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Nampula
Agosto de 2017
Impacto da Exploração Mineira Artesanal no Desenvolvimento das Comunidades: Aplicação no Posto
Administrativo de Iuluti-Comunidade de Marraca Província de Nampula.
Declaro por minha honra que, esta monografia científica provém do meu trabalho de
pesquisa pessoal e sob orientação do meu supervisor, onde o seu conteúdo é de carácter fidedigna
e as fontes de consultas estão devidamente observadas e mencionadas no texto, nas notas e na
bibliografia do trabalho. Salientar ainda, que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra
instituição e nem por outro autor para obtenção de qualquer grau a académico.
_______________________
(Domingos Luísa Eduardo)
DEDICATÓRIA
Dedico esta, bem como todas as minhas demais conquistas, a minha amada mãe Luísa Assane
Ali, que falta você me faz e meus dois preciosos filhos Halley e Nicholy.
Monografia Apresentada com vista à culminação da Licenciatura em Gestão do Meio Ambiente iii
Impacto da Exploração Mineira Artesanal no Desenvolvimento das Comunidades: Aplicação no Posto
Administrativo de Iuluti-Comunidade de Marraca Província de Nampula.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço em allah, por ter me concedido a saúde no período que estive
em formação.
Do mesmo modo vão ao meu supervisor Msc. Eng.Virgílio António Livele pela sua
forma flexível e presente na orientação desta monografia científica, assim como as críticas que
subsidiaram as etapas da elaboração da monografia científica.
Extensivos agradecimentos vão aos meus tios Amisse e Manjura, pelo seu contributo
moral, meus pais Eduardo e Luísa por terem me dado a vida, a minha esposa Yara e os meus
filhos Halley e Nicholy por aparecerem na minha vida no período em que esteve em formação e
de forma muito especial.
Seria inevitável falar do apoio prestado pelos meus amigos Ageu, pelos subsídios na
elaboração da monografia, e aos que directa ou indirectamente contribuíram para o meu êxito na
formação.
EPÍGRAFE
Índice
DEDICATÓRIA.............................................................................................................................iii
AGRADECIMENTOS...................................................................................................................iv
EPÍGRAFE......................................................................................................................................v
LISTA DE TABELAS...................................................................................................................vii
LISTA DE FIGURAS...................................................................................................................viii
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.....................................................................................................11
1.2. Hipóteses.............................................................................................................................13
1.3. Objectivos...............................................................................................................................13
1.5. Justificativa.............................................................................................................................14
4.2.Características socioeconómicas.............................................................................................27
5.5. Qualidade de vida e grau de satisfação com a prática da exploração mineira na comunidade
de Marraca.....................................................................................................................................36
Conclusão......................................................................................................................................41
Sugestões.......................................................................................................................................43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................44
APÊNDICE....................................................................................................................................46
LISTA DE TABELAS
Monografia Apresentada com vista à culminação da Licenciatura em Gestão do Meio Ambiente vii
Impacto da Exploração Mineira Artesanal no Desenvolvimento das Comunidades: Aplicação no Posto
Administrativo de Iuluti-Comunidade de Marraca Província de Nampula.
LISTA DE FIGURAS
Monografia Apresentada com vista à culminação da Licenciatura em Gestão do Meio Ambiente viii
Impacto da Exploração Mineira Artesanal no Desenvolvimento das Comunidades: Aplicação no Posto
Administrativo de Iuluti-Comunidade de Marraca Província de Nampula.
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
A exploração mineira artesanal é uma actividade que cria condições para o melhoramento
da renda familiar, pese embora ser difícil quantificar os benefícios ganhos por uma população,
em virtude da informalidade, nomadismo e desorganização (ALEXANDRE, 2009).
Contudo, esta actividade, por outro lado tem gerado problemas a vários níveis, como por
exemplo a contaminação das águas, problemas entre as autoridades e os garimpeiros ilegais,
criminalidade nas comunidades envolvidas, bem como o abandono da prática de actividades
Os resultados deste trabalho irão contribuir na compreensão teórica dos impactos da exploração
mineira artesanal no desenvolvimento das comunidades, em particular de Marraca, que poderá
também perceber-se melhor sobre esta actividade económica, que trás consigo tantos benefícios
sociais positivos, e quanto negativos para o ambiente.
Este trabalho apresenta cinco capítulos: primeiro capítulo: aborda sobre a introdução do
trabalho onde descreve as motivações da escolha do tema, sua importância, finalidade da escolha
do tema, formulação dos objectivos e delimitação do objecto do trabalho; relação entre prática da
actividade mineira artesanal e o desenvolvimento da comunidade; o segundo capítulo versa sobre
apresentação do estado da arte, o terceiro capítulo fala da apresentação do modelo de análise; o
quarto capítulo: aborda a metodologia do trabalho e o quinto capítulo fala sobre análise dos
resultados. E por último espelha as conclusões, seguido das sugestões e no final apresenta
apêndice.
1.2. Hipóteses
1.3. Objectivos
Este trabalho compreende objectivos gerais e específicos, tal como se apresentam a seguir:
1.5. Justificativa
Segundo Almeida (2007), mais de metade da população moçambicana vive em situações
de pobreza absoluta. A agricultura constitui a principal fonte de sobrevivência. Contudo, a
escassez de chuvas, as técnicas usadas, aliadas as mudanças climáticas têm resultado no aumento
dos níveis de pobreza com o consequente agravamento das condições de vida.
A necessidade de sobrevivência, sobretudo nas zonas rurais, tem levado algumas famílias
a optarem por outras vias para a solução deste problema. Uma das saídas adoptadas para o
aumento do nível de rendimento nas comunidades é o seu envolvimento em várias outras
actividades incluindo o garimpo.1
Segundo Castel-Branco (2000), nota-se que o nível de vida das populações que vivem
nestas regiões, tende a melhorar uma vez que são substituídas as casas construídas com material
precário em material convencional, aquisição de meios de transportes como carros, motociclos;
criação de oportunidades de negócios, por exemplo cantinas rurais, salão cabeleireiro, internet-
café e fonte robusta para colecta de receita.
1
Garimpo: é a forma mais rudimentar de mineração, pois são localizados em áreas remotas e não contam com apoio
de qualquer empresa ou órgão público, sendo muitas vezes considerado ilegal.
vai contribuir de forma analítica, na prática desta actividade mineira artesanal de forma
sustentável, que é de fundamental importância para a preservação dos recursos naturais assim
como do meio ambiente para o bem-estar das actuais e futuras gerações.
Esta actividade de mineração veio evoluindo, porém foi na antiguidade que teve sua
maior importância histórica, já que era através dela que muitos recursos naturais iam sendo
descobertos. As pirâmides do Egipto, por exemplo, foram construídas com grandes blocos
extraídos das pedreiras; estes blocos tinham cerca de 15 toneladas cada. Em 3000 a.C. o Egipto
tornou-se a mais importante civilização do mundo, especialmente por terem dominado a
mineração de metais como o cobre. Este foi apenas um dos fatos históricos importantes que
envolviam a actividade de mineração (NHACA, 2009).
Um dos primeiros métodos de mineração foi documentado pelo povo romano, e consistia
em acender fogo sobre as rochas e esperar que elas se expandissem e rachassem, por conta do
calor. Além deste método, foi descoberto em seguida o uso de picaretas, martelos, bombeamento,
ventilação e carros de mão. Algumas das técnicas antigas ainda são utilizadas (SELEMANE,
2009).
De acordo Pereira (2005), com o passar do tempo, foi descoberto o uso da pólvora, o que
fez a técnica de mineração progredir, e da dinamite, que aumentou ainda mais este progresso. Em
seguida, foram desenvolvidas técnicas de perfuração, como a sonda rotativa, que existe desde
1813 e já recebeu diversas versões aprimoradas. Já na contemporaneidade, a exploração dos
minerais foi a base do progresso industrial e comercial, além de ser uma das bases do poder
económico, militar e político.
Para Selemane (2009), “Nas explorações mineiras todas as fases desde a extracção, o
processamento e a beneficiação do minério têm um impacto negativo no ambiente. Os problemas
principais associados à extracção mineira são o grande volume de escombreiras 2 gerado e a
contaminação de solos e águas pelas drenagens dos efluentes.
A política geológico-mineira dos países como Líbia, Sudão, Lesoto, Suazilândia, Congo
devem tomar em conta a necessidade de incentivar as empresas a reservar recursos minerais a
serem usados em cada país. No caso de Moçambique, por exemplo, maior parte das empresas
como a MOZAL, SASOL faz a fundição do alumínio e exploração do gás natural para a
2
Escombreiras - é o local onde, numa exploração mineira, se acumulam os fragmentos de rochas que não tem
interesse económico (SELEMANE, 2009).
3
Bioindicadores: são fatores bióticos empregados para o reconhecimento de condições (passadas, presentes ou
futuras) de ecossistemas ( PEREIRA, 2005).
exportação. E muitas vezes, mesmo que algumas empresas de processamento procurem matéria-
prima para usar no processo produtivo, o mercado não a disponibiliza, porque é exportada pelas
empresas mineiras. (NHACA, 2009).
A África do Sul é um dos países que já avançou na mineração, visto que a exploração
mineira responde, primeiro às necessidades internas do país, facto que é também justificado pelo
estado avançado da sua indústria mineira (NHACA, 2009). De acordo com o autor, é notório o
uso de bens, resultante da transformação de ouro bruto em jóias, o gás natural processado para o
uso doméstico.
Segundo Mucanhiua (2009), as receitas dos recursos naturais podem quebrar o elo de
responsabilização entre o governo e os cidadãos, se os governos puderem confiar exclusivamente
em tais receitas sem a necessidade de cobranças adicionais de impostos aos cidadãos. O
ambiente institucional vai, consequentemente, desenvolver-se no sentido de garantir o poder do
governo e não a prosperidade e direitos comuns a todos.
país concentra-se nas questões relacionadas com o quadro legal e fiscal, a transparência, as
exportações (CASTEL-BRANCO, 2010).
Para Fernandes (2012), “estima-se que mais de cem mil pessoas em Moçambique, entre
nacionais e estrangeiras, estejam envolvidas no exercício de mineração artesanal, alguns casos de
forma ilegal e clandestina, com maior incidência para as províncias de Manica, Tete, Zambézia,
Niassa, Nampula e Cabo Delgado, que apresentam alto potencial mineiro como águas marinhas,
ouro, quartzo, turmalinas, vernalite, granada”.
De acordo com Castel-Branco (2010), “a mineração artesanal precisa de ser tratada com
mais seriedade do que tem sido até agora. Está claro que nem a perseguição policial aos
garimpeiros, os projectos de “educação” dos garimpeiros, nem mesmo o incentivo ao
associativismo resolvem o problema da extracção desregrada de minérios. A medida central,
nestes casos, deve ser a criação de alternativas de sobrevivência, através de outras actividades
socioeconómicas. O Governo deve legislar, regulamentar e controlar o uso do mercúrio na
mineração artesanal no país”.
“Tal pode ser assegurado pelo Fundo do Fomento Mineiro (FFM), instituição
governamental que tem estado a comprar parte do ouro processado, com base em mercúrio
proveniente do mercado negro. E uma das principais razões da venda de ouro aos ilegais é
exactamente a garantia de acesso ao mercúrio para processamentos futuros, uma vez que o FFM
não possui mercúrio”.4
Castel-Branco (2010), sustenta que “A instalação de refinarias de ouro em Manica e nos
outros pontos do país, pode ser uma boa solução para estancar o garimpo ilegal e nocivo ao
ambiente. No entanto, será preciso colocar a questão de como fazer para que a instalação de
4
Idem
refinarias de ouro contribua para a redução do garimpo ilegal, pois os aspectos salariais, os
termos contratuais e demais condições e benefícios sociais devem ser bem negociados, porque,
caso contrário, nenhum garimpeiro entregará o seu trabalho a uma refinaria para ganhar menos,
sabendo que pode ganhar muito mais se for cavar a terra para dela extrair ouro com os amigos,
mesmo na incerteza que rodeia o garimpo”.
Nampula conta com reservas de minerais, uma riqueza explorada, actualmente, na sua
grande dimensão, em moldes artesanais de gemas, nomeadamente: Águas Marinhas (Turmalinas,
Corindo e Topázio), localizados nos distritos de Moma, Eráti, Monapo, Murrupula e Mogovolas.
Ocorrem do mesmo modo nos distritos de Lalaua, Eráti, Moma, Angoche, Murrupula, Nacala-a-
Velha, Ribáuè, Mecubúri, Memba e Monapo, minerais como ferro, grafite, ouro, fosfatos,
ilmenite, rutilo e zircão. As rochas de construção, granito, granito-gnaisse, calcário e basalto
ocorrem significativamente nos distritos de Nampula, Memba, Meconta, Nacala-a-Velha e
Mossuril. (PEP, 2010-2020)
A base geológica da província de Nampula é constituída fundamentalmente por rochas
metamórficas, como quartzitos, xistos e gnaisses, ocorrendo entre elas interferências de rochas
eruptivas, como gabros e doleritos.5
5
Idem
Certificado Mineiro; é um título emitido pela entidade de tutela na área de minas, para
fins de exploração ou prospecção mineira industrial mediante o requerente singular ou
requerentes colectivos6
Taxa de Retorno: é uma taxa de desconto que quando aplicada a um fluxo de caixa, faz
com que os valores das despesas, trazidos ao valor presente, seja igual aos valores dos retornos
dos investimentos, trazidos ao valor presente (KEYNES, 2013).
6
Idem
7
Idem
Esta actividade de mineração artesanal gera fonte de emprego e auto emprego, fonte de
rendimento complementar das famílias, promove o melhoramento das condições habitacionais,
fonte de ocupação de jovens impossibilitados de continuar os estudos, contribui para a redução
da pobreza rural, contribui no crescimento de qualquer comunidade com potencialidades
mineiras em infra-estruturas e o comércio apesar de ser uma actividade de difícil controlo por
parte do Estado, devido ao seu carácter informal, desregulado e migratório (DONDEYNE,
2009).
Segundo Almeida (2007), “desde os primórdios da história da humanidade o Homem
vive na procura constante da sobrevivência, da riqueza e da qualidade de vida. Por isso, desde
muito cedo o Homem aprendeu a retirar da terra as matérias-primas minerais, que sempre
utilizou para benefício próprio. No entanto, percebe-se que a actividade mineira, juntamente com
a alteração rápida dos ecossistemas, o aumento do aquecimento global, a desertificação, as secas,
a contaminação e a poluição, provocou nos últimos cem anos uma grande degradação do
ambiente e da saúde pública”.
Assim, a exploração mineira tem sido usada principalmente como uma fonte de
rendimento económico, sendo que, Almeida (2007), nos faz perceber que a partir da exploração
mineira destacam-se os seguintes impactos ambientais:
Formação de escombreiras;
Formação de águas de drenagem ácidas;
Erosão do material que compõe as escombreiras;
Libertação de compostos químicos muito tóxicos;
Modificação dos ecossistemas;
Contaminação de solos e água;
Drenagens dos efluentes.
aí encontradas têm um papel fundamental na caracterização do meio, sendo por isso utilizadas
como bio-indicadores (PEREIRA, 2005).
A alteração dos sulfuretos por hidrólise juntamente com a oxidação do ferro e a presença
de bactérias do género Thiobacillus resulta num conjunto de processos químicos, que produzem
um fluido aquoso ácido e rico em metais pesados, como por exemplo, o Cobre, Zinco, Chumbo e
Prata.8
No contexto da indústria mineira os problemas de ordem “química” são os mais
preocupantes, bem como os mais relevantes face aos desequilíbrios gerados nos balanços
químicos naturais. Vários factores intrínsecos às minas são potencialmente nefastos para o
ambiente. A própria água da mina pode causar impacto no ecossistema envolvente, devido ao
valor de pH ser frequentemente baixo, contribuindo para aumentar a velocidade de dissolução
dos elementos químicos tóxicos, tais como o cádmio, o arsénio, o mercúrio, o zinco e o níquel,
bem como o seu transporte, sob a forma de lixiviados (drenagem ácida), até distâncias
consideráveis da origem, figura1 (PRESS et al., 2006).
8
Idem
Outro dos problemas ecológicos é consequência da drenagem ácida. Esta pode dificultar
o desenvolvimento de uma cobertura vegetal espontânea nas áreas circundantes, bem como sobre
as escombreiras, e contribuir deste modo para o aumento da erosão. Das perturbações ecológicas
resulta uma perda de biodiversidade e o desequilíbrio dos ecossistemas tanto terrestres como
aquáticos que existem nas zonas mineiras (PRESS et al., 2006).
Na extracção mineira nem todos os materiais extraídos são utilizados, muitas vezes
porque apresentam baixo teor do minério de interesse naquela exploração, sendo acumulados.
Nas minas também se pode observar o chamado “gossan”, que se refere às camadas de ferro
resultante da oxidação de sulfuretos maciços, que apresenta coloração laranja devido à sua
constituição em óxidos de ferro. A acumulação de produtos estéreis e de rejeitados da extracção
fazem com que os locais de actividade mineira apresentem carácter contaminado (PRESS et al.,
2006).
Criação de Associações na
Exploração Mineira Artesanal comunidade
Comunidade Nativa
Prestação de Serviços Realizados na
Comunidade
Comunidade
Representantes da comunidade
Comunidade Exótica
Criação de Projectos de
desenvolvimento sustentáveis
Limite:
Norte – Distritos de Nampula e Meconta;
Sul – Distrito de Moma;
Este – Distrito Angoche e Liupo; e
Oeste – Distrito de Murrupula e Distrito de Gilé.(Idem).
Quanto aos limites, a Comunidade de Marraca, limita-se a Norte com o rio Cavina,
Distrito de Murrupula; Sul-limita-se com o rio Nwarathepo, Posto Administrativo de Chalaua,
Distrito de Moma; Este-limita-se com o rio Murririmué, Posto Administrativo de Nametil; Oeste-
limita-se com o rio ligonha, Distrito de Gilé província da Zambézia (Idem).
Clima e Hidrografia
De acordo MAE (2005:2), O distrito apresenta um clima do tipo sob húmido chuvoso
com temperaturas médias anuais entre 20-35ºc e uma precipitação média anual que varia de 800-
1200 mm. Em relação a hidrografia, é atravessado pelos rios e afluentes. Todos eles são de
regime periódicos excepto o rio Meluli que pode conservar a água durante o todo ano.
Relevo e Solos
O Distrito possui uma altitude que varia de 200-500m de relevo ondulado, os solos
predominantes são arenosos e argilosos que apresentam cor vermelha e escura, com uma textura
grossa, arenosa, pesada, sujeitas a inundações e estrutura profunda. (Idem).
4.2.Características socioeconómicas
Agro-pecuária
Segundo o GDM (2015:06), ʹʹactividade predominante no distrito é prática de agricultura
familiar em pequenas explorações com culturas de variedades locais dependendo de chuvas.
Estima-se que cerca de 500.000 hectares de terra, é arável onde se praticam culturas de Castanha
de Caju, Amendoim, Mandioca, Gergelim Feijões, Algodão, Arroz e Milho.ʹʹ
Para além da actividade agrícola, o distrito tem registado grandes avanços no contexto de
criação de gado bovino ao nível da província de Nampula porque apresenta condições naturais
favoráveis como a abundância de pastos doces e água suficiente para o abeberamento do gado
(GDM, 2015).
Marraca, desenvolveu-se este capítulo que está relacionado ao trabalho de campo. Assim, os
dados apresentados têm como origem os questionários de inquéritos feitos aos residentes desta
comunidade, dentre os quais garimpeiros, membros da comunidade e estruturas locais da
comunidade.
Para melhor apresentar os dados usou-se a categorização, que segundo BARDIN (1995)
apud IVALA (2002:122) '' consiste na classificação de elementos que constituem um conjunto.
Esta operação passa pela diferenciação seguida do reagrupamento dos elementos segundo o
género (análogo) com critérios previamente definidos''. A categorização foi feita mediante o
inquérito dirigido aos residentes da comunidade.
Assim, as respostas destas perguntas foram obtidas, criando-se subtítulos correspondentes
as perguntas e as respostas dadas pelos sujeitos da pesquisa, relacionadas com as informações
sobre a idade dos inqueridos, período de exploração mineira artesanal por parte da população,
outras actividades praticadas pelos garimpeiros, mudança de actividade, grau de satisfação na
prática de actividade de exploração mineira, qualidade de vida antes da actividade mineira e
conhecimento sobre a informação ambiental.
Já que as respostas fornecidas pelos sujeitos da pesquisa tendem a ser mais variadas,
sendo que houve a necessidade de codificar. Assim para garantir o anonimato por parte dos
inqueridos houve a necessidade de atribuir os seguintes códigos: GI1 que corresponde a
Garimpeiro inquirido 1, GI2 Garimpeiro Inquirido 2, GI3 Garimpeiro Inquirido 3....GI30; e para
o inquérito dirigido as estruturas locais em número de 5, foi necessário usar EL que significa
Estruturas Locais, e para o caso dos membros da comunidade num total de 15, usou-se o código
MC.
CAPÍTULO V: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
entre 12-18 anos, 23 de 18-35 anos, 12 são da idade compreendida 36-49 anos e os 7 que
correspondem a 14% variam entre 50 à 60 anos.
Nhaca (2009), explica que as zonas onde ocorre actividade mineira há geralmente pouca
disponibilidade de produtos agrícolas, isto porque a população chega abandonar esta actividade,
apesar de ser a que produz alimentos para comunidade, para aderir a exploração mineira por
conta dos altos rendimentos obtidos, e por outro lado, alia-se a baixa produtividade dos solos da
região devido a poluição dos solos.
Concordando com o autor acima, este caso também regista-se nesta comunidade de
Marraca, facto que leva a população a recorrer em outras comunidades para adquirir alimentos
através dos ganhos obtidos na actividade mineira. Desta feita, conduz para insuficiência
alimentar no seio da comunidade de Marraca.
Sendo que 10% afirmaram que a vida antes não era boa, porque desta única actividade
agro-pecuária praticada gerava-se baixo rendimento, associado a vários factores tais como falta
de diversificação de mercado, prática de preços não justos e por se caracterizar actividade de
risco.
E os restantes 12% que corresponde a 6 inquiridos a firmaram que a vida era boa, visto
que os custos por estes empreendidos na agro-pecuária conseguiam tirar retornos, servindo para
o uso de vários fins.
Alexandre (2009), diz que não basta que a população obtenha benefícios directos a curto
prazo e definir que a qualidade de vida está bem ou não, na prática de qualquer actividade de
rendimento é necessário que se tenha em conta a existência de infra-estruturas básicas e o
respectivo acesso como centro de saúde, vias de acesso que permitem a circulação bens e
pessoas, furos de água potável, acesso a educação, ligação a rede de telefonia móvel, ter acesso
alimentar durante 3 vezes ao dia e entre outros aspectos que garantem o bem-estar social, de um
individuo.
No entanto, os indicadores que o Alexandre define como um dos parâmetros de qualidade
de vida, são notórios na comunidade de Marraca como a construção de escola, ligação de furos
de água potável, ligação a rede de telefonia móvel, abertura de lojas rurais para facilitar o acesso
na aquisição de produtos, reduzindo assim o percurso das longas distâncias e alargamento de vias
de acesso, de modo que não haja o trânsito deficitário. Apesar os rendimentos obtidos serem com
maior destaque para os benefícios individuais. Exemplo a construção de casas convencionais,
compras de viaturas, criação de maiores efectivos de gado.
O gráfico acima, mostra que 60% dos garimpeiros inquiridos vem praticando esta
actividade a mais de 5 anos, isto porque gera maiores rendimentos em curto espaço de tempo e
não envolve muitos custos para a sua prática comparativamente a agro-pecuária e comércio,
actividades que antes do garimpo, eram as mais exercidas pela comunidade. Importa realçar que,
estes 60% já vinham praticando a actividade mineira, bem antes de se começar com a exploração
dentro da comunidade de Marraca.
Pereira (2005), explica que a exploração mineira deve ser praticada com uma consciência
pessoal, tendo em conta o presente e futuro das gerações, apesar de ser uma actividade que
oferece altos rendimentos directos, esta actividade caracteriza-se por estar a explorar os recursos
esgotáveis, porque na medida em que esta actividade é expandida e intensificada a longo período
empobrece e destrói a estrutura da terra através da retirada dos recursos não renováveis.
Correlação aos garimpeiros inqueridos, 18% é que praticam esta actividade mineira a
menos de um ano, porque estes consideram como sendo uma actividade nova sem domínio, para
aquela comunidade de Marraca, motivo que abre o espaço de existir membros locais com
dificuldades na realização desta actividade.
Do total dos questionados que perfazem 50 (100%), um total de 26%, responderam que estavam
satisfeitos com a actividade, ao passo que 74%, responderam que não estão satisfeitos, figura 5.
De acordo com o gráfico acima, nota-se que do total dos inquiridos, maior parte destes
afirmaram não estar satisfeitos com a prática da actividade mineira artesanal porque em algumas
vezes para a obtenção dos minérios requer experiência prática, por outro lado tem a ver com a
falta do mercado justo, dado que os compradores chegam a impor o valor de compra sem
observar o valor real do minério dada a fragilidade na fiscalização por parte do governo local.
Apesar de ser uma actividade que a maior parte dos inquéritos não se sentem satisfeitos,
nota-se no seio da comunidade uma evolução na melhoria das condições de vida através de casas
construídas de material convencional, compra de viaturas, garantia no ensino dos seus filhos,
disponibilidade alimentar, acesso aos serviços básico de saúde, aumento no poder de compra e
melhoria assim como a diversificação das fontes de renda familiar.
De acordo Selemane (2009), diz que apesar de ser uma actividade que oferece melhores
rendimento a curto prazo, ela gera enormes impactos nocivos sociais e sobre o meio ambiente,
facto que é desconhecido no seio da população sobre as consequências.
Concordando com o autor, trata-se de uma acção real e concreta que se vive na
comunidade de Marraca, visto que nota-se a retirada dos recursos minerais sem a devida
importância das consequências que esta actividade mineira trás para a sociedade e o ambiente.
Por outro lado são visíveis a ocorrência dos impactos negativos sociais nesta comunidade
de Marraca como por exemplo transmissão sexual, respiratória, criminalidade, violência corporal
das mulheres e crianças devido a movimentação de muitas pessoas de nacionalidades diferentes,
assim como a destruição de ecossistemas, poluição do ar através de emissão de poeiras e
contaminação de águas do rio.
Num total dos 50 inquiridos, 12% afirmaram ter algum conhecimento sobre a
preservação e conservação ambiental, ao passo que 44 dos inqueridos que representam 88%
responderam que não tem conhecimento ambiental relativo aos impactos ambientais de
exploração mineira como espelha a figura 6.
Figura-6. Nível do conhecimento de impactos ambientais gerados pela actividade mineira por
parte das populações de Marraca
Fonte: O autor
Os dados do gráfico acima, mostram que uma boa parte dos garimpeiros inqueridos, não
possuem informações sobre impactos ambientais, porque registam-se acções como o abate
indiscriminado de árvores, ocorrência de queimadas descontroladas, falta de tratamento das
covas abertas no momento de extracção dos minérios, (figura 7), condicionando ocorrência de
erosão, poluição das águas dos rios murririmué e cavina, que em algum momento são usadas
para o consumo doméstico. Facto bastante preocupante atendendo as crescentes mudanças que se
tem registado ao nível do clima local como global, que afecta a saúde pública, influenciando
negativamente no crescimento e desenvolvimento das plantas e animais.
no seio da comunidade a situação de falta de informação relativa aos problemas que tem sobre o
meio ambiente.
Por outro lado, a fragilidade que tem-se registado na comunidade de Marraca em matéria
de fiscalização condiciona para maior concentração populacional nacionais e estrangeiros, a
exercer actividade mineira, sem a devida legalidade na aquela comunidade sobre tudo a
população estrangeira.
De igual modo, é imperiosa alocação da taxa de retorno, proveniente no pagamento das
senhas mineiras destas comunidades para assegurar a implementação do plano de maneio das
áreas exploradas em que são marginalizadas sem o prévio tratamento, que os interessados de
forma individual ou colectiva adquirem para formalizarem a sua actividade.
Figura: 7-Cova aberta no momento de extracção dos minérios na comunidade de Marraca e sem
devido tratamento
Fonte: O autor
Segundo Almeida (2007), "explica que é notório após a abertura das covas onde os garimpeiros
retiram os minerais, elas são deixadas abertas, poluídas e sem nenhum tratamento". Esta situação
põe em perigo a paisagem natural, bem como o meio ambiente em geral, uma vez que esta água
ao longo da lavagem dos solos extraídos, alguns minérios são nocivos a saúde pública como o
ouro, e quartzos. Como ilustra a figura 7.
Conclusão
Do trabalho feito, chegou-se a seguintes conclusões:
Quanto aos impactos ambientais, uma boa parte dos garimpeiros inquiridos, não possuem
informações sobre impactos ambientais, facto justificado pelas acções degradadoras do meio
ambiente como, o abate indiscriminado de árvores, ocorrência de queimadas descontroladas,
falta de tratamento das covas abertas no momento de extracção dos minérios condicionando a
ocorrência de erosão, poluição das águas dos rios de murririmué e cavina.
Sugestões
Necessidade do governo local criar comité local de gestão de risco e fiscalização dos
recursos naturais para evitar a ocorrência de queimadas descontroladas, exploração
desordenada e ilegal, assim como sensibilizar a comunidade de Marraca, de modo que a
população e animais não usem água poluída dos rios.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Escala como parte integrante do Desenvolvimento Rural, MIRE, Direcção Nacional de Minas,
CASM/09, 2009.
Decreto no 31/95 de 25 de Junho, BR no 29, I Série, 3º Suplemento de Terça-feira, pág. 133 (4) à
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GIL, António, Carlos. Como elaborar projecto de pesquisa. 3 ed. São Paulo. Atlas, 1991.
Lei do Trabalho nº 23/2007 de 1 de Agosto, artigos 26 e 27, BR nº 32, Pag. 20, 23 de Agosto de
2007.
PRESS, F.; Siever, R.; Grotzinger, J.; Jordan, T.; Para Entender a Terra; Cap. 22. 4ª Edição;
Bookman, 2006.
APÊNDICE
APÊNDICE 1
INSTITUTO SUPERIOR MONITOR
CURSO DE LICENCIATURA EM GESTÃO DO MEIO AMBIENTE
Guião de Questionário para o Garimpeiro
O presente guião tem por objectivo obter informações sobre O impacto da Exploração Mineira no
Desenvolvimento da Comunidade de Marraca: Posto Administrativo de Iuluti, Província de Nampula
2012-2015. A pesquisa tem em vista a obtenção do grau académico de Licenciatura em Gestão do Meio
Ambiente no Instituto Superior Monitor. Apela-se que se responda com clareza e precisão as questões
que lhes são colocadas sem omitir qualquer informação, pois, a utilidade destas informações é pura
exclusivamente académica.
1. Sexo M F
2. Idade
18 á 35 anos
36 á 49 anos
50 á 60 anos
61 Anos ou mais
3. Há quanto tempo que pratica esta actividade mineira?
De 3 a 12 meses
De 1 a 5
A mais de 5 anos
4. Antes de praticar a exploração mineira, praticava outra actividade?
Sim
Não
Se sim, qual? _______________________________
4.1. O que lhe fez/obrigou a mudar de actividade? ___________________________________
4.2. Agora, para além da exploração mineira, tem uma outra actividade que pratica?
Sim
Não
Se sim, Qual?
____________________________________________________________________
5. Qual é a actividade que dá mais dinheiro?
Agricultura
Pecuária
Comércio
Outra se tiver
_____________________________________________________________________
6. Está satisfeito/a com a actividade de exploração mineira?
Sim
Não
7. Como era a sua vida economicamente antes desta actividade?
Boa
Má
Razoável
8. Quantos membros da sua família praticam esta actividade?
Especifique o número
9. Seus filhos também praticam esta actividade?
Sim
Não
10. Se sim, também vão a escola ou não?
Sim
Não
10.1. Se não vão a escola, porquê?
___________________________________________________________________________
11. Tem conhecimentos sobre impactos ambientais que esta actividade gera?
Sim
Não
Se conhece enumere___________________________________________________________
APÊNDICE 2
INSTITUTO SUPERIOR MONITOR
CURSO DE LICENCIATURA EM GESTÃO DO MEIO AMBIENTE
Guião de Questionário para os residentes e Estruturas Locais da comunidade de Marraca
O presente guião tem por objectivo obter informações sobre O impacto da Exploração Mineira no
Desenvolvimento da Comunidade de Marraca: Posto Administrativo de Iuluti, Província de Nampula
2012-2015. A pesquisa tem em vista a obtenção do grau académico de Licenciatura em Gestão do Meio
Ambiente no Instituto Superior Monitor. Apela-se que se responda com clareza e precisão as questões
que lhes são colocadas sem omitir qualquer informação, pois, a utilidade destas informações é pura
exclusivamente académica.
INFORMAÇÕES GERAIS
Comunidade
1. Nível académico
1ª á 5ª
6ª á 7ª
8ª á 10ª
11ª á 12ª
Ensino superior
Material Convencional
Material precário