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Estudos Tecnológicos em Engenharia, 11(1):32-41, janeiro-junho 2015

Unisinos - doi: 10.4013/ete.2015.111.04

Estudo de caso: edificação com fundações em


estacas hélice contínua monitorada

Case study: Building with continuous flight auger pile foundations

Cássio Marcus Mory Figueiredo1


Prossolo Engenharia e Fundações Ltda
diretoria@prossolo.com.br

Matheus Pena da Silva e Silva2


Universidade Federal do Amazonas
matheuspenass@hotmail.com

Consuelo Alves da Frota2


Universidade Federal do Amazonas
cafrota@ufam.edu.br

Resumo. Analisou-se um projeto geotécnico de Abstract. It was analyzed a geotechnical design


fundações, em estaca hélice contínua monitorada, with continuous flight auger pile foundations in
de um empreendimento com quatro edificações, a venture with four buildings, located in Manaus
situado em Manaus (AM). Examinaram-se os crité- (Amazonas State). The used criteria for the location
rios utilizados na locação dos furos de sondagem, of the boreholes, the grain size, and the structure
realizou-se a análise granulométrica e se verificou (consistence and compactness) of the subsoil layers
a estrutura (consistência ou compacidade) das ca- were studied. It was also verified the amount and
madas formadoras do subsolo. Aferiu-se, ainda, the length of the piles, as well as the results of pile
a quantidade e o comprimento das estacas, bem load tests.
como os resultados das provas de carga.

Palavras-chave: fundações, estaca hélice, provas Keywords: foundations, flight auger pile, pile load
de carga. tests.

Introdução Tipos de fundações

Apresenta-se, neste artigo, um estudo de Segundo Velloso e Lopes (1997), as fun-


caso envolvendo fundações do tipo hélice contí- dações são convencionalmente separadas em
nua monitorada, executadas em Manaus (AM), dois grandes grupos:
sob uma edificação composta por quatro torres, (i) fundações superficiais (diretas ou rasas);
que exigiram em torno de 240 estacas. (ii) fundações profundas.
Enfatiza-se a análise da concepção do pro-
jeto geotécnico de fundações, baseada nos fun- Distinguem-se esses dois tipos, em geral,
damentos teóricos presentes na literatura e na segundo o critério (arbitrário), no qual uma
experiência do projetista. fundação profunda mostra ruptura de sua

1
Prossolo Engenharia e Fundações Ltda. Av. Autaz Mirim, 1830, D. Industrial, 69085-000, Manaus, AM, Brasil.
2
Universidade Federal do Amazonas. Av. General Rodrigo Octávio, 6200, Coroado I, 69077-000, Manaus, AM, Brasil.

Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Attribution License (CC-BY 3.0), sendo permitidas reprodução, adap-
tação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.
Cássio Marcus Mory Figueiredo, Matheus Pena da Silva e Silva, Consuelo Alves da Frota

base, quando se encontra abaixo da superfície Estacas tipo broca


do terreno. São construídas por perfuração com trado
A norma NBR 6122/2010 define tal estrutu- e posterior concretagem in loco, possuem diâ-
ra como aquela que transmite a carga prove- metro variando entre 15 e 25 cm, comprimento
niente da superestrutura ao terreno pela base de até 3,0 m e suportam cargas de 50 a 100 kN.
(resistência de ponta), por sua superfície late-
ral (resistência de fuste) ou pelo conjunto de Estacas tipo Strauss
ambas. Além disso, segundo a referida norma, São cravadas por perfuração por meio de
a profundidade de assentamento deve ser su- piteira, com uso parcial ou total de revesti-
perior ao dobro de sua menor dimensão em mento recuperável e posterior concretagem in
planta, e se situar, no mínimo, a três metros. loco. Abrangem a faixa de carga compreendida
entre 200 e 800 kN.
Estacas Requerem equipamento constituído de tri-
pé de madeira ou de aço, guincho acoplado a
Também segundo a mencionada norma, um motor (combustão ou elétrico), sonda de
estacas são elementos de fundação profunda percussão munida de válvula em sua extremi-
construídas com o auxílio de ferramentas ou dade inferior (retirada do solo), soquete com
equipamentos, sem que haja descida de pes- aproximadamente 300 kg, tubulação de aço
soas em qualquer fase de execução (cravação com elementos de 2 a 3 metros de comprimen-
à percussão, prensagem, vibração, ou por es- to (rosqueáveis entre si), guincho manual para
cavação, etc). Na confecção dessas estruturas, remoção da tubulação, além de roldanas, ca-
podem-se utilizar: madeira, aço, concreto pré- bos de aço e ferramentas.
-moldado, concreto moldado in loco ou a com- Mostram como vantagem a leveza e simpli-
binação dos mencionados materiais. cidade do equipamento, possibilitando o uso
Alonso (1983) cita que alguns tipos de esta- em locais confinados, em terrenos acidentados
cas são mais comumente empregadas em obras e no interior de construções, por exemplo, com
civis no Brasil, podendo-se citar: Franki, broca, o pé direito reduzido. Outro benefício opera-
Strauss, hélice contínua, injetadas, entre outras. cional é o de não causar vibrações, evitando
avarias nas edificações contíguas.
Estacas usuais Não é recomendada para trabalhar abaixo do
Serão expostos, a seguir, alguns tipos de nível da água, principalmente no caso de solo
estacas rotineiramente utilizadas pela cons- arenoso (pela dificuldade em esgotar a água por
trução civil no País, destacando-se suas defi- dentro do tubo, impedindo a concretagem), e ar-
nições, processos executivos, vantagens e des- gilas saturadas (em virtude do risco de “estran-
vantagens (Alonso, 1983). gulamento” do fuste, durante a concretagem).

Estacas Franki Estacas tipo hélice contínua monitorada


Executadas por meio da cravação no terre- Compostas por concreto moldado in loco.
no de um tubo de ponta fechada (bucha) e de Construídas por meio de trado contínuo e in-
uma base alargada. Introduz-se no terreno cer- jeção de concreto, sob pressão controlada, por
ta quantidade de material granular por meio meio da haste central do trado simultanea-
de golpes de um pilão. Essas estacas abrangem mente com a sua retirada do terreno.
uma faixa de carga de 550 a 1.700 kN. São ne- Entre as principais conveniências desse tipo
cessários bate-estaca, tubos para revestimento de estaca destaca-se a elevada produtividade,
do furo e pilões. decorrente da versatilidade de equipamento,
Para serem bem-sucedidas, dependem do de que resulta a economia, ante a redução dos
atendimento ao método executivo, do uso de cronogramas de obra. Pode ser executada na
equipamentos adequados e mão de obra espe- maior parte dos solos, exceto quando ocorrem
cializada e experiente. Pelas características do matacões e rochas. Não produz distúrbios e vi-
processo, tais estacas não são recomendadas brações típicos dos equipamentos à percussão,
em terrenos com matacões, situações em que além de não causar a descompressão do ter-
as construções próximas não possam supor- reno durante a sua operação. Ressalta-se tam-
tar grandes vibrações, bem como em subsolos bém o monitoramento permitido pelo equi-
com camadas de argila mole saturada, devido pamento, no campo e na base operacional em
aos possíveis problemas de estrangulamento tempo real. A Figura 1 apresenta um modelo
do fuste. de relatório gerado quando da sua confecção.

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Figura 2. Máquina para execução da estaca


Figura 1. Modelo de Relatório da execução de hélice contínua monitorada (Manaus, AM).
estaca hélice contínua monitorada. Figure 2. Machine for driving continuous
Figure 1. Report template for application of flight auger pile foundations (Manaus, Ama-
continuous flight auger pile foundations. zonas State).

Suas principais desvantagens estão relaciona- resistirem a esforços de compressão e tração,


das ao porte do equipamento, o qual necessita desde que convenientemente armadas, pelo
de áreas planas e de fácil movimentação. Exi- fato de suportarem carga de trabalho prati-
ge concreto usinado com bomba. Faz-se ne- camente por atrito lateral. Entre as suas apli-
cessário, igualmente, um número mínimo de cações, podem ser mencionadas: (i) estabili-
estacas, a fim de compensar o custo com a mo- zação de encostas; (ii) reforço de fundações;
bilização do aparelhamento. As Figuras 2 e 3 (iii) fundações em terrenos com blocos de
ilustram esse tipo de fundação empregada no rocha ou antigas fundações e (iv) fundações
trabalho em pauta. em alto mar (offshore).
Em função do processo de injeção do aglu-
Estacas injetadas tinante, tais estacas normalmente fazem parte
Construídas por meio de injeção, sob pres- de dois grupos: (a) estacas-raiz, aquelas com
são, de um produto aglutinante (calda de ci- aplicação de injeções de ar comprimido, a bai-
mento ou argamassa de cimento e areia), que xas pressões (inferiores a 5,0 MPa), imediata-
tem como finalidade garantir a integridade do mente após a moldagem do fuste e no topo
fuste e aumentar a resistência por atrito lateral deste, simultaneamente com a remoção do re-
e de ponta. vestimento; e (b) microestacas, cujas injeções
A injeção do citado produto pode ser são realizadas empregando-se válvulas tipo
realizada durante ou após a instalação da “manchete”, instaladas nas escavações previa-
estaca. Segundo Hachich et al. (1998), tais mente efetivadas.
elementos de fundação diferem dos demais
tipos injetados devido a estas razões: (i) se- Objetivos
rem operadas com maiores inclinações (0º a
90º); (ii) apresentarem resistência do fuste Analisar a concepção do projeto e o dimen-
bastante superior comparada aos demais ti- sionamento, de acordo com a teoria e as nor-
pos de estaca com mesmos diâmetros; (iii) e mas vigentes.

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Figura 3. Estaca hélice logo após a execução (Manaus, AM).


Figure 3. Continuous flight auger pile foundations after its application (Manaus, Amazonas State).

Metodologia juntos de golpes de 15 cm cada. O resultado do


parâmetro SPT consiste no número de golpes
Características gerais necessário à cravação dos 30 cm finais.
O experimento permite encontrar as ca-
Como mencionado, o empreendimento racterísticas do subsolo, pela análise visual e
localiza-se em Manaus (AM), apresenta uma táctil das amostras coletadas a cada metro, po-
área de 7.690 m², e um terreno com um des- dendo ser realizada em laboratório e em cam-
nível de quase 9 m ao longo de aproximada- po. Esse procedimento tem se mostrado mais
mente 115 m de comprimento. Composto por corriqueiro, com exame in loco. Determina-se,
4 torres (denominadas “A”, “B”, ”C” e “D”), igualmente, a partir do uso de tabelas, a con-
cada uma possui 8 pavimentos. Perfaz área de sistência e a compacidade das camadas, de
projeção em planta de aproximadamente 339 acordo com o conjunto dos resultados da aná-
m², com 4 apartamentos por andar, totalizan- lise visual e táctil e dos índices de resistência à
do 128 unidades habitacionais. Dimensiona- penetração (Nspt).
ram-se as estacas hélice contínua pelo método A locação dos furos de sondagens respeitou
Décourt-Quaresma. a NBR 8036/1983. Nesse critério e em qualquer
circunstância, o número mínimo de sondagem
Sondagem e locação dos furos deverá ser três para área de projeção em planta
do edifício entre 200 e 400m².
A fim de investigar o subsolo, encetou-se o
processo de simples reconhecimento, também Método de Décourt-Quaresma e
denominado sondagem à percussão, com me- determinação do comprimento da estaca
dida do Standard Penetration Test (SPT), à luz
da NBR 6484/2001. Caracteriza-se por perfu- Segundo Lobo (2005), citando Schnaid
rações capazes de ultrapassar o nível d’água (2000), a sondagem a percussão é, em geral,
e atravessar solos de consistência e compaci- o único ensaio de campo disponível. Difun-
dade variada. Destaca-se que esse tipo de in- diu-se no Brasil a prática de relacionar o Nspt
vestigação não transpõe matacões e blocos de diretamente com a capacidade de carga de
rocha e mostra dificuldade em saprólitos mui- estacas, (e.g., Aoki e Velloso, 1975; Décourt e
to compactos ou alterações de rocha (as quais Quaresma, 1978; Amaral et al., 2000). Embora
redundam na suspensão do processo). as metodologias adotadas constituíssem fer-
Segundo Velloso e Lopes (1997), o men- ramentas valiosas à engenharia de fundações,
cionado teste (SPT) executa-se a cada metro. reconhece-se que, por força da sua natureza
Consiste na cravação de um amostrador nor- estatística, a validade se limita à prática cons-
malizado, chamado originalmente de Ray- trutiva regional e às condições específicas dos
monde-Terzaghi, por meio de golpes de um casos históricos em seu estabelecimento.
peso de 637 N, caindo de uma altura igual a 75 Estimou-se a capacidade de carga das fun-
cm. Anota-se o número de golpes necessários, dações do empreendimento em foco por meio
para cravar os 45 cm do amostrador em 3 con- do método Décourt-Quaresma (1978). Nesse

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Estudo de caso: edificação com fundações em estacas hélice contínua monitorada

procedimento, as parcelas de resistência, late- relativa à capacidade de carga pode ser escrita
ral (Rl) e de ponta (Rp), da capacidade de carga segundo a equação (5).
(R), referente a um elemento de fundação por NL
estaca, são calculadas pelas equações (1) e (2). R =  C NP AP +  10 + 1 U (5)
3
RL = rL U L (1) Pelo trabalho de Cintra e Aoki (2010), todo
e projeto de fundações por estacas, em termos
RP = rP AP (2) geotécnicos, culmina com a previsão da cota
de parada e a fixação da carga admissível do
Na estimativa do atrito lateral rL , utiliza- elemento de fundação. Os autores sugerem as
-se o valor médio do índice de resistência à três seguintes metodologias para determina-
penetração (SPT) ao longo do fuste NL , segun- ção do seu comprimento:
do uma tabela apresentada pelos autores, sem (a) Escolhido o tipo de estaca e o diâmetro
distinção do tipo de solo. Para o cálculo do ou secção transversal do fuste, tem-se uma
NL , adotam-se os limites NL ≥ 3 e NL ≤ 15, além carga correspondente, presente em catálogos.
de se desconsiderar os valores que serão uti- Em seguida, adota-se a carga admissível (Padm)
lizados no cálculo da resistência de ponta. Os como sendo aquela da aludida tabela e, multi-
valores tabelados equivalem à expressão (3): plicando-se pelo fator de segurança, obtém-se
NL a resistência necessária. Em seguida, por tenta-
rL = 10 + 1 [kPa] (3) tivas, ao se utilizar um dos métodos semiem-
3 píricos, determina-se o seu comprimento (L)
A parcela da capacidade de carga junto à compatível com a sua resistência;
ponta ou base da estaca é estimada pela equa- (b) Pela limitação do equipamento de cra-
ção (4). vação, pode-se impor um comprimento máxi-
mo (Lmáx) exequível para a fundação. Portanto,
rP = C NP (4) aceita-se essa dimensão como sendo esse valor
máximo. Na sequência, calcula-se a capacida-
O parâmetro N obedece ao valor médio de de carga, de acordo com métodos semiem-
do índice de resistência à penetração na pon- píricos, e, adotando um fator de segurança,
ta. Determinado a partir de três valores, quais chega-se à carga admissível;
sejam, o correspondente ao nível da ponta, o (c) Cada tipo de estaca possui uma faixa de
imediatamente anterior e o posterior a este valores de Nspt correspondentes ao ponto de
ponto. O coeficiente C, característico do tipo parada, em face da ineficiência do equipamen-
de solo, indica-se na Tabela 1. to, a partir desses valores. Assim, por meio da
Faz parte também do aludido método dois sondagem, consideram-se os Nspt na faixa des-
fatores, denominados α e β, relativos às par- ses limites. Portanto, tem-se a indicação dos
celas de resistência de ponta e lateral, respec- prováveis comprimentos (L). Relativo a cada
tivamente. Os valores sugeridos para esses um dessas dimensões, calcula-se a resistência
parâmetros constam das Tabelas 2 e 3. Porém, estimada e a carga admissível.
o método original (α = β = 1) permanece re- Nesse estudo, ressalta-se a interdependên-
lacionado às estacas pré-moldadas, metálicas cia das metodologias, ou seja, a escolha por
e tipo Franki. Dessa forma, a expressão geral uma delas não significa segui-la até o final. Por
exemplo, empregando-se a metodologia “a”, o
comprimento encontrado pode ser superior ao
Tabela 1. Coeficiente C. máximo exequível. Nesse caso, adota-se L =
Table 1. C coefficient. Lmáx, aplicando-se a metodologia “b”.
Tipo de solo C (kPa) Seguindo as metodologias “b” e “c”, no cál-
culo do Padm, o projetista do estudo em pauta,
Argila 120 considerando Décourt (1982), adotou o menor
Silte argiloso* 200 dos dois valores, alusivo às equações (6) e (7).
R
Silte arenoso* 250 Padm = (6)
2
Areia 400
ou
Nota: (*) Alteração de rocha (solos residuais). Rl Rp
Fonte: Décourt e Quaresma (1978 in Cintra e Aoki, 2010). Padm = + (7)
1,3 4

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Tabela 2. Valores do fator α, função do tipo de estaca e do solo.


Table 2. The α factor values, which are a function of the type of the pile and the soil.
Tipo de estaca
Tipo de Solo Injetada
Escavada Escavada Hélice
Raiz sob altas
em geral (bentonita) contínua
pressões
Argilas 0,85 0,85 0,3* 0,85 1,0*
Solos Intermediários 0,6 0,6 0,3* 0,6 1,0*
Areias 0,5 0,5 0,3* 0,5 1,0*
Nota: (*) Valores orientativos decorrentes do reduzido número de dados disponíveis.
Fonte: Décourt (1996 in Cintra e Aoki, 2010).

Tabela 3. Valores do fator β, função do tipo de estaca e do solo.


Table 3. The β factor values, which are a function of the type of the pile and the soil.
Tipo de estaca
Tipo de Solo Injetada
Escavada Escavada Hélice
Raiz sob altas
em geral (bentonita) contínua
pressões
Argilas 0,8 0,9 1,0 1,5 3,0
Solos Intermediários 0,65 0,75 1,0 1,5 3,0
Areias 0,5 0,6 1,0 1,5 3,0
Nota: (*) Valores orientativos diante do reduzido número de dados disponíveis.
Fonte: Décourt (1996 in Cintra e Aoki, 2010).

Determinação do número de estaca Tabela 4. Carga de catálogo para estaca hélice


contínua.
No dimensionamento do número de esta- Table 4. Catalog load for continuous flight au-
cas, indicativo do carregamento de cada pilar, ger pile.
empregou-se a expressão (8). Vale ressaltar
que o Radm constante da citada expressão foi Diâmetro Carga de
Estaca
o menor valor entre a capacidade estrutural (cm) catálogo Pe (kN)
(cargas de catálogo, mostradas na Tabela 4) e a Ø 27,5 350
geotécnica da estaca, levando em consideração
um fator de segurança. Ø 30 450
QPilar Ø 35 600
Nest. = (8)
Radm
Ø 40 800
QPilar , carga atuante no pilar, disponibiliza-
da pelo projeto estrutural; Ø 42,5 900
Hélice
Radm , resistência admissível, adotada para o contínua Ø 50 1250
elemento de fundação por estaca; σe = 6 MPa
Nest. , número de estacas no bloco. Ø 60 1800
Ø 70 2450
Como os pilares dos edifícios apresentaram
solicitações tanto de carga vertical quanto de Ø 80 3200
momentos, fez-se necessário utilizar o método
indicado por Alonso (1983), para determinar Ø 90 4000
se a carga atuante na estaca era suportada. Em Ø 100 5000
caso negativo, realiza-se novamente a verifica-
ção para um número de estacas imediatamen- Fonte: Antunes e Tarozzo (1998 in Cintra e Aoki, 2010).

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te superior, até satisfazer a condição de segu-


rança do elemento de fundação. Empregou-se
a equação (9) nesse cálculo. A Figura 4 ilustra
uma configuração para melhor entendimento.
QPilar Myxi Mxyi
Pi = ± ± (9)
Nest Σx2 Σy2
i i
Pi , carga atuante na estaca i;
QPilar , carga vertical do pilar;
Nest , número de estacas no bloco;
Mx , momento transmitido pelo pilar na di-
reção x;
My , momento transmitido pelo pilar na di-
reção y;
xi e yi , coordenadas da estaca i, segundo as
direções x e y, respectivamente.

Percebe-se, por esse modelo, que o méto-


do exige o conhecimento sobre as disposições
das estacas. Assim, busca-se conduzir blocos
com o menor volume possível. O supracitado
autor indica algumas orientações, apontando
a formação dos blocos ou estaqueamentos.
Igualmente, destaca que a distribuição dos Figura 5. Disposição padronizada para até 6
elementos de fundação deve, sempre quando estacas.
possível, realizar-se em torno do centro de car- Figure 5. Standardized layout for up to 6 piles.
ga do pilar e de acordo com os blocos padroni- Fonte: Alonso (1983).
zados dispostos na Figura 5.

Prova de carga estática carga. A metodologia do experimento consis-


te, basicamente, em aplicar esforços estáticos
Realizaram-se provas de carga estática crescentes à estaca moldadas in loco e registrar
à compressão com carregamento lento, por os deslocamentos correspondentes. Busca-se
meio de quatro estacas de reação. Segundo a assegurar a resistência do elemento de funda-
NBR 12131/2006, esse ensaio in situ avalia o ção para o qual foi projetado (Figuras 6 e 7).
comportamento carga versus deslocamento do
elemento de fundação e, desse modo, estima Análise de resultados
suas características quanto à capacidade de
Locação dos furos
Realizaram-se nove furos de sondagem en-
globando as torres “A”, “B”, “C” e “D”. Salienta-
-se que, para o cumprimento da NBR 8036/1983,
dispuseram-se esses furos de tal modo que,
para cada torre, houvesse o aproveitamento
de, no mínimo, três furos, sendo um para cada
200 m². Respeitou-se também o critério de uma
sondagem para cada 200 m² de área de projeção
da construção até 1.200 m². A distância máxima
entre aqueles fora fixada em torno de 34 m (má-
ximo) e 12 m (mínimo), em consonância com a
Figura 4. Modelo explicativo. citada norma, visto que o valor máximo exigido
Figure 4. Model for explanation. é de 100 m nos casos em que não haja ainda dis-
Fonte: Alonso (1983). posição em planta das edificações.

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Cássio Marcus Mory Figueiredo, Matheus Pena da Silva e Silva, Consuelo Alves da Frota

Observando-se os furos por edifício, a torre


“A” apresentou uma camada superficial de ar-
gila arenosa, a variar de 3 a 6 m de espessura,
com índices de consistência de mole a rija. A
maioria das camadas subsequentes mostrou-
-se ser de areias siltosas, de cor avermelhada,
imbuída de compacidade variável, ou seja, no
início medianamente compacta a compacta, na
sequência, fofa e pouco compacta e, ao final,
retornando à estrutura inicial.
A edificação “B” igualmente indicou uma
camada superficial com argila arenosa com 3
m de espessura, e consistência de mole a mé-
dia. Nas camadas posteriores, houve a predo-
minância de uma areia siltosa, de cor variável
(avermelhada, amarelada e esbranquiçada).
Tais camadas denotaram compacidade: pouco
compactas nos dois estratos iniciais, nas qua-
Figura 6. Vista frontal da prova de carga (Ma- tro camadas seguintes, fofa a medianamente
naus, AM). compacta, e as últimas de medianamente com-
Figure 6. Front view of the pile load test pacta a compacta.
(Manaus, Amazonas State). A torre “C”, diferentemente das outras
mencionadas edificações, exibiu o subsolo
com a mesma granulometria (areia siltosa),
coloração variegada (avermelhada, amarelada
e esbranquiçada), alternando a compacidade
entre medianamente compacta, fofa a pouco
compacta, até atingir as duas últimas camadas
consideradas compactas.
A edificação “D”, de modo semelhante à
“C”, teve a predominância, em todas suas ca-
madas, de areia siltosa, cores variando de acin-
zentada, amarelada, esbranquiçada a averme-
lhada. Apesar de, nesse caso, a sondagem ter
ocorrido em menores profundidades, foi o
subsolo que exibiu camadas compactas, ini-
ciando em 8 m até o final do reconhecimento.
Em resumo, as diferenças nas característi-
cas expostas pelas sondagens nas camadas su-
perficiais podem ser explicadas pelo desnível
do terreno, notadamente na ausência do estra-
to argiloso relativo ao subsolo das torres “C” e
Figura 7. Vista lateral da prova de carga “D”. Pelo mesmo critério, explica-se também
(Manaus, AM). a maior presença de camadas compactas na
Figure 7. Side view of the pile load test edificação “D”. Ressalta-se, ainda, a profundi-
(Manaus, Amazonas State). dade do nível do lençol freático, variando de
12 m (“A”) a 7 m (“D”).
Ante o exposto, trata-se de um subsolo típi-
Sondagem e análise do solo co da região de Manaus, posto que a maioria
das camadas superficiais indicou textura argi-
Os furos de sondagem alcançaram, para as losa, confirmando-se o estudo realizado por
três primeiras torres (“A”, “B” e “C”), profundi- Bento e Frota (1998), durante o qual se verifi-
dades em torno de 24 a 27 m, e, quanto à última cou que a camada superficial da região urbana
(“D”), aproximadamente 16 a 18 m, tendo como da cidade de Manaus mostrou-se constituída
critério de parada o impenetrável ao trépano e por 62% de argila, 34% de areia e 4% de areni-
o solicitado pelo cliente, respectivamente. to Manaus (rocha predominante). Destaca-se,

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Estudo de caso: edificação com fundações em estacas hélice contínua monitorada

ainda, que, a partir de 18 m de profundidade, Conclusão


na maior parte do subsolo pesquisado, o índi-
ce Nspt indicou altos valores, justificando a es- A locação dos furos da sondagem respeitou
colha de fundações profundas. mais de um critério recomendado por norma.
Os furos de sondagem atingiram profundi-
Diâmetro, comprimento dades em torno de 24 a 27 m (“A”, “B” e “C”) e
e quantidade de estacas cerca de 16 a 18 m (“D”).
O subsolo apresentou, em geral, dois tipos
Determinou-se, por solicitação do cliente, o de camadas, granulometria argilosa e areias
uso de estacas de hélice contínua. Adotou-se siltosas.
um diâmetro de 40 cm, e, segundo experiência O índice Nspt indicou altos valores para 18
do projetista, o índice C do método Décourt- m de profundidade, excetuando-se o edifício
-Quaresma igual a 350 kPa, bem como os coe- “D”, no qual as camadas compactas iniciaram
ficientes α e β iguais a 1. em 8 m, seguindo esse padrão até o final do
O cálculo, pelo responsável técnico, seguiu reconhecimento.
a teoria descrita anteriormente, respeitando-se O projeto geotécnico das fundações mos-
a NBR 6122/2010. Analisando-se o projeto de trou, relativamente às edificações “A”, “B” e
“C”, as mesmas configurações quanto ao esta-
fundações por edifício, tem-se: (a) na torre “A”,
queamento dos blocos e quantidade de esta-
encontram-se 14 e 10 blocos, com 2 e 3 estacas,
cas, sendo essas com comprimentos variando
respectivamente, além de um elemento de fun-
entre 20 a 23 m. Em particular na torre “D”,
dação usado para prova de carga, totalizando 59
teve-se o menor comprimento entre os ele-
com 23 m de comprimento; (b) nas edificações
mentos de fundação.
“B” e “C”, seguiram-se o mesmo projeto de “A”,
excetuando-se os comprimentos das estacas, em
“B” de 22 a 23 m, e em “C”, de 20 a 22 m. Na Referências
torre “D”, construíram-se 8 blocos com 1 esta-
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI-
ca, 14 blocos com 2, 10 blocos com 3, e também
CAS (ABNT). 2010. NBR 6122/2010 Projeto e execu-
uma destinada à prova de carga, perfazendo 67, ção de fundações. Rio de Janeiro, ABNT, 91 p.
cujos comprimentos variaram de 10 até 15 m. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-
Nesse contexto, percebe-se uma diferen- NICAS (ABNT). 1984. NBR 6484/2001. Solo: son-
ça da torre “D” referente às demais, tanto em dagens de simples reconhecimentos com SPT: méto-
número quanto em comprimento dos elemen- do de ensaio. Rio de Janeiro, ABNT, 17 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-
tos de fundação. Alusivo ao maior número de
NICAS (ABNT). 1983. NBR 8036/1983. Progra-
estacas, explica-se pela presença a mais de 8 mação de sondagens de simples reconhecimento dos
pilares no projeto de fundações, tendo cada solos para fundações de edifícios: procedimento. Rio
um uma estaca. No tocante ao menor compri- de Janeiro, ABNT, 3 p.
mento de suas fundações, este deve-se ao des- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-
tacado número de camadas com Nspt elevado NICAS (ABNT). 2006. NBR 12131/2006. Estacas:
frente ao subsolo dos outros prédios. prova de carga estática: método de ensaio. Rio de Ja-
neiro, ABNT, 8 p.
ALONSO, U.R. 1983. Exercícios de fundações. São
Prova de carga estática Paulo, Edgard Blücher, 202 p.
AMARAL, A.B.T.; VIEZZER, M.E.; AMARAL, J.C.
Realizaram-se quatro provas de carga 2000. Uma formulação geral sobre a capacidade
vertical à compressão, sendo uma em cada de carga em estacas pré-moldadas de concreto.
In: Seminário de Engenharia de Fundações Es-
edifício, seguindo as recomendações da NBR
peciais, IV, São Paulo, Anais... São Paulo, ABMS/
12131/2006. Todas foram executadas em uma ABEF, 2:79-92.
estaca correspondente ao mesmo pilar de cada AOKI, N.; VELLOSO, D.A. 1975. An approximate
torre. Os resultados indicaram valores mí- method to estimate the bearing capacity of
nimos e máximos iguais a 1.177,2 kN (“B” e piles. In: Congreso Panamericano de Mecánica
“C”) e 1.471,5 kN (“A” e “D”), respectivamen- de Suelos y Cimentaciones, V, Buenos Aires,
te. Ressalta-se que a máxima capacidade de Anais… Buenos Aires, SAIG, 5:367-374.
BENTO, A.H.; FROTA, C.A. 1998. Mapeamento Ge-
carga exigida, em uma estaca, pela construção otécnico da Área Urbana de Manaus - AM. In:
do empreendimento foi de aproximadamente Simpósio Brasileiro de Cartografia Geotécnica,
1.039,9 kN, a indicar, dessa forma, a segurança III, Florianópolis, 1998. Anais... Florianópolis,
das fundações. CD-ROM.

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Cássio Marcus Mory Figueiredo, Matheus Pena da Silva e Silva, Consuelo Alves da Frota

CINTRA, J.C.A.; AOKI, N. 2010. Fundações por esta- LOBO, B.O. 2005 Método de Provisão de Capacidade de
cas. São Paulo, Oficina de Textos, 96 p. Carga de Estacas: Aplicação dos Conceitos de Ener-
DÉCOURT, L. 1982. Prediction of the bearing ca- gia do Ensaio SPT. Porto Alegre, RS. Dissertação
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