Ciência Política – 13/09/2018
sua adequabilidade à ordem natural, e a
SEMININÁRIO 4 – MONTESQUIEU
A obra de Montesquieu (1689 – 1755) constitui
uma conjunção paradoxal entre o novo e o
tradicional.
Sua obra trata questões do funcionamento dos
regimes políticos → encaradas dentro da óptica
liberal.
Ciência Política: Teoria dos três poderes → Uma
das condições de funcionamento do Estado de
direito.
Membro da nobreza que objetiva tirar partido
de certas características do poder nos regimes
monárquicos, para dotar de maior estabilidade os
regimes que viriam a resultar das revoluções
democráticas.
Busca de mecanismos que proponham um
regime político ideal para o futuro através da noção
de -moderação – analisando aspectos e mecanismo
de estabilidade e funcionamento pleno de regimes
do passado e do presente.
Dois aspectos importantes da obra de
Montesquieu: a tipologia dos governos, ou a teoria
dos princípios e da natureza dos regimes; e a teoria
dos três poderes, ou a teoria da separação dos
poderes.
O CONCEITO DE LEI
Conceituação de lei científica nas ciências
humanas → Antes de Montesquieu: a noção de lei
compreendia três dimensões essencialmente ligadas
à ideia de lei de Deus (concepção medieval) →
Política + Religião.
As leis eram:
 Legítimas (porque eram a expressão da
autoridade – de Deus - ).
 Imutáveis (porque era a expressão da ordem das
coisas).
 Ideais (porque visavam uma finalidade perfeita).
Obra: “Espírito das leis”
 Definição (nova concepção): "relações
necessárias que derivam da natureza das coisas".
 Novo modo de enxergar as leis, antes
limitadas a discutir somente as instituições e
as leis quanto à legitimidade de sua origem,
perfeição de seus fins → discussão confusa,
mistura de concepções de natureza política,
moral e religiosa.
 Estabelecimento de uma ponte com as
ciências empíricas (principalmente com a
física newtoniana) – influência dos
enciclopedistas e iluministas.
 Rompimento com a tradicional submissão da
política à teologia → Racionalidade.
 Assim com existia uma relação de
uniformidade entre os corpos físicos, existia
também uma uniformidade no
comportamento e nas formas de
organização do homem.
 Estabelece uma regra que incorpora a teoria
política ao campo das ciências: as
instituições políticas são regidas por leis que
derivam das relações políticas.
 Objeto de estudo: leis positivas → leis e
instituições criadas pelos homens para reger
as relações entre os homens → é o espírito
das leis: as relações entre as leis (positivas) e
“diversas coisas”, tais como o clima, as
dimensões do Estado, a organização do
comércio, as relações entre as classes etc.
 Montesquieu tenta explicar as leis e
instituições humanas, sua permanência e
modificações, a partir de leis da ciência
política.
OS TRÊS GOVERNOS
Fator fundamental: estabilidade dos governos
(regime ou modo de funcionamento das instituições
políticas) → Problemática de Maquiavel, que discute
essencialmente as condições de manutenção do poder.
Dimensões do funcionamento político das
instituições:
 A natureza do governo: posso do poder (quem
detém o poder) → Monarquia (1 só governa);
República (o povo governa ou em parte –
repúblicas aristocráticas); Despotismo (1 só
governa).
 Trata de relações entre as instâncias de poder e a
forma como o poder se distribui na sociedade,
entre os diferentes grupos e classes da
população.
 Princípio de governo: paixão motivadora; é o
modo de funcionamento dos governos, ou seja,
como o poder é exercido.
 Princípio da monarquia: honra → paixão
social, corresponde a um sentimento de
classe (a paixão da desigualdade, o amor
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aos privilégios e prerrogativas que

caracterizam a nobreza)
 Princípio da república: virtude → paixão
propriamente política → é o espírito
cívico, a supremacia do bem público
sobre os interesses particulares
(princípio da república)
 Princípio do despotismo: medo → única
paixão propriamente dita, único móvel
psicológico dos comportamentos
políticos → homens atuam movidos
pelos instintos e orientados para a
sobrevivência (é uma extensão do
estado de natureza)

A combinação do princípio com a natureza do

regime permite-nos entender melhor a teoria dos três
Só com a moderação dos poderes e com a
governos. instauração do estado de direito que o ser humano teria o
gozo de viver de forma plena, usufruindo ao máximo de
OS TRÊS PODERES
sua liberdade.
A teoria dos poderes (separação dos poderes ou a
Montesquieu considera a existência de duas fontes
equipotência): estabelecimento da separação dos poderes
de poder político, mais precisamente o rei e o povo → é
executivo, legislativo e judiciário (além da independência
necessário que de ambas as partes haja poderes
entre eles) como condição para o Estado de direito →
independentes e capazes de se contrapor → estabilidade
Equivalência: três funções dotadas de igual poder.
do regime ideal está na correlação entre as forças reais da
Obs: Harrington e Locke já falavam antes de Montesquieu sociedade.
da separação dos poderes (não especificadamente dos 3).
Para Althusser, a teoria dos poderes de Montesquieu
 Única forma de controlar um poder é através de é muito contemporânea → rearranjo institucionais →
outro poder, pois quem possui um poder tende a impedimento que alguma força política possa a priori
utilizá-lo ao máximo. prevalecer sobre as demais, reservando-se a capacidade
 Originalidade de Montesquieu: fiscalização e de alterar as regras depois de jogado o jogo político.
vigilância mútua entre os poderes → moderação
No Brasil, os poderes são representados pelo:
→ importância fundamental → base da
tolerância.  Legislativo: SENADORES e DEPUTADOS FEDERAIS;
 Radicalismo é ruim → mudanças drásticas e DEPUTADOS ESTADUAIS; VEREADORES.
fundamentas abrem brecha para tirania.  Executivo: PRESIDENTE, GOVERNADORES.
PREFEITOS.
Há outra significação para a teoria dos poderes:
 Judiciário: SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL;
necessidade de encontrar uma instância independente
TRIBUNAIS ESTADUAIS; JUÍZES.
capaz de moderar o poder do rei (do executivo) →
problema político, de correlação de forças, e não um
problema jurídico-administrativo, de organização de
funções.

Freios e contrapesos (teoria liberal a separação dos

poderes) → moderação entre os poderes.
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