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&
da mídia catarinense
vol. 1
Apoio cultural
A Memória Viva da
Mídia Catarinense
Para fortalecer a memória e a história da mídia e suas personagens em Com esta missão e a visão de “ser reconhecido como a mais ampla
Santa Catarina, o Instituto Caros Ouvintes inicia a série de e-books fonte de informação sobre a história da comunicação e suas mídias
(livros digitais) gratuitos ‘Astros e Estrelas da Mídia Catarinense’. Este no estado de Santa Catarina”, o Instituto Caros Ouvintes existe desde
primeiro fascículo apresenta seis nomes de comunicadores selecionados 25 de janeiro de 2005. Foi criado com a determinação de registrar e
pelo Conselho Editorial do Caros Ouvintes em conjunto com o apoiador ampliar a voz da história da comunicação social para que essa voz não
do projeto. É uma pequena amostra de um universo já mapeado de pelo se perca no ar por falta de registro e se possa preservar e dar eco às
menos 250 profissionais que deixaram sua marca em jornais, rádios, conquistas acumuladas por empresários e trabalhadores em jornal,
emissoras de televisão, revistas e agências de publicidade e propaganda revista, rádio, televisão e cinema em mais de 180 anos de atividades
de diferentes regiões do Estado. produtivas no Estado. Em 2013 e 2014, respectivamente, foi declarado
de utilidade pública municipal e estadual.
Deste modo, com a produção de conteúdo original sobre pessoas que se
destacaram profissionalmente na mídia catarinense, o Caros Ouvintes O Instituto Caros Ouvintes é mantido por meio de doações financeiras
dá mais um passo ao encontro de sua missão de “identificar e organizar de pessoas físicas e/ou jurídicas que se tornam mantenedores do
as informações na área da comunicação social tornando-as acessíveis projeto, tendo o nome (pessoa física) ou link da empresa (pessoa
de forma pública e gratuita de maneira que repercutam, atualizem e jurídica) doadora citado no portal www.carosouvintes.org.br. Ajude a
capacitem estudantes e profissionais em suas diversas áreas de atuação”. manter viva a memória da mídia catarinense.
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UM
SSU MÁ
ÁRRIIO
O
&
da mídia catarinense
vol. 1
5 20
Carlos Roberto
Damião Alves
8 17
Hélio 11 Moacir
14
Costa Lenita Miguel Pereira
Cauduro Livramento
Carlos
Damião
Multimídia aos 60
e, em 2004, fiz meu primeiro blog. Sinto pelos que não souberam se
adaptar, mas não podemos viver de saudade. É preciso reinventar-se”,
comenta Damião, que hoje escreve para o jornal Notícias do Dia.
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Carlos Damião foca o ex-prefeito de São José,
Djalma Berger
Hélio Costa, Polidoro Júnior, Rui Guimarães e Carlos Damião Damião tem novas metas para o futuro: voltar a publicar um livro. O
último, “Alquimia da Paixão”, foi lançado em 1995. Fã de hai-kais,
O Estado: o auge gênero que “diz muito com poucas palavras”, o jornalista começou a
se expressar com poesia ainda nos anos 1970. ‘Medo’, poema militante
Nesses quase 40 anos de profissão, o multimídia Carlos Damião de 1974, saiu em mais de 50 jornais e revistas de poesias da época.
trabalhou também nos jornais O Estado e AN Capital. Passou pelo “Continuo escrevendo, publico no Facebook, divulgo no Twitter. Devo
antigo SBT, foi correspondente de O Globo, apresentador e comentarista publicar algo em breve. É a minha razão de viver. Larguei a poesia para
da Rádio Guarujá e presta serviço, desde 2010, ao Grupo RIC, como sobreviver, pois ela não paga as contas de ninguém no Brasil”, lamenta.
colunista e editor de projetos especiais do ND. O momento que
considera o auge da carreira foi na década de 1990, no saudoso jornal Outro plano do jornalista é voltar ao rádio. Com passagens pela Guarujá
O Estado. Foi editor de política e opinião, chefe de redação, editor e também Rádio Record, entre 2008 e 2013, Damião acredita que
executivo, editor-chefe e, por último, colunista. “Entre 1993 e 1997, o grande parte das pessoas o conhecem pelo trabalho que fez nesses
jornal tinha uma circulação muito boa, não ficava restrito à Capital. Foi veículos, pois o jornalismo impresso, com a exceção dos colunistas,
a experiência mais rica da minha vida. Faço um tributo aos mestres que mantém o profissional em certo anonimato. “Eu tenho uma saudade
tive: Sérgio da Costa Ramos, Laudelino Sardá e Mário Pereira, que foi o louca de trabalhar com rádio. É a comunicação direta, eficiente,
último diretor com quem trabalhei antes do Luiz Meneghim. O Mário, você sabe das coisas na hora em que elas estão acontecendo. Estou
além de jornalista, era escritor e leitor voraz de filosofia, poesia e ficção. aguardando um momento adequado. Precisamos de melhores condições.
Devo boa parte da minha formação técnica a ele. Grande sujeito”, conta. Não é o momento de arriscar”, finaliza.
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Hélio
Costa
Vivendo um sonho
Hélio Costa começou no jornalismo, o apresentador do Grupo RIC não esquece – foi
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A cobertura policial entrou na vida de Hélio Costa depois que ele foi
Cobertura de jogo entre audiência para eles. Aí, a Record me trouxe de volta com o triplo do que
Carlos Renaux e Avaí eu já ganhava. Rapaz, fiquei com um dinheirão. Nunca imaginei receber
isso como jornalista”, comemora.
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Estilo único Problema superado
Sem referencial na cobertura policial em Santa Catarina, Hélio Costa Se Hélio Costa tinha a intenção de ser conhecido no Brasil inteiro,
tem um estilo de apresentar que virou marca registrada, impostando a conseguiu, mas não da forma que ele imaginava. No dia 25 de setembro
voz rouca. A forma que ele fala e os bordões que saem no ar, como “Oi, de 2015, o Jornal do Meio Dia recebeu a ex-modelo Andressa Urach,
gente amiga”, ou “Fio desencapado”, são febre nas redes sociais. Muita que divulgava o seu livro pelo país, e o apresentador ‘exagerou no tom’.
gente quando o encontra, tenta imitá-lo, um motivo de orgulho para o Pediu desculpas no dia seguinte, em seu perfil no Facebook. A atitude
jornalista. “O meu jeito é esse mesmo. Não imitei ninguém. Vejo isso foi elogiada pelos seus seguidores, e Andressa desculpou o jornalista,
(reconhecimento) com muita alegria. Poucos são imitados no Brasil. Só encerrando a polêmica. “Embora em nenhum momento tenha sido
o Silvio Santos. É uma realização profissional”, afirma. minha intenção ofendê-la, emiti algumas opiniões não adequadas,
provocando constrangimento na minha colega Karem Fabiani e no
Não tem um dia em que sai na rua que não aparece alguém pedindo público de casa. Errei movido apenas pelo desejo de obter as melhores
para tirar foto. Até nas delegacias, o apresentador é tietado. A página respostas para quem me assiste diariamente. Espero que o seu exemplo
que mantém no Facebook, com quase 35 mil curtidas, é uma prova da de superação ajude o máximo de mulheres em todo o Brasil”.
sua popularidade. “Eu tiro em média três fotos por dia, isso somente
em delegacia, trabalhando. Tem sempre alguém, quando vou entrar ou
estou saindo, que me reconhece”, diz.
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Lenita
Cauduro
Por acaso
Longe da televisão há mais de 30 anos, Lenita Cauduro ainda hoje é
parada nas ruas pelas pessoas, que se lembram do sucesso do programa
‘Revista Feminina’, na TV Eldorado, de Criciúma, hoje RBS TV, do qual
era apresentadora. O jornalismo entrou por acaso na vida dessa professora
de educação física, hoje aposentada. Nascida em Caxias do Sul (RS) em
1947, Lenita mudou-se para o Sul de Santa Catarina em 1972.
Lenita Cauduro
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Entrevista com o cantor Gilbert no em outra área. Foram os melhores anos da minha vida”, comenta.
programa Revista Feminina
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Na época da Rádio Eldorado, entre 2003 e 2004 Lenita Cauduro atua na peça ‘Boca de Ouro’
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Miguel
livramento
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Miguel Livramento, Roberto caminho. Foram mais oito anos ‘em casa’ até a ida para a RBS, em 2006.
Alves e outros amigos em Miguel trabalhou também nas rádios Diário da Manhã, Jornal A Verdade,
Foto do acervo de Adalberto Kluser confraternização. Ano de 1988
Bandeirantes, além das TVs Cultura e Barriga Verde.
Apresentador e comentarista no
programa Meio Dia , anos 80
Sangue azul
Na linha de frente
Moacir Pereira
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Moacir Pereira com Alberto Dines, em 1980 Na época em que começou, o jornalista precisava apenas de uma caneta
e um bloco de notas para trabalhar. Além de alterar a rotina da profissão,
a tecnologia também acirrou a concorrência. Segundo Moacir Pereira, o
repórter perdeu a exclusividade da notícia. “Hoje tomamos conhecimento
dos fatos por terceiros, ou por órgãos como a Polícia Rodoviária Federal,
que publica fotos e informações no Twitter. O cidadão vê um acidente
de trânsito e pode tirar uma foto e ele mesmo divulgar. A gente tem de
aprofundar o assunto, opinar. É o futuro”, acredita.
Moacir Pereira não descansa nem nas férias. Com o celular ligado 24h
por dia, sabe de fatos e noticia antes dos outros. O furo da morte do
empresário João Batista Sérgio Murad, o Beto Carrero, em 1º de fevereiro
de 2008, é somente um exemplo do prestígio que o jornalista conquistou.
O segredo, como Ulysses Guimarães disse aos repórteres durante a
Assembleia Constituinte (1988), é fazer com prazer. “Não tem horário.
Posse como presidente do
Sindicato dos Jornalistas, em Minha família ainda se queixa, mas essa é a vida do jornalista. O maior
1975, de terno com listras patrimônio é a credibilidade, que vem com a conquista de fontes. Tem
informações que recebo que só eu sei. O segredo é manter o sigilo”, diz.
Com Antônio Adolfo Lisboa, professor Entre 1975 e 1978, foi presidente do Sindicato dos Jornalistas de
da UFSC e Antonio Oliveira Gonzalez, Santa Catarina (SJSC). Na época conseguiu um acordo coletivo com
jornalista de Porto Alegre, em 1979
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o Ministério do Trabalho que fixou o salário da categoria em cinco Máquina de escrever
salários mínimos. “Na cotação de hoje seriam mais de R$ 4 mil. Nada
mau”, analisa. A fundação do curso de jornalismo da UFSC aconteceu Titular da cadeira nº 3 da Academia Catarinense de Letras, Moacir
um ano depois. O comentarista político também presidiu a Associação Pereira publica, em média, um livro por ano desde 1976. São 47
Catarinense de Imprensa (ACI), de 2002 a 2005, e lamenta a falta obras sobre comunicação, política e biografias. ‘Santa Catarina de
de união entre os profissionais. “Hoje criam-se grupos por questões Alexandria’, lançado em 2015, relata a visita que o então governador
ideológicas, que limitam, esvaziam e desunem a categoria. Naquela Esperidião Amin liderou em 2002 ao Monte Sinai, no Egito, local onde
época (anos 1970), os jornalistas eram mais unidos”, compara. fica o Mosteiro de Santa Catarina. São histórias, fotos de esculturas e
pinturas da padroeira do Estado. “Tive acesso a fatos e documentos de
Momento político “é triste” interesse público, que ficariam restritos ao público do jornal impresso.
Acompanhei bastidores, atos e discursos que merecem esse registro. O
Moacir Pereira não conviveu com Nereu Ramos e Jorge Lacerda, sobre Santa Catarina talvez seja o livro mais perene. Resgatei imagens
dois dos maiores políticos de Santa Catarina, na sua opinião. Dos que da padroeira nas viagens que fiz e constatei que, lá fora, ela tem mais
teve oportunidade de conhecer e acompanhar a trajetória, o colunista devotos do que aqui. Os russos ortodoxos e gregos, por exemplo, a
cita Colombo Salles, Vilson Kleinübing, Luiz Henrique de Silveira e consideram milagrosa”, revela.
Espiridião Amin como os mais importantes. A relação com alguns deles
foi tão próxima, como foi com LHS, que se confunde com amizade. “A Mais de meio século depois de dar os seus primeiros passos no jornalismo,
relação é profissional, mas às vezes é muito próxima, e tem o momento Moacir Pereira modernizou-se com as novas tecnologias, mas um ritual
que você tem de criticar, ‘dar pau’. É complicado”, conta. ele não muda: não sai de casa sem a caneta e do bloco de anotações.
Triste pelo momento político pelo qual o Brasil atravessa, Moacir Pereira
atribui a intolerância à internet. “Democracia não se constrói com
intolerância. E a história mostra isso. Santa Catarina teve adversários
políticos radicais que se uniram pelo bem comum, como na fundação da
UFSC, em 1960. É muito triste esse momento”, afirma.
Ao lado dos colegas Paulo da Costa Ramos, Moacir Pereira doou livros do seu acervo para
Nelson Wedekin e Cesar Valente a faculdade UNIARP, de Caçador
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Roberto
Alves
A voz do futebol catarinense
Com tanto tempo no ar, hoje na rádio CBN Diário e na RBS TV, além
Roberto Alves (à esquerda), repórter de manter uma coluna no jornal Diário Catarinense, a aposentadoria
esportivo na cobertura de evento de
basquete da Federação Catarinense
não faz parte dos planos. “É o momento que penso em transmitir a
No programa Os Comentaristas, da RCE, anos 80 de Basquete, anos 60 minha experiência para essa nova geração do rádio. Quando começar a
reclamar da escala, está na hora de parar. Enquanto tiver disposição, vou
trabalhar. Tenho um pouco mais a contribuir com o futebol”, diz.
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os 11 mesmos jogadores o campeonato todo. Não tinha concentração, governo. Foram 32 minutos de tensão. “Ele subiu o Morro da Cruz com
ninguém se contundia e chegavam de ônibus para jogar no Campo da dois revólveres nas mãos e outros três na cintura. Ele chegou a dar um
Liga”, conta. Entre outras grandes equipes, Roberto Alves cita o Carlos tiro, mas tinha descarregado a arma no pátio da emissora. Foi preso e
Renaux de 1950, o Caxias de 1954, o Hercílio Luz de 1957/1958 e o expulso da PM. Eu participei do júri. Não gosto nem de contar. É uma
América de Joinville de 1971. história muito triste”, recorda.
A culpa pela falta de qualidade, segundo o comentarista, é dos técnicos A tragédia envolvendo a Chapecoense, em novembro de 2016, em que
e esquemas táticos modernos, como 4-1-4-1, utilizado por Tite na 71 pessoas morreram em uma queda de avião, na Colômbia, incluindo
seleção brasileira. Em vez de atacar, a primeira preocupação dos times colegas de RBS, foi uma cobertura que Roberto Alves nunca pensou em
é não sofrer gol, ideia que Roberto Alves lamenta. A saudade de quando fazer. Mesmo com a dor da perda de amigos, o comentarista foi elogiado
grandes craques atuavam em Santa Catarina, como Lico, Zenon e Almir pelo trabalho. “Foi o momento mais emocionante e mais difícil. Era
Gil bate forte. “Sou saudosista, sim. Hoje se prioriza o físico. Na minha muito amigo de todos. Vi o presidente da Federação Catarinense (Delfim
época, era qualidade. Os técnicos trataram de enfeiar o futebol. Fazer Pádua Peixoto Filho) jogar futebol em 1960, foram mais de 50 anos de
um gol é uma dificuldade. A qualidade me faz pensar na época em que amizade. Fizemos uma cobertura ao vivo de Chapecó, das 8h às 16h, e
tínhamos craques à vontade. Faço questão de resgatar a memória, não fomos prudentes. O Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo, ligou para
deixar morrer os nomes e times que fizeram história. Quando digo que a RBS para elogiar”, ressalta.
o Adolfinho foi um dos melhores goleiros do Avaí, dão risada, mas é que
não tinha televisão, poucos o viram jogar”, afirma.
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Realização
Apoio cultural