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Yair Alon
cabalistas chegam a dizer que sem a Torá sequer podemos nos considerar
parte da raça humana. Segundo esses cabalistas, só podemos nos considerar
humanos (adam) quando estudamos e colocamos em prática aquilo que
a Torá ensina.
Vamos aprofundar um pouco nossa análise sobre a mente. Como foi
dito, nossa mente possui dois modos de operação: o consciente-lógico-
racional-analítico e o inconsciente. Cada um desses modos tem uma
linguagem própria. O modo número 1 é verbal e usa as palavras e regras
dos idiomas que aprendemos quando criança. O modo 2, inconsciente,
não conhece e nem reconhece as palavras, ele é não-verbal (alguns dizem
“pré-verbal”) e se expressa por meio de imagens, intuições ou sensações
(não confundir com sentimentos e emoções).
Ambos os lados são importantes e cada um deles tem suas próprias
necessidades e exigências, precisando ser alimentado e nutrido com
o que é de seu domínio. A mente racional e consciente se alimenta de
estímulos intelectuais, do mundo ao nosso redor, de lógica, de razão, de
estudos como a ciência e a matemática. A mente intuitiva e inconsciente
se alimenta de sons e imagens, e coisas como as artes e a música.
Como ambos os lados são parte integral do humano, não nos tornamos
mais humanos ao eliminar um dos tipos de alimento mental de nossa
vida, ao contrário do que acreditam algumas pessoas. Cabalisticamente,
a pessoa que não tem apreciação por ou não vê necessidade em todos os
itens mencionados padece de um problema cognitivo-espiritual. É essência
humana buscar pela arte e pela matemática, pela música e pela ciência.
Nesse ponto, e à luz de tudo o que foi exposto, conseguimos começar a
compreender e apreciar melhor a importância que um ritual tem na vida
humana. A execução de atos rituais fala diretamente com a linguagem
imagética da mente inconsciente, e, portanto, com a alma.
Assim como temos a necessidade de nos comunicarmos com o nosso
mundo físico através da linguagem e dos idiomas, é preciso falar com
o mundo espiritual, e isso é feito com a linguagem da alma, composta
basicamente de imagens, símbolos, sensações e rituais.
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e vários filmes foram feitos sobre isso. O que poucos conhecem é o efeito
anímico (de alma) que essa redenção teve sobre o coletivo de Israel, nos
níveis mais profundos de nosso inconsciente.
Os cabalistas revelam que todas as almas de Israel, nascidas ou não na
época, foram redimidas e deixaram o Egito junto com nossos ancestrais.
Daqui fica claro que existe uma relação única entre as almas nascidas e as
não-nascidas. Não carregamos apenas os genes de nossos ancestrais; mas
também carregamos suas memórias. É esta fonte de memórias coletivas
que criam a noção de um povo (qualquer que seja) e que permite a uma
pessoa se identificar a um grupo coeso, independentemente da passagem
do tempo e do espaço. É assim que hoje um norueguês do século XXI pode
se identificar com o povo viking que viveu na Escandinávia no século X;
ou que um chinês morando no Brasil continua se identificar com o povo
chinês que há mais de 3.000 anos habita as margens do Rio Amarelo.
É pelo fato de nossa alma, hoje presente em nós, ter estado no
Egito há milhares de anos, que faz sentido utilizar a Hagadá e relatar
a história do Êxodo. Esse relato permite que nos (re-)lembremos
do que carregamos no mais profundo de nosso ser e que possamos
mais facilmente identificar de onde viemos, e, consequentemente,
para onde vamos.
Ao comer matsá e maror, beber as quatro taças de vinho e realizar
o Sêder, estamos abrindo nosso inconsciente e permitindo que ele se
expresse de maneira muito mais fácil e fluida; estamos construindo
uma ponte que nos leva ao recôndito de nosso ser e que nos revela
novas informações sobre nós mesmos. É por isso que ao participar
de eventos ritualísticos, as reações que devemos esperar em nós são
de cunho emocional e intuitivo, e não nada no sentido intelectual ou
racional (embora isso também ocorra). A pessoa que participa de
um ritual místico tentando entender logicamente o que está sendo
feito é como a pessoa que se para diante de uma obra prima de Van
Gogh e começa a se perguntar qual seria o nome da cor usada para
pintar Os Girassóis ou a espessura do pincel utilizado para desenhar
o céu de Noite Estrelada. Cumpre corretamente o Pêssach aquele
que, através do ritual, alinha seu inconsciente, acalma seus tumultos
10 interpretações cabalísticas de Pêssach