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Grupo 5
A cidade como
objeto de estudo das
Ciências Sociais –
Eixo 3
Ana Paula T Kraus Rodrigues – Ourinhos
Alexandra Maria de Souza - Ourinhos
Angélica Cristina Pavanello - Ourinhos
Josiane Cristina dos Santos - Ourinhos
Resumo:
Neste trabalho será apresentado um olhar analítico sobre as cidades como objeto de estudos das ciências
sociais, bem como a fragmentação que divide culturas e afastam pessoas. Partindo dessas considerações,
será desenvolvido, neste Projeto de Prática Docente, o estudo sobre as seguintes categorias culturais: o
Rap e a Pichação como conteúdo metodológico em sala de aula, tendo por objetivo notar como se
desenvolve a dinâmica das aulas com as temáticas explicitadas e, também, a integração dos discentes na
escola e na sociedade, visando a construção cultural, crítica do público alvo e, também, como a educação
social pode ultrapassar os muros da escola para que ocorra queda das barreiras que segregam os
integrantes da sociedade.
Introdução
1 Referenciais teóricos.
Mas por que tais recortes empíricos, em especial, e não outros? Por uma razão
simples e prática: foram esses os temas escolhidos e desenvolvidos pelos alunos
para suas pesquisas. Cada qual, a partir de uma discussão em torno de questões
comuns, escolheu o próprio trajeto, optou por determinado enfoque, desenvolveu
seu estilo - pois, como bem observou Mariza Peirano, em trecho citado mais
acima, “(...) na Antropologia, a pesquisa depende, entre outras coisas, da biografia
do pesquisador, das opções teóricas da disciplina em determinado momento, do
contexto histórico mais amplo e, não menos, das imprevisíveis situações que se
configuram no dia-a-dia no local da pesquisa, entre pesquisador e pesquisados
(...)”. (MAGNANI, 1996, p.26)
A prática de pichar a cidade não é bem vista pela população paulistana e, para
muitos, é uma forma de poluição visual e degradação da paisagem urbana. Os jovens
pichadores são ousados e apontam que uma de suas maiores motivações para a prática
de pichação é desafiar ou enganar a polícia. O modo como os policiais procedem com
eles nas ruas, quase sempre com violência, acaba por tornar a opção pela criminalidade
ainda mais atraente. Os riscos pelos quais se expõem pela cidade, são, também, um
dispositivo de memória para eles.
O que podemos perceber, com a leitura do texto, é que, na verdade, esses
jovens querem, efetivamente, visibilidade e, de alguma maneira, serem lembrados.
Giordano Barbin Bertelli, mestre e doutorando em Sociologia, traz em seu
artigo, Errâncias racionais: a periferia, o RAP e a política, uma reflexão em torno da
dimensão política e social da estética do RAP. Partindo de aspectos físicos e sociais do
processo de expansão urbana e da periferização da cidade de São Paulo, é conduzida
uma análise de trechos de compositores de um grupo brasileiro de RAP, com maior
repercussão no cenário midiático atual, Os Racionais MC´s. O objetivo é analisar a
elaboração musical e poética desse grupo que traz temas e conflitos envolvendo centro e
periferia.
Desigualdade social, racismo, violência, criminalidade são as abordagens
realizadas por Mano Brown e Edy Rock, principais compositores do grupo. Desta forma
os jovens buscam evidenciar, através da melodia, o que lhes foi tirado e a violência que
enfrentam e presenciam diariamente como ressalta Bertelli:
(...) ergueram-se barreiras por toda parte — em volta das casas, prédios de
apartamentos, parques, praças, complexos de escritórios e escolas. Edifícios e
casas que comumente se ligavam às ruas por jardins hoje estão separados por altos
muros e grades e têm equipamentos eletrônicos de vigilância e guardas privados
armados. (CALDEIRA, 1997, p.159).
Ruas e trajetos que deveriam proporcionar a integração das pessoas acabam por
separar cada vez mais as camadas que ali vivem, como o caso de Brasília. Projetada em
uma era já contemporânea que contribuiria para que os membros daquele lugar
frequentassem os mesmos lugares e tivessem as mesmas oportunidades de acesso,
porém, obteve um resultado contrário.
Enfim é notável que tal enclave torna cada vez mais evidente a presença da
desigualdade social. Pessoas se afastam uma das outras pelo simples fato de estarem
vestidas de modo diferente. Gera a conduta do medo segregando cada vez mais as
cidades e sociedades, desta forma levantam-se muros que tornarão cada vez mais difícil
a convivência humana.
1ª aula
Apresentação do tema pichação e rap: quebrando muros, construindo pontes e
exposição da música “Pixar é Arte” de Total Função Rap: os alunos deverão ouvir,
cantar e fazer uma reflexão sobre a mensagem que a música revela no âmbito do Rap e
da pichação. Esta atividade poderá ser realizada em grupo de no máximo quatro
pessoas. Após a reflexão, os alunos poderão copiar trechos da música que manifeste o
prazer e o orgulho em ser um pichador e responder como esta atividade pode ou não os
identificar ou torna-los conhecidos. Também copiar as gírias que mais conhecem do rap
que caracterizam este estilo. Bem como, fomentar se concordam com a ideia de que o
pichar une os jovens de diferentes lugares (periferias), como explicita Pereira:
Essa relação com o espaço urbano faz com que os pixadores estabeleçam um modo
bem particular de deslocamento pela cidade, pois, em um primeiro momento, há os
trajetos dos pixadores de seus bairros na periferia para os seus encontros
no point e, em um segundo momento, a partir dos contatos feitos com jovens de
outros bairros no point, há os deslocamentos para outros bairros da periferia para
pixar ou para participar de alguma festa de pichação. (PEREIRA, 2010. p 151).
2ª aula
Esta aula será executada sob a proposta de discussões e de uma redação
individual.
Primeiramente como propõe a sociologia, será estimada na sala de aula qual é a
realidade dos alunos: Onde vivem? O que fazem para se divertirem? Quais lugares
frequentam? Quais seus hábitos e estilos musicais? etc. Por fim, será lançada a questão:
Você já sofreu algum preconceito social? Tão logo, será explicado do que se trata tal
questão e como o aluno deve perceber-se como integrante do todo social e, ao mesmo
tempo, dos vários grupos e subgrupos que formam a sociedade.
3ª e 4ª aulas
Após conhecer a realidade dos alunos que trabalhamos, aprender sobre seus
gostos e o que enfrentam no seu dia-a-dia. E, também já passarmos a dinâmica do rap e
da pichação, é chegada a hora de trabalhar com o documentário.
Será apresentado, aos alunos, o documentário “Pixo” (Duração 1:01:51): Este
documentário evidenciará a realidade dos pichadores das cidades grades, bem como a
realidade que enfrentam pela segregação social.
A denúncia, e a necessidade de fomentar nos próprios alunos sobre a divisão que
ocorre nas cidades referente as camadas sociais.
Trabalhando com documentários e imagens poderemos, não só atrair os alunos
para o conteúdo trabalhado, mas também aproximá-los, de certa forma, com sua própria
realidade.
5º aula
Retomar os conteúdos da aula anterior (documentário) e propor aos alunos um
relatório descritivo oral sobre o panorama de como seria a escola e a sociedade ideal
para eles: Qual o primeiro passo para a sociedade quebrar os muros da segmentação
social? O que a pichação e o Rap denunciam de fato sobre a segregação das cidades? O
que acham sobre a divisão entre os espaços “fechados” (privados) que são reservados
apenas a alguns, o excesso de segurança que separam as pessoas e como se sentem em
relação a isso.
Após a elaboração do relatório (sugere-se que feito em círculo), explicar qual o
papel da escola na vida do aluno e a sua função social para sua formação. Além disso,
direcionar o olhar crítico dos alunos para os problemas ocorridos no meio em que estão
inseridos, ou seja, na sua própria cidade e, o que podem fazer em relação a estes
acontecimentos?
6ª aula
Para findar as atividades, Utilizando das práticas do Rap e da Pichação como
meio de denúncia e de alerta. Os alunos deverão compor letras (estrofes) de Rap e
“pichações”, em cartazes, que lembrem as denúncias espalhadas nas cidades para
distribuírem nos painéis da escola. Assim, poderão evidenciar sobre como agir para
quebrar os muros da segregação.
A proposta do trabalho será evidenciar que a segregação pode ter fim e, que para
tornar extinta a separação social existente nas cidades é necessário que comece por eles,
alunos, através da denúncia e do papel social. E, não somente por meio de atos como
pichar ou das letras do Rap, mas, também levando a conscientização social.
Materiais necessários: Quadro, giz, apagador, sulfite, rádio, TV/ pendrive, DVD (ou
multimídia), tinta, pincel, cartolina, canetinhas e durex.
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foram alcançados.
Como avaliar se os objetivos pedagógicos
sociais, peça de teatro, jogral, etc. Enfim, existe uma infinidades de opções
tecnológicas, ou não, que poderão ser utilizadas para levar o conteúdo estudado para
além dos muros da escola, envolvendo a família, comunidade e toda sociedade em geral.
Assim, consideramos que ,ao trabalhar nossas aulas para além dos muros da
escola, estaremos prezando pelo desenvolvimento da autonomia dos alunos e pela
possibilidade de ampliar os conhecimentos apreendidos na escola, uma vez que
promovem constantes debates e autocriticas de ensino e aprendizagem , buscando um
conhecimento integrado e interdisciplinar, o que nos caracteriza como professor
engajado em nossas práticas pedagógicas e, ao mesmo tempo, objetiva construir ,nos
alunos, um contexto de cidadania e análise crítica sobre seu espaço de vivência e de
construção.
6 Considerações finais.
Ao pensarmos criticamente e sociologicamente na educação brasileira,
lembramos a história de segregação e de negação de alguns povos, em especial, os
negros, de seus movimentos de luta sociais e de resistência para afirmar suas
identidades e suas culturas.
Sabemos que lutar contra sistema não é assim tão fácil, pois a educação foi e
ainda é muito utilizada para difundir práticas de não aceitação das diferenças
socioeconômicas e raciais. Conforme estudamos em Pierre Bourdieu, a função do
sistema de ensino é servir de instrumento de legitimação das desigualdades sociais.
Longe de ser libertadora, a escola é conservadora e mantém a dominação dos
dominantes sobre as classes populares, sendo representada como um instrumento de
reforço das desigualdades e como reprodutora cultural, pois há o acesso desigual à
cultura segundo a origem de classe.
Como educadores, em especial da área de Ciências sociais, temos o papel
importantíssimo de reverter estas manobras e possibilitar a todos os indivíduos o direito
de construir saberes sobre si e sobre os outros.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais colocam a educação como um processo
de construção de identidades, a qual exige ética, não no sentido de valores morais, mas
condições para que as identidades se constituam pelo desenvolvimento da sensibilidade
e pelo reconhecimento do direito à igualdade a fim de que orientem suas condutas por
valores que respondam às exigências do seu tempo, reconhecendo sua própria
identidade como a do outro.
Dentro dessa perspectiva, nossa prática em sala de aula deve priorizar momentos
onde os educandos sejam respeitados como sujeitos ativos, capazes de fazerem suas
leituras de mundo e construírem saberes, evidenciando a capacidade cognitiva dos
mesmos em interpretar o mundo e as relações vividas nele, mostrando-se enquanto
sujeito sócio histórico e cultural, capaz de atribuir significados às suas próprias
construções e as produções feitas e por outros indivíduos, viabilizando, também,
oportunidades deles construírem sua identidade social e política, de modo a exercerem
o exercício da cidadania plena, no contexto do Estado de Direito, atuando para que haja,
efetivamente, uma reciprocidade de direitos e deveres entre o poder público e o cidadão
e, também, entre os diferentes grupos. No entanto, acreditamos que estes conhecimentos
só são possíveis quando damos aos indivíduos a oportunidade de narrar suas próprias
histórias, a partir de suas vivências e suas memórias.
Pensando nisso, elaboramos nosso PPD dentro de abordagens que serviriam de
base para que essas competências, citadas acima, fossem contempladas, buscando
discussões em relação a divisão e segregação social que os alunos enfrentam e como
poderiam unir-se através das relações entre rap e pichação, percebendo-se como
integrantes do seu panorama social.
Acreditamos que a proposta de levar o RAP para sala de aula pode auxiliar
muito no entendimento de como ocorrem as relações culturais na sociedade e demonstra
uma prática pedagógica que leva em consideração as relações sociais dos educandos
com a cultura. Desta maneira, os educandos serão respeitados como sujeitos ativos,
capazes de fazer suas leituras de mundo e construir saberes com a mediação do
professor. A forma como as rimas entoadas pelos MC’s e das batidas ritmadas pelos
D’Js foram compostas, poderão ajudar a despertar o interesse dos educandos nas
audições das músicas, possibilitando uma participação mais ativa e prazerosa. A
apresentação do documentário “Pixo” também poderá ser muito significante, pois
mostra a realidade dos pichadores, acompanha algumas ações e conflitos com a polícia,
apresentando um outro olhar sobre algumas intervenções já muito exploradas pela
mídia. O interessante é que o filme não traz respostas, mas fornece argumentos para o
debate: Pichação é arte ou é crime? O que é legítimo e ilegítimo, legal e ilegal?
Durante as aulas, algumas questões para debate serão evidenciadas, tais como:
Os alunos pertencem a algum “grupo” como estes que os identificam dentro da
sociedade/cidade em que vivem? Qual grupo? O que fazem? De que gostam? Qual o
primeiro passo para a sociedade quebrar os muros da segmentação social? O que a
pichação e o Rap denunciam de fato sobre a segregação das cidades? O que acham
sobre a divisão entre os espaços “fechados” (privados) que são reservados apenas a
alguns, o excesso de segurança que separam as pessoas e como se sentem em relação a
isso. Todas as participações serão avaliadas ,através das falas, escritas, e produções
artísticas dos alunos ,observaremos ,também , se estão demonstrando interesses e
curiosidades ao indagar e trazer suas experiências de vida e suas opiniões relacionadas
às desigualdades sociais e/ou raciais, à segregação e exclusão social.
Por fim, através dos temas abordados, RAP e Pichação, faremos o possível para
que grande parte de nossos objetivos sejam alcançados, pois as aulas que planejamos
são bastantes dinâmicas e produtivas, onde almejamos conhecer o cotidiano dos alunos
e sua cultura, proporcionando atividades mais próximas e atrativas a eles, tornando-os
mais conscientes e críticos sobre os problemas sociais, quanto a segregação das cidades
e, também, forneceremos a eles o acesso às histórias omitidas nos livros didáticos,
onde poderão ressignificar seus olhares, desconstruindo estereótipos e preconceitos.
Cabe ressaltar, aqui, que as desigualdades sociais não se anulam dentro da
escola. A escola não pode ser uma instituição transformadora dentro de uma sociedade
conservadora. O esforço individual não é suficiente para lutar contra uma estrutura que
elimina e exclui. No entanto, a conscientização desses problemas pode tirar professores
e alunos de lados opostos, levando a uma luta coletiva para a transformação da
educação escolar e da sociedade.
7 Referências bibliográficas.
a nexos.