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Universidade de Lisboa
Curso: História
Nº: 149283
Introdução
Introduction
Desde do final do século XIX, a Alemanha, que possuia poucos recursos naturais,
dependia notoriamente das importações russas de matérias-primas. Antes da Primeira
Guerra Mundial, a Alemanha importou 1,5 bilião de marcos alemães de matérias-primas
e outros bens da Rússia por ano. Esses números voltaram a baixar após a Primeira Guerra
Mundial, mas depois de acordos comerciais firmados entre os dois países em meados da
década de 1920, o comércio voltou a crescer novamente para 433 milhões de
Reichsmarks. por ano. em 1927. No final da década de 1920, a Alemanha ajudou a
indústria soviética a modernizar-se e a auxiliar no estabelecimento de instalações de
produção de tanques na Fábrica Bolchevique de Leninegrado e na Fábrica de
Locomotivas de Kharkov.
Após a tomada de poder por Estaline em 1928, este tomou a posição, em relação ao
Partido Comunista Alemão, para que este nunca mais votasse numas eleições com o
Partido Social-Democrata Alemão - coincidindo assim, com a sua denúncia da
cooperação dos partidos comunistas internacionais com os movimentos social-
democratas, rotulando-os de fascistas sociais, e insistiu numa subordinação muito mais
estrita dos partidos comunistas para com o Komintern, portanto, a liderança soviética.
O segundo volume do programa inserido no Mein Kampf de Hitler (que foi publicado
pela primeira vez, em 1926) dava especial atenção ao Lebensraum (espaço vital para a
nação alemã) no leste (mencionando especificamente a Rússia) e, de acordo com sua
visão de mundo, retratava os Comunistas como Judeus (o apelidado de Bolchevismo
Judaico) que estavam destruindo a grande nação alemã. Esta ambição, se fosse
implementada, seria evidentemente um perigo óbvio para a estabilidade do regime
Comunista da União Soviética.
A reacção de Moscovo às medidas tomadas por Berlim foi inicialmente contida, com a
excepção de vários ataques provisórios ao novo governo alemão na imprensa soviética.
No entanto, à medida que as duras acções anti-soviéticas executadas pelo governo alemão
continuaram inabaláveis, os soviéticos desencadearam por seu lado, a sua própria
campanha de propaganda contra o Reich Nazi, mas aparentemente, em Maio de 1933, a
possibilidade de conflito parecia não estar no horizonte dos dois regimes ideologicamente
antagónicos.
Maxim Litvinov, o comissário do Povo para Assuntos Exteriores (ministro das Relações
Exteriores da URSS) desde 1930, considerava o III Reich a maior ameaça à União
Soviética. E, pelo facto de na altura de se ter a noção do facto do Exército Vermelho não
ser visto como suficientemente forte, a URSS procurou evitar envolver-se numa guerra
geral na Europa, pondo em prática uma política de segurança coletiva, tentando conter a
Alemanha Nazi, por intermediação e cooperação com a Sociedade das Nações e por
influência das potências Ocidentais, principalmente da França.
É de notar também o facto de a URSS ter sido reconhecida pela Sociedade das Nações e
pelas suas constituintes em 1933-34, a posição soviética em relação à diplomacia
internacional havia-se alterado, muito estando em causa a ascenção ao poder por parte de
Hitler, obrigando o regime Comunista Soviético a se colocar numa posição mais em
consonância com a posição diplomática da Terceira República Francesa, muito devido a
posição geo-estretégica destas potências no mapa da Europa, pois ‘emparedavam’ a Este
e a Oeste o regime Nazi.
Anti-Komintern
A política diplomática europeia a meio da décade de 30 do século XX, entra numa época
de claro estado de frenesim, e isso vai-se se reflectir nas flutuações das próprias relações
entre os estado europeus de maior proeminência, quer fosse o Reino Unido, a França, a
URSS ou a Alemanha Nazi.
Este pacto não era dirigido directamente à União Soviética, era supostamente dirigido
apenas contra o Komintern, a Internacional Comunista, mas na verdade continha um
acordo secreto de que, no caso de qualquer um dos signatários entrasse em guerra com a
União Soviética, o outro poder signatário deveria manter a neutralidade.
Do ponto de vista económico, a União Soviética fez repetidos esforços para tentar
restabelecer um contacto mais próximo com a Alemanha, procurando principalmente
pagar as dívidas de transações anteriores com matérias-primas, enquanto a Alemanha, por
seu lado, estava a pôr em prática um processo de rearmamento das suas forças armadas.
As duas potências assinaram entre si um contrato de crédito em 1935. Paralelamente a
isto, em 1936, devido a crises no fornecimento de matérias-primas e de alimentos Hitler
viu-se forçado a decretar o Plano de Quatro Anos (Vierjahresplan) que consistia num
conjunto de reformas económicas criadas pelo Partido Nacional-Socialista. para o
rearmamento "sem levar em conta os custos", e tendo como principal objectivo do plano,
preparar a Alemanha para a auto-suficiência num espaço de quatro anos (1936–1940) há
também uma clara mudança nas opções políticas por parte de Hitler, que era preparar-se
para concretizar a sua proposta ideológica impressa no Mein Kampf, o Lebensraum, e por
consequência, passou a rejeitar quaisquer tentativas da União Soviética em estreitar laços
políticos com a Alemanha, contrato de crédito inclusive.
O estado de situação para o lado soviético piora devido ao desenrolar da Grande Purga -
uma campanha de repressão violenta de cariz político na União Soviética que ocorreu de
1936 a 1938, muitas vezes comparado com o período do Grande Terror no pós-Revolução
Francesa de 1794, tendo sido mortos no caso russo, aproximadamente, 600 mil a 1 milhão
de pessoas. Envolviam perseguições em grande escala de membros e opositores a Estaline
no interior do Partido Comunista por si liderado, como também de funcionários do
governo, dos latifundiários ricos e mesmo na liderança do Exército Vermelho, foram
impostos um reforço da vigilância policial sobre possíveis suspeitos de sabotagem,
contra-revolucionários, seguindo-se do aprisionamento e execuções arbitrárias. Na
historiografia russa, o período da purga mais intenso registado que ocorreu foi o de 1937-
1938, período denominado em russo como Yezhovshchina (literalmente, o "fenómeno
Yezhov"), a título de exemplo, pela morte do chefe da NKVD, a polícia secreta russa da
altura, Nikolai Yezhov.
Voltando a Maxym Litvinov e à sua tentativa de tentar conter os avanços alemães, que
vê-se evidentemente derrotada após a conclusão dos Acordos de Munique a 29 de
Setembro de 1938, quando a Grã-Bretanha e a França favoreceram a autodeterminação
dos alemães Sudetas sobre a integridade territorial da Checoslováquia, desconsiderando
a posição soviética. No entanto, ainda discute-se, mesmo antes de Munique, se a União
Soviética teria realmente cumprido com as suas garantias à Checoslováquia, no caso de
uma invasão alemã.
William Shirer, no seu livro A Ascensão e Queda do Terceiro Reich (1960), considerou
que, embora Hitler não estivesse a fazer bluff em relação à sua intenção de invadir, a
Checoslováquia teria sido capaz de oferecer resistência significativa. Shirer acreditava
que a Grã-Bretanha e a França tinham defesas aéreas suficientes para evitar um
bombardeio sério de Londres e Paris e teriam conseguido uma guerra rápida e bem-
sucedida contra a Alemanha. O autor ainda cita Churchill, que afirmou que o acordo de
Munique significava que a "Grã-Bretanha e a França estavam em uma posição muito pior
em comparação com a Alemanha de Hitler". Depois de Hitler ter pessoalmente
inspeccionado as fortificações checas, ele disse a Joseph Goebbels, em privado, "que
teríamos derramado muito sangue" e que era uma sorte que não ter começado um conflito
com a invasão da Checoslováquia.
Só em Abril de 1939, com os soviéticos liderados por Litvinov, é que foram lançadas as
negociações da aliança tripartida com os embaixadores do Reino Unido e da França, na
tentativa de conter a Alemanha. No entanto, por uma razão ou outra, estas negociações
foram constantemente arrastados e prolongaram-se devido a atrasos consecutivos.
As potências ocidentais acreditavam que a guerra ainda poderia ser evitada e a URSS,
muito debilitada pelas purgas, não poderia actuar como principal beligerante. A URSS
discordou mais ou menos deles em ambas as questões, abordando as negociações com
cautela devido à tradicional hostilidade para com e das potências capitalistas. A União
Soviética também envolveu-se em negociações secretas com o III Reich, enquanto
conduzia as oficiais com o Reino Unido e a França, negociações que iriam terminar no
Pacto Molotov-Ribbentrop nesse mesmo ano.
No contexto do final da década de 30, e porque uma abordagem económica sob o ideal
de autarcia, como sugeria o Plano de Quatro Anos, ou uma aliança com a Grã-Bretanha
era impossível, relações mais próximas com a União Soviética eram necessárias, se não
apenas por razões meramente económicas. A Alemanha não dispunha de abastança de
petróleo e só podia suprir 25% das suas próprias necessidades, ficando a Alemanha 2
milhões de toneladas por ano, abaixo das suas necessidades e surpreendentes 10 milhões
de toneladas abaixo do total previsto pelo seu plano de mobilização geral, por outro lado,
a União Soviética era necessária para assegurar várias outras matérias-primas, como
minérios (incluindo ferro e manganésio), borracha, gorduras alimentares e óleos.
Enquanto as importações soviéticas na Alemanha haviam caído para 52,8 milhões de
Reichsmarks em 1937, os aumentos maciços na produção de armamentos e a consequente
escassez crítica de matéria-prima levaram a Alemanha a reverter sua atitude anterior,
impulsionando as negociações económicas no início de 1939.
Entretanto, mais cedo nesse mês a 3 de maio de 1939, Litvinov havia sido demitido e
substituído por Vyacheslav Molotov, que tinha relações tensas com Litvinov (umas das
possibilidades poderia-se argumentar pela origem judaica de Litvinov) assumiu o cargo
de Comissário dos Assuntos Estrangeiros. Esta opção poderá ter sido por razões
puramente internas, mas pode ser interpretado como um sinal para a Alemanha de que a
era da segurança coletiva anti-alemã por parte dos soviético estrava ultrapassado, ou um
sinal para os ingleses e franceses de que Moscovo deveria ser levada mais a sério, devido
às negociações para uma aliança tripartida.
O III Reich começou numa busca persistente por um pacto com a União Soviética na
primavera de 1939, a fim de evitar uma aliança entre a Inglaterra e a França, e assegurar
a neutralidade soviética tendo em vista uma futura guerra com a Polónia.
Conclusão
Bibliografia
Roberts, Geoffrey. “The Soviet Decision for a Pact with Nazi Germany.” Soviet
Studies, vol. 44, no. 1, 1992, pp. 57–78. JSTOR, www.jstor.org/stable/152247.
Shirer, William L. The Rise and Fall of the Third Reich: A History of Nazi Germany,
1990, pp. 679-711. Simon & Schuster. Ebook edition: Rosetta Boos, LLC