Вы находитесь на странице: 1из 5

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO CENTRAL DE CURITIBA


1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DE CURITIBA - PROJUDI
Rua da Glória , 362 - 1ª andar - Centro Cívico - Curitiba/PR - CEP: 80.030-060 - Fone: 41-3561-7956

Autos nº. 0000156-62.2017.8.16.0004

Processo: 0000156-62.2017.8.16.0004
Classe Processual: Procedimento Comum
Assunto Principal: Aposentadoria Especial (Art. 57/8)
Valor da Causa: R$66.792,00
Autor(s): MARCOS BARÃO DOS SANTOS
Réu(s): ESTADO DO PARANÁ
PARANÁPREVIDÊNCIA

I- RELATÓRIO

MARCOS BARÃO DOS SANTOS propôs ação de reconhecimento ao direito à aposentadoria especial
c/c integralidade e paridade à ativa com pedido de tutela antecipada contra o ESTADO DO PARANÁ e
a PARANAPREVIDÊNCIA,

Alegou, em síntese, que é servidor público do Estado do Paraná ocupante do cargo de agente
penitenciário, cumprindo todos os pressupostos para ter acesso aos benefícios da aposentadoria especial.
Aduziu ter pleiteado administrativamente, por meio do protocolo nº 14.271.292-0, a concessão de
aposentadoria especial, sem julgamento até a propositura da ação. Argumentou que suas atividades
funcionais são extremamente insalubres e perigosas em função de ameaças recebidas pelos internos
durante a jornada de trabalho, o que gera desgaste físico e mental.

Sustentou que o Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP fornecido pela administração está
incompleto, sem preenchimento dos períodos de exposição a risco. Alegou que o LTCAT (Laudo Técnico
das Condições Ambientais de Trabalho) informa exatamente os riscos e a sua exposição diária. Todavia, o
PPP fornecido não foi feito com base no LTCAT.

Pleiteou a antecipação dos efeitos da tutela, para o fim de se conceder licença remunerada ou antecipação
de aposentadoria.

Ao final, requereu a “a concessão do benefício com integralidade e paridade à ativa; OU SE NÃO FOR
ESSE O ENTENDIMENTO, que lhe seja garantido a integralidade dos rendimentos, E AINDA ASSIM O
AUTOR TENHA O DIRIEITO DE OPTAR POR SE APOSENTAR DE FORMA PROPORCIOAL OU
AGUARDAR O TEMPO PARA APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA com o recebimento do abono
permanância, para que de forma alguma seja compulsoriamente aposentado com salário proporcional
contrário a sua vontade;” (sic, seq. 1.1).

O pedido antecipatório foi deferido (seq. 24).

A PARANAPREVIDÊNCIA apresentou contestação (seq. 37), impugnando, preliminarmente, o valor da


causa atribuído pelo autor. No mérito, aduziu desvio de finalidade na realização de pedido de
aposentadoria para obtenção de licença remuneratória. Sustentou que, para concessão da aposentadoria
especial, deve ser demonstrado de modo inequívoco que a atividade desempenhada pelo interessado
compromete a sua higidez física ou mental, o que somente seria possível por meio de laudo técnico. Ao
final, pugnou pela improcedência da ação.

Réplica no seq. 40.


ESTADO DO PARANÁ apresentou contestação (seq. 41), alegando preliminarmente, inépcia da inicial e
impugnando a concessão da gratuidade processual. No mérito, alegou, em suma, que o autor não fez
provas dos fatos constitutivos de seu direito. Sustentou que o autor não possui direito à isonomia e à
paridade, porque não se enquadra no art. 6º da Emenda Constitucional 41/03 ou art. 3º da Emenda
Constitucional 47/05.

Réplica no seq. 47.

Em decisão saneadora (seq. 71), foi rejeitada a impugnação ao valor da causa e revogada a concessão dos
benefícios da justiça gratuita. Foram afastadas as preliminares e deferida a utilização da prova emprestada
(seq. 1.10/1.13).

O Ministério Público deixou de intervir no feito (ev. 98.1).

II- FUNDAMENTAÇÃO

Com relação à concessão de aposentadoria, a Constituição Federal estabelece em seu art. 40, § 4º:

“É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos


abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis
complementares, os casos de servidores: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005).

I. portadores de deficiência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005).

II. que exerçam atividades de risco; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005).

III. cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)”.

Neste sentido, diante da inércia legislativa, o Supremo Tribunal Federal (STF) editou a Súmula
Vinculante nº. 33, que assim estabeleceu: “Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do
regime geral da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III
da Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica”.

Ainda, o art. 57, § 3º, da Lei nº 8.213/1991, aplicado supletivamente ao presente caso (CF, art. 40, § 12),
estabelece que “a concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado,
perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional
nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o
período mínimo fixado”.

De acordo com a Resolução nº 3027/04 – SEAP, são funções básicas dos agentes penitenciários “efetuar
a segurança da Unidade Penal em que atua, mantendo a disciplina. Vigiar, fiscalizar, inspecionar,
revistar, acompanhar os presos ou internados, zelando pela ordem e segurança deles, bem como da
Unidade Penal”

Diante das atividades descritas, o laudo pericial assim concluiu (ev. 1.10): “a matéria prima do trabalho
do Agente Penitenciário é o preso, e este (o preso) está sempre sendo revistados pelos agentes
penitenciários, ou seja, desde sua entrada no sistema penitenciário ele é revistado diversas vezes ao dia,
tendo em vista sua locomoção dentro do presídio. Assim, o contato do Agente Penitenciário com o preso
é direito em toda a jornada de trabalho. Por outro lado, o Agente Penitenciário desconhece as condições
de saúde dos presos, não sabendo se os mesmos são ou não portadores de doenças, como: hepatite,
tuberculose, HIV, doenças dermatológicas e infectocontagiosas, tendo em vista que os presos não podem
ser discriminados”.

E conclui: “pelo exposto, tendo em vista a NR-15 – Anexo nº 14 – Agentes Biológicos – da Lei nº 6.514,
de 22 de dezembro de 1977 e da Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978”, apresenta “insalubridade
de grau máximo”.
Assim sendo, ainda que o artigo 58, § 1º, da Lei nº 8.213, disponha que a comprovação da efetiva
exposição aos agentes nocivos deve ocorrer por meio de formulário, a perícia judicial realizada atestou de
maneira suficiente as condições a que são expostas o agente penitenciário durante o exercício profissional,
notadamente no local de trabalho do autor.

Por outro lado, denota-se do dossiê histórico funcional do autor (ev. 1.6) que esteve lotado na
Penitenciária Estadual de Piraquara II desde 09.08.1988.

Tais circunstâncias indicam, portanto, que, exercendo as funções na Penitenciária Estadual de Piraquara
II, estava exposto ao risco de vida e aos agentes nocivos, tanto que percebia adicional de atividade
penitenciária, conforme se verifica do seu holerite (seq. 1.7).

Ademais, o art. 18, inciso I, da Lei nº 13.666/2002 reconhece as características de perigosas, penosas e
insalubres a que são submetidos os agentes penitenciários: “Art. 18. Ficam criadas as seguintes
vantagens, para aplicação exclusiva aos funcionários integrantes do QPPE: - Adicional de Atividade
Penitenciária – AAP: retribuição financeira fixada em valor, de natureza permanente, exclusiva para o
cargo e função de Agente Penitenciário, relativa ao caráter penoso, perigoso, insalubre e com risco de
vida inerente à função, incorporável para todos os efeitos legais”. Logo, efetuado o pagamento do
respectivo adicional ao autor, indica de forma clara que este exerce atividade penosa, perigosa, insalubre e
com risco de vida.

Outrossim, como a elaboração do perfil profissiográfico do autor é competência da Administração


Pública, incumbia a ela a demonstração de que as atividades exercidas pelo autor não foram realizadas em
condição especial, notadamente porque recebia gratificação para tanto.

O autor, por sua vez, comprovou o exercício de 28 anos em 18/01/2017, consoante já relatado, com
ingresso como agente penitenciário em 09/02/1988.

Não constam, ademais, afastamentos das funções, presumindo, assim, que o autor exerceu a atividade de
agente penitenciário com habitualidade, e não de forma ocasional e/ou intermitentemente.

Reconhecido risco à saúde por tempo superior ao previsto em lei (art. 57, caput, da Lei nº. 8.213/1991),
impõe-se a concessão da aposentadoria especial.

A propósito, neste sentido já se manifestou o Egrégio Tribunal de Justiça:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO PREVIDENCIÁRIA - APOSENTADORIA ESPECIAL - AGENTE


PENITENCIÁRIO - REQUISITOS EXIGIDOS - TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO E PROVA DE
EXERCÍCIO DE ATIVIDADES EM CONDIÇÕES NOCIVAS - PROVA EMPRESTADA -
POSSIBILIDADE - NECESSIDADE DE MANDADO DE INJUNÇÃO - DESNECESSIDADE - SÚMULA
VINCULANTE N. 33/STF - COMPROVAÇÃO DO CARÁTER PENOSO, PERIGOSO, INSALUBRE E
COM RISCO DE VIDA INERENTE, ACARRETADO PELA FUNÇÃO EXERCIDA - TEMPO DE
SERVIÇO DE 25 ANOS - DEMONSTRADO - CONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL -
POSSIBILIDADE - SENTENÇA REFORMADA - APELAÇÃO PROVIDA.1. Tratando-se de prova
pericial produzida por perito isento e sem interesse na causa, é de se admitir tal prova, mesmo que
emprestada, posto produzida em processo judicial ... de agente penitenciário caracteriza-se por seu
"caráter penoso, perigoso, insalubre e com risco de vida inerente", é de se concluir que o apelante exerce
e demonstrou que sua função enquadra-se como de periculosidade, insalubre e de risco à vida, fazendo
jus à aposentadoria especial.” (TJPR - 7ª C.Cv. - AC 1148355-7 - Rel. Desembargador LUIZ ANTÔNIO
BARRY - J. 21/10/2014).

Por derradeiro, nos termos no art. 40, § 3º, da CF, art. 6º da Emenda 41/2003, e art. 3º, da Emenda
47/2005, por não preencher os requisitos cumulativos, não possui o autor direito à isonomia e paridade.

Nesses termos, a parcial procedência dos pedidos é medida que se impõe.


III- DISPOSITIVO

Pelo exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos, com resolução do mérito (art.
487, inciso I, do CPC), a fim de declarar o direito à aposentadoria especial a partir da data do
requerimento administrativo, em razão do exercício perigosa, penosa e insalubre, nos termos dos artigos
40, § 4º, inciso III, e 201, § 1º, da Constituição Federal, 57 e seguintes da Lei nº. 8.213/1991 e 18, inciso
I, e 34 da Lei Estadual nº. 13.666/2002, e, por consequência, condenar o ESTADO DO PARANÁ e a
PARANAPREVIDÊNCIA a implantar o benefício previdenciário de aposentadoria especial em favor do
autor, a contar da data supra, assim como condenar o ESTADO DO PARANÁ ao pagamento de
eventuais diferenças sobre o benefício de aposentadoria ou salário percebido pelo autor desde a mesma
data, respeitada a prescrição quinquenal.

Sobre este valor deve incidir correção monetária, a partir de cada parcela indevida (súmula 162/STJ), e
juros de mora, da data do trânsito em julgado da sentença (súmula 188/STJ), nos seguintes termos:

a. Em relação à correção monetária, aplica-se o INPC a partir de fevereiro de 2004;

b. A partir de 30.06.2009 (inclusive), data em que a Lei n° 11.960/09 passou a ter vigência,
aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à poupança;

c. Após 25.03.2015, devem ser observados os mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública
Estadual corrige seus créditos tributários, tanto para correção monetária como para os juros.

Deve-se observar, ainda, o período de graça previstos na Súmula Vinculante n° 17.

Diante do princípio da sucumbência, condeno o réu ESTADO DO PARANÁ ao pagamento das custas
processuais e dos honorários advocatícios, estes fixados em 10% do valor da condenação, considerando a
previsão do art. 85 §§ 4°, III e 6º, do NCPC, com correção monetária pelo IPCA-E, a partir da presente
data, juros de mora de 1% ao mês, a partir do trânsito em julgado da sentença.

Demais determinações:

a. Interposto recurso de apelação pela parte, intime-se a parte recorrida para apresentar contrarrazões no
prazo legal de 15 (quinze) dias, conforme o art. 1.010, §1º, do NCPC.

b. Se apresentada apelação adesiva pela parte recorrida (art. 997, §§ do NCPC), intime-se a parte contrária
para contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, nos termos do art. 1.010, §2º, do NCPC.

c. Caso as contrarrazões do recurso principal ou do adesivo ventilem matérias elencadas no art. 1.009,
§1º, do NCPC, intime-se o recorrente para se manifestar sobre elas no prazo de 15 (quinze) dias,
conforme o art. 1.009, §2º, do NCPC.

d. Após as formalidades acima, encaminhem-se os autos ao E. TJPR (art. 1.009, §3º, do NCPC), com as
homenagens de estilo, ressaltando-se que o juízo de admissibilidade do(s) recurso(s) será efetuado direta e
integralmente pela Corte ad quem (art. 932 do NCPC).

Como não houve condenação de valor certo, mas sim ilíquido, o qual depende de posterior apuração,
ainda que de forma aritmética, impõe-se assegurar o reexame necessário.

P.R.II, e, após baixas e anotações pertinentes, arquivem-se.

Curitiba, datado digitalmente.

Raphael de Morais Dantas

Juiz de Direito Designado

Вам также может понравиться