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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Num. Processo : 0005316-86.2013.8.05.0110


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : CENTRO DE ESTUDO PESQUISA E ENSINO SUPERIOR LTDA

Recorrido(s) : LENISE OLIVEIRA DOS ANJOS


Origem : 1ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - IRECÊ
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO PROVIDO. CONSUMIDOR. FACULDADE. PROPAGANDA ENGANOSA.


CONSUMIDORA QUE FORA ATRAÍDA POR OERTA PUBLICITÁRIA E FORA
INDUZIDA A ERRO, AO IMAGINAR QUE TRATAVA-SE DE CURSO DE PEDAGOGIA,
QUANDO EM REALIDADE SE TRATAVA DE CURSO DE EXTENSÃO. (arts. 6º , III ,
IV , 31 e 46 , CDC ). DANOS MATERIAIS VERIFICADOS. DEVOLUÇÃO NA FORMA
SIMPLES, ANTE A AUSÊNCIA DE PROVA DE MÁ FÉ DA ACIONADA. DANOS
MORAIS CONFIGURADOS. QUANTUM REDUZIDO, PADA ADEQUAÇÃO AOS
PARÂMETROS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA.
ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA AUXILIADORA
SOBRAL LEITE – Relatora, CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ e
ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA ,Presidente, em proferir a
seguinte decisão:: RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO, UNÃNIME,
de acordo com a ata do julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios,
ante o êxito da parte no recurso.

Salvador, Sala das Sessões, 22 de Outubro de 2015.

Bela. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Relatora
Bela. ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA
Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS
Num. Processo : 0005316-86.2013.8.05.0110
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : CENTRO DE ESTUDO PESQUISA E ENSINO SUPERIOR LTDA

Recorrido(s) : LENISE OLIVEIRA DOS ANJOS


Origem : 1ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - IRECÊ
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO PROVIDO. CONSUMIDOR. FACULDADE.


PROPAGANDA ENGANOSA. CONSUMIDORA QUE FORA
ATRAÍDA POR OERTA PUBLICITÁRIA E FORA INDUZIDA A
ERRO, AO IMAGINAR QUE TRATAVA-SE DE CURSO DE
PEDAGOGIA, QUANDO EM REALIDADE SE TRATAVA DE
CURSO DE EXTENSÃO. (arts. 6º , III , IV , 31 e 46 , CDC ).
DANOS MATERIAIS VERIFICADOS. DEVOLUÇÃO NA
FORMA SIMPLES, ANTE A AUSÊNCIA DE PROVA DE MÁ
FÉ DA ACIONADA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS.
QUANTUM REDUZIDO, PADA ADEQUAÇÃO AOS
PARÂMETROS DA PROPORCIONALIDADE E
RAZOABILIDADE. SENTENÇA PARCIALMENTE
REFORMADA.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso manejado pela parte ré na ação de origem, FACITE


FACULDADE DE CIENCIA TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO-UNISANTA, inconformada com a
sentença que julgou procedente em parte a queixa inicial, nestes temos: “ JULGO
PARCIALMENTE PROCEDENTE a pretensão formulada na inicial para invalidar o negócio jurídico,
para condenar a parte ré CENTRO DE ESTUDO PESQUISA E ENSINO SUPERIOR LTDA. no
pagamento, a título de danos materiais, com fundamento no parágrafo único do art. 42, do Código de
Defesa do Consumidor, da importância de R$ 640,00 (seiscentos e quarenta reais). Tendo em vista que
não há um critério matemático ou padronizado para estabelecer o montante pecuniário devido pela parte
violadora à vítima. À míngua, portanto, de parâmetros legais, matemáticos ou exatos, utilizo o prudente
arbítrio, a proporcionalidade e a razoabilidade para valorar o dano, sem esquecer do potencial econômico
dos agentes, das condições pessoais da vítima e, por fim, a natureza do direito violado, fixo a quantia de
20 (vinte) salários mínimos a título de danos morais em favor da parte autora.”

Na origem, trata-se de ação na qual a parte autora alega que celebrara


contrato de prestação de serviços educacionais com a demandada, para a realização do
curso de Pedagogia, tendo sido atraída pelo valor da mensalidade, bem como pelo teor
da oferta publicitária realizada. Alega que questionara a coordenação do curso acerca da
do teor do cnotrato de prestação de serviço, no qual constava que o curso era de
extensão universitária, ao que fora respondido que se tratava de fato sem relevância, e
que não haveria diferenças entre tal curso e o de graduação.
Alega a autora que, ao pesquisar melhor acerca da idoneidade da instituição
bem como acerca de sua situação perante o MEC, e constatou que a faculdade não teria
a autorização para ministrar o curso em município diverso daquele em que residia a
autora e no qual estava sendo ministrado, o que a motivou a rescindir o contrato.
Pleiteia, portanto, a devolução em dobro os valores pagos pelas duas mensalidades, no
valor de R$ 320,00 ( trezentos e vinte reais ), bem como indenização pelos danos morais
causados.
A recorrente busca a reforma da sentença, argui nulidade da sentença por uso
de prova emprestada sem observância do contraditório, e alega, em síntese, que não
praticara qualquer ato ilícito, bem como aduz a ocorrência de causa excludente da
responsabilidade consistente em fato de terceiro, aduzindo que : “ a RECORRENTE não pode
ser responsabilizada por fato de terceiro que acarretou o fechamento das turmas, pois os alunos deixaram
de confiar que poderiam vir a receber o diploma, e por isto desistiram do curso em massa.”

Em contrarrazões, a recorrida pugna pela manutenção da sentença. .

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, que submeto aos demais
membros desta Egrégia Turma.

VOTO
Quanto á argüição de nulidade da sentença em decorrência do uso de
prova emprestada, rejeito-a, tendo em vista que as provas colacionadas pela autora
consistem em documentos, que podem livremente ser carreados aos autos sem a
necessidade de passar pelo crivo do contraditório e da ampla defesa, requisitos estes
elencados pela doutrina para a aceitação da prova emprestada produzida noutro processo
.Ademais, resta assentado no âmbito jurisprudencial que a juntada de ata de audiência,
bem como cópia de sentenças de outros processos não podem ser caracterizadas como
prova emprestada. Nesse sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. JUNTADA DE CÓPIA DE SENTENÇA.


ATO PÚBLICO. PROVA EMPRESTADA. INEXISTÊNCIA. 1. A ATA
DE AUDIÊNCIA E A SENTENÇA, ORIGINÁRIAS DE OUTROS
AUTOS, PODEM SER UTILIZADAS PARA DEMONSTRAR A
PLAUSIBILIDADE DAS ALEGAÇÕES DA PARTE, NÃO SE
TRATANDO DE PROVA EMPRESTADA. 2. AGRAVO PROVIDO. (TJ-
DF - AGI: 20130020116877 DF 0012519-84.2013.8.07.0000, Relator:
ANTONINHO LOPES, Data de Julgamento: 15/01/2014, 4ª Turma Cível,
Data de Publicação: Publicado no DJE : 19/05/2014 . Pág.: 224)

Ademais, foram produzidas provas diversas nos autos, dentre elas a prova
testemunhal, o que denota que o valor probante das atas de audiência juntadas aos
autos, de per si não se revestira de força suficiente ,para a formação do convencimento
do magistrado.

No mérito, a sentença não merece reforma.

Com efeito, a demonstração do fato básico para o acolhimento da pretensão


é ônus do autor, segundo o entendimento do art. 333, I, do CPC, partindo daí a análise
dos pressupostos da ocorrência de indenização por danos morais, recaindo sobre o réu o
ônus da prova negativa do fato, segundo o inciso II do mesmo artigo supracitado.

A parte autora alega que , motivada pela oferta publicitária, celebrara


contrato de prestação de serviços educacionais visando a graduação do curso de
pedagogia. Colaciona aos autos no evento 01 o contrato celebrado, aonde consta
claramente no corpo do instrumento a informação de que se tratava de curso de
graduação em pedagogia, o que fora decisivo para atrair o interesse da acionante pela
contratação do produto no mercado. Junta aos autos, de igual forma, os comprovantes de
pagamento relativos aos dois meses de mensalidade pagos, cada um no valor de R$
160,00 ( cento e sessenta reais). Assim, provado o fato constitutivo do direito da parte
autora, incumbia à demandada a prova de fato extintivo, modificativo ou impeditivo do
direito da autora, o que não fora feito.

No caso em tela, verifica-se que a Requerida não trouxe aos autos qualquer
documento capaz de contrariar as alegações do autor, bem como não juntou aos autos
qualquer prova que pudesse afastar a sua responsabilidade pelo vício do serviço, razão
pela qual haver restado provadas, porque incontroversas, as alegações do autor.

Trata o caso em tela da verificação da existência ou não de propaganda


enganosa, pois a autora alega que fora levada a matricular-se em curso de graduação em
pedagogia, motivada, dentre outros fatores, pelos valores das mensalidades expostos na
propaganda veiculada, e visava, como muitos, galgar o seu aperfeiçoamento pessoal
quando em realidade, tratava-se de curso de extensão, o que por certo causou-lhe
frustração e aborrecimentos que ultrapassam a fronteira do razoável.

Com efeito, é cediço em nossa jurisprudência, bem como no regime


protetivo consumerista, de que a oferta perpetrada pelo fornecedor integra,
inequivocadamente, o contrato a ser firmado, devendo, pois, ser cumprido em sua
integralidade, com presteza, lealdade e boa fé contratual. A vinculação contratual da
oferta faz exsurgir para o consumidor um direito eminentemente potestativo,
possibilitando, assim, exigir inclusive o seu cumprimento forçado.

A consumidora, , pelo que consta nos autos, fora induzida a erro. O


entendimento perpetrado evidencia-se da necessidade tão somenos da mera
potencialidade de levar a erro determinado consumidor para configurar a propaganda
como enganosa, parcial ou totalmente. Não se exige a comprovação da enganosidade
real. Conforme as provas produzidas nos autos, em especial no que tange à prova
testemunhal produzida, as circunstâncias levaram a consumidora a crer que se tratava de
curso de graduação, sendo evidenciado que a propaganda veiculada pela demandada
teve o condão de induzir a consumidora em erro. Nesse mesmo sentido se encaminha a
jurisprudência pátria, no que tange à caracterização do erro em que recai o consumidor
oriundo de propaganda enganosa:

Venda de veículo. Propaganda enganosa. Dano moral. 1 - A propaganda,


para se caracterizar como enganosa, deve ter potencialidade de induzir o
consumidor a erro, ou seja, ser capaz de influir decisivamente na decisão do
consumidor de comprar o produto divulgado. 2 – Presume-se que veículo
colocado à venda esteja apto a ser transferido no órgão competente, salvo se,
tendo o comprador declarado o contrário, o consumidor tenha aceitado
expressamente e assumido a responsabilidade pela regularização. 3 - Dano
moral só há quando o ilícito é capaz de repercutir na esfera da dignidade da
pessoa. Aborrecimentos e meros dissabores não são suficientes para
caracterizá-lo. 4 – Apelação das rés provida em parte. Apelação do autor não
provida (TJ-DF - APC: 20120111869438 DF 0051319-18.2012.8.07.0001,
Relator: JAIR SOARES, Data de Julgamento: 25/03/2015, 6ª Turma Cível,
Data de Publicação: Publicado no DJE : 31/03/2015 . Pág.: 291)

O erro nada mais é do que a falsa representação da realidade. É juízo falso,


enganoso, equivocado, incorreto que se faz de alguém ou de alguma coisa. Logo, será
enganosa a publicidade capaz de levar o consumidor a fazer uma falsa representação do
produto ou serviço que está sendo anunciado, um juízo equivocado, incorreto a respeito
das suas qualidades, quantidade, utilidade, preço ou de qualquer outro dado.

O conjunto probatório demonstrou cabalmente a ocorrência do dano moral que


muito mais que aborrecimento e contratempo, resultou em situação que por certo lhe
trouxe intranqüilidade e sofrimento, configurando o dano moral, em razão exclusivamente
da conduta do recorrente.
Para a caracterização do dano moral, valor imaterial indenizável por disposição
constitucional, mister a ofensa que repercuta na esfera subjetiva da vítima, causando dor
íntima, sentimento negativo, merecendo uma reparação que se faz através de uma
compensação e não propriamente em um ressarcimento como ocorre no dano
patrimonial. Perseguindo a lição da Prof°. Maria Helena Diniz, ao tratar do assunto ora
em julgamento, interessante se faz anotar que quando se reclama a reparação pecuniária
em virtude do dano moral, que recai, sobre a imagem, a honra, e o nome profissional
dentre outros, o ofendido não esta pedindo um preço da dor sentida, mas apenas que se
lhe outorgue um meio de atenuar, em parte, as consequências do prejuízo, melhorando
seu futuro, superando o deficit acarretado pelo dano, abrandando a dor ao propiciar
alguma sensação de bem estar, pois, injusto e imoral seria deixar impune o ofensor ante
as graves conseqüências provocadas pela sua falta. (vide Indenização Por Dano Moral,
Revista Consultemo nº 03).
Nesse diapasão, transcrevo a decisão do STJ, que por sua 4ª Turma assim
decidiu:
“A indenização pelos danos morais guarda proporcionalidade com a
gravidade da ofensa, o grau de culpa e o porte econômico do
causador do dano.” (Resp. Nº 999.989-PR-Rel. Marcia Roberta de
Souza Dutra Moraes- j.26/08/2008)
Resta patente, ante o conteúdo probatório enxertado nos autos, a
caracterização de todos os elementos formadores do ato ilícito, desaguando na
configuração da responsabilidade civil e consequente dever de indenizar.

Na lição de Roberto de Rugiero, citado no voto proferido no RE 109233 do


Maranhão, relatado pelo Ministro Octávio Galotti:
Para ser o dano indenizável, basta a perturbação feita pelo ato
ilícito nas relações psíquicas, na tranquilidade, nos sentidos, nos
afetos de uma pessoa para produzir diminuição no gozo do
respectivo direito (“Jurisprudência Brasileira”, vol.157/86, Ed.
Juruá).

Reconhecida a existência dos danos morais por parte da ré contra o autor,


esses devem ser fixados com equilibrada reflexão, examinando a questão relativa à
fixação do valor da respectiva indenização.

Sobre a mensuração do dano moral, o STJ já se pronunciou em vários arresto,


vale transcrever alguns deles:

[...] I - A indenização por dano moral objetiva compensar a dor moral sofrida pela
vítima, punir o ofensor e desestimular este e a sociedade a cometerem atos dessa
natureza. A fixação do seu valor envolve o exame da matéria fática, que não pode
ser reapreciada por esta Corte (Súmula nº 7) [...] (REsp 337.739/SP, Rel. Min.
ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO) (grifo nosso)

[...] 4. É cediço que esta Corte pode rever os valores fixados à título de danos
morais, mas apenas quando se tratar de importância exorbitante ou ínfima, que não
é o caso dos autos, haja vista que a condenação no valor de dez salários mínimos
decorreu da inscrição de nome da pessoa jurídica em cadastro de inadimplentes
indevidamente, o que implica manifesta ofensa à honra objetiva e ao conceito da
empresa vítima de erro, obrigando à reparação moral. Razoabilidade do valor
indenizatório arbitrado, diante do caráter pedagógico da condenação. 5. Agravo
regimental não-provido. (AgRg no Ag 869.300/SP, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/06/2008, DJe 25/06/2008) (grifo nosso)

[...] O valor fixado pra o dano moral está dentro dos parâmetros legais, pois há
eqüidade e razoabilidade no quantum fixado. A boa doutrina vem conferindo a esse
valor um caráter dúplice, tanto punitivo do agente quanto compensatório em
relação à vítima. 7. Recurso especial conhecido em parte e não-provido. (REsp
965.500/ES, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
18/12/2007, DJ 25/02/2008 p. 1) (grifo nosso)

[...] 6. A indenização por dano moral deve ter conteúdo didático, de modo a coibir
a reincidência do causador do dano, sem, contudo, proporcionar enriquecimento
sem causa à vítima. 7. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 521.434/TO,
Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/04/2006, DJ
08/06/2006 p. 120) (grifo nosso)
[...] A extensão do dano moral sofrido, é que merece ser fixado guardando
proporcionalidade não apenas com o gravame propriamente dito, mas levando-se
em consideração também suas conseqüências, em patamares comedidos, ou seja,
não exibindo uma forma de enriquecimento para o ofendido, nem, tampouco,
constitui um valor ínfimo que nada indenize e que deixe de retratar uma reprovação
à atitude imprópria do ofensor, considerada a sua capacidade econômico-
financeira. Ressalte-se que a reparação desse tipo de dano tem tríplice caráter:
punitivo, indenizatório e educativo, como forma de desestimular a reiteração do
ato danoso. (STJ, Ministro MASSAMI UYEDA, 26/05/2008 – AGRAVO DE
INSTRUMENTO Nº 1.018.477 - RJ (2008/0039427-3) (grifo nosso)

No que tange ao quantum condenatório fixado na sentença, entendo que o


magistrado sentenciante não atendeu aos parâmetros da razoabilidade e
proporcionalidade, ante as circunstâncias do caso.

A indenização deve ser fixada em termos razoáveis, não se justificando que


a reparação venha a constituir-se em enriquecimento indevido, considerando que se
recomenda que o arbitramento deva operar-se com moderação, proporcionalmente ao
grau de culpa, ao porte empresarial das partes, às suas atividades comerciais e, ainda, ao
valor do negócio, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela
jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se da sua experiência e do bom senso, atento
à realidade da vida, notadamente à situação econômica atual e as peculiaridades de cada
caso. (REsp 171084/MA, relator Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, publicado em 5.10.98)
Dessa forma, atendendo que o dano moral deve ser minorado para R$
2.000,00 (dois mil reais), acrescidos de correção monetária pelo INPC e juros de mora de
1% ao mês a partir da data deste julgamento, valor este que não representa
enriquecimento sem causa à recorrida e nem prejuízo desmedido à recorrente, mantendo-
se o quantum fixado pelo juízo de primeiro grau.

No que tange aos danos materiais arbitrados na sentença, entendo que a


restituição dos valores comprovadamente pagos deverá se dar na forma simples, ante a
ausência de manifesta má fé da parte demandada. Nesse sentido:
APELAÇÃO. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE
REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. DUPLICIDADE NA COBRANÇA. RESTITUIÇÃO
SIMPLES. MÁ FÉ NÃO COMPROVADA. INAPLICABILIDADE DO
ART. 940 CC AO CASO. DANO MORAL À PESSOA JURÍDICA
NÃO CONFIGURADO. APELAÇÃO IMPROVIDA. 1.Comprovado o
indébito oriundo de cobrança em duplicidade, é devida a
restituição simples da quantia paga a maior pela apelante. 2.A
aplicação do art. 940 CC . pressupõe a má-fé daquele que
demanda dívida já paga, o que não foi comprovado no caso.
3.Incabível, então, a repetição em dobro dos valores debitados.
4.Não configurado, também, os danos morais alegados. 5.Apelo
improvido; (TJ-PE - APL: 58556020108170001 PE 0005855-
60.2010.8.17.0001, Relator: Cândido José da Fonte Saraiva de
Moraes, Data de Julgamento: 17/10/2012, 2ª Câmara Cível, Data
de Publicação: 198)

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR


PARCIAL PROVIMENTO ao recurso interposto por CENTRO DE ESTUDO PESQUISA E
ENSINO SUPERIOR LTDA, tão somente para determinar que a restituição dos valores pagos
se dê na forma simples, e para reduzir o quantum condenatório fixado a título de danos
morais, arbitrando-o em R$ 2.000,00 ( dois mil reais).Sem custas processuais e honorários
advocatícios, ante o êxito da parte no recurso.

Salvador, sala de sessões, 22 de Outubro de 2015.


Bela. Maria Auxiliadora Sobral Leite
JUIZA DE DIREITO – Relatora

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