as Eqs.(7.27, 7.28) em (7.26) teremos:
Z 2
3
du
H0 t = p )
[ m0 + u2 (1 m0 )]
Z
2 du
H0 t = p ) (7.29)
3 [ m0 + u2 (1 m0 )]

No denominador temos uma raiz e no segundo termo da raiz temos a expressão (1 m0 ).


Vamos multiplicar esse segundo termo por 1 para que quando evidenciarmos ( m0 1),
o primeiro termo assuma a forma m0 = ( m0 1), que, de acordo com (7.25) é a expressão
para o raio máximo ao cubo. Então:
Z
2 du
H0 t = p )
3 [ m0 u2 ( m0 1)]
Z
2 du
H0 t = r
3
( m0 1) m0m0 1 u2
146 CAPíTULO 7 UNIVERSO COM MÚLTIPLAS COMPONENTES

:Antes de inserirmos (7.25), vamos realizar um subtituição a …m de simpli…car a notação:

2 m0
= : (7.30)
m0 1
Logo
Z
2 du
H0 t = p q :
3 ( m0 1) 2
u2

O resultado da integral será:

2 u
H0 t = p arcsen : (7.31)
3 ( m0 1)
Inserindo (7.27, 7.30) em (7.31):
3
2 a2
H0 t = p arcsen q : (7.32)
3 ( m0 1) m0
m0 1

Substituindo (7.25) em (7.32) :


3
2 a2
H0 t = p arcsen p )
3 ( m0 1) a3max
" 3
#
2 a 2
H0 t = p arcsen : (7.33)
3 ( m0 1) amax

Esse modelo é valido para constante cosmológica negativa e seu comportamento pode ser
visualizado na função de cor azul da Fig.7.5. Porém, existem evidencias de que a constante
cosmológica tem um valor positivo. Como a Eq.(7.33) não é valida para esse caso ( basta
observar em (7.23) que 0 > 0 implica em m0 < 0 ) vamos integrar a equação de outra
maneira. A Eq.(6.35) fornece a expressão para a escala do universo de quando as densidades
de energia da materia e da constante cosmológica foram equivalentes:
1 1
3 3
m0 m0
am = = (7.34)
0 1 m0

Vamos retomar a Eq.(7.29):


Z
2 du
H0 t = p )
3 [ m0 + u2 (1 m0 )]
Z
2 du
H0 t = p q (7.35)
3 (1 m0 ) m0
+ u2
(1 m0 )

De…nindo
7.3 UNIVERSO COM MATERIA E CONSTANTE COSMOLÓGICA 147

Figura 7.5: Grá…co do fator de escala em função do tempo para o universo composto por materia
e constante cosmológica.

2 m0
= = a3m : (7.36)
1 m0

Logo
Z
2 du
H0 t = p p
2
)
3 (1 m0 ) + u2
q
2 2
H0 t = p ln u + + u2 : (7.37)
3 (1 m0 )

Substituindo (7.27, 7.36) em (7.37) :


q a
2 3
H0 t = p ln a 2 + a3m + a3 )
3 (1 m0 ) 0
q
2 3 3
H0 t = p ln a 2 + a3m + a3 ln am
2
)
3 (1 m0 )
q
2 3 2
H0 t = p ln a + 2 a3m + a3 + ln am
3
)
3 (1 m0 )
148 CAPíTULO 7 UNIVERSO COM MÚLTIPLAS COMPONENTES

" #
3
q
2 a 2 2
H0 t = p ln + am 3
a3m + a3 )
3 (1 m0 ) am
" 3 q #
2 a 2 1 1
H0 t = p ln + am a3m + am a3 )
3 3

3 (1 m0 ) am
2 s 3
3
3
2 a 2 a
H0 t = p ln 4 + 1+ 5 (7.38)
3 (1 m0 ) am am

Esse comportamento está ilustrado na Fig.7.5 em vermelho. Se ao invés de am adotarmos


1
[ m0 = ( m0 1)] 3 ; teremos:
" 3 s #
2 a2 a3
H0 t = p ln 3 + 1 + 3 )
3 (1 m0 ) a 2 a m
m
2 3
6 v 7
2 6
3
a2 u a3 7
H0 t = p ln 6 3 +u
u1 + 37 )
3 (1 m0 ) 4 1
3
2 t 1
3 5
m0 m0
1 m0
1 m0

2 3
v
2 6 3
a2 u a3 7
6 u 7)
H0 t = p ln r + t1 +
3 (1 m0 ) 4 m0
m0
5
1 m0
1 m0

"r s #
2 1 m0 3 1 m0
H0 t = p ln a + 2 1+ a3 )
3 (1 m0 ) m0 m0

"r s #
2 1 m0 3 1 m0
t= p ln a + 2 1+ a3 : (7.39)
3H0 (1 m0 ) m0 m0

Se quisermos calcular a idade do universo por esse modelo, devemos nos lembrar que em
t0 a escala será a0 = 1.
"r s #
2 1 m0 2
3 1 m0
t (a0 ) = t0 = p ln a0 + 1 + a30 )
3H0 (1 m0 ) m0 m0

"r s #
2 1 m0 1 m0
t0 = p ln + 1+ )
3H0 (1 m0 ) m0 m0
"r r #
2 1 m0 m0 1 m0
t0 = p ln + + )
3H0 (1 m0 ) m0 m0 m0
7.4 UNIVERSO COM RADIAÇÃO E MATÉRIA 149

"r r #
2 1 m0 1
t0 = p ln + (7.40)
3H0 (1 m0 ) m0 m0

A incerteza associada a esse valor será:


r r
@t0 2 1 1
t0 = H0 = 2
p ln + ( 0 1) (7.41)
@H0 3H0 1 0 0 0

Vamos considerar o valor atualmente aceito para o parâmetro de densidade da materia,


m0 = 0; 3: Vimos no capítulo de expansão do universo que :

1 1 19 1
H0 = (74; 2 3; 6) km s Mpc = (24 1) 10 s :
Utilizando esses valores em (7.40) e (7.41) teremos:

t0 = (4; 0 0; 2) 1017 s = (12; 7 0; 6) 109 anos,


ou seja, aproximadamente 13 bilhões de anos.

7.4 Universo com Radiação e Matéria


Em nosso universo, radiação e materia se equivaleram em um fator de escala arm = r0 = m0 ,
que se deu em um tempo trm . Quando a arm , o comportamento da escala é muito
similar ao de um universo plano somente com radiação. Porém, quando a arm , esse
comportamento é melhor de…nido considerando de materia e radiação. Nesse modelo, temos
que desconsiderar os termos de curvatura e constante cosmológica presentes em (7.8). Isso
resulta em :

H (t)2 m0 r0
2
= 3 + 4 : (7.42)
H0 a a
Vamos manipilá-la:
2 2
1 a_ 1 da m0 r0
= 2 2 = + )
H02 a H0 a dt a3 a4
2
da m0 r0 m0 r0
= H02 a2 + = H02 + )
dt a3 a4 a a2
s s
da m0 r0 r0 m0
= H0 + = H0 a+1 )
dt a a2 a2 r0

da
H0 dt = r )
a
r0
a2 arm
+1
150 CAPíTULO 7 UNIVERSO COM MÚLTIPLAS COMPONENTES

1 a da
H0 dt = p r ) (7.43)
r0 a
arm
+1
Z Z a
1 a da
H0 dt = H0 t = p r )
r0 0 a
arm
+1
Z Z a
1 a da
H0 dt = H0 t = p r )
r0 0 a
arm
+1

Fazendo a seguinte substituição de variáveis:


8
>
> a
u = arm +1
>
<
a = arm (u 1)
>
>
>
: da = a du
rm

teremos
Z u
1 arm (u 1) arm du
H0 t = p p )
r0 0 u
Z u Z u Z u
a2rm (u 1) du a2rm 1 1
H0 t = p p =p u du
2 u 2 du )
r0 0 u r0 0 0
" 3 1
#a
a2 2 3 1 a2 2 a 2 a 2
H0 t = p rm u2 2u 2 = p rm +1 2 +1 )
r0 3 r0 3 arm arm
0

" 3 1
#
a2rm 2 a 2 a 2 2 3 1
H0 t = p +1 2 +1 (0 + 1) 2 + 2 (0 + 1) 2 )
r0 3 arm arm 3
" 3 1
#
a2 2 a 2 a 2 2
H0 t = p rm +1 2 +1 +2 )
r0 3 arm arm 3
" 3 1
#
a2rm 2 a 2 a 2 4
H0 t = p +1 2 +1 + )
r0 3 arm arm 3
" 3 1
#
4 a2rm 1 a 2 3 a 2
H0 t = p +1 +1 +1 )
3 r0 2 arm 2 arm
" 3 1
#
4 a2rm 1 a 2 3 a 2
H0 t = p 1+ +1 +1 )
3 r0 2 arm 2 arm
7.4 UNIVERSO COM RADIAÇÃO E MATÉRIA 151
1
a 2
Vamos evidenciar a expressão arm + 1 :
( 1
)
4 a2rm a 2 1 a 3
H0 t = p 1+ +1 +1 )
3 r0 arm 2 arm 2
" 1
#
4 a2rm a 2 a 1 3
H0 t = p 1+ +1 + )
3 r0 arm 2arm 2 2
" 1
#
4 a2rm a a 2
H0 t = p 1+ 1 +1 )
3 r0 2arm arm
" 1
#
4 a2rm a a 2
H0 t = p 1 1 +1 : (7.44)
3 r0 2arm arm
Para termos uma ideia do comportamento em alguns intervalos especi…cos dessa função,
vamos reescrevê-la de outro modo:
8 " # 21 9
4 a 2 < a
2
a =
H0 t = p rm 1 1 +1 )
3 r0 : 2arm arm ;

p " # 12
2
3 r0 a a
H0 t = 1 1 +1 )
4a2rm 2arm arm
" # 12 p
2
a a 3 r0
1 +1 =1 2
H0 t )
2arm arm 4arm
1 p
a a2 a 2
3 r0
1 + 2 +1 =1 2
H0 t )
arm 4arm arm 4arm
" # 12 p
2
a a a a3 a2 3 r0
+1 + 3 + 2 =1 2
H0 t )
arm arm arm 4arm 4arm 4arm
1 p
3a2 a3 2
3 r0
1 + =1 H0 t )
4a2rm 4a3rm 4a2rm
p
3a2 a3 3 r0 9 r0 2 2
1 + 3 =1 H0 t + H t )
4arm 4arm 2
2arm 16a4rm 0
p
3a2 a3 3 r0 9 r0 2 2
+ 2 = H0 t + H t )
4arm 4arm 2
2arm 16a4rm 0
p
a3 3a2 9 r0 2 2 3 r0
= H t H0 t
4a3rm 4a2rm 16a4rm 0 2a2rm
152 CAPíTULO 7 UNIVERSO COM MÚLTIPLAS COMPONENTES

a3 9 r0 2 2 p
3a2 = H t 6 r0 H0 t
arm 4a2rm 0

a3 9 r0 2 2 p
3a2 = H t 6 r0 H0 t (7.45)
arm 4a2rm 0
Para interpretar a Eq.(7.45), é necessário lembrarmos que no universo com materia e
radiação o fator de escala não diminui. Isso indica que com o passar do tempo, o universo
somente cresce. Quando o fator de escala é relativamente pequeno, o tempo cósmico também
é relativamente pequeno ao compararmos com um tempo onde o fator de escala é muito maior
que o dito anteriormente. Logo, quando a arm temos que t trm . Desse modo, os termos
3 9 r0 2 2
a =arm e 16a4 H0 t são desprezíveis. A Eq.(7.45) assume a forma
rm

p
3a2 6 r0 H0 t )

p 1
2
a 2 r0 H0 t ; (7.46)

que é exatamente a equação para o fator de escala em função do tempo para universos
compostos somente por radiação.
Por outro lado, se a arm , logo t trm : Para esse caso, a Eq.(7.45) …ca:

a3 9 r0 2 2
H t )
arm 4a2rm 0
9 r0 2 2
a3 H t )
4arm 0
p 2
3 r0
a3 p H 0 t :
2 arm
Como arm = r0 = m0 , obteremos:
0 12
p
3
@ q r0
a3 H0 tA )
2 r0
m0

0 12
p
3
@ q r0
a3 H0 tA )
2 r0
m0

2
3p 3
a m0 H0 t ; (7.47)
2
que é a expressão para universos compostos somente por materia.
Se quisermos saber o valor de trm , que é aquele onde materia e radiação tem densidades
de energia equivalentes, teremos que considerar a = arm . Inserindo isso na (7.44), teremos
7.5 MODELO DE MERCADO 153

4 a2rm 1 1
trm = p 1 1 (1 + 1) 2 )
3H0 r0 2

p !
4 a2rm 2
trm = p 1 )
3H0 r0 2

p ! 2
4 2 a
trm = 1 p rm )
3H0 2 r0

como arm = r0 = m0 , temos


p ! 2
4 2 r0 1
trm = 1 p :
3H0 2 m0 r0

5
Utilizando os valores de densidade aceitos no modelo de mercado, r0 = 8:4 10 e m0 =
0:3, encontramos

trm = 44 137 anos: (7.48)

Isso indica que a dominação da radiação durou até 44 137 anos após o instante do big
bang.

7.5 Modelo de Mercado


Este modelo adapta os dados observados.Nele, o universo é plano e contém radiação, materia
e constante cosmológica. A radiação é composta pelo fundo de radiação cósmica mais os
fundo cósmico de neutrinos. A materia é constituida por uma pequena parte barionica
(formada por átomos) e uma maior parte de materia escura. Mas o universo tem como
componente de maior densidade a constante cosmológica, que é responsável por 70% da
densidade de energia do universo.
O modelo de mercado foi dominado inicialmente pela radiação. Esse dominio durou
aproximadamente 44 137 anos, quando materia e radiação igualaram sua densidade de ener-
gia. Nesse ponto, o raio do universo era 0; 028 % do que é hoje. Após esse período, a materia
foi a componente dominante, posição essa que ocupou até quando o universo tinha a idade de
9.8 bilhões de anos. Com essa idade, as densidades de materia e constante cosmológica eram
iguais e o universo tinha 75% do raio atual. A partir dai, começou o período de dominação
da constante cosmológica, momento cujo qual que estamos vivendo atualmente. Segundo o
modelo de mercado, a idade atual do universo é de 13.5 bilhões de anos.
Quando se conhece os parâmetros de densidade atuais das componentes, é possível en-
contrar o fator de escala pela integração numérica da Eq.(7.10). A Fig.7.6 mostra o compor-
tamento do fator de escala no modelo de mercado. Se calcularmos o valor de a (t), vamos
154 CAPíTULO 7 UNIVERSO COM MÚLTIPLAS COMPONENTES

Figura 7.6: Fator de escala em função do tempo calculado para o modelo de mercado. As linhas
pontilhadas indicam os tempos de equivalencia entre materia-radiação arm = 2:8 10 4 , e materia-
lambda, am = 0:75 e o presente momento, a0 = 1:

obter outras propriedades do modelo de mercado.

Lista de Ingredientes
5
fótons: 0 = 5:0 10
5
neutrinos: 0 = 3:0 10
5
Radiação total: r0 = 8:0 10
materia barionica: mb = 0:04
materia escura: me = 0:26
Materia total: m0 = 0:30
Constante Cosmológica: 0:70

Épocas Importantes
4 4
Equivalência Materia-Radiação: arm = 2:8 10 trm = 4:4 10 anos
Equivalência Materia-Lambda am = 0:75 tr = 9:8 bilhões de anos
Atualidade: a0 = 1 t0 = 13:5 bilhões de anos

Tabela 1. Lista de diversos componentes...


Referências Bibliográ…cas

[1] NATÁRIO, J. A Geometria da Relatividade. - Edição eletrônica:

[2] HALLIDAY, D. Fundamentos de Física: gravitação, ondas e termodinâmica - volume


2. 8 Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

[3] HALLIDAY, D. Fundamentos de Física: óptica e física moderna - volume 4. 8 Ed.


Rio de Janeiro: LTC, 2009.

[4] SYMON, K. R. Mechanic. 3ed. Massachussets: Adisson-Wesley Publishing Company,


1971.

[5] SHUTZ, B. F. A First Course in General Relativity. 2 Ed. New York: Cambridge
University Press, 2009.

[6] RYDEN, B. Introduction to Cosmology. San Francisco: Addison Wesley, 2003.

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importantes e os cientistas que as criaram. Rio de Janeiro : Zahar, 2011.

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tems. 5ed. Belmont: Thomson Brooks/Cole, 2004.

[9] STEWART, J. Cálculo: volume 2. 6ed. São Paulo: Cengage Learning, 2009.

[10] LIDDLE, A. An Introduction to Modern Cosmology. 2ed. SAn Francisco: Wiley,


2003.

[11] MORAIS, A. M. A. Gravitação & Cosmologia: Uma Introdução. São Paulo : Editora
Livraria da Física, 2009.

[12] d’INVERNO R. A. Introducing Einstein’s relativity. New York: Oxford University


Press, 1998.

[13] HAWKING, S. W. Uma breve história do tempo: do Big Bang aos buracos negros.
Rio de Janeiro : Rocco, 1988.

[14] FEYNMAN, R. P. ; LEIGHTON, R. B. ; SANDS, M. Lições de Física de Feynman.


Porto Alegre : Bookman, 2008.

155
156 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[15] HORVATH, J. E. ; LUGONES, G. ; SCARANO JÚNIOR, S. ; TEIXEIRA, R. ; ALLEN,


M. P. Cosmologia Física: do micro ao macro cosmos e vice-versa. São Paulo : Editora
Livraria da Física, 2011.

[16] SOUZA, R. E. Introdução à Cosmologia. São Paulo: Editora da Universidade de


São Paulo, 2004.
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