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Aniura Milanés
Sl 4033 - DMat - UFMG
aniura@mat.ufmg.br
2017/II
Sumário
1 Introdução 1
1.1 Primeiros conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.1 Que são equações diferenciais parciais? . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.2 Um modelo de transporte simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.1.4 Laboratório I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2 Sobre as soluções de algumas EDPs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.1 Resolução por técnicas “elementares“ . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.2 EDPs lineares de primeira ordem com coeficientes constantes . . . . 14
1.2.3 Soluções com estrutura predefinida . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.4 Problemas de contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.2.5 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.2.6 Estudo dirigido I: Solução de EDPs de primeira ordem e coeficientes
constantes: o caso geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3 A equação do calor 39
3.1 Um modelo de propagação do calor em uma barra . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1.1 Dedução da equação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1.2 Condições de contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.1.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.2 Solução de alguns problemas de contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.2.1 Temperatura zero nos extremos da barra . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.2.2 Barra com extremos termicamente isolados . . . . . . . . . . . . . . 47
3.2.3 Condução do calor numa barra circular . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.2.4 Condições de fronteira não homogêneas . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.2.5 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
i
ii SUMÁRIO
4 Séries de Fourier 65
4.1 Definição e exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.1.1 Definição da série de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.1.2 Polinômios trigonométricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
4.1.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.2 Convergência das séries de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
4.2.1 Funções contı́nuas por partes e suaves por partes . . . . . . . . . . 78
4.2.2 Um critério de convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.2.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
4.3 Propriedades das séries de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
4.3.1 Operações com as séries de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
4.3.2 Funções pares e ı́mpares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
4.3.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
4.4 Mais sobre a convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
4.4.1 Decaimento dos coeficientes de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . 88
4.4.2 Convergência uniforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
4.4.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
4.5 Séries de Fourier nos problemas de propagação de calor na barra . . . . . . 95
4.5.1 Séries de Fourier em senos e em cossenos . . . . . . . . . . . . . . . 95
4.5.2 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Introdução
d2 Θ g
+ sin Θ = 0. (1.1)
dt2 L
Na chamada equação do pêndulo, g e L são constantes que representam a aceleração da
gravidade e o comprimento do pêndulo respectivamente. t é a variável independente
nesta siuação e Θ = Θ(t) é a função incógnita ou variável dependente. Esta é
uma EDO porque somente há uma variável independente t, que representa o tempo neste
caso. Além disto, é de segunda ordem porque a derivada de maior ordem que aparece na
equação é a derivada de ordem dois.
Uma equação diferencial parcial (EDP) relaciona derivadas parciais de uma função de
duas ou mais variáveis independentes. A ordem de uma EDP é a ordem da maior derivada
parcial que nela aparece. Por exemplo, a equação do transporte,
∂u ∂u
+c = 0, (1.2)
∂t ∂x
é uma EDP de primeira ordem. A função u é a função incógnita e ela depende das variáveis
x, que representa uma coordenada espacial e t, que representa o tempo. Denotaremos
isto da forma u = u(x, t). Aqui c é um parâmetro constante.
A equação de Laplace
∂ 2u ∂ 2u
+ =0 (1.3)
∂x2 ∂y 2
é uma EDP de segunda ordem com função incógnita u = u(x, y). As variáveis x e y
representam coordenadas espaciais.
Para simplificar, alguns textos utilizam a notação de subı́ndices para as derivadas
parciais, de forma que esta equação também poderia ser escrita como uxx + uyy = 0
e a equação do transporte seria ut + cux = 0.
Uma função é solução de uma EDP se ao substituir a expressão da função e todas suas
derivadas parciais que aparecem na equação, obtemos uma igualdade.
1
2 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
∂ 2u ∂ 2u
Portanto, + = 2 − 2 = 0 e de fato, u é solução desta equação.
∂x2 ∂y 2
Exercı́cio 1.1.1. Verifique que v(x, y) = x também é solução da equação de Laplace
bidimensional (1.3). Como ela poderia ser combinada com a solução do exemplo para
formar outras soluções?
∂h ∂h ∂ 3h
+ 6h = (1.5)
∂t ∂x ∂x3
é um modelo para a amplitude de onda h = h(x, t) na superfı́cie de um fluido que se move
ao longo de um canal. Esta é uma equação de terceira ordem.
As soluções das EDPs precisam ter algum tipo de regularidade pois elas são funções
que serão substituı́das na equação e por isso precisam possuir tantas derivadas quanto a
ordem da equação exija. Além disto, gostariamos de ter igualdades nas derivadas mistas,
por exemplo
∂ 2u ∂ 2u
= .
∂y∂x ∂x∂y
Para que esta igualdade valha, precisamos que as duas derivadas cruzadas sejam contı́nuas
na região onde elas estão definidas (Simetria das segundas derivadas). Isto motiva a
definição a seguir.
1.1. PRIMEIROS CONCEITOS 3
Definição 1.1
Definição 1.2
A solução de uma EDP de ordem k sobre uma região D, é uma função C k definida
naquela região e tal que a EDP é satisfeita em todos os pontos interiores de D.
A definição de linearidade para EDPs é análoga àquela para EDOs. Uma EDO linear é
aquela que pode ser exprimida da forma
d2 Θ g
+ Θ = 0, (1.7)
dt2 L
Definição 1.3
Uma EDP linear de n-ésima ordem é toda EDP que possa ser escrita da forma
A equação
∂u ∂u
x7 + exy + sen(x2 + y 2 )u = x3 (1.8)
∂x ∂y
é linear não homogênea, enquanto
2 2
∂u ∂u
+ =1
∂x ∂y
é não linear.
A forma mais geral para uma EDP linear de primeira ordem para u = u(x, y) será
∂u ∂u
a(x, y) + b(x, y) + c(x, y)u = d(x, y), (1.9)
∂x ∂y
onde a, b, c and d são funções de x e y. Esta equação será homogênea quando d ≡ 0.
Exemplo 1.1.2. As equações de transporte (1.2) e de Laplace (1.3) são lineares e ho-
mogêneas. A equação da superfı́cie mı́nima (1.4) e a de Korteweg-deVries (1.5) são não
lineares.
Exercı́cio 1.1.3. Escreva a forma geral das EDPs lineares de segunda ordem com função
incógnita u = u(x, y). Quando a equação será homogênea? Por que você acha que eu não
escrevi ela aqui?
A linearidade significa o seguinte. Suponha que você escreve a equação de forma que
todos os termos que dependem de u e de suas derivadas fiquem no termo esquerdo e que no
termo direito restem apenas as expressões que dependem só das variáveis independentes.
Ou seja, a equação está organizada da forma Λ[u] = f, sendo Λ[u] um operador. Isto
quer dizer que se v é uma função, Λ[v] é outra função.
∂ 2u ∂ 2u
Por exemplo, na equação de Laplace (1.3), Λ[u] = + e f ≡ 0. Na equação
∂x2 ∂y 2
∂u ∂u
(1.8), Λ[u] = x7 + exy + sen(x2 + y 2 )u e f (x, y) = x3 .
∂x ∂y
A equação será linear se Λ[u] é uma combinação linear de u e de algumas de suas
derivadas parciais, com coeficientes que são funções das variáveis independentes. Como
a derivada de uma soma de funções é a soma das derivadas, se substituirmos u1 + u2 no
lugar de u na expressão Λ[u], o resultado, ou seja, Λ[u1 +u2 ] será exatamente Λ[u1 ]+Λ[u2 ].
Além disto, se c1 e c2 são constantes arbitrárias, teremos que Λ[c1 u1 ] = c1 Λ[u1 ] e Λ[c2 u2 ] =
c2 Λ[u2 ], portanto uma equação Λ[u] = f é linear se
Seja u1 uma solução da EDP Λ[u] = f1 e u2 solução da EDP Λ[u] = f2 . Então para
quaisquer constantes c1 e c2 , a função u = c1 u1 + c2 u2 será solução da equação
Λ[u] = c1 f1 + c2 f2 . (1.11)
√
w2 (x, y) = πv(x, y) + 2u(x, y)
√ √
= 2x2 − 2y 2 + πx
também são soluções desta equação.
Exercı́cio 1.1.4. O aluno X acha que entendeu o princı́pio de superposição e faz o
seguinte raciocı́nio:
Como v(x, y) = x é solução da equação de Laplace bidimensional, então w(x, y) =
xv(x, y) = x2 também é.
Mas a aluna Y substitui a função w na equação e obtém o seguinte.
∂ 2w ∂ 2w ∂ 2w ∂ 2w
= 2, 2 = 0 ⇒ + = 2.
∂x2 ∂y ∂x2 ∂y 2
w não é solução da equação!! Qual é o erro no raciocı́nio de X?
∂ 2u ∂u
Exemplo 1.1.4. A função u1 (x, y) = x3 é solução da EDP linear 2
− = 6x, e
∂x ∂y
∂ 2u ∂u ∂ 2u ∂u
u2 (x, y) = y 2 é solução de 2
− = −2y. Determine uma solução de 2
− =
∂x ∂y ∂x ∂y
18x + 8y.
Solução:
∂ 2 u ∂u
Neste caso, Λ[u] = − , f1 (x, y) = 6x e f2 (x, y) = −2y. Observe que 18x + 8y =
∂x2 ∂y
3f1 (x, y) − 4f2 (x, y), ou seja c1 = 3 e c2 = −4. Pelo Princı́pio de Superposição, temos que
∂ 2 u ∂u
a função u(x, y) = 3u1 (x, y) − 4u2 (x, y) = 3x3 − 4y 2 será solução de − = 18x + 8y,
∂x2 ∂y
o que também pode ser verificado diretamente.
6 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
∂ 2u ∂ 2u
2
− 4 2
= sen(t) + x2 .
∂t ∂x
Solução Este exemplo é bastante parecido com o anterior, mas neste caso só temos uma
equação. Como o termo independente da EDP dada é a função sen(t)+x2 , parece razoável
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
considerarmos soluções u1 e u2 das equações − 4 = sen(t) e − 4 = x2 ,
∂t2 ∂x2 ∂t2 ∂x2
respectivamente. O problema é que não temos essas soluções. Vamos tentar achá-las de
uma forma bastante simples.
∂ 2u ∂ 2u
Precisamos determinar uma solução u1 da equação − 4 = sen(t). Vamos
∂t2 ∂x2
aproveitar o fato de que o membro direito depende somente de t e procuraremos então
uma solução que só depende desta variável, ou seja u1 (x, t) = u1 (t). Desta forma, quando
∂ 2 u1 d2 u1 00 ∂ 2 u1
substituirmos na equação teremos que = = u 1 e = 0, portanto
∂t2 dt2 ∂x2
u001 = sen(t).
Esta expressão na verdade constitui uma EDO para u1 que possui infinitas soluções, mas
não devemos esquecer que precisamos somente de uma. Integrando duas vezes em relação
a t, obtemos que u1 (x, t) = u1 (t) = − sen(t) é uma solução da equação.
∂ 2u ∂ 2u
Podemos achar a solução u2 da equação − 4 = x2 de forma muito parecida.
∂t2 ∂x2
∂ 2 u2 d2 u 2 00 ∂ 2 u2
Agora vamos procurar u2 tal que u2 (x, t) = u2 (x), portanto = = u2 e =0
∂x2 dx2 ∂t2
e obtemos a equação
−4u002 = x2 .
Integrando duas vezes em relação a x, chegamos a uma das soluções desta equação
1
u2 (x, t) = u2 (x) = − x4 . Portanto uma solução para a EDP dada será
48
1 4
u(x, y) = u1 (x, t) + u2 (x, t) = − sen(t) − x.
48
O Princı́pio de Superposição não vale em geral para as EDPs não lineares. Por isso
formar novas soluções a partir de soluções dadas é mais difı́cil para estas equações.
∂u ∂u
+c = 0. (1.12)
∂t ∂x
No exercı́cio 1.1.2 você verificou que as funções da forma u(x, t) = g(x−ct), onde g é uma
função arbitrária com uma derivada contı́nua (o que se denota por g ∈ C 1 ), satisfazem
esta equação. Na próxima seção veremos que esta é de fato, a solução geral da equação.
Para determinarmos uma única solução, ou seja, para determinarmos a distribuição do
poluente em cada instante, precisamos acrescentar ao problema uma condição inicial que
determine o perfil da concentração no instante t = t0 , ou seja u(x, t0 ) = g(x).
No caso particular t = 0, o problema de valor inicial (PVI) para a equação do transporte
∂u + c ∂u = 0, −∞ < x < ∞, t > 0,
∂t ∂x
u(x, 0) = f (x), −∞ < x < ∞.
tem como única solução, u(x, t) = f (x − ct). Esta solução representa uma translação à
direita da concentração inicial, ou seja, a medida que o tempo avança, a concentração da
substância se desloca à direita com velocidade constante c, pelo fato da substância estar
sendo carregada pelo fluido.
Neste modelo precisamos utilizar apenas uma condição adicional para determinar a
solução de maneira única: a condição inicial u(x, 0) = f (x). Em outros problemas mais
complexos vamos precisar de mais condições iniciais e também das chamadas condições
de fronteira.
8 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
1.1.3 Exercı́cios
Exercı́cio 1.1
Comprove que as funções dadas são soluções das EDPs correspondentes.
∂ 2u ∂ 2u
(a) u(x, y) = x + y, + = 0;
∂x2 ∂y 2
∂ 2u ∂u
(b) u(x, t) = x2 + 2t, 2
= ;
∂x ∂t
∂ 2u ∂ 2u
(c) u(x, y) = sen(x) cosh(y)∗ , + = 0;
∂x2 ∂y 2
∂ 2u 2
2∂ u
(d) u(x, y) = sen(x − ct), − c = 0, onde c é uma constante;
∂t2 ∂x2
∂ 2u
(e) u(x, y) = f (x) + g(y), = 0, onde f e g são funções C 2 arbitrárias;
∂y∂x
∂ 2u ∂ 2u
(f) u(x, y) = f (x + y) + g(x − y), − = 0, onde f e g são funções C 2 arbitrárias.
∂x2 ∂y 2
Exercı́cio 1.2
Verifique que as funções u1 (x, y) = y, u2 (x, y) = 2xy, u3 (x, y) = x3 − 3xy 2 , u4 (x, y) =
ex sen y são soluções da equação de Laplace bidimensional (1.3). Construa quatro novas
soluções desta equação usando o Princı́pio de Superposição.
Exercı́cio 1.3
Verifique que cada uma das equações a seguir possui soluções da forma u(x, y) = f (ax+by)
onde a e b são constantes a serem escolhidas apropriadamente e f é uma função C 1
arbitrária. Calcule as constantes em cada caso.
∂u ∂u
(a) +3 = 0;
∂x ∂y
∂u ∂u
(b) 3 −7 = 0;
∂x ∂y
∂u ∂u
(c) 2 +π = 0.
∂x ∂y
∂u ∂u
Você teria alguma conjectura sobre as soluções da equação a −b = 0?
∂x ∂y
Exercı́cio 1.4
Verifique que cada uma das equações a seguir possui soluções da forma u(x, y) = eαx+βy .
Calcule as constantes α e β para cada exemplo.
∂u ∂u
(a) +3 + u = 0;
∂x ∂y
∗ ey + e−y
cosh(y) =
2
1.1. PRIMEIROS CONCEITOS 9
∂ 2u ∂ 2u
(b) 2
+ 2 = 5ex−2y ;
∂x ∂y
∂ 4u ∂ 4u ∂ 4u
(c) + + 2 = 0;
∂x4 ∂y 4 ∂y 2 ∂x2
Exercı́cio 1.5
(a) Comprove que as funções u1 (x, t) = sen t · cos x e u2 (x, t) = cos 3t · sen 3x são soluções
∂ 2u ∂ 2u
da equação da onda 2 = .
∂t ∂x2
(b) Explique como podemos obter infinitas soluções desta equação usando a informação
acima.
(c) Se c1 sen t cos x + c2 cos 3t sen 3x = d1 sen t cos x + d2 cos 3t sen 3x para todos t e x
então c1 = d1 e c2 = d2 . Verifique esta afirmação.
Exercı́cio 1.6
Quais das expressões abaixo definem operadores lineares?
∂u ∂u
(a) Λ[u] = +x .
∂x ∂y
∂u ∂u
(b) Λ[u] = +u .
∂x ∂y
2
∂u ∂u
(c) Λ[u] = + .
∂x ∂y
∂u ∂u
(d) Λ[u] = +x + 1.
∂x ∂y
√ ∂ 3u
∂u x
(e) Λ[u] = 1+ x2 (cos y) + − arctan u.
∂x ∂y∂x∂y y
Exercı́cio 1.7
Determine a ordem das equações a seguir. Classifique-as em lineares ou não lineares e
especifique se cada equação linear é ou não homogênea.
∂ 3u 2
2∂ u
(a) x2 2
+ y 2
− log(1 + y 2 )u = 0;
∂y∂x ∂y
∂u
(b) + u3 = 1;
∂x
∂ 4u x ∂u
(c) u + e = y;
∂y 2 ∂x2 ∂x
∂ 2u ∂ 2u
(d) u + − u = 0;
∂x2 ∂y 2
10 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
∂ 2 u ∂u
(e) + = 3u;
∂x2 ∂t
Exercı́cio 1.8
∂ 2u ∂ 2u
(a) Verifique que u1 (x, y) = x2 é solução de + 2 = 2 e que u2 (x, y) = 2x3 − y 3 é
∂x2 ∂y
∂ 2u ∂ 2u
solução de + = 12x − 6y.
∂x2 ∂y 2
∂ 2u ∂ 2u
(b) Utilize a informação do item anterior para obter uma solução da equação + =
∂x2 ∂y 2
2x − y + 3.
Exercı́cio 1.9
Considere a equação
∂u ∂u ∂u ∂u
−u + + u2 = 0.
∂x ∂y ∂x ∂y
(a) Esta EDP é não linear. Explique por quê.
(b) Verifique que as funções u1 (x, y) = ex e u2 (x, y) = ey são soluções desta equação.
(d) Comprove
que u = u1 + u2 não
é solução
da equação.
Sugestão: Verifique que
∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u
−u + + u2 = −u −u
∂x ∂y ∂x ∂y ∂x ∂y
(e) Prove que u = c1 u1 + c2 u2 será solução somente se c1 = 0 ou c2 = 0.
Exercı́cio 1.10
Neste exercı́cio veremos como deduzir a solução geral da equação
∂u ∂u
+c + ku = 0.
∂t ∂x
Esta equação modela a evolução da concentração de um poluente que está sendo trans-
portado por um fluxo de velocidade c e que é retirado com taxa k.
(a) Chamemos de u = u(x, t) à solução da equação. Defina uma função v da forma
v(x, t) = ekt u(x, t). Portanto, u(x, t) = e−kt v(x, t). Utilizando a regra do produto,
expresse as derivadas de u em relação a x e a t em termos das derivadas parciais de
v. Substitua isto tudo na equação satisfeita por u. Você deve obter uma equação de
transporte satisfeita por v. Escreva a solução geral desta equação.
(b) Utilize a relação u(x, t) = e−kt v(x, t) para escrever a solução geral da equação satisfeita
por u.
(c) Obtenha agora a solução satisfazendo u(x, 0) = g(x), sendo f ∈ C 1 . Você consegue
dar uma interpretação à solução?
1.2. SOBRE AS SOLUÇÕES DE ALGUMAS EDPS 11
1.1.4 Laboratório I
Maxima ([4]) é um sistema algébrico de computação semelhante a sistemas como Mathe-
matica, Maple e outros. No entanto, ele é uma aplicação de linha de comandos, o que
o torna mais difı́cil de usar do que os seus referidos ”concorrentes”. É aqui que entra o
wxMaxima: uma interface gráfica para o Maxima, criado para que a utilização do Maxima
seja mais simples e agradável.
Nesta disciplina utilizaremos o wxMaxima como suporte na compreensão do conteúdo.
Maxima também pode ser usado em aparelhos com o sistema operacional Android (Ma-
xima para Android).
Neste laboratório você deverá:
• rodar o tutorial introdutório 10 minute maxima portuguese.wxm;
• rodar o tutorial sobre soluções de EDPs lab1 sols:edps.wxm;
• rodar o tutorial sobre a eq. do transporte lab1 eq:transporte.wxm;
• rodar o tutorial acima usando outra função como condição inicial da equação do
transporte.
∂u
(x, y) = 2xy
Z ∂x Z
∂u
(x, y)dx = 2xydx + f (y)
∂x
Z
u(x, y) = 2y xdx + f (y)
x2
u(x, y) = 2y dx + f (y)
2
u(x, y) = x2 y + f (y).
12 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
u(x, y) = x2 y + f (y),
Definição 1.4
Uma expressão que represente todas as soluções de uma EDP é chamada de solução
geral desta EDP.
u(0, y) = 5y 9
∂ 2u
= x2 y, u = u(x, y). (1.14)
∂y∂x
∂ 2u
∂ ∂u
Solução: Como = , podemos integrar primeiro em relação a y, obtendo
∂y∂x ∂y ∂x
∂ 2u
Z Z
(x, y)dy = x2 ydy + F (x)
∂y∂x
Z
∂u 2
(x, y) = x ydy + F (x)
∂x
∂u x2 y 2
(x, y) = + F (x).
∂x 2
x3 y 2
Z
u(x, y) = + F (x)dx + g(y).
6
1.2. SOBRE AS SOLUÇÕES DE ALGUMAS EDPS 13
R
onde F e g são funções arbitrárias. Chamando f (x) = F (x)dx, podemos representar a
solução geral como
x3 y 2
u(x, y) = + f (x) + g(y),
6
onde f e g são funções C 2 .
É bom ressaltarmos aqui que encontrarmos EDPs que possuam solução geral é muito
raro. No entanto, quando a solução geral existe, ela vai depender de funções arbitrárias e
não de constantes arbitrárias como ocorria no caso das EDOs. Além disto, a quantidade
de funções arbitrárias será igual à ordem da equação. Assim, a solução geral da equação
(1.13) depende de uma função arbitrária, porque ela é de primeira ordem, enquanto a
solução geral de (1.14) depende de duas funções arbitrárias pois ela é de seguna ordem.
Exemplo 1.2.4. Resolva a equação
∂u
= u2 , u = u(x, y). (1.15)
∂x
Solução: Nesta equação também aparece apenas a derivada de u em relação a x. Po-
derı́amos pensar que o procedimento que usamos no exemplo 1.2.1 resolverá o nosso
problema. Vejamos o que acontece se tentarmos integrar em relação a x.
Z Z
∂u
(x, y)dx = u2 (x, y)dx + f (y)
∂x
Z
u(x, y) = u2 (x, y)dx + f (y).
Chegamos então numa igualdade satisfeita pela solução u, mas ela não nos permite obter
uma expressão para esta função, pois aparece uma integral que depende desta função, que
é desconhecida.
No entanto, há outra coisa que podemos fazer. Considerando y fixado, a equação se
converte numa EDO na variável x. Podemos resolvé-la usando o método para equações
separáveis, mas devemos lembrar que todas as constantes que apareçam na resolução na
verdade são funções de y, que está sendo fixado.
Z Z
du du du
2
= u ⇒ 2 = dx ⇒ = dx + f (y) ⇒ −u−1 = x + f (y).
dx u u2
−1
Obtemos então a solução u(x, y) = onde f é uma função C 1 arbitrária.
x + f (y)
Poderı́amos nos questionar se desta forma temos obtido todas as soluções da equação
(1.15). Nesse caso terı́amos obtido a solução geral. No entanto, há pelo menos uma
solução desta equação que não pode ser representada através da expressão obtida, a solução
u ≡ 0. Isto aconteceu porque durante o processo de resolução eliminamos soluções que
poderiam se anular quando dividimos por u. Neste exemplo não existe solução geral.
Exemplo 1.2.5. Obtenha a solução geral da equação
∂ 2u
+ 4u = 0, u = u(x, t). (1.16)
∂x2
Solução:
14 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
Portanto, equações deste tipo são relativamente fáceis de serem resolvidas. No Estudo
dirigido I veremos que podemos aproveitar isto para resolver a equação mais geral (1.17),
mas antes vamos resolver um caso particular que é extremamente importante.
Tentemos resolver agora uma equação da forma
∂u ∂u
a +b = 0, u = u(x, y) (1.18)
∂x ∂y
onde a e b são diferentes de zero. Esta equação também é da forma (1.17) só que estamos
supondo que c = 0 e que f ≡ 0.
1.2. SOBRE AS SOLUÇÕES DE ALGUMAS EDPS 15
Embora a equação pareça bastante simples, ela não se enquadra em nenhum dos casos
que resolvemos até agora. Aparecem derivadas parciais em relação às variáveis x e y e
portanto não podemos pensar nem em integrar diretamente nem em usar diretamente
técnicas de resolução de EDOs.
A chave de tudo está em interpretar a estrutura da equação. O termo esquerdo é a
derivada direcional da função u na direção do vetor ~v = (a, b), ou seja, ao longo de retas
da forma bx − ay = constante. Isto pode ser verificado da forma seguinte: se quisermos
avaliar a variação instantânea da função u em relação ao seu valor no ponto (x, y) e na
direção do vetor (a, b), precisarı́amos calcular
Mas o limite acima coincide com g 0 (0), se definirmos g(h) = u(x + ah, y + bh) (x, y, a e b
estão fixados). Usando a regra da cadeia verificamos que
∂u ∂u
g 0 (h) = a (x + ah, y + bh) + b (x + ah, y + bh)
∂x ∂y
∂u ∂u
Exemplo 1.2.6. Determine a solução da equação 4 −3 = 0 satisfazendo a condição
∂x ∂y
adicional u(0, y) = y 3 .
Solução:
A equação é um caso particular de (1.18) onde a = 4 e b = −3. Pelo raciocı́nio explicado
acima, sabemos que a solução deve ser da forma u(x, y) = f (−3x − 4y), onde f é uma
função C 1 arbitrária.
Com isto, obtemos uma fórmula para todas as soluções, que depende de uma função
arbitrária. Esta é a solução geral. Para obtermos aquela solução particular que satisfaz
a condição dada, precisamos obter a função f que cumpre esta condição. Substituindo
na expressão obtida, temos u(0, y) = f (−4y) = y 3 . Se fizermos w = −4y obtemos
3
w 3 w3 (3x + 4y)3
f (w) = f (−4y) = y = − = − . Portanto u(x, y) = .
4 64 64
Caso reste ainda um pouco de ceticismo, podemos verificar que realmente a função u
∂u (3x + 4y)2
obtida satisfaz a equação. Usando a regra da cadeia obtemos que =9 e que
∂x 64
∂u (3x + 4y)2 ∂u ∂u (3 · 0 + 4y)3
= 12 , portanto 4 −3 = 0. Além disto, u(0, y) = .
∂y 64 ∂x ∂y 64
Se definirmos g(x) = f (−x), podemos representar a solução como u(x, y) = g(3x + 4y),
onde g é uma função C 1 arbitrária. Isto não é necessário, é apenas uma maneira de
eliminar os sinais negativos dentro da expressão da solução geral.
16 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
∂u ∂ 2 u
− 2 = −u, u = u(x, t). (1.19)
∂t ∂x
modela a propagação de calor no interior da barra considerando que há dissipação de calor
através de sua superfı́cie lateral. Determine todas suas soluções produto.
Solução: Procuraremos soluções da forma u(x, t) = X(x)T (t). Antes de substituirmos
na equação, devemos calcular as derivadas parciais:
∂u ∂
(x, t) = (X(x)T (t)) = X(x)T 0 (t)
∂t ∂t
∂ 2u ∂2
(x, t) = (X(x)T (t)) = X 00 (x)T (t).
∂x2 ∂x2
Substituindo agora na equação, obtemos que
Para resolvermos a segunda equação, começamos √ observando que as raı́zespde sua equação
2
caracterı́stica r + λ = 0 são da forma r1,2 = ± λ se λ > 0, são r1,2 = ± |λ|i se λ < 0
e são r1 = r2 = 0 se λ = 0. Como a estrutura da solução depende do sinal de λ,
assumiremos que estamos no caso λ < 0. Uma convenção bastante usada, para reduzir
o tamanho das expressões que aparecem, é escrever neste caso a constante λ como o
oposto do quadrado de um número positivo. Por exemplo, podemos assumir que λ = −α2 ,
com α > 0. Assim, a equação para X se transforma em X 00 + α2 X = 0 e sua equação
caracterı́stica será r2 + α2 = 0. As raı́zes são r1,2 = ±αi e portanto a solução geral tem
a forma X(x) = c1 cos(αx) + c2 sen(αx), com c1 e c2 constantes arbitrárias.
Finalmente obtemos que
2 +1)t
u(x, t) = e−(α [d1 cos(αx) + d2 sen(αx)],
onde α > 0, d1 = Cc1 e d2 = Cc2 são constantes arbitrárias.
É bom lembrar que a solução obtida não é a solução geral pois existem soluções
desta equação que não podem ser escritas como acima (veja o exercı́cio 9 desta seção).
A estrutura de algumas EDPs sugere a existência de soluções com algum tipo de sime-
tria. Em particular, a equação de Laplace tem a propriedade de permanecer inalterada
após fazermos uma rotação no espaço ou no plano (veja a seção 6.1.1). Isto sugere a
existência de soluções com simetria radial.
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
+ + = 0, u = u(x, y, z)
∂x2 ∂y 2 ∂z 2
p
da forma u(x, y, z) = f ( x2p + y 2 + z 2 ).
Solução: Chamando r = x2 + y 2 + z 2 , temos que u(x, y, z) = f (r). Vamos exprimir
a equação de Laplace em termos da função f . Aplicando a regra da cadeia obtemos
∂u ∂r
= f 0 (r)
∂x ∂x
2
2
∂ u 00 ∂r 0 ∂ 2r
= f (r) + f (r) .
∂x2 ∂x ∂x2
∂r ∂ 2 r
Agora vamos calcular e .
∂x ∂x2
∂r x x
=p = = xr−1
∂x 2
x +y +z2 2 r
2
∂ r −1 ∂r
2
= r + x (−r−2 ) = r−1 − x2 r−3 .
∂x ∂x
∂ 2u
Substituindo na expressão obtida para , obtemos
∂x2
∂ 2u
2
= f 00 (r)x2 r−2 + f 0 (r)(r−1 − x2 r−3 ).
∂x
18 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
∂ 2u
= f 00 (r)y 2 r−2 + f 0 (r)(r−1 − y 2 r−3 )
∂y 2
∂ 2u
= f 00 (r)z 2 r−2 + f 0 (r)(r−1 − z 2 r−3 )
∂z 2
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
Somando tudo obtemos + 2 + 2 = f 00 (r) + 2f 0 (r)r−1 e a equação de Laplace
∂x2 ∂y ∂z
se transforma então na EDO:
f 00 (r) + 2f 0 (r)r−1 = 0.
Para acharmos a solução desta equação ordinária, fazemos f 0 = g e obtemos que g deve
satisfazer g 0 (r)+2g(r)r−1 = 0. Resolvendo esta equação separável, temos que g(r) = Kr−2
e portanto, f (r) = C − Kr−1 . Esta expressão corresponde à solução
K
u(x, y, z) = C − p ,
x2 + y 2 + z 2
onde C e K são constantes arbitrárias.
Esta solução também não é a solução geral. Encontramos apenas aquelas soluções
com simetria radial.
X 00 − λX = 0,
X(0) = 0, X(L) = 0.
1.2.5 Exercı́cios
Exercı́cio 2.1
Determine a solução geral de cada uma das equações a seguir
∂u ∂ 3u
(a) = 3x2 + y 2 , u = u(x, y), (d) = e2x+3t , u = u(x, t).
∂x ∂t2 ∂x
∂ 2u
(b) = 0, u = u(x, y), ∂u ∂ 2u
∂y∂x (e) 3 + = 0. (Dica: Faça v(x, y) =
∂y ∂x∂y
∂ 3u ∂u
(c) = 1, u = u(x, y, z), (x, y).)
∂z∂y∂x ∂y
Exercı́cio 2.2
∂u ∂u
Resolva a equação 2 +3 = 0 com a condição inicial u(x, 0) = sen x.
∂t ∂x
Exercı́cio 2.3
Determine a solução geral das EDPs a seguir com função incógnita u = u(x, y).
20 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
∂u ∂ 2u ∂u
(a) − 2u = 0, (d) y +2 = x,
∂x ∂y∂x ∂x
∂u
(b) y + u = x,
∂y
∂u ∂ 2u
(c) + 2xu = 4xy, (e) − x2 u = 0,
∂x ∂y 2
Exercı́cio 2.4
Para as equações do exercı́cio anterior, determine a solução particular satisfazendo a
condição adicional que corresponde
Exercı́cio 2.5
Para as equações diferenciais parciais a seguir, obtenha equações diferenciais ordinárias
que devem ser satisfeitas para obtermos soluções produto
∂u ∂ 2u ∂u ∂u ∂ 4u
(a) = 2
−3 . (c) = k 4.
∂t ∂x ∂x ∂t ∂x
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u 2
2∂ u
(b) + = 0. (d) = c , c > 0.
∂x2 ∂y 2 ∂t2 ∂x2
Exercı́cio 2.6
Determine todas as soluções produto das EDPs a seguir.
∂u ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
(a) = 2 2, u = u(x, t), (c) = 16 2 , u = u(x, t).
∂t ∂x ∂t2 ∂x
∂u ∂u ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
(b) =4 , u = u(x, y), (d) = + , u = u(x, y, t).
∂x ∂y ∂t2 ∂x2 ∂y 2
Exercı́cio 2.7
Determine as soluções produto da EDP no exemplo 1.2.7 nos casos em que a constante
da separação é nula (λ = 0) ou positiva (λ = α2 , α > 0).
Exercı́cio 2.8
∂u ∂u
Explique por que não podemos encontrar a solução da equação +2 = 0 satisfazendo
∂x ∂y
a condição u(x, 0) = x usando as soluções produto.
Exercı́cio 2.9
1 x2
(a) Verifique que a função v(x, t) = √ e− 4t satisfaz a equação do calor com difusividade
t
1,
∂v ∂ 2v
= .
∂t ∂x
1.2. SOBRE AS SOLUÇÕES DE ALGUMAS EDPS 21
(b) Utilize o item anterior para concluir que u(x, t) = v(x, t)e−t satisfaz a equação do calor
com dissipação do exemplo 1.2.7. Perceba que u não é uma solução produto.
Exercı́cio 2.10
Suponha que a superfı́cie mı́nima, que é o gráfico de uma solução da equação
p (1.4), é uma
superfı́cie de revolução em torno ao eixo dos z, ou seja, Z = Z(x, y) = h( x2 + y 2 ), para
alguma função h : R → R C 2 . Prove que h = h(r) deve satisfazer a EDO
Exercı́cio 2.11
Obtenha o problema com condições de fronteira que deve satisfazer a função X = X(x)
∂u ∂ 2u
para que uma solução produto u(x, t) = X(x)T (t) da equação = 4 2 satisfaça
∂t ∂x
também as condições dadas.
Exercı́cio 2.12
Em cada um dos casos abaixo, determine todas as funções da forma u(x, t) = v(x) (Estas
são chamadas de soluções estacionárias, pelo fato de serem independentes do tempo.
Muitas vezes elas têm um significado fı́sico relevante.) que satisfazem a equação dada.
∂v ∂v
Para isto você deverá obter uma EDO para v, utilizando que =0e = v 0 e achar a
∂t ∂x
solução geral desta equação diferencial ordinária.
∂ 2u ∂ 2u ∂u ∂ 2 u
(a) = 9 (c) − 2 = −u
∂t2 ∂x2 ∂t ∂x
∂u ∂ 2u ∂u ∂ 2 u ∂u
(b) =5 2 (d) − 2 =−
∂t ∂x ∂t ∂x ∂x
Exercı́cio 2.13
Agora determine quais das soluções estacionárias que você achou no exercı́cio anterior,
satisfazem também as condições de fronteira u(0, t) = A e u(L, t) = B, t ≥ 0 onde A, B
e L > 0 são constantes.
22 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
Exercı́cio 2.14
∂u
Faça o mesmo agora com as condições de fronteira u(0, t) = A e (L, t) = 0, t ≥ 0 onde
∂x
A, e L > 0 são constantes.
Exercı́cio 2.15
Considere o seguinte problema de contorno para a equação de Laplace bidimensional
∂ 2u ∂ 2u
ED + , −∞ < x < ∞, −∞ < y < ∞;
∂x2 ∂y 2
CI u(x, 0) = 0, −∞ < x < ∞.
(a) Verifique que tanto u1 (x, y) = 0 quanto u2 (x, y) = y satisfazem o problema acima.
(b) Que podemos concluir sobre a unicidade das soluções deste problema?
x = 21 (s + t)
s = 2x − y
⇒
t=y y=t
y=t
Avaliando u em x e y exprimidas como funções de s e t, obtemos a nova função v, ou
seja
1
v(s, t) = u (s + at), t
b
e avaliando agora v em s e t exprimidas como funções de x e y, obtemos
de resolução de EDOs lineares. Depois restaria apenas voltarmos às variáveis originais x
e y.
F Exercı́cio 2.16
Ache a solução geral de cada uma das EDPs a seguir, onde u = u(x, y).
∂u ∂u ∂u ∂u
(a) 2 −3 = x, (c) − + 2u = 1,
∂x ∂y ∂x ∂y
∂u ∂u ∂u ∂u
(b) + − u = 0, (d) 3 −4 = x + ex .
∂x ∂y ∂x ∂y
F Exercı́cio 2.17
Resolva a equação do exemplo 1.2.10 utilizando a mudança de variáveis
s = 2x − y
t=x
F Exercı́cio 2.18
Em cada um dos casos abaixo, obtenha a única solução da equação
∂u ∂u
+2 − 4u = ex+y
∂x ∂y
determinada pela condição adicional.
26 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
F Exercı́cio 2.19
∂u ∂u
No exemplo 1.2.10 foi obtida a solução geral da equação +2 − 4u = 1.
∂x ∂y
3
(a) Determine a solução desta equação satisfazendo u(x, 0) = 4x2 + .
4
(b) Verifique que não existem soluções satisfazendo u(x, 2x) = 1.
(c) Ache duas soluções diferentes satisfazendo u(x, 2x) = e4x − 14 . Quantas outras soluções
existirão?
Atenção! Este exercı́cio ilustra que a condição adicional que deve ser imposta a uma
EDP para podermos determinar uma única solução deve ser escolhida com certo cuidado,
inclusive no caso mais simples de EDPs lineares de primeira ordem com coeficientes
constantes.
F Exercı́cio 2.20
Sejam a, b e c constantes com ab 6= 0. Considere a EDP de primeira ordem homogênea
∂u ∂u
a +b +cu = 0. O estudante Dario conclui que a solução geral é u(x, y) = e−cx/a f (bx−
∂x ∂y
ay) onde f é uma função C 1 arbitrária, enquanto Lucia diz que a solução geral é u(x, y) =
e−cy/b f (bx − ay).
Qual dos dois está certo?
Capı́tulo 2
27
28 CAPÍTULO 2. A EQUAÇÃO DA ONDA UNIDIMENSIONAL
• o atrito é desprezı́vel.
Aplicando a segunda lei de Newton a esta pequena seção da corda, obteremos que
Z x2 Z x2 2
∂ 2u ∂ u
ρ(x) 2 (x, t)dx = T0 (t) 2
(x, t)dx.
x1 ∂t x1 ∂x
∂ 2u ∂ 2u
ρ(x2 )
(x 2 , t) = T0 (t) (x2 , t).
∂t2 ∂x2
Finalmente, chegamos à equação
∂ 2u T0 (t) ∂ 2 u
= . (2.1)
∂t2 ρ(x) ∂x2
Como a corda é homogênea, sua densidade é constante e obtemos ρ(x) = ρ. A suposição
de vibrações pequenas permite concluir que T0 não depende do tempo, nesse caso a
equação toma a forma
∂ 2u 2
2∂ u
= c , (2.2)
∂t2 ∂x2
s
T0 T0 2
onde c2 = ec= . As unidades de c2 são [c2 ] = [comprimento]
[tempo]2
, o que indica que c
ρ ρ
tem unidades de velocidade. Veremos mais adiante qual é a interpretação da constante c.
Esta é a chamada equação da corda vibrante ou equação da onda unidimen-
sional. Ela descreve as vibrações das cordas em instrumentos como violino, violão e
harpa.
A equação pode ser interpretada da forma seguinte. No termo esquerdo temos a ace-
∂u
leração da corda pois como u representa a posição da corda, representa sua velocidade
∂t
∂ 2u
e é a aceleração. No termo direito, temos uma constante positiva multiplicando a
∂t2
2.1. UM MODELO: VIBRAÇÕES PEQUENAS DE UMA CORDA 29
concavidade da corda. Então a equação nos diz que em cada ponto da corda e em cada
instante de tempo, a aceleração é proporcional à concavidade da corda.
Como no caso da equação do transporte, para determinarmos uma única solução,
necessitaremos acrescentar condições iniciais. A equação da onda 2.2 precisa de duas
condições iniciais
∂u
u(x, t0 ) = f (x), (x, t0 ) = g(x),
∂x
onde f representa a posição inicial e g a velocidade inicial da corda. Desde o ponto de
vista fı́sico fica claro que é necessário especificar essas duas magnitudes para determinar
a posição da corda em qualquer instante. Tipicamente utilizamos o valor t0 = 0.
Além disto, precisaremos também fornecer condições de fronteira. Podemos por exem-
plo, especificar onde estão os extremos da corda em cada instante t, ou seja quanto valem
u(0, t) e u(L, t). Se numa extremidade a corda se move livremente no sentido transversal
∂u
sem nenhuma resistência, então não haverá tensão nessa extremidade e portanto = 0.
∂x
Esta é uma condição de Neumann (homogênea).
[figura]
1
Z L h ∂u 2 2 i
∂u
E(t) = T +ρ (x, t)dx. (2.6)
2 0 ∂x ∂t
2
1 L
Z
∂u
Nesta expressão, K(t) = ρ (x, t) dx representa a energia cinética da corda
2 0 ∂t
2
1 L
Z
∂u
e U (t) = T (x, t) dx sua energia potencial, que é o trabalho que foi necessário
2 0 ∂x
para levar a corda da posição de equilı́brio até a posição u(x, t). Isto não será verificado
aqui, mas não é difı́cil comprovar que K(t) e U (t) possuem unidades de medida de energia.
Para estudar o comportamento da energia vamos derivar E(t). Derivando sob o sinal
de integral, substituindo a equação 2.2 e usando a regra do produto obtemos
L
h ∂u ∂ 2 u ∂u ∂ 2 u i
Z
0
E (t) = T +ρ dx
0 ∂x ∂t∂x ∂t ∂t2
Z Lh
∂u ∂ 2 u ∂u ∂ 2 u i
= T +T dx
0 ∂x ∂t∂x ∂t ∂x2
Z L
∂ ∂u ∂u
=T dx
0 ∂x ∂x ∂t
∂u ∂u ∂u ∂u
=T (L, t) (L, t) − (0, t) (0, t) .
∂x ∂t ∂x ∂t
Suponhamos que a corda tem seus extremos fixados, ou seja a(t) ≡ a e b(t) ≡ b. Então
∂u ∂u
(0, t) = (L, t) = 0 para todo t, E 0 (t) = 0 e portanto a energia da corda que tem os
∂t ∂t
extremos fixados é constante.
Esta conclusão nos permite provar a unicidade das soluções.
∂ 2v 2
2∂ v
ED = c , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t2 ∂x2
CF v(0, t) = 0, v(L, t) = 0, t ≥ 0;
∂v
CI v(x, 0) = 0, (x, 0) = 0, 0 ≤ x ≤ L.
∂t
Seja Ev (t) a energia da corda modelada por v no instante t. Como v é constante nas
extremidades da corda, podemos aplicar a observação anterior e obtemos que Ev (t) é
∂v
constante. Em particular Ev (t) = Ev (0) = 0. Isto implica que (x, t) = 0 para todo
∂t
x ∈ [0, L] e para todo t > 0. Como
Z t
∂v
v(x, t) = v(x, t) − v(x, 0) = (x, τ )dτ,
0 ∂t
Como sabemos agora que a solução do problema (2.3)-(2.5) é única, basta acharmos uma
maneira de calculá-la. Isto pode ser feito de várias maneiras. No capı́tulo 5 estudaremos
como achar essa solução no caso em que a e b são funções constantes. Na próxima seção
veremos como achar a solução quando assumimos que a corda que oscila é infinita.
2.1.4 Exercı́cios
Exercı́cio 1.1
Verifique que u(x, t) = cos(6t) sen(3x) satisfaz o problema
∂ 2u ∂ 2u
ED = 4 , 0 ≤ x ≤ π, t ≥ 0;
∂t2 ∂x2
CF u(0, t) = 0, u(π, t) = 0, t ≥ 0;
∂u
CI u(x, 0) = sen(3x), (x, 0) = 0, 0 ≤ x ≤ π.
∂t
(a) Calcule a energia da corda. Verifique que ela é de fato, constante.
Exercı́cio 1.2
Se os extremos da corda estão livres para se deslizar verticalmente, a posição da corda
satisfaz o problema
∂ 2u 2
2∂ u
ED = c , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t2 ∂x2
∂u ∂u
CF (0, t) = 0, (L, t) = 0, t ≥ 0;
∂x ∂x
∂u
CI u(x, 0) = f (x), (x, 0) = g(x), 0 ≤ x ≤ L.
∂t
Comprove que a energia de uma corda satisfazendo este problema também se conserva.
32 CAPÍTULO 2. A EQUAÇÃO DA ONDA UNIDIMENSIONAL
∂u ∂v ∂v
= +
∂x ∂ξ ∂η
∂u ∂v ∂v
=c −
∂t ∂ξ ∂η
∂ 2u ∂ 2v ∂ 2v ∂ 2v
= 2 +2 + 2
∂x2 ∂ξ ∂ξ∂η ∂η
∂ 2u
2
∂ 2v ∂ 2v
2 ∂ v
=c −2 + .
∂t2 ∂ξ 2 ∂ξ∂η ∂η 2
∂ 2u ∂ 2u
Substituindo as expressões de e na equação da onda, obtemos
∂x2 ∂t2
∂ 2v
= 0. (2.7)
∂ξ∂η
Por integração direta, de forma similar a como foi resolvida a equação 1.14, obtemos
que
v(ξ, η) = F (ξ) + G(η)
onde F e G são duas funções C 2 arbitrárias.
Voltando às variáveis originais, obtemos
u(x, t) = F (x + ct) + G(x − ct). (2.8)
Para funções F e G (C 2 ) quaisquer, a expressão acima satisfaz a equação da onda
(verifique isto!!), portanto (2.8) nos dá a solução geral desta equação. Isto significa que
qualquer solução da equação pode ser representada como acima, para certas funções F e
G
Fisicamente, ela representa a superposição de duas ondas viajantes, uma se movendo
para a direita e a outra, para a esquerda, com velocidade c. Alguns exemplos de soluções
são
A solução geral obtida pode ser também interpretada como a soma das soluções gerais
∂u ∂u ∂u ∂u
das equações do transporte −c =0e +c = 0 (veja o exercı́cio 6 desta seção).
∂t ∂x ∂t ∂x
1 x
Z
1h
F (x) = f (x) + g(r)dr + C]
2 c 0
1 x 1 0
Z Z
1h 1h
F (x) = f (x) − g(r)dr − C] = f (x) + g(r)dr − C].
2 c 0 2 c x
Portanto, vale o seguinte resultado.
1 1 1
1
(a) u(x, 0) = 1+x2
(b) u(x, t) = 2 1+(x+1)2 + 1+(x+1)2
Repare que quando t cresce, os valores máximos destas funções se afastam e obtém-se
que para cada ponto da corda, a amplitude vai para zero, ou seja u(x, t) → 0 quando
t → ∞.
Exemplo 2.2.2. Obtenha a solução de
∂ 2u 2
2∂ u
ED = c , −∞ < x < ∞, t ≥ 0;
∂t2 ∂x2
∂u 2
CI u(x, 0) = 0, (x, 0) = , −∞ < x < ∞.
∂t 1 + x2
Mais uma vez usando a fórmula de d’Alembert, obtemos
1 x+ct 2
Z
1 x+ct
u(x, t) = ds = arctan s
2c x−ct 1 + s2 c
x−ct
2.2.3 Exercı́cios
Exercı́cio 2.1
(a) Verifique que para qualquer valor de λ, a função u(x, t) = cos(λct) sen(λx) satisfaz a
equação da onda unidimensional.
1
(b) Utilize a identidade cos β sen α = [sen(α + β) + sen(α − β)] para escrever u como
2
superposição de ondas viajando à esquerda e à direita com velocidade c.
Exercı́cio 2.2
Considere a equação
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
− 3 − 4 = 0.
∂x2 ∂x∂t ∂t2
(a) Verifique que a mudança de variáveis
(
ξ = 4x + t,
η =t−x
∂ 2v
transforma esta equação em = 0, onde u(x, t) = v(4x + t, t − x).
∂ξ∂η
(b) Escreva a solução geral desta equação.
Exercı́cio 2.3
Considere a equação
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
+ − 20 = 0.
∂x2 ∂x∂t ∂t2
(a) Verifique que a mudança de variáveis
(
ξ = 4x + t,
η = 5x − t
∂ 2v
transforma esta equação em = 0, onde u(x, t) = v(4x + t, 5x − 1).
∂ξ∂η
36 CAPÍTULO 2. A EQUAÇÃO DA ONDA UNIDIMENSIONAL
Exercı́cio 2.4
Determine as soluções de
∂ 2u 2
2∂ u
= c , −∞ < x < ∞, t > 0;
∂t2 ∂x2
∂u
u(x, 0) = f (x), (x, 0) = g(x),
∂t
nos casos seguintes,
(a) f (x) = x2 , g(x) = x.
2 2
(b) f (x) = e−x , g(x) = 2cxe−x .
(c) f (x) = 0, g(x) = 1.
(d) f (x) = 1, g(x) = 0.
(e) f (x) = sen x, g(x) = c cos x.
(f) f (x) = 0, g(x) = sen2 x.
F Exercı́cio 2.5
Utilize a fórmula de d’Alembert para provar as seguintes propriedades das soluções do
problema de valor inicial para a corda infinita.
(a) Se f (x) e g(x) são ambas funções ı́mpares (pares), então u(x, t) é ı́mpar (par) em x,
ou seja u(−x, t) = −u(x, t) (u(−x, t) = u(x, t)), para todo x ∈ R.
(b) Se f (x) e g(x) são ambas funções 2L-periódicas, então u(x, t) é 2L-periódica em x,
ou seja u(x, t) = u(x + 2L, t), para todo x ∈ R.
F Exercı́cio 2.6
Neste exercı́cio desenvolveremos uma outra estratégia para obter a solução geral da
equação da onda.
∂ 2u ∂ 2u
Suponha que u é solução da equação da onda 2 = c2 2 .
∂t ∂x
∂u ∂u
(a) Verifique que se v = + c , então v satisfaz
∂t ∂x
∂v ∂v
−c =0
∂t ∂x
e escreva a solução geral desta equação.
(b) Na equação
∂u ∂u
+c = v,
∂t ∂x
substitua a expressão obtida para v no item anterior e faça a mudança de variáveis
s = x − ct
τ = x + ct
Você deve chegar na solução geral da equação da onda.
2.2. A FÓRMULA DE D’ALEMBERT 37
2.2.4 Laboratório II
Neste laboratório você deverá:
Você deve enviar os dois arquivos com as animações e a resposta da última pergunta.
38 CAPÍTULO 2. A EQUAÇÃO DA ONDA UNIDIMENSIONAL
Capı́tulo 3
A equação do calor
39
40 CAPÍTULO 3. A EQUAÇÃO DO CALOR
Assumindo que não há nem geração nem dissipação de energia térmica no interior da
barra, necessariamente a taxa de variação desta energia na região entre as seções x = a e
x = b deverá coincidir com o fluxo de calor Q que entra nesta região, ou seja
d
E(t) = Q(t). (3.2)
dt
Pela Lei de Fourier, sabe-se que o calor flui de regiões mais quentes para regiões mais
frias e que a taxa do fluxo de calor é proporcional à diferença de temperatura dividida
pela distância entre as regiões. Quantitativamente, se chamarmos de q(a, t) à densidade
de fluxo de calor através da seção x = a, ou seja, à quantidade de calor passando na seção
por unidade de área e por unidade de tempo, temos que
∂u
q(a, t) = −K (a, t). (3.3)
∂x
A constante de proporcionalidade K > 0 é a conductividade térmica do material e
quantifica a capacidade dos materiais de conduzir energia térmica.
O fluxo de energia térmica que entra na região a < x < b será
Q(t) = A[q(a, t) − q(b, t)],
Utilizando o Teorema fundamental do Cálculo, podemos reescrever a igualdade acima:
∂u
Estas condições são chamadas de condições de Neumann, pois é é especificada.
∂x
Podemos ter uma variedade bastante grande de condições de fronteira que representem
diferentes situações fı́sicas.
Por exemplo, se a extremidade direita da barra estiver submersa num reservatório a
temperatura g(t) e se o intercâmbio de calor entre o reservatório e a extremidade da barra
obedece a lei de resfriamento de Newton, então
∂u
(L, t) = −a(u(L, t) − g(t)),
∂x
com a > 0. Esta é uma condição de Robin não homogênea. Dizemos que temos uma
∂u
condição de Robin quando + hu é especificada, onde h 6= 0.
∂x
Naturalmente podemos ter um tipo de condição de fronteira numa parte do domı́nio
e outro tipo em outra. Por exemplo, numa barra poderı́amos especificar a temperatura
no extremo esquerdo e o fluxo de temperatura no extremo direito. Podemos representar
∂u
matematicamente estas condições da forma u(0, t) = A, (L, t) = B, para todo t ≥ 0.
∂x
Para determinarmos a única solução que corresponde à temperatura da barra num caso
particular, devemos acrescentar à equação do calor, uma condição inicial e condições
de fronteira apropriadas. Desta forma obtemos um Problema de Valor Inicial com
Condições de Fronteira.
3.1.3 Exercı́cios
Exercı́cio 1.1
Suponha que os extremos esquerdo e direito de uma barra homogênea são introduzidos em
recipientes com lı́quidos a temperaturas ge (t) e gd (t), respectivamente. Utilizando a Lei
de Resfriamento de Newton é possı́vel deduzir que a densidade de fluxo de calor através
das extremidades, deve satisfazer as igualdades
∂u
q(0, t) = −K (0, t) = −h[u(0, t) − ge (t)],
∂x
∂u
q(L, t) = −K (L, t) = h[u(L, t) − gd (t)],
∂x
onde K e h são constantes positivas que representam a condutividade têrmica do material
da barra e o coeficiente de transferência de calor, respectivamente entre o lı́quido e os
extremos da barra.
Suponha que ge e gd são nulas, ou seja, ambos os lı́quidos estão sendo mantidos a
temperatura zero. Determine que condições deve satisfazer X(x) para que uma solução
produto u(x, t) = X(x)T (t) da equação do calor satisfaça estas condições de fronteira.
Exercı́cio 1.2
Considere a propagação de calor numa barra de comprimento 1. Interprete cada um dos
quatro possı́veis conjuntos de condições de fronteira listados abaixo.
∂u ∂u
(c) (0, t) = 0, (1, t) = 0, t > 0;
∂x ∂x
∂u ∂u
(d) (0, t) = (u(0, t) − 10), (1, t) = 0, t > 0.
∂x ∂x
X(x) = c1 + c2 x, se λ = 0; (3.6)
√ √
X(x) = c1 e + c2 e− λx , se λ > 0;
λx
(3.7)
p p
X(x) = c1 cos( |λ|x) + c2 sen( |λ|x), se λ < 0. (3.8)
Caso 1: λ = 0
X(x) = c1 x + c2 , T (t) = 1 ⇒ u(x, t) = c1 x + c2 , (3.9)
Caso 2: λ = α2 > 0
2 kt 2 kt
X(x) = c1 eαx + c2 e−αx , T (t) = eα ⇒ u(x, t) = eα (c1 eαx + c2 e−αx ), (3.10)
∂u ∂ 2u
ED = k 2 , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0; (3.12)
∂t ∂x
CF u(0, t) = 0, u(L, t) = 0, t ≥ 0; (3.13)
CI u(x, 0) = f (x), 0 ≤ x ≤ L. (3.14)
A estratégia será construir uma solução utilizando as soluções produto obtidas. Iremos
analisar primeiro quais dessas soluções satisfazem as condições de fronteira (3.13) e isto
introduzirá uma limitação sobre os valores da constante λ.
Suponha que uma solução produto não identicamente nula u(x, t) = X(x)T (t) satisfaz as
condições de fronteira em (3.13). Então temos que para todo t > 0, u(0, t) = X(0)T (t) =
0. Como certamente existirá algum valor de t tal que T (t) 6= 0, obtemos que X(0) = 0 e
analogamente, deve ocorrer que X(L) = 0.
O nosso problema se reduz então a investigar quais são os valores de λ para os quais há
soluções não nulas da equação X 00 = λX satisfazendo X(0) = 0 e X(L) = 0 e quais são
essas soluções. Devemos analisar cada um dos três casos que obtivemos em (3.6)-(3.8).
Caso 1: X(x) = c1 + c2 x.
Substituindo x = 0 e x = L obtemos
X(0) = c2 = 0 ⇒ c2 = 0
X(L) = c1 L + c2 = c1 L = 0 ⇒ c1 = 0.
X(0) = c1 + c2 = 0 ⇒ c1 = −c2
X(L) = c1 eαL + c2 e−αL
= −c2 eαL + c2 e−αL
= −c2 (eαL − e−αL ) = 0
X(0) = c1 = 0 ⇒ c1 = 0
X(L) = c1 cos(αL) + c2 sen(αL)
= c2 sen(αL) = 0
Proposição 3.1
A equação X 00 −λX = 0 possui soluções que não são identicamente nulas satisfazendo
nπ 2
as condições de fronteira X(0) = 0 e X(L) = 0 apenas quando λ = − , n∈
L
N.
Estas soluções são da forma
nπ
Xn (x) = bn sen x ,
L
onde n ∈ N e bn ∈ R.
Exemplo 3.2.2.
3
2
X
−8t −18t
5e sen(2x) − 30e sen(3x) = bn e−kn t sen(nx),
n=1
onde b1 = 0, b2 = 5, b3 = 3 e N = 3.
X 6
−k( 2π )2 t 2π −k( 6π 2t 6π nπ 2
nπ
3e L sen x − 5e L sen )
x = bn e−k( L ) t sen x
L L n=1
L
onde b1 = b3 = b4 = b5 = 0, b2 = 3, b6 = −5 e N = 6.
Podemos então resumir o resultado que obtivemos aqui na proposição seguinte.
Proposição 3.2
∂u ∂ 2u
ED = k 2 , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t ∂x
CF u(0, t) = 0 u(L, t) = 0, t ≥ 0;
π 2π Nπ
CI u(x, 0) = b1 sen x + b2 sen x + · · · + bN sen x (3.17)
L L L
XN nπ
= bn sen x , 0 ≤ x ≤ L.
n=1
L
∂u ∂u
(0, t) = 0, (L, t) = 0, t ≥ 0. (3.18)
∂x ∂x
Para encontrar as soluções, como fizemos na seção anterior, começamos por encontrar
quais das soluções produto em (3.9) - (3.11) satisfazem as condições acima.
∂u
Se u(x, t) = X(x)T (t), então (0, t) = X 0 (0)T (t) = 0 para todo t ≥ 0 implica que
∂x
X 0 (0) = 0 e de forma similar obtemos X 0 (L) = 0. Analisaremos a seguir quais são as
soluções de X 00 − λX = 0 satisfazendo estas condições de fronteira.
No caso 1 temos X(x) = c1 x + c2 e X 0 (x) = c1 . Portanto
X 0 (0) = 0, X 0 (L) = 0 ⇒ c1 = 0.
Neste caso a única solução possı́vel é a constante. Por razões que ficarão claras no próximo
a0
capı́tulo, nossa primeira solução será escrita como X0 (x) = , com a0 ∈ R.
2
No caso 2, a única solução satisfazendo X 0 (0) = 0, X 0 (L) = 0 é a solução nula. No
exercı́cio 2 desta seção pedimos para verificar isto.
No caso 3, temos que
X 0 (0) = αc2 = 0 ⇒ c2 = 0
e
X 0 (L) = −c1 α sen(αL) = 0.
nπ
Se c1 = 0, obtemos a solução nula. Precisamos então sen(αL) ⇒ α = n ∈ N.
L
Desta forma chegamos a
Proposição 3.3
Proposição 3.4
∂u ∂ 2u
ED = k 2 , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t ∂x
∂u ∂u
CF (0, t) = 0 (L, t) = 0, t ≥ 0; (3.20)
∂x ∂x
N
a0 X nπ
CI u(x, 0) = + an cos x , 0 ≤ x ≤ L.
2 n=1
L
Que acontece com a solução obtida acima quando o tempo cresce? Neste caso em cada
a0
seção x, u(x, t) → quando t → ∞. Veremos depois que esta constante está relacionada
2
com a energia térmica da barra, que é conservada neste caso pelo fato dos extremos
estarem isolados.
A seguir apresentamos um exemplo.
Exemplo 3.2.3. Determine uma solução do problema
∂u ∂ 2u
ED = 2 2 , 0 ≤ x ≤ 1, t ≥ 0;
∂t ∂x
∂u ∂u
CF (0, t) = 0 (1, t) = 0, t ≥ 0;
∂x ∂x
CI u(x, 0) = cos2 (3πx), 0 ≤ x ≤ 1.
Solução:
Neste exemplo temos L = 1 e k = 2. Além disto, nπ L
= nπ, por isso precisamos ter na
condição inicial f uma combinação linear de funções da forma cos(nπx), com n = 0, 1, . . . .
Como f (x) = cos2 (3πx), vamos aplicar a identidade trigonómetrica
1
cos2 (α) = (1 + cos(2α))
2
e obtemos que
1 1 1
f (x) = cos2 (3πx) = (1 + cos(6πx)) = + cos(6πx).
2 2 2
2 ·2t
Para construir a solução basta inserir a exponencial e−(6π) = e−72πt na frente de
cos(6πx). Portanto,
1 1
u(x, t) = + e−72πt cos(6πx)
2 2
é uma solução deste problema.
50 CAPÍTULO 3. A EQUAÇÃO DO CALOR
X(−L) = X(L)
⇒ c1 cos(−αL) + c2 sen(−αL) = c1 cos(αL) + c2 sen(αL)
⇒ c1 cos(αL) − c2 sen(αL) = c1 cos(αL) + c2 sen(αL)
⇒ 2c2 sen(αL) = 0 ⇒ c2 sen(αL) = 0
X 0 (−L) = X 0 (L)
⇒ −c1 α sen(−αL) + c2 α cos(−αL) = −c1 α sen(αL) + c2 α cos(αL)
⇒ c1 sen(αL) + c2 cos(αL) = −c1 α sen(αL) + c2 α cos(αL)
⇒ 2c1 α sen(αL) = 0 ⇒ c1 α sen(αL) = 0
Desta forma, para evitar que c1 e c2 sejam ambas zero, devemos escolher α de forma que
nπ
sen(αL) = 0, ou seja α = , n ∈ N. Renomeando c1 e c2 como an e bn , respectivamente,
L
obtemos o resultado a seguir.
3.2. SOLUÇÃO DE ALGUNS PROBLEMAS DE CONTORNO 51
Proposição 3.5
Proposição 3.6
∂u ∂ 2u
ED = k 2 , −L ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t ∂x
∂u ∂u
CF u(−L, t) = u(L, t), (−L, t) = (L, t) t ≥ 0; (3.23)
∂x ∂x
N
a0 X h nπ nπ i
CI u(x, 0) = + an cos x + bn sen x , −L ≤ x ≤ L
2 n=1
L L
v 00 (x) = 0 ⇒ v(x) = c1 x + c2 ,
onde c1 e c2 são constantes que determinamos usando as condições de fronteira:
A = v(0) = c2
B = v(L) = c1 L + c2 .
B−A
Portanto c2 = A e c1 = e a solução procurada será
L
B−A
v(x) = x + A. (3.25)
L
Se considerarmos agora a função w(x, t) = u(x, t) − v(x), então
w(0, t) = u(0, t) − v(0) = A − A = 0
w(L, t) = u(L, t) − v(L) = B − B = 0
w(x, 0) = u(x, 0) − v(x) = g(x) − v(x)
e w vai satisfazer
∂w ∂ 2w
ED = k 2 , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t ∂x
CF w(0, t) = 0, w(L, t) = 0 t ≥ 0;
CI w(x, 0) = g(x) − v(x), 0 ≤ x ≤ L.
N
X nπ
Por enquanto, só sabemos resolver este problema quando g(x)−v(x) = bn sen x .
n=1
L
N nπ
nπ 2
X
Neste caso obtemos w(x, t) = bn e−( L ) kt sen x , portanto a solução procurada
n=1
L
será
N
B−A X nπ 2 nπ
u(x, t) = v(x) + w(x, t) = x+A+ e−( L ) kt sen( x). (3.26)
L n=1
L
3.2. SOLUÇÃO DE ALGUNS PROBLEMAS DE CONTORNO 53
2
Figura 3.3: Gráfico de u(x, t) = 3x + 2 + 3e−4π t sen(2πx)
3.2.5 Exercı́cios
Exercı́cio 2.1
Utilize a proposição 3.2 para resolver o problema
∂u ∂ 2u
ED = 2 2 , 0 ≤ x ≤ 3, t ≥ 0;
∂t ∂x
CF u(0, t) = 0 u(3, t) = 0, t ≥ 0;
CI u(x, 0) = f (x), 0 ≤ x ≤ 3.
nos casos
2πx 5πx π
(a) f (x) = 4 sen − sen (c) f (x) = −9 cos (2x + 3)
3 3 6
(b) f (x) = 5 sen(4πx) + 2 sen(10πx)
Exercı́cio 2.2
2
Verifique que todas as soluções produto da equação do calor da forma u(x, t) = e−α kt [c1 eαx +
c2 e−αx ] que satisfaçam CF em (3.20) ou CF em (3.23) devem ser nulas.
Exercı́cio 2.3
Resolva o problema
∂u ∂ 2u
ED = 3 2 , 0 ≤ x ≤ 3, t ≥ 0;
∂t ∂x
∂u ∂u
CF (0, t) = 0, (3, t) = 0, t ≥ 0;
∂x ∂x
CI u(x, 0) = f (x), 0 ≤ x ≤ 3
Exercı́cio 2.4
Resolva o problema
∂u ∂ 2u
ED = , −π ≤ x ≤ π, t ≥ 0;
∂t ∂x2
∂u ∂u
CF u(−π, t) = u(π, t), (−π, t) = (π, t), t ≥ 0;
∂x ∂x
CI u(x, 0) = f (x), −π ≤ x ≤ π
nos casos seguintes:
(a) f (x) = 5 cos(x) + 3 sen(8x)
1
(b) f (x) = + cos(2x) − 6 sen(2x)
2
56 CAPÍTULO 3. A EQUAÇÃO DO CALOR
Exercı́cio 2.5
Integre (3.21) e (3.24) para concluir que as soluções de (3.20) e de (3.23) satisfazem
1 L
Z
a0
u(x, t)dx = , para todo t ≥ 0.
L 0 2
Que
Z L informação nos dá essa igualdade sobre a energia da barra? Lembre que a integral
u(x, t)dx é proporcional à energia térmica da barra no instante t.
0
Exercı́cio 2.6
Considere a solução u do problema de Neumann homogêneo.
(a) Sem utilizar a expressão das soluções, prove que a energia total da barra
Z L
E(t) = u(x, t) dx.
0
dE
se conserva, ou seja, que ela é independente de t (Sugestão: calcule ).
dt
(b) Use a condição inicial para exprimir E(t) em termos de f (x).
(c) Quais problemas de Neumann não homogêneos terão também a energia E(t) conser-
vada? Você saberia interpretar por quê?
Exercı́cio 2.7
Refaça (a) e (b) do exercı́cio anterior no caso do problema de propagação do calor na
barra circular.
Exercı́cio 2.8
Considere a equação diferencial ordinária
X 00 (x) − λX(x) = 0.
Determine os valores de λ ∈ R para os quais existem soluções não nulas desta equação
que satisfazem as condições de fronteira abaixo. Obtenha também a expressão destas
soluções. Considere L > 0.
Exercı́cio 2.9
(a) Utilize o item (b) do exercı́cio anterior para determinar todas as soluções produto não
nulas da equação do calor satisfazendo as condições de fronteira para o problema
∂u ∂ 2u
ED = k 2 , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t ∂x
∂u
CF u(0, t) = 0, (L, t) = 0 t ≥ 0;
∂x
CI u(x, 0) = f (x), 0 ≤ x ≤ L.
3.2. SOLUÇÃO DE ALGUNS PROBLEMAS DE CONTORNO 57
N
X (n + 1/2)π
(b) Resolva o problema se f (x) = dn sen x para algum inteiro N ≥ 0.
n=0
L
∂u ∂ 2u
ED = 2 2 , 0 ≤ x ≤ 1, t ≥ 0;
∂t ∂x
∂u
CF u(0, t) = 1, (1, t) = 1 t ≥ 0;
∂x
3π
CI u(x, 0) = x + sen( x) + 1, 0 ≤ x ≤ 1.
2
Exercı́cio 2.10
Resolva o problema
∂u ∂ 2u
ED = k 2 , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t ∂x
∂u
CF u(0, t) = d, (L, t) = c t ≥ 0;
∂x
CI u(x, 0) = cx + d, 0 ≤ x ≤ L
Exercı́cio 2.11
Assuma que a superfı́cie lateral de uma barra não foi perfeitamente isolada de forma que
o calor consegue sair de cada seção transversal com taxa proporcional à temperatura da
seção. Neste caso a temperatura u deve satisfazer a equação
∂u ∂ 2u
= k 2 − hu
∂t ∂x
∂w ∂ 2w
(a) Prove que se w = w(x, t) satisfaz = k 2 , então u(x, t) = e−ht w(x, t) satisfaz
∂t ∂x
∂u ∂ 2u
= k 2 − hu.
∂t ∂x
∂u ∂ 2u
ED = k 2 − hu, 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t ∂x
CF u(0, t) = 0 u(L, t) = 0, t ≥ 0;
XN nπ
CI u(x, 0) = bn sen x , 0 ≤ x ≤ L.
n=1
L
58 CAPÍTULO 3. A EQUAÇÃO DO CALOR
• A função u(x, 0) parece muito com uma outra função. Você sabe qual é esta função?
∂u ∂ 2u
ED = k 2 , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t ∂x
CF u(0, t) = 0 u(L, t) = 0, t ≥ 0;
CI u(x, 0) = f (x), 0 ≤ x ≤ L.
definimos a função
Z L
1
F (t) = u2 (x, t)dx.
2 0
É claro que F (t) ≥ 0. Vamos provar que F é não crescente. Derivando obtemos
Z L
dF 1 ∂ 2
= u (x, t)dx
dt 2 0 ∂t
L Z L
∂ 2u
Z
∂u
= u(x, t) (x, t)dx = k u 2 dx,
0 ∂t 0 ∂x
Z L 2
∂u x=L
∂u
= ku −k dx.
∂x x=0 0 ∂x
1 L 2
Z
Em outras palavras, a quantidade u (x, t)dx decresce ao longo do tempo , ou seja o
2 0
calor se dissipa. Na verdade, o fato de mantermos os extremos da barra com temperaturas
nulas equilibra a distribuição de temperatura de forma que ela vai se aproximando cada
vez mais de zero. Mais adiante provaremos que u(x, t) → 0 quando t → 0.
Com este resultado, podemos provar facilmente a unicidade das soluções para o problema
de Dirichlet.
∂u ∂ 2u
ED = k 2 , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t ∂x
CF u(0, t) = A(t) u(L, t) = B(t), t ≥ 0;
CI u(x, 0) = f (x), 0 ≤ x ≤ L.
Demonstração. Seja u(x, t) = u1 (x, t)−u2 (x, t). Pelo Princı́pio de Superposição, u satisfaz
∂u ∂ 2u
ED = k 2 , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t ∂x
CF u(0, t) = 0 u(L, t) = 0, t ≥ 0;
CI u(x, 0) = 0, 0 ≤ x ≤ L.
1 L 2
Z
Como sabemos que F (t) = u (x, t)dx não cresce no tempo e como neste caso F (0) =
2 0
0, obtemos que para qualquer t > 0, F (t) ≤ 0 e portanto F (t) = 0 e u ≡ 0.
Princı́pio do Máximo
Se observarmos diferentes soluções da equação do calor, perceberemos que ela tende a
promediar máximos e mı́nimos. Analisando a equação podemos ter uma ideia intuitiva
∂u ∂ 2u
do que acontece. Basicamente, = k 2 significa: A temperatura decresce no tempo
∂t ∂x
quando a distribuição é côncava e ela cresce quando a distribuição é convexa. (Lembre
da figura 3.1.)
De aqui concluimos que se para um instante t0 a temperatura u(x, t0 ) possui um máximo
no interior da barra, esse máximo está decrescendo no tempo e se houver um mı́nimo,
este cresce no tempo. A conclusão é que valores extremos (máximos ou mı́nimos de
temperatura) só podem ser atingidos ou no instante inicial ou nos extremos da barra.
60 CAPÍTULO 3. A EQUAÇÃO DO CALOR
Figura 3.4: Uma função com este gráfico não pode ser solução da equação do calor
Se u(x, t) satisfaz o problema de Dirichlet para a equação do calor sobre uma região
0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0, então ela assume seu valor máximo (como função de x e t) ou no
instante inicial ( t = 0) ou nos extremos da barra (onde x = 0 ou x = L).
O mesmo tipo de resultado vale para o mı́nimo de u(x, t). As provas destes resultados
podem ser consultadas em [2], por exemplo.
Exemplo 3.2.6. Utilize o Princı́pio do Máximo para deduzir que a solução do problema
∂u ∂ 2u
ED = 9 2 , 0 ≤ x ≤ 3, t ≥ 0;
∂t ∂x
CF u(0, t) = 0 u(3, t) = 0, t ≥ 0;
π
CI u(x, 0) = 6 sen( x) + 2 sen(πx), 0 ≤ x ≤ 3.
3
√
satisfaz u(x, t) ≤ 4 2.
Solução:
Aqui k = 9 e L = 3. Utilizando a proposição 3.2 obtemos que a solução deste problema
é
2 π 2
u(x, t) = 6e−π t sen( x) + 2e−9π t sen(πx).
3
Daqui obtemos que u(x, t) ≤ 8, mas precisamos de uma cota melhor.
Como a temperatura vale zero nos extremos da barra, precisamos somente calcular o
máximo da distribuição inicial de temperatura. Derivando f (x) = 6 sen( π3 x) + 2 sen(πx)
obtemos
π 2π π
f 0 (x) = 2π(cos( x) + cos(πx)) = 4π cos( x) cos( x).
3 3 3
3.2. SOLUÇÃO DE ALGUNS PROBLEMAS DE CONTORNO 61
Aqui usamos que cos(α)+cos(β) = 2 cos( 12 (α +β)) cos( 21 (α +β)). Portanto, no intervalo
[0, 3], f 0 (x) = 0 somente quando x = 34 , x = 32 ou x = 94 . O gráfico de f aparece a seguir.
√
Isso mostra que os valores máximos de f são f ( 34 ) = f ( 94 ) = 4 2.
Repare que o que fizemos é bem mais simples do que calcular o máximo da função
2 2
u(x, t) = 6e−π t sen( π3 x) + 2e−9π t sen(πx) na faixa 0 ≤ x ≤ 3 e t ≥ 0.
2 2
Figura 3.6: Gráfico de u(x, t) = 6e−π t sen( π3 x) + 2e−9π t sen(πx). O máximo é atingido no
instante inicial.
margem de erro. Desta forma, é desejável que para a formulação matemática que fizemos
do problema, pequenas variações nas condições de iniciais e de fronteira resultem em
pequenas variações na solução. Quando isto acontece, dizemos que a solução depende
continuamente das condições iniciais e de fronteira.
∂u ∂ 2u
ED = k 2,
∂t ∂x
CF u(0, t) = A1 (t) u(L, t) = B1 (t),
CI u(x, 0) = f1 (x).
∂u ∂ 2u
ED = k 2,
∂t ∂x
CF u(0, t) = A2 (t) u(L, t) = B2 (t),
CI u(x, 0) = f2 (x).
Se para algum ε > 0 vale que |f1 (x) − f2 (x)| ≤ ε para todo x tal que 0 ≤ x ≤ L, e
que |A1 (t) − A2 (t)| ≤ ε e |B1 (t) − B2 (t)| ≤ ε para todo t tal que 0 ≤ t ≤ T , então
∂u ∂ 2u
ED = k 2 , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t ∂x
∂u ∂u
CF (0, t) = a(t) (L, t) = b(t), t ≥ 0;
∂x ∂x
CI u(x, 0) = f (x), 0 ≤ x ≤ L.
F Exercı́cio 2.13
Prove a unicidade das soluções do problema de propagação do calor na barra circular.
∂u ∂ 2u
ED = k 2, −L ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t ∂x
∂u ∂u
CF u(−L, t) = u(L, t) (−L, t) = (L, t), t ≥ 0;
∂x ∂x
CI u(x, 0) = f (x), −L ≤ x ≤ L.
F Exercı́cio 2.14
Encontre o máximo e o mı́nimo das soluções que você achou no exercı́cio 2.1 desta seção.
F Exercı́cio 2.15
Prove a unicidade das soluções do problema de Dirichlet utilizando o Princı́pio do Máximo.
Sugestão: Qual é o máximo e o mı́nimo nas fronteiras laterais e no instante inicial do
problema de Dirichlet homogêneo com condições de fronteira nulas?
64 CAPÍTULO 3. A EQUAÇÃO DO CALOR
Capı́tulo 4
Séries de Fourier
Estes resultados nao podem ser considerados totalmente satisfatórios uma vez que eles
não nos permitem considerar como condição inicial funções muito simples. Por exemplo,
nós saberı́amos encontrar a temperatura em cada instante de uma barra de comprimento
1 com extremos mantidos a temperatura zero, se sua temperatura inicial fosse f (x) =
2 sen(4πx) − 5 sen(7πx), mas não saberı́amos fazer isto se a temperatura inicial fosse
f (x) = x(1 − x).
Podemos então, no lugar de considerarmos funções f da forma
N
a0 X h nπ nπ i
f (x) = + an cos x + bn sen x ,
2 n=1
L L
e estudar então funções que possam ser representadas desta forma. Para tais condições
65
66 CAPÍTULO 4. SÉRIES DE FOURIER
iniciais parece natural analisar em que sentido seria válida uma solução com a expressão
∞
a0 X −( nπ )2 kt h nπ nπ i
u(x, t) = + e L an cos x + bn sen x .
2 n=1
L L
No entanto, séries infinitas devem ser tratadas com mais cuidado do que somas finitas
e por isso esta construção formal precisa ser fundamentada rigorosamente. As questões
principais são:
( ∞
)
Z L Z L
a0 X h nπ nπ i
f (x)dx = + an cos x + bn sen x dx
−L −L 2 n=1
L L
Z L ∞ Z L h
a0 X nπ nπ i
= dx + an cos x + bn sen x dx
2 −L n=1 −L
L L
X∞ Z L nπ Z L nπ
= a0 L + an cos x dx + bn sen x dx .
n=1 −L L −L L
4.1. DEFINIÇÃO E EXEMPLOS 67
Z L π Z L( ∞
)
a0 X h nπ nπ i π
f (x) cos x dx = + an cos x + bn sen x cos x dx
−L L −L 2 n=1
L L L
Z L Z LX ∞ h
a0 π nπ π nπ π i
= cos x dx + an cos x cos x + bn sen x cos x dx
2 −L L −L n=1 L L L L
∞
a0 L
Z π X Z L nπ π Z L nπ π
= cos x dx + an cos x cos x dx + bn sen x cos x dx .
2 −L L n=1 −L L L −L L L
Z L π
Pela igualdade (4.2) com n = 1 obtemos que cos x dx = 0. As outras integrais
−L L
que precisamos podem ser calculadas usando
Z L nπ mπ
sen x cos x dx = 0, n = 1, 2, . . . , m = 0, 1, 2, . . . ; (4.4)
−L L L
Z L nπ mπ
cos x cos x dx = 0, n = 0, 1, 2, . . . , m = 0, 1, 2, . . . , n 6= m; (4.5)
−L L L
Z L nπ mπ
sen x sen x dx = 0, n = 1, 2, . . . , m = 1, 2, . . . , n 6= m (4.6)
−L L L
e também
Z L
dx = 2L; (4.7)
−L
Z L nπ
cos2 x dx = L; (4.8)
−L L
Z L
2 nπ
sen x dx = L. (4.9)
−L L
No exercı́cio 6 desta seção pedimos para verificar todas estas igualdades. Concluı́mos
então que
Z L
1 L
π Z π
f (x) cos x dx = a1 L ⇒ a1 = f (x) cos x dx.
−L L L −L L
68 CAPÍTULO 4. SÉRIES DE FOURIER
De forma geral, para obter qualquer coeficiente, devemos multiplicar pelo seno ou
cosseno que o acompanha dentro do somatório, integrar entre −L e L e depois utilizar as
igualdades listadas acima. Isto tudo motiva a seguinte definição.
1 L
Z nπ
an = f (x) cos x dx, n ≥ 0; (4.10)
L −L L
1 L
Z nπ
bn = f (x) sen x dx, n ≥ 1. (4.11)
L −L L
N
a0 X h nπ nπ i
SN f (x) = + an cos x + sen x , (4.13)
2 n=1
L L
• Poderia acontecer que alguns dos coeficientes de Fourier não estivessem definidos,
por exemplo se f for não limitada e alguma das integrais em (4.10) ou (4.11) for uma
integral imprópria divergente. Uma maneira de garantirmos que todos os coeficientes
de Fourier estão bem definidos é exigindo que f seja absolutamente integrável, ou
seja que
Z L
|f (x)|dx < ∞.
−L
4.1. DEFINIÇÃO E EXEMPLOS 69
1 L L
Z nπ Z
1 nπ
|an | = | f (x) cos x dx| ≤ |f (x) cos x |dx (4.14)
L −L L L −L L
1 L
Z
≤ |f (x)|dx (4.15)
L −L
1 L L
Z nπ Z
1 nπ
|bn | = | f (x) sen x dx| ≤ |f (x) sen x |dx (4.16)
L −L L L −L L
1 L
Z
≤ |f (x)|dx. (4.17)
L −L
Portanto, além de todos os coeficientes de Fourier existirem, obtemos que eles devem
1 L
Z
ser limitados pela constante |f (x)|dx.
L −L
Portanto, as somas parciais em (4.13) também terão perı́odo 2L, quando consideradas
como funções definidas sobre a reta toda. Isto significa que a série de Fourier Sf , se ela
convergir, será uma função de perı́odo 2L. Por isso faz sentido também definir a série de
Fourier para funções de perı́odo 2L. A definição é exatamente a mesma.
Vejamos alguns exemplos.
Solução: A função f é absolutamente integrável em [−L, L], portanto todos seus coefi-
70 CAPÍTULO 4. SÉRIES DE FOURIER
2
Como b2k = 0 e b2k−1 = , podemos escrever a mesma série na forma
(2k − 1)π
∞
1 2X 1 (2k − 1)π
Sf (x) = + sen x .
2 π k=1 2k − 1 L
Podemos também calcular algumas somas parciais de Fourier. Por exemplo:
1 2 π
S1 f (x) = + sen x = S2 f (x)
2 π L
1 2 π 2 3π 2 5π
S5 f (x) = + sen x + sen x + sen x = S6 f (x).
2 π L 3π L 5π L
Na figura 4.1 representamos o gráfico de f junto com algumas somas parciais de Fourier.
Podemos perceber que as somas parciais de Fourier parecem se aproximar de uma função
descontı́nua que coincide com f sobre os intervalos da forma (jL, (j + 1)L), j ∈ Z e que
1
vale nos extremos destes intervalos pois nesses pontos, todas somas parciais tomam esse
2
valor.
Solução:
4.1. DEFINIÇÃO E EXEMPLOS 71
1 L 1 x2 L L
Z
a0 = xdx = = ;
L 0 L 2 0 2
Z L Z L
1 nπ 1n L nπ L L nπ o
an = x cos x dx = x sen x − sen x dx
L 0 L L nπ L 0 nπ 0 L
L nπ L L((−1)n − 1)
= 2 2 cos x =
nπ L 0 n2 π 2
Z L Z L
1 nπ 1 n −L nπ L L nπ o
bn = x sen x dx = x cos x + cos x dx
L 0 L L nπ L 0 nπ 0 L
L (−1)n+1 L
=− cos(nπ) = .
nπ nπ
Neste exemplo, a partir da cota obtida nas estimativas (4.14)-(4.17) poderı́amos afirmar
Z L
L2
apenas que |an | e |bn | são limitadas superiormente por xdx = . No entanto, após
0 2
calcularmos os coeficientes, vemos que bn converge para zero como uma constante vezes
1
n
e que an o faz ainda mais rápido, como uma constante vezes n12 . Então,
∞
L L X ((−1)n − 1) nπ (−1)n+1 nπ
Sf (x) = + cos x + sen x (4.18)
4 π n=1 n2 π L n L
2L
(
− , n ı́mpar;
ou ainda, observando que an = n2 π 2
0, n par,
∞ ∞
L X (−1)n+1
L 2L X 1 (2k − 1)π nπ
Sf (x) = − 2 cos x + sen x . (4.19)
4 π k=1 (2k − 1)2 L π n=1 n L
72 CAPÍTULO 4. SÉRIES DE FOURIER
Definição 4.2
Uma função
N
a0 X h nπ nπ i
g(x) = + an cos x + bn sen x (4.20)
2 n=1
L L
com aN 6= 0 ou bN 6= 0 chama-se de polinômio trigonométrico de ordem N e
perı́odo 2L.
Proposição 4.1
1 − cos(2α)
sen2 (α) =
2
1 1
e obtemos que g(x) = − cos(2x).
2 2
Portanto, os únicos coeficiente não nulos de g são a0 = 1 e a2 = − 12 . Usando as
fórmulas dos coeficientes de Fourier obtemos que
Z π Z π
1 2
sen (x)dx = 1 ⇒ sen2 (x)dx = π
π −π
Z π Z−π
π
1 1 π
sen2 (x) cos(2x)dx = − ⇒ sen2 (x) cos(2x)dx = −
π −π 2 2
Z π Z−π
π
1
sen2 (x) cos(nx)dx = 0 ⇒ sen2 (x) cos(nx)dx = 0, n = 1, 3, 4 . . .
π −π
Z−π
1 π π
Z
sen2 (x) sen(nx)dx = 0 ⇒ sen2 (x) sen(nx)dx = 0, n = 1, 2, . . . .
π −π −π
74 CAPÍTULO 4. SÉRIES DE FOURIER
resulta que
cos(5x) = cos5 (x) − 10 cos3 (x) sen2 (x) + 5 cos(x) sen4 (x).
Substituindo essa expressão e a fórmula para sen(2x) na função f , obtemos
1 3 15
f (x) = + 2 cos(x) sen(x) − cos5 (x) + 15 cos3 (x) sen2 (x) − cos(x) sen4 (x).
2 2 2
Se considerarmos o polinômio de duas variáveis
1 3 15
p(x, y) = + 2xy − x5 + 15x3 y 2 − xy 4 ,
2 2 2
temos que
f (x) = p(cos(x), sen(x)).
Proposição 4.2
f (n) (0)
onde cn = . As somas parciais de uma série de potências
n!
n
X
n
pn (x) = c0 + c1 x + · · · + cn x = ck x k ,
k=0
são polinômios.
Embora aparentemente similares, de fato as teorias que estudam estes dois tipos de séries
são significativamente diferentes. A teoria das séries de potências ficou bem estabelecida
desde a época da origem do cálculo, enquanto que ainda certas questões sobre as séries
de Fourier precisam ser bem compreendidas.
Uma série de potências na variável x, ou converge em todos os pontos ou converge em
um intervalo centrado no zero ou converge apenas quando x = 0. Por outro lado, uma
série de Fourier pode convergir em conjuntos bastante bizarros. Além disto, se uma série
de potências converge, ela o faz para uma função analı́tica cujas derivadas são obtidas
derivando a série termo a termo, enquanto as séries de Fourier podem convergir para
funções que não são contı́nuas e quando elas são deriváveis nem sempre é possı́vel derivar
termo a termo.
4.1.3 Exercı́cios
Exercı́cio 1.1
Calcule a série de Fourier das funções a seguir, definidas no intervalo indicado.
(a) f (x) = 3x + 1, −L ≤ x ≤ L;
(d) f (x) = x2 , −L ≤ x ≤ L;
(e) f (x) = x3 , −L ≤ x ≤ L;
(f) f (x) = x3 − L2 x, −L ≤ x ≤ L;
(h) f (x) = ex , −π ≤ x ≤ π.
Exercı́cio 1.2
Obtenha as séries de Fourier das funções abaixo sem calcular nenhuma integral.
Exercı́cio 1.3
Calcule a série de Fourier das funções a seguir, definidas no intervalo [−π, π].
1, |x| ≤ π2 ;
(a) f (x) =
0, caso contrário.
1, 21 π < |x| ≤ π;
(b) f (x) =
0, caso contrário.
1, 21 π < x ≤ π;
(c) f (x) = ;
0, caso contrário.
x, |x| ≤ π2 ;
(d) f (x) =
0, caso contrário.
cos(x), |x| ≤ π2 ;
(e) f (x) =
0, caso contrário.
sen(x), 0 ≤ x ≤ π;
(f) f (x) = .
0, caso contrário.
Exercı́cio 1.4
Verdadeiro ou falso? Justifique
(a) A série de Fourier da função 2f (x) é obtida multiplicando cada termo na série de
Fourier de f (x) por 2.
(b) A série de Fourier da função f (2x) é obtida substituindo x por 2x na série de Fourier
de f (x).
Exercı́cio 1.5
nπ nπ
Considere a função fn (x) = an cos L
x , com n ∈ N.
+ bn sen L
x
nπ nπ 2L
(a) Verifique que o perı́odo fundamental das funções cos x e sen x é , onde
L L n
n ∈ N.
(b) Chame de (An , ϕn ) às coordenadas polares do ponto P = (bn , an ), ou seja, An =
(a2n + b2n )1/2 , bn = An cos ϕn e an = An sen ϕn . Prove que
nπ
fn (x) = An sen x + ϕn . (4.21)
L
Ou seja, os somandos na série de Fourier são funções senoidais com amplitude An e
fase ϕn .
Exercı́cio 1.6
Verifique as igualdades (4.2)-(4.9) utilizando as identidades trigonométricas a seguir
1 + cos(2α)
cos2 (α) = (4.22)
2
1 − cos(2α)
sen2 (α) = (4.23)
2
sen(α + β) + sen(α − β)
sen(α) cos(β) = (4.24)
2
cos(α − β) − cos(α + β)
sen(α) sen(β) = (4.25)
2
cos(α + β) + cos(α − β)
cos(α) cos(β) = . (4.26)
2
Exercı́cio 1.7
(a) Verifique que
3 1
cos3 x = cos x + cos 3x.
4 4
Para isto, você pode usar a identidade (4.22) ou o procedimento do exemplo 4.1.6.
(b) Sem calcular nenhuma integral, escreva os valores dos coeficientes de Fourier de cos3 x.
Perceba que cos3 x é uma função 2π-periódica, ou seja, aqui L = π.
Z π
3π
(c) Deduza da relação anterior que cos3 (x) cos(x)dx = e que
Z π −π 4
π
cos3 (x) cos(3x)dx = .
−π 4
F Exercı́cio 1.8
Para cada um dos polinômios trigonométricos abaixo, calcule o perı́odo fundamental. A
seguir encontre um polinômio de duas variáveis p(x, y) tal que g(x) = p(cos(x), sen(x)).
(a) g(x) = 1 + sen(2x) + cos(2x);
(b) g(x) = − sen(x) + cos(4x);
78 CAPÍTULO 4. SÉRIES DE FOURIER
Definição 4.3
Exemplo 4.2.1. As funções contı́nuas são contı́nuas por partes. O número de desconti-
nuidades de tipo salto em cada intervalo [a, b] é zero.
1
x
, x 6= 0;
Exemplo 4.2.2. A função f (x) = não é contı́nua por partes pois seu
0, x = 0.
limite quando x → 0+ não existe.
O gráfico de uma função suave por partes pode ser de vários tipos. Se f tem primeira
derivada contı́nua, a inclinação da tangente ao seu gráfico em cada ponto muda continua-
mente, sem saltos. Por isso o gráfico de uma função deste tipo é uma curva contı́nua sem
“ quinas”. (veja a figura 4.4(a))
Se f for contı́nua, mas f 0 possuir descontinuidades de tipo salto, teremos um gráfico
sem saltos, mas com “ quinas” nos pontos onde f 0 é descontı́nua, pois nesses pontos a
4.2. CONVERGÊNCIA DAS SÉRIES DE FOURIER 79
tangente vai se aproximar de dois valores distintos pela direita e pela esquerda. (veja a
figura 4.4(b))
Se tanto f quanto f 0 possuı́rem descontinuidades de tipo salto, o gráfico de f terá
saltos nas suas descontinuidades e terá “ quinas” nas descontinuidades da derivada. (veja
a figura 4.4(c))
Teorema 4.1
Esta função é descontı́nua somente nos pontos da forma x = jL, com j ∈ Z. Em cada
um deles os limites laterais existem e valem 0 e L. A derivada de f existe fora desses
80 CAPÍTULO 4. SÉRIES DE FOURIER
pontos e é igual a zero. Portanto, as hipóteses do teorema são satisfeitas e obtemos que
1, 2jL < x < (2j + 1)L;
Sf (x) = 0, (2j − 1)L < x < 2jL;
1/2, x = jL, j ∈ Z; .
As séries de Fourier às vezes nos permitem obter somas de séries numéricas. Observe
que neste caso se 0 < x < L,
∞ ∞
1 2X 1 (2k − 1)π X 1 (2k − 1)π π
+ sen x =1⇒ sen x =
2 π k=1 2k − 1 L k=1
2k − 1 L 4
(2k − 1)π
Se substituirmos na expressão acima um valor de x tais que sen x seja
L
simples de se
calcular, poderemos
deduzir a soma
de uma série numérica. Por exemplo, se
L (2k − 1)π (2k − 1)π π
x = , sen x = sen = sen − + kπ = (−1)k+1 , portanto,
2 L 2 2
∞
X (−1)k+1 π
= .
k=1
2k − 1 4
Portanto, se k ∈ Z,
∞ ∞
X cos(2nkπ) X 1
Sf (2kπ) = = = ∞.
n=1
n n=1
n
lim f (x) = ∞, k ∈ Z.
x→2kπ
Por outro lado, a análise gráfica (veja a figura 4.7) de algumas somas parciais de Fourier
desta série nos leva a conjecturar que nos valores de x onde f é contı́nua vale Sf (x) =
f (x). Isto é verdade, mas não podemos concluı́-lo usando o teorema 4.1.
Vale a pena também fazer uma observação sobre os coeficientes de Fourier. Usando as
estimativas (4.14)-(4.17) concluirı́amos apenas que os coeficientes de Fourier de f teriam
que ser menores ou iguais que a constante
Z π
| ln |2 sen(x/2)||dx ≤
−π
No entanto, após fazermos os cálculos, obtemos que eles convergem para zero com
velocidade n1 .
Suponha agora que f : [−L, L] → R é contı́nua por partes e sua derivada também.
Podemos estender esta função periodicamente sobre a reta toda de forma a obtermos uma
função fper que tem perı́odo 2L. fper coincidirá com f no intervalo (−L, L). O valor de fper
nos extremos de este intervalo pode ser escolhido de diferentes formas, pois precisaremos
que fper (−L) = fper (L), mas isto não vai influenciar nos valores dos coeficientes de Fourier.
[figura com fp er em cada caso]
Claramente a série de Fourier de f coincide com a de fper , sua extensão periódica. Além
0
disto, fper e fper também serão contı́nuas por partes. Pelo teorema (4.1), obtemos que
82 CAPÍTULO 4. SÉRIES DE FOURIER
a série de Fourier de f converge em todos os pontos. Além disto, se −L < x < L, ela
f (x+) + f (x−)
convergirá para f (x) nos pontos de continuidade e para nos pontos de
2
descontinuidade. Mas que ocorrerá nos extremos do intervalo?
Nesses pontos teremos que
fper (−L−) = f (L−), fper (L−) = f (L−)
fper (−L+) = f (−L+), fper (L+) = f (−L+).
Então
Teorema 4.2
Se f : [−L, L] → R é contı́nua por partes e tem derivada também contı́nua por partes,
então
(b) vale
f (x+) + f (x−) , −L < x < L;
Sf (x) = 2 (4.27)
f (−L+) + f (L−)
, x = L ou x = −L.
2
4.2. CONVERGÊNCIA DAS SÉRIES DE FOURIER 83
Podemos interpretar a série de Fourier de uma função suave por partes, definida sobre
um intervalo [−L, L], como sua extensão periódica mais imparcial pois nos extremos do
intervalo ela escolhe o valor médio entre os dois limites laterais de f .
Esta função é contı́nua e sua derivada vale 0 sobre o intervalo (−L, 0) e 1 sobre (0, L).
Portanto, f 0 é contı́nua por partes. Como f (−L) = 0 e f (L) = L a série de Fourier de f
vai apresentar descontinuidades nos pontos da forma x = (2k − 1)L, k ∈ Z e além disto
vale
x, 0 ≤ x < L;
Sf (x) = 0, −L < x < 0.
L
2
, x = −L ou x = −L.
4.2.3 Exercı́cios
Exercı́cio 2.1
Para todas as funções cujas séries de Fourier você calculou nos exercı́cios 1 (a), (c) e (h)
e 3 (a), (b) e (c) na seção anterior,
(a) Explique por que estas funções satisfazem as hipóteses do teorema 4.2.
Exercı́cio 2.2
Utilize o teorema 4.2 para concluir que no exemplo 4.3.3,
∞
2L X (−1)n+1 nπ x, −L < x < L;
Sf (x) = sen x =
π n=1 n L 0, x = −L ou x = L.
Esboce o gráfico de Sf (x) no intervalo [−3L, 3L].
Exercı́cio 2.3
Utilize o teorema 4.2 para concluir que no exemplo 4.3.4, se x ∈ [−L, L],
∞
L2 2L X [(−1)n − 1] nπ
Sf (x) = + 2 cos x = |x|.
2 π n=1 n2 L
Esboce o gráfico de Sf (x) no intervalo [−3L, 3L].
Exercı́cio 2.4
Considere a função f (x) = − ln |2 sen(x/2)|.
(a) Prove que f é 2π- periódica.
(b) Verifique que
lim f (x) = ∞, k ∈ Z.
x→2kπ
Exemplo 4.3.1. No exercı́cio 1 da seção anterior, você obterá que a série de Fourier de
f (x) = ex , −π ≤ x ≤ π é
∞
(−1)n n(−1)n
1 2 X
senh(π) + senh(π) 2+1
cos(nx) − 2 sen(nx) .
π π n=1
n n + 1
A partir daqui, não é difı́cil concluir (tente fazê-lo!!) que a série de Fourier de g(x) =
e−x , −π ≤ x ≤ π é
∞
(−1)n n(−1)n
1 2 X
senh(π) + senh(π) cos(nx) + 2 sen(nx) .
π π n=1
n2 + 1 n +1
Somando estas séries e multiplicando por 1/2, obtemos a série de Fourier de cosh(x) =
ex + e−x
, −π ≤ x ≤ π:
2
∞
1 2 X (−1)n
senh(π) + senh(π) 2+1
cos(nx). (4.28)
π π n=1
n
ex − e−x
De forma similar, obtemos a série de Fourier de senh(x) = , −π ≤ x ≤ π:
2
∞
X n(−1)n+1
2
senh(π) sen(nx). (4.29)
π n=1
n2 + 1
Definição 4.4
Se f é par, então se o ponto P = (x, f (x)) está no gráfico de f , o ponto Q = (−x, f (x))
também o estará. Ou seja, o gráfico de f é simétrico em relação ao eixo y.
[gráficos com exemplos de funções pares]
Se f é ı́mpar, então se o ponto P = (x, f (x)) está no gráfico de f , o ponto Q =
(−x, −f (x)) também o estará. Neste caso, o gráfico de f será invariante em relação a
reflexões com centro na origem de coordenadas, (x, y) ↔ (−x, −y).
[gráficos com exemplos de funções ı́mpares]
Proposição 4.3
• O produto de duas funções pares ou de duas funções ı́mpares é uma função par.
Proposição 4.4
e então,
∞
2L X (−1)n+1 nπ
Sf (x) = sen x .
π n=1 n L
Utilizando as desigualdades (4.14)-(4.17) neste exemplo obterı́amos que os coeficientes
Z L
de Fourier devem ser limitados superiormente pela constante |x|dx = L2 . Após termos
−L
calculado os coeficientes, verificamos que os coeficientes não nulos (bn ) decaem para zero
como uma constante vezes n1 .
A série de Fourier apresenta descontinuidades nos múltiplos ı́mpares de L.
Exemplo 4.3.4. Calculemos agora a série de Fourier de f (x) = |x|, −L ≤ x ≤ L.
Neste caso, f é par e portanto bn = 0, n = 1, 2, . . . . Mais uma vez utilizando os cálculos
feitos no exemplo 4.1.2, obtemos que
2 L
Z
a0 = xdx = L;
L 0
2 L 2L[(−1)n − 1]
Z nπ
an = x cos x dx =
L 0 L π 2 n2
e
∞
L 2L X [(−1)n − 1] nπ
Sf (x) = + 2 cos x
2 π n=1 n2 L
∞
L 4L X 1 (2k − 1)π
= + 2 cos x
2 π k=1 (2k − 1)2 L
4.3.3 Exercı́cios
Exercı́cio 3.1
Suponha que f : R → R é uma função de perı́odo 2L com série de Fourier
∞
a0 X h nπ nπ i
+ an cos x + bn sen x .
2 n=1
L L
(a) Sejam
f (x) + f (−x) f (x) − f (−x)
fp (x) = , fi (x) = .
2 2
Prove que fp e fi são funções par e ı́mpar com séries de Fourier
∞
a0 X nπ nπ
+ an cos x , bn sen x ,
2 n=1
L L
respectivamente.
88 CAPÍTULO 4. SÉRIES DE FOURIER
Exercı́cio 3.2
Para x ∈ (−π, π), determine os valores das séries
∞ ∞
X sen nx X cos nx
(a) ; (c) ;
n=1
n n=1
n2
∞ ∞
X sen nx X cos nx
(b) (−1)n ; (d) (−1)n 2
.
n=1
n n=1
n
Exercı́cio 3.3
Assumindo que f e f 0 estão definidas em [−L, L], verifique que f 0 é ı́mpar se f é par e
viceversa.
Exercı́cio 3.4
Prove a proposição 4.3 descrevendo as propriedades das funções pares e ı́mpares.
Proposição 4.5
Demonstração.
π2
Finalmente, multiplicando por obtemos 4.31.
4L2
Uma consequência da proposição acima é o seguinte resultado.
Nos exemplos 4.1.2 - 4.3.1 calculamos os coeficientes de Fourier de várias funções. você
pode verificar que todas elas são de quadrado integrável e que seus coeficientes de Fourier
convergem para 0. No entanto, nem todos convergem com a mesma velocidade. Por
exemplo, os coeficientes de Fourier do exemplo 4.3.4 decaem mais rápido que os do exemplo
4.3.3. Isto está relacionado com a regularidade da função f e é analisado no resultado a
seguir.
Proposição 4.6
L 0
an = − b
nπ n
L 0
bn = a
nπ n
Definição 4.5
Considere a sequência de funções {fn } definidas em um intervalo [a, b]. Dizemos que
∞
X
a série s(x) = fn (x) converge uniformemente sobre [a, b] se
n=1
X N
max fn (x) − s(x) → 0
a≤x≤b
n=1
quando N → ∞.
Seja {fn } uma sequência de funções definidas sobre um intervalo [a, b] e tal que
∞
X
|fn (x)| ≤ Mn , para todo x ∈ [a, b]. Então se Mn é uma série convergente, a série
n=1
de funções
∞
X
fn (x)
n=1
∞
(−1)n
nπ 1 X 1
Como 2 cos
x = 2 e vimos no exemplo 4.31 que a série
é convergente,
n L n n=1
n2
pelo Teste M de Weierstrass obtemos que Sf (x) converge uniformemente para x2 sobre
[−L, L].
Proposição 4.7
(a) Seja {fn } uma sequência de funções contı́nuas definidas sobre um intervalo [a, b]
∞
X
e tal que a série de funções fn (x) converge uniformemente sobre [a, b]. Então
n=1
X∞
(b) Se a série s(x) = fn (x) converge, se fn é derivável para cada n e se a série
P∞ 0 n=1
n=1 f n (x) é uniformemente convergente, então a série pode ser derivada termo
a termo, ou seja
X∞
0
s (x) = fn0 (x).
n=1
92 CAPÍTULO 4. SÉRIES DE FOURIER
Podemos derivar esta série termo a termo? Suponhamos que sim e derivemos os dois
termos da igualdade acima. Obtemos
∞
2L X (−1)n+1 nπ nπ
1= cos x ⇒
π n=1 n L L
∞
1 X nπ
= (−1)n+1 cos x .
2 n=1 L
No entanto, esta igualdade é falsa pois as somas parciais da série numérica no termo
direito oscilam entre os valores 1 e 0 e portanto, a série diverge. Isto significa que a
nossa suposição estava errada, ou seja, a série em (4.32) não pode ser derivada termo a
termo.
No exercı́cio 4 desta seção indicaremos como usar a proposição 4.6 para concluir que
para certa classe de funções, a série de Fourier da derivada pode ser obtida derivando
termo a termo a série de Fourier da função.
O teorema a seguir nos dá um critério bastante simples para podermos concluir a
convergência uniforme da série de Fourier de uma função f : [−L, L] → R.
Teorema 4.5
Seja f : [−L, L] → R contı́nua, tal que f (−L) = f (L) e com derivada contı́nua por
partes. Então Sf converge uniformemente para f sobre [−L, L], ou seja,
Demonstração. Pela observação feita depois do teorema 4.4, basta provar que sob as
∞
X
condições do teorema, (|an | + |bn |) < ∞.
n=1
Pela proposição 4.6 e pela desigualdade de Cauchy-Schwartz, temos que
4.4. MAIS SOBRE A CONVERGÊNCIA 93
∞ ∞
X LX1 0
|an | + |bn | ≤ (|an | + |b0n |)
n=1
π n=1
n
∞ ∞
L X 1 1/2 X 0 2
≤ ( 2
) ( (|an | + |b0n |2 )1/2 .
π n=1 n n=1
4
Então se ≤ 0, 01, obtemos que N ≥ 400. Ou seja, as somas parciais de Fourier com
N
no mı́nimo 400 termos aaproximarão x2 com um erro menor que 0, 01.
4.4.3 Exercı́cios
94 CAPÍTULO 4. SÉRIES DE FOURIER
Exercı́cio 4.1
Considere uma função f : [−L, L] → R com todos seus coeficientes de Fourier bem
definidos.
(a) Derive formalmente a série de Fourier de f termo a termo.
(b) Pela proposição 4.6 temos que se f : [−L, L] → R é contı́nua, satisfaz f (−L) =
f (L) e tem derivada absolutamente integrável, então os coeficientes de Fourier de f 0
satisfazem
nπ
a0n = bn
L
nπ
b0n = − an .
L
Substitua estas expressões na série de Fourier de f 0 e verifique que você obtém a série
obtida formalmente no item anterior. Isto significa que as séries de Fourier de funções
com as condições descritas acima, podem ser derivadas termo a termo.
(c) Isto contradiz o que foi observado no exemplo 4.4.3? Por quê?
Exercı́cio 4.2
Z L
(a) Prove que se f : [−L, L] → R é absolutamente integrável e se f (x)dx = 0,
Z x −L
Exercı́cio 4.3
A série de Fourier da função f (x) = x2 , −L ≤ x ≤ L é
∞
L2 4L2 X (−1)n nπ
Sf (x) = + 2 cos x . (4.33)
3 π n=1 n2 L
(b) Utilize a conclusão do exercı́cio 1 para derivar a série de Fourier (4.33) termo a termo.
Verifique que você reobtém desta forma parte do resultado do exercı́cio 2:
∞
2L X (−1)n+1 nπ
x= sen x , −L < x < L.
π n=1 n L
Exercı́cio 4.4
Considere a função f (x) = x3 − x, −1 ≤ x ≤ 1. Utilize a desigualdade
∞
X 1 1
3
≤
n=N +1
n 2N 2
Isto significa que basta utilizar 5 termos da série de Fourier para aproximar a função
f (x) = x3 − x com um erro máximo ε = 0.01 no intervalo [−1, 1].
Exercı́cio 4.5
Prove que
∞
X 1 1
k
≤ .
n=N +1
n (k − 1)N k−1
Definição 4.6
(b) A extensão par da função f : [0, L] → R é a única função par fp , definida sobre
[−L, L] e que coincide com f em (0, L], ou seja
f (x), 0 ≤ x ≤ L;
fp (x) =
f (−x), −L ≤ x < 0.
Definição 4.7
Seja f : [0, L] → R.
A definição acima nos diz que Ss f (x) = Sfi (x) e que Sc f (x) = Sfp (x). Vejamos um
exemplo.
Portanto,
∞
2L X 1 nπ
Ss f (x) = sen x .
π n=1 n L
Para obtermos o gráfico de Ss f , devemos primeiro estender a função f de forma ı́mpar
para obtermos fi e depois desenhar o gráfico de Sfi .
[figura, graficos de f, fi e Sfi ]
Calculemos agora a série em cossenos. Mais uma vez reaproveitando os cálculos feitos
no exemplo 4.1.2:
2 L x2
Z Z
2
a0 = (L − x)dx = (Lx − )|L0 = L
L 0 L 2
Z L
2 nπ
an = (L − x) cos x dx
L 0 L
Z L
2 L
nπ Z nπ
an = 2 cos x dx − x cos x dx
0 L L 0 L
2L(1 − (−1)n )
an =
n2 π 2
Portanto,
∞ ∞
L 2L X 1 − (−1)n
nπ L 4L X 1 (2k − 1)π
Sc f (x) = + 2 cos x = + 2 cos x .
2 π n=1 n2 L 2 π k=1 (2k − 1)2 L
Finalmente, para obtermos o gráfico de Sc f , devemos primeiro estender a função f de
forma par para obtermos fp e depois desenhar o gráfico de Sfp .
[figura, graficos de f, fp e Sfp ]
Utilizando os teoremas 4.2 e ?? obtemos o resultado a seguir.
Teorema 4.6
(a)
f (x+) + f (x−)
(
Ss f (x) = , 0 < x < L; (4.37)
2
0, x = 0 ou x = L.
Em particular, se f é contı́nua e se f (0) = f (L) = 0, então Ss f (x) = f (x) para
98 CAPÍTULO 4. SÉRIES DE FOURIER
todo x ∈ [0, L] e além disto, a convergência das somas parciais Ss,N f para f é
uniforme, ou seja,
(b)
f (x+) + f (x−)
, 0 < x < L;
Sc f (x) = 2 (4.38)
f (0+), x = 0;
f (L−), x = L.
Em particular, se f é contı́nua, vale Sc f (x) = f (x) para todo x ∈ [0, L] e além
disto, a convergência das somas parciais Sc,N f para f é uniforme, ou seja,
O teorema 4.6 explica por que no exemplo 4.5.1, embora estejamos considerando a
mesma função contı́nua f , resulta uma diferença tão grande entre Si f , que é descontı́nua
nos pontos x = (2k − 1)L com k ∈ Z e Sc f que é uma função contı́nua. O problema é
que para termos a continuidade na soma da série em senos, além da continuidade de f
precisamos da condição f (0) = f (L) = 0, que não é satisfeita pela função no exemplo.
Observe também que os coeficiente de Fourier de Sc f decaem mais rápido que os de Ss f .
De fato a série de Fourier em cossenos neste exemplo converge uniformemente e a série
em senos não.
4.5.2 Exercı́cios
Exercı́cio 5.1
Obtenha a série de Fourier em senos de cada uma das funções a seguir. Em cada caso,
esboce o gráfico de Ss f no intervalo [−3L, 3L].
(b) f (x) = x, 0 ≤ x ≤ L.
(c) f (x) = x2 , 0 ≤ x ≤ L.
(d) f (x) = x3 , 0 ≤ x ≤ L.
x, 0 ≤ x ≤ L/2;
(e) f (x) =
L − x, L/2 < x ≤ L.
sen πx
L
, 0 ≤ x ≤ L/2;
(f) f (x) =
0, L/2 < x ≤ L.
Exercı́cio 5.2
Obtenha a série de Fourier em cossenos de cada uma das funções a seguir. Em cada caso,
esboce o gráfico de Sc f no intervalo [−3L, 3L].
(b) f (x) = x, 0 ≤ x ≤ L.
(c) f (x) = x2 , 0 ≤ x ≤ L.
(d) f (x) = x3 , 0 ≤ x ≤ L.
1, 0 ≤ x ≤ h;
(e) f (x) = , com h ∈ (0, π).
0, h < x ≤ π.
cos πx
L
, 0 ≤ x ≤ L/2;
(f) f (x) =
0, L/2 < x ≤ L.
Exercı́cio 5.3
Suponha que f é uma função contı́nua com derivada contı́nua por partes.
(a) Se f : [−L, L] → R, sob quais condições f (x) coincide com sua série de Fourier Sf (x)
para todo x satisfazendo −L ≤ x ≤ L?
(b) Se f : [0, L] → R, sob quais condições f (x) coincide com sua série de Fourier em senos
Ss f (x) para todo x satisfazendo 0 ≤ x ≤ L?
(c) Se f : [0, L] → R, sob quais condições f (x) coincide com sua série de Fourier em
cossenos Sc f (x) para todo x satisfazendo 0 ≤ x ≤ L?
Exercı́cio 5.4
(a) Utilize a desigualdade no exercı́cio 7 da seção anterior para verificar que
∞
X 1 4
3
≤ .
n=N −1
(2n − 1) (N − 1)2
para todo N ≥ 3.
Exercı́cio 5.5
Verifique graficamente no Maxima a conclusão do item anterior utilizando o comando
• Construir a solução como combinação linear das soluções produto obtidas acima,
utilizando o Princı́pio de Superposição. Os coeficientes da combinação linear são
obtidos de forma a satisfazer a condição ou as condições iniciais.
Se isto não for possı́vel, a solução se constrói como a soma da série de todas as
soluções produto obtidas no passo anterior (poderı́amos chamar este resultado de
Princı́pio de Superposição Generalizado). Os coeficientes das soluções são obtidos
usando coeficientes de Fourier da condição inicial.
101
102 CAPÍTULO 5. O MÉTODO DE SEPARAÇÃO DE VARIÁVEIS
N
X nπ
bn sen x ,
n=1
L
passaremos a admitir distribuições iniciais de temperatura dadas por
∞
X nπ
f (x) = bn sen x .
n=1
L
∂u ∂ 2u
ED = , 0 ≤ x ≤ 1, t ≥ 0;
∂t ∂x2 (5.1)
CF u(0, t) = 0 u(1, t) = 0, t ≥ 0;
CI u(x, 0) = x(1 − x), 0 ≤ x ≤ 1.
A função f (x) = x(1 − x) não é uma combinação linear de funções da forma sen(nπx),
n ∈ N, mas podemos expandı́-la na sua série de Fourier em senos. Subtraindo as séries
de Fourier em senos das funções g(x) = x e h(x) = x2 , 0 ≤ x ≤ 1, obtemos que para
esses valores de x vale
∞
8 X 1
x(1 − x) = sen((2j − 1)πx). (5.2)
π j=1 (2j − 1)3
3
Teorema 5.1
∂u ∂ 2u
ED = k 2 , 0 < x < L, t ≥ 0;
∂t ∂x
CF u(0, t) = 0 u(L, t) = 0, t ≥ 0;
CI u(x, 0) = f (x), 0 ≤ x ≤ L.
Além disto,
Usando este teorema podemos concluir que de fato a função 5.3 é a solução do problema
5.1.
Exemplo 5.1.2. O teorema também nos fornece informações relevantes sobre o compor-
tamento da solução. Voltemos ao caso do exemplo 5.1.
Que podemos dizer sobre o gráfico de u(x, t) para diferentes valores de t?
• t≈0
Como u(x, t) −−−→ x(1 − x), o gráfico de u(x, t) para valores pequenos de t, deve
t→0+
ser próximo do gráfico de x(1 − x).
• t “ grande”.
Como u(x, t) −−−→ 0, os valores de u(x, t) para valores grandes de t, são próximos
t→∞
de zero.
• t “ intermediário”
Para valores de t distantes de zero, mas não muito grandes de forma que u(x, t)
ainda não é próximo da constante zero, podemos pensar da forma seguinte.
A nossa solução pode ser escrita da forma
8 −π2 t 1 −9π2 t 1 −25π2 t
u(x, t) = 3 e sen(πx) + e sen(3πx) + e sen(5πx) + · · ·
π 27 125
2 2 2
≈ 0.26e−π t sen(πx) + 0.009e−9π t sen(3πx) + 0.002e−25π t sen(5πx) + · · · .
Para estes valores, a solução terá a forma da função sen(πx), com a amplitude indo
para zero com o aumento de t.
Caberia se perguntar como foi possı́vel plotar os gráficos acima se a solução é dada como
uma soma infinita. Em geral, se precisarmos da solução para uma aplicação prática, não
podemos utilizar a expressão que representa a solução exatamente mas podemos aproximar
a solução truncando a soma infinita e utilizando a dependência contı́nua formulada no
teorema 3.3 (ou usando estimativas feitas diretamente). Esse resultado garante que para
aproximar a solução do problema 5.1 admitindo um erro de no máximo ε = 0.01, por
exemplo, é suficiente aproximar a condição inicial pela soma parcial de Fourier que diste
de f (x) no máximo ε = 0.01.
Exemplo 5.1.3. No exercı́cio 4, pedimos para verificar que |Ss,N f (x) − x(1 − x)| ≤ 0.01
∂u ∂ 2u
se N ≥ 3. Portanto, a solução uaprox da equação = , com condições de fronteira
∂t ∂x2
u(0, t) = 0 e u(1, t) = 0 e condição inicial
8 8 8
Ss,3 f (x) = 3
sen(πx) + 3
sen(3πx) + sen(5πx)
π 27π 125π 3
satisfará
|uaprox (x, t) − u(x, t)| < 0, 01, 0 ≤ x ≤ 1, t ≥ 0,
ou seja
8 −π2 t 8 −9π 2t 8 −25π 2t
e
π3 sen(πx) + e sen(3πx) + e sen(5πx) − u(x, t) < 0, 01.
27π 3 125π 3
Existem problemas de propagação do calor nos quais não podemos aplicar o teorema
5.1, mas podemos propor uma expressão plausı́vel para a solução, expandindo a condição
inicial na série de Fourier apropriada para as condições de fronteira do problema.
Exemplo 5.1.4. Determine a solução do problema
∂u ∂ 2u
ED = 2 2 , 0 < x < π, t > 0;
∂t ∂x
CF u(0, t) = 0 u(π, t) = 0, t > 0;
1, 0 < x ≤ π/2;
CI u(x, 0) = f (x) = , 0 ≤ x ≤ π.
2, π/2 < x < π.
5.1. SOLUÇÃO DE DIFERENTES PROBLEMAS CONTORNO PARA A EQUAÇÃO DO CALOR105
Solução:
Expandindo a função f na sua série de Fourier em senos obtemos
∞
2 X 1 + cos(nπ/2) − 2 cos(nπ)
Ss f (x) = sen(nx)
π n=1 n
Este exemplo poderia corresponder com uma situação na qual temos dois barras do
mesmo material de comprimento π/2, com temperaturas distintas e constantes que são
unidas e as novas extremidades são mantidas a temperatura zero. A descontinuidade da
temperatura na seção transversal no meio da barra na condição inicial corresponde com
o fato de termos juntado nesse instante as duas barras. A transferência de calor entre
as duas barras faz com que esta descontinuidade desapareça rapidamente. Desta forma,
a solução obtida é fisicamente satisfatória.
No exemplo a seguir mostramos como resolver um problema de propagação de calor
numa barra na qual é fixada a taxa de fluxo de calor através das extremidades. Sabemos
resolver este problema no caso em que a condição inicial é combinação linear de funções
106 CAPÍTULO 5. O MÉTODO DE SEPARAÇÃO DE VARIÁVEIS
nπ
cos x . Por isso utilizaremos a expansão da função u(x, 0) na série de Fourier em
L
cossenos.
Exemplo 5.1.5. Escreva a solução do problema
∂u ∂ 2u
ED = 100 2 , 0 < x < 10, t > 0;
∂t ∂x
∂u ∂u
CF (0, t) = 2, (10, t) = 2, t > 0;
∂x ∂x
2x, 0 ≤ x ≤ 2;
4
CI u(x, 0) = (5 − x), 2 ≤ x ≤ 8;
3
2(x − 10), 8 ≤ x ≤ 10.
Solução:
Como este problema tem condições de fronteira não homogêneas, devemos obter primeiro
uma solução estacionária v que satisfaça as condições de fronteira dadas.
Sabemos que v(x) = cx+d, com c e d constantes. Como v 0 (0) = c = v 0 (10) = 2, obtemos
que qualquer função da forma v(x) = 2x + d satisfará as propriedades que necessitamos.
Como o mais simples é escolher d = 0, escolheremos a solução estacionária v(x) = 2x
para continuar com os cálculos.
A seguir precisaremos determinar a solução transiente w(x, t) = u(x, t) − v(x) =
u(x, t) − 2x. w é solução do problema:
∂w ∂ 2w
ED = 100 2 , 0 < x < 10, t > 0;
∂t ∂x
∂w ∂w
CF (0, t) = 0, (10, t) = 0, t > 0;
∂x ∂x
0, 0 ≤ x ≤ 2;
10
CI w(x, 0) = (2 − x), 2 ≤ x ≤ 8;
3
−20, 8 ≤ x ≤ 10.
Calculamos a seguir os coeficientes de Fourier da série em cossenos de w(x, 0).
Z 8 Z 10
2 10
a0 = (2 − x)dx + −20dx = −20
10 2 3 8
Z 8 Z 10 nπ
2 10 nπ
an = (2 − x) cos x dx + −20 cos x dx
10 2 3 10 8 10
200 1 nπ 4nπ
= cos − cos
3π 2 n2 5 5
400 1 nπ 3nπ
= 2 2
sen sen .
3π n 2 10
Se n é par, an vale zero. Para n ı́mpar, temos que
400 (−1)k+1
3(2k − 1)π
a2k−1 = 2 sen
3π (2k − 1)2 10
Expandindo agora a função w(x, 0) na sua série de Fourier em cossenos obtemos
∞
400 X (−1)k+1
3(2k − 1)π (2k − 1)π
Sc f (x) = −10 + 2 sen cos x
3π k=1 (2k − 1)2 10 10
5.1. SOLUÇÃO DE DIFERENTES PROBLEMAS CONTORNO PARA A EQUAÇÃO DO CALOR107
Neste exemplo podemos garantir que u satisfaz a condição inicial pois f é uma função
contı́nua suave por partes e portanto coincide com sua série de Fourier em cossenos.
Verificar que a equação e as condiçõe6s de fronteira são satisfeitas é mais delicado pois
para isto precisamos derivar uma soma infinita de funções. Isto pode ser justificado de
forma parecida a como é feita a prova do teorema 5.1.
Na figura 5.3 apresentamos um gráfico de uma aproximação da solução.
A solução também satisfaz lim u(x, t) = 2x − 10. Podemos visualizar no gráfico que
t→∞
essa aproximação ocorre rapidamente.
5.1.1 Exercı́cios
Exercı́cio 1.1
Considere a condução do calor em uma barra de comprimento 40 cm cujas extremidades
são mantidas à temperatura de 00 C para todo t > 0.
Em cada um dos casos a seguir, encontre uma expressão para a temperatura u(x, t) se
a distribuição inicial de temperatura é a função dada. Determine se a condição inicial é
satisfeita em todos os pontos e justifique. Assuma que k = 1.
(a) u(x, 0) = 50, 0 < x < 40.
0, 0 ≤ x < 10;
(b) u(x, 0) = 50, 10 ≤ x ≤ 30 .
0, 30 < x ≤ 40.
108 CAPÍTULO 5. O MÉTODO DE SEPARAÇÃO DE VARIÁVEIS
Exercı́cio 1.2
Determine a solução do problema de condução do calor
∂u ∂ 2u
ED = 3 2 , 0 < x < 40, t > 0;
∂t ∂x
CF u(0, t) = 0, u(40, t) = −40, t > 0;
CI u(x, 0) = 0, 0 ≤ x ≤ 40.
Exercı́cio 1.3
Determine a solução do problema
∂u ∂ 2u
ED = 3 2 , 0 < x < π, t > 0;
∂t ∂x
∂u ∂u
CF (0, t) = 4, (π, t) = 4, t > 0;
∂x ∂x
CI u(x, 0) = sen(4x), 0 ≤ x ≤ π.
Exercı́cio 1.4
Considere o problema
∂u ∂ 2 u
ED − 2 − hu = 0, 0 < x < π, t > 0;
∂t ∂x
CF u(0, t) = 0, u(π, t) = 0, t ≥ 0;
CI u(x, 0) = x(π − x), 0 ≤ x ≤ π.
(c) Determine para quais valores de h existe lim u(x, t) quando t → ∞, para todo x ∈
[0, π].
Exercı́cio 1.5
A temperatura inicial do problema do propagação do calor
∂u ∂ 2u
ED = , 0 < x < 10, t > 0;
∂t ∂x2
CF u(0, t) = 0, u(10, t) = 0, t > 0;
CI u(x, 0) = f (x), 0 ≤ x ≤ 10.
é
5.2. A CORDA COM EXTREMOS FIXOS 109
x − 1, 1 ≤ x ≤ 2;
11 − 5x, 2 ≤ x ≤ 3;
f (x) = 5x − 19, 3 ≤ x ≤ 4;
5 − x, 4 ≤ x ≤ 5;
0, caso contrário.
Descreva o comportamento da solução quando t cresce. Você não precisa obter uma
fórmula explı́cita senão explicar três ou quatro caracterı́sticas interessantes da solução.
Você pode usar que o primeiro coeficiente da série de Fourier em senos de f é negativo.
(b1 < 0)
∂ 2u 2
2∂ u
ED = c , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0; (5.5)
∂t2 ∂x2
CF u(0, t) = 0, u(L, t) = 0, t ≥ 0; (5.6)
∂u
CI u(x, 0) = f (x), (x, 0) = g(x), 0 ≤ x ≤ L. (5.7)
∂t
Utilizaremos o método de separação de variáveis para resolver este problema.
Passo 1: Encontrar todas as soluções produto (u(x, t) = X(x)T (t)) da equação.
X 00 (x) T 00 (t)
X(x)T 00 (t) = c2 X 00 (x)T (t) ⇒ = 2 = λ (constante).
X(x) c T (t)
Chegamos às equações diferenciais ordinárias X 00 = λX e T 00 = λc2 T . A equação
X 00 = λX já foi analisada durante a resolução dos problemas de contorno para a equação
do calor. A solução geral pode ser escrita como (veja 3.6-3.8):
X(x) = c1 + c2 x, se λ = 0;
√ √
X(x) = c1 e + c2 e− λx , se λ > 0;
λx
p p
X(x) = c1 cos( |λ|x) + c2 sen( |λ|x), se λ < 0.
Como a forma das soluções depende do sinal de λ, para simplificar a notação, consi-
deramos uma nova constante α > 0 tal que λ = ±α2 . A equação T 00 = λc2 T difere da
equação para X(x) apenas no valor da constante e portanto as soluções terão expressões
semelhantes. Então, as soluções produto da equação da onda são
• Caso 1 (λ = 0):
u(x, t) = (d1 + d2 t)(c1 + c2 x).
110 CAPÍTULO 5. O MÉTODO DE SEPARAÇÃO DE VARIÁVEIS
XN h nπc nπc i nπ
u(x, t) = An cos t + Bn sen t sen x .
n=1
L L L
Para obtermos os valores dos coeficientes, devemos utilizar as condições iniciais. Veja-
mos como fazer isto com um exemplo.
∂ 2u ∂ 2u
ED = 9 , 0 ≤ x ≤ 1, t ≥ 0;
∂t2 ∂x2
CF u(0, t) = 0 u(1, t) = 0, t ≥ 0;
(5.9)
CI u(x, 0) = 2 sen(3πx),
∂u
(x, 0) = sen(πx) − 5 sen(5πx), 0 ≤ x ≤ 1.
∂t
Neste exemplo, L = 1 e c = 3. Como nas condições iniciais apareceram apenas as
funções sen(πx), sen(3πx) e sen(5πx), procuraremos uma solução da forma.
∂u
(x, t) = 3πB1 cos(3πt) sen(πx) + (−18π sen(9πt) + 9πB3 cos(9πt)) sen(3πx)
∂t
+ 15πB5 cos(15πt) sen(5πx).
u(x, 0) = 3πB1 sen(πx) + 9πB3 sen(3πx) + 15πB5 sen(5πx) = sen(πx) − 5 sen(5πx).
1
Então 3πB1 = 1, 9πB3 = 0 e 15πB5 = −5. E finalmente obtemos que B1 = , B3 = 0
3π
1
e B5 = − .
5π
Portanto a solução é
1 1
u(x, t) = sen(3πt) sen(πx) + 2 cos(9πt) sen(3πx) − sen(15πt) sen(5πx).
3π 3π
De forma geral, podemos proceder sempre de forma similar.
Usando a expressão
N
X nπ
u(x, 0) = An sen x
n=1
L
obtemos os valores de An .
Derivando a solução em relação a t obtemos:
N
∂u X nπc h nπc nπc i nπ
(x, t) = −An sen t + Bn cos t sen x .
∂t n=1
L L L L
Portanto
N
∂u X nπc nπ
(x, 0) = Bn sen x
∂t n=1
L L
e a partir desta expressão obtemos os coeficientes Bn .
Chegamos então no resultado seguinte.
112 CAPÍTULO 5. O MÉTODO DE SEPARAÇÃO DE VARIÁVEIS
Proposição 5.1
∂ 2u 2
2∂ u
ED = c , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t2 ∂x2
CF u(0, t) = 0 u(L, t) = 0, t ≥ 0;
XN nπ
CI u(x, 0) = An sen x , (5.10)
n=1
L
N
∂u X nπ
(x, 0) = B̃n sen x , 0≤x≤L
∂t n=1
L
De forma geral, para resolvermos de forma rápida problemas do tipo do exemplo acima
devemos
nπc nπ
• inserir o fator cos t nos termos envolvendo sen x na função f (x);
L L
L nπc nπ
• inserir o fator sen t nos termos envolvendo sen x na função g(x);
nπc L L
• adicionar todos os termos.
nπ
Se f e g não são somas finitas de funções da forma sen x , podemos utilizar suas
L
séries de Fourier em senos, como foi feito para resolver o problema de propagação do calor
numa barra com extremos mantidos a temperatura zero. Pode ser provado o resultado a
seguir.
Teorema 5.2
A expressão
∞ nπc nπc
X L nπ
u(x, t) = An cos t + B̃n sen t sen x ,
n=1
L nπc L L
• f ∈ C 2, g ∈ C 1;
O teorema acima garante que toda solução do problema da corda com extremos fixos
pode ser obtida como superposição finita ou infinita de soluções da forma 5.8. Estas
soluções “ básicas” têm algumas propriedades interessantes que apresentamos a seguir.
5.2.2 Harmônicos
h nπc nπc i nπ
Cada solução un (x, t) = An cos t + Bn sen t sen x é chamada de harmônico
L L L
da corda com extremos fixos.
pSe chamarmos de (Rn , αn ) às coordenadas polares do ponto (An , Bn ), teremos que Rn =
A2n + Bn2 e que An = Rn cos αn e Bn = Rn sen αn (αn ∈ [0, 2π)). Então
h nπc nπc i nπ
un (x, t) = Rn cos αn cos t + sen αn sen t sen x
nπc L nπ L L
= Rn cos t − αn sen x .
L L
nπ
Cada ponto x0 da corda oscila em movimento harmônico simples com amplitude Rn sen x0
L
nπc
. Os pontos tais que sen nπ
e frequência angular ωn = x = 0 não se movem. Eles
L 0
L
são chamados de nodos.
nπ Os pontos com amplitude máxima (antinodos) são aqueles que
satisfazem sen x0 = ±1.
L
Como todos os pontos oscilam com a mesma frequência, podemos falar na frequência
da corda. A frequência fn satisfaz
s
ωn nc n T
fn = = = = nf1 .
2π 2L 2L ρ
As oscilações de uma corda são captadas geralmente pelo som que elas geram. Podemos
dizer que o som de uma corda de um instrumento musical, por exemplo, é a superposição
de vários harmônicos com diferentes frequências. O som mais grave que pode emitir
uma corda está determinado pela frequência f1 , chamada de frequência fundamental. Há
maneiras de dedilhar uma corda de forma que os tons mais graves correspondam com
outras frequências. Constataremos isso no próximo exemplo.
Exemplo 5.2.2. (Movimento da corda dedilhada) Determinemos uma expressão para a
posição em cada instante de tempo de uma corda dedilhada que satisfaz o problema
∂ 2u 2
2∂ u
ED = c , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t2 ∂x2
CF u(0, t) = 0 u(L, t) = 0, t ≥ 0; (5.11)
∂u
CI u(x, 0) = f (x), (x, 0) = 0, 0 ≤ x ≤ L
∂t
onde f é uma função com gráfico representado abaixo
Solução
Temos que u
0
x, 0 ≤ x ≤ x0 ;
x0
f (x) = x−L
u0
, x0 ≤ x ≤ L.
x0 − L
A função f não satisfaz as condições do teorema 5.2 pois ela não é derivável no ponto
x0 . Podemos no entanto utilizar a expressão que temos para a solução e obteremos uma
114 CAPÍTULO 5. O MÉTODO DE SEPARAÇÃO DE VARIÁVEIS
função u(x, t) que para cada t > 0 será solução da equação da onda em todos os pontos
da corda salvo um ou dois deles.
Como g ≡ 0, temos que para todo n ∈ N, B˜n = 0.
Calculemos os coeficientes de Fourier de f .
2 L
Z nπ
An = f (x) sen x dx
L 0 L
Z L
2 −L L 2 L nπ
= f (x) + f 0 (x) cos x dx.
L nπ 0 L nπ 0 L
Portanto
∞
2L2 u0 X 1 nπ nπc nπ
u(x, t) = 2 sen x0 cos t sen x .
π x0 (L − x0 ) n=1 n2 L L L
∞
8u0 X 1 nπ nπc nπ
u(x, t) = sen cos t sen x
π 2 n=1 n2 2 L L
∞
8u0 X (−1)k+1
(2k − 1)πc (2k − 1)π
= 2 cos t sen x
π k=1 (2k − 1)2 L L
Na próxima subseção veremos que também podemos resolver este tipo de problema
de contorno exatamente usando a fórmula de d’Alembert. No entanto, a expressão da
solução na forma de série contém informações relevantes sobre propriedades qualitativas
da solução.
2L
Observe que como cada somando é periódico em t com perı́odo , a solução toda deve
c
sê-lo, ou seja u x, t + 2L
c
= u(x, t).
Consideremos uma corda dedilhada com uma forma inicial geral f . A solução se escreve
da forma
∞
X nπc nπ
u(x, t) = An cos t sen x .
n=1
L L
∞
L X nπc L nπ
u x, t + = An cos t+ sen x
c n=1
L c L
X∞ nπc nπ
= An cos t + nπ sen x
n=1
L L
X∞ nπc nπ
= An cos t cos(nπ) sen x
n=1
L L
X∞ nπc nπ
n
= (−1) An cos t sen x
n=1
L L
X∞ nπc nπ
=− An cos t sen (L − x)
n=1
L L
= −u(x, t).
Portanto, a forma da onda inicial é reproducida, primeiro como uma imagem espelhada
L 2L
invertida no instante e depois na sua forma original no instante .
c c
∂ 2u 2
2∂ u
ED = c , −∞ < x < ∞, t > 0;
∂t2 ∂x2
∂u
CI u(x, 0) = f˜(x), (x, 0) = g̃(x), −∞ < x < ∞.
∂t
ũ(x, t) satisfaz a fórmula de D’Alembert
Desta forma foi construı́da a solução exata que foi graficada na figura 5.5.
A partir destas considerações podemos criar uma animação que reproduza o movimento
da corda neste caso. A sequência de códigos abaixo produz essa animação no Maxima no
caso particular L = 30, x0 = 10 e u0 = 1.
(%i1) /*Valores dos par^
ametros*/
c:2$L:30$
(%i2) /*Extens~
ao da funç~
ao f*/
f(x):= if (x<-50) then (60+x)/10 else
(if x<-10 then -(30+x)/20 else
(if x<10 then x/10 else
(if x<50 then (30-x)/20 else
(if x<70 then (x-60)/10 else
(-x+90)/20))))$
(%i3) /*Fórmula de D’Alembert*/
u(x,t):=(f(x+c*t)+f(x-c*t))/2$
(%i4) load(draw)$
118 CAPÍTULO 5. O MÉTODO DE SEPARAÇÃO DE VARIÁVEIS
(%i6) /*Animaç~
ao*/
for t:0 thru 30 step 2 do(
k:0,
while k<10000 do k:k+1,
draw2d(
xtics = {0,10,20,30},
ytics = {-1,-0.5,0,0.5,1},
xrange = [-0.2,30.2],
yrange = [-1,1],
label([sconcat("t=",t),17,0.8]),
line_width = 3,
transparent = true,
line_type = dots,
color= gray,
polygon([[0,0],[10,1],[30,0],[20,-1]]),
color = blue,line_width=2,
line_type = solid,
key = "u(x,t)",
explicit(u(x,t),x,0,30)));
5.2.4 Exercı́cios
1. Resolva o problema
∂ 2u 2
2∂ u
=c , 0 ≤ x ≤ L, t > 0;
∂t2 ∂x2
u(0, t) = 0, u(L, t) = 0;
∂u
u(x, 0) = f (x) (x, 0) = g(x).
∂t
nos casos seguintes:
5.2. A CORDA COM EXTREMOS FIXOS 119
πx 4πx 1 2πx
(a) f (x) = 3 sen − sen , g(x) = sen .
L L 2 L
πx
(b) f (x) = sen3 , g(x) = 0.
L
πx πx
(c) f (x) = 0, g(x) = sen cos2 .
L L
πx πx πx
(d) f (x) = sen3 , g(x) = sen cos2 .
L L L
(e) f (x) = 0, g(x) = 1.
(f) f (x) = x(L − x), g(x) = 0.
x, 0 ≤ x < L/2;
(g) f (x) = , g(x) = 0.
L − x, L/2 ≤ x ≤ L.
πx
(h) f (x) = sen , g(x) = x(L − x).
L
2. Para uma corda que vibra transversalmente em um meio, digamos ar, a resistência
do ar deve ser levada em conta. Assumindo que a força devido à resistência do ar é
∂u
proporcional à velocidade (x, t)~j, pode ser provado que u(x, t) satisfaz a equação
∂t
∂ 2u 2
2∂ u ∂u
2
= c 2
− k , para algum k > 0.
∂t ∂x ∂t
Encontre todas as soluções produto do problema
∂ 2u 2
2∂ u ∂u
2
= c 2
− k , 0 ≤ x ≤ L, t > 0;
∂t ∂x ∂t
u(0, t) = 0, u(L, t) = 0,
considerando k > 0.
∂ 2u 2
2∂ u
= c , 0 < x < π, t ≥ 0;
∂t2 ∂x2
∂u ∂u
(0, t) = 0, (π, t) = 0.
∂x ∂x
∂ 2u ∂ 2u
= 4 , 0 ≤ x ≤ π, t ≥ 0;
∂t2 ∂x2
∂u ∂u
(0, t) = 0, (π, t) = 0;
∂x ∂x
∂u
u(x, 0) = cos2 (x) (x, 0) = sen2 (x).
∂t
(a) Justifique seu procedimento.
(b) Encontre duas funções F : R → R e G : R → R tais que
5. Considere o problema
∂ 2u 2
2∂ u
= c , 0 ≤ x ≤ L, t > 0;
∂t2 ∂x2
πx 4πx ∂u 1 2πx
u(x, 0) = 3 sen − sen (x, 0) = sen .
L L ∂t 2 L
Verifique que a solução fornecida pela fórmula de D’Alembert coincide com a obtida
na questão 1 (a).
Desta forma, representamos un como uma onda estacionária produzida pela inter-
ferência de duas ondas com a mesma frequência, amplitude e comprimento de onda
viajando em direções opostas.
Capı́tulo 6
A equação de Laplace
∂ 2u ∂ 2u
+ = 0. (6.1)
∂x2 ∂y 2
Aqui a função incógnita é u = u(x, y), que depende das variáveis espaciais x e y. Uma
função u que satisfaça esta equação em todos os pontos de uma região aberta D, é chamada
de função harmônica sobre essa região. Lembremos que uma solução u de uma equação de
segunda ordem, como é a equação de Laplace, precisa ter todas suas derivadas de ordem
dois contı́nuas, ou seja, u ∈ C 2 . Isto quer dizer que todas as funções harmônicas sobre D
são C 2 nessa região. De fato pode-se provar que todas as funções harmônicas sobre uma
região têm ali infinitas derivadas contı́nuas (ou seja, são C ∞ sobre a região).
Embora bidimensional, a equação 6.1 aparece em várias aplicações.
Exemplo 6.1.2. A amplitude das oscilações transversais de uma membrana vibrante pode
ser modelada pela equação da onda bidimensional
∂ 2u
2
∂ u ∂ 2u
2
=c + , (6.3)
∂t2 ∂x2 ∂y 2
121
122 CAPÍTULO 6. A EQUAÇÃO DE LAPLACE
∂u ∂v ∂v
=a +c
∂x ∂ξ ∂η
∂u ∂v ∂v
=b +d
∂y ∂ξ ∂η
∂ 2u 2
∂ v ∂ 2v ∂ 2v
= a2 2 + 2ac + c2 2
∂x2 ∂ξ ∂ξ∂η ∂η
∂ 2u 2
∂ v 2
∂ v ∂ 2v
= b2 2 + 2bd + d2 2 .
∂y 2 ∂ξ ∂ξ∂η ∂η
Portanto
∂ 2u ∂ 2u 2
2
2 ∂ v ∂ 2v 2
2
2 ∂ v
+ = (a + b ) + 2(ac + bd) + (c + d ) =0
∂x2 ∂y 2 ∂ξ 2 ∂ξ∂η ∂η 2
(a) Rotações
Uma rotação de um ângulo θ no sentido anti-horário corresponde aos valores a = d =
cos(θ) b = sen(θ), c = − sen(θ), e = f = 0, ou seja,
ξ = x cos θ + y sen θ,
η = −x sen θ + y cos θ,
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2v ∂ 2v
+ = + =0
∂x2 ∂y 2 ∂ξ 2 ∂η 2
e obtemos que v também satisfaz a equação de Laplace sobre a região Dθ que é obtida
rotacionando D um ângulo θ no sentido anti-horário.
[figura da rotação]
(b) Translações
Neste caso a = d = 1 e b = c = 0. Portanto v definida como v(ξ, η) = u(ξ − e.η − f )
também satisfaz a equação de Laplace na região Dt , obtida transladando a região D
e unidades na horizontal e f no sentido vertical.
[figura translação]
∂ 2u ∂ 2u
ED + 2 = 0, em D; (6.4)
∂t2 ∂x
CF u(P ) = f (P ), para todo P em D (6.5)
Aqui estamos assumindo implicitamente que a função u pode ser estendida continua-
mente a D ∪ C.
Com a mesma notação anterior, no problema de Neumann buscamos uma função
harmônica em D tal que, em cada ponto P da fronteira C, a derivada direcional de
u na direção da normal exterior n(P ) seja igual ao valor g(P ), onde g é uma função dada,
definida e contı́nua sobre C.
∂ 2u ∂ 2u
ED + = 0, em D; (6.6)
∂x2 ∂y 2
∂u
CF (P ) = g(P ), para todo P em D (6.7)
∂n
∂u
Fisicamente, ao especificarmos estamos definindo a taxa de fluxo de calor através
∂n
da borda da placa e queremos encontrar a distribuição estacionária da temperatura no
interior dela. Para que esta distribuição estacionária exista, o fluxo total de calor através
6.1. GENERALIDADES SOBRE A EQUAÇÃO 125
de C deve ser zero. Portanto, o problema de Neumann não terá solução a menos que a
média da função g sobre a curva C seja zero, ou seja, se
Z
g(s)ds = 0.
C
Esta suposição é conhecida como condição de compatibilidade. No caso da equação do
∂u ∂u
calor unidimensional, a condição análoga seria − (0, t) + (L, t) = 0, que como vimos,
∂x ∂x
é requerida para a existência de uma solução estacionária nesse caso.
[e. poisson]
6.1.3 Exercı́cios
Exercı́cio 1.1
(a) Verifique que todas as funções u que sejam polinômios de x e y de primeira ordem
satisfazem a equação de Laplace. (ou seja, são funções harmônicas)
Exercı́cio 1.2
Sejam ul e u2 funções harmônicas (i.e., soluções da equação de Laplace).
(c) Dê um exemplo de duas funções harmônicas cujo produto não seja uma função
harmônica.
Exercı́cio 1.3
Determine todas as funções harmônicas na forma produto, ou seja, da forma u(x, y) =
X(x)Y (y).
Tente arranjar os termos de forma a obter para X a equação X 00 (x) = λX(x) para que
você possa utilizar as soluções já obtidas em (3.6)-(3.8).
Exercı́cio 1.4
A versão não homogênea da equação de Laplace é chamada de equação de Poisson
∂ 2u ∂ 2u
+ = h(x, y), (6.8)
∂x2 ∂y 2
nomeada assim em homenagem a Siméon-Denis Poisson, que foi aluno de Laplace. Se u
representa a temperatura estacionária de uma membrana, a função h corresponde a fontes
de calor. Quando u representa a posição de uma membrana, h corresponde a uma força
externa.
126 CAPÍTULO 6. A EQUAÇÃO DE LAPLACE
∂ 2u ∂ 2u
(a) Determine a solução do problema + = 1 para x2 + y 2 < 1 e u(x, y) = 0 para
∂x2 ∂y 2
x2 + y 2 = 1. Sugestão: A solução é um polinômio muito simples.
(b) A solução pode ser interpretada como a posição no equilı́brio de um tambor circular
sujeito a uma força gravitacional constante. Interprete o gráfico da solução obtida.
Exercı́cio 1.5
Usando a interpretação de distribuição de temperatura estacionária, descreva as diferenças
entre o significado fı́sico dos problemas homogêneos de Dirichlet e de Neumann para a
equação de Laplace.
∂ 2u ∂ 2u
+ = 0, 0 < x < L, 0 < y < M ; (6.9)
∂x2 ∂y 2
u(x, 0) = f1 (x), u(x, M ) = f2 (x), 0 ≤ x ≤ L; (6.10)
u(0, y) = g1 (x), u(L, y) = g2 (y), 0 ≤ y ≤ M. (6.11)
Para que a temperatura dada na fronteira do retângulo seja uma função contı́nua,
precisaremos que todas as funções f1 , f2 , g1 e g2 sejam funções contı́nuas e além disto,
precisaremos também que elas coincidam nos vértices, ou seja, f1 (0) = g1 (0), f1 (L) =
g2 (0), f2 (L) = g2 (M ) e f2 (0) = g1 (M ).
Veremos como determinar a solução de um problema deste tipo usando o método de
separação de variáveis mas antes disso, para termos certeza de que podemos de fato falar
da solução do problema, vamos verificar que não pode haver mais de uma solução.
6.2. O PROBLEMA DE DIRICHLET NO RETÂNGULO 127
Teorema 6.1
Demonstração. Suponha que u é uma solução nas condições do teorema. Vale que
2 2
∂ 2u ∂ 2u
∂ ∂u ∂ ∂u ∂u ∂u
u + u = +u 2 + +u 2
∂x ∂x ∂y ∂y ∂x ∂x ∂y ∂y
2 2 2
∂u ∂u ∂ u ∂ 2u
= + +u 2 +u 2
∂x ∂y ∂x ∂y
2 2
∂u ∂u
= + .
∂x ∂y
Portanto,
Z M Z L " 2 2 # Z M Z L
∂u ∂u ∂ ∂u ∂ ∂u
+ dxdy = u + u dxdy
0 0 ∂x ∂y 0 0 ∂x ∂x ∂y ∂y
Z MZ L Z LZ M
∂ ∂u ∂ ∂u
= u dxdy + u dydx
0 0 ∂x ∂x 0 0 ∂y ∂y
Z M Z L
∂u L ∂u M
= u dy + u dx
0 ∂x 0 0 ∂y 0
= 0.
∂u ∂u
Portanto, as funções e se anulam e u é constante. Como u vale zero nos lados do
∂x ∂y
retângulo, u = 0.
∂ 2u ∂ 2u
+ = 0, 0 < x < L, 0 < y < M ; (6.12)
∂x2 ∂y 2
u(x, 0) = 0, u(x, M ) = f2 (x), 0 ≤ x ≤ L; (6.13)
u(0, y) = 0, u(L, y) = 0, 0 ≤ y ≤ M, (6.14)
X 00 (x) Y 00 (y)
X 00 (x)Y (y) + X(x)Y 00 (y) = 0 ⇒ =− = λ,
X(x) Y (y)
Caso 1 : λ = 0
X(x) = c1 x + c2 , Y (y) = d1 y + d2 ⇒ u(x, t) = (c1 x + c2 )(d1 y + d2 ),
Caso 2 : λ = α2 > 0
X(x) = c1 eαx + c2 e−αx , Y (y) = d1 cos(αy) + d2 sen(αy)
(6.15)
⇒ u(x, t) = (c1 eαx + c2 e−αx )(d1 cos(αy) + d2 sen(αy)),
Caso 3 : λ = −α2 < 0
X(x) = c1 cos(αx) + c2 sen(αx), Y (y) = d1 eαy + d2 e−αy
⇒ u(x, t) = (c1 cos(αx) + c2 sen(αx))(d1 eαy + d2 e−αy ).
Para que uma solução produto não nula satisfaça as condições u(0, y) = 0, u(L, y) = 0,
precisaremos ter X(0) = X(L) = 0. Pela proposição 3.1 obtemos que as soluções produto
satisfazendo estas duas condições são da forma
nπ
(n) nπ (n) nπ
un (x, y) = (d1 e L y + d2 e− L y ) sen x , n ∈ N,
L
(n) (n)
onde d1 , d2 ∈ R. Estas soluções devem satisfazer também a terceira condição nula, ou
seja,
nπ
(n) (n)
un (x, 0) = (d1 + d2 ) sen x =0
L
(n) (n) (n) (n)
para todo x ∈ [0, L]. Portanto, d1 + d2 = 0 e d2 = −d1 . Substituindo esta
6.2. O PROBLEMA DE DIRICHLET NO RETÂNGULO 129
∂ 2u ∂ 2u
+ = 0, 0 < x < L, 0 < y < M ;
∂x2 ∂y 2
u(x, 0) = 0, 0 ≤ x ≤ L;
u(0, y) = 0, u(L, y) = 0, 0 ≤ y ≤ M,
Resolução:
Neste caso a placa é quadrada e L = M = π. Sabemos que as soluções produto da
equação, que satisfazem as condições de fronteira nulas são da forma
un (x, y) = B
fn sen(nx) senh(ny),
u(x, y) = B
f2 sen(2x) senh(2y) + B
f8 sen(8x) senh(8y).
130 CAPÍTULO 6. A EQUAÇÃO DE LAPLACE
portanto,
nπ Bn
Bn = Bn senh
f M ⇒B
fn =
senh nπ
L L
M
e então
∞ ∞
X X Bn nπ nπ
u(x, y) = un (x, y) = nπ
sen x senh y ,
n=1 n=1
senh L
M L L
∂ 2u ∂ 2u
+ = 0, 0 < x < π, 0 < y < π;
∂x2 ∂y 2
u(x, 0) = 0, u(x, π) = x3 (x − π), 0 ≤ x ≤ π;
u(0, y) = 0, u(π, y) = 0, 0 ≤ y ≤ π.
fn sen nπ y senh nπ (L − x)
(x, y) → (y, L − x) C
M M
u(x, 0) = 0, u(x, 3) = 0, 0 ≤ x ≤ 1;
π π
u(0, y) = − sen y + 9 sen(4πy), u(1, y) = sen y − 6 sen(5πy), 0 ≤ y ≤ 3.
3 3
Resolução:
Para resolver este problema devemos somar as soluções de dois problemas, nos dois a
solução vale zero nos lados horizontais do retângulo.
• Temperatura no lado direito da placa igual zero e no lado esquerdo: − sen π3 y +
9 sen(4πy).
Para construirmos a solução usaremos as soluções produto
nπ nπ
Cn sen
f y senh (1 − x)
3 3
com n = 1 e n = 12. Nossa candidata a solução será
f1 sen π y senh π (1 − x) + C
C 12 sen(4πy) senh(4π(1 − x)).
g
3 3
Para calcularmos os coeficientes, avaliamos x = 0
f1 sen π y senh π + C
π
C g12 sen(4πy) senh(4π) = − sen y + 9 sen(4πy),
3 3 3
f1 = − 1 9
portanto C π
eC
g 12 = . Obtemos então a solução
senh 3
senh(4π)
1 π π 9
− π
sen y senh (1 − x) + sen(4πy) senh(4π(1 − x)) (6.17)
senh 3
3 3 senh(4π)
π
• Temperatura no lado esquerdo da placa igual zero e no lado direito: sen 3
y −
6 sen(5πy).
6.2. O PROBLEMA DE DIRICHLET NO RETÂNGULO 133
fn sen nπ y senh nπ x
D
3 3
com n = 1 e n = 15. Nossa candidata a solução será
f1 sen π y senh π x + D
D g15 sen(5πy) senh(5πx).
3 3
Para calcularmos os coeficientes, avaliamos x = 0
π π π
D1 sen
f y senh + D15 sen(5πy) senh(5π) = sen
g y − 6 sen(5πy),
3 3 3
1 6
portanto D 15 = −
f1 = eD
g . Obtemos então a solução
π
senh 3
senh(5π)
1 π π 6
π
sen y senh x − sen(5πy) senh(5πx). (6.18)
senh 3
3 3 senh(5π)
Proposição 6.1
é
N
X 1 h nπ nπ i nπ
u(x, y) = An senh (M − y) + Bn senh y sen x +
senh nπM
n=1 L
L L L
(6.21)
N
X 1 h nπ nπ i nπ
C n senh (L − x) + D n senh x sen y (6.22)
senh nπL
n=1 M
M M M
Exemplo 6.2.4.
Resolva o problema
∂ 2u ∂ 2u
+ = 0, 0 < x < π, 0 < y < π;
∂x2 ∂y 2
u(x, 0) = sen(x), u(x, π) = 2 sen(2x), 0 ≤ x ≤ π;
u(0, y) = 3 sen(3y), u(π, y) = 4 sen(4y), 0 ≤ y ≤ π.
Resolução:
senh(π − y)
• multiplicamos sen(x) por ;
senh(π)
senh 2y
• multiplicamos 2 sen(2x) por ;
senh(2π)
senh(3(π − x))
• multiplicamos 3 sen(3y) por ;
senh(3π)
senh(4x)
• multiplicamos 4 sen(4y) por ;
senh(4π)
• somamos o resultado.
Portanto, a solução é
6.2.3 Exercı́cios
Exercı́cio 2.1
Escreva o problema de Dirichlet para a equação de Laplace satisfeito pela função u(x, y) =
−1 + xy no quadrado unitário [0, 1]2 .
Exercı́cio 2.2
Em cada um dos casos a seguir, determine a solução da equação de Laplace no retângulo
R = (0, 1) × (0, 2) que satisfaz as condições de Dirichlet indicadas.
u(x, 0) = sen(πx), u(x, 2) = 3 sen(4πx) − 2 sen(6πx), 0 ≤ x ≤ 1;
(a)
u(0, y) = 0, u(1, y) = 0, 0 ≤ y ≤ 2.
136 CAPÍTULO 6. A EQUAÇÃO DE LAPLACE
u(x, 0) = 3 sen(4πx) − 2 sen(6πx), u(x, 2) = sen(πx), 0 ≤ x ≤ 1;
(b)
u(0, y) = 0, u(1, y) = 0, 0 ≤ y ≤ 2.
u(x, 0) = 0, u(x, 2) = x(1 − x), 0 ≤ x ≤ 1;
(c)
u(0, y) = 0, u(1, y) = 0, 0 ≤ y ≤ 2.
u(x, 2) = sen(πx), 0 ≤ x ≤ 1;
(
u(x, 0) = 0,
(d) 3πy
u(0, y) = − sen , u(1, y) = 0, 0 ≤ y ≤ 2.
2
u(x, 0) = 0, u(x, 2) = 0, 0 ≤ x ≤ 1;
(e)
u(0, y) = 0, u(1, y) = y(2 − y), 0 ≤ y ≤ 2.
u(x, 0) = sen(πx), u(x, 2) = sen(πx), 0 ≤ x ≤ 1;
(f)
u(0, y) = sen(πy), u(1, y) = sen(πy), 0 ≤ y ≤ 2.
Exercı́cio 2.3
Considere o problema
∂ 2u ∂ 2u
+ = 0, 0 < x < 1, 0 < y < 1;
∂x2 ∂y 2
u(x, 0) = 2 cos(7πx) − 4, u(x, 1) = 5 cos(πx), 0 ≤ x ≤ 1;
∂u ∂u
(0, y) = 0, (1, y) = 0, 0 ≤ y ≤ 1.
∂x ∂x
Se interpretarmos a solução u como a temperatura estacionária de uma placa quadrada,
as condições de fronteira dadas correspondem à situação em que as bordas laterais da
placa foram isoladas e nas bordas superior e inferior a temperatura é uma função dada.
(a) Decomponha o problema em dois para os quais você possa obter a solução usando o
método de separação de variáveis.
(c) Resolva agora o outro aproveitando as soluções produto que você achou no item
anterior.
Exercı́cio 2.4
Neste exercı́cio você irá determinar a solução do problema
∂ 2u ∂ 2u
+ = 0, 0 < x < 1, 0 < y < 1;
∂x2 ∂y 2
u(x, 0) = −1 + x + 2 sen(5πx), u(x, 1) = 2(x − 1), 0 ≤ x ≤ 1;
u(0, y) = −1 − y, u(1, y) = 3 sen(2πy), 0 ≤ y ≤ 1.
(a) Verifique que neste caso não podemos aplicar diretamente a proposição 6.1 pois a
solução não vale zero nos vértices do retângulo.
6.2. O PROBLEMA DE DIRICHLET NO RETÂNGULO 137
(c) Chame de v à nova função incógnita v(x, y) = u(x, y) − U (x, y). Escreva o problema
de Dirichlet que v satisfaz e resolva este problema.
Capı́tulo 1
Solução 1.1
Calcular as derivadas necessárias e substituir nas equações.
Solução 1.2
Calcular as derivadas e substituir nas equações. Para construir as novas soluções, você deve
considerar 4 conjuntos de constantes c1 , c2 , c3 e c4 e definir
Solução 1.3
(a) a = 3, b = −1.
(b) a = 7, b = 1.
(c) a = π, b = −2.
As soluções desta equação são da forma u(x, y) = f (ax + by), veremos isso mais adiante.
Solução 1.4
(a) α = −1 = 3β;
(b) α = 1, β = −2;
(c) α4 + β 4 + 2α2 β 2 = 0 ⇒ α = β = 0;
Solução 1.5
(a) Calcular as derivadas e substituir nas equações.
(b) Formando combinações lineares da forma c1 sen t cos x + c2 cos 3t sen 3x, com c1 e c2 cons-
tantes arbitrárias.
(c)
t = 0 ⇒ c2 sen(3x) = d2 sen(3x) ⇒ c2 = d2 .
x = 0 ⇒ c1 sen(t) = d1 sen(t) ⇒ c1 = d1 .
139
140 RESPOSTAS OS EXERCÍCIOS
Solução 1.6
(a) Sim.
∂u
(b) Não, por causa do termo u .
∂y
2
∂u
(c) Não, por causa do termo .
∂y
(d) Não, por causa do 1.
(e) Sim.
Solução 1.7
Determine a ordem das EDPs a seguir. Classifique-as em lineares ou não lineares e especifique
se as EDPS lineares são ou não homogêneas.
(a) Linear de terceira ordem, homogênea.
(b) Não linear de primeira ordem.
(c) Não linear de quarta ordem.
(d) Não linear de segunda ordem.
(e) Linear de segunda ordem, homogênea.
Solução 1.8
(a) Derivar e substituir na equação.
3 1 3 1
(b) 2x−y+3 = 2+ (12x−6y). Pelo Princı́pio de Superposição, u(x, y) = u1 (x, y)+ u2 (x, y)
2 6 2 6
é solução da equação dada.
Solução 1.9
(a) Aparecem potências quadráticas de u, produtos de derivadas parciais e produtos da função
incógnita com derivadas parciais.
(b) Derivar e substituir.
(c) Substituir na equação.
(d) Substituindo na equação,
∂u1 ∂u2 ∂u1 ∂u2
( + − u1 − u2 )( + − u1 − u2 ) = ex+y 6= 0
∂x ∂x ∂y ∂y
Solução 1.10
∂v ∂v
(a) v satisfaz +c = 0. Portanto v(x, t) = f (x − ct), com f ∈ C 1 arbitrária.
∂t ∂x
(b) u(x, t) = e−kt f (x − ct), com f ∈ C 1 arbitrária.
(c) u(x, t) = e−kt g(x−ct). A solução se comporta como a solução de uma equação de transporte
que decae exponencialmente no tempo com taxa k.
141
Solução 2.1
(a) u(x, y) = x3 + xy 2 + f (y), f ∈ C 1,
Solução 2.2
A solução geral é u(x, t) = f (3t−2x), onde f é uma função C 1 arbitrária. De u(x, 0) =f (−2x) =
sen x obtemos que f (x) = − sen(x/2) e portanto u(x, t) = − sen 3t−2x 2 = sen 2x−3t
2 .
Solução 2.3
(a) u(x, y) = f (y)e2x , f ∈ C 1,
Solução 2.4
x2
(a) u(x, y) = ye2x , 1
(d) u(x, y) = 1− 2 ,
4 y
(b) u(x, y) = x + y1 (sen(x) − x),
2 −y 2 )
(c) u(x, y) = 2y[1 + e−(x , (e) u(x, y) = cos(xy),
Solução 2.5
Solução 2.6
(a)
λ = 0, u(x, t) = c1 + c2 x,
2
λ = α2 > 0, u(x, t) = e2α t [c1 eαx + c2 e−αx ],
2
λ = −α2 < 0, u(x, t) = e−2α t [c1 cos (αx) + c2 sen (αx)],
onde c1 e c2 são constantes e λ é a constante de separação.
(c)
λ = 0, u(x, t) = (d1 + d2 t)(c1 + c2 x),
λ = α2 > 0, u(x, t) = [d1 e4αt + d2 e−4αt ][c1 eαx + c2 e−αx ],
λ = −α2 < 0, u(x, t) = [d1 cos (4αt) + d2 sen (4αt)][c1 cos (αx) + c2 sen (αx)],
onde c1 , c2 , d1 e d2 são constantes e λ é a constante de separação.
(d)
142 RESPOSTAS OS EXERCÍCIOS
Solução 2.7
λ = 0, u(x, t) = e−t (c1 + c2 x),
2
λ = α2 > 0, u(x, t) = e−(1−α )t [c1 eαx + c2 e−αx ],
onde c1 e c2 são constantes.
Solução 2.8
∂u ∂u
As soluções produto da equação +2 = 0 são da forma u(x, y) = Ceλ(2x−y) , onde C é
∂x ∂y
uma constante arbitrária e λ é a constante da separação. Quando fazemos u(x, 0) = Ceλ(2x) ,
vemos que não há constantes C e λ tais que Ceλ(2x) = x, portanto a condição dada não pode
ser satisfeita. Isto acontece porque esta não é a solução geral.
Solução 2.9
(a) Sugestão: Derive ln v.
Solução 2.10
p
Seja r = x2 + y 2 , então
Zx = h0 (r)xr−1 , Zy = h0 (r)yr−1 ;
Zxx = (xr−1 )2 [h00 (r) − h0 (r)r−1 ] + h0 (r)r−1 ];
Zyy = (yr−1 )2 [h00 (r) − h0 (r)r−1 ] + h0 (r)r−1 ];
Zxy = (xyr−2 )2 [h00 (r) − h0 (r)r−1 ];
Substituindo na EDP se chega na EDO. Para resolver a EDO, fazendo g(r) = h0 (r), ela se
transforma numa EDO separável.
Solução 2.11
X deve satisfazer a equação X 00 = λX = 0 para algum valor da constante λ e além disto,
Solução 2.12
(a) v 00 = 0 ⇒ v(x) = c1 x + c2 .
(b) v 00 = 0 ⇒ v(x) = c1 x + c2 .
(d) v 00 − v 0 = 0 ⇒ v(x) = c1 + c2 ex .
143
Solução 2.13
(a) v 00 = 0 ⇒ v(x) = B−A
L x + A.
(b) v 00 = 0 ⇒ v(x) = B−A
L x + A.
B − Ae−L x AeL − B −x
(c) v 00 − v = 0 ⇒ v(x) = e + L e .
eL − e−L e − e−L
AeL − B B − A x
(d) v 00 − v 0 = 0 ⇒ v(x) = + L e .
eL − 1 e −1
Solução 2.14
Solução 2.15
(a) Derivar, substituir na equação e verificar também a condição adicional para u.
(b) A conclusão seria que não há unicidade. Isto significa que neste problema a condição inicial
não é suficiente para garantirmos a unicidade. Precisaremos de uma condição adicional
relacionada com o crescimento de u. (Capı́tulo 7)
F Solução 2.16
Abaixo f é uma função C 1 arbitrária.
y 1
(a) u(x, y) = f (3x + 2y) − (3x + y), (c) u(x, y) = + e2y f (x + y),
9 2
1 1
(b) u(x, y) = ex f (x − y), (d) u(x, y) = f (4x + 3y) + ( x2 + ex ).
3 2
F Solução 2.17
Depois de fazer a mudança de variáveis proposta vocês devem chegar à equação vt − 4v = 1 e à
solução geral u(x, y) = − 14 + e4x f (2x − y), f ∈ C 1 .
F Solução 2.18
A solução geral é u(x, y) = −e2x−1/2y + e2y f (2x − y).
(a) u(x, y) = −e2x−1/2y + e2y [sen((2x − y)2 /4) − ey−2x ]
(b) u(x, y) = −e2x−1/2y + e2y [(2x − y)2 e4x−2y − e5/2(2x−y) ]
(c) u(x, y) = −e2x−1/2y + e2y [(2x − y)e2y−4x + e−1/2(2x−y) ]
F Solução 2.19
(a) g(x) = x2 + 1, u(x, y) = −1/4 + e2y [(2x − y)2 + 1]
1 1
(b) Substituindo na solução geral temos u(x, 2x) = − + e4x g(2x − 2x) = − + e4x g(0). Se
4 4
1 2x 5 −2x
fizermos − + e g(0) = 1 obtemos g(0) = e , mas isto é impossı́vel porque g(0) é uma
4 4
constante. Portanto não existe nenhuma função g que possa ser substituı́da na solução geral
de forma a satisfazer a condição dada.
144 RESPOSTAS OS EXERCÍCIOS
1 1
(c) Substituindo a condição pedida na solução geral obtemos, u(x, 2x) = − +e4x g(0) = e4x −
4 4
e portanto g(0) = 1 é a única condição que precisamos para a função g. As funções g(x) = 1
e g(x) = x2 +1 por exemplo, satisfazem esta condição, mas tem infinitas funções que também
o fazem então a EDP com a condição dada tem infinitas soluções.
Capı́tulo 2
Solução 1.1
Para verificar que u satisfaz o problema acima, precisamos derivar apropriadamente e verificar
que vale cada uma das igualdades do problema.
(a)
1
Z h ∂u 2
π 2 i
∂u
E(t) = T +ρ (x, t)dx
2 0 ∂x ∂t
2 2 i
ρ πh
Z
∂u ∂u
= 4 + (x, t)dx
2 0 ∂x ∂t
Z πh
ρ i
= 4 · 9 sen2 (6t) cos2 (3x) + 36 sen2 (6t) sen2 (3x) dx
2 0
Z π Z π
= 18ρ sen2 (6t) cos2 (3x)dx + 18ρ sen2 (6t) sen2 (3x)dx
0 0
= 9ρ.
Solução 1.2
Utilizando que
0 ∂u ∂u ∂u ∂u
E (t) = T (L, t) (L, t) − (0, t) (0, t)
∂x ∂t ∂x ∂t
obtemos que E 0 (t) = 0 e portanto a energia é conservada também neste caso.
Solução 2.1
(a) Derivar e substituir na equação.
1
(b) u(x, t) = [sen(λ(x + ct)) + sen(λ(x − ct))]
2
Solução 2.2
(a) Usar a regra da cadeia para chegar na equação para v.
Solução 2.3
(a) Usar a regra da cadeia para chegar na equação para v.
Solução 2.4
145
F Solução 2.5
(a) Se f e g forem funções pares
−x+ct
f (−x + ct) + f (−x − ct)
Z
1
u(−x, t) = + g(r)dr
2 2c −x−ct
Z x−ct
f (−(x − ct)) + f (−(x + ct)) 1
= − g(−r)dr
2 2c x+ct
f (x − ct) + f (x + ct) 1 x+ct
Z
= + g(r)dr
2 2c x−ct
= u(x, t).
F Solução 2.6
(a) v(x, t) = f (x + ct).
∂u ∂u 1
R
(b) +c = f (x + ct) ⇒ u(x, t) = F (x + ct) + G(x − ct), onde F (x) = 2c f (x)dx.
∂t ∂x
Capı́tulo 3
146 RESPOSTAS OS EXERCÍCIOS
Solução 1.1
Como a temperatura do lı́quido nos recipientes é zero, teremos que
∂u h
(0, t) = u(0, t),
∂x K
∂u h
(L, t) = − u(L, t).
∂x K
h
X 0 (0) − X(0) = 0,
K
h
X 0 (L) + X(L) = 0.
K
Solução 1.2
(a) A temperatura na extremidade esquerda é zero e na direita é dada pela função t2 .
(b) A temperatura na extremidade esquerda é cinco e a extremidade direita foi isolada termi-
camente.
Solução 2.1
Neste problema temos que L = 3 e k = 2, portanto para construir as soluções devemos
nπ
• comprovar que f é combinação linear de funções da forma sen x , n ∈ N;
3
nπ nπ 2
• montar a solução u(x, t) multiplicando cada função sen x pela exponencial e−( 3 ) 2t =
2 2 2
3
e− 9 n π t , n ∈ N.
8 2
2πx 50 2
5πx
(a) u(x, t) = 4e− 9 π t sen − e− 9 π t sen
3 3
2 2
(b) u(x, t) = 5e−32π t sen(4πx) + 2e−200π t sen(10πx)
2 2
π
(c) u(x, t) = 9e− 9 π t sen x
3
Solução 2.2
CF em (3.20):
2 kt
ux (0, t) = αeα [c1 − c2 ] = 0 ⇒ c1 = c2
α2 kt
ux (L, t) = αe [c1 eαL − c2 e−αL ]
2 kt
= c1 αeα [eαL − e−αL ] = 0 ⇒ c1 = 0 ⇒ c2 = 0 ⇒ u ≡ 0.
147
CF em (3.23):
2 kt 2 kt
u(−L, t) = u(L, t) ⇒ eα [c1 eαL + c2 e−αL ] = eα [c1 e−αL + c2 eαL ]
⇒ (c2 − c1 )e−αL = (c2 − c1 )eαL ⇒ c1 = c2
2 kt 2 kt
ux (−L, t) = ux (L, t) ⇒ c1 αeα [eαL − e−αL ] = c1 αeα [e−αL − eαL ]
2 kt
⇒ 2c1 αeα [eαL − e−αL ] = 0 ⇒ c1 = 0 ⇒ c2 = 0 ⇒ u ≡ 0.
Solução 2.3
Neste caso, L = 3, k = 3 e na condição inicial f precisamos ter combinações lineares de funções
da famı́lia cos nπ
L x , n ≥ 0.
√ − 25 π2 t
1 − 34 π 2 t 2π 5π
(a) u(x, t) = − 4e cos x + 2e 3 cos x .
3 3 3
2 2
(b) u(x, t) = −13e−3π t cos (πx) + 25e−12π t cos(2πx)
− 16 π 2t 4π
(c) u(x, t) = −1 + e 3 cos x .
3
Solução 2.4
Neste problema L = π, k = 1 e na função f precisamos ter combinações lineares de funções da
forma sen(nx), n = 1, . . . e cos(nx), n = 0, 1, . . . .
(a) u(x, t) = 5e−t cos(x) + 3e−64t sen(8x)
1
(b) u(x, t) = + e−4t cos(2x) − 6e−4t sen(2x)
2
(c) u(x, t) = 6e−t sen(x) − 7e−9t cos(3x) − 7e−9t sen(3x).
Solução 2.5
A igualdade garante que a energia térmica da barra é constante. Isto é coerente com as situações
fı́sicas representadas porque nos dois casos não há intercâmbio térmico com o ambiente.
Solução 2.6
(a)
Z L
0 ∂u
E (t) = (x, t) dx
0 ∂t
Z L 2
∂ u
=k (x, t) dx
0 ∂x2
∂u ∂u
=k (L, t) − (0, t)
∂x ∂x
= 0.
RL
(b) E(t) = E(0) = 0 f (x) dx.
∂u ∂u
(c) Os problemas nos quais (L, t) = (0, t) porque neste caso a taxa de perda e de ganho
∂x ∂x
de energia térmica recebida é a mesma.
148 RESPOSTAS OS EXERCÍCIOS
Solução 2.7
(a)
Z L
∂u
E 0 (t) = (x, t) dx
−L ∂t
L
∂2u
Z
=k 2
(x, t) dx
−L ∂x
∂u ∂u
=k (L, t) − (−L, t)
∂x ∂x
= 0.
RL
(b) E(t) = E(0) = −L f (x) dx.
∂u ∂u
(c) Os problemas nos quais (L, t) = (0, t) porque neste caso a taxa de perda e de ganho
∂x ∂x
de energia térmica recebida é a mesma.
Solução 2.8
(n + 1/2)π 2
Nos dois casos λ = − , n = 0, 1, . . . .
L
(n + 1/2)π
(a) Xn (x) = cn cos x , n = 0, 1, . . .
L
(n + 1/2)π
(b) Xn (x) = dn sen x , n = 0, 1, . . .
L
Solução 2.9
(n+1/2)π 2
− kt (n + 1/2)π
(a) un (x, t) = dn e L
sen x , n = 0, 1, . . .
L
N
(n+1/2)π 2
X − kt (n + 1/2)π
(b) u(x, t) = dn e L
sen x
L
n=0
9 2 3π
(c) u(x, t) = x + e− 2 π t sen x −1
2
Solução 2.10
u(x, t) = cx + d.
Solução 2.11
Para resolver este problema, podemos usar a relação entre u e w. Nas condições do problema,
a função w(x, t) = eht u(x, t) satisfaz
∂w ∂2w
ED = k 2 , 0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0;
∂t ∂x
CF w(0, t) = 0 w(L, t) = 0, t ≥ 0;
N
X nπ
CI w(x, 0) = bn sen x , 0 ≤ x ≤ L,
L
n=1
149
portanto
N nπ
nπ 2
bn e−( L )
X
kt
w(x, t) = sen x
L
n=1
e então
N nπ
nπ 2
bn e−( L )
X
kt
u(x, t) = eht sen x .
L
n=1
F Solução 2.12
Podemos usar o mesmo argumento do teorema 3.1 pois neste caso também vale que F 0 (t) ≤ 0.
F Solução 2.13
Podemos usar o mesmo argumento do teorema 3.1 pois neste caso também vale que F 0 (t) ≤ 0.
F Solução 2.14
F Solução 2.15
Capı́tulo 4
Solução 1.1
Solução 1.2
Solução 1.4
Solução 1.5
Solução 1.6
Solução 1.7
F Solução 1.8
Solução 2.1
Solução 2.2
Solução 2.3
Solução 2.4
Solução 3.1
Solução 3.2
Solução 3.3
Solução 3.4
Solução 4.1
150 RESPOSTAS OS EXERCÍCIOS
Solução 4.2
Solução 4.3
Solução 4.4
Solução 4.5
Solução 5.1
Solução 5.2
Solução 5.3
Solução 5.4
Capı́tulo 5
Solução 1.1
Solução 1.2
Solução 1.3
Solução 1.4
Solução 1.5
Capı́tulo 6
Solução 1.1
∂2u ∂2u
(a) u(x, y) = a0 + a1 x + a2 y. Portanto = 0 e = 0.
∂x2 ∂y 2
(b) As funções 1, x e y são harmônicas pelo item anterior. Podemos verificar diretamente que
xy também é harmônica. Como a equação de Laplace é linear e homogênea, pelo Princı́pio
de Superposição, qualquer combinação linear destas quatro funções também satisfará a
equação.
∂2u ∂2u
(c) = 2a, = 2c. Portanto, u vai satisfazer a equação de Laplace se e somente se
∂x2 ∂y 2
a + c = 0.
Solução 1.2
(a) Princı́pio de Superposição.
(b)
∂2 ∂2
2
∂ u ∂2u
∂u
xu(x, y) + 2 xu(x, y) = 2 + + 2
∂x2 ∂y ∂x ∂x2 ∂y
∂u
=2 = 0 ⇔ u(x, y) = ay + b.
∂x
151
(c) u1 (x, y) = x e u2 (x, y) = xy são funções harmônicas. No entanto, u(x, y) = x2 y não é pois
∂2u ∂2u
= 2y e = 0.
∂x2 ∂y 2
Solução 1.3
Caso 1 : λ = 0
X(x) = c1 x + c2 , Y (y) = d1 y + d2 ⇒ u(x, t) = (c1 x + c2 )(d1 y + d2 ),
Caso 2 : λ = α2 > 0
X(x) = c1 eαx + c2 e−αx , Y (y) = d1 cos(αy) + d2 sen(αy)
⇒ u(x, t) = (c1 eαx + c2 e−αx )(d1 cos(αy) + d2 sen(αy)),
Caso 3 : λ = −α2 < 0
X(x) = c1 cos(αx) + c2 sen(αx), Y (y) = d1 eαy + d2 e−αy
⇒ u(x, t) = (c1 cos(αx) + c2 sen(αx))(d1 eαy + d2 e−αy ).
Solução 1.4
x2 + y 2 − 1
(a) u(x, y) =
4
(b) A deformação da membrana é a mesma em todos os pontos de cada circunferência centrada
na origem e aumenta a medida que nos afastamos das bordas.
Solução 1.5
• Problema homogêneo de Dirichlet: Procuramos a temperatura estacionária de uma placa
cujas bordas estão sendo mantidas a temperatura zero.
Solução 2.1
∂2u ∂2u
+ = 0, 0 < x < 1, 0 < y < 1;
∂x2 ∂y 2
u(x, 0) = −1, u(x, 1) = −1 + x, 0 ≤ x ≤ 1;
u(0, y) = −1, u(1, y) = −1 + y, 0 ≤ y ≤ 1.
Solução 2.2
(a)
1 3
u(x, y) = sen(πx) senh(π(2 − y)) + sen(4πx) senh(4πy)
senh(2π) senh(8π)
2
− sen(6πx) senh(6πy)
senh(12π)
(b)
3 2
u(x, y) = sen(4πx) senh(4π(2 − y)) − sen(6πx) senh(6π(2 − y))
senh(8π) senh(12π)
1
+ sen(πx) senh(πy)
senh(2π)
152 RESPOSTAS OS EXERCÍCIOS
(c)
∞
8 X 1
u(x, y) = sen((2k − 1)πx) senh((2k − 1)πy)
π3 (2k − 1)3 senh(2(2k − 1)π)
k=1
(d)
1 1 3πy 3π(1 − x)
u(x, y) = sen(πx) senh(πy) − sen senh
senh(2π) senh 3π 2 2
2
(e)
∞
32 X 1 (2k − 1)π (2k − 1)π
u(x, y) = 3 sen y senh x
π 3
(2k − 1) senh (2k−1)π 2 2
k=1 2
(f)
1 1
u(x, y) = sen(πx) senh(π(2 − y)) + sen(πx) senh(πy)+
senh(2π) senh(2π)
1 1
sen(πy) senh(π(1 − x)) + sen(πy) senh(πx)
senh(π) senh(π)
Solução 2.3
(a) Precisamos decompor o problema em dois que tenham condições de fronteira nulas em três
lados da placa. OS problemas são
∂2u ∂2u
+ = 0, 0 < x < 1, 0 < y < 1;
∂x2 ∂y 2
u(x, 0) = 2 cos(7πx) − 4, u(x, 1) = 0, 0 ≤ x ≤ 1;
∂u ∂u
(0, y) = 0, (1, y) = 0, 0 ≤ y ≤ 1.
∂x ∂x
e
∂2u ∂2u
+ = 0, 0 < x < 1, 0 < y < 1;
∂x2 ∂y 2
u(x, 0) = 0, u(x, 1) = 5 cos(πx), 0 ≤ x ≤ 1;
∂u ∂u
(0, y) = 0, (1, y) = 0, 0 ≤ y ≤ 1.
∂x ∂x
(b) Vamos resolver o segundo problema. Para isto procuramos as soluções produto (u(x, y) =
X(x)Y (y)) da equação que satisfazem as condições de fronteira nulas
u(x, 0) = 0, 0 ≤ x ≤ 1;
∂u ∂u
(0, y) = 0, (1, y) = 0, 0 ≤ y ≤ 1.
∂x ∂x
Obtemos então que X 00 = λX, X 0 (0) = X 0 (1) = 0 e Y 00 = −λY , Y (0) = 0. Portanto,
X0 (x) = c0 ;
Y0 (y) = d0 y;
Xn (x) = cn cos(nπx), n ∈ N;
Yn (y) = dn senh(nπy), n ∈ N.
153
As soluções produto que podemos usar para construir a solução do problema são
u0 (x, y) = B
f0 y;
un (x, y) = B
fn cos(nπx) senh(nπy), n ∈ N.
Todas essas soluções satisfazem as três condicões de fronteira homogêneas. Para satisfazer
u(x, 1) = 5 cos(πx), observamos que u1 (x, 1) = B f1 cos(πx) senh(π) e que portanto, se esco-
5 5
lhermos Bf1 senh(π) = 5, ou seja, B
f1 = , teremos que u(x, y) = cos(πx) senh(πy)
senh(π) senh(π)
é a solução que satisfaz a equação de Laplace e todas as condições de fronteira deste
problema.
(c) Para resolver o primeiro problema, aproveitamos o fato de que se u = u(x, y) satisfaz
∂2u ∂2u
+ = 0, 0 < x < 1, 0 < y < 1;
∂x2 ∂y 2
u(x, 0) = 2 cos(7πx) − 4, u(x, 1) = 0, 0 ≤ x ≤ 1;
∂u ∂u
(0, y) = 0, (1, y) = 0, 0 ≤ y ≤ 1.
∂x ∂x
então v(x, y) = u(x, 1 − y) satisfaz
∂2v ∂2v
+ = 0, 0 < x < 1, 0 < y < 1;
∂x2 ∂y 2
v(x, 0) = 0, v(x, 1) = 2 cos(7πx) − 4, 0 ≤ x ≤ 1;
∂v ∂v
(0, y) = 0, (1, y) = 0, 0 ≤ y ≤ 1.
∂x ∂x
Para satisfazermos a condição de fronteira v(x, 1) = 2 cos(7πx) − 4, precisaremos utilizar as
soluções produto obtidas com n = 0 e n = 7, ou seja
v(x, y) = B
f0 y + B
f7 cos(7πx) senh(7πy).
Como v(x, 1) = B
f0 + B
f7 cos(7πx) senh(7π), obtemos que
2
v(x, y) = −4y + cos(7πx) senh(7πy).
senh(7π)
2
Portanto, u(x, y) = v(x, 1 − y) = −4(1 − y) + senh(7π) cos(7πx) senh(7π(1 − y)).
Solução 2.4
(a) Verifica-se que u(0, 0) = −1, u(0, 1) = −2, u(1, 0) = 0 e u(1, 1) = 0.
(b) U (x, y) = −1 + x − y + xy.
(c) O problema de Dirichlet satisfeito por v é
∂2v ∂2v
+ = 0, 0 < x < 1, 0 < y < 1;
∂x2 ∂y 2
v(x, 0) = 2 sen(5πx), v(x, 1) = 0, 0 ≤ x ≤ 1;
v(0, y) = 0, v(1, y) = 3 sen(2πy), 0 ≤ y ≤ 1.
154 RESPOSTAS OS EXERCÍCIOS
[2] D. Bleecker and G. Csördas. Basic Partial Differential Equations. International Press,
1997.
[8] M. Oliveira E. C Tygel. Métodos Matemáticos para Engenharia. SBM, Rio de Janeiro,
2010.
155