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Quando algo de bom acontece! Quando um sonho se realiza! Quando qualquer coisa que
se esperava com ansiedade se torna concreta é natural que a comemoração, que o festejo seja o
meio de expressar a felicidade! Então as pessoas preparam um delicioso almoço, convidam
amigos para o churrasco! Viajam para celebrar a conquista!
E podemos também dizer que para se comemorar algo, a música dá o tom da festa. Já
foram em um aniversário infantil sem musica? A maioria dos salmos são canções que expressam
alegria, porque aqueles que os compuseram, o fizeram em resposta a algum feito de Deus em
suas vidas e na historia do povo.
Assim um salmista afirma: “firme está o meu coração, ó Deus! Cantarei e entoarei louvores
de toda a minha alma”. Outro salmista aconselha a congregação: “cantai ao Senhor um cântico
novo, porque Ele tem feito maravilhas”. É com a certeza de que Deus é bom e de que a sua
misericórdia dura para sempre que o livro de salmos se encerra com o convite para que todos
louvem a Deus, pelos seus poderosos feitos. “Todo ser que respira louve ao Senhor” (150).
A musica diz muito a respeito do estado de espírito de uma pessoa, de modo que, via de
regras, pessoas alegres querem musica e pessoas tristes preferem o silêncio. Se em um
aniversário a musica faz sentido, em um oficio fúnebre pode não fazer tanto sentido assim! O
salmo 137 ilustra uma situação em que a musica não é desejada, uma situação em que as harpas
são penduradas, pois em vez de comemoração com musicas o desejo das pessoas era apenas o
de assentar-se e chorar!
O que fazer quando não há motivos para se comemorar o presente? Você já passou por
situações em que o presente vivido tornou-se um peso, tornou-se um momento em que o desejo
era que o tempo passasse rápido para que o presente se torna-se passado? Você já passou por
algum momento em que a insatisfação para com a vida, alcançou o seu ápice? Situações em que
por mais que outras pessoas vissem luz no fim do túnel, o que você conseguia enxergar era
apenas escuridão? Situações em que esta pergunta faz sentido: o que fazer quando não há
motivos para se comemorar o presente? O que fazer quando na vida temos apenas o desejo de
assentar e chorar?
1) Refletir com sinceridade sobre as motivações que nos fazem chorar! (1-2)
Santo Agostinho, ao refletir sobre este salmo, fez a seguinte comparação ao referir-se a
Jerusalém e a Babilônia. Jerusalém seria a cidade da paz, enquanto que Babilônia seria a cidade
da confusão. Para chegar a esta formulação, por certo, Santo Agostinho valeu-se dos escritos
originais para entender a etimologia das Palavras Jerusalém e Babilônia.
A segunda parte da palavra Jerusalém, ou seja, “salem”, aponta para uma palavra muito
comum entre os judeus que é shalom, que quer dizer paz! Por outro lado, a primeira parte da
palavra babilônia, aponta para o termo “Babel” que quer dizer confusão, pois em Babel, ninguém
entendeu ninguém e as pessoas se dispersaram.
Quais são as questões do nosso presente, que nos fazem agir como os antigos judeus à
margem dos rios da Babilônia? Quais são as situações da vida que nos trazem desânimo a ponto
de não termos ânimo para nos levantarmos da cama? Quais são os problemas que enfrentamos
que nos fazem chorar e que nos impedem de cantar?
O pedido dos babilônicos para os judeus é no mínimo curioso! Eles haviam matado a
muitos dos judeus em Jerusalém e os que sobreviveram foram levados cativos. Imagine que
alguém te maltrate, te ofenda e em seguida peça para que você cante! Estranho não!
O cântico de Sião ou cântico do Senhor era expressão de vitoria do Deus que liberta o
povo dos seus inimigos, logo o pedido dos babilônicos, continha certa doze de ironia, pois afinal
de contas, os judeus estavam rendidos e submetidos a uma nação estranha e a um deus
estranho. Na leitura que faço é como se eles estivessem dizendo algo mais ou menos assim:
“cante para nós povo vencido, uma canção do Deus que vocês dizem ser poderoso”. O pedido
além de irônico era uma afronta a Deus.
Os judeus estavam diante de uma situação que não podiam mudar, no entanto, não
permitiram que a situação os mudasse. Nos versos 5 e 6, o salmista expressa a fidelidade de um
povo ao seu Deus com palavras que revelam a dimensão do compromisso que tinham com Deus
ainda que em terra estranha. Se tocarmos aqui, que a nossa mão direita própria para tocar a
harpa, fique seca! Se cantarmos aqui, que a nossa língua se apegue ao paladar e sejamos
impedidos de cantar novamente!
A reação do povo frente ao pedido que receberam revela não apenas fidelidade a Deus,
mas também a fé e a esperança de que aquela situação seria mudada. Fé e esperança de que
ainda um dia eles sairiam da Babilônia, terra de confusão para retornarem a Jerusalém, terra de
paz!
As vezes irmãos e irmãs, a vida nos apresenta situações que tendem a minar a nossa fé e
a nossa esperança. Situações que podem nos fazer descrer do poder de Deus e que nos forçam
a cantar não o cântico da vitoria, mas cânticos em tons melancólicos que enfatizam a nossa
derrota frente aos problemas da vida!
Mas a palavra de esperança que encontramos em outro salmo é a seguinte: “o choro pode
durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”. Se porventura estamos passando por situações
em que no presente nada há para celebrar, nada há para cantar, não percamos a fé e não
percamos a esperança, mas encaremos os problemas da vida com fidelidade ao nosso Senhor,
sem permitir que os problemas da vida, sejam eles quais forem, mude a essência do nosso ser!
O sentimento que imperava no contexto em que este salmo foi escrito era guiado pelo que
determinava a lei de talião que dizia: “olho por olho e dente por dente”. O que fizeram a nós faça-
se a eles também. Nesse sentido o povo desterrado tinha o sentimento de vingança contra dois
povos específicos: Edom, povo vizinho e parente de Israel, pois eram descendentes de Esaú,
irmão de Jacó e os babilônicos.
Contra Edom eles clamavam ao Senhor por vingança, porque no dia de Jerusalém, ou
seja, quando os Babilônicos vieram, eles assistiram de camarote e alegram-se com a sua
destruição. Contra os filhos da Babilônia o desejo expressado em palavras revelava a
profundidade da raiva que sentiam. De forma cruel, desejavam que as crianças fossem
esmagadas contra as pedras!
Os historiadores vão dizer que quando o império Persa invadiu a Babilônia, eles de fato,
experimentaram da mesma violência praticada contra outros povos, incluindo os hebreus.
Mas o que quero enfatizar apesar das palavras tão contundentes deste salmo, irmãos e
irmãs, é que justiça não se faz com violência, mas com amor! Quero enfatizar algo já dito por
alguém que: “pagar o mal com o mal é humano, pagar o bem com o mal é diabólico, mas pagar o
mal com o bem é divino”.
O amor de Deus revelado em Jesus Cristo é o amor ágape, amor incondicional, amor que
prefere morrer a ter de matar. É preciso que frente a situações que nos incentivam à vingança, ao
olho por olho e dente por dente, estejamos ainda mais dispostos ao amor!
Só o amor pode romper o ciclo de violência! Só amor pode nos fazer perdoar e quem
perdoa retira um enorme peso dos ombros e aliviado das dores da alma, encontra apesar das
intempéries da vida, motivação para cantar um cântico novo ao Senhor que faz maravilhas,
quando tudo parece estar perdido!
Conclusão
Nesse sentido, quero reforçar o que já dissemos até aqui. Se você está triste a ponto de
não encontrar motivos para se comemorar o presente, reflita com sinceridade sobre as
motivações do choro. E nesta reflexão, pode ser que você tenha de mexer em coisas que não
gostaria de mexer. A exemplo do iceberg que conserva a maior parte de si, abaixo do que
podemos ver, assim são as questões da vida que provocam choro!
Não permita que as circunstâncias da vida minem a sua fé e esperança. Esteja alicerçado
na rocha para que diante das provações a nossa essência continue a mesma e continuemos fieis
em atitudes e palavras ao nosso criador. Mas acima de tudo, tenha amor, pois o amor une
perfeitamente todas as coisas. O amor como dom do nosso criador, nos permite enfr entar os
problemas sem perder a doçura. Que Deus nos ajude e nos abençoe1