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Por:
PER FROSTIN.
HELMUT GOLLWITZER.
VOLME 2.
1985.
SETOR DE PUBLICAÇÕES.
FACULDADE DE TEOLOGIA.
SÃO LEOPOLDO.
ÍNDICE
O presente artigo, pois merece ser lido e estudado. Ele poderá trazer bons
esclarecimentos para quem procura viver a sua fé na realidade concreta que o
cerca.
Richard Wangen.
CAPÍTULO I: A CRÍTICA DA RELIGIÃO EM MARX E BONHOEFFER.
PER FROSTIN.
Esta noção estabelecida passou a ser posta em dúvida sob dois ângulos:
A primeira parte do ensaio (I – III) analisará até que ponto Bonhoeffer chega a
confirmar a critica marxista da religião. Inicialmente daremos uma descrição da
critica a religião de Marx (I) e em Bonhoeffer (II), para então compará-las entre
si (III). Em seguida se levantará a pergunta ate que ponto Bonhoeffer consegue
enquadrar sua critica a religião em sua concepção teológica global (IV). Esta
analise é de natureza teológica e sistemática no sentido de ela pretender
analisar a relação entre a fé em Deus e a critica a religião na teologia de
Bonhoeffer a partir da hipótese de que essa relação constitui uma área
sistemática enquadrada na doutrina da justificação.
“Tou ce que je sai, c’est je ne suis pas marxiste” (Tudo o que eu sei é que
não sou marxista). E é o que Marx teria dito ao ouvir falar da aplicação
mecânica de sua teoria entre os marxistas franceses. Estas palavras vêm
salientar importante princípio metodológico: assim como não poderá determinar
a teoria de Marx exclusivamente pelos olhos de seus interpretes. Este princípio
é natural, porem nem tão obvio. Faz apenas pouco tempo que se começou
com um estudo independente e critico da obra de Karl Marx.
Primeiro foi preciso eliminar por etapas os retoques efetuados por gerações
anteriores. Inicialmente este processo foi despertado pela redescoberta dos
escritos de Marx jovem bem como pelas experiências por que passou o projeto
socialista na Europa Oriental, que colocou a descoberto as falhas da
interpretação marxista leninista estabelecida. As obras da juventude, por sua
vez, lançaram nova luz sobre a obra de Marx amadurecido.
Com isto, a citação, ao que tudo indica, se transforma também num autocrítica.
Está certo que já no ano de 1884, Marx chegava a dizer: “o ser humano, isto
não nenhum ente abstrato postado fora do mundo. O ser humano, isto é no
mundo dos homens”. Mesmo assim não se pode afirmar que a critica da
religião nos escritos de 1843- 1845 em parte das “respectivas condições reais
da vida” por que nesta época de Marx ainda fala de forma bastante abstrata e
indiferenciada sobre a “religião e sobre o homem”.
Como seria então uma critica “materialista e, portanto cientifica a religião”? Ela
evidentemente não seguiria o modelo marxista leninista corrente. Quando
Lenin recomenda a difusão em massa de literatura ateísta do século XVIII por
ser ela de maior efeito politico ou quando ele cita o livro “O Enigma do Mundo”
do filosofo popular Antissocialista Ernest Haeckel como arma de “luta de
classes”, ele tomou num caminho evidentemente diferente do de Marx.
Claro, porem está que em Marx compreende seu método como modelo
paralelo a metódica científico natural, isto é, que ele ressalta tanto a sua
semelhança com este método como também sua independência do mesmo.
Como se pode depreender da citação acima, o método de Marx
necessariamente se distância do meto cientifico natural, porque a metódica
cientifico natural carece de instrumentos para descrever processos históricos,
os quais são imprescindíveis para a compreensão da realidade social.
Este método crítico a ideologia tem seu ponto de partida num modelo de
realidade que Marx chama de linha mestra dos meus estudos (Leitfaden meiner
Studien). As sentenças deste mesmo modelo não são, portanto os dogmas de
uma ideologia (Weltanschauung). Característico deste modelo é que a
sociedade é concebida como uma totalidade, cujos planos diversos estão em
interação. As produções humanas de concepções e as produções de artigos
materiais estão interligadas. Um plano, porem, é determinante: o plano da
produção. Mas o que significa essa determinancia em ultima instancia (Engels)
ele teria incorrido em grosseiro erro de logica.
2. Uma vez que a ideologia possui a mesma forma que a práxis do ser
humano, ela não deixa de ter certo grau de verdade. Enquanto, porem a práxis
do ser humano estiver cindida e confusa, assim também será a ideologia. A
ideologia não oferece a pessoa humana, portanto as mesmas possibilidades de
modificar a realidade e escolher o futuro, como a ciência.
3. Uma vez que a práxis do ser humano não é nada individual, mas algo
comum a um grupo de pessoas, a ideologia pode tornar-se comum a esse
grupo, isto é, ela pode transformar-se em poder social. Com facilidade maior
que a ciência ela pode tornar-se expressão dos interesses dessas pessoas,
pode tornar-se uma racionalização para usar um termo da psicologia.
Uma historia marxista da religião não seria critica, portanto, no sentido de julgar
a religião a partir de uma cosmovisão materialista, no sentido de Haeckel,
porque semelhante analise necessariamente se torna abstrata e ideológica e,
portanto, a crítica no sentido de Marx. Seu objetivo seria, pelo contrario,
partindo de uma analise das perspectivas condições de vida reais, apontar a
correspondência entre estas e as formas religiosas, isto é, explicar a religião a
partir da produção.
Quando a morte de um correligionário seu, que era cristão, foi muito natural
para Marx participar do sepultamento cristão, por solidariedade com os
enlutados. O movimento social cristão ela abominava; provavelmente ele o
considerava uma nova tentativa capitalista de pegar os operários. Ele nunca
chegou a se desligar da igreja, sendo que no ano de 1861 ele ainda declarou
pertencer a Igreja Evangélica. Ele, entretanto, gostava de flagelar superstição
religiosa – e ateísta.
Ele de bom grado se referia a Biblia, mas também chegou a dizer: o Oriente
sempre nos manda belos embrulhos: a religião, a etiqueta e a peste em todas
as suas formas. Em resumo podemos dizer que ele aparentemente não
encarava a religião como uma grandeza uniforme, mas a julgava a partir de
condições especificas e reais de vida.
Na imagem metafisica que a religião tem de Deus, Deus passa a ser apenas
“um prolongamento do mundo”. A imagem de Deus é formada como resposta
aos desejos dos homens. Na formulação de Bethge: “A religião de cunho
metafisico (Forneceu) ao mundo uma espécie de transcendência pela qual este
ansiava. Deus se tornou necessário como superestrutura da existência
(Vasein), sendo que o anseio religioso encontrava seu alvo numa casa
celestial”.
A religião é, portanto, algo que a pessoa cria como meio de fuga. A ênfase
dada a onipotência de Deus – deus ex machina – corresponde ao sentimento
humano de impotência. Deus passa a “preencher uma lacuna” (lucrennbusser).
“Faz parte de a honestidade intelectual abandonar essa hipótese de trabalho”
(sic Deus).
As cartas da prisão esboçam uma perspectiva histórica da qual faz parte não
só o desaparecimento da religião, mas também entre essas duas tendências, é
formulada a critica de Bonhoeffer a religião, critica essa em que ele rejeita
terminantemente toda a qualquer tentativa religiosa de impedir a emancipação
do mundo e assim salvar a religião. Emancipado, nas cartas da prisão
caracteriza tanto a pessoa individual como também toda a época, o mundo que
alcançou a emancipação. Em nenhum dos casos se trata de maturidade
individual, mas de uma categoria de emancipação social de grande significação
para a época (Feil).
Tanto o contexto da expressão como também a formulação alcançou
(gewordene) salientam que não se trata neste caso de um atributo atemporal
do ser humano ou do mundo, mas de um movimento historico (geschichtliche)
em direção a autonomia designa a demanda. A emancipação ou a autonomia
designa “a descoberta das leis segundo as quais o mundo vive em ciência,
sociedade, politica, arte ética, religião e se acerta consigo mesmo”.
É sinal de coerência que em Bonhoeffer que ele não entende este apoio
afirmativo como algo sem problemas, mas o fundamenta na theologia crucis,
da qual trataremos em IV em maiores detalhes.
Embora a diferença em principio entre a hipótese de trabalho de Deus e o deus
da fé seja central para ele, ao que tudo indica ele é da opinião de que esta
diferença é difícil de ser vista na situação concreta da tribulação. Ao menos
esta é a interpretação que se pode dar ao texto seguinte.
O Deus sem o qual vivemos com e perante Deus será ele o Deus da fé ou a
hipótese do trabalho de Deus? Em favor da primeira interpretação está no fato
de Bonhoeffer escrever sem Deus sem aspas ao redor da palavra Deus, e
ainda a lembrança da cruz. Em favor da segunda interpretação está o paralelo
com a sentença que precede a sublinhada. A ambiguidade poderia ser
intencional.
É com razão que o marxista francês Roger Garaudy chama a atenção para o
fato de que o termo ateísmo descreve erroneamente a posição do marxismo
frente a religião caso se entende-lo como negação. A tese fundamental do
marxismo humano existe, isto é, toda a pergunta levantada pela pessoa
humana, ela terá que fazê-la a respeito do ser humano.
O ateísmo metódico, aceito por Bonhoeffer e Marx, é um principio cientifico de
trabalho, que indica qual tipo de explicação é legitimo sob o ponto de vista
cientifico. O método é ateísta no sentido de não aceitar a utilização que o
teísmo faz de Deus como explicação do mundo. As únicas explicações
cientificamente legítimas são aquelas que podem ser verificadas
intersubjetivamente, isto é, as quais partem de dados cognitivos imanentes. O
ateísmo metódico é, portanto, expressão de uma responsabilidade objetiva, e
não de uma fé titânica no ser humano.
No ateísmo do jovem Marx ainda encontramos um traço de divinização do
homem que se evidencia nos ousados dizeres da Dissertação: “Prometeu é o
mais eminente santo e mártir no calendário filosófico”. Essa divinização do ser
humano, porem é paulatinamente atenuada quando a pesquisa sociológica do
Marx amadurecido. Ale se apresenta, porém, uma nítida diferença entre
Bonhoeffer e, sobretudo o jovem Marx.
Em que sentido se poderá dizer que o crente entende o mundo melhor através
do canto de louvor do que este se entende a si mesmo a partir do Evangelho?
As reflexões de Christoph Hinz sobre o sentido político do cântico de louvor
poderiam ser uma ajuda para encontrar a resposta. Hinz não nega o valor de
uma critica cristã a sociedade, aponta, ao mesmo tempo, para o perigo de que
a critica se reduza ao protesto inflexível e nervoso. Esta atitude negativa carece
de serviço e de canto de louvor.
“O louvor mantem livre a visão justa e
discernidora, como fruto adicional inesperado.
Mesmo no ambiente não cristão pode-se ver
aqui e ali, e não raramente algo de bom e
digno de reconhecimento, que será incluso ao
louvor de Deus. Assim – outro fruto adicional
da vida em louvor – a atitude rígida de
protesto se solta da amargura que teme trair-
se ao admitir coisas boas no presente”.
Aquilo que foi dito aqui sobre o sentido politico de canto de louvor não deva ser
dito, portanto, no plano do usus politicus, mas somente como canto de louvor.
O crente não pode usar essa ideia para motivar-se a si mesmo para o canto de
louvor. Ele também não o pode usar como argumento para procurar a politica.
Em ambos os casos o canto de louvor acabaria aproveitado para uma meta
humana, isto é, religiosa. Por outro lado, o canto de louvor também precisa ser
um louvor sobre seu sentido politico. Caso contrário, igreja e mundo serão
apartados violentamente e a fé será vitima de um positivismo de revelação. O
importante aqui é distinguir corretamente entre lei e evangelho.
As ideias da significação politica do canto de louvor corresponde com bastante
exatidão a noção de oração apresentada em “A Vida em Comunhão” e no
“Livro da Oração”. Em ambas as obras são evidentes que o foco da oração é
Deus, e somente Deus. Ao mesmo tempo há em ambos os livros trechos sobre
aquilo que se poderia chamar de significação profano de oração.
Ao novo titulo de Cristo nas Cartas da Prisão – a pessoa para os outros – pode
ser acrescentado o titulo correspondente na Ética: o realmente atuante (Der
Wirkliche) e que como único, não está entregue a nenhuma ideologia. Nele é
anulado o caráter tragicamente físico de religião, sua heteronomia.
Bonhoeffer consegue confirmar uma critica total por uma evolução inexorável,
mas como expressão de uma critica total a ideologia, e isto não como mal
necessário, imposto por uma evolução inexorável, mas como expressão de
uma tarefa cristão central, como luta contra a justiça por obras. Da mesma
forma como a luta contra a justiça por obras não pode excluir suas variantes
religiosas, também a critica a ideologia não pode parar frente aos portões da
Igreja. Sua tarefa é, entre ou atrás das coisas, por ao descoberto o abuso
religioso do evangelho. A disciplina arcana tem, portanto, duas
fundamentações:
HELMUT GOLWITZER.
I.
O evangelho tem como meta a vinda do Reino de Deus para este mundo. Ele
visa a transformação deste mundo. E a cada qual de nós ele quer usar como
colaborador nesta transformação do nosso mundo.
Por que lembrou todos os fatos? Eles expressam algo decisivo para as nossas
reflexões posteriores? Para o Novo Testamento o reino de Deus não se opõe
ao nosso aqui e agora como uma grandeza transcendente e futura, externa e
estranha, como mero objeto de esperança, como o ultimo que se segue ao
penúltimo, mas o presente e o futuro do reino de Deus se entrelaçam, caindo,
portanto também já sobre o agora a sombra das coisas últimas, o eschaton já
agora intervém transformadoramente no nosso mundo. Este nosso mundo já
não está sozinho consigo mesmo; ele já não tem a sua salvação apenas em si
própria.
Fides solla iustificat, sed nunqum est sola (Lutero), como a coisa ativa da fé
e amor entre a transformação no sentido vertical e no horizontal, era-lhes,
contudo, inevitável, se quisessem permanecer teólogos bíblicos, falar de
ambas, da fé e das obras, da justificação e da santificação, e isto de uma forma
equilibrada, ou seja: eles eram forçados a falar sobre estes elementos não em
termos de fundamental e acessório, mas em termos de elementos constituindo
o centro e a periferia de um mesmo circulo.
E Ernest Bloch afirmou certa vez de uma forma um tanto exagerado, mas
precisa e impressionante: o amor de Deus não vale propriamente para mim,
mas para o homem ao meu lado de mim; apenas junto a ele posso encontrar o
amor destinado também a mim, e para ele está destinado o amor concedido a
mim. O fato de o Homem ao meu lado, poder cantar hinos de gratidão parece
ao nosso Senhor importante do que os meus próprios hinos de gratidão (Mt
5,16: assim brilhe também as vossas boas obras e glorifiquem o vosso pai que
está nos céus; Mt 18,23s. a parábola do credor incompassivo e em Mt o grande
Julgamento).
Eu gostaria de ratificar, portanto, as duvidas que o meu amigo Jan Milic
Lochman expresse recentemente nos Evangelische Kommentare, oitavo ano,
1975, p 253ss, confira também J Moltmann Kirche in der Kraft des Geistes,
1975, p 46s e 51; quanto a seguinte tese de Gerhard Ebeling: a justificação
pela fé é o único objetivo do evangelho. Naturalmente desde muito tempo a
boa teologia luterana vem falando assim dos articulus stantis et cadentes
ecclesiae fazendo jus a importância fundamental do artigo da justificação. Mas
o fundamento não constitui o todo nem a meta.
Com esta tese retiro uma objeção que mantive por longo tempo contra Lutero e
que estava relacionada com a sua definição de Reino de Deus no catecismo
menor. (Ali Lutero responde na segunda parte de sua explicação da segunda
petição do Pai Nosso, a pergunta Como isto acontece? As seguintes formas:
Quando o pai Celeste nos concede o espirito Santo, para que por sua graças
creiamos em sua Palavra Sagrada e vivamos divinamente, aqui por algum
tempo e la Eternamente).
Mas também é possível ler as palavras de Lutero sem tais restrições. Então
elas apontam para elementos importantes:
Uma Metanóia individual que não tende igualmente a abolir esta cumplicidade
e é uma meia conversão, refreada exatamente ali onde a conversão exige
maior sacrifício e onde ela é mais necessária ao próximo.
A nova vida (Gal 3,28; e Col 3,11) quer tirar as diferenças étnicas o seu caráter
antagônico e substitui-lo pela alegria com a peculiaridade do outro, ela quer
fazer com que a relação classista desapareça. Para tanto ela revela o mal
suscitado por estes dois tipos de relacionamento, e isto principalmente nos dias
de hoje. Pois (a incapacidade: a). De criar organizações internacionais mais
eficientes; e b). De desistir do sistema capitalista de exploração são as causas
para o fim iminente da vida humana no saqueado Planeta Terra. A acima
mencionada palavra de Paulo vinculam estreitamente a missão da comunidade
cristã e a atual situação apocalíptica do mundo.
Elas apontam para as filiações sociais em que vivemos e através das quais nos
tornamos determinadas pessoas históricas. Elas colocam a filiação com cristo –
ou seja, com o Reino de Deus, já inaugurado – em conexão com a nossa
filiação social e esta conexão é tal que modifica a sociedade. Mas as citadas
filiações diferem entre si:
Esta transformação pode ser descrita, e esta descrição vale para as três
filiações, como igualdade de direitos de família de Jesus Cristo. Judeus não
mais possuem privilégios diante de não judeus, a parede de separação foi
derrubada (Ef 2,14). A superioridade dos Gregos sobre os bárbaros não lhes
oferece direito mais amplo, um valor humano maior; a terrível barreira cultural
deixou de existir; o privilegio da educação persiste unicamente e como
instrumento de serviço.
Exponho todas estas coisas de uma forma tão ampla para tornar clara a
extraordinária transformação social que ocorre no mundo com a inauguração
do Reino de Deus em Jesus Cristo. De modo algum a sociedade permanece
intocada, e suas inimizades étnicas e culturais e suas formas de opressão não
devem continuar até o final dos tempos. Pelo contrario, ela é atacada por Jesus
Cristo, compreendendo-se Cristo não mais como uma pessoa individual, mas
sempre conjuntamente com a comunidade que nele é Um, uma grandeza
coesa e a sociedade sem classes oposta e inserida na sociedade sem classe
oposta e inserida na sociedade classista, pois ela não apenas rompeu com o
comportamento e atitudes tradicionais, mas ela ataca com sua existência
peculiar e com sua confissão de Cristo o comportamento agora vigente como
sendo contrario a vontade de Deus, colocando em seu lugar, como desejada
por Deus, a sociedade fraterna dos que possuem direitos iguais.
Tudo isto porem, não acontece automaticamente, mas deve ser elaborada e
trabalhada pela comunidade. Nela ocorre o choque das reivindicações das
antigas filiações, das velhas fidelidades com a reivindicação da família de
Jesus Cristo. Em continuas discussões a comunidade e seus membros devem
decidir-se pela vida nova e em conformidade com o Reino de Deus e contra a
vida velha. Rom 12,1-2 mostra como o homem aqui é reivindicado em toda a
sua atividade e como a transformação do seu comportamento deve se estender
a toda a vida.
Mais isso, como eu já frisei, deve ser elaborado. Em Rom 12,1-2 apresenta a
misericórdia de Deus como o lema para o trabalho necessário devido aos
choques. Eu menciono os pontos principais:
Reino de Deus não nos liberta aqui temporariamente das lutas de classes, mas
nos confere nela lugar, objetivo e método.
De uma forma ou de outra mais geral podemos dizer: O Reino de Deus indica
no meio delas as nossas tarefas como cristãos. Pois, se bem, que mandados
como cordeiros no meio de lobos, os discípulos de Jesus, como seres sociais,
estão inseridos, de uma forma ou de outra, nas lutas terrenas. Seria ilusório
pensar que eles se podem colocar acima deles, que possam permanecer
imparciais e que não participam da vitória ou da derrota de um ou de outro
grupo. Na ética de guerra esta inevitabilidade se tornou bem patente para os
cristãos; mas isto é apenas um exemplo para o entrelaçamento em lutas e
parcialidades as mais diversas possíveis.
É um claro sintoma da conexão classista das Igrejas que elas tenham uma
elaborada (e em todas as igrejas confessionais praticamente idênticas) ética de
guerra, mas não tenham uma tradição doutrinaria semelhante em questões da
luta de classes e uma tradição doutrinaria apenas negativa quanto ao que
concerne a revolução. Com a expansão da Igreja entregue ao seu pacifismo
anterior. Tornadas cristãs, elas precisam para si e para os seus governados
uma justificação para a guerra como um elemento essencial da existência a
atividade estatal.
De uma forma cada vez mais acentuada – assim o expressei porque o tipo de
relações de classes cada vez mais enquanto que a anterior, pré-capitalista,
diminui cada vez mais. A causa desta relação antagônica está na oposição da
posse dos meios de produção e na posse, algo que constitui uma clara relação
de poder na medida em que o não proprietário depende para sobreviver, ainda
mais do proprietário e de sua politica salarial do que antigamente o agricultor
ou dos artesãos pobres, com seus poucos meios de produção e do agricultor
ou do artesão rico. Contrariando, a impressão superficial segundo a qual a
sociedade burguesa funciona como elemento nivelador, está agudo desde a
sociedade escravagista.
Qual destes dois pontos de vista se aplica a nossa sociedade? Esta é uma
pergunta que não deve ser respondida pela Teologia, mas pela analise
sociológica. Também anseios cristãos - porque seria bonito, assim deveria ser,
porque a luta de classes é uma coisa feia, ela não deve existir – não devem ter
a ultima palavra são, e só para que tenhamos oportunidades para atitudes para
atitudes revolucionarias. A função da Teologia não é nos dizer como é a
realidade social, mas a função é apontar para as tarefas que temos no contexto
desta realidade.
Neste esboço tão sucinto eu me restrinjo, por isso, a seguinte afirmação: tanto
o abismo entre países ricos e pobres (pois em uma época de comercio mundial
e de interesses internacionais não podemos julgar a nossa sociedade apenas
pelas condições nacionais) – assim como as atais crises (desemprego,
concentração de capital) e os métodos com que se lida com estas crises
(oneração das grandes massas através da economia estatal, impostos,
inflação, redução salarial e ausência de reformas, mas com ofertas de
incentivos para os empresários) mostram claramente da sociedade capitalista.
Mas isto também significa: ela mostra nua e crua nesta sociedade a relação
entre as duas classes é determinada pelas lutas de classes.
d) – uma classe dominante não tem outro objetivo além da manutenção de seu
poder, os restos são, no máximo, ilusões, sonhos e ideais. Dentro do limite de
seu poder ela pode proporcionar amenizações na medida em que a segurança
do sistema as permitir. Uma classe oprimida pode esclarecer para si na luta de
classes três metas diferentes:
2)- a substituição de uma sociedade de classes por uma sociedade sem classe
(revolução);
a)- uma sociedade sem classes não é o paraíso e não pressupõe pessoas sem
pecados; ela é uma ordem terrena para homens pecadores que preenche
melhor do que a sociedade capitalista aquilo que Barmen V (no primeiro
esboço de Karl Barth) considera como tarefa de uma ordem social: preocupar-
se com a justiça, a paz e a liberdade de um mundo ainda não redimido;
b)- em seu tempo Marx considerava tal sociedade como possível e necessária.
Esta convicção se revela hoje, cem anos depois, não uma fantasia, mas uma
necessidade ainda mais humana, então será mais tarde, e é a superstição crer
que o mesmo mal que destruiu o planeta, possa também salva-lo.
O que deve fazer a comunidade cristã, determinada pelo Reino de Deus, frente
a questão classista e ao capitalismo, se ela também aqui deve, segundo
Barmen II, testemunhar ativamente o seu senhor?
1. Julgamento e Análise.
Aqueles que postulam tais alternativas não tem nada a provar, apenas os que
consideram as mesmas desaconselháveis e inviáveis. Contra a vontade destes
e levantando em conta os limites do possível – mas sempre tentando amplia-
los – os cristãos se colocarão ao lado das sugestões mais moderadas,
temendo sempre serem menos radicais do que o requerido.
Da auto-crítica cristã, que pode ser estimulada pelo marxismo, também faz
parte o reconhecimento de que a nossa avaliação dos problemas sociais e das
sugestões solucionadoras está relacionada com o fato de nós não vivermos lá
embaixo e abaixo de nós sempre se encontrarem muitos degraus da pirâmide
social (Leo Tolstoi afirmou que quem quiser julgar uma nação, deverá fazê-lo a
partir de suas prisões).
4. Não Participação.
Sobre esta dica não mais direi muita coisa; ela merece em si uma exposição a
parte e mais ampla: como é possível a não participação em meio a um sistema
de produção que como capitalista a tudo pervadem e a tudo domina? Como é
possível não participar de suas formas de pensar, de relacionamento, de seus
interesses e de suas reações (não considerando as coações externas que nos
forçam a participação)? Esta pergunta nos torna clara a velha pergunta
formulada pela teologia Luterana a I Jo 3,6: todo aquele que vive em pecado
não viu, nem conheceu.