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Estudos dos Fundamentos Existenciais do Dasein:

Verdade e Existência em Ser e Tempo de M. Heidegger

Diogo Campos da Silva


Orientadora: Claudia Pellegrini Drucker, Drª.
Departamento de Filosofia
Centro de Filosofia e Ciências Humanas

Clareira (Lichtung)

Introdução: Objetivos:
Atentemos a cima à imagem da clareira em meio à floresta. Heidegger pensa o ente que nós somos, Investigar momentos do pensamento heideggeriano à respeito do fenômeno originário da
o Dasein, também mediante esta figura. Somos essa Abertura (Erschlossenheit) na escuridão. No aí Verdade tais quais estão expostos no sexto capítulo da primeira seção da primeira parte de Ser e
em que estamos abertos iluminamos com nossa compreensão de Ser mundo e entes entre os quais, Tempo, mais precisamente no parágrafo 44. Inclui-se nessa tarefa, o estudo de uma obra de Ernildo
faticamente lançados, nós existimos. A Verdade é fenômeno originário, a primeira imersão da luz, a Stein, a saber, Seminário sobre a Verdade: Lições Preliminares sobre o parágrafo 44 de Zein und
des-coberta (Entdecktheit) e o des-velamento de tudo que é (do ente) através da luz que Dasein, Zeit, obra esta que serviu de fio condutor para nossa interpretação.
enquanto ente que tem de ser, que está aberto no e para o Ser, projeta com a sua compreensão. Revelar Construir uma relação entre o conceito de Verdade originária e o máximo possível das
o ente implica um modo de abertura: para que a luz penetre a mata deve haver já na configuração da estruturas existenciais do Dasein reveladas em toda a primeira seção de Ser e Tempo, Análise
floresta um espaço aberto por onde a luz possa se derramar. O aberto ou abertura em nós, o Preparatória dos fundamentos do Dasein, e que foram objetos de nossa pesquisa durante este
receptáculo da luz por nós mesmos trazida, é nosso próprio ser: a cura e todos os seus momentos primeiro ano de iniciação científica, principalmente os seguintes momentos estruturais: ser-no-
constituintes. Todavia, é parte de nossa constituição existencial que algo não revelado acompanhe mundo, ser-em, mundanidade, conjuntura e significância, cura, o aí e a constituição da Abertura
nosso abrir-se. Não-revelar, o permanecer oculto nosso ser e algum ente, diz que estamos enquanto compreensão e dis-posição, a de-cadência do Dasein e a impropriedade.
originariamente na Verdade e na não-Verdade (a-leteia). Eis o tema desta pesquisa. Compreender o caráter derivado do conceito tradicional de verdade (correspondência) e
articular noções como realidade e mundanidade, Verdade/não-Verdade e Abertura, compreensão e
Metodologia: proposição, como hermenêutico e como apofântico.
Relacionar nosso tema com aspectos mais gerais da filosofia do Ser, tais como: dissolvimento
Exame da primeira seção da obra Ser e Tempo e dos comentadores atentos às questões próprias à do fundamento moderno da consciência, crítica do conhecimento como problema filosófico, a
análise preparatória do Dasein, principalmente Stein (1993), Sepich (1954) e Dubois (2005). finitude em oposição à presentidade, recusa de um caráter absoluto à quaisquer verdades enquanto
Elaboração de fichamentos e resenhas sobre cada um dos capítulos dessa seção e os temas e problemas se faz ver seu aspecto relativo ao ser do Dasein.
surgidos ao longo da pesquisa. Discussões com a orientadora.

Resultados e Discussões: -laridade que não se pode saltar: só há -ensão originária, do como hermenêutico, do saber para-quê o ente na
compreensão originária do Ser enquanto me circunvisão que compreende a totalidade do mundo, de-caí num modo
Seguindo E. Stein (1993, p. 102), podemos aproximar a questão da Verdade compreendo, ex-sistindo, i.e., enquanto tomo derivado de ser-em: o conhecimento que cinde, por assim dizer, o ser-no-
em Ser e Tempo (§ 44) com o tema da significância ou significabilidade as coisas como elas se dão já sempre. mundo em sujeito e objeto; a proposição, que assume agora o lugar da
(Bedeutsamkeit, Bedeutung) (§ 18). A mundanidade do mundo como lugar da Qualquer interrupção nesse movimento a favor verdade, enquanto adequação ao real. A análise desse movimento,
emergência da significância oferece-nos o caminho para apanhar a Verdade de uma teoria do conhecimento ou de qualquer essencial ao nosso trabalho, mas que por motivo de curto espaço não
como revelação na Abertura. investigação da tradição metafísica sobre as poderemos reproduzir, é elaborada em Ser e Tempo ao menos em dois
A filosofia, por volta das décadas de 20 e 30, fora tomada por um sentimento possibilidades de um mundo se dar a um parágrafos importantes: § 13 e §33. Enquanto esse modo específico do
de desamparo e descrença frente a construções metafísicas ainda preocupadas sujeito é romper a circularidade hermenêutica ser-em – a saber, o conhecer e aquele reforçar no falatório a verdade da
em delimitar um esfera própria da Verdade que devesse funcionar como zona tão cara ao pensamento que pretende apanhar proposição – participa também das estruturas existenciais, i.e., é no modo
doadora dos primeiros significados dos entes. Tais tentativas apareciam cada vez as coisas em seu ser. impróprio e cotidiano do ser-aí, então, é possível acompanhar a outra
mais aos novos homens do pensamento como meras produções arbitrárias de Por aqui já podemos compreender em que face do pensamento heideggeriano da Verdade: o Dasein é na não-
âmbitos supra-sensíveis que se resolviam, por fim, em universos de categorias. sentido as descobertas da hermenêutica- Verdade (HEIDEGGER, 1993, p. 290).
Todo o problema do significado poderia suficientemente ser pensado visando-se fenomenológica-existencial de Heidegger
uma solução para a questão da relação categoria-realidade. Em suma, nada disso (toda a arquitetônica da cura, o ser-no-mundo, Conclusões:
ultrapassava o empreendimento kantiano e, sob esse aspecto, faz sentido que ser-em e ser-com, a Abertura do Ser-aí nos
parecesse bastante radical, naquela época do desamparo, uma cura da metafísica modos da compreensão e dis-posição) Após refletirmos sobre o tema da Verdade originária, ou
através de procedimentos lógico-semânticos – via terapia da linguagem. Houve inauguram uma discussão, um transcendental nos dizeres de Stein (1993), agora algo é possível concluir
porém quem preferisse outro atalho e esses, com toda razão, exerceram maior reposicionamento da questão da Verdade. ao repararmos no quanto dos impactos de toda a radicalidade do
influência sobre Heidegger. Na perspectiva da Escola Histórica e da Filosofia da Notemos que, na abertura compreensiva do paradigma heideggeriano (STEIN, 1990) está contido nessa questão. Não
Vida, faltou aos sistemas metafísicos a clareza sobre a própria vida do homem e Dasein, realidade e Verdade são co- é pouco. Com o abrir da distância entre conhecimento e Verdade,
a noção de que é na estrutura da mesma que se encontram as possibilidades de originárias. Como já dissemos, os entes intra- Heidegger está aqui também separando as tarefas da filosofia daquelas de
toda investigação pela origem da significância. Pôde-se assim distanciar a mundanos compreendidos na circunvisão uma teoria do conhecimento. O que deve mover o pensamento não é a
questão do sentido original, da Verdade maior, das expectativas em resolver compõem uma das direções da existência, seu questão do acerto do conhecimento, dos seus limites e direitos –
seus problemas no puro âmbito lógico-semântico; contudo, afirma-se também dar-se enquanto fenômeno é indissociável da empreitada da tradição cujo maior exemplar é a Crítica da Razão Pura
um novo horizonte para a investigação: não o horizonte puramente lógico e existência própria e imprópria do Dasein. kantiana – mas, sobretudo, o fundamento do saber, sua origem,
linguístico, mas um espaço ainda mais fundamental e anterior à tudo que é Logo, originariamente e desde a abertura, não manifestação e história. O que depois disso vem ao pensamento é
linguagem e que Stein (1993, p. 91) nomeia universo “pragmático”, não no pode ser que se dê uma realidade, zona dos construção de meros aparelhos, hipóteses finitas e descrições variadas,
sentido de mera prática em oposição à teoria, mas um universo de vivências entes eles mesmos em seu ser independente, à modos como os epistemólogos conseguem representar a “razão”. Ao
fundamentais, um viver(em), modo-de-ser-em já sempre experimentado. Esse qual deverá corresponder, num instante mesmo tempo, as epistemologias têm a sede do transcendental, do
âmbito prático aparecerá em Heidegger como fundo de toda a verdade e de todo posterior, um acesso privilegiado, um sempre válido e universal. O modelo moderno da consciência é o que
discurso, anterior à linguagem, à separação mundo (real)/discurso (verdadeiro), mecanismo que dê tais entes por conhecidos lhes justifica a certeza de moverem-se em solo invulnerável. Mas
e ainda como fundamento das possibilidades da linguagem. Todavia, tal (problema tradicional de toda epistemologia), Heidegger é impelido por um certeza inversa, a insatisfação perante o
princípio não é o fluxo desordeiro das vivências, o oceano de compreensão e e um discurso que, se bem sucedido, modelo da subjetividade, a dúvida sobre o fato de quê a consciência seja
confusão que domina nossas ações, mas o conjunto de relações no Ser e no ente caracterizaremos como verdadeiro. A teoria da o originário absolutamente dado, o último lugar de remissão da Verdade.
que sustentam essas vivências. A vida, do ponto de vista ontológico, é verdade como correspondência tem seu Fosse assim, os fundamentos da existência apoiar-se-iam todos no ente e
estruturada e, em certo sentido, ordenada. Com isso, se justifica a distinção em fundamento nesse equívoco que passa por não no Ser. Um ente constante e invariável, capaz de delimitação total –
Heidegger entre o vasto campo da existência e a regularidade finita da cima do fenômeno e não entende que no tarefa longa, mas possível. Teríamos, com tanto, bem definidos os
existencialidade, i.e., das estruturas necessárias e universais da existência Dasein realidade e Verdade se dão juntas e por contornos do território da verdade e uma confiança no caráter absoluto de
contingente às quais Heidegger nomeará existenciais. Tudo o que aí nesse inteiro. Um mundo já se abriu com o Dasein, e seus conteúdos. A filosofia de Heidegger revela que esse ente, a
sentido do “prático” em Stein pode se querer dizer, Heidegger condensou no com isso, também esse ente já está munido de consciência, dispõe suas raízes nas estruturas ontológicas (no ser,
conceito ser-no-mundo. uma compreensão de mundo, de ser. Dasein é portanto) desse ente que somos nós, ser-no-mundo que já sempre
Avançaremos revendo a análise do mundo em Ser e Tempo (todo o terceiro e está na Verdade (HEIDEGGER, 1993, p. compreende as possibilidades de sua existências projetadas nesse mesmo
capítulo da primeira seção). O mundo que não é continente de entes quais sejam, 289). Há todo um movimento na Abertura que, mundo enquanto totalidade significativa, conjuntura de referências. Na
que não é mundo natural nem representação de uma consciência, mas uma se analisado, revela o modo como a compre- medida em que toda essa estrutura da cura é finita, e Dasein é ser-para-a-
totalidade fechada de remissões, mundo “prático” que me cerca e é inseparável, morte, derrubam-se as chances de um inventários das verdades absolutas
no qual se dá minha existência. Todo e qualquer mundo que surja em uma que supostamente encontrar-se-iam no ponto fixo da subjetividade, a
descrição ou ciência do Dasein (mundo histórico, lógico ou social) terá de qual por sua vez se apoia numa compreensão imprópria do tempo, a
pressupor essa esfera vivida que compõe as estruturas da vida e que não resulta presentidade. Esse fundamento embalado na temporalidade própria do
de um acesso às coisas mediante a conjunção de intuições com categorias, mas Ser-aí é o lugar da Verdade originária, nem absoluta, nem proposicional.
da circunvisão, do compreender-se originário do Dasein, o saber lidar com.
Porque o homem pode ser auto-referido desde um ambiente que dispense a
consciência e a representação – e bem sabemos que é com ser-no-mundo que Bibliografia Principal:
Heidegger rompe o paradigma da subjetividade enquanto fundamento último DUBOIS, Christian. Heidegger: introdução a uma leitura. Tradução de Bernardo Barros Coelho de
que o pensamento não consegue ultrapassar. O mundo da tradição, o mundo Oliveira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.
enquanto um quid, um algo, um objeto, é dissolvido. O mundo na maneira como
HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Tradução de Márcia de Sá Cavalcanti. 4ª ed. Petrópolis, RJ:
ele próprio se dá não é uma realidade sobre a qual eu acumulo descrições e Vozes, 1993. 2 v. (Coleção Pensamento Humano).
discursos que permitem nele me mover. O mundo já sempre experimentado, que
acompanha e é parte das possibilidades da existência dá-se num como, Wie. A KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre
Fradique Morujão. 2ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1989.
primeira e originária apresentação do fenômeno é compreendida naquilo que
Heidegger chama como hermenêutico, um saber já sempre em operação, SEPICH, Juan R. La filosofia de Ser y Tiempo de M. Heidegger. Buenos Aires: Editorial Nuestro
explicitando-se e ex-sistindo, que apanha o ente em seu ser-para. Dasein não Tiempo, 1954.
aprende a lidar com o mundo mediante teorias e descrições. Antes do como STEIN, Ernildo. Seminário sobre a Verdade. Lições preliminares sobre o parágrafo 44 de Zein und
apofântico que dá o mundo como algo enquanto algo e que se revela no Zeit. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.
enunciado, Dasein já sempre se encontra no como prático no qual se dá a circu- ______. Seis estudos sobre "Ser e tempo": comemoração dos sessenta anos de Ser e Tempo de
Heidegger. 2ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1990.
Crédito das imagens:
E-mail do autor: diucampos@gmail.com
Figura 1 – Clareira. Martin Heidegger, filósofo alemão (1889-1976).
Figura 2 – Heidegger.
Fonte de ambas: PETE. Ereignis. Disponível em: http://www.beyng.com/ereignis.html

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