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SUSCITANDO MEMÓRIAS: REFLEXÕES SOBRE O PIBID NA

LICECIATURA EM HISTÓRIA DA UFBA

Cléber Cesar da Silva Barbosa1


Diene Israela da Silva2
RESUMO
Busca refletir sobre a implantação do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a
Docência (PIBID) no curso de licenciatura em História ofertado na UFBA, entre 2010-
2013, tendo como base a memória enquanto campo de estudo. Destaca as relações entre
a universidade, a educação básica e a formação docente.
Palavras Chave: Memória, Iniciação docente e licenciatura.
ABSTRACT

Seeks to reflect on the implementation of the Institutional Scholarship Program for


Initiation to Teaching (PIBID) in the course of degree in History offered at UFBA,
between 2010-2013, based on the memory as field of study. Highlights the relationship
between the university, basic education and teacher training.
Keywords: Memory, Initiation and teaching degree.

INTRODUÇÃO

Quando certa vez Clarice Lispector declarou que escrever é um ato solitário
endossou uma afirmação defendida por vários que se utilizam da linguagem escrita
como forma de comunicação, com mais ênfase, os literatos. De Flaubert até Fernando
Pessoa permanece a mesma indicação. No entanto, como cada um constrói de maneira
particular o modo como escreve, recorremos a Cecília Meireles, para quem sabe,
vislumbrar outra realidade, um meio termo para solidão do ato de escrever, baseado no
substrato principal deste texto, qual seja a memória como fonte de pesquisa e suas
possibilidades teórico- metodológicas no campo da educação. Na crônica intitulada Da
Solidão Cecília indaga:

No entanto, haverá na terra verdadeira solidão? Não estamos todos


cercados por inúmeros objetos, por infinitas formas da Natureza e o nosso

1
Licenciado em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Integrante do PIBID História
entre 2010-2013.
2
Bacharel em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), licenciada em História pela mesma
Universidade. Integrante do PIBID História entre 2010-2012.
mundo particular não está cheio de lembranças, de sonhos, de raciocínios, de
idéias, que impedem uma total solidão? (MEIRELES,1983, p.48-51)

Crendo na asserção de tais questões, nos valeremos principalmente de lembranças;


de fragmentos de memória para, a partir delas, refletir sobre a contribuição do Programa
de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) para formação de professores da educação
básica, mais especificamente aqueles da licenciatura em História da Universidade
Federal da Bahia entre 2010 e 2013.

A principio as atividades do PIBID na UFBA contemplavam os cursos de ciências


naturais e exatas: Biologia, Matemática, Química e Física. Em 2009, outros cursos
formam incorporados, como Arte, Dança, Musica e Pedagogia, foi a tradução local de
uma realidade que alcançou varias universidades no país. Os resultados positivos
obtidos com o lançamento do projeto em 2007, as políticas de valorização do magistério
e o crescimento da demanda do programa, que passou atender a toda Educação Básica 3,
diferente da proposta inicial ligada exclusivamente ao ensino médio, resultou na
expansão das parceiras institucionais por meio da inclusão das universidades estaduais e
suas respectivas licenciaturas. Também á Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da
UFBA se integrou ao programa por meio dos cursos de Ciências Sociais, Filosofia e
História.

Em proporção semelhante cresceram os estudos que visavam ao mesmo tempo


compreender os efeitos do programa nos espaços onde ele atuava bem como suas
contribuições na formação individual e coletiva do professores. Em 2014, quando o
Programa atingiu o numero de 90.254 bolsistas e 284 instituições 4 foi realizada pesquisa
solicitada pela CAPES a Fundação Carlos Chagas, cujo resultado final foi o importante
texto intitulado Um Estudo Avaliativo do Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação a Docência, o objetivo principal foi conhecer o significado atribuído ao
PIBID por seus principais atores: os Estudantes de graduação, professores das
universidades e docentes das escolas onde o programa atuava. Por meio de um
questionário eletrônico foi possível captar um volume de informação capaz de trazer á
luz formas de desenvolvimento de novas e diversas possibilidades no ensino e, ao

3
Diretoria de Educação Básica Presencial-DEB. Relatório de Gestão 2009-2011. Brasília, 2011.
4
Os números em questão foram apresentados por Jorge Almeida Guimarães, então presidente da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes, na ocasião em que escreveu a
apresentação do texto Um Estudo Avaliativo do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a
Docência.
mesmo tempo, realizar um mapeamento nacional de pontos carentes de ajuste e
discussão no programa de iniciação a docência.

Do levantamento bibliográfico presente no mencionado estudo, destacamos dois


elementos relevantes para reflexão aqui proposta: O primeiro deles aponta para a
multiplicidade dos temas encontrados em apresentações de seminários 5, artigos teses e
dissertações que tratam desde as relações entre os saberes advindos da práxis docente e
os saberes acadêmicos; a execução dos planos de trabalho dos licenciados por meio de
oficinas e participação em aulas das unidades escolares até os avanços e desafios
pertinentes as disciplinas especificas, tema tantas vezes relacionado com a utilização das
tecnologias como instrumento de promoção da aprendizagem. Tal cenário indica a
integração entre educação superior e educação básica (parte importante dos princípios
que regem o PIBID) e funda uma perspectiva de analise a partir dos sujeitos inseridos
no cotidiano da educação básica fora da condição de estagiário ou a guisa da realização
de alguma pesquisa rotativa, isto é, proporciona a realização da aplicabilidade dos
conhecimentos e teorias aprendidas no ambiente universitário ao passo que apresenta no
mesmo ambiente acadêmico problemáticas recentes e especificas originadas na
unidades escolares.

O segundo elemento da conta de que dentre tantos temas levantados a memória


apareceu apenas uma vez:

Os memoriais produzidos por 14 estudantes de Pedagogia bolsistas do Pibid


da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) são analisados no
artigo de Bergamachi e Almeida (2013) e compõem o livro Iniciação à
docência em Pedagogia:memórias que contam histórias, produzido pelos
próprios bolsistas, como resultado de suas autobiografias. A análise realizada
pelas autoras parte da convicção de que os memoriais são parte importante no
processo formativo e destacam o processo de elaboração e o significado que
adquiriram na formação de cada um, destacando o que, coletivamente,
apresentam como aspectos marcantes nas trajetórias de vida: a infância e a
família, as experiências escolares, a escolha da docência e o estar professor
no Pibid. Isso evidencia a importância do programa nas trajetórias desses
licenciandos. (GATTI et a l., 2014, p. 16)

Depreendemos que os memoriais citados valorizavam principalmente relatos dos


bolsistas de graduação, publico principal do programa. Como experiência singular
dentre os temas de estudo relacionados ao PIBID, projetou as trajetórias individuais, em
um quadro geral capaz de bosquejar o perfil dos sujeitos que mais recentemente tem
5
Refere-se ao XVI Endipe – Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, realizado em 2012.
(GATTI et a l., 2014, p. 15)
optado pela licenciatura, ao mesmo tempo, desafia outros a lançar mão da memória,
enquanto objeto de estudo e analise direcionada ao PIBID, proposta que urge ser
concretizada mediante a sucessão de editais que ocasionam a formação de novos grupos
de bolsistas, novos estudantes que entram na iniciação a docência e outros que tendo
participado do mesmo, ingressam na vida docente após a graduação.

MEMÓRIA COMO CAMPO DE ANALISE PARA O PIBID.

A memória em seus parâmetros básicos consiste na capacidade humana de reter fatos


e experiências do passado e transmiti-las as novas gerações (VON SIMSON, 2003)
porem como fenômeno típico da psiquê envolve elementos ricos em subjetividade,
conforme Bosi indica, a memória permite a relação do campo presente com o passado e,
ao mesmo tempo, interfere no processo atual das representações. Desta forma, a
iniciação a docência pode ter significado diverso entre aqueles que ainda atuam como
bolsistas dos já são egressos, levantando ainda outra posição os outros que após
formados não atuam ou não como professores da educação básica. Em outras palavras

As histórias de vida servem para balizar as experiências, embora o pano de


fundo da narrativa seja a rememoração de acontecimentos passados; o
presente lhes imprime uma marca singular de acordo com as correlações de
forças no poder e a localização desses sujeitos em novos grupos sociais
(CARDOSO, 2008, p. 2)

Quando a memória tomou fôlego contemporâneo 6, passou a ser campo utilizado


para construir um modelo explicativo que considere a perspectiva de sujeitos antes
excluídos, exemplo concreto se dá nas pesquisas em História do tempo presente, onde a
memória alcançou destaque, para Márcia Maria Mendes Motta:

Fontes antes ignoradas ou mesmo desprezadas iluminaram novas


possibilidades de pesquisa, e cartas e correspondências pessoais, diários,
anotações e bilhetes unem-se às entrevistas orais dos que agora são chamados
a contar sua versão dos fatos. A história já não é mais aquela... Ela se torna
coparticipante dos acontecimentos; vive-se e conta-se sobre o que se vive.
(MOTTA,2012, p.34)

Esta perspectiva tem relevância no entrelaçamento dos relatos, isto é, na conjuntura


do PIBID, faz- se necessário incluir a narrativa dos supervisores e coordenadores;
perpassando pela educação básica, também os gestores das unidades escolares e
professores possuem formas distintas observar, compreender e significar as
6
Nas origens da história enquanto conhecimento, o recurso a testemunhos e relatos de pessoas que
viveram os fatos – ou que conhecessem pessoas que os viveram – era uma prática constante. (PICOLI,
2012, p.169)
transformações causadas com o advento da presença dos bolsistas na rotina da escola.
Mais audacioso e complexo ainda é revisitar as primeiras atividades realizadas pelos
alunos do ensino fundamental e médio alcançados pela ação do PIBID, os diversos
textos, cartazes e fotos que demonstram a relação das crianças e adolescentes com as
propostas empreendidas em sala de aula e algumas vezes em espaços fora da escola.

Destacar, registrar e produzir conhecimento sobre este novo impulso no incentivo a


docência significa agir na vanguarda de outras possíveis ações que visem o constante
aprimoramento da qualificação docente na base da formação acadêmica que é a
graduação; a memória onde os mais jovens também são agentes não aprisiona no
passado, mas conduz com muito maior segurança para o enfrentamento dos problemas
atuais (VON SIMSON, 2003) inclusive das licenciaturas.

Aproximadamente sete dos dez selecionados por meio do edital CAPES Nº 02/2009,
estavam no terceiro semestre da licenciatura em História, por esta razão, o PIBID
oportunizou o aprofundamento da relação com as conjunturas universitárias; seus
ambientes físicos, estrutura administrativa e docente. Até aquele momento, sobre o
programa conhecíamos pouco mais que seu nome e sua sigla, deste conhecer, duas
possibilidades suscitaram expectativas diferentes: Receber uma bolsa naquele momento
era a oportunidade para dedicar mais tempo ao processo de formação em uma
perspectiva além das disciplinas obrigatórias7, uma das principais dificuldades dos que,
por precisão, compartilham o tempo com carga horária do trabalho formal (ainda soa em
nossos ouvidos as palavras ditas durante a semana de adaptação por uma de nossas
professoras com relação à leitura dos textos em nosso curso: Vocês devem honrar o
compromisso com a formação que escolheram.). De forma semelhante, retornar a
educação básica na condição de futuros professores causava o misto de ansiedade e
medo, sentimentos em parte apaziguados quando lembrava das encorajadoras palavras
ditas por meus professores do ensino médio, principais incentivadores para o ingresso
na vida docente.

O projeto de iniciação a docência para os estudantes de História da UFBA nasceu na


Faculdade de Educação, mais precisamente durante as aulas de didática e práxis
pedagógica em História I e II, disciplinas que visam preparar os alunos para o estágio
supervisionado a medida que estes se aproximam da conclusão da licenciatura. Foi

7
durante a seleção que conhecemos a preocupação primordial suscitada por inúmeras
discussões entre nossa coordenadora e sucessivas turmas das disciplinas citadas,
considerando que após o transcurso de boa parte da graduação os estudantes obtinham o
conhecimento acerca do desenvolvimento da História como ciência e se aprofundavam
a respeito dos debates ligados a profissão do historiador, porem, sentiam-se
despreparados para atuar como professores da educação básica alegando aligeiro o
contato proporcionado pelo estágio supervisionado, insuficiente para real conhecimento
da pratica cotidiana escolar, fato que por sua vez resultava em uma deficiência no
processo de profissionalização do professor de História.

A proposta de atuação dos bolsistas foi direcionada a partir do projeto História e


Memória: Um Plano de Intervenção para Formação Docente Afirmação de Direitos
Humanos, cujo objetivo era articular o transcurso da conquista histórica dos direitos
humanos, consubstanciada primariamente pela Declaração Universal dos Direitos
Humanos, com políticas públicas recentes de alcance local, como Plano Nacional de
Educação em Direitos Humanos (PNEDH), em síntese:

construir um trabalho coletivo e colaborativo para desenvolvimento de


projetos de pesquisa-ensino-aprendizagem, utilizando a Teoria da História,
História Geral, da História da Educação, Metodologia Histórico-Dialética,
para mudar um pedaço da realidade. Pesquisamos e adotamos o documento
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos – PNEDH como política
pública a ser cumprida, para difundir os direitos humanos. (MARQUES,2009
p. 3)

Cada bolsista pôde construir sua proposta de intervenção nas unidades escolares,
dentro da diversidade presente no PNEDH, o que permitiu uma relação de proximidade
com os temas abordados que variaram desde o trabalho informal na capital baiana até o
papel da internet na relação entre os adolescentes e a escola. Neste primeiro momento,
cada situação vivenciada pelos bolsistas era fonte de aprendizado para os demais tendo
em vista a adoção de atividades efetivadas individual ou em dupla.

Invariavelmente a iniciativa do PIBID para a licenciatura em história foi, a nosso ver,


a porta voz dos sem voz- a despeito do singelo trocadilho- posto que na relação de
contar e ouvir o porquê optar pelo ingresso na referida licenciatura, o referencial de boa
parte dos nosso pares perpassava pelos anos em que estavam na educação básica, tornar-
se historiador possivelmente, tanto para nós quanto para vários colegas, significava
tornar-se professor, isto é, ser capaz de fazer crianças e jovens melhor compreenderem
a dinâmica dos diversos grupos humanos através do tempo. Esta realidade parece ter
alcançado várias gerações8.

Paralelo as expectativas exteriores, a formação em história oferecida pela UFBA


enfatizava a pesquisa histórica9, campo de atuação que alcançou vigor desde a década
de 1990, quando o Programa de Pós-Graduação em História obteve autonomia no
âmbito da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Durante os primeiros anos de
existência o trabalho que foi desenvolvido na iniciação a docência em História
permaneceu pouco conhecido entre o restante dos estudantes e professores, não
raramente alguns colegas de curso confundiam as ações do PIBID com o Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica PIBIC e de maneira geral as discussões
fomentadas durante a graduação contemplavam aptidões necessárias ao bacharelado em
detrimento da licenciatura. O bojo da questão reside na atual divisão entre as funções da
educação e da pesquisa:

Os educadores e os pesquisadores, o corpo docente e a comunidade


cientifica tornam-se dois grupos cada vez mais distintos, destinados a tarefas
especializadas de transmissão e de produção de saberes sem nenhuma relação
entre si. Ora, é exatamente tal fenômeno que parece caracterizar a evolução
atual das instituições universitárias, que caminham em direção a uma
crescente separação das missões de pesquisa e ensino. (TARDIFF, 2002,
p.35)

Desta forma, distinguiu-se na prática dois espaços distintos durante a graduação: a


Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, onde éramos formados para o exercício do
oficio de historiador, ligado aos critérios de uma pesquisa bibliográfica eficiente, ao
conhecimento das inúmera possibilidades de fontes para o estudo da História e os
princípios básicos para a analise das mesmas fontes. Em outra via, a formação do
professor institucionalmente esteve a cargo das eventuais disciplinas ofertadas pela
Faculdade de Educação, duas interfaces de uma formação que poucas ocasiões se
intercambiaram e resultaram em um perfil profissional altamente capaz de promover a
instrução na educação básica, mas carente nos mecanismos ligados ao saber ensinar
(LIBANEO, 1993).

8
No texto Carta ao Professor: Para que Serve o Ensino da História, Maria Antonieta Campos Tourinho
identifica a relação da educação básica na escolha pela formação em História: Desde o primário, as lições
de história despertavam a minha imaginação e o meu interesse.
9
Embora o curso de História possibilite a formação tanto no bacharelado quanto na licenciatura a ênfase
na primeira opção emerge inicialmente no conjunto de disciplinas dispostas por cada semestre. Segundo
a grade curricular da licenciatura em 2009, são necessárias apenas seis disciplinas obrigatórias relativas a
educação para formação na licenciatura, acrescida de uma optativa destinada também a educação.
A VISÃO DOS BOLSISTAS: INICIO DE UMA TRAJETÓRIA

O nosso retorno a educação básica deu-se por meio várias visitas ao colégio, cujo
objetivo era conhecer a estrutura física da instituição e também travar os primeiros
contatos com o corpo administrativo. Desde o principio as atividades que foram
empreendidas significavam um desafio, posto que pretendíamos atingir alunos em
horário vago, realidade muito comum na escola pública. Antes disso, foi realizado
questionário com tais alunos a fim de tanto estabelecer o perfil dos jovens alcançados
por nossos planos de intervenção como sondar, a nível prático, quais instrumentos
didáticos seriam capazes de suscitar o desenvolvimento das atividades. Era intenção
comum desenvolver a pratica docente de forma original, com a valorização de
elementos sociais expressos e pospostos pelos adolescentes e jovens. Aquela altura
estávamos decididos a utilizar a estrutura do PIBID para experimentar alternativas de
construção do conhecimento para além do modelo aula expositiva.

A insegurança foi um elemento presente ao longo da jornada, neste sentido,


contornávamos tal sentimento quando aproveitávamos a desenvoltura e o carisma de um
e outro colega para criarmos nossas estratégias partículas, aí reside mais um mérito da
experiência PIBID História: Aproveitávamos o potencial uns dos outros ao mesmo
tempo em que construíamos um aprofundamento das relações de iniciação profissional,
sem perceber rompíamos com uma tradição individualista que muito marca a profissão
docente (NÓVOA,2011,p. 20). Este processo foi importante para criamos uma
identidade de grupo que era muito necessária. Não por acaso, com alguma freqüência
alunos e professores das unidades escolares se referiam aos bolsistas como estagiários,
evidenciando sutilmente a tentativa de absorção da nossa presença na rotina escolar.

Ao mesmo tempo a iniciativa que empreendemos era uma novidade perante as demais
licenciaturas que participavam do PIBID na UFBA, não atuávamos na promoção de um
reforço as disciplinas escolares nem diretamente ligados aos conteúdos de história
previstos para o ensino médio, mas nos propusemos desenvolver uma perspectiva
transversal dos direitos humanos, como fenômeno construído historicamente e ligado a
assuntos presentes na vida dos alunos. Mediante a originalidade da proposta existiu o
temor da não aceitação por parte dos alunos. Não existiu o atrativo quantitativo (isto é,
atribuição de notas em alguma disciplina) nem coercitivo, uma vez que a participação
nas ações por nós proposta não incidiu na freqüência feita pela escola.
Desta maneira, o entrosamento e a participação dos discentes da educação básica
significou um êxito importante para nós como profissionais em formação ao mesmo
tempo em que implicou em criar sempre novas formas de participação e ação dentro da
escola fato que foi traduzido pela construção de seminários dentro e fora da unidade
escolar, nestes, os alunos tiveram espaço para expressarem seus pontos de vista sobre
assuntos como a violência escolar e preconceito racial. Em uma das ocasiões houve a
oportunidade de conduzir os alunos para dentro da Universidade, local até então
desconhecido por muitos.

CONCLUSÃO

A memória como fenômeno seletivo é um postulado comumente já aceito, neste


sentido, as memórias eleitas aqui nos permitiram afirmar que o Programa de Bolsas de
Iniciação a Docência (PIBID) ocupa uma posição importante no entrelaçamento das
relações entre o ensino superior e a educação básica, em certa medida,
profissionalizando o docente por meio do contato com um perfil de aluno em constante
mudança e justamente por esta razão carece de novas estratégias por parte da docência
afim de promover sua formação para atuação critica na sociedade.

Consideramos igualmente importante todo o aparato ofertado pelo programa, seja por
meio do fomento dos bolsistas (incentivo e parcial financiamento do graduando dentro
da universidade) quanto das possibilidades de recursos disponibilizados para a
promoção de atividades alternativas dentro e fora da unidade escolar.

REFERÊNCIAS

CARDOSO, Lucileide Costa. Criações da memória: Defensores e Críticos da ditadura


(1964-1985). Cruz das Almas/BA: UFRB, 2012.

GATTI et al. Um estudo avaliativo do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação


à Docência (PIBID). Coleção Textos FCC (Impresso), v. 41, p. 4-117, 2014.

MEIRELES, Cecília. Da Solidão. In: Janela Mágica. 3ª Ed. São Paulo: Moderna, p. 48
à 51.

SIMSON, O.M.V. Memória, cultura e poder na sociedade do esquecimento. Revista


Acadêmica, v. 1, n.6, p. 14-18, 2003.

LIBÂNEO, José C. Didática. São Paulo: Cortez, 1993.


MARQUES, Maria I. C. Detalhamento de Subprojeto. Disponível em: <
https://sites.google.com/site/pibidufba2010/projetos > Acesso em: 05/12/2015.

MOTTA, Marcia M. M. História, Memória e Tempo Presente. In: CARDOSO, Ciro F.;
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NÓVOA, Antônio. O regresso dos professores. Pinhais: Melo, 2011.

TOURINHO, M. A. C.. Carta ao Professor: para que serve o ensino da história?.


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TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 4ª Ed. Rio de Janeiro:


Vozes, 2002.

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