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USO DO CICLOERGÔMETRO NO ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO


EM PACIENTES CRÍTICOS.

USE OF CYCLE ERGOMETER AT THE CARE PHYSIOTHERAPIC IN CRITICALLY


ILL PATIENTS.

Rone Robson Ribeiro1, Fabíola Maria Ferreira da Silva2

1
. Fisioterapeuta graduado pela Pontífice Universidade Católica de Goiás – Goiânia/GO,
Pós-Graduando em Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia Intensiva pelo Centro de
Estudos Avançados e Formação Integrada - CEAFI
2
. Fisioterapeuta graduada pelo Centro Universitário do Triângulo - Uberlândia/MG,
Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória pelo Hospital Nossa Senhora de
Lourdes, São Paulo/SP e especializada em Fisioterapia em Cardiologia: da UTI a
Reabilitação na Universidade Federal de São Paulo.

.............................................................................................................................................

Endereço para correspondência: Rone Robson Ribeiro(1)


QS 11 Conjunto K casa 26, Areal Águas Claras, Taguatinga, DF- Brasil.
CEP 71982-520 email: dr.ronerobson@hotmail.com
2

RESUMO
Introdução: A imobilidade prolongada dos pacientes críticos, traz efeitos deletérios a condição
física, redução da capacidade funcional motora e respiratória, maior tempo de internação e
dependência dos pacientes na ventilação mecânica. Uma das terapêuticas realizadas afim de
minimizar os efeitos deletérios da imobilidade é o treino com cicloergômetro, com
funcionamento mecânico ou elétrico e permite exercícios passivos, ativos e resistidos com os
pacientes. Objetivo: analisar o uso do cicloergômetro no atendimento fisioterapêutico a esses
pacientes. Método: A busca a artigos publicados de 2000 a 2015, nas bases de dados on-line
Lilacs, MedLine, PubMed, Bireme e Scielo. Conclusão: o uso do cicloergômetro no
atendimento fisioterapêutico, principalmente de forma precoce, consiste em uma terapia segura
e viável em pacientes críticos, podendo minimizar os efeitos deletérios da imobilização
prolongada, possibilitando melhora da capacidade funcional.

Descritores: cicloergômetro, fisioterapia, mobilização precoce, UTI.

ABSTRACT
Introduction: The prolonged immobility of critical patients, brings harmful effects to physical
condition, reduced motor function and respiratory rate, longer hospital stays and dependence of
patients on mechanical ventilation. One of the therapies carried out in order to minimize the
deleterious effects of immobility is training with cycle ergometer with mechanical or electrical
operation and allows passive exercises, active and resisted with patients. Objective: To analyze
the use of a cycle ergometer in physical therapy for these patients. Method: The search to
articles published from 2000 to 2015, in the online databases Lilacs, Medline, PubMed, Bireme
and Scielo. Conclusion: the use of a cycle ergometer in physical therapy, especially early on, is
in a safe and viable therapy in critically ill patients and can minimize the deleterious effects of
prolonged immobilization, enabling improved functional

Keywords: Cycle ergometer, Physiotherapy, Early mobilization, ICU.


3

INTRODUÇÃO

O número de pacientes em estado crítico que sobrevivem a internação nas


Unidades de Terapia Intensiva (UTI) tem aumentado significativamente nos últimos
anos. Pouco tempo atrás, o foco de pesquisas na UTI eram as taxas de sobrevida, porém
com os avanços dos tratamentos e melhora no manejo, cerca de 80% dos pacientes
sobrevivem e têm alta hospitalar¹, com isso, a atenção se voltou para os resultados em
longo prazo e ao processo de recuperação funcional após alta da UTI. Sendo que, em
casos de internação prolongada, fatores como imobilidade, descondicionamento físico,
fraqueza muscular generalizada e piora da qualidade de vida representam as principais
barreiras na reabilitação desses indivíduos2,3.
A fraqueza muscular do paciente crítico apresenta-se de forma difusa e
simétrica, acometendo a musculatura estriada esquelética apendicular e axial. Os grupos
musculares proximais geralmente encontram-se mais afetados que os músculos distais,
com variável envolvimento dos reflexos tendinosos profundos e da inervação sensório-
motora4. E essa perda de massa muscular é mais alta nas primeiras 2 a 3 semanas de
permanência na UTI5. Por isso, é importante evitar ou minimizar a falta de
condicionamento muscular o mais cedo possível, em pacientes com esperado repouso
prolongado no leito.
Na literatura, vários estudos apontam os benefícios da mobilização precoce no
atendimento fisioterapêutico em pacientes críticos, como redução dos efeitos deletérios
decorrentes do imobilismo no leito, e por consequência: redução do tempo de
permanência na UTI, facilitação do desmame da VM, melhora da mobilidade, força
muscular e qualidade de vida, além da otimização da função pulmonar, corroborando
para o retorno destes pacientes às atividades de vida diária6,7,8,9.
Um estudo da European Respiratory Society e da Sociedade Européia de
Medicina Intensiva aconselha iniciar o mais precocemente possível o treino com
exercício ativo e passivo, tendo como benefícios a prevenção e tratamento da
imobilidade/descondicionamento para paciente adultos em estado crítico9.
A mobilização precoce deve ser aplicada diariamente nos pacientes críticos
internados em UTI, tanto naqueles estáveis, que se encontram acamados e inconscientes
(sob VM), quanto naqueles conscientes e que realizam a marcha independente 10. A
melhora no estado funcional e a diminuição do tempo de permanência hospitalar são
indicadores positivos promovidos por essa abordagem motora11.
4

Diferentes técnicas e aparelhos vêm sendo usados na prática fisioterapêutica na


UTI, na tentativa de reversão ou redução da perda de força muscular, realizados apenas
procedimentos considerados seguros na estabilidade hemodinâmica12,13. Nesse contexto,
encontra-se o cicloergômetro, ou bicicleta ergométrica, um aparelho estacionário
cíclico, com funcionamento mecânico ou elétrico, que permite exercícios passivos,
ativos e resistidos com os pacientes14.
O uso do cicloergômetro na UTI busca a associação com aumento de força
muscular, melhora da capacidade funcional e redução da sensação de dispnéia, fatores
verificados em pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), os
quais se beneficiam desse equipamento15,16. Porém, mesmo com as recentes pesquisas
sobre essa ferramenta, sua inserção e aplicação na UTI ainda é tímido17.
Diante de tudo que foi exposto, o presente estudo tem por objetivo investigar,
através de uma revisão literária, os benefícios do cicloergômetro no programa de
tratamento fisioterapêutico em pacientes críticos internados na UTI.

MÉTODO

Para a construção do presente artigo de revisão bibliográfica, foram utilizados


artigos científicos condizentes com o tema proposto, pesquisados em fontes científicas
fidedignas, publicados e indexados nas bases de dados on-line Lilacs (Literatura Latino-
Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), MedLine (Medical Literature Analysis
and Retrieval System Online), PubMed (Public Medline or Publisher Medline), Bireme
(Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde) e Scielo
(Scientific Electronic Library Online), no período de 2000 a 2015, nas línguas
portuguesa e inglesa.
Foram incluídos estudos clínicos randomizados e séries de casos, que
apresentassem desfechos relacionados ao uso do cicloergômetro em pacientes críticos
internados na UTI e excluídos artigos que abordavam o uso do cicloergômetro fora da
UTI, artigos de revisão bibliográfica, estudos não relacionados a fisioterapia, ou em
pacientes que não se encontravam em estado crítico. A seleção ocorreu de julho de 2015
a fevereiro de 2016. Os textos foram analisados e sintetizados de forma reflexiva a fim
de obter informações consistentes acerca do tema enfocado. Os descritores utilizados
foram: cicloergômetro, fisioterapia, mobilização precoce e UTI.
5

RESULTADOS

A busca inicial encontrou aproximadamente 5020 artigos que citavam o


cicloergômetro nos últimos 15 anos, dos quais 1260 estavam relacionados com a
fisioterapia, 171 abordavam uso cicloergômetro pela fisioterapia na UTI, desses, 59
relacionados a mobilização precoce, sendo excluídas 22 revisões bibliográficas,
resultando em 37 estudos randomizados ou séries de casos potencialmente relevantes,
que foram analisados e apenas 8 artigos contemplavam os critérios de seleção por
abordarem os desfechos provenientes da mobilização precoce com uso do
cicloergômetro em pacientes críticos internados na UTI. O tamanho amostral variou de
8 a 90 sujeitos adultos, de ambos os sexos, internados na UTI com perspectiva de
internação prolongada.
Os artigos indicaram benefícios significativos no uso do cicloergômetro em
pacientes críticos, como melhora na força muscular periférica, capacidade respiratória e
na funcionalidade, conforme apresentado no quadro comparativo entre os estudos
analisados, expostos em ordem cronológica na Tabela 1.

Tabela 1 - Quadro comparativo entre os estudos analisados.


Tipo de estudo/Grupo
Autor/ Ano Objetivo Resultados
estudado
Avaliar efeitos do Prospectivo Redução do grau de
treinamento físico, randomizado dispnéia e fadiga muscular,
utilizando cicloergômetro controlado em melhora na força muscular
PORTA et al
em pacientes sob VM pacientes desmamados inspiratória e no teste
(2005)
prolongada da VM há 48-96h. GC incremental.
n=34 e GI n=32

Avaliar efeitos do Estudo randomizado O grau de dispnéia em


cicloergômetro para controlado de pacientes ambos os grupos (PSV e
VITACCA et MMSS em pacientes DPOC com peça T) foi similar. As
al (2006) traqueostomizados com e dificuldades no demais variáveis
sem PSV desmame da VM, n=8 obtiveram melhores
valores no grupo PSV
Investigar se o Estudo randomizado Aumento da força de
cicloergômetro é uma controlado com 90 quadríceps, melhora da
intervenção segura e eficaz pacientes com funcionalidade e do status
BURTIN et al
na prevenção da expectativa de estadia funcional autopercebido no
(2009)
diminuição da capacidade na UTI por 7 dias ou GI.
funcional, status funcional, mais.
e força do quadríceps GC n=45 e GI n=45
Avaliar os efeitos de um Ensaio clínico, Ganho significativo de
protocolo de mobilização controlado e força muscular inspiratória
precoce na musculatura randomizado de e periférica, melhora da
DANTAS et
periférica e respiratória de pacientes em VM. capacidade funcional,
al (2012)
pacientes críticos. GC n=14; GI n=14 redução não significativa
no tempo de estadia na
UTI.
6

Analisar as alterações Série de casos com Após intervenção,


cardiorrespiratórias pacientes observou-se pequeno
durante o exercício ativo hemodinamicamente aumento da FC, FR
com cicloergômetro e estáveis internados na (respostas normais ao
PIRES-NETO
verificar a aceitação dos UTI, n=38 exercício) e escala de
et al (2013)
pacientes nesse tipo de dispnéia Borg. Além de
atividade alta satisfação dos
pacientes a esse tipo de
atividade.
Analisar alterações Série de casos de Não houve alterações
hemodinâmicas, pacientes com menos hemodinâmicas
respiratórias e metabólicas, de 72h em VM, significativas, mesmo em
PIRES-NETO além da segurança após profundamente pacientes com altas doses
et al (2013) intervenção precoce com sedados. n=19 de noradrenalina ou com
cicloergômetro nas baixo índice de oxigênio,
primeiras 72hs de VM sendo uma intervenção
viável e segura
Verificar variáveis Estudo experimental de Aumento significativo para
hemodinâmicas e pico de intervenção terapêutica os valores peack-flow,
fluxo expiratório (peack em pacientes idosos redução significativa da
ALMEIDA et
flow) de idosos, em pós- (n=30) divididos em 3 PAS no grupo A, aumento
al (2014)
operatório de CRM grupos de intervenção da FC e da FR no grupo B,
submetidos a 3 tipos de fisioterapêutica (A, B e redução significativa da
reablitação. C) PAD no grupo C
Avaliar a função pulmonar Ensaio clínico Redução na PeMáx e
e o estado de ansiedade randomizado em VEF1 no GC. Redução
dos indivíduos submetidos pacientes > 50 anos, significativa do VEF1 no
TREVISAN
a CRM após a fase I de n(19) submetidos à GI. Valores mais altos no
(2015)
reabilitação com o uso do CRM no HSL/PUCRS. GI da PiMáx e PeMáx .
cicloergômetro GC n= 10 e GI n=9. Niveis de ansiedade
semelhantes em ambos.
GC = grupo controle; GI = grupo intervenção; TC6 = teste de caminhada de seis minutos; MMSS = membros
superiores; MMII = membros inferiores; VM = ventilação mecânica; PSV = pressão de suporte ventilatório; FC =
freqüência cardíaca; FR = freqüência respiratória; CRM = Cirurgia de Revascularização do Miocárdio; PAS =
pressão arterial sistólica; PAD = pressão arterial diastólica; VEF1 = volume expiratório forçado no primeiro
segundo; PiMáx = pressão inspiratória máxima; PeMáx = pressão expiratória máxima.
7

DISCUSSÃO

No presente estudo de revisão, foram analisados oito estudos (ensaios clínicos


randomizados e séries de casos) relevantes quanto ao uso do cicloergômetro no
atendimento fisioterapêutico, em um programa de mobilização precoce, a pacientes em
estado crítico. Estes artigos investigaram os efeitos do cicloergômetro na estabilidade
hemodinâmica; na prevenção da redução da capacidade funcional; no incremento da
função cardiopulmonar de pacientes em VM; no ganho de força das musculaturas
periférica e respiratória; na diminuição do grau de dispnéia e fadiga muscular; na
reabilitação pós-operatória; na aceitabilidade ao exercício proposto; e na redução do
nível de ansiedade dos pacientes internados na UTI.
Porta et al18 avaliaram a capacidade cardiorrespiratória de 66 pacientes sob VM
prolongada, internados na UTI e os dividiram em grupo intervenção (GI) e grupo
controle (GC). O GI se submeteu a um treinamento utilizando o cicloergômetro para
membros superiores (MMSS) durante 15 dias, por 20 minutos (min), sendo acrescida
carga diariamente, até o limiar de exaustão do paciente conforme escala Borg
(mensuração subjetiva da dispnéia associada ao esforço), e pausa para repouso. O GI
obteve melhora significativa, com aumento da capacidade cardiorrespiratória, redução
da sensação de fadiga muscular e percepção de dispnéia. Concluindo-se que a força
muscular respiratória basal está associada a maior probabilidade de melhora na
capacidade de exercício.
Na pesquisa realizada por Vitacca et al19, oito pacientes traqueostomizados
divididos em dois grupos, com e sem pressão de suporte ventilatório (PSV), foram
avaliados quanto aos efeitos do cicloergômetro para MMSS. A escala de Borg foi
utilizada para quantificar a sensação de dispnéia e desconforto nos MMSS, que foi
similar em ambos os grupos. Demais variáveis como freqüência respiratória (FR),
saturação periférica de oxigênio (SpO2), volume corrente (VC), freqüência cardíaca
(FC), pressão positiva expiratória final (PEEP) intrínseca, obtiveram melhores valores
quando em PSV.
Burtin et al15 observaram 90 pacientes sob VM por mais de 7 dias, sendo 45 em
cada grupo (controle e intervenção). O GI realizou sessões diárias de exercícios com o
uso do cicloergômetro de membros inferiores (MMII), passivo ou ativo, em seis níveis
de resistência crescente, com duração de 20 min. Pacientes sedados realizavam a
8

atividade em uma freqüência fixa de 20 ciclos/min. Já os pacientes com maior nível de


consciência, tinham as sessões divididas e colaboravam com a atividade. Houve uma
melhora estatisticamente significativa no GI quando comparado ao GC no que diz
respeito ao aumento da recuperação da funcionalidade e da força muscular de
quadríceps com melhor percepção do status funcional. A deambulação independente foi
maior no grupo de tratamento (meta relevante para que o paciente retorne para casa).
O estudo de Dantas et al16, realizado durante dois anos, analisou 28 pacientes de
ambos em gêneros, sob VM na UTI, igualmente divididos em dois grupos, sendo que o
grupo mobilização precoce (GMP), realizou um protocolo com dois atendimentos ao
dia, todos os dias da semana, dividida em cinco estágios, sendo o 1 o estado
inconsciente e 5 o estado consciente com grau máximo de mobilidade. O
cicloergômetro para MMII foi aplicado no estágio 3 (consciente), com séries de 3, 5 e
10min, com descanso de 2 min entre elas e sem carga adicional (escala de Borg entre 12
e 13). O aparelho foi utilizado também nos estágios 4 e 5.
Foram avaliadas a força muscular periférica pelo MRC (do inglês, Medical
Research Council) e a força muscular respiratória pela pressão máxima inspiratória
(PiMáx) e pressão expiratória máxima (PeMáx), mensuradas no manovacuômetro de
válvula unidirecional. Verificou-se que o GMP apresentou aumento significativo da
PiMáx e MRC em relação ao grupo fisioterapia convencional (GFC).
O ganho de força muscular periférica também foi encontrado no estudo de
Burtin et al15, que relatou aumento da força de quadríceps após a intervenção com
bicicleta ergométrica. Além da melhora da capacidade funcional, pois cerca de 50% dos
pacientes GMP alcançaram o nível funcional 5 na alta da UTI. Em relação ao aumento
da PiMáx no GMP, pode estar associado ao treinamento dos MMSS, pois há ativação de
alguns músculos inspiratórios acessórios que também tem inserção na caixa torácica.
Em relação a tempo total de VM, internamento na UTI e hospitalar; não foram
observadas diferenças significativas, apesar de que os pacientes do GMP permaneceram
um tempo mais curto na UTI do que o GFC. Conclui-se que essa intervenção é viável e
segura, proporciona redução dos efeitos deletérios da imobilidade, e consequentemente
menor perda de fibras musculares.
A série de casos apresentada por Pires-Neto et al20, em um estudo de três meses,
buscou analisar as alterações cardiorrespiratórias (FC, PA, FR, SpO 2 e escala de
dispnéia de Borg) de 38 pacientes durante o exercício ativo para MMII com um
cicloergômetro e verificar a aceitação para a atividade proposta. Foi realizada uma única
9

intervenção no aparelho durante todo o tempo de internação, sem carga e sem ritmo
fixo, durante 5 min. Ao final do estudo, 85% dos pacientes relataram gostar de ter
realizado esse tipo de atividade e 100% gostariam de repetir esse exercício, observou-se
pequeno aumento da FC, FR e Borg. Sendo que o aumento da FC e FR está de acordo
com a literatura vigente e é uma resposta normal ao exercício físico. Os autores sugerem
que os fisioterapeutas devem acrescentar o uso do cicloergômetro como adjuvante
terapêutico na UTI.
Em outro estudo, Pires-Neto et al21, analisaram as alterações hemodinâmicas,
respiratórias e metabólicas, após uma intervenção precoce de exercícios com
cicloergômetro realizada de forma passiva durante 20 min nas primeiras 72 horas de
VM em 19 pacientes hemodinamicamente estáveis e profundamente sedados. Houve
diferença significativa da FC e pressão venosa central após a intervenção, porém sem
relevância clínica. O exercício não alterou significativamente a situação hemodinâmica,
respiratória e metabólica dos pacientes, mesmo naqueles que receberam altas doses de
noradrenalina ou com baixo índice de oxigênio, mostrando-se ser uma intervenção
viável e segura, podendo ser realizado em pacientes sob VM na UTI.
Almeida et al22 verificaram o comportamento das variáveis hemodinâmicas (FC,
FR, pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), SpO2) e do pico de fluxo
expiratório (peack flow) em 30 pacientes idosos, no pós-operatório de cirurgia de
revascularização do miocárdio, submetidos a três tipos de intervenção fisioterapêutica,
divididos em grupo A: exercício com cicloergômetro para MMII, com intensidade de 30
repetições por minuto (rpm), em cinco séries de 3 min, com intervalo de 1min; grupo B,
mobilização fisioterapêutica sem cicloergômetro, com exercícios ativos para membros
ao longo do leito, em duas séries de 10 repetições em cada exercício e intervalo de 1
min e treino de sedestação a beira do leito; e grupo C (controle), sem qualquer atividade
motora, mas com ventilação não invasiva (VNI), durante 30 min em 3 séries de 10 min,
com intervalo de 2 min.
Ao final da intervenção, observou-se aumento significativo para os valores de
peack flow em todos os grupos, redução significativa da PAS no grupo A, aumento da
FC e da FR no grupo B. Na análise intergrupos, observou-se redução da PAD na fase
pós-teste no grupo C. Em relação a redução da PAS no grupo A, os autores sugerem que
esteja associado ao fenômeno da hipotensão pós-exercício, em decorrência da redução
vascular periférica, redução na resposta vasoconstritora alfa-adrenérgica e liberação de
fatores humorais. Contudo, as variáveis hemodinâmicas se comportaram dentro do
10

esperado, mostrando que o exercício físico é considerado seguro em pacientes idosos


revascularizados na UTI.
Trevisan23 realizou um ensaio clínico randomizado, cegado para o avaliador,
com 19 pacientes a partir de 50 anos de idade, submetidos à CRM no Hospital São
Lucas da PUCRS, randomicamente divididos em dois grupos de reabilitação fase I: GC
(n=9) e GI (n=10). Os pacientes alocados no grupo GI realizaram o mesmo protocolo de
fisioterapia respiratória que o GC, entretanto, a fisioterapia motora foi substituída pelo
uso do cicloergômetro. No 3º dia após a cirurgia iniciava o protocolo em ambos os
grupos, duas vezes ao dia. Após 3 dias de treinamento (dia da alta hospitalar) ocorreria a
segunda avaliação. Os pacientes foram avaliados no período pré-operatório e após a
reabilitação fase I, os seguintes parâmetros respiratórios: peack flow, VEF1, Pimáx e
Pemáx. Ainda, foi avaliado o estado de ansiedade.
Nas comparações intra-grupo, observou-se redução significativa na Pemáx e
VEF1 no GC. Também foi observada uma redução significativa do VEF1 no GI. Nas
comparações intergrupos, sem o ajuste, os valores médios da Pimáx e Pemáx e o
inventário de ansiedade traço-estado parte 1, após a intervenção foram
significativamente mais altos no GI. Concluindo-se que o cicloergômetro configura uma
opção segura de exercício para a reabilitação cardíaca fase I.
Após a comparação dos estudos citados, é possível afirmar que a realização de
atividade física para membros no cicloergômetro, principalmente de forma precoce,
melhora a capacidade funcional, força muscular periférica e respiratória, previne efeitos
deletérios do imobilismo, minimiza o descondicionamento físico, não repercute
negativamente sobre o sistema hemodinâmico e ainda é uma opção segura para a
reabilitação cardíaca na fase hospitalar.

CONCLUSÃO

Por meio desta revisão literária, foi possível concluir que o uso do
cicloergômetro no atendimento fisioterapêutico, consiste em uma terapia segura e viável
em pacientes críticos, podendo minimizar os efeitos deletérios da imobilização
prolongada; melhora da capacidade funcional, força muscular periférica e respiratória,
além de contribuir para o retorno as atividades de vida diária no período pós-hospitalar.
Sugiro que mais estudos e pesquisas sejam realizados acerca desse tema.
11

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