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1. INTRODUÇÃO: A ARTE CONTEMPORÂNEA
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A Arte Contemporânea trabalha numa perspectiva muito nova; acredita na
globalização do planeta, por isso mesmo é uma arte culturalmente diversificada
e avançada tecnologicamente. Não é fácil defini-la, senão pelo fato de trabalhar
com uma combinação de materiais, conceitos e métodos que desafiam as
fronteiras tradicionais num ecletismo diversificado e sem princípios. Muitas vezes
fora de qualquer ideologia e sem pactuar com os chamados “ismos” modernistas
que de certa forma uniformizavam a arte em uma organização própria a seus
movimentos.
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2. ARTE E VIDA
O que não se pode esquecer é o fato de a arte contemporânea ser uma arte
ou um conjunto estético de manifestações em eterno movimento, ancorados no
presente, e que por não considerar que tem obrigações com escolas ou
correntes a que ser fiel, deixa seus artistas livres tanto para realizar suas
pinturas, por exemplo, assumindo princípios renascentistas quanto para
considerar obra de arte uma roda de bicicleta. Um artista contemporâneo tanto
pode trabalhar com um empilhamento de materiais plásticos recicláveis, quanto
criar bonecos de cera gigantes, rigorosamente anatômicos e realistas de tal
forma que pareçam verdadeiros e não uma reprodução.
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considerada uma velharia, que precisa imediatamente ser substituída. Isso
ocorre por que muitas vezes ela trabalha com temáticas do “aqui” e “agora”.
Para sanar esse problema, muitos Museus trabalham com o conceito de "Arte
Moderna e Contemporânea", mostrando com isso seu entrelaçamento. Críticos
e galerias muitas vezes relutam em dividir esses trabalhos entre o
contemporâneo e o não contemporâneo. E críticos quando se referem à arte
contemporânea especificamente, muitas vezes preferem considerá-la a partir do
século XXI, com marco inicial no ano 2000.
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3. ARTE MODERNA: UTOPIA E RENOVAÇÃO
"Eu não pinto uma mulher, eu pinto um quadro (...). Não vejo a natureza como
ela é, ela é como eu a vejo." - Pablo Picasso- 1909 (FONSECA, 2001: 76).
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Sob a influência de três grandes gênios da passagem do Século. A saber:
Freud, Nietzsche e Marx, todos os valores e crenças do antigo século foram
postos abaixo, impulsionando com essa derrocada uma nova ordem mundial e
favorecendo com ela o surgimento de uma nova arte, nova política e nova
maneira de ser e de estar no mundo. Vale notar que essas três personalidades
com suas ideias incendiárias atravessariam todo o século XX e chegariam ao
século XXI, influenciando arte e vida; e sendo pilares de sustentação tanto da
arte Moderna como da Arte Contemporânea:
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em que contestava o Capitalismo estabelecendo uma base precisa sobre a
exploração do trabalhador dentro da economia capitalista de funcionamento pela
força de trabalho em relação ao capital. Marx influenciou todo o pensamento
econômico posterior a ele. Apesar de escrever vários livros durante sua vida, o
“Manifesto Comunista" de 1848 seria seu outro livro mais influente. Suas teorias
econômicas resultariam na Revolução Russa de 1917 e influenciariam todos os
movimentos políticos e estéticos do século XX, mesmo aqueles que deveriam se
opor a ele.
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4. OS “ISMOS” E A MUDANÇA DO MUNDO
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Fig. 01. Pintura Futurista de Giacomo Balla: Velocidade Abstrata e Ruído de
2012/2013. Fonte da imagem: https://www.guggenheim.org/artwork/300 (acesso:
16/05/2018).
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trabalhos com fotografia, cinema e charges em suas obras: Entre 1916 e 1924
inclusive, seus cartuns e colagens seriam incorporados nos projetos dadaístas.
O Modernismo também chegaria nessa época a toda a América Latina, gerando
na Argentina nomes fundamentais ao século XX, como os escritores Jorge Luís
Borges, Adolfo Bioy Cassares, e Julio Cortazar, e no Brasil através das atuações
também aglutinadoras de dois grandes escritores: Mário de Andrade e Oswald
de Andrade.
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Lasar Segall entre outros. Este último presente nos manifestos escritos por
Oswald de Andrade, a saber: "Manifesto Pau-Brasil", de 1924 e o "Manifesto
antropófago”, de 1928, as duas formulações mais consistentes de todo o
Modernismo (FONSECA, 2001).
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5. OS AGITADORES MODERNISTAS
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Fig. 02. Pintura de Pit Mondrian (Amersfoort, 7/03/1872 - Nova Iorque, 1 de fevereiro de
1944), um dos mais importantes artistas do modernismo, criador do movimento do
Neoplasticismo. Fonte da imagem: http://cultura.culturamix.com/arte/obras-de-piet-
mondrian (acesso: 15/05/2018).
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Influiu inclusive na mudança da capital cultural do Rio de Janeiro para São Paulo:
uma cidade que deixava de ser provinciana com o fenômeno da industrialização
e apontava para um progresso sem precedentes na história do Brasil.
Faltava um elo entre as diferentes expressões que ali estiveram, por se tratar
de correntes artísticas variadas, com ideias díspares, que ali se juntaram num
verdadeiro saco de gatos. O modernismo precisava de uma formulação mais
consistente para existir, e isso seria dado por Oswald de Andrade, com o
“Manifesto Pau-Brasil” de 1924. Lançado no jornal Correio da Manhã, seu
manifesto foi endossado por Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Guilherme de
Almeida, e Raul Bopp, entre outros. Muitos críticos consideram que foi a partir
desse manifesto que de fato o modernismo começou a fazer sentido em nosso
país. A arte moderna brasileira foi revolucionária, própos uma nova visão do país,
e muitas vezes chocou e escandalizou o pensamento tradicional.
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6. O ESCANDALO DO HOMEM AMARELO
O quadro que mais chocou o público foi o seu “O homem amarelo”, com
fortes princípios cubistas. Sobre essa obra, o mais cáustico de todos os seus
opositores foi o escritor Monteiro Lobato, na época um crítico poderoso. Com
seu artigo intitulado “Paranóia ou Mistificação?” publicado no jornal O Estado de
S. Paulo em 20 de dezembro de 1917. Como resultado, a pintora sofreu uma
tentativa de agressão; além de ter seus quadros devolvidos e a mostra fechada
antes do tempo. Mas uma pessoa viria em sua defesa: o escritor e musicista
Mário de Andrade, que a partir dali se tornaria grande amigo de Malfatti. Diria
Mario desafiadoramente: “Estou impressionado com este quadro, que já é meu,
e um dia eu virei buscá-lo” (FONSECA, 2001: 77). (Fig. 03)
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Fig. 03. O Homem Amarelo (1915/1916), óleo sobre tela de Anita Anita Malfatti. Fonte
da imagem: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra2054/o-homem-amarelo (acesso:
15/05/2018).
Plinio Salgado e Menotti Del Piccia vieram do Rio de Janeiro para participar
do evento e Manuel Bandeira, um dos principais poetas modernistas do período
e um dos maiores nomes da poesia brasileira, não pode participar por conta de
uma crise de tuberculose. Mas seu poema “Os Sapos” - verdadeira provocação
aos escritores parnasianos - foi lido explendorosamente por Ronald de Carvalho.
Ainda que Tarsila do Amaral não tenha participado efetivamente das atividades
da Semana de Arte, que ocorreu no Teatro Municipal entre os dias 11 e 18 de
fevereiro de 1922, pois estava em Paris, - sua participação contundente em todo
o modernismo e no avançado Movimento Antropofágico de Oswald de Andrade,
na época inclusive seu marido, foi fundamental.
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Os eventos de 1922 assustaram o público tanto quanto os mais radicais
movimentos de arte daquele período na Europa e nos Estados Unidos. Ninguém
imaginava que aquelas manifestações expostas no Teatro Municipal poderiam
ser chamadas de arte. Já as manifestações da Arte Contemporânea que surge
a partir de 1950, em vários aspectos em oposição ao modernismo, apesar de
muitas vezes até bizarras, não assombraram ninguém.
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7. READY-MADE: O ARTEFATO TIRADO DO SEU CONTEXTO
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Ao valorizar o conceito, a atitude e a ideia de obra bem mais do que o objeto
final, práticas comuns da arte contemporânea, os novos artistas da atualidade
de certa forma são artistas conceituais ligados a uma espécie de new dada e por
isso muito apegados ao “Grande Vidro” (obra de Duchamp considerada
precursora da arte conceitual), aos Readymades e as Instalações de Duchamp.
Aliás, toda e qualquer Instalação e arte de desempenho contemporânea é filha
das Instalações e performances dadas. Além disso, o extenso leque de estilos,
perspectivas e técnicas da arte contemporânea, que tanto pode se manifestar na
pintura como na música, na dança, na escultura, no teatro, na literatura ou
mesmo na moda eram parte da arte conceitual e das colagens, montagens e
performances dadaístas da primeira metade do século XX.
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8. DADA: READY-MADE E ANTIARTE
Nomes como Hugo Ball, Marcel Duchamp, Emmy Hennings, Hans Arp,
Raoul Hausmann, Hannah Höch, Johannes Baader, Tristan Tzara, Francis
Picabia, Huelsenbeck, George Grosz, John Heartfield, Man Ray, Beatrice Wood,
Kurt Schwitters, Hans Richter, Max Ernst e Elsa Von Freytag-Loringhoven e
Francis Picabia entre outros, seriam algumas das principais personalidades
dessa muitas vezes grotesca e sempre interessante Antiarte.
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o que hoje se entende, na arte contemporânea, por “grito primal”. Claro que tudo
isso chocava um ouvinte absolutamente surpreso e pego de surpresa. Mas
esses movimentos radicais buscavam isso mesmo; alarmar o espectador, causar
desconforto, ira. Tirar o público de sua “sonolencia” conformista cotidiana.
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Em 1917, nos Estados Unidos, por exemplo, o feroz “demolidor” (lutador
de box) Arthur Craven, poeta e boxer compareceu diante de uma platéia seleta
para falar sobre o destino das artes. Depois de um jorro de palavras
impublicáveis, partiu para um strip- tease grotesco. Francis Picabia, outro grande
nome do dadaismo em Nova York se autodenominava burro, palhaço, vigarista,
batedor de carteiras, mas nunca literato e pintor. E dizia que “a arte deve ser
inestética ao extremo, inútil e impossível de se justificar” (Fonseca: 77).
Fig. 04: Em 1919, Duchamp apresentou sua provocativa obra: L.H.O.O.Q; uma hilária
reprodução da Monalisa, de Leonardo da Vinci, com bigodes. Fonte da imagem:
http://arteref.com/quiz/o-que-significa-l-h-o-o-q/ (acesso: 15/05/2018).
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Parodiando grotescamente um dos mais famosos e consagrados quadros
do Renascimento, o artista dada profanizava a arte clássica, dessacralizando-a
definitivamente, numa destruição total da sua aura solene de monumento.
Duchamp chamou essa obra de L.H.O.O.Q. (em francês: "Elle a chaud au cul",
que pode ser traduzido para “Ela Tem Um Rabo Quente”). Não só Duchamp,
mas todos participantes do movimento dada influenciaram estilos posteriores
como os movimentos musicais de vanguarda, o surrealismo, o nouveau
réalisme, pop art e Fluxus, e, muito especialmente, os artistas pós-modernos ou
contemporâneos.
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9. READY-MADES: UMA PROPOSTA CONCEITUAL
Fig. 05. Ready-mades criados a partir de objetos comuns, de Marcel Duchamp. Fonte
da imagem: https://formasanimadas.wordpress.com/2010/10/22/kantor-duchamp-e-os-
objetos/ (acesso: 15/05/2018).
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Ao longo da vida Duchamp nunca definiu ou lançou alguma opinião sobre
seus ready-mades. Como bom dadaísta afirmava que: “O curioso sobre o ready-
made é que eu nunca fui capaz de chegar a uma definição ou explicação que
me satisfaça plenamente." (FONSECA, 2001: 77). Anos mais tarde, Duchamp
acrescentaria: "Não tenho certeza, mas acho que o conceito do ready-made
pode ser a ideia mais importante a sair do meu trabalho" (FONSECA, 2001: 78).
Quem definiu os ready-mades oficialmente foram os surrealistas André Breton
e Paul Eluard, no dicionário do surrealismos criado por eles mesmos. Lá ready-
made é definido como: "Um objeto comum elevado à dignidade de uma obra de
arte pela simples escolha de um artista" (FONSECA, 2001: 78), e assinaram
como se fosse Marcel Duchamp o criador da definição.
Está presente tanto nas obras dos poetas concretos Décio Pignatari e os
Irmãos Campos, quanto nas obras do artista plástico neoconcretista Hélio
Oiticica. Oswald de Andrade foi fundamental ao Movimento Tropicalista, tanto
na música popular quanto no teatro tropicalista de José Celso Martinez Correa e
ecoa por todas as manifestações artísticas mais consequentes do século XXI.
Pode-se dizer que Oswald de Andrade e Marcel Duchamp foram homens antigos
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que se transformaram em modernos e nessa operação foram além, tornando-se
pós- modernos e eternos!
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10. CONCRETISMO, NEOCONCRETISMO E ARTE CONCEITUAL
Em oposição a Arte Abstrata e sem ser uma arte figurativa, a Arte Concreta
surge como herdeira da pintura de Piet Mondrian (1872-1944) e Van Doesburg,
que busca a pureza e o rigor formal na ordem harmônica do universo; das
pesquisas do grupo De Stijl (“O Estilo”) de 1917 a 1928. E de alguns aspectos
do ideário da BAUHAUS, de 1933, Principalmente ao adotar o conceito de que
a racionalidade deve estar presente em todos os âmbitos sociais e nas
conquistas da arte democratizadas pela indústria.
O artista suíço Max Bill (1908-1994), nos anos 1950, com a Escola Superior
da Forma em Ulm, Alemanha, seria o responsável pela expansão desse projeto
estético. Para Bill, o grande divulgador da Arte Concreta na América Latina, uma
obra plástica deve se ordenar pela geometria e pela clareza da forma, e a
matemática seria o melhor meio para se chegar ao conhecimento verdadeiro da
realidade objetiva.
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sua escultura “Unidade Tripartida” ganha o 1º prêmio na 1ª Bienal Internacional
de São Paulo, passando a influenciar a arte brasileira a partir de então (Fig. 06).
Fig. 06. Escultura Unidade Tripartida (“Tripartite Unity”), do arquiteto e designer suíço
Max Bill, conhecido como um expoente da chamada arte concreta e fundador da Escola
de Ulm. Sua influência na arte moderna e pós-moderna e seu desejo por uma arte
baseada em conceitos matemáticos é notável. Fonte da imagem:
http://10balicevicente.blogspot.com.br/2011_05_01_archive.html (acesso: 15/05/2018).
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Lygia Pape (1927-2004), Lígia Clark (1920-1988) e Franz Weissiana (1911-
2005).
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11. A FRONTEIRA ENTRE ARTE MODERNA E ARTE CONTEMPORÂNEA
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significativos no mundo ocidental. A industrialização, a urbanização, a nova
tecnologia, a ascensão da classe média, a secularização da sociedade e o
surgimento de uma cultura de consumo resultaram nas novas condições em que
a arte foi criada, exibida, discutida e coletada. O mercado aberto substituiu o
clientelismo como meio de financiamento da arte, dando aos artistas a liberdade
de se envolver em formas de prática mais experimentais e inovadoras.
Inspirados por novos desenvolvimentos em tecnologia, em particular a fotografia
e o filme.
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arte - o museu ou a galeria - e sua relação com processos socioeconômicos e
políticos mais amplos. Corporificado por novos desenvolvimentos através de
uma gama de disciplinas teóricas e práticas, tais como feminismo, teoria pós-
colonial, psicanálise e teoria crítica, e baseando-se em estratégias anteriores de
ruptura, os artistas criaram novas formas e práticas, como trabalho temporário,
textual, performativo ou didático, para repudiar a percepção do objeto de arte
como mercadoria.
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12. ARTE CONTEMPORÂNEA: UMA COMBINAÇÃO DE DEZENAS DE
ESTILOS
Nos anos 1970 temos todos os movimentos dos anos 1960 que se
mantiveram nos anos seguintes, como a Pop Art e o grupo Fluxus, por exemplo,
além de Expressionismo Abstrato; Imagistas Abstratos; Expressionismo
Figurativo Americano; Arte Performática etc. Nos anos 1980 temos Arte
Corporal; Arte Ambiental. Arte Feminina; Frisagem; Holografia; Instalação de
Arte; Land Art.; Lobo (movimento de Arte Psicodélica do artista Lobo);
Fotorrealismo; Pós-minimalismo; Arte de Processo; Arte Robótica; Arte Funk;
Estilo Selvagem etc.
Nos anos 1980, temos Arte de Coração; Arte Eletrônica; Arte Fractal; Arte
do Grafite; Modernismo Tardio; Arte ao Vivo; Arte pós-moderna; Arte
neoconceitual; Neoexpressionismo; Ensopo; Arte Sonora; Transavantgarde;
Arte Transgressora; Instalação de Vídeo e Crítica Institucional entre outras. Nos
anos 1990 além de todas as outras que prevalecem, temos Arte de Apropriação;
Cultura Amin; Arte Eletrônica; Arte Ambiental e Arte ao Vivo.
Nos anos 2000 até os dias atuais, além da grande maioria dessas manifestações
já citadas, temos ainda Arte Bio; Cyberarts; Realismo Cínico; Arte Digital;
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Hiperrealismo; Arte da Informação; Arte na Internet; Massurrealismo;
Maximalismo; Nova Escola de Leipzig; Nova Arte de Mídia; Nova Pintura
Europeia; Arte Corporal e Arte Relacional.
Fig. 07: Obra do “Led Artist” japonês Makoto Tojiki. Fonte da imagem:
http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2013/01/artista-japones-cria-esculturas-
luminosas-de-humanos-e-bichos-com-led.html (acesso: 15/05/2018).
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13. A POP ART DE ANDY WARROL AO NEW-DADA
Desde que fez sua estreia colorida na década de 1950, a Pop Art manteve-
se um movimento artístico proeminente. Graças às inovações de mestres
conhecidos como Andy Warhol, David Hockey e Keith Haring, o gênero único
marcou o fim do modernismo e celebrou o início da arte contemporânea. Peças-
chave da Pop Art ajudaram a facilitar essa mudança significativa nas
sensibilidades artísticas. Da colagem não convencional de Richard Hamilton que
desencadeou o movimento para a adaptação de quadrinhos mais icônica de Roy
Lichtenstein, essas obras-primas experimentais provam que a cultura popular é
mais do aquilo que aparenta.
A Pop Art é um gênero distinto de arte que apareceu pela primeira vez na Grã-
Bretanha e nos EUA do pós-guerra. Caracterizada principalmente por um
interesse na cultura popular e interpretações imaginativas de produtos
comerciais, o movimento inaugurou uma abordagem nova e acessível à arte.
Variando de peculiar a crítica, as peças produzidas por artistas pop nos anos
1950 e 1960 comentaram sobre a vida contemporânea e eventos. Além da
iconografia única em si, o tratamento dado pelo artista ao assunto ajuda a definir
o gênero. Renomado por suas imagens ousadas, paletas de cores vivas e
abordagem repetitiva inspirada na produção em massa, o movimento é
celebrado por seu estilo único e facilmente reconhecível (Fig. 08).
Fig. 08. Conhecido por suas pinturas coloridas e inspiradas em histórias em quadrinhos,
o artista Roy Lichtenstein deu uma reviravolta animada e energética na Pop Art. O painel
“Whaam!”, uma de suas composições mais conhecidas, adapta uma cena de “All
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American Men of War”, uma publicação da DC Comics, entre 1956 e 1966 (LIPPARD,
1976). Fonte da imagem: http://mindfarm.it/2017/02/20/roy-lichtenstein-e-larte-di-
decontestualizzare/ (acesso: 15/05/2018).
No entanto nunca foi analisado seriamente por nenhum dos críticos mais
importantes do mundo. Muitos destes ainda não o consideram um grande artista
plástico. No entanto, analisando a obra do artista parece que de fato foi isso que
ele buscou: estar entre a linha divisória da grande arte e do comércio; ser
ambíguo e não pretender ser levado a sério, buscando tornar-se um herói da
cultura de massa bem mais do que um artista de alto repertório (Fig. 09).
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Fig. 09. Em 1962, o artista norte-americano Andy Warhol explorou pela primeira vez o
seu famoso tema “lata de sopa” – “32 Soup Cans” é composta por 32 telas pintadas à
mão e estampadas à mão, cada uma representando um sabor diferente da Sopa
Campbell's. Warhol, um artista pop pioneiro, escolheu este assunto porque dirigiu seu
foco na Pop Art para a produção em massa e seu próprio interesse artístico na repetição.
Justificou ele: “Eu costumava beber Campbells. Eu costumava ter o mesmo almoço
todos os dias, por 20 anos, eu acho, vi a mesma coisa várias vezes.” (LIPPARD, 1976:
104). Fonte da imagem: http://www.lpm-blog.com.br/?p=27267 (acesso: 15/05/2018).
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Suas obras tem ligação com o Movimento Dada, ainda que os dadaístas
não tivessem apresso por sua arte. Foi um admirador de Marcel Duchamp. A
reciproca parece não ter sido verdadeira mesmo que Duchamp tenha feito
comentários tolerantes sobre Warhol. Mesmo assim o artista da Pop Aart se
deixou influenciar pelo genial francês criando o polêmico movimento New Dada.
SAIBA MAIS
Logo depois de pintar a coleção de telas “32 Soup Cans”, Warhol continuaria
experimentando o tema da lata de sopa e com a ideia de múltiplos. No entanto, com
estes trabalhos posteriores, ele mudou seu processo de pintura para serigrafia, um
método de impressão usado apropriadamente na produção comercial de anúncios
publicitários. Saiba mais sobre Andy Warhol e a Pop Art em:
https://www.comunidadeculturaearte.com/andy-warhol-um-toque-de-pop-que-
mudou-o-mundo/ (acesso: 15/05/2018).
Ouça uma interpretação magnifica de Lou Reed, músico por lançado por Warhol em:
https://www.youtube.com/watch?v=LrMLt9bMd_I (acesso: 15/05/2018).
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14. PÓS-MODERNISMO: O QUE VEM A SER?
Esse termo foi usado pela primeira vez na arquitetura em 1949, para falar da
mistura de estilos e de características históricas das novas construções. Nos
anos 1960, depois das descobertas tecnológicas que passaram a invadir e
participar cada vez mais do cotidiano humano e da Cultura de massa em plena
expansão começou seu boom ideológico, que seria amplamente percebido na
década de 1980.
Ocorre que essa extraordinária mudança de paradigmas tem suas leis. Uma
delas é a crença no fim da história; a descrença numa única verdade, já que para
essa visão filosófica (o pós-modernismo), o conhecimento foi inventado e não
descoberto, pois depende das pessoas que nele acreditam. Não há uma
“VERDADE REAL”. Apenas crenças impostas por estruturas de poder. Daí o
surgimento das inúmeras teorias da conspiração.
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outra. E a economia, em grande parte do mundo ocidental, mudou de industrial
para uma economia de serviços. Sobre obras de arte, não existe uma linha
evolutiva de desenvolvimento estético, como se acreditou no modernismo, ou
mesmo uma obra mais valorosa do que outra, já que o gosto estético depende
apenas das interpretações individuais, das tribos ou etnias: cada um pensa sobre
a arte, a política, as religiões e mesmo sobre si mesmo da forma que quiser e
como quiser.
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Esses movimentos são diversos e díspares, mas conectados por certas
características: tratamento irônico e lúdico de um sujeito fragmentado, a quebra
de hierarquias de alta e baixa cultura, enfraquecimento dos conceitos de
autenticidade e originalidade e ênfase na imagem e no espetáculo. Além desses
movimentos maiores, muitos artistas e tendências menos pronunciadas
continuam na veia pós-moderna, que desemboca na arte contemporânea até os
dias atuais.
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15. PÓS-MODERNISMO E EXPERIMENTAÇÃO: DO UNDERGROUND A
ARTE CONCEITUAL
O mesmo ocorreria com a obra musical “4, 33”, realizada em 1952, pelo
compositor norte-americano de vanguarda John Cage. Tanto Cage, que trabalha
com o acaso, quanto Duchamp que concebe sua obra a partir de objetos
manufaturados, são artistas que já trabalhavam com obras que apenas indiciam
a ideia por trás da obra, o que viria a ser a alma da arte conceitual. Marcel
Duchamp trabalhava com uma forma de fazer artístico onde deslocava objetos
industrializados de sua função original para torna-los peças de museu, a partir
daí emprestar-lhes uma aura de arte. Nesse sentido sua arte é gestual, o que
vale é a assinatura e não o objeto em si, e também conceitual, pois o que vale é
a ideia de arte e não a arte: mas a antiarte.
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uma provocação pública capaz de suscitar diferentes interpretações de
conceitos, ideias, denuncias, críticas, participações.
O nome Arte Conceitual surgiu pela primeira vez em 1961 com o grupo
Fluxus, formado por artistas que trabalhava com fotografia, textos, vídeos,
instalações, performances, e experiências sonoras e musicais O Fluxos tinha
como ambição promover uma interação entre observador e obra onde até o
espaço físico da exposição fizesse parte dos novos conceitos propostos. Na
Arte Conceitual até o ambiente de exposição, se na rua, num museu ou em
espaços inusitados como hospitais, cadeias públicas etc. são parte do fenômeno
estético.
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Janes Joplin, Jimmy Hendrix e os Beatles. No Brasil a Contra Cultura ocorreu
com o fenômeno Tropicalista desencadeado pelo diretor teatral José Celso
Martinez Correa e o Grupo Oficina em 1968, com a montagem da peça “O Rei
da Vela”, de Oswald de Andrade e se desenvolveu intensamente na música
popular brasileira encabeçado por Gilberto Gil e Caetano Veloso, sendo
engrossado pelo artista plástico neoconcretista Hélio Oiticica.
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16. A ARTE CONCEITUAL
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A arte conceitual, tão drasticamente simplificada, pode parecer a muitas
pessoas que o que se considera arte conceitual não é de fato "arte", por isso as
pinturas de Jackson Pollock (pintura por gotejamento) e a obra “Brillo Boxes” de
Andy Warhol, de 1964, pareciam contradizer tudo o que anteriormente havia se
pensado como arte (Fig. 10).
Fig. 10. À direita: “Brillo Boxes” (1964) de Andy Warhol. Fonte da imagem:
https://culturacolectiva.com/arte/las-47-obras-mas-importantes-en-la-historia-del-arte/
(acesso: 15/05/2018). À esquerda, pintura (por gotejamento) “Number 16” (1949) de
Jackson Pollock. Fonte da imagem: https://br.pinterest.com/pin/266345765440976563/
(acesso: 15/05/2018).
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17. NOVOS MEIOS E NOVAS LINGUAGENS: MEDIAN ART OU ARTE MÍDIA
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tecnológicas representam um avanço de expressão da criação artística dos
novos tempos.
Mas, o termo Arte Mídia é, no entanto, também usado para indicar um certo
grupo de obras de arte contemporâneas. Em geral, o termo arte da mídia é
entendido como aplicável a todas as formas de obras de arte criadas pela
gravação de imagens sonoras ou visuais. Um trabalho de arte relacionado a
esses formatos e meios é um trabalho que muda e se “move”, em contraste com
formas de arte mais antigas que são estáticas, que ficam paradas, como
pinturas, fotografias e a maioria das esculturas. Obras de arte relacionadas a
arte da mídia incluem trabalhos nas áreas de som, vídeo e arte de computador,
tanto instalações e projetos de internet, quanto trabalhos de canal único.
Trabalhos de canal único são trabalhos de vídeo exibidos por projeção ou em
uma tela de monitor (Fig. 11).
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Fig. 11. Um exemplo de Vídeo Arte: Instalação de Nam June Paik – “Supervia
Eletrônica” –. Usando cinquenta e uma instalações de vídeo de canal aberto, incluindo
uma alimentação de circuito fechado, incluindo som, iluminação, neon, aço e madeira.
Fonte da imagem: https://americanart.si.edu/artwork/electronic-superhighway-
continental-us-alaska-hawaii-71478 (acesso: 16/05/2018).
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além das qualidades seus aspectos altamente negativos. Trata-se ainda de uma
dialética reflexão sobre a Televisão e seu papel político e ideológico impositivo
na sociedade de consumo e da cultura de massa. É uma expressão artística
cultural que ensina seu público a desconfiar das mídias e enxergar, de forma
crítica, os aspectos negativos da chamada Indústria Cultural.
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18. TEATRO, PERFORMANCE E HAPPENING
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Fig. 12. “O Rei da Vela” – Montagem da peça de Oswald de Andrade nos anos 1960,
que retrata as relações de poder entre as classes sociais no Brasil. Marco do Teatro
Brasileiro de Vanguarda e uma das mais importantes encenações do Oficina. Fonte da
imagem: http://issocompensa.com/teatro/rei-da-vela (acesso: 16/05/2018).
O LIVING THEATRE foi fundado em Nova York pela atriz Judith Malina e
seu marido Julian Beck, pintor, poeta, cenógrafo e diretor. Existe desde 1947,
sendo hoje uma das mais antigas companhias de teatro experimental norte
americano. O auge de suas atuações foi na década de 1960 e 1970.
Caracterizou-se por ser um grupo performático e de espetáculo Intervenção que
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pregava o fim das fronteiras entre palco e plateia, das fronteiras entre arte e vida,
e atores e público. Por isso seu público era levado a participar ativamente na
cena de seus famosos e provocativos espetáculos.
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19. ARTE ABJETA OU BRUT ART E INSTALAÇÕES
A Brut Art ou Arte Bruta foi cunhada assim por Jean Dubuffet, em 1945 para
retratar toda arte de vanguarda livre de estilos ou de imposições mercadológicas.
Feita por artistas autodidatas, que desenvolvem suas obras de forma crua e sem
influencias da arte erudita ou popular, mas que surge como fruto de motivações
intrínsecas. Ações internas da mente ou do espírito. Seus criadores estão fora
do circuito comercial das artes e dos meios artísticos vigentes e muito desses
trabalhos vem de produções feitas por internos dos hospitais psiquiátricos que
realizam suas obras com materiais e técnicas inéditas dentro do universo
tradicional das artes.
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suas peças detalhistas desenhos e palavras fragmentadas, restos de discursos
e códigos misteriosos que ele próprio inventou (Fig. 13).
Fig. 13. Obra de Arthur Bispo do Rosário, usando madeira, plástico e tecido. Acervo do
Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
(Rio de Janeiro, RJ). Fonte da imagem e das informações:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra25217/vinte-e-um-veleiros (acesso: 16/05/2018).
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Fig. 14. Instalação de Wolf Vostell (14 de outubro de 1932 - 3 de abril de 1998). Vostell
foi considerado um dos primeiros a adotar arte de Vídeo Arte e instalação e pioneiro na
arte do Happening. Nesta obra ele incorporou objetos em concreto e o uso de aparelhos
de televisão (CHILVERS, 2015). Fonte da imagem: https://theartstack.com/artist/wolf-
vostell/endogene-depression (acesso: 16/05/2018).
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CONCLUSÃO
Podemos considerar que a grande novidade estética surgida dos anos 1960
para nossos dias vem da chamada Indústria Cultural e de seus meios. A saber:
Fotografia, Cinema, Rádio e Televisão. Devemos considerar que se ainda nos
anos 1950, e principalmente em função da Escola de Frankfurt e de intelectuais
como Adorno e Benjamin, todas as manifestações da Indústria Cultural e da
Cultura de Massa foram vistas com muitas restrições e críticas corrosivas, nos
anos 1970 passou-se a construir uma imagem respeitosa da mesma.
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Dadas - e nisso a Pop Art se inclui esplendidamente – gostam do mundo urbano
da tecnização e da industrialização. Amam os objetos de consumo da civilização
moderna. Os artistas da Pop Arte, ao mesmo tempo em que parecem estar
sendo críticos, ambiguamente estão fazendo apologias desses mesmos objetos.
São felizes; não querem destruir ou desacreditar da civilização. Pelo menos é
dessa forma que o público recebe seus trabalhos, com alegria e aceitação, nunca
surpreendidos ou ofendidos com o que ali está exposto.
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grande característica dos modernistas. Eles queriam mudar o mundo e
acreditavam em Utopias.
De fato a arte no Pós Modernismo não esta voltada para o futuro. Talvez
por isso que ela beba da Indústria Cultural. A Pop Art foi à primeira arte a chocar
os cultos. Os eruditos achavam aquilo uma aberração, mas o público sempre
gostou. Os ready-mades para Duchamp eram para chocar o público. Seus
objetos eram o fim de uma narrativa. Ninguém esperava aqueles objetos
colocados nos Museus. O pós-moderno ao contrário faz uma apologia do objeto.
Os objetos corriqueiros colocados no museu para os pós- modernos não
parecem inconsequentes ou estranhos ao local. Mas se tornam um gênero da
antiarte curiosamente aceito. E esse é nosso tempo! .
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHILVERS, Ian. Dicionário Oxford de Arte. São Paulo, Martins Fontes, 2015.
FONSECA, Cristina. Juó Barnaberi. O abuso em Blague. São Paulo, Editora 34,
1977.
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