Вы находитесь на странице: 1из 2

O pensamento Pós-Moderno em Michel Maffesoli

Autoria de Marcos Antônio Alves de Araújo

“(...) A aplicação de um saber dionisíaco pode dar a perceber o significado profundo do vitalismo pós-
moderno”.Maffesoli (1998)Perpassadas por idéias obsessivas, as obras do catedrático sociólogo Michel
Maffesoli[1] são imbuídas e permeadas por pistas e sensibilidades teóricas, que possibilitam aos aventureiros das
ciências sociais realizarem leituras densas da sociedade pós-moderna a partir dos rastros que vão sendo deixados por
este artesão do saber e da escrita. Nesse sentido, esse sociólogo formula categorias de análises e perscrutações das
múltiplas faces sociais.
Entre suas inúmeras contribuições “tatuadas” no corpo das ciências humanas, destacamos inicialmente a
tentativa de descongelar ou descristalizar os conceitos, visto por ele como um engessamento teórico. Para Maffesoli,
como cientistas sociais, devemos ter a capacidade de flexibilizar os conceitos, tornando-os mais maleáveis e movediços.
Além disso, na pós-modernidade esse termo, conceito, não consegue mais explicar a complexidade humana.

Deste modo, esse teórico “profetiza” a utilização de categorias ou mini-conceitos ao invés de conceitos.
Partindo desta perspectiva, Maffesoli alude que algumas “teorias” e pensamentos fecundados e
empregados na modernidade não devem mais ser utilizados para compreender as urdiduras que são tecidas nos espaços
da pós-modernidade.

Enquanto na modernidade predominava uma razão abstrata, concreta e inexorável, na pós-modernidade prevalecerá
uma conjunção da razão abstrata com a razão sensível. Nessa pós-modernidade, que alguns autores preferem chamar de
contemporaneidade, alguns sentimentos e emoções vão ser partilhados em coletividade. Esse respirar coletivo, remete
segundo Maffesoli, a uma ética da estética.

A ética da estética constitui-se, justamente, em emoções partilhadas e vivenciadas em comum. Uma faculdade de sentir
em comum. Desta maneira, a ética é definida como uma contraposição a moral castradora instituída socialmente. Seria
uma espécie de moral sem restrições, sem fronteiras, limites ou barreiras. Acerca dessa ética da estética, presente na
pós-modernidade pode-se enfatizar que na contemporaneidade multíplices Deuses[2] vão protagonizar as tramas,
inexistindo um único grande artista na peça tecida.

Com o fim de uma moral universal e o nascimento de uma moral plural, estão se desenvolvendo, aos olhos de Maffesoli,
um relativismo moral visível. Quanto à estética, deve-se compreendê-la no seu sentido mais simples: “vibrar em
comum, sentir em uníssono, experimentar coletivamente, tudo o que permite a cada um, movido pelo ideal comunitário,
de sentir-se daqui e em casa neste mundo” (Maffesoli, 2005: 8).

Malgrado, no caminhar pelas sendas textuais do mistério da conjunção, suscitamos uma inquietação: como pensar em
experimentar e sentir em coletividade se vivemos em uma sociedade fragmentada? Óbvio que Maffesoli não descarta o
discurso de uma sociedade pós-moderna fracionada. No entanto, para ele os arranjos sociais são estilhaçados ou mesmo
fragmentados em várias tribos, partes e parcelas.

Conforme Maffesoli, na pós-modernidade, os indivíduos vão estabelecer identificações com determinados grupos sociais,
usando símbolos, imagens, signos e adereços que vão reconhecê-los como pertencentes a determinadas tribos
formadas, bem como, serem reconhecidos pelos agentes exógenos.

Nessas identificações, os indivíduos pós-modernos se apropriam de espaços, construindo seus territórios de socialidades e
tecendo as múltiplas relações de poder[3], dissolvidas nos arranjos sociais. De acordo com Maffesoli (2001: 79), a
“socialidade em seus vários aspectos, ao lado de sua inscrição temporal, possui igualmente uma dimensão
espacial que não se pode negar a importância”. O “hedonismo de todos os dias tem necessidade de um
território para irromper e exprimir-se” (Maffesoli, 2001: 79).

Prevalece, nesse sentido, o desejo de estar junto, o sentimento de pertença aos micro-grupos
“germinados”. Salienta-se que esse desejo de estar junto poderá, segundo cada indivíduo, ser provisório
ou um pouco duradouro.

Por provisoriedade, Maffesoli infere que na pós-modernidade as coisas se esgotam no ar. Nada é infinito, nada é
imutável, nada é para sempre. Embora, vivamos num eterno retorno ressignificado dos mesmos, numa lógica circular.

Na modernidade pensávamos o tempo por meio de uma lógica linear. Porém na pós-modernidade o tempo é pensado
numa dimensão cíclica. No tempo das tribos, os agentes sociais vão ser alvos de uma hedonização de seus corpos, de
seus discursos, de seus atos, enfim, de suas vidas. Seus ditos e não-ditos estão inerentes e em consonâncias com o viver
o presente, o momento, o aqui e o agora.

Em termos teóricos, compartilhando das mesmas sensibilidades de autores como Michel de Certeau, Carlo Ginzburg,
Michel de Foucault, entre outros, Maffesoli defenderá as análises das micro-cenas, ou como preferem os
historiadores, micro-histórias.

http://revistaautor.com.br - Revista Autor Powered by Mambo Generated: 1 September, 2006, 16:35


Partículas que fazem parte do cotidiano da sociedade e que por muito tempo foram ignoradas pelos cientistas sociais.
Essas cenas são, concomitantemente, pequenas e grandes. Pequenas, talvez, por não terem uma dimensão espacial
significativa. Grandes por serem extremamente e profundamente complexas.

Pode assim proferir que o interesse pela culinária, o jogo das “aparências, os pequenos momentos festivos, as
perambulações diárias e o lazer não podem ser vistos como elementos sem importância ou frívolos da vida social”
(Mafessoli, 2005: 12).

Esses pequenos atos constituem “verdadeiras” centralidades subterrâneas, isto é, momentos da vida do
sapiens démens[4] que são vivenciados em grupos e que na maioria das vezes fogem ao ideal estabelecido sócio-
culturalmente. Nessa respiração coletiva em territórios flutuantes, acontecem as transgressões, as burlas e os desvios
cimentados historicamente.

Concernente a essas sociedades complexas, atinamos a existência de uma unicidade formada por um politeísmo de
valores resultados da “estética que garante a sinergia social, a convergência das ações e das vontades e permite,
mesmo conflitual, um equilíbrio, dos mais sólidos” (Maffesoli, 2005: 17).

Dessa forma, concluímos esse ensaio reflexivo, considerando que as contribuições de Maffesoli, com suas pistas teóricas,
são de enorme preponderância para compreendermos uma ínfima parte da complexidade da espécie humana encravada
nos territórios ditos pós-modernos.

BIBLIOGRAFIA
MACHADO, Roberto. Por uma genealogia do poder. In: FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Tradução e organização
de Roberto Machado. – 21ª ed. – Rio de Janeiro: Edições Graal, 2005, p.VII-XIII;
MAFFESOLI, Michel. A conquista do presente: por uma sociologia da vida cotidiana. Tradução de Alípio de Sousa Filho.
Natal/RN: Ed. Argos, 2001;
______. O elogio da razão sensível. Petrópolis: Vozes, 1998;
______. O mistério da conjunção. Porto Alegre: Sulina, 2005;

NOTAS
[1] Michel Maffesoli é docente catedrático de sociologia na Sorbonne, Paris V, presidente do Centre d’Études sur
I’Actuel et le Quotidien (CEAQ), e diretor do Centre de Recherche sur I’Imaginaire na Maison des
Sciences de I’Homme. É diretor da Revista Sociétes e do Cahiers de I”Imaginaire;
[2] Esses Deuses são empregados nessa malha discursiva remetendo-se a um caráter, tanto divino, como natural ou
social;
[3] Na introdução de Microfísica do Poder, Roberto Machado (2005: XIV) afirma que Foucault entende o poder como algo
disperso nas relações sociais, disseminado nos espaços humanos, não incrustado em pontos específicos da estrutura
social, mas dissolvido nas concatenações dos sapiens démens, funcionando “(...) como uma rede de dispositivos
ou mecanismos a que nada ou ninguém escapa, a que não existe exterior possível, limites ou fronteiras. Não existe de
um lado os que têm o poder e de outro aqueles que se encontram dele alijados. Rigorosamente falando, o poder não
existe; existem sim práticas ou relações de poder. O que significa dizer que o poder é algo que se exerce, que se efetua,
que funciona. E que funciona com uma maquinaria, como uma máquina social que não está situada em lugar
privilegiado ou exclusivo, mas se dissemina por toda a estrutura social. Não é um objeto, uma coisa, mas uma
relação”;
[4] Parafraseando Mafessoli (2005), percebe-se que na pós-modernidade os sujeitos não passam de seres sapiens
démens, ou seja, uma confluência da razão e da des-razão, da razão sensível e da razão abstrata, da sanidade e da
loucura.

Marcos Antônio Alves de Araújo é Mestrando do Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.

http://revistaautor.com.br - Revista Autor Powered by Mambo Generated: 1 September, 2006, 16:35

Вам также может понравиться