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INTRODUÇÃO
Quando certa vez Clarice Lispector declarou que escrever é um ato solitário
endossou uma afirmação defendida por vários que se utilizam da linguagem escrita
como forma de comunicação, com mais ênfase, os literatos. De Flaubert até Fernando
Pessoa permanece a mesma indicação. No entanto, como cada um constrói de maneira
particular o modo como escreve, recorremos a Cecília Meireles, para quem sabe,
vislumbrar outra realidade, um meio termo para solidão do ato de escrever, baseado no
substrato principal deste texto, qual seja a memória como fonte de pesquisa e suas
possibilidades teórico- metodológicas no campo da educação. Na crônica intitulada Da
Solidão Cecília indaga:
1
Licenciado em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Integrante do PIBID História
entre 2010-2013.
2
Bacharel em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), licenciada em História pela mesma
Universidade. Integrante do PIBID História entre 2010-2012.
mundo particular não está cheio de lembranças, de sonhos, de raciocínios, de
idéias, que impedem uma total solidão? (MEIRELES,1983, p.48-51)
3
Diretoria de Educação Básica Presencial-DEB. Relatório de Gestão 2009-2011. Brasília, 2011.
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Os números em questão foram apresentados por Jorge Almeida Guimarães, então presidente da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes, na ocasião em que escreveu a
apresentação do texto Um Estudo Avaliativo do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a
Docência.
mesmo tempo, realizar um mapeamento nacional de pontos carentes de ajuste e
discussão no programa de iniciação a docência.
Aproximadamente sete dos dez selecionados por meio do edital CAPES Nº 02/2009,
estavam no terceiro semestre da licenciatura em História, por esta razão, o PIBID
oportunizou o aprofundamento da relação com as conjunturas universitárias; seus
ambientes físicos, estrutura administrativa e docente. Até aquele momento, sobre o
programa conhecíamos pouco mais que seu nome e sua sigla, deste conhecer, duas
possibilidades suscitaram expectativas diferentes: Receber uma bolsa naquele momento
era a oportunidade para dedicar mais tempo ao processo de formação em uma
perspectiva além das disciplinas obrigatórias7, uma das principais dificuldades dos que,
por precisão, compartilham o tempo com carga horária do trabalho formal (ainda soa em
nossos ouvidos as palavras ditas durante a semana de adaptação por uma de nossas
professoras com relação à leitura dos textos em nosso curso: Vocês devem honrar o
compromisso com a formação que escolheram.). De forma semelhante, retornar a
educação básica na condição de futuros professores causava o misto de ansiedade e
medo, sentimentos em parte apaziguados quando lembrava das encorajadoras palavras
ditas por meus professores do ensino médio, principais incentivadores para o ingresso
na vida docente.
7
durante a seleção que conhecemos a preocupação primordial suscitada por inúmeras
discussões entre nossa coordenadora e sucessivas turmas das disciplinas citadas,
considerando que após o transcurso de boa parte da graduação os estudantes obtinham o
conhecimento acerca do desenvolvimento da História como ciência e se aprofundavam
a respeito dos debates ligados a profissão do historiador, porem, sentiam-se
despreparados para atuar como professores da educação básica alegando aligeiro o
contato proporcionado pelo estágio supervisionado, insuficiente para real conhecimento
da pratica cotidiana escolar, fato que por sua vez resultava em uma deficiência no
processo de profissionalização do professor de História.
Cada bolsista pôde construir sua proposta de intervenção nas unidades escolares,
dentro da diversidade presente no PNEDH, o que permitiu uma relação de proximidade
com os temas abordados que variaram desde o trabalho informal na capital baiana até o
papel da internet na relação entre os adolescentes e a escola. Neste primeiro momento,
cada situação vivenciada pelos bolsistas era fonte de aprendizado para os demais tendo
em vista a adoção de atividades efetivadas individual ou em dupla.
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No texto Carta ao Professor: Para que Serve o Ensino da História, Maria Antonieta Campos Tourinho
identifica a relação da educação básica na escolha pela formação em História: Desde o primário, as lições
de história despertavam a minha imaginação e o meu interesse.
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Embora o curso de História possibilite a formação tanto no bacharelado quanto na licenciatura a ênfase
na primeira opção emerge inicialmente no conjunto de disciplinas dispostas por cada semestre. Segundo
a grade curricular da licenciatura em 2009, são necessárias apenas seis disciplinas obrigatórias relativas a
educação para formação na licenciatura, acrescida de uma optativa destinada também a educação.
A VISÃO DOS BOLSISTAS: INICIO DE UMA TRAJETÓRIA
O nosso retorno a educação básica deu-se por meio várias visitas ao colégio, cujo
objetivo era conhecer a estrutura física da instituição e também travar os primeiros
contatos com o corpo administrativo. Desde o principio as atividades que foram
empreendidas significavam um desafio, posto que pretendíamos atingir alunos em
horário vago, realidade muito comum na escola pública. Antes disso, foi realizado
questionário com tais alunos a fim de tanto estabelecer o perfil dos jovens alcançados
por nossos planos de intervenção como sondar, a nível prático, quais instrumentos
didáticos seriam capazes de suscitar o desenvolvimento das atividades. Era intenção
comum desenvolver a pratica docente de forma original, com a valorização de
elementos sociais expressos e pospostos pelos adolescentes e jovens. Aquela altura
estávamos decididos a utilizar a estrutura do PIBID para experimentar alternativas de
construção do conhecimento para além do modelo aula expositiva.
Ao mesmo tempo a iniciativa que empreendemos era uma novidade perante as demais
licenciaturas que participavam do PIBID na UFBA, não atuávamos na promoção de um
reforço as disciplinas escolares nem diretamente ligados aos conteúdos de história
previstos para o ensino médio, mas nos propusemos desenvolver uma perspectiva
transversal dos direitos humanos, como fenômeno construído historicamente e ligado a
assuntos presentes na vida dos alunos. Mediante a originalidade da proposta existiu o
temor da não aceitação por parte dos alunos. Não existiu o atrativo quantitativo (isto é,
atribuição de notas em alguma disciplina) nem coercitivo, uma vez que a participação
nas ações por nós proposta não incidiu na freqüência feita pela escola.
Desta maneira, o entrosamento e a participação dos discentes da educação básica
significou um êxito importante para nós como profissionais em formação ao mesmo
tempo em que implicou em criar sempre novas formas de participação e ação dentro da
escola fato que foi traduzido pela construção de seminários dentro e fora da unidade
escolar, nestes, os alunos tiveram espaço para expressarem seus pontos de vista sobre
assuntos como a violência escolar e preconceito racial. Em uma das ocasiões houve a
oportunidade de conduzir os alunos para dentro da Universidade, local até então
desconhecido por muitos.
CONCLUSÃO
Consideramos igualmente importante todo o aparato ofertado pelo programa, seja por
meio do fomento dos bolsistas (incentivo e parcial financiamento do graduando dentro
da universidade) quanto das possibilidades de recursos disponibilizados para a
promoção de atividades alternativas dentro e fora da unidade escolar.
REFERÊNCIAS
MEIRELES, Cecília. Da Solidão. In: Janela Mágica. 3ª Ed. São Paulo: Moderna, p. 48
à 51.
MOTTA, Marcia M. M. História, Memória e Tempo Presente. In: CARDOSO, Ciro F.;
VAINFAS, Roaldo. Novos Domínios da História. Rio de Janeiro: Elservier, 2012.
P.21-36.