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Resumo: Este artigo tem por objetivo analisar as transformações ocorridas no contexto
internacional que corroboraram na evolução teórica e surgimento do novo conceito de
segurança, adaptado a enfrentar as chamadas “novas ameaças”, e como estas são percebidas
no cenário global, por organizações internacionais como a Organização das Nações Unidas
(ONU) e União Europeia (EU), apreendendo também a percepção de ameaças por dois blocos
de países, o Cone Sul e a Região Andina, através de seus documentos oficiais de defesa, que
nos fornecem material empírico para distinguir as visões estratégicas nas regiões. A
abordagem teórica é apresentada através dos estudos de importantes teóricos e autores das
Relações Internacionais como Barry Buzan e Grace Tanno, com utilização da metodologia
comparativa que consiste na definição e classificação de ameaças pelos países analisados.
Conclui-se que há similitudes e divergências na percepção de ameaças, tanto na relação dos
blocos Região Andina - Cone Sul, quanto entre os próprios Estados pertencentes a cada bloco,
e que há predominância da identificação das “novas ameaças” na análise.
Palavras-Chave: Conceito de Segurança – Cone Sul – Novas ameaças – Organizações
Internacionais – Região Andina
INTRODUÇÃO
O realismo permeia sua discussão na afirmação de que o Estado é o cerne das Relações
Internacionais, representando-se como um ator monolítico que busca duplamente o “interesse
mínimo de se resguardar e o interesse máximo de aumentar seu poder no sistema
internacional” (Waltz, 1979)1. Além disso, o ambiente internacional é caracterizado pela
inexistência de uma autoridade suprema acima dos Estados. Consoante o pensamento realista,
as Relações Internacionais são definidas basicamente por questões de high politics2e hard
power3.
Entretanto, verifica-se que os realistas são incapazes de prever e/ou explicar veemente
determinados fatos ocorridos no cenário internacional. O início dos anos de 1990 vem a se
tornar um importante divisor de águas para a corrente realista sob uma perspectiva macro
teórica. Com a derrocada da União Soviética e, consequente, fim da Guerra Fria, outra
corrente de pensamento consegue fincar-se definitivamente no centro das políticas guiadoras
das relações internacionais. Além desse fato, apontam-se outros anteriores tais qual o declínio
da economia americana, as crises do petróleo, a crescente importância atribuída às relações de
cooperação e a interdependência econômica resultante do processo de globalização. Logo,
criaram-se inúmeros desafios ao paradigma realista.
Dada a nova ordem no contexto internacional, os autores do Liberalismo têm em voga
suas assertivas. Defendem que a interdependência econômica é a chave para o equilíbrio de
forças entre os Estados. Concentrando seus esforços no avanço da tecnologia e ciência,
integrando-se regionalmente e estabelecendo um sistema econômico mundial que possibilite a
maximização dos interesses e necessidades de cada ator, os países conceberiam uma
configuração em que o enfrentamento militar se tornaria mais dispendioso. Dessa maneira,
seria possível consolidar, por exemplo, organizações supranacionais que viriam a sustentar
através dos regimes jurídicos internacionais essa disposição do cenário externo.
É importante frisar que, assim como no Realismo, o Liberalismo não forma um grupo
teórico homogêneo. É um “guarda-chuva de teorias” que abarca estudiosos com crenças e
afirmações afins sobre determinadas questões principais, mas que também diferem em outros
pontos.
Sendo um dos subcampos das Relações Internacionais, o estudo sobre segurança também
é fortemente determinado pela complexidade do contexto internacional. E a evolução deste
influencia nas percepções daquele. Na área de segurança internacional, a evolução dos
conceitos se deu de maneira similar às principais escolas de pensamento internacionalistas.
Logo, percebe-se que de início há uma inegável preponderância dos realistas na conceituação
do subcampo de estudo.
1
Waltz, 1979 in TANNO, Grace. A contribuição da escola de Copenhague aos estudos de segurança
internacional. Contexto int., Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 47-80, Junho 2003.
2
Questões vitais ligadas ao fim principal de sobrevivência do Estado. Esse conceito está dinamicamente ligado à
discussão de segurança nacional e internacional.
3
Criado por Joseph Nye, esse termo refere-se ao uso de força principalmente militar como forma de influenciar e
defender interesses por parte dos Estados.
2
Conforme apresenta Grace Tanno (2003),
À vista disso, podemos concluir que o conceito de segurança passa de uma noção mais
tradicional, vinculada ao uso da força e questões militares e que enxerga as ameaças a partir
de uma perspectiva objetivista para uma vertente mais abrangente. Essa vertente é
representada pela Escola de Copenhague e defende que o conceito de segurança deve exceder
o âmbito bélico-militar. Surge, portanto, a outras noções de segurança, como a econômica,
humana, societal, ambiental e a segurança cooperativa e coletiva. Além disso, vê-se a questão
das ameaças como sendo subjetivas. Ou seja, as ameaças à segurança são algo socialmente
construído. Barry Buzan, um dos principais expoentes dessa escola de pensamento, defende
que,
[...] uma abordagem objetivista da segurança só é viável em casos de ameaças
inequívocas e imediatas, como tanques hostis cruzando a fronteira de um país.
Mesmo nesse caso, no entanto, os autores observam que a condição de
"hostilidade" resulta de uma relação constituída socialmente e, por
conseguinte, não é objetiva; os tanques poderiam ser, por exemplo, parte de
uma operação de paz. (Buzan et al. 1998, p. 30)
Durante a vigência das relações bipolares que marcaram o período da guerra fria, a
segurança se baseava nas premissas da teoria realista, com uma maior centralidade em
aspectos estratégicos e militares de defesa territorial. Entretanto, atrelado ao processo de
globalização houve o desenvolvimento e a redefinição teórica do conceito de segurança nas
relações internacionais, com sua consequente ampliação, fruto das novas ameaças que
surgiram no ambiente internacional e da maior permeabilidade das fronteiras entre as nações,
incluindo assim, vertentes relacionadas à segurança econômica, humana, social, ambiental e
coletiva (Roboredo, 2010). Deste modo, nas sessões seguintes discutir-se-á as premissas
teóricas de cada nova perspectiva de segurança.
4
Huysmans (1998b, p. 493) in idem, ibidem.
3
2.1.Segurança Militar
2.2.Segurança Econômica
2.3.Segurança Humana
A segurança humana pode ser agrupada em sete categorias, a saber: (a) a segurança
econômica, que diz respeito à garantia de rendimento básico, fruto de trabalho produtivo ou
segurança social pública; (b) a segurança alimentar, que concerne à garantia ao acesso, físico
e econômico, aos alimentos básicos; (c) a segurança da saúde, realizada através da proteção
contra doenças e estilos de vida que não sejam saudáveis; (d) a segurança ambiental, com fins
na garantia da sustentabilidade de recursos naturais, por meio da não deterioração ambiental e
proteção das pessoas contra devastações; (e) a segurança pessoal, realizada por meio da
proteção contra violência física, seja esta realizada pelo Estado (tortura), por guerras, por
tensões étnicas, pela criminalidade, por violência doméstica contra a mulher ou maus tratos
infantis, ou pelo suicídio; (f) a segurança da comunidade, que objetiva a garantia de
participação em grupos da sociedade, protegendo as pessoas da perda de valores e da
violência étnica; (g) a segurança política, que visa a garantia de direitos humanos básicos e
liberdades pessoais (PNUD, 1994:25-38). Em suma, a segurança humana busca prover a
população de cuidados básicos, relacionados ao seu desenvolvimento e bem-estar,
responsabilizando o Estado pela promoção da segurança da população.
2.5.Segurança Ambiental
5
2.6.Segurança Cooperativa e Coletiva
3. As Novas Ameaças
6
organizar a violência em uma escala devastadora para a sociedade. (BOBBITT,
2003:774)
A União Européia (UE), em seu documento “Uma Europa segura num mundo
melhor: estratégia Europeia em matéria de segurança” (UE,2003:3-5), destaca as seguintes
ameaças como sendo os principais desafios globais: (1) Terrorismo; (2) Proliferação de
Armas de Destruição de Massa (ADM); (3) Conflitos Regionais; (4) Fragmentação e fracasso
dos Estados; (5) Criminalidade Organizada;
4.1 Bolívia
7
Estado BOLÍVIA
Não convencionais
São conhecidos como “conflitos contemporâneos ou novas
ameaças” e muitas vezes implicam no uso das Forças armadas, na
resolução dos mesmos.
Figura 1. Percepção de ameaças – Bolívia
4.2 Colômbia
De acordo com a Política de Defesa e Seguridade Democrática (2003) as ameaças à
Colômbia têm ligações entre si e são muitas vezes caracterizadas pela capacidade de
transbordamento das fronteiras nacionais. Por constituírem risco imediato ao país, às
instituições e à população, listam-se as seguintes ameaças: terrorismo; comércio de drogas
ilícitas; finanças ilícitas; tráfico de armas, munições e explosivos; sequestro e extorsão;
homicídio. A Política Integral de Seguridad y Defensa para la Prosperidad (2011), reforça a
percepção do documento anterior e aborda a importância do combate ao terrorismo praticado
por organizações armadas ilegais, principalmente aqueles grupos ligados ao tráfico de drogas,
como as FARC.
Estado COLÔMBIA
Ameaças Imediatas
Constituem-se como ameaças de grande impacto e de solução
imediata. Ex: Terrorismo, Drogas ilícitas, Finanças Ilícitas,
Tráfico de armas, munições e explosivos, Sequestro, Extorsão e
Homicídios, além de ameaças transnacionais como o
narcotráfico.
Figura 2. Percepção de ameaças – Colômbia
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4.3 Equador
Em sua Política de Defesa Nacional, o Equador caracteriza o atual cenário global pela
presença das “novas ameaças”. As ameaças se dividem quanto ao meio de sua origem, externa
ou interna como observa a Figura 3.
As ameaças externas são: Ameaças convencionais, que se dão por conflitos entre
Estados; Efeitos resultantes de problemas no controle das fronteiras, como o aumento de
imigrantes e refugiados relacionados ao aumento das taxas de violência urbana e crime
organizado no país; Tráfico de drogas e o crime organizado, que são fenômenos conhecidos
como “ameaças de rede” por estarem relacionados à outros crimes; Terrorismo internacional;
Desigualdade no comércio internacional; Proliferação de armas de destruição em massa; e
Deterioração do meio ambiente. Pobreza, corrupção, migração descontrolada, conflitos
advindos de crises governamentais, deterioração do meio ambiente, efeitos adversos de
desastres naturais e conflitos étnicos e culturais, são consideradas ameaças internas.
Estado EQUADOR
Fonte Política de La Defensa Nacional Del Ecuador (2002 e 2006)
Tipos de ameaças Externas
São as ameaças convencionais e novas ameaças de origem
externas ao Estado
Internas
São as ameaças de origem internas ao Estado, como: pobreza,
corrupção, conflitos étnicos, culturais, políticos, entre outros.
Figura 3. Percepção de ameaças – Equador
4.4 Peru
O Peru identifica as ameaças por sua origem, sendo elas ações incompatíveis com a
vigência do direito internacional, as que resultem de conflitos por recursos energéticos, como
também terrorismo, narcotráfico e delinquência internacional. As ameaças internas são:
corrupção, depredação do meio ambiente, tráfico de drogas, ações de grupos terroristas
contrários ao ordenamento constitucional e grupos radicais que promovam violência social.
Estado PERU
Fonte Libro Blanco de Defensa Nacional – Perú (2005)
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4.5 Venezuela
A percepção de conflitos e ameaças para a Venezuela se dá por sua origem no
ambiente interno ou externo, em seu documento oficial são consideradas ameaças à segurança
nacional: conflitos entre países vizinhos nas fronteiras, pressão de potências estrangeiras que
buscam apoio às suas políticas externa, terrorismo, corrupção, tráfico de drogas, imigração
ilegal, pesca ilegal, sequestro, extorsão, pirataria, e delinquência organizada.
Estado VENEZUELA
O Cone Sul, região composta pelas zonas Austrais da América do Sul, em seu sentido mais
amplo é constituído pelos Estados: Argentina, Brasil, Chile e Uruguai.
5.1 Argentina
Como se observa na Figura 6, de acordo com o Livro Branco de Defesa (1999) e o
Anuário de Defesa da Argentina (2007), a defesa nacional responde a uma série de ameaças e
conflitos derivados de três esferas: (I) No cenário global, antagonismos e da concorrência
derivada de confrontos estratégicos Leste-Oeste; (II) A nível sub-regional, disputas
transfronteiriças e / ou territoriais; (III) Na esfera doméstica, os conflitos resultantes do
confronto contra os grupos políticos internos, no âmbito da assim chamada "luta contra a
subversão".
A nova política de defesa do país está focada em medidas de confiança na arena
regional, o que poderia permitir a desembaraçar conflitos históricos do país com os países
vizinhos. A principal responsabilidade das Forças Armadas é a defesa contra as agressões
militares estaduais a soberania e a integridade territorial da Nação. Os militares só podem
enfrentar as ameaças não militares, incluindo o tráfico de drogas transnacional e o terrorismo,
de tempos em tempos quando chamados pelo sistema de segurança interna, de acordo com
disposições da Lei de Segurança Doméstica.
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Estado ARGENTINA
Nível Doméstico
Onde se inserem ameaças resultantes do confronto contra os
grupos políticos internos.
Novas ameaças
Devido aos novos conhecimentos e novas tecnologias, surgem
novas ameaças as quais as Forças Armadas têm que se adaptar,
estas podem surgir nos três níveis.
Figura 6. Percepção de ameaças – Argentina
5.2 Brasil
Em sua Estratégia Nacional de Defesa (2008) e Livro Branco Nacional de Defesa
(2012), o Brasil identifica ameaças de origem externas, internas e ameaças de origens difusas,
percenendo que o fenômeno da globalização trouxe o agravamento de ameaças de naturezas
disseminadas e que novos temas – ou novas formas de abordar temas tradicionais – passaram
a influenciar no cenário global, assim, questões como: biopirataria, proteção da
biodiversidade, defesa cibernética, as tensões decorrentes do aumento da escassez de recursos,
os desastres naturais, ilícitos transnacionais, terrorismos e atuação de grupos armados
marginalizados, são, para o Brasil, ameaças a defesa nacional.
Estado BRASIL
Fonte Estratégia Nacional de Defesa– Brasil (2008)
Livro Branco de Defesa Nacional – Brasil (2012)
Tipos de Ameaças Ameaças Externas
Ameaças advindas da relação entre Estados.
Ameaças Internas
São as ameaças de origem interna ao Estado
Ameaças difusas - Novas ameaças
Também considerados como “conflitos do futuro”, sejam eles as
guerras de informação e os conflitos de pequena escala, como
também narcotráfico, o tráfico de armas e a pirataria marítima,
caracterizados como ameaças difusas por possuírem natureza
distinta, assim, as Forças Armadas são orientadas a cumprir
missões variadas a fim de propiciar suporte às ações do Estado.
Figura 7. Percepção de ameaças – Brasil
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5.3 Chile
O posicionamento do Chile diante de conflitos internacionais (relação de interesses
contrapostos entre atores internacionais, em que pelo menos um seja um estado, havendo um
duelo de vontade versus resistência), se dá de acordo com a sua classificação. O Chile
classifica os conflitos internacionais em dois tipos básicos: “crise” ou “Guerra”, embora um
possa derivar do outro. O tipo “Crise” se refere à conflitos de intensidade limitada, que
buscam alterar o status quo, nestes, são utilizadas ações nas quais se tenta influenciar através
do uso de ameaças de dano, de forma a dissuadir o outro ator para que se faça uma nova
negociação, constitui-se como uma ótima oportunidade para o emprego da diplomacia, os
objetivos são conquistados através de pressão e negociação, sem chegar ao uso da força. A
classificação “Guerra” é dada a conflitos os quais não são solucionados pelos elementos
anteriores, se opta então, pelo uso da força com o propósito de alcançar a vitória por todos os
meios possíveis. Esta é, portanto a expressão mais severa do conflito.
Estado CHILE
Guerra
São os conflitos de alta intensidade; Conflito armado no qual os
interesses vitais do Estado encontram-se ameaçados.
Figura 8. Percepção de ameaças – Chile
5.4 Uruguai
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Estado URUGUAI
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por se tratar de um subcampo das Relações Internacionais, o estudo das temáticas
securitárias encontra-se inerentemente relacionado às alternâncias do contexto internacional.
Isto é, assim como o momento histórico definiu a preponderância de certas ideias nas
correntes de pensamento internacionalistas, como o realismo que se relacionou com o período
de conflitos entre nações, o liberalismo que teve suas bases verificadas com o fim da Guerra
Fria e tendo o processo de globalização se acelerado, o conceito de segurança do mesmo
modo fora influenciado pelo meio.
A abrangência de outros temas não ligados diretamente a aspectos militares, por
exemplo, permitiram que o entendimento de modo basilar, sobre o conceito de segurança
fosse expandido. Isso se deve ao fato de que os estudiosos da área se encontraram diante da
insuficiência da corrente realista para o perscrute de casos e contextos que representavam
ameaças ao Estado, mas que não estavam diretamente ligados às concepções tradicionais de
segurança. Observa-se que o modelo tradicional de organização da defesa e suas instituições
militares no período da Guerra Fria, era adaptado a um conceito de segurança em um contexto
inerentemente marcado pela ação protetora das Forças Armadas contra ataques de outros
Estados e posteriormente contra qualquer ameaça à segurança doméstica.
Destarte, o novo conceito de segurança se distingue pela sua ampliação que inclui
assim, vertentes relacionadas à segurança econômica, humana, social, ambiental e coletiva,
sendo este, fruto da maior permeabilidade das fronteiras entre as nações, e do surgimento das
novas ameaças.
As percepções de ameaças por parte dos Estados e organizações internacionais
alteraram-se com o impulso da globalização e mudanças no contexto internacional, dando
espaço às “novas ameaças”, que então, apresentam natureza difusa, advindo tanto do meio
externo quanto interno ao Estado, assim como resultam da ação de atores diversos no cenário
global. Na perspectiva de organizações internacionais como a Organização das Nações
Unidas e a União Europeia, as novas ameaças em sua maioria são listadas como prioridade
em seus documentos oficiais e dentre estes, ambas identificam em comum, o terrorismo e o
crime organizado. Na análise da percepção de ameaças pelos países da Região Andina e Cone
Sul, nota-se que Equador, Peru, Venezuela, Brasil e Uruguai percebem as ameaças de acordo
com o seu meio de origem, sendo ele externo ou interno ao Estado. A Argentina define de
acordo com o campo em que as ameaças se manifestam, podendo ser a nível global, sub-
regional ou doméstico. A Colômbia e o Chile identificam as ameaças de acordo com sua
intensidade, restando à Bolívia a peculiaridade de classificá-las em convencionais e não
convencionais, que se referem respectivamente aos conflitos entre Estados e às novas
ameaças.
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Podemos então notar algumas tendências ao nível da análise do conjunto, visto que
todos os Estados analisados identificam as novas ameaças, havendo países cujas percepções
estratégicas convergem e se assemelham quanto à percepção de ameaças dentro dos blocos
Região Andina e Cone Sul quanto entre si. Em suma, as ameaças são por eles tipificadas
quanto: (1) ao seu meio de origem e manifestação, (2) convencionalidade e (3) intensidade.
Constata-se também, que a grande maioria das ameaças é de natureza não-estatal.
Ao analisar o Brasil através da Estratégia Nacional de Defesa, da Política Nacional de
Defesa e do Livro Branco de Defesa Nacional, percebe-se que temas que não eram tratados no
âmbito da segurança nacional, agora o são, tendo em vista a situação atual do sistema
internacional. O capítulo dois do Livro Branco de Defesa Nacional é apresenta que “Novos
temas — ou novas formas de abordar temas tradicionais — passaram a influir no ambiente
internacional deste século” (LBDN, p.28), e posteriormente, “As implicações para a proteção
da soberania, ligadas ao problema mundial das drogas e delitos conexos, a proteção da
biodiversidade, a biopirataria, a defesa cibernética, as tensões decorrentes da crescente
escassez de recursos, os desastres naturais, ilícitos transnacionais, atos terroristas e grupos
armados à margem da lei explicitam a crescente transversalidade dos temas de segurança e de
defesa” (Ibidem).
Afere-se assim, que o que outrora se limitava as questões estratégico-militar,
expandiu-se englobando temas antes restritos ao universo político e da sociedade civil, ou
seja, assuntos foram transportados para a esfera securitária em decorrência da influência das
mudanças ocorridas no contexto internacional e a percepção de novas ameaças.
REFERÊNCIAS
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Challenges and Change - Executive Summary” (ONU, 2004: 2) - Publicado pelo
Departamento de Informação Pública das Nações Unidas. DPI/2372 - Dezembro de 2004)
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BUZAN, Barry; WÆVER, Ole; DE WILDE, Jaap. Security: a new framework for analysis.
LynneRiennerPublishers, 1998.
Buzan et al. (1998, p. 30) in DUQUE, Marina Guedes. O papel de síntese da escola de
Copenhague nos estudos de segurança internacional. Contexto int., Rio de Janeiro, v. 31, n.
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Ministerio de la Defensa. Concepto estratégico militar de la Fuerza Armada Nacional.
Caracas: Venezuela: 2005.
Ministerio de Defensa Del Perú. Libro Blanco de Defensa Nacional. Perú: 2005
República Bolivariana de Venezuela. Ley Orgánica de Seguridad de la Nación. Gaceta Oficial
No. 37.594, Venezuela: Diciembre, 18, 2002.
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