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Ao PL 6812/17 foram apensados outros seis projetos sobre fake news que tramitam na
Câmara: o PL 9647/2018, de autoria de Heuler Cruvinel (PSD-GO), o PL 8592/2017, de
Jorge Côrte Real (PTB-PE), o PL 9554/2018, de Pompeo de Mattos (PDT-RS), o PL
9533/2018, de Francisco Floriano (DEM-RJ), e o PL 9761/2018 do deputado Celso
Russomanno (PRB-SP).
Além de prever multas e prisão, entre as propostas trazidas pelos projetos uma delas
transfere para o provedor de conteúdo e de conexão à internet a responsabilidade civil e
criminal “por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros”.
Bia destaca ainda que obrigar os provedores da internet a remover imediatamente esses
conteúdos, se receberem uma notificação, ou seja sem ordem judicial é um quadro
muito perigoso. Segundo ela explica, “isso gera uma outra lógica diferente do
ordenamento jurídico que tem sido trabalhado hoje, onde as plataformas podem sim, se
elas quiserem, remover conteúdo, mas só são obrigadas a remover se elas receberem
uma ordem judicial”. Essa possibilidade de qualquer conteúdo ser removido vai na
contramão dos debates travados na época da aprovação do Marco Civil da Internet sobre
a “desrresponsabilização dos intermediários”. “Quem é responsável por um conteúdo
que é postado numa plataforma, seja Youtube, Facebook ou Twitter, é quem postou. O
que esses projetos de fake news vêm fazer é justamente o contrário, em alguns projetos
se não removerem em 24 horas, [as plataformas] são responsáveis.”
Para Bia, os riscos de se mudar essa prerrogativa de aguardar ordem judicial é que “tudo
será removido imediatamente assim que for notificado, não importa por quem e por qual
critério”. “É um quadro muito perigoso. E é mais perigoso ainda no processo eleitoral,
porque cerceia o debate democrático e traz consequências independente de filiação
partidária. É um risco para a liberdade de expressão de qualquer cidadão”, completa.
Hoje, segundo o artigo 19, da Lei 12.965/14, conhecida como Marco Civil da Internet,
“com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de
aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos
decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não
tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do
prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente,
ressalvadas as disposições legais em contrário”.
Resoluções publicadas pelo tribunal preveem que o usuário que publicar uma notícia
falsa poderá ter a postagem retirada do ar. O juiz eleitoral vai determinar a retirada ou
não, com base em representação de candidato ou partido político. “O que está sendo
discutido no âmbito do TSE e da legislação eleitoral é 24 horas para retirar conteúdo do
ar. Isso vai gerar uma avalanche de processos de solicitações de retiradas de conteúdos
que inclusive o tribunal não tem nem recursos humanos em quantidade e nem
qualificados para identificar se todos esses pedidos serão razoáveis ou não”, pondera
Renata.
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