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Não se desiste do Lexit

Segundo a ultima sondagem, os britânicos que defendem um novo referendo com um


resultado favorável à permanência são mais do que os que defendem uma saída sem
acordo (37% versus 26%). No entanto, os que defendem uma das várias formas que a
saída da UE pode assumir são mais do que os que querem repetir o referendo até dar o
resultado pretendido (49% versus 37%). Mais interessante ainda: em caso de recusa da
UE em estender o prazo, e confrontados com uma escolha clara entre sair sem acordo ou
permanecer na UE, são mais os que optam pela primeira hipótese (44% versus 42%). O
projecto do medo não está a resultar lá muito bem. Se a Grã-Bretanha sair e com
eleições, um cenário com uma componente acidental, há uma hipótese de salvar uma
grande parte dos militantes trabalhistas de si próprios.

Entretanto, deixo alguns excertos de um artigo do Full Brexit, um grupo que integra
intelectuais como Chris Bickerton, Richard Tuck, Costas Lapavitsas ou Wolfgang
Streeck. Foi publicado na NewStatesman, em resposta ao europeísmo de esquerda, neste
caso em resposta a Paul Mason, e a mais uma catástrofe política que está prestes a gerar
(minha tradução apressada):

“É a indisponibilidade da classe dominante para garantir o Brexit, e não o Brexit em si,


que está a gerar a raiva popular.

É também verdade que a esquerda tem sido incapaz de articular uma visão democrática
da renovação nacional. Parte do problema é que a esquerda trabalhista eurocéptica,
previamente encarnada por Barbara Castle, Tony Benn, Michael Foot e Jeremy Corbyn,
foi anulada pelas responsabilidades da liderança, enquanto que a direita trabalhista
eurocéptica, previamente exemplificada por Hugh Gaitskell, Denis Healey, Peter Shore
e Ernest Bevin, foi eclipsada pelo globalismo progressista da Terceira Via.

O resultado foi a ausência de liderança em torno das possibilidades democráticas e


socialistas a partir do Partido Trabalhista, que regrediu para a denúncia dos votantes
trabalhistas a favor do Brexit como ‘xenófobos e racistas’. Nós continuamos a apoiar o
voto popular e as possibilidades socialistas abertas pela restauração da soberania
democrática.
(...)
Onde a esquerda democrática adoptou uma política a favor da UE foi decimada. A
paralisia colectiva da esquerda continental, particularmente da sua ala social-democrata,
é uma lição acerca dos custos de abandonar as possibilidades de mudança democrática
através do Estado nacional.
(...)
Existem severos constrangimentos em relação ao que pode ser obtido dentro da UE e os
votantes da classe trabalhadora sabem-no. O consenso emergente em torno da
permanência, liderado pelo trabalhismo, é baseado na sua noção da Terceira Via de que
o objectivo da política é preservar e proteger as operações sem fricções do capitalismo
(...) A democracia é o melhor meio de resistir à dominação do capitalismo e tal não é
possível dentro dos constrangimentos da UE. Esta última gera uma política deprimida
do desapontamento ou a raiva da traição. A UE é baseada nos tratados e na autoridade
última do seu Tribunal de Justiça na resolução das disputas. Os tratados baseiam-se na
prioridade dada às ‘quatro liberdades’.
(...)
Transformar os tratados numa direcção socialista é impossível. Seriam necessários 15
governos socialistas eleitos em simultâneo para iniciar a mudança dos tratados e o
requerimento de consenso numa convenção subsequente, bem como a ratificação por
unanimidade, permite o veto por qualquer Estado. A experiência do Syriza é a
demonstração da impotência da linha ‘permanecer e reformar’
(...)
Estamos a viver num interregno, um período que Antonio Gramsci, descreveu como o
tempo ‘em que o velho morreu e o novo ainda não nasceu, em que existe uma
confraternização de opostos, em que surge toda a espécie de sintomas mórbidos’. Um
desse sintomas mórbidos é o compromisso da esquerda com o mercado único, a união
aduaneira e a soberania do Tribunal de Justiça; o compromisso com a eternidade
capitalista da UE. Nós apelamos a uma política baseada na democracia, reforma
económica radical e internacionalismo.”

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