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ATENDIMENTO DE CRIANÇAS NO PROGRAMA DE AJUDA


HUMANITÁRIA PSICOLÓGIA EM SITUAÇÕES DE CATÁSTROFE

Izabel Emília Sanchez Abrahão

Uma catástrofe é um evento natural ou causado pelo homem, com um grau de


intensidade que ocasiona mortes, lesões, danos físicos e materiais. A população
afetada necessita de ajuda para recuperar-se, resultando numa união entre a estrutura
governamental e não governamental para esta ação. Uma catástrofe pode incluir
desastres naturais (enchentes, enxurradas, furacões, terremotos), desastres
tecnológicos (queda de avião, incêndios, explosões) ou distúrbios civis e militares
(guerras, tiroteios, motins, protestos).
Em uma situação de catástrofe, a criança sente sua integridade física e
emocional ameaçada, ao mesmo tempo em que percebe que os adultos sofrem e, por
vezes, não conseguem protegê-la por também estarem vulneráveis. No primeiro
momento, devemos buscar a reestruturação da rotina retornando às atividades
cotidianas, na medida do possível. A perda de sua casa, seus brinquedos, seus
amigos, animais de estimação e pessoas queridas pode provocar tensão e
insegurança. Retomar suas atividades diárias, incluindo a reorganização do espaço
lúdico, retomando brincadeiras e outras atividades onde a criança possa restabelecer o
contato social diminuem a ansiedade e insegurança.
Cada criança é afetada de maneira diferente, conforme o seu nível de
desenvolvimento cognitivo, emocional e social. As crianças experimentam várias
reações e sentimentos frente à situação e precisam de uma atenção especial para
satisfazer suas necessidades emocionais. Em geral, essas reações são normais diante
de eventos anormais e podem ser classificadas como:
Reações fisiológicas – cansaço, vômitos, calafrios, movimentos faciais involuntários,
dores em geral, suor intenso, paralisia.
Reações cognitivas – dificuldades de concentração, problemas de memória, atenção
reduzida, confusão, indecisão.
Reações emocionais – ansiedade, depressão, medo, apatia, agressividade,
nervosismo.

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Reações de conduta – insônia, choros frequentes, comportamentos ritualísticos,


agitação física.
Devemos estar atentos para reconhecer quando tais reações são intensas e
severas, interferindo de forma negativa na qualidade de vida da criança.
As pessoas mais próximas à criança devem ser orientadas a não reprimir
brincadeiras, desenhos e expressões corporais que tenham como tema a catástrofe,
abordando a questão de uma forma simples, sem minimizar ou exagerar sobre o
evento. Dar respostas claras e concretas a todas as perguntas, estabelecendo um
diálogo com frases curtas e diretas facilita o entendimento das crianças.
Muitos sentimentos podem surgir de forma intensa e a criança pode não
compreendê-los, o que aumenta a angústia e o sofrimento. Os adultos precisam ajudá-
las a nomear o que sentem, de modo que elas entendam que não há nada de errado
em estar triste ou com medo.
O atendimento psicológico antes que o quadro se agrave ou mesmo quando os
sintomas não são evidentes, é fundamental. A intervenção psicossocial é um meio de
diminuir o sofrimento psicológico da criança, possibilitando que a mesma prossiga com
seu desenvolvimento natural, prevenindo sequelas a curto e médio prazo,
principalmente no que se refere à capacidade de enfrentar novas situações difíceis.
Utilizamos como metodologia, no trabalho com crianças, Intervenções
Sociopsicodramáticas, Sociodrama Construtivista da Catástrofe (Zampieri, 1996),
Protocolo de Intervenção Grupal em Catástrofes Naturais - PIGCN (Zampieri, 2014) e
Terapia Individual de EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing).
As atividades desenvolvidas no Programa de Ajuda Humanitária Psicológica
buscam auxiliar a criança a entender o que aconteceu, num ambiente acolhedor e de
confiança, desenvolvendo novas formas de autoajuda e autoproteção. As principais
são:
1. RESPIRAÇÃO ABDOMINAL - solicitamos que a criança coloque as duas mãos
apoiadas em seu abdômen. O movimento inicial deve ser o de esvaziar todo o ar
contraindo a barriga, de modo a facilitar a inspiração profunda, que é realizada
em seguida. Como estratégia para inspirar, sugerimos que a criança pense em
em uma flor bem perfumada e sinta esse cheiro através do nariz, inspirando
profunda e lentamente, ao mesmo tempo em que percebe que a barriga cresce.

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Orientamos que ela segure um pouco esse perfume e, posteriormente, solte o ar


pela boca, contraindo a barriga, realizando uma expiração lenta e de maior
duração que a inspiração. Para isso, temos usado a imagem de assoprar um
bolo de aniversário com muitas velas, tornando mais fácil o entendimento da
ideia do movimento pela criança. A respiração é repetida por cerca de três vezes,
apenas observando o que acontece com o corpo.
2. LUGAR SEGURO - a construção de um lugar seguro foi desenvolvida como
parte do protocolo de EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing),
podendo ser usada isoladamente, proporcionando conforto e segurança para a
criança. O profissional pede que a criança pense em um lugar onde ela se sinta
tranquila e a salvo. Este lugar pode ser um ambiente conhecido ou ela pode criar
um local. Algumas crianças preferem descrevê-lo, outras preferem desenhá-lo.
Definido o lugar, solicitamos que a criança pense que está nele. Ela pode ficar
olhando o desenho, ou então, fechar os olhos e se deixar levar pela imaginação.
Uma vez que a construção tenha sido realizada, solicitamos que a criança, com o
polegar de uma mão, toque o centro da outra mão, onde está um “botão
invisível”. Toda vez que quiser, ela pode voltar a este lugar seguro, tocando este
botão, ou seja, tocando o ponto na palma da mão.
3. ESTIMULAÇÃO BILATERAL - como recurso para a execução do estímulo
bilateral pela própria criança, o Abraço da Borboleta foi desenvolvido por Lucina
Artigas Diaz e consiste em cruzar os braços sobre o peito de modo que, com as
pontas dos dedos, se toque alternadamente, o ponto abaixo da união entre a
clavícula e o ombro. A respiração deve ser lenta e profunda, sendo realizada
durante todo o movimento, onde as mãos se movem de modo alternado, como
se fossem as asas de uma borboleta. O tempo de duração é livre, atendendo as
necessidades individuais. Eliane Alabe Pádua, psicóloga brasileira, desenvolveu
o Abraço de King-Kong a partir da solicitação de meninos que não se sentiam
confortáveis com o movimento do Abraço de Borboleta, realizando então, o
estimulo bilateral de punhos fechados e tocando suave e alternadamente no
ponto abaixo da união entre a clavícula e o ombro, imitando um gorila. Outra
forma muito produtiva de realizar o estímulo bilateral em grupo de crianças é
através da organização de um “trenzinho”. Em uma fila, sentadas ou em pé, as

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crianças são orientadas a colocar as mãos no ombro do colega da frente e tocar


alternadamente cada ombro, mantendo a respiração lenta e profunda. A fila pode
ser em linha reta, ou ter o formato circular.

INTERVENÇÃO GRUPAL SOCIOPSICODRAMÁTICA

Inicialmente, as crianças são separadas por idade e em um número máximo de


20 crianças por grupo. É necessário organizar um espaço onde elas possam se
expressar com liberdade e privacidade em um clima ameno, onde o vínculo pode se
desenvolver com tranquilidade e confiança. As reações possíveis diante de uma
situação de catástrofe (fisiológicas, cognitivas, emocionais e de conduta) são
explicadas de forma simples, numa linguagem acessível para que elas compreendam
que esses sintomas são normais diante de eventos anormais, como também é normal
que tenham sentimentos diferentes umas das outras.
Em seguida, aplicamos o Protocolo de Intervenção Grupal em Catástrofes
Naturais - PIGCN (Zampieri, 2014) para crianças, onde trabalhamos lembranças e
sentimentos relacionados ao evento, através de desenhos e estimulação bilateral.
Durante, a aplicação do protocolo grupal, é importante ficar atento ao que a criança
está desenhando e como ela expressa seus sentimentos.
No final, elaboramos em grupo uma frase ou palavras positivas e que
signifiquem esperanças com o futuro.

SOCIODRAMA CONSTRUTIVISTA COM A COMUNIDADE

Realizado com a participação dos membros da comunidade tem por objetivo


propiciar processos de catarse e de criatividade-espontaneidade para desenvolver
atitudes mais saudáveis, fortalecendo o desenvolvimento de recursos do grupo através
da co-construção de novas respostas, com novos significados. Nas intervenções
observamos crianças de várias idades, o que não dificulta o desenvolvimento do grupo,
mas, ao contrário, na medida em que as crianças entendem o que está sendo
proposto, representam com facilidade os papéis sociopsicodramáticos, expressando
seus sentimentos e se comportando de forma solidária.

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ATENDIMENTO DE BEBÊS

Nas intervenções psicossociais encontramos bebês e crianças com menos de


dois anos com sintomas graves de estresse pós-traumático. Muitas apresentam
dificuldade para dormir ou possuem um sono muito agitado ou interrompido. Outras
demonstram medo excessivo, gritando e chorando sem motivo aparente.
Ao atender bebês e crianças menores, sempre solicitamos a presença dos pais
ou do adulto responsável por elas. Esta pessoa permanece com a criança no colo ou
próximo dela, enquanto relata o que aconteceu desde o momento da catástrofe até o
presente. Ao mesmo tempo, a estimulação bilateral é feita na criança, pelo profissional
ou pelo próprio adulto responsável, com um toque alternado e suave nos ombros, nas
pernas ou nos pés da criança.
Nas intervenções da ABRAPAHP, no número absoluto das vezes, após um início
agitado a criança se acalma parando de chorar e ficando tranquila. Nos contatos
posteriores, sempre recebemos os mesmos feedbacks: os filhos se mostram mais
calmos, dormindo bem, brincando e se alimentando normalmente, muitas vezes, pela
primeira vez, após o evento traumático.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas intervenções psicológicas realizadas com os grupos de crianças em


situações de catástrofe, observamos que as mesmas reprocessam, de forma eficiente,
cenas traumáticas, independente da idade e das situações difíceis vividas.
Em várias situações, encontramos pessoas já alocadas em abrigos, com
alimento, água potável e com acesso a cuidados médicos, mas apresentado grande
sofrimento emocional. Tanto as Intervenções Sociopsicodramáticas, como o
Sociodrama Construtivista e o EMDR Individual, demonstraram serem efetivas e
eficientes como possibilidade de empoderar às crianças para que elas possam lidar
com os seus sintomas de estresse. Estas metodologias propiciam estratégias para
superar traumas, tornando mais fácil encontrar o caminho de volta para uma vida com
confiança e paz.

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