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FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL: O PAPEL DO ESTÁGIO

CURRICULAR SUPERVISIONADO NA CONSTRUÇÃO DE SABERES


DOCENTES NO CURSO DE PEDAGOGIA

Kelen dos Santos Junges1 - UNESPAR/UV


Carla Kelen Soares2 - UNESPAR/UV

Eixo – Formação de Professores


Agência Financiadora: Fundação Araucária - PIBIC

Resumo

Pode-se afirmar que, para exercer a docência, são necessários conhecimentos e habilidades
específicas, que atendam as exigências e as demandas da profissão. A partir deste pressuposto,
o presente texto apresenta pesquisa realizada no âmbito do Programa de Iniciação Científica da
IES de origem das autoras, tendo como objetivo analisar o papel do estágio curricular
supervisionado para a constituição dos saberes docentes do licenciando em Pedagogia. Para
tanto, numa perspectiva qualitativa, foi realizada pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo
que incluiu um questionário semiestruturado, tendo como sujeitos licenciandos do curso de
Pedagogia de uma universidade pública estadual do Paraná, matriculados no último ano do
curso, ou seja, que já estavam em processo de conclusão de curso e, portanto, já haviam
cumprido toda a carga horária obrigatória de estágio curricular supervisionado. Os dados foram
analisados, principalmente, tendo como base os referenciais teóricos de Pimenta (2012ab),
Behrens (2009) e Tardif (2002, 2009). Denotou-se, de forma significativa, que o estágio
curricular supervisionado desempenha um papel consubstancial na construção dos saberes
docentes do licenciando em Pedagogia, pois, por meio deste processo, o acadêmico tem um
primeiro contato com a realidade em que atuará como profissional, tendo a oportunidade de
conhecer a prática da futura profissão e refletir sobre ela. Os dados coletados permitem afirmar

1
Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR. Professora e Coordenadora do
Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná - Unespar/Campus de União da Vitória/PR.
Coordenadora de Área do Projeto Mão Amiga – Capes/Pibid. Membro do grupo de Estudo e Pesquisa em
Educação: Teoria e Prática (GEPE), Linha de Pesquisa Núcleo de Estudos em Formação Inicial e Permanente de
Professores, vinculado ao CNPQ. E-mail: kjunges@brturbo.com.br.
2
Graduada em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário de União da Vitória (UNIUV). Acadêmica do
3º ano do Curso de Pedagogia da Unespar/Campus de União da Vitória. Bolsista do Programa de Iniciação
Científica (PIBIC) da Unespar/UV e membro do grupo de Estudo e Pesquisa em Educação: Teoria e Prática
(GEPE), Linha de Pesquisa Núcleo de Estudos em Formação Inicial e Permanente de Professores, vinculado ao
CNPQ. E-mail: carlaarqsoares@yahoo.com.br.

ISSN 2176-1396
8960

que o estágio curricular supervisionado é ponto de confluência dos conhecimentos construídos


no decorrer do curso, assim como, majoritariamente, o momento de relacionar teoria e prática,
de articular os saberes curriculares, disciplinares e pedagógicos, de modo a desenvolver o saber
da experiência, coroando o processo de formação inicial.

Palavras-chave: Saberes docentes. Estágio curricular supervisionado. Formação inicial. Curso


de Pedagogia.

Introdução

Para exercer a docência, é um consenso entre diversos autores como Behrens (2009),
Morosini (2006), Pimenta (2012a) e Tardif (2002) que o professor necessita construir um
conjunto de saberes e de conhecimentos específicos para desempenhar sua função como
profissional da educação. Afinal, como salienta Cunha (2010, p. 51), “[...] não há profissão sem
saberes e conhecimentos próprios e esses têm de ter um reconhecimento social e institucional
para sua legitimação. Se a docência é uma profissão, há de ter uma base de conhecimentos que
a legitime.”
Partindo deste pressuposto e da necessidade constante de revisitar a organização e o
direcionamento da formação inicial e dos estágios curriculares, questiona-se: como se dá a
construção dos saberes docentes na formação inicial? Qual o papel do estágio curricular
supervisionado para a construção de saberes docentes? Tendo como base estas questões, o
presente texto apresenta pesquisa realizada no âmbito do Programa de Iniciação Científica da
IES de origem das autoras que teve como objetivo analisar o papel do estágio curricular
supervisionado para a constituição dos saberes docentes do licenciando em Pedagogia.
Buscando resposta para tal problemática, numa perspectiva qualitativa, a pesquisa
contou com uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo composta pela aplicação de
um questionário semiestruturado, com a participação dos acadêmicos do quarto ano do Curso
de Pedagogia de uma universidade pública estadual do Paraná, selecionados por já terem
cumprido o total da carga horária prevista de estágio curricular do Curso.
Considerou-se que os dados coletados permitem afirmar que o estágio curricular
supervisionado, é ponto de confluência dos conhecimentos construídos no decorrer do curso,
assim como, majoritariamente, o momento de relacionar teoria e prática, de articular os saberes
curriculares, disciplinares e pedagógicos, de modo a desenvolver o saber da experiência,
coroando o processo de formação inicial.
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Os saberes docentes

A construção dos saberes docentes é o ponto de partida e de chegada na vida de um


educador e se constituem durante sua trajetória formativa e profissional. Essa construção, como
argumenta Montero (2001), incide sobre a identidade do docente, sendo um processo dinâmico,
em constante evolução.
De acordo com Pimenta (2012a, p.20), o estudo dos saberes faz parte da individualidade
da profissão do docente, sendo essa identidade construída a partir da:

[...] significação social da profissão; da revisão constante dos significados sociais da


profissão; da revisão das tradições. Mas também da reafirmação das práticas
consagradas culturalmente e que permanecem significativas. Práticas que resistem a
inovações porque prenhes de saberes válidos às necessidades da realidade. Do
confronto entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas a luz das
teorias existentes, da construção de novas teorias.

Assim, associados à prática docente, os saberes são constituídos a partir de um processo


de reflexão, pois é por meio dela que se pode identificar o que já foi construído e o que deve
permanecer ou o que precisa ser enriquecido e também o que ainda falta desenvolver. Assim,
pode-se gerar um processo constante de construção dos saberes e, enfim, da personalidade
docente, demonstrando “[...] que o conceito de bom professor é polissêmico, passível de
interpretações diferentes e mesmo divergentes.” (PIMENTA; LIMA, 2012, p.35).
Ao escrever sobre saberes docentes, Saviani (1996), afirma que os saberes docentes são
constituídos pelo saber atitudinal, sendo este o controle das vivências e hábitos adquiridos e
que podem ser colaborativos ao trabalho docente. Para o autor, é consideravelmente importante
o saber crítico-contextual, consistindo no processo de evolução do docente visto que este
entenda o contexto em que está inserido, compreenda as condições sociais, econômicas e
culturais que norteiam a atividade docente. O saber específico, segundo ele, são os
conhecimentos elaborados no processo de formação docente, por meio dos currículos
disciplinares. Já os saberes pedagógicos, são aqueles produzidos por meio de material teórico
fruto das várias áreas educacionais compiladas nas teorias da educação. Por fim, os saberes
didático-curriculares, são os que se formam por meio do exercício profissional, com a relação
docente e discente. Assim:
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[...] no “saber atitudinal” tende a predominar a experiência prática e nos casos


dos “saberes específicos” e do “saber pedagógico” prevalecem os processos
sistemáticos, ficando em posição intermediaria os saberes “crítico-contextual”
e “didático-curricular”, é certo que a forma “episteme” marca também o saber
atitudinal assim como a forma “sofia” não está ausente do modo como o
educador apreende os saberes específicos do saber pedagógico. (SAVIANI,
1996, p.150).

Segundo Tardif (2002), os saberes se constituem pela ciência da educação e dos saberes
pedagógicos. De início, os saberes são transmitidos pelas instituições responsáveis pela
formação inicial do profissional docente que, em contato com as ciências da educação, efetivam
a formação científica dos seus saberes. O autor apresenta quatro categorias de saberes
responsáveis pela formação docente: os saberes disciplinares, curriculares, profissionais e
experienciais.
Os saberes disciplinares são apreendidos durante a formação inicial ou continuada,
configuram-se no desenvolvimento de maior conhecimento em determinada área, ou seja, o
domínio do conteúdo a ser ensinado propriamente dito. São aqueles provenientes das diversas
áreas do conhecimento, por exemplo, Matemática, Geografia, Filosofia, entre outras, sendo
normalmente encontradas nas universidades. Como defende Tardif (2002, p.38), “[...] os
saberes das disciplinas emergem da tradição e dos grupos sociais produtores de saberes [...]”.
Já os saberes curriculares são adquiridos nos programas escolares, sendo os saberes
apresentados pela instituição escolar como modelo de formação cultural, modo que se mostram
por meio dos programas escolares, que os educadores têm a necessidade de compreender e por
em prática. Tais saberes são resultantes da produção cultural e, conforme Tardif (2002, p.38),
“correspondem aos discursos, objetivos, conteúdos e métodos a partir dos quais a instituição
escolar categoriza e apresenta os saberes sociais por ela definidos e selecionados como modelos
de cultura erudita e de formação na cultura erudita.”
A respeito dos saberes profissionais, de acordo o autor, são aqueles transmitidos pelas
instituições responsáveis pela formação acadêmica do docente, em conjunto com as ciências da
educação e os conhecimentos já apanhados sendo transferidos para a formação cientifica dos
docentes.
Por fim, sobre os saberes experienciais, Tardif (2002, p.39) relata que são os “[...]
saberes que brotam da experiência e são por ela validados.” Esses saberes profissionais docentes
são constituídos pela prática, ou seja, as experiências adquiridas com base no cotidiano escolar,
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ampliando a vivência individual e coletiva do docente, transformando-se em habilidades,


formando o saber pela prática e que por ela se efetiva.
Nesse viés, Pimenta (2012a), identifica três tipos de saberes que formam o profissional
docente. O saber da experiência é um deles, sendo aprendido pelo professor desde quando era
aluno e, após tornar-se profissional, com a troca de informações com colegas por meio da
pratica pedagógica, produzindo uma forma de memória educativa.
O próximo saber retratado pela autora, o saber do conhecimento, semelhante aos
“saberes disciplinares” de Tardif (2002), é proveniente da escola por meio da transmissão de
conhecimentos e especialidades, gerando significado para as aprendizagens. Este saber tem
grande importância na vida do indivíduo, pois por meio da educação, ocorre o processo de
humanização da sociedade.
A autora, assim como Tardif (2002), também identifica os saberes pedagógicos, sendo
aqueles construídos com o saber da experiência, dos conteúdos específicos e constituídos a
partir de necessidades pedagógicas reais. Confirmando que a prática social deve ser objetivo
central na formação do indivíduo, associar a teoria com a prática pode contribuir na formação
do professor/pesquisador fazendo com que use a prática pedagógica como instância de
problematização e exploração de outros conteúdos.
Com base no exposto, independentemente da nomenclatura seguida, percebe-se que
“saber” não representa um modelo preconcebido de racionalidade, mas é resultado de uma
produção social que está em constante modificação e revisão, sendo resultado de interações do
sujeito com o meio social, como salienta Pimenta (2012a).
Neste sentido, é no cotidiano escolar que os saberes do docente vão sendo construídos,
numa relação estreita com a práxis docente e com as práticas sociais. Como argumenta
Guarnieri (2000), a construção dos saberes docentes não é individual, mas sim coletiva, pois
necessita do contexto social e da cultura escolar em que o indivíduo está inserido.

O estágio supervisionado e a formação docente no Curso de Pedagogia alvo da pesquisa

A prática profissional, por meio da experiência, tem relevante importância na aquisição


de conhecimento, contribuindo na formação de um docente mais completo, onde os
conhecimentos didáticos entram como suporte para a prática, norteando a ação e
transformando-a, como defende Tardif (2009).
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De acordo com o autor, o saber dos professores é plural, determinado por inúmeros
fatores, nos quais a experiência é considerada o coração de todos, é composta por um processo
de tentativas, erros e acertos para ajustes aos fatos e situações. Nesse processo, a experiência
aperfeiçoa-se com o passar dos anos, num contexto de interações humanas, com e para as
pessoas.
Como destaca Pimenta (2012b), o aprendizado docente se constrói na medida em que o
professor articula o conhecimento teórico acadêmico e o contexto escolar, por meio da prática,
partindo do pressuposto que a aprendizagem do professor é somente adquirida quando ele
exerce a profissão, ou seja, a partir da prática, pois contribui no seu desenvolvimento pessoal e
profissional.
O estágio curricular supervisionado é um lócus essencial para a articulação entre teoria
e prática durante o processo de formação inicial. A prática do estágio deve ser um eixo entre
todas as disciplinas e não apenas de uma isolada, tornando-se atividades teóricas que darão
suporte para a prática docente, pois é no contexto escolar, na sociedade em que a práxis acontece
como defendem Pimenta e Lima (2012, p.45): “[...] o estágio curricular, é atividade teórica de
conhecimento, fundamentação, diálogo e intervenção na realidade, esta, sim, objeto da práxis”.
O estágio torna-se, então, um retrato vivo da prática docente, tanto para o professor,
como para o aluno, pois:

Nesse processo, encontram possibilidade para ressignificar suas identidades


profissionais, pois estas, como vimos, não são algo acabado: estão em constante
construção, a partir das novas demandas que a sociedade coloca para a escola e a ação
docente. Formadores e formandos encontram-se constantemente construindo suas
identidades individuais e coletivas em sua categoria. (PIMENTA; LIMA, 2012,
p.127).

Nesse contexto, o Estágio Supervisionado tem por objetivo enriquecer a formação


acadêmica, pois o educador é um profissional em permanente fazer, em constante caminhar na
direção que constitui a essência do seu trabalho: ensinar, ou seja, garantir a formação do aluno.
Portanto, como Junges e Peloso (2014) afirmam, o estágio curricular supervisionado
não pode ser considerado mera exigência legal, mas uma oportunidade ímpar de apropriação e
de vivência do cotidiano escolar, tornando-se um espaço significativo de apreensão de saberes
próprios da docência.
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O estágio curricular no Curso de Pedagogia, alvo da pesquisa, totaliza 300 horas ao


longo do curso, como explica Ujiie (2014), distribuídas entre os estágios de Observação
(segundo ano), Regência na Educação Infantil (terceiro ano) e Anos Iniciais do Ensino
Fundamental (quarto ano), bem como nas Matérias pedagógicas do Ensino Médio - Modalidade
Normal (quarto ano).
Como a autora ainda expõe, o Curso tem como premissa que é no campo de estágio que
se materializam os conhecimentos teóricos e metodológicos adquiridos no decorrer da
graduação e, é por meio deles e neste contexto, que se constrói a práxis educativa. Este processo
propicia que o educando supere as dificuldades encontradas no contexto escolar onde está
inserido, e que pode posteriormente exercer seu professorado.

Delineamento metodológico da pesquisa: os saberes docentes e o estágio curricular


supervisionado

A presente pesquisa tem como objetivo analisar o papel do estágio curricular


supervisionado para a constituição dos saberes docentes do licenciando em Pedagogia.
Para tanto, numa perspectiva qualitativa, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e uma
pesquisa de campo que incluiu um questionário com questões abertas e fechadas. Os sujeitos
da pesquisa foram os alunos do quarto ano do curso, que já estavam em processo de conclusão
de curso e, portanto, já haviam cumprido toda a carga horária obrigatória de estágio curricular
supervisionado. Durante o mês de dezembro do ano letivo de 2016, foram aplicados 19
questionários e retornaram respondidos onze, os quais foram analisados e categorizados3.
Inicialmente, o questionário pretendeu traçar o perfil dos alunos pesquisados. Com
relação ao sexo dos entrevistados, verificou-se somente um é do sexo masculino, sendo os
outros 10 do sexo feminino. A faixa etária de três deles é de 18 a 24 anos; já outros quatro têm
idade entre 25 e 30 anos; e outros quatro de 30 a 37 anos.
Sobre a atuação profissional, sete entrevistados responderam que já atuam na área da
docência e 4 deles ainda não atuam, tendo contato com a profissão somente por meio dos
estágios. Com relação aos sete entrevistados que já atuam, três deles atuam na educação infantil,
3 no ensino fundamental e 1 atua nos dois níveis de ensino. Grande parte dos respondentes já

3
Os sujeitos Licenciandos (L) foram numerados de 1 a 11, a fim de preservar sua identidade. Os trechos das
respostas dos questionários transcritos no texto foram deixados entre aspas e em itálico para diferenciá-los das
citações das referências bibliográficas.
8966

atuava na profissão por meio do estágio remunerado ou em programas como PIBID,


aproximando-se mais da profissão docente, contribuindo de forma mais evidenciada.
O grupo de questões abertas seguinte tratou, especificamente, do objetivo da pesquisa. A
primeira questão deste grupo indagou aos Licenciandos quais os saberes necessários para o
exercício docente, como apresenta a tabela 1.

Tabela 1 - Quais os saberes necessários para o exercício docente na opinião dos entrevistados.
Categorias Frequência
Domínio do conhecimento científico 10
Trabalhar com interdisciplinaridade adequando o conteúdo 5
Conhecer a realidade da comunidade escolar 4
Conhecer a realidade do discente 3
Docente possuir didática e flexibilidade 2
Trabalhar com conjunto com a equipe pedagógica 1
Inter-relação da teoria com a prática 1
Docente deve possuir postura e ética 1
Formação continuada 1
Docente contribuir para que aluno se torne pesquisador 1
crítico
TOTAL 30
Fonte: Dados organizados pelas autoras, com base nos dados coletados, 2016.

Foi notória nas respostas dos entrevistados expostas na Tabela 1 a importância dada
ao saber do conhecimento ou saber disciplinar como apontam Pimenta (2012a) e Tardif (2002,
2009). Grande parte dos Licenciandos valorizou o domínio do conteúdo, ou seja, a detenção do
conhecimento a respeito do assunto a ser ensinado.
Porém, observando as demais respostas, de forma um pouco mais “dissolvida”, aparece
em destaque também o saber pedagógico. Quando os Licenciandos pesquisados afirmam que
é importante ao docente: possuir didática e flexibilidade em seus planejamentos, conhecer a
realidade do discente, articular a teoria com a prática e contribuir para que aluno se torne
pesquisador crítico, entendemos que colocam em evidência o “saber fazer e acontecer” a prática
pedagógica. Ou seja, como explica Pimenta (2012a), este saber realça a efetiva mediação do
professor entre o conhecimento e o aluno.
De forma menos contundente, mas não com menor relevância, aparece o saber de
formação profissional que engloba as categorias: formação continuada e a postura profissional
e ética.
Com base nesta questão, percebe-se que grande parte dos Licenciandos desconhece a
nomenclatura dos “saberes docentes” trazida pela literatura, em autores como Pimenta (2012a)
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e Tardif (2002, 2009). Por outro lado, têm ciência de que é necessário ao professor adquirir
habilidades e competências específicas para sua atuação profissional.
A segunda questão, de forma descritiva, investigou como os respondentes consideram
o estágio supervisionado para a formação docente inicial, como se pode observar na Tabela 2.

Tabela 2- Qual o papel do estágio supervisionado para a formação docente.


Categorias Frequência
É o primeiro contato com a realidade escolar 6
É possível aliar a teoria aprendida na sala de aula com a 4
prática
Viável obter conhecimentos por meio da prática 2
Conhecer as áreas de trabalho que abrangem o curso 1
Contribui na formação da construção da identidade 1
profissional do discente
Pode-se perceber as próprias fragilidades, sendo possível 1
buscar meios de melhorar
TOTAL 15
Fonte: Dados organizados pelas autoras, com base nos dados coletados, 2016.

A maioria dos Licenciandos julgou o estágio supervisionado como um componente


curricular de demasiada relevância, pois é por meio deste processo que ocorre o primeiro
contato com a realidade escolar. É o momento no qual, aliando teoria e prática, pode se conhecer
e se constituir, analisar as ações pedagógicas preparando-se, assim, para a inserção profissional.
A esse respeito, o sujeito L5 respondeu que: “O estágio supervisionado se constitui de
extrema importância para que o futuro profissional esteja preparado para enfrentar os
possíveis desafios da futura profissão, agregando conhecimento a partir da prática”. O estágio
curricular supervisionado propicia a aproximação do acadêmico com a realidade educacional
que futuramente atuará, fortalecendo um trabalho coletivo da formação inicial, bem como
estreitando a relação universidade e escola de Educação Básica. Como argumentam Pimenta e
Lima (2012, p. 56):

Assim o estágio prepara para um trabalho docente coletivo, uma vez que o ensino não
é um assunto individual do professor, pois a tarefa escolar é resultado de ações
coletivas dos professores e das práticas institucionais, situadas em contextos
educacionais, históricos e culturais.

Nessa perspectiva, o estágio curricular supervisionado permite a associação entre a


teoria e a prática, dos conteúdos específicos em contexto concreto, com as necessidades
pedagógicas reais, enfatizando a educação como prática social. Conforme salienta o acadêmico
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L8: “Sobre o exercício do professor, compreendo que não se limita apenas a conteúdos
específicos, estendendo sua prática a todo contexto social, indo além do saber fazer, portanto
deve desenvolver um trabalho inter e transdisciplinar.”
A terceira questão buscou desvelar quais os principais saberes formados a partir das
experiências no desenvolvimento dos estágios supervisionados no curso, como mostra a tabela
3.
Tabela 3 - Quais os principais saberes docentes construídos a partir das experiências no
desenvolvimento dos estágios curriculares do curso de Pedagogia.
Categorias Frequência
Por meio da inter-relação da prática aliada à teoria, inicia-se 7
a formação da postura e da identidade profissional
Como usar metodologias para atrair a atenção dos alunos 5
Respeitar o tempo de cada aluno 2
Adquirir confiança para exercer a profissão 1
Obter conhecimento científico 1
Conhecer novas metodologias de pesquisa 1
TOTAL 17
Fonte: Dados organizados pelas autoras, com base nos dados coletados, 2016.

Percebe-se, de forma predominante, que os respondentes destacaram o estágio


supervisionado como um lócus formativo significativo para o desenvolvimento dos saberes
docentes, que, por sua vez, colaboram para a constituição da identidade profissional do discente,
sendo construída ao longo de sua trajetória formativa. Sobre este aspecto, Burriolla (2008,
p.10), aponta que “[...] o estágio é o lócus onde a identidade profissional é gerada, construída e
referida; volta-se para o desenvolvimento de uma ação vivenciada, reflexiva e crítica e, por isso,
deve ser planejado gradativamente e sistematicamente com essa finalidade.”
Nota-se que ao serem solicitados a refletirem sobre o estágio supervisionado e os saberes
docentes, os Licenciandos respondentes estabelecem uma relação de reciprocidade e
complementaridade entre eles.
Na Tabela 3 aparecem, de forma mais distribuída, categorias relativas aos saberes
propostos por Pimenta (2012) e Tardif (2002). Embora talvez não demonstrem, ainda, uma base
teórica aprofundada, têm o “saber da experiência” como articulador na construção destes
saberes durante o percurso formativo, com especial atenção à realização do estágio curricular
supervisionado.
Cabe ressaltar que a formação do profissional docente, de modo geral, ocorre com a
mobilização de vários saberes numa prática reflexiva, num percurso formativo planejado e que
8969

valorize a práxis pedagógica, compondo um corpo de conhecimentos inacabados, em constante


construção e transformação.

Considerações finais

Com base na pesquisa realizada, pode-se inferir que os saberes docentes são
constituídos ao longo da trajetória formativa e profissional do docente. Porém, destaca-se que
a formação inicial possui fundamental importância, como sendo o primeiro contato do futuro
professor com conhecimentos específicos da docência, que se tornam a base de sua formação.
Denotou-se, de forma significativa, que o estágio curricular supervisionado desempenha
um papel consubstancial na construção dos saberes docentes do Licenciando em Pedagogia,
pois, por meio deste processo, o acadêmico tem um contato inicial com a realidade em que
atuará como profissional, tendo a oportunidade de conhecer a prática da futura profissão e
refletir sobre ela.
Os dados coletados permitem afirmar o estágio curricular supervisionado é ponto de
confluência dos conhecimentos construídos no decorrer do curso, assim como,
majoritariamente, o momento de relacionar teoria e prática, de articular os saberes curriculares,
disciplinares e pedagógicos, de modo a desenvolver o saber da experiência, coroando o
processo de formação inicial.
8970

REFERÊNCIAS

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Lugares de formação da docência universitária: da perspectiva individual ao espaço
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