Вы находитесь на странице: 1из 14

Faculdade de Letras

Universidade de Lisboa

Ano Lectivo: 2018/2019 – 2º Semestre

Curso: História

Cadeira: Europa: Guerras e Reconstrução no séc. XX

Docente: Teresa Nunes

O Pacto Ribbentrop-Molotov: o prenúncio de


uma invasão ou uma estratégia de ganhar tempo

Aluno: Vasco Martins Henriques

Nº: 149283
Introdução

O Pacto Molotov-Ribbentrop, oficialmente conhecido como o Tratado de Não-Agressão


entre a Alemanha e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, foi um pacto de
neutralidade entre a Alemanha Nazi e a União Soviética, assinado em Moscovo a 23 de
agosto de 1939. Representaram-se estas potências pelos ministros das Relações
Exteriores, Joachim von Ribbentrop e Vyacheslav Molotov, respectivamente.

As cláusulas do pacto nazi-soviético forneciam uma garantia por escrito de não-


beligerância em relação a uma com a outra, e um compromisso declarado de que nenhum
governo se aliaria, ou ajudaria um inimigo da outra parte. Além das estipulações de não-
agressão, o tratado incluía um protocolo secreto que definia as fronteiras das "esferas de
influência" soviéticas e alemãs no caso de possível rearranjo dos territórios pertencentes
à Polónia, Lituânia, Letónia, Estónia e Finlândia. O Protocolo Secreto foi apenas um
rumor até que foi divulgado nos julgamentos de Nuremberga.

Palavras-chave: Estratégia Militar, Zonas de Influência, Frente Leste;

Introduction

The Molotov-Ribbentrop Pact, officially known as the Non-Aggression Treaty between


Germany and the Union of Soviet Socialist Republics, was a pact of neutrality between
Nazi Germany and the Soviet Union, signed in Moscow on August 23, 1939. The Foreign
Ministers, Joachim von Ribbentrop and Vyacheslav Molotov represented these powers,
respectively.
The provisions of the Nazi-Soviet pact provided a written guarantee of non-belligerence
in relation to one another, and a stated commitment that no government would ally or aid
an enemy of the other party. In addition to the non-aggression provisions, the treaty
included a secret protocol that defined the borders of the Soviet and German "spheres of
influence" in case of possible rearrangement of the territories belonging to Poland,
Lithuania, Latvia, Estonia and Finland. The Secret Protocol was only a rumor until it was
disclosed at the Nuremberg trials.

Keywords: Military Strategy, Zones of Influence, Eastern Front;


1. Antecedentes: A colaboração Nazi-Soviética pré-1939

1.1 - República de Weimar

Desde do final do século XIX, a Alemanha, que possuia poucos recursos naturais,
dependia notoriamente das importações russas de matérias-primas. Antes da Primeira
Guerra Mundial, a Alemanha importou 1,5 bilião de marcos alemães de matérias-primas
e outros bens da Rússia por ano. Esses números voltaram a baixar após a Primeira Guerra
Mundial, mas depois de acordos comerciais firmados entre os dois países em meados da
década de 1920, o comércio voltou a crescer novamente para 433 milhões de
Reichsmarks. por ano. em 1927. No final da década de 1920, a Alemanha ajudou a
indústria soviética a modernizar-se e a auxiliar no estabelecimento de instalações de
produção de tanques na Fábrica Bolchevique de Leninegrado e na Fábrica de
Locomotivas de Kharkov.

Os soviéticos ofereceram, por seu lado, instalações de construção de submarinos Mar


Negro, mas isso não foi aceite pelos alemães. A Kriegsmarine aceitou uma oferta
posterior acerca de uma base perto de Murmansk, onde navios alemães poderiam se
esconder dos britânicos. Durante a Guerra Fria, esta base em Polyarnyy (que tinha sido
construída especialmente para os alemães) tornou-se a maior loja de armas do mundo.

A maioria dos documentos relativos à cooperação militar secreta germano-soviética foi


sistematicamente destruída na Alemanha. As comunidades de inteligência polacas e
francesas da década de 1920 estavam notavelmente bem informadas sobre a cooperação
militar entre as potências. Isso, no entanto, não teve nenhum efeito imediato sobre as
relações alemãs com outras potências europeias. Após a Segunda Guerra Mundial, os
documentos do general Hans von Seeckt e memórias de outros oficiais alemães tornaram-
se disponíveis, e após a dissolução da União Soviética, um punhado de documentos
soviéticos sobre isso mesmo, foram publicados.

Já em 1925, a Alemanha rompeu o seu isolamento diplomático na Europa e decidiu tomar


parte nos Tratados de Locarno com a França e a Bélgica, comprometendo-se a não atacá-
los. A União Soviética tomou esta dissidência ocidental como potencialmente gravosa
para o seu próprio isolamento político no contexto europeu, em particular fragilizando as
relações soviético-alemãs. Como a Alemanha havia-se tornado menos economicamente
dependente da União Soviética, e por isso, tornou-se mais relutante em tolerar a
interferência subversiva do Comintern: em 1925, vários membros da Rote Hilfe, uma
filiação alemã do Partido Comunista, foram julgados por traição em Leipzig no que ficou
conhecido como o Julgamento de Cheka.

Ainda durante a República de Weimar, a 24 de Abril de 1926, a Alemanha e a União


Soviética concluíram entre si o Tratado de Berlim, reafirmando a adesão das partes ao
Tratado de Rapallo – tratado diplomático concluído entre estas duas partes - e extendendo
a neutralidade por cinco anos. O tratado foi assinado pelo ministro das Relações
Exteriores da Alemanha, Gustav Stresemann, e pelo embaixador soviético da altura,
Nikolay Krestinsky. O tratado foi visto como uma ameaça iminente pela Polônia, e
tomado com cautela por parte dos outros estados europeus em relação ao seu possível
efeito sobre as obrigações da Alemanha como parte do acordado em Locarno. A França
também expressou as suas preocupações a esse respeito no contexto da esperada
participação da Alemanha na Sociedade das Nações.

Após a tomada de poder por Estaline em 1928, este tomou a posição, em relação ao
Partido Comunista Alemão, para que este nunca mais votasse numas eleições com o
Partido Social-Democrata Alemão - coincidindo assim, com a sua denúncia da
cooperação dos partidos comunistas internacionais com os movimentos social-
democratas, rotulando-os de fascistas sociais, e insistiu numa subordinação muito mais
estrita dos partidos comunistas para com o Komintern, portanto, a liderança soviética.

O período mais intenso da colaboração militar soviética com a Alemanha de Weimar


deu-se entre 1930 a 1932. Em 24 de Junho de 1931, foi assinada uma extensão do Tratado
de Berlim de 1926, embora só em 1933 esta tenha sido ratificada pelo Reichstag devido
a lutas políticas internas.

Alguma desconfiança soviética surgiu durante a Conferência de Lausanne de 1932,


quando se dizia que o Chanceler alemão Franz von Papen havia proposto ao primeiro-
ministro francês Édouard Herriot, uma aliança militar. Os soviéticos, por seu lado, foram
rápidos em desenvolver as suas próprias relações com a França, na altura o seu principal
aliado, e com a Polónia. Culminando com a conclusão do Pacto de Não-Agressão
Soviético-Polaco, em 25 de Julho de 1932, e o Pacto de Não-Agressão Soviético-Francês,
em 29 de Novembro de 1932.

Neste sentido, é possível verificar que a estratégia de pactos, a partir da diplomacia


internacional era um veículo bastante ágil para qualquer uma das potências levar adiante
os seus intentos, e este modo de executar a política internacional era transversal a qualquer
tipo de regime político em vigor, especialmente notório na estratégia do Partido Nacional-
Socialista alemão, que se perpetuará na própria política do III Reich.

1.2 – A eleição de Hitler

Hitler chega ao poder em 30 de Janeiro de 1933, e quase que institivamente dá ordens


para a repressão do Partido Comunista da Alemanha. Os nazis tomaram medidas policiais
contra as missões comerciais soviéticas, além de empresas, da imprensa e das liberdades
individuais dos cidadãos na Alemanha. Igualmente, foi lançada uma campanha de
propaganda anti-soviética aliando-se à falta de boa vontade nas relações diplomáticas,
embora o Ministério das Relações Exteriores alemão, sob vigência de Konstantin von
Neurath (ministro das Relações Exteriores entre 1932-1938) se opusesse vigorosamente
à separação iminente.

O segundo volume do programa inserido no Mein Kampf de Hitler (que foi publicado
pela primeira vez, em 1926) dava especial atenção ao Lebensraum (espaço vital para a
nação alemã) no leste (mencionando especificamente a Rússia) e, de acordo com sua
visão de mundo, retratava os Comunistas como Judeus (o apelidado de Bolchevismo
Judaico) que estavam destruindo a grande nação alemã. Esta ambição, se fosse
implementada, seria evidentemente um perigo óbvio para a estabilidade do regime
Comunista da União Soviética.

A reacção de Moscovo às medidas tomadas por Berlim foi inicialmente contida, com a
excepção de vários ataques provisórios ao novo governo alemão na imprensa soviética.
No entanto, à medida que as duras acções anti-soviéticas executadas pelo governo alemão
continuaram inabaláveis, os soviéticos desencadearam por seu lado, a sua própria
campanha de propaganda contra o Reich Nazi, mas aparentemente, em Maio de 1933, a
possibilidade de conflito parecia não estar no horizonte dos dois regimes ideologicamente
antagónicos.

Em Agosto de 1933, Molotov, o na altura Presidente do Conselho de Comissários do


Povo da União Soviética, garantiu ao embaixador alemão Herbert von Dirksen que as
relações soviético-alemãs dependeriam exclusivamente da atitude da Alemanha perante
a União Soviética. No entanto, o acesso do Reichswehr (as forças armadas alemãs) aos
três locais de treinamento e testes militares (Lipetsk, Kama e Tomka) foi abruptamente
encerrado pela União Soviética em Agosto-Setembro de 1933. O ténue entendimento
político entre a União Soviética e a Alemanha foi finalmente quebrado pela assinatura do
Pacto de Não-Agressão Alemão-Polaco, de 26 de Janeiro de 1934, entre a Alemanha Nazi
e a Segunda República da Polónia.

Maxim Litvinov, o comissário do Povo para Assuntos Exteriores (ministro das Relações
Exteriores da URSS) desde 1930, considerava o III Reich a maior ameaça à União
Soviética. E, pelo facto de na altura de se ter a noção do facto do Exército Vermelho não
ser visto como suficientemente forte, a URSS procurou evitar envolver-se numa guerra
geral na Europa, pondo em prática uma política de segurança coletiva, tentando conter a
Alemanha Nazi, por intermediação e cooperação com a Sociedade das Nações e por
influência das potências Ocidentais, principalmente da França.

É de notar também o facto de a URSS ter sido reconhecida pela Sociedade das Nações e
pelas suas constituintes em 1933-34, a posição soviética em relação à diplomacia
internacional havia-se alterado, muito estando em causa a ascenção ao poder por parte de
Hitler, obrigando o regime Comunista Soviético a se colocar numa posição mais em
consonância com a posição diplomática da Terceira República Francesa, muito devido a
posição geo-estretégica destas potências no mapa da Europa, pois ‘emparedavam’ a Este
e a Oeste o regime Nazi.

1.3 – O pós-Congresso do Komintern (Internacional Comunista) e o Pacto

Anti-Komintern

A política diplomática europeia a meio da décade de 30 do século XX, entra numa época
de claro estado de frenesim, e isso vai-se se reflectir nas flutuações das próprias relações
entre os estado europeus de maior proeminência, quer fosse o Reino Unido, a França, a
URSS ou a Alemanha Nazi.

Enquadrando-se nestas mesmas flutuações diplomáticas, é assinado a 2 de Maio de 1935,


entre a França e a URSS, o Tratado de Assistência Mútua Franco-Soviético, que previa
uma duração de cinco anos. A ratificação deste tratado pela França pode ter sido um factor
decisivo que gerou em Hitler, a tomada de decisão de remilitarização da Renânia em 7 de
Março de 1936.
O 7º Congresso Mundial da Internacional Comunista (o Komintern), aprovou
oficialmente em 1935, a estratégia da Frente Popular para a formação de amplas alianças
com partidos dispostos a se opor ao fascismo - os partidos comunistas começaram
conduzir essa política a partir de 1934. Também em 1935, no 7º Congresso dos Sovietes,
a partir de um estudo que gerou controvérsia, Molotov sublinhou a necessidade de boas
relações diplomáticas com Berlim, uma posição que gerou bastante disconforto no seio
dos militantes do Partido Comunista Soviético, muito devido à continuidade da
propaganda anti-comunista na Alemanha.

E, eis que em 25 de Novembro de 1936, a Alemanha Nazi e o Japão Imperial concluíram


entre si as negociações do Pacto Anti-Komintern, ao qual a Itália de Mussolini só viria a
aderir em 1937.

Este pacto não era dirigido directamente à União Soviética, era supostamente dirigido
apenas contra o Komintern, a Internacional Comunista, mas na verdade continha um
acordo secreto de que, no caso de qualquer um dos signatários entrasse em guerra com a
União Soviética, o outro poder signatário deveria manter a neutralidade.

Do ponto de vista económico, a União Soviética fez repetidos esforços para tentar
restabelecer um contacto mais próximo com a Alemanha, procurando principalmente
pagar as dívidas de transações anteriores com matérias-primas, enquanto a Alemanha, por
seu lado, estava a pôr em prática um processo de rearmamento das suas forças armadas.
As duas potências assinaram entre si um contrato de crédito em 1935. Paralelamente a
isto, em 1936, devido a crises no fornecimento de matérias-primas e de alimentos Hitler
viu-se forçado a decretar o Plano de Quatro Anos (Vierjahresplan) que consistia num
conjunto de reformas económicas criadas pelo Partido Nacional-Socialista. para o
rearmamento "sem levar em conta os custos", e tendo como principal objectivo do plano,
preparar a Alemanha para a auto-suficiência num espaço de quatro anos (1936–1940) há
também uma clara mudança nas opções políticas por parte de Hitler, que era preparar-se
para concretizar a sua proposta ideológica impressa no Mein Kampf, o Lebensraum, e por
consequência, passou a rejeitar quaisquer tentativas da União Soviética em estreitar laços
políticos com a Alemanha, contrato de crédito inclusive.

O estado de situação para o lado soviético piora devido ao desenrolar da Grande Purga -
uma campanha de repressão violenta de cariz político na União Soviética que ocorreu de
1936 a 1938, muitas vezes comparado com o período do Grande Terror no pós-Revolução
Francesa de 1794, tendo sido mortos no caso russo, aproximadamente, 600 mil a 1 milhão
de pessoas. Envolviam perseguições em grande escala de membros e opositores a Estaline
no interior do Partido Comunista por si liderado, como também de funcionários do
governo, dos latifundiários ricos e mesmo na liderança do Exército Vermelho, foram
impostos um reforço da vigilância policial sobre possíveis suspeitos de sabotagem,
contra-revolucionários, seguindo-se do aprisionamento e execuções arbitrárias. Na
historiografia russa, o período da purga mais intenso registado que ocorreu foi o de 1937-
1938, período denominado em russo como Yezhovshchina (literalmente, o "fenómeno
Yezhov"), a título de exemplo, pela morte do chefe da NKVD, a polícia secreta russa da
altura, Nikolai Yezhov.

Ao mesmo tempo, os expurgos tornaram menos provável a assinatura de um acordo


económico com a Alemanha: eles tornaram imprática a já confusa estrutura
administrativa soviética necessária para as negociações e, assim, levou Hitler a
convencer-se a si próprio a considerar os soviéticos, como militarmente e
diplomaticamente incapazes.

Voltando a Maxym Litvinov e à sua tentativa de tentar conter os avanços alemães, que
vê-se evidentemente derrotada após a conclusão dos Acordos de Munique a 29 de
Setembro de 1938, quando a Grã-Bretanha e a França favoreceram a autodeterminação
dos alemães Sudetas sobre a integridade territorial da Checoslováquia, desconsiderando
a posição soviética. No entanto, ainda discute-se, mesmo antes de Munique, se a União
Soviética teria realmente cumprido com as suas garantias à Checoslováquia, no caso de
uma invasão alemã.

William Shirer, no seu livro A Ascensão e Queda do Terceiro Reich (1960), considerou
que, embora Hitler não estivesse a fazer bluff em relação à sua intenção de invadir, a
Checoslováquia teria sido capaz de oferecer resistência significativa. Shirer acreditava
que a Grã-Bretanha e a França tinham defesas aéreas suficientes para evitar um
bombardeio sério de Londres e Paris e teriam conseguido uma guerra rápida e bem-
sucedida contra a Alemanha. O autor ainda cita Churchill, que afirmou que o acordo de
Munique significava que a "Grã-Bretanha e a França estavam em uma posição muito pior
em comparação com a Alemanha de Hitler". Depois de Hitler ter pessoalmente
inspeccionado as fortificações checas, ele disse a Joseph Goebbels, em privado, "que
teríamos derramado muito sangue" e que era uma sorte que não ter começado um conflito
com a invasão da Checoslováquia.
Só em Abril de 1939, com os soviéticos liderados por Litvinov, é que foram lançadas as
negociações da aliança tripartida com os embaixadores do Reino Unido e da França, na
tentativa de conter a Alemanha. No entanto, por uma razão ou outra, estas negociações
foram constantemente arrastados e prolongaram-se devido a atrasos consecutivos.

As potências ocidentais acreditavam que a guerra ainda poderia ser evitada e a URSS,
muito debilitada pelas purgas, não poderia actuar como principal beligerante. A URSS
discordou mais ou menos deles em ambas as questões, abordando as negociações com
cautela devido à tradicional hostilidade para com e das potências capitalistas. A União
Soviética também envolveu-se em negociações secretas com o III Reich, enquanto
conduzia as oficiais com o Reino Unido e a França, negociações que iriam terminar no
Pacto Molotov-Ribbentrop nesse mesmo ano.

2 – Negociações Duplas (1939)

No contexto do final da década de 30, e porque uma abordagem económica sob o ideal
de autarcia, como sugeria o Plano de Quatro Anos, ou uma aliança com a Grã-Bretanha
era impossível, relações mais próximas com a União Soviética eram necessárias, se não
apenas por razões meramente económicas. A Alemanha não dispunha de abastança de
petróleo e só podia suprir 25% das suas próprias necessidades, ficando a Alemanha 2
milhões de toneladas por ano, abaixo das suas necessidades e surpreendentes 10 milhões
de toneladas abaixo do total previsto pelo seu plano de mobilização geral, por outro lado,
a União Soviética era necessária para assegurar várias outras matérias-primas, como
minérios (incluindo ferro e manganésio), borracha, gorduras alimentares e óleos.
Enquanto as importações soviéticas na Alemanha haviam caído para 52,8 milhões de
Reichsmarks em 1937, os aumentos maciços na produção de armamentos e a consequente
escassez crítica de matéria-prima levaram a Alemanha a reverter sua atitude anterior,
impulsionando as negociações económicas no início de 1939.

A 28 de Abril de 1939, Hitler denunciou o Pacto de Não-Agressão Alemão-Polaco de


1934 e o Acordo Naval Anglo-Alemão de 1935. Como reacção a esta notícia, a Grã-
Bretanha e a França tornam públicas declarações em que garantiam a soberania da Polônia
e, em 25 de Abril, assinaram um Pacto de Defesa Comum com a Polónia, quando esse
mesmo país recusou-se a ser associado a uma garantia de quatro poderes, que envolveria
a URSS.

As diplomacias europeias encontravam-se num estado de frenesim, porque do outro lado


da barricada, a 22 de Maio de 1939, a Alemanha de Hitler e a Itália de Mussolini,
assinaram entre si o Pacto de Aço, que constituia-se em duas partes, na primeira secção
foi declarada abertamente o clima de confiança contínua e cooperação entre a Alemanha
e a Itália, enquanto a segunda, um "Protocolo Suplementar Secreto", determinava uma
união de políticas relativas às forças armadas e à economia. Embora tenha a intenção de
durar 10 anos, foi efetivamente cancelado em 1943 com a remoção do governo fascista
da Itália, poderia-se dizer uma demonstração de fidelidade entre os regimes totalitários
em emergência em 1939.

Entretanto, mais cedo nesse mês a 3 de maio de 1939, Litvinov havia sido demitido e
substituído por Vyacheslav Molotov, que tinha relações tensas com Litvinov (umas das
possibilidades poderia-se argumentar pela origem judaica de Litvinov) assumiu o cargo
de Comissário dos Assuntos Estrangeiros. Esta opção poderá ter sido por razões
puramente internas, mas pode ser interpretado como um sinal para a Alemanha de que a
era da segurança coletiva anti-alemã por parte dos soviético estrava ultrapassado, ou um
sinal para os ingleses e franceses de que Moscovo deveria ser levada mais a sério, devido
às negociações para uma aliança tripartida.

O que é certo é que ambos os gabinetes diplomáticos estavam em contacto e chegaram à


previsão para as negociações tanto de uma acordo diplomático, que envolvia um ‘pacto
secreto’, como de um acordo económico em Agosto de 1939.

3 – Negociações e Conclusão do Pacto

Enquanto as negociações com os Britânicos e os Franceses não chegavam a bom porto


em Agosto de 1939, no dia 10 desse mês, a URSS e a Alemanha elaboravam os últimos
pequenos detalhes técnicos para concluir o acordo económico, mas os soviéticos
demoraram a assinar o acordo por quase dez dias até terem certeza de que haviam chegado
a um acordo político com a Alemanha. Em 12 de Agosto, a Alemanha recebeu a notícia
de que Molotov queria discutir mais sobre essas questões, incluindo a Polónia, em
Moscovo.
Segundo William L. Shirer, enquanto nas negociações com as potências ocidentais o
ponto de situação chegou a um impasse devido ao facto de a Polónia recusar posicionar
no seu território tropas soviética devido à ameaça alemã. Ao mesmo tempo, Molotov
comunicou ao embaixador da Alemanha em Moscovo, a 15 de Agosto, sobre a
possibilidade de "resolver por negociação todos os problemas pendentes das relações
soviético-alemãs". A discussão incluiu a possibilidade de um pacto de não agressão
soviético-alemão, a juntar-se aos assuntos em questão era o destino dos estados bálticos
e potenciais melhorias nas relações soviético-japonesas. Molotov afirmou que "se o
ministro alemão das Relações Exteriores vier aqui", essas questões "devem ser discutidas
em termos concretos". Poucas horas depois de receber a notícia da reunião, a Alemanha
enviou uma resposta dizendo que estava preparada para concluir um acordo pela
longevidade de 25 anos, um pacto de não-agressão, pronto para "garantir os Estados
bálticos em conjunto com a União Soviética", e pronto para exercer influência para
melhorar as relações soviético-japonesas. Os soviéticos responderam positivamente, mas
afirmou que um "protocolo especial" era necessário "definir os interesses" das partes. A
Alemanha respondeu que, em contraste com a delegação britânica em Moscovo na época,
representada por um oficial auxiliar Strang, Ribbentrop, o ministro em pessoa viajaria
pessoalmente a Moscovo para concluir o acordo.

A 20 de agosto, a Alemanha e a União Soviética assinaram um acordo comercial, datado


de 19 de agosto, prevendo o comércio de certos equipamentos militares e civis alemães
em troca de matérias-primas soviéticas. O acordo implicava uma obrigação soviética de
entregar 180 milhões de Reichsmarks em matérias-primas em resposta às encomendas
alemãs, enquanto a Alemanha permitiria que os soviéticos encomendassem 120 milhões
de Reichsmarks para produtos industriais alemães. Sob o acordo, a Alemanha também
concedeu à União Soviética um crédito de 200 milhões de Reichsmarks por 7 anos para
comprar produtos manufacturados alemães.

Ribbentrop aterra em Moscovo a 23 de Agosto e no dia seguinte é assinado o Pacto


Molotov-Ribbentrop, um pacto de não-agressão de 10 anos com disposições que
incluíam: consulta; arbitragem se uma das partes discordar; neutralidade se ou foram à
guerra contra uma terceira potência; nenhum membro de um grupo "que é direta ou
indiretamente destinado ao outro." Mais notavelmente, havia também um protocolo
secreto para o pacto, segundo o qual os estados da Europa do Norte e do Leste estavam
divididos em "esferas de influência" alemãs e soviéticas.
A Polónia deveria ser dividida entre os alemães e os soviéticos, foi prometida à URSS a
parte oriental da Polónia, principalmente povoada por ucranianos e bielorrussos, no caso
da sua dissolução, e, adicionalmente, pela Letónia, Estónia e Finlândia. A Bessarábia,
então parte da Roménia, deveria se unir à Moldávia que estava sob o controle de
Moscovo. A notícia foi recebida com total choque e surpresa pelos líderes do governo e
pelo media de todo o mundo, a maioria dos quais estava ciente apenas das negociações
entre a França e a França, que ocorreram por meses.

4 – Visão no pós-guerra sobre o Pacto Molotov-Ribbentrop

Depois da guerra, os historiadores argumentaram sobre a reaproximação diplomática


soviético-alemã em 1939. Há muitos pontos de vista em conflito na historiografia sobre
quando o lado soviético começou a procurar a reaproximação e quando as negociações
secretas começaram.

Alguns historiadores argumentam que por um longo tempo a doutrina da segurança


coletiva foi uma posição sincera e unânime da liderança soviética, seguindo uma linha
puramente defensiva, enquanto outros argumentam que desde o início a União Soviética
pretendia cooperar com Alemanha Nazi, a segurança coletiva sendo meramente
contrária a alguns movimentos alemães hostis. No entanto, talvez Moscovo tenha
procurado evitar uma grande guerra na Europa, porque não era forte o suficiente para
travar uma guerra ofensiva em 1939.

O III Reich começou numa busca persistente por um pacto com a União Soviética na
primavera de 1939, a fim de evitar uma aliança entre a Inglaterra e a França, e assegurar
a neutralidade soviética tendo em vista uma futura guerra com a Polónia.
Conclusão
Bibliografia

Roberts, Geoffrey. “The Soviet Decision for a Pact with Nazi Germany.” Soviet
Studies, vol. 44, no. 1, 1992, pp. 57–78. JSTOR, www.jstor.org/stable/152247.

Shirer, William L. The Rise and Fall of the Third Reich: A History of Nazi Germany,
1990, pp. 679-711. Simon & Schuster. Ebook edition: Rosetta Boos, LLC

Вам также может понравиться