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1

FRANCISCO ANTONIO OIA PINHO

A INFLUÊNCIA DO AVANÇO TECNOLÓGICO DAS


MÍDIAS SOCIAIS NO PROCESSO DECISÓRIO
POLÍTICO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
BRASILEIRAS DE 2018.
Artigo apresentado à Universidade
Portucalense Infante Dom Henrique
como requisito parcial para obtenção
do título de mestre em Direito -
Ciências Jurídico-Políticas sob a
orientação da Professor Doutor André
Pereira Matos

PORTO – PORTUGAL
2019
3
4

à minha esposa e filhas


5

Agradeço à equipa da Universidade Portucalense Infante Dom Henrique (UPT) pelo


trabalho desenvolvido a todos professores e funcionários que se dedicam e fazem
esse curso acontecer.
6

“Que o bimbalhar dos sinos e o tresloucar dos gargalhões emitam eflúvios


cumulativos para os perpassares das excelsas veredas pinaculares. Ora-se!”
Autor desconhecido
7

RESUMO

Analisam-se as questões políticas no Brasil relevantes envolvendo o processo


eleitoral nas presidenciais de 2018 no que tange à influência da evolução tecnológica
dos média nomeadamente das redes sociais nas eleições brasileiras 2018. Para
melhor compreensão do tema, a primeira parte volta-se à análise dos aspetos
conceituais e históricos do oferecimento de serviços públicos de comunicação como
a telefonia móvel, por exemplo. Tendo por relevo as alterações e avanços sofridos
pela rede mundial de computadores que carreia em seu bojo acesso direto do
interlocutor com o seu publico alvo.

Palavras-Chave: ciência política, eleições, Brasil, presidente, redes-sociais,


tecnologia, smartphone, telemóvel.
8

ABSTRACT

We analyze the relevant political issues in Brazil involving the electoral process in the
2018 presidential elections regarding the influence of the technological evolution of the
media, namely social networks, in the Brazilian elections 2018. For a better
understanding of the topic, the first part is analyzed again conceptual and historical
aspects of the provision of public communication services such as mobile telephony,
for example. Taking into account the changes and advances suffered by the worldwide
computer network that carries direct access of the interlocutor with its target public.

Keywords: political science, elections, Brazil, president, social-networking,


technology, smartphone, mobile phone.
9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 10

2. CONCEITOS BÁSICOS 11

3. O FENÓMENO 17

4. CONCLUSÃO . 22

5. POST SCRIPTUM 23

5. BIBLIOGRAFIA 24
10

1. INTRODUÇÃO:

Ante ao imperativo de analisar a Influência dos Media nas eleições brasileiras


em 2018 e, nesse mister, da sua evolução, há de primeiramente asseverar o que
sejam os Media (meios de comunicação), opinião pública, a interação entre esses
dois conceitos e, após, como isso se reflete nas eleições, a fim de saber do que
se trata e, assim, de se delimitar a pesquisa, bem como entender o impacte das
comunicações sobre o processo decisório em uma eleição em particular das
presidenciais brasileiras de 2018.
A presente pesquisa, enquanto trabalho de uma disciplina de um curso de
Mestrado, tem escopo bem delimitado, qual seja de compreender o fenômeno
chamado a influência da tecnologia nomeadamente das redes sociais nas eleições
de 2018, que tem suas particularidades no Brasil, país com história única no
mundo, com problemas próprios tais como gigantismo, muita riqueza apesar da
má distribuição desta, acesso a tecnologia de ponta etc.
Assim, pretende-se que o leitor ao final dessa pesquisa seja capaz de identificar
os principais atores que travam o conflito no cenário político brasileiro atualmente,
com a principal constatação que se objetiva com a investigação seria asseverar
qual o papel das médias sociais, a sua importância no cenário da eleição do
presidente Jair Messias Bolsonaro ao cargo de presidente da República Federativa
do Brasil no ano de 2018.
11

2. CONCEITOS BÁSICOS:

Antes de adentrar ao tema propriamente dito cumpre fazer uma digressão sobre
qual seja o objeto de estudo da ciência política (CP), pois essa disciplina ocupa-se de
refletir sobre o Estado segundo Marcel Prelot (França, 1898-1972), autor de várias
obras como a “História das Ideias Políticas” entre outras, assim, para efeitos desse
trabalho entende-se que a ciência política debruça-se sobre o Estado e sobre as suas
interações com os estamentos humanos. Segundo diversos teóricos, como Marcello
Caetano1, Freitas do Amaral2, Adriano Moreira3, Jorge Miranda4 e Gomes Canotilho5,
enfim, há uma panóplia de definições que tentam delimitar o objeto das ciências
socias, em particular a ciência política que também examina os agentes políticos
internos que disputam a obtenção e exercício do poder, ou pelo menos de influenciá-
lo, visando a satisfação dos seus interesses. Igualmente estuda os agentes políticos
internacionais que influenciam ou tentam influir no comportamento dos órgãos que no
quadro de uma sociedade (CAETANO, 1972) nacional exercem o poder político
máximo. Portanto o objeto de Ciência Política flutua entre o poder e o Estado.6

Para além do tópico acima, urge saber que Média (PT-EUR) ou mídia (PT-BR),
os meios de comunicação, segundo (Guazina7, 2007), não seria um objeto de estudo
muito presente nos trabalhos de ciência política, havendo mais ocorrência nas
investigações da área de comunicação nas universidades brasileiras.

“De maneira geral, as pesquisas oriundas da Ciência


Política tangenciam a questão da mídia ao investigar
1
CAETANO, Marcello – Manual de Ciência Política e Direito Constitucional. Tomo II. 6ª ed. Lisboa:
Coimbra Editora, 1972, p. 17.
2
FREITAS DO AMARAL, Diogo – História das Ideias Políticas – Vol. 1 Lisboa: Almedina, 2010. pp. 17 e ss.
ISBN 9789724010762
Não existem fontes no documento atual.3 MOREIRA, Adriano – Ciência Política. 6.ª ed. Lisboa: Almedina.
2014. p. 245 ISBN: 9789724057033
4
MIRANDA, Jorge – Manual de Direito Constitucional. 1ª ed. vol. 1, Tomo 1, Coimbra: Coimbra Editora.
2014, pp. 17 e ss. ISBN 972-32-0419-3
5
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. reimp. 7.ª ed. 2003.
Lisboa: Almedina, 2018. p.78 ISBN: 9789724021065
6
SEARA, Fernando Roboredo; CORREIA, José de Matos e PINTO, Ricardo Leite. Ciência Política e Direito
Constitucional. Vol. 1. 4ª ed. Lisboa: Universidade Lusíada, 2012, pp. 46 a 51 ISBN: 9789896401351
7
GUAZINA, Liziane – o conceito de mídia na comunicação e na ciência política: desafios
interdisciplinares. Revista Debates, [Em linha] Porto Alegre, v.1, n.1, p. 49-64, jul.-dez. 2007. [Consult. em 05
fev. 2019]. Disponível na internet: < https://seer.ufrgs.br/debates/article/viewFile/2469/1287> ISSN Eletrônico
1982-5269
12

temas como opinião política, opinião pública,


comportamento eleitoral/escolhas políticas e cultura
política. Sem corrermos o risco de simplificarmos a
questão, pode-se dizer que a mídia não é o alvo
principal da curiosidade científica na tradição da
Ciência Política, pois o cabedal teórico sedimentado
ao longo dos anos na constituição de seus modelos
investigativos foi desenvolvido, em grande parte, em
período pré-mídia (MIGUEL, 2002)8.”

Entretanto a comunicação está na base de todo processo societal, seja do


ponto de vista artístico, cultural e até mesmo político, pois, desde à Antiguidade
Clássica que a política usa as expressões artísticas a seu favor, ao cooptar muitos
músicos, poetas, atores e outros artistas por meio do mecenato e outras formas de
cooptação.

Ao contrário do que muitos possam imaginar, a média (ou mídia) já é utilizada


na política há muito tempo, todavia, o que muda é a forma da comunicação social em
cada época.

Desde antes da invenção da escrita, que o homem tem a capacidade de se


comunicar, pois já havia a língua e a linguagem, o teatro e poesia que acompanham
a raça humana, mesmo antes de haver a capacidade de registo.

Nesse sentido, na época ágrafa, era necessário que o homem, para atingir o
público, tivesse contacto pessoal e presencial, assim, o político está no corpo-a-corpo
buscando cooptar eleitores, v.g., um político a discursar no areópago.

A partir da invenção da escrita, o homem rompe com continuum espaço tempo,


porquanto separa a comunicação em dois momentos distintos, ou seja, primeiro, o da
conceção da ideia e em segundo lugar, o da leitura e compreensão. Doravante é que

8
Miguel, Luiz Felipe – Os Meios de Comunicação e a Prática Política. Lua Nova [Em linha] n.º 55-56 (2002),
p. 15. [Consult. em 05 fev. 2019]. Disponível na internet: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
64452002000100007&lng=en&nrm=iso&tlng=pt> ISSN 1807-0175
13

se pode falar em comunicação social9, pois surge as inscrições em pedras, madeiras


e outros materiais rijos que tinham a função de alertar de um perigo, dar crédito a um
político, datação entre outras, mormente o uso de inscrições em construções ou outro
suporte geralmente pedra. Tendo como exemplo, a colocação do nome de um político
em monumentos, neste caso, o político não precisa mais estar presente para atingir o
seu público-alvo.

Com a utilização do papiro, do couro e de outros suportes portáteis e


resistentes, surge o correio, pois, desta feita, uma mensagem podia vencer o espaço
e chegar ao seu interlocutor que estivesse distante.

“Não é, pois, de estranhar que o rei reservasse


para si o privilégio do controlo dos correios,
entregando-o, por vezes, a escudeiros e nobres
fiéis, e escolhendo ele próprio os enviados
especiais, tão romantizados na literatura e no
cinema.”10

Neste momento, ocorre o surgimento da abordagem epistolar. Ex. um político


poderia se comunicar com outro político de um estado vizinho.

Assim, o emprego do papel, o meio mais resistente ao tempo, foi possível trazer
registos até os dias atuais e muitos livros foram escritos neste suporte, chamados
incunábulos. Apenas para dar um exemplo: podemos, ainda hoje, ler muitos
manuscritos de muitos séculos atrás, como a época de D. Afonso, sec. XIII.11 A partir
do uso do papel, surgem muitos livros que atingiriam e atingem diversas gerações.
Ex. Tratados de Política como o de Aristóteles

De igual modo, a estruturação da imprensa que barateou e popularizou o livro,


fixou a ortografia e orientou várias línguas. A partir de então, é possível de falar de

9
FARHAT, Said – Dicionário parlamentar e político: o processo político e legislativo no Brasil. São Paulo:
Fundação Peirópolis Melhoramentos, 1996. ISBN: 8506022959, p. 756.
10
VEGAR, José – Vencer a distância: cinco séculos dos correios em Portugal. [Em linha]. 1ª ed. Lisboa: FPC
- Fundação Portuguesa das comunicações, 2005. [Consult. 28 jan. 2019]. Disponível na internet:
<http://www.fpc.pt/Portals/0/PDF%20Exposicoes/Percurso%20de%20Correios.pdf>
11
VITERBO, Joaquim de Santa Rosa – Elucidário das palavras, termos e frases que em Portugal
antiguamente se usárão, e que hoje regularmente se ignorão. [Em linha]. Vol. 1, Lisboa: Officina Simão
Thaddeo Ferreira, 1798. [Consult. 28 jan. 2019]. Disponível na internet: <http://
https://archive.org/details/elucidariodaspal00vite/page/n6>
14

jornalismo, o uso dos diários populares que atingiam a grande massa de leitores e
potenciais eleitores, e.g., verdadeiras campanhas e debates eleitorais se travaram em
jornais.

Outrossim, a arquitetura do rádio teve imenso impacto das comunicações capaz


de vencer grandes distâncias e de levar a voz humana de um ponto a outro do país e
de continente para outro. É nessa época que Hitler nomeou Joseph Goebbles12 (1887-
1945) perito em manipulação de comunicação de massa, exclusivamente para
monitoras os interesses políticos através da propaganda.13

Igualmente, a produção da televisão teve incrível impacto na comunicação


social, tal qual ocorreu com o cinema, mas, neste caso, o aparelho estava na casa
dos telespectadores, a pouco e pouco, substituindo a posição privilegiada que
assumia o rádio, fenómeno que estamos vivenciando até hoje apesar de novas
tecnologias a que estamos acostumados. Em momentos decisivos para o nosso país
ou para o mundo como o “BREXIT” entre outros são acompanhados pela tela da
televisão.

A esse respeito, trago a visão de Bordieu, trazido à colação por MIGUEL (2002) 14

Em Sobre a televisão, Bourdieu trata da influência


que o campo jornalístico exerce tanto sobre a
política quanto sobre o meio universitário. Não por
acaso, pois ele julga que os campos político,
jornalístico e das ciências sociais têm uma meta
comum, que é “impor a visão legítima do mundo
social”

Do mesmo modo, a conceção dos computadores aumentou em muito a


capacidade de processamento da informação.15 O uso político deste invento entre
outros foi o aumento do processamento das mais variadas estatísticas como

12
ROLAND, Paul. The Nuremberg Trials. Londres: Arcturus, 2012. ISBN 978-1-78212-774-1
13
CAVALCANTI, Yaponan. A Comunicação Social Mídia e Evolução A Comunicação Social. [Em linha].
Recife: Google Books. 2018. [Consult. 28 jan. 2019]. Disponível na internet:
<https://books.google.pt/books?id=SCdEDwAAQBAJ >
14
Miguel, Luiz Felipe. 2002. Op. Cit.
15
FERNANDES, Euclécio Alves – A evolução da comunicação impactada pela tecnologia. [Em linha].
Aracaju: Ideias & Inovação. 2016 V. 3 N.2 p. 93-102 E-ISSN: 2316-3127 . [Consult. 28 jan. 2019]. Disponível
na internet: <https://periodicos.set.edu.br/index.php/ideiaseinovacao/article/view/2973>
15

demografia, por exemplo, pois o político pode conhecer melhor o povo que esta a
governar.

Com tal característica, a criação da internet que interligou diversos


computadores que estavam espalhados pelo globo terrestre, a criar um grande
incremento nas comunicações. É nesta época que surge o termo interconectividade,
pois diversos computadores espalhados pelo mundo passam a se conectar a rede
mundial de computadores. Sendo que os exemplos que se pode elencar a partir dessa
invenção são enormes, pois agora o político está conectado ao seu eleitor por meio
da internet.

Semelhantemente, a elaboração dos smartphones foi a culminância da


convergência digital em que o cidadão comum passa ter em suas mãos um
instrumento poderoso de processamento de dados e de comunicação. A novidade é
que antes a conexão era estática pois tanto o transmissor quanto o recetor estavam
em um lugar fixo estaticamente. Agora com o telemóvel no bolso a pessoa tem um
computador poderoso ao alcance dos dedos. Podendo se comunicar por voz e
imagem.

É de se frisar que não cabe, neste trabalho, explorar em profundidade cada


uma destas fases, mas apenas tomar nota para contextualizar, pois são duas óticas,
uma é a própria comunicação social em si, objeto de estudo de outra disciplina. E
outro é o fenómeno político objeto de estudo deste trabalho. Mas esse trabalho faz
um corte interdisciplinar para estudar um fenómeno político a partir de um fenómeno
comunicacional.

Cumpre ressaltar que o surgimento de um avanço tecnológico não inviabiliza o


uso de outras técnicas mais antigas, pois passa haver a superposição de práticas.
Exemplo, até hoje existe o corpo-a-corpo dos políticos com os seus eleitores, inscrição
de nomes de políticos em monumentos etc.

Paralelamente a alguma dessas fases houve avanços tecnológicos com a


invenção de diversos aparatos como o rádio, o telefone (Marconi), o telégrafo, a
16

televisão16, o satélite artificial, entre outros, enfim, todas essas tecnologias


dinamizaram a comunicação e tiveram o seu papel no uso político de cada uma delas.
Para o escopo deste trabalho, convém salientar que a convergência digital é que a
maioria dessas invenções desembocaram em um aparelho chamado telemóvel
smartphone.

Segundo Fernandes (2016)17, o Brasil seria o país com o maior número de


aparelhos per capita do mundo, apesar de haver menos aparelhos em valores
absolutos que na China, India e Estados Unidos. Isso tem impacto na maneira como
as pessoas se comunicam.

16
MARCONDES FILHO, Ciro - Os partidos e a TV. [Em linha]. vol.2 n.º 2 São Paulo: Lua Nova, 1985. p.1
[Consult. 28 jan. 2019]. Disponível na internet: <http://dx.doi.org/10.1590/S0102-
64451985000300014> ISSN 0102-6445
17
FERNANDES, op. cit.
17

3. O FENÓMENO

No caso brasileiro, muito tem-se progredido, no avanço da tecnologia,


principalmente durante o governo Fernando Henrique Cardoso em 1998 que abriu
o mercado brasileiro com a total privatização das empresas telefônicas estatais do
Brasil.
A vitória de Jair Messias Bolsonaro poderia refletir mudança de paradigma nas
últimas eleições brasileiras (2018). Devido a exacerbada hegemonia da Rede
Globo de Televisão que dominava os média naquele país sul-americano. Então,
essa primazia poderia estar a ser contestada a partir da conectividade que a
população brasileira passa a ter a partir do uso dos telemóveis com acesso a
internet, a saber, os smartphones.
Não somente a preponderância da TV Globo, mas também da própria televisão
em si, enquanto meio principal e inconteste, na vida dos brasileiros como o meio
de comunicação, por excelência, a partir do qual a moda, a opinião, os costumes
etc são formatados.
Assim, o cidadão comum passaria a não mais ficar limitado a intermediação de
um canal de televisão para ter acesso ao conteúdo informativo, pois, no contexto
da interatividade virtual propiciada por um smartphone com internet, por intermédio
do uso de uma aplicação como a de uma média social, uma pessoa pode publicar
um acontecimento ao vivo e compartilhá-lo com os demais cidadãos.
Foi assim na chamada primavera árabe, assim tem sido também nas grandes
capitais do Brasil da segunda década do século XXI.
O fato novo para o Brasil, é que, até então, nenhum candidato à presidência da
república havia antes usado tão fortemente esse meio para uma plataforma de
campanha eleitoral.
Bolsonaro, descendentes de imigrantes italianos fixados no interior de São
Paulo, foi militar do exército brasileiro, ingressou na política daquele país ainda
jovem (34 anos), e, depois de sucessivas eleições a deputado, consegue a vitória
nas eleições presidenciais.
18

Vem do chamado baixo clero da câmara dos deputados, em 26 anos de


atividades no Congresso, era um azarão, pois, as prévias dos institutos de
pesquisa de opinião davam baixíssimas percentagens das intenções de votos para
o candidato em questão.
Mas por meio de uma campanha eleitoral consistente conseguiu reverter o
quadro contrariando todas as previsões conseguiu derrotar o candidato da
situação e vencer as eleições presidenciais brasileiras.
O candidato Bolsonaro teve perceção de que as médias sociais são
ferramentas disponíveis que poderiam alavancar a penetração na preferência dos
eleitores, e, assim, fez uma campanha que se comparada aos seus adversários
políticos foi muito menos onerosa.

Certamente o Bolsonaro ganhou as eleições, mas não foi única e


exclusivamente pela sua campanha na internet e os telemóveis, houve outros
elementos a serem considerados como o atentado que quase lhe tirou a vida, o grande
escândalo de corrupção do PT etc, mas esse elemento das redes sociais e da
evolução tecnológica teve um papel relevante dentro do quadro geral.

Eu pretendia chegar aqui e falar sobre a influência das médias e da evolução


tecnológica influenciou a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, mas
infelizmente se não há suporte estatístico para fazer tal afirmação, corre-se o risco de
se fazer uma afirmação leviana.

Como a percentagem de votos por partido:

No gráfico acima, podemos ver que o partido de Bolsonaro foi o mais votado.
19

Não se pode nem afirmar que existe essa correlação, sem um suporte técnico
científico, pois para que essa hipótese aventada possa ser verificada na prática seria
necessário que houvesse um trabalho de campo, um apanhado estatístico, ou que
algum pesquisador já tivesse trabalho esses parâmetros. Ou que ainda um instituto
de pesquisa tivesse disponibilizado material macro, que pudesse aquilatar através de
filtros um extrato do que se deseja verificar.

Tendo em vista que, segundo à pesquisa brasileira de mídia (2016), o acesso


a internet não está bem distribuído em todo o território brasileiro. Portanto, há de se
analisar a função precípua da tecnologia da comunicação em consecução de ditames
prioritário consentâneos à política vigente no país.

Com tal objetivo examina-se a evolução da tecnologia da comunicação do país


ao longo do tempo a fim de se contextualizar em que fase se encontra, porquanto o
Brasil saiu de uma condição de sistema de telecomunicações totalmente estatal com
grandes entraves para a expansão e modernização para um sistema que conjuga o
capital privado nacional e estrangeiro com a privatização 18 de toda rede e de franco
avanço tecnológico.

Com o surgimento de novos players na área de comunicação do Brasil, outrora


adstrito ao Estado Brasileiro, empresas estatais como TELEBRAS, TELESP, TELERJ,
Telemazon Celular (do Amazonas), Telepará Celular(do Pará), Telma Celular (do
Maranhão), Telaima Celular (de Roraima), Telamapá (do Amapá), etc foram extintas
com a privatização diversos entes privados brasileiros e internacionais assumiram o
controle acionário destas empresas e passaram a operar diretamente em solo
brasileiro trazendo suas próprias marcas ou fundando marcas novas como a ATL 19,

18
MATOS FILHO, José Coelho & OLIVEIRA, Carlos Wagner de A. O Processo de Privatização das
Empresas Estatais Brasileiras. Texto para Discussão [Em linha]. nº 422. Brasília: IPEA 1996 . [Consult. 28
jan. 2019]. Disponível na internet: <http://www.en.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/TDs/td_0422.pdf>
19
BNDES. Operadoras de Telefonia Móvel no Brasil. Cadernos de Infra-Estrutura, Fatos & Estrategias. [Em
linha] nº 19. Rio de Janeiro: Editoração AI/GESIS, 2001 [consult. 27 nov. 2018]. Disponível na internet:
<https://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/cadernos
/CAD_19.PDF>
20

Intelig20, TIM, Telefónica, Amazónia Celular21, Claro, OI e outras que mais tarde, após
um processo de fusão e aquisição chegou ao estado das artes que se encontra
atualmente.

O que dinamizou o acesso da população e, por isso, teve impacto importante


na opinião pública e, assim, alterou significativamente o valor no balanço de forças
dos média tradicionais com relação as novas tecnologias adotadas.

20
CARVALHO, Daniele e CALAIS, Alexandre – TIM fecha acordo para compra da Intelig. Jornal O Estado
de São Paulo [Em linha]. São Paulo: Estadão, 2009 [consult. 27 nov. 2018]. Disponível na internet:
<https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,tim-fecha-acordo-para-compra-da-intelig,356127>
21
FREITAS, Renata de. Oi compra Amazônia Celular por R$ 120 milhões. Portal g1. [Em linha] Rio de
Janeiro, 2007 [consult. 27 nov. 2018]. Disponível na internet:
<http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL235268-9356,00-
OI+COMPRA+AMAZONIA+CELULAR+POR+R+MILHOES.html>
21

O acesso às novas tecnologias como meio de expressão, segundo estudos22


de meios especializados as famílias brasileiras passaram a ter acesso a internet via
expansão da telefonia móvel o que vai impactar fortemente os índices. Segundo essa
pesquisa do IBGE, o celular (telemóvel) estava presente em 92.6%, mas a internet
estava presente em 69,3% dos domicílios.

22
BRASIL – PNAD: Pesquisa Nacional por amostra de Domicílio. [Em linha]. Brasília: IBGE, 2018.
[Consult. 28 jan. 2019]. Disponível na internet: <
https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/trabalho/9173-pesquisa-nacional-por-amostra-de-
domicilios-continua-trimestral.html?=&t=o-que-e>
22

4. CONCLUSÃO

Ao começar essa pesquisa esperava-se poder concluir afirmativamente que a


tecnologia principalmente as redes sociais, por meio do acesso à internet, tivessem
um papel decisivo nas eleições presidenciais do ano de dois mil e dezoito no Brasil.

Entretanto, com o desenvolvimento da pesquisa, por meio de uma abordagem


mais estatística, pode-se concluir contrariamente que apesar do surto informático,
bem como da evolução tecnológica que o Brasil tem experimentado em épocas
recentes. Ao contrário do que se poderia supor, sendo este país de dimensões
continentais, as oportunidades não são igualitárias, havendo, portanto, imensa
defasagem de um sítio para outro23, como as regiões sul e sudeste que estão bem
desenvolvidas com o acesso aos meios digitais a prevalecer, no entanto as regiões
norte e nordeste e parte do centro oeste ainda carecem de infraestruturas capazes de
dinamizar a importância da internet e dos meios de comunicação de ponta disponível.

Por essa razão, as diferenças económicas e sociais entre regiões têm um


importante reflexo nas campanhas eleitorais. O que impacta de forma severa o meio
como o eleitor vai se informar a cerca dos elementos que haverá de considerar para
tomar a sua decisão soberana.

Segundo a pesquisa Secom,24 a televisão ainda é a preferida do eleitor, apesar


de a internet bem o uso de smartphones estar a crescer.

23
PEREIRA, Eduardo de Godoy. O papel decisivo da mídia nas eleições 2018. [Em linha]. Brasil: Meio e
Mensagem. 2018 [Consult. 28 jan. 2019]. Disponível na internet:
<http://www.meioemensagem.com.br/home/opiniao/2018/09/27/o-papel-decisivo-da-midia-nas-eleicoes-
2018.html>
24
BRASIL – Presidência da República. Secretaria Especial de Comunicação Social. Pesquisa brasileira de
mídia 2016: hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. [Em linha]. – Brasília: Secom, 2016.
ISBN: 978-85-85142-60-5 [Consult. 28 jan. 2019]. Disponível na internet:
<http://pesquisademidia.gov.br/files/E-Book_PBM_2016.pdf >
23

POST SCRIPTUM.

John Richard Hicks (1904 – 1989), Nobel de Economia (1972), na sua obra
capital, Value and Capital25, introduziu novos conceitos como curvas de indiferenças
e elasticidade, entretanto quando já bem adiantado em suas pesquisas a ponto de
publicar, descobriu um economista russo que publicara em um jornal de economia
italiano, Eugen Slutsk,26 que escrevera anteriormente sobre o tema, cada qual sem
tomar conhecimento sobre o trabalho do outro. Hicks, com altruísmo e atitude de
nobreza e respeito, deu crédito ao economista russo e, assim, o teorema passou a se
chamar “Hicks slutsky income and substitution effect” 27.

Guardada as devidas proporções, sem querer me comparar a um pesquisador


galardoado com um prémio da Academia de Ciências de Estocolmo, algo semelhante
ocorreu com essa pesquisa inconclusa, pois para auferir alguma acurácia, as
afirmações devem ter suporte fático probante de que não se dispunha seja no quesito
estatístico ou seja em trabalhos de pesquisadores que tenham-se debruçado sobre o
tema, até por serem eleições muito recentes, esse material realmente não está
disponível. Entretanto, quando este trabalho já estava pronto para ser apresentado,
obteve-se acesso a um documento28 que é mister fazer-se menção, trata-se de uma
dupla de pesquisadores da Universidade do Paraná que analisaram o impacto da
mídia nas eleições entre 1998 a 2016, e, portanto, formaram massa crítica, que pode
embasar futuras investigações no tema.

25
HICKS, John Richard - Value and Capital. [em linha] 2ª ed. 3ª reimp. Oxford: Oxford University Press, 1975
<https://archive.org/details/in.ernet.dli.2015.223876/page/n3> ISBN 0194423107
26
SLUTSKY, Eugenio – Sulla teoria del bilancio del consumatore. Giornale degli Economisti. LI, 1915. pp.
1-26 [Consult. 06 fev. 2019]. Disponível na internet <
https://www.jstor.org/stable/23225412?seq=1#page_scan_tab_contents >
27
CHIPMAN, John S. & LENFANT, Jean-Sébastien – Slutsky’s 1915 Article: How It Came to Be Found and
Interpreted. History of Political Economy, [Em linha] Volume 34, Number 3, 2002, pp. 553-597 [Consult. 06
fev. 2019]. Disponível na internet < http://personal.stthomas.edu/csmarcott/ec352/slutsky_paper_chipman.pdf >
ISSN: 1527-1919
28
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