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REDUÇÃO DE DANOS E SAÚDE MENTAL NA

PERSPECTIVA DA ATENÇÃO BÁSICA

HARM REDUCTION AND MENTAL HEALTH IN THE PRIMARY


CARE PERSPECTIVE

Marta Conte Gisele Travassos Alves


Doutora em Psicologia Clínica pela PUCSP Graduanda em Psicologia pela PUCRS e estagiária curricular de
Rose Teresinha da Rocha Mayer Psicologia Comunitária no Centro de Referência em Redução
Mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS de Danos da Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
Carmem Reverbel Rafael Queiroz
Especialista em Saúde Mental Coletiva pela UFSM Graduando em Psicologia pela PUCRS e estagiário curricular de
Clarissa Sbruzzi Psicologia Comunitária no Centro de Referência em Redução
de Danos da Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
Graduanda em Psicologia pela PUCRS e estagiária curricular de
Psicologia Comunitária no Centro de Referência em Redução
Patrícia Braga
de Danos da Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul Graduanda em Psicologia pela PUCRS e estagiária curricular de
Carolina Baptista Menezes Psicologia Comunitária no Centro de Referência em Redução
de Danos da Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
Graduanda em Psicologia pela PUCRS e estagiária curricular de
Psicologia Comunitária no Centro de Referência em Redução
de Danos da Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul

RESUMO ABSTRACT
A articulação entre Redução de Danos e Saúde Mental na Aten- The issue of Harm Reduction and Mental Health in ‘Primary
ção Básica tem exigido trabalhar com a reformulação da con- Care’ has required the reformulation of health concept and
cepção e das práticas em saúde, enfatizando a integralidade e a model, emphasizing the integrality and ´intersectoriality` as
intersetorialidade e, especialmente, a integração com as ações well as the integration with strategic actions such as the Fam-
estratégicas, entre elas e o Programa Saúde da Família - PSF. O ily Health Care Program - PSF. This article aims at presenting
objetivo deste artigo é apresentar a Redução de Danos como the harm reduction, as a strategy of public health in the field of
estratégia em Saúde Pública no campo do uso de drogas junto à drug use along with Mental Health and the Family Health Care
Saúde Mental e ao Programa Saúde da Família na Atenção Básica. Program in Health Care. So, the drug problem has been inserted
Para tanto, contextualizou-se o uso de drogas na realidade social, within the context of social reality, through the development of
desenvolvendo operadores conceituais que sustentam esta pro- conceptual operators, which sustain this proposal. In addition,
posta. Relataram-se experiências práticas de Redução de Danos practical experiences of harm reduction have been related, all of
- RD, desenvolvidas em diferentes interfaces, considerando os which interconnected with other fields, considering the follow-
seguintes aspectos na Atenção Básica: estabelecimento de redes, ing aspects: the establishment of networks, flexibility, respect to
flexibilidade, respeito às subjetividades e aos direitos humanos e subjectivity, construction of possibilities in collective health and
construção de possibilidades em saúde coletiva. respect to human rights.

PALAVRAS-CHAVE KEY WORDS


Redução de danos, saúde mental, saúde coletiva, Programa Saú- Harm reduction, mental health, collective health, Family Health
de da Família, Atenção Básica, integralidade. Care Program, Primary Care, integrality.
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APRESENTAÇÃO Nacional de Saúde, a Constituição de 1988,


a legislação do Sistema Único de Saúde
Este artigo surgiu a partir de duas deman- - SUS e a criação do Estatuto da Criança e
das. Uma delas foi originada nas elaborações do Adolescente. Nesse momento fecundo
ocorridas durante o Grupo de Trabalho de para a ampliação das discussões sobre as
Saúde Mental e Atenção Básica - GT SMAB, mudanças necessárias a serem implantadas
organizado pela Secretaria Estadual de Saú- no campo da saúde e dos direitos, fortalece-
de do qual participam a Seção Estadual de se o movimento da Reforma Psiquiátrica. As
Saúde Mental e Neurológica, a Coordenação ações propostas pela reforma no campo da
Estadual do Programa Saúde da Família, a Saúde Mental iniciaram dentro dos hospitais
Seção Estadual de Controle das DST/AIDS, psiquiátricos e nos manicômios mentais
o Centro de Saúde-Escola Murialdo - CSEM dos trabalhadores. Os questionamentos
e o Centro de Referência em Redução de da Reforma Psiquiátrica e da Reforma Sa-
Danos CRRD da Escola de Saúde Pública nitária levaram a refletir sobre as maneiras
- ESP. A outra demanda surgiu durante as de compreender, de abordar e de relacio-
reuniões de equipe do CRRD que considerou nar-se, não somente com o portador de
a produção de um texto sobre esse tema um sofrimento psíquico, mas também com o
dispositivo de aprofundamento conceitual usuário de drogas, distanciando-se de uma
para a interlocução da Redução de Danos visão moral e revisando os preconceitos em
com a Saúde Mental e o Programa Saúde da torno do assunto.
Família na Atenção Básica. A Reforma Sanitária, com a criação do
SUS, permitiu visualizar o usuário de drogas
como sujeito de direitos e usuário de saúde,
Reforma Sanitária, Reforma ainda que mais não seja, especialmente a
Psiquiátrica e Atenção partir do princípio da universalidade – saúde
Integral ao Usuário de é um direito para todos.
Drogas E quais foram, então, as contribuições da
Reforma Psiquiátrica para o campo do uso
No contexto político da abertura de- de drogas? Uma grande aprendizagem está
mocrática, ocorreram a 8ª Conferência demonstrada na:

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a) ação contínua de “abrir” a porta dos que significou o reconhecimento de direitos


manicômios - não somente das insti- e deveres dos “loucos” e, por conseqüência,
tuições manicomiais, já que os manicô- também dos “toxicômanos”. Neste sentido,
mios mentais são instituídos a qualquer passa-se a dar maior visibilidade ao usuário,
hora e em qualquer enquadre, pois se como um sujeito de direitos e coloca-se em
trata de uma lógica de controle disci- debate aspectos fundamentais, como respon-
plinar dos “desviantes”; sabilidade individual; responsabilidade penal;
b) necessária humanização da relação liberdade de escolha; descriminalização;
dos profissionais com os usuários diversificação das modalidades de atendi-
que, na sua grande maioria, perma- mento, objetivos e direção dos tratamentos;
neceram abandonados nos hospitais qualificação na interface da saúde e da lei e
psiquiátricos, perdendo seus direitos, dispositivos de saúde sócioculturais (esporte,
empurrados para uma exclusão social lazer, cultura, trabalho), no compasso com
que apresenta como fim o agrava- os princípios e as diretrizes do SUS.
mento das condições psíquicas e de Com esses avanços, tanto no hospital
cidadania. Para a humanização da como na rede de serviços de saúde, a relação
saúde mental, várias ações foram pro- entre as pessoas está fortalecida pela solida-
postas, tais como eliminar os meios de riedade, fundamental para o elo na aliança
contenção; revisar a forma como os terapêutica. Aliança terapêutica = solidarie-
diagnósticos são utilizados; relativizar dade + sociabilidade + afetividade.
os prognósticos; restabelecer a rela- Nessa perspectiva, trabalhar em saúde,
ção da pessoa com o próprio corpo, tanto em saúde mental quanto no campo da
promovendo o reconhecimento de Atenção Básica, é estar em disponibilidade,
si; retirar o uniforme e utilizar roupas deixar falar, estar em posição de escuta, em
próprias; recuperar a manifestação de uma visão psicodinâmica que considera a
afetividade; promover trocas sociais; importância do reconhecimento social e do
valorizar o gênero; reconstruir o direi- exercício de cidadania, criando e mantendo
to e a capacidade de palavra, ouvir e canais e oportunidades abertos para que a
ser ouvido; assim como reconstruir o promoção em saúde seja possível sempre. Na
direito ao trabalho. Todas essas ações abordagem do sofrimento psíquico, trata-se
são de extrema importância para que de entrar no mundo dos afetos com cada
o usuário em dificuldade recupere usuário tentando descobrir possibilidades e
suas capacidades, com dignidade
potencialidades, novas maneiras de relacio-
(ROTTELLI et al.,1990).
nar-se e viver.
A abordagem da Saúde Pública voltada Desse modo, também, a flexibilidade que
para os usuários de álcool e outras drogas envolve tanto a Reforma Psiquiátrica quanto
acompanhou os avanços promovidos pela Re- a Reforma Sanitária assim como a Redução
forma Psiquiátrica e pela Reforma Sanitária, o de Danos significa que se entenda saúde para

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além da moral, ou seja, o trabalho em saúde Introduzindo a perspectiva da Redução


não pode envolver preconceitos pessoais de Danos
ou juízos de valor. Centra-se no desejo, na
demanda e na necessidade do usuário do Quando se fala em redução de danos, te-
sistema. Considera-se, então, que as drogas ma polêmico, sempre se encontram opiniões
sempre existiram em várias culturas, em divergentes. A RD pode ser entendida como
diferentes tempos e espaços; lícitas e ilícitas uma prática que visa a possibilitar o direito
fazem parte deste mundo. Contudo, ainda de escolha e a responsabilidade da pessoa
que seus malefícios à saúde sejam visíveis, diante da sua vida, flexibilizar os métodos pa-
não podemos esquecer que elas proporcio- ra vislumbrar a universalidade da população
nam prazer aos usuários e, acima de tudo, envolvida com drogas, com a qual a gestão
servem de anestésico frente ao mal-estar pública está comprometida.
que cada um e os coletivos vivem na con- Vive-se em um mundo dinâmico, de
temporaneidade. transformações tecnológicas e de valores
Escolhe-se priorizar vínculos, traba- que incidem nas relações interpessoais, assim
lhando por minimizar os efeitos danosos do como nos preconceitos, o que exige a cons-
uso de drogas, ao invés de simplesmente trução de perspectivas de saúde, alinhadas à
ignorá-los ou condená-los. Aqui, o critério defesa dos direitos humanos e ao respeito
de sucesso de uma intervenção não segue a às diferenças.
lei do “tudo ou nada”, são aceitos objetivos O objetivo geral da Redução de Danos
parciais. As alternativas não são impostas de é evitar, se possível, que as pessoas se en-
“cima para baixo”, por leis ou decretos, mas volvam com o uso de substância psicoativas.
são desenvolvidas com a participação ativa Se isso não for possível, para aqueles que
da população beneficiária de intervenções já se tornaram dependentes, oferecer os
horizontais, como propõem as diretrizes e melhores meios para que possam rever a
princípios do SUS. relação de dependência, orientando-os tanto
Busca-se a saúde na perspectiva da qua- para um uso menos prejudicial, quanto para
lidade de vida. Quanto aos paradigmas cien- a abstinência, conforme o que se estabelece
tíficos, vê-se a relação saúde e doença como a cada momento para cada usuário.
um processo produzido socialmente em uma Sessenta por cento das pessoas cadas-
proposta de superação à concepção biomé- tradas nos Programas de Redução de Danos
dica vinculada ao diagnóstico e prognóstico. - PRD deixaram de compartilhar agulhas
Compreende-se o processo saúde-doença- e seringas; 23% das cadastradas aos PRD
cuidado como resultante de uma luta, da solicitaram tratamento para dependência
possibilidade de cada pessoa potencializar-se química e desses somente 80% conseguiram
em relação às suas vulnerabilidades. É nessa vaga para tratamento (muitos relatam a difi-
concepção que se alinha o SUS, a Reforma culdade de adesão a tratamentos que exigem
Psiquiátrica e a Redução de Danos. a abstinência); 48% dos usuários são porta-

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dores do vírus HIV, isso porque diminuiu a Básica, precisa-se considerar as diferentes
transmissão de doenças infecto–contagiosas concepções e formas de agir em saúde.
e se promoveu a reinserção social de usuários Essa concepção permite um trabalho
de drogas. em saúde de forma integral, equânime e
Hoje, configura-se, diante do atual cená- justa. Isto se torna viável por meio de um
rio, a necessidade de sua expansão de forma paradigma que não centra sua atenção na do-
a contemplar os estilos de vida dos diferentes ença, mas, sim, no estabelecimento de uma
usuários de álcool e outras drogas, e cidadãos relação com pessoas que pensam, opinam,
em geral, em situação de vulnerabilidade. sofrem e que têm direito ao exercício pleno
Considera-se que essa complexidade exige de cidadania.
ações transversais e multissetoriais, que in- Assim, a atenção integral compreende
tegrem enfoques e abordagens variadas na o desenvolvimento contínuo de produção
promoção de saúde. Compreende-se que, de singularidades e coletividades na trajetó-
ao criar possibilidades de redução dos danos ria de vida dos usuários dos serviços e dos
trabalhadores.
subjetivos, se qualificam as condições para o
A complexidade do problema do uso de
exercício da cidadania (BRASIL, 2003).
drogas na contemporaneidade nos coloca
A simples troca de seringas não estimula
o desafio de articular saberes, entre eles,
o uso, e, sim, evita-o e conscientiza o usuário
psicológico, sociológico, jurídico, etnológico
da necessidade de evitar o contágio do HIV e
e religioso. O que ainda se observa é uma
da hepatite, bem como propõe informação e
dissociação entre os saberes, em que cada
conscientização sobre o autocuidado.
um reivindica para si a compreensão desse
As ações de Redução de Danos deram
fenômeno e tenta oferecer explicações e
visibilidade, inicialmente, aos usuários de
soluções, muitas vezes reducionistas.
drogas injetáveis no SUS, promoveram a Torna-se inviável pensar o uso de drogas
organização de profissionais e usuários, como competência de um saber único. É ne-
trouxeram contribuições significativas para a cessário compor dentro de uma perspectiva
revisão das leis em vigor e proporcionaram interdisciplinar, com vista à resolução de um
o compartilhamento de saberes técnicos e problema complexo, o qual requer ações
saberes populares, criando condições para a articuladas (JAPIASSU, 1976).
construção de estratégias que se mostraram As ações de Redução de Danos con-
eficazes na abordagem dos problemas de tribuíram para clarear a visão sobre esse
saúde dos consumidores de drogas, como se complexo problema social, flexibilizando
pode constatar nas experiências que constam métodos para facilitar o acesso, universali-
neste texto. zando o atendimento e produzindo lugares
Ao falar-se nesta importante interface, de cidadania.
Redução de Danos e Saúde Mental nos Originalmente, a Redução de Danos
Programas de Saúde da Família na Atenção estava voltada para a prevenção de doenças

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de transmissão sangüínea entre Usuários de A RD permite uma mobilidade, servindo de


Drogas Injetáveis - UDI. A natureza de seus referência e ponte entre o sujeito e o laço
propósitos chegou a ser identificada apenas social do qual parece apartado. Criam-se as
como uma prática de trocas de seringas. To- condições de trabalho favoráveis ao acolhi-
davia, progressivamente, passou a ser vista mento desses sujeitos, construindo com eles
pela essência de seus princípios: respeito esquemas de proteção e de autocuidado,
aos usuários de drogas pelo direito aos seus fundamentais para o exercício da cidadania
produtos de consumo e às suas práticas. dos usuários de drogas.
Hoje, o que melhor caracteriza o concei- As estratégias de RD abrem possibili-
to de Redução de Danos é a flexibilidade no dades de diálogo com diferentes instâncias.
contrato com o usuário. Significa estabelecer Permitem dialogar com os profissionais de
vínculo, facilitar o acesso às informações diferentes áreas, permeando-as, problema-
e orientações, estimular a ida ao serviço tizando alguns imperativos construídos a
de saúde (quando necessário), utilizando partir de uma visão moralista e repressiva da
propostas diversificadas e construídas com realidade dos sujeitos que usam ou abusam
cada usuário e sua rede social. Para tanto, do álcool e/ou outras drogas. Na RD, são
consideram-se o desejo e a demanda dos contempladas a liberdade de escolha e a
usuários, assim como as possibilidades para responsabilidade pessoal.
compor um acompanhamento com combina- Assim, estamos entrando em uma nova
ções em comum acordo, chamado de plano era com relação às concepções de saúde,
terapêutico. buscando superar a compreensão higienista,
A Redução de Danos apresentada como desde uma postura que não julga, mas cons-
uma estratégia em saúde pública questiona trói condições de superação de obstáculos,
consensos colocados de antemão em torno a partir de cada realidade. Enfim, trata-se de
do usuário e das drogas e reconhece dife- uma mudança da lógica das especialidades
rentes relações de uso de drogas, uma vez para a lógica da integralidade, vislumbrando
que há a disposição de escutar quem está a possibilidade de promover saúde física,
envolvido com o uso de drogas, possibilitan- mental e cidadania em toda ação em saúde.
do o reconhecimento da função que esse uso A construção de um campo conceitual
ocupa em sua vida. não pode prescindir da compreensão históri-
A partir dessa flexibilidade, abrem-se ca, social e cultural do problema em questão,
possibilidades de investimento para além da do qual emerge um operador conceitual que
rigidez. A exigência por uma sociedade livre é a mudança da lógica repressiva, discrimi-
de drogas coloca a abstinência como impe- nalizante e culpabilizante para uma lógica
rativo e situa as drogas e os usuários como humanizante, ética e de redução de danos.
“agentes do mal”, desresponsabilizando os Essa mudança visa a produzir um impacto
sujeitos tanto com relação às suas escolhas social à medida que o imaginário em torno
quanto às diferentes instâncias da sociedade. das drogas e dos usuários perpassa todas as

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interfaces, segmentos sociais e setores insti- consumo leva à dependência e que há dife-
tucionais que os abordam (educação, saúde, rentes riscos ligados ao uso de drogas. Na
justiça, entre outros). perspectiva da RD, cabe ensinar a consumir
Em geral, não se ouvem os usuários de com responsabilidade e consciência (se for
drogas, porque há “consensos” em nossa o caso), assim como ensinar a não consumir,
sociedade, resultando em ensurdecimento de acordo com a forma como as pessoas se
de possibilidades de escuta e de acolhimento colocam em relação à sua demanda de saúde:
ético e digno. A pouca disponibilidade em aos que não tomam drogas, oferecer infor-
ouvir sobre suas histórias dá-se por conta mação e apoio para que possam defender
das resistências em admitir o convívio com sua posição e ajudar aos amigos que usam; às
as drogas e usuários, pois, freqüentemente, pessoas que usam drogas, auxiliá-las para que
estão associados a práticas de irresponsabi- preservem modelos de consumo não-pro-
lidade, de prazer irrestrito, de delinqüência blemáticos; e para as pessoas que precisam
e de afronta aos hábitos e costumes social- de ajuda, facilitar-lhes o acesso a espaços de
mente aceitos. O sofrimento e o mal-estar
informação, orientação e atenção, conforme
em que vivem ficam invisíveis. A droga toma
os movimentos da RD nas experiências de-
o sentido da cena, incorporando o agente no
senvolvidas no mundo.
qual se supõe um poder e que, em decorrên-
Assim, acolhem-se as formulações de
cia, causa, nas diferentes instâncias, grande
Armani e Ceccim (2001) quanto à compre-
impotência. Se o toxicômano diz “eu sou o
ensão de Educação e Saúde.
cara”, as várias instâncias que o abordam
Educação como processo relativo aos
confirmam esta posição, à medida que se cur-
aprendizados envolve aspectos cognitivos
vam ao poder mágico de potência da droga
e afetivos de caráter sóciointerativo. Desse
quando se aterrorizam e se imobilizam.
Para ampliar as possibilidades de atenção modo, abrange tanto o campo das cons-
e acolhimento, faz-se necessário considerar truções cognitivas quanto das experiências
a articulação que ocorre em um contexto intensivas resultantes do estar junto e da
para determinado sujeito e o encontro com composição de coletivos de aprendizagem.
as substâncias. Saúde, em seu sentido mais abrangente,
A lógica repressiva coloca o acento na não é a expressão das condições de vida e
droga, resultando em baixa resolutividade e trabalho, expressando as determinações das
significativos danos. Para seguir apostando condições de alimentação, habitação, edu-
nos sujeitos que são alvo das políticas públi- cação, meio ambiente, trabalho, transporte,
cas, faz-se necessário escutá-los e aceitar o emprego, lazer, liberdade, acesso a serviços
consumo de drogas independentemente dos de saúde, mas é também a capacidade de lu-
aspectos legais que isso envolve. Trabalhar tar por qualidade de vida e mobilizar energias
com saúde pública e drogas significa aceitar para reinventar a vida – o social – políticas
que o consumo ocorre, que nem sempre o sociais.

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O que se expôs até o momento exige mental, ou seja, todo portador de sofrimento
uma transformação que não é simplesmen- psíquico, incluindo aí os usuários de drogas,
te técnica, mas que envolve a formação e a não reservando esse atendimento somente
gestão do trabalho em saúde, mudanças nas ao campo dos especialistas. Um auxiliar de
relações, nos processos, nos atos de saúde enfermagem, ou um enfermeiro, ou um
e, principalmente, nas pessoas. agente comunitário, em duplas, podem fazer
Para Japiassu (1976), ao falar da patologia grupos operativos, oficinas de criatividade,
dos saberes, é preciso o reconhecimento, assembléias, visitas domiciliares, oficina
por parte de cada especialista, do caráter de geração de renda, passeios na cidade,
parcial e relativo de sua própria disciplina, de acompanhar os usuários em viagens, recre-
seu enfoque, cujo ponto de vista é sempre ação e festas. Essas atividades são escolhidas
particular e restritivo. Dessa forma, é em fun- conforme a capacitação e a habilidade do
ção de alguns pressupostos compartilhados trabalhador de saúde e do desejo dos usu-
que se torna possível entender e abordar o ários. Essa forma de trabalhar em parceria,
usuário de drogas em sua rede social, sem por exemplo, associando ações do Programa
reducionismos e na sua integralidade. de Agentes Comunitários de Saúde - PACS
Nesse entrecruzamento, é preciso con- e PSF e da Saúde Mental, tem produzido um
siderar várias condicionantes e dimensões incremento de saúde entre os profissionais
que permeiam e afetam o usuário de dro- da saúde. Muitos municípios adotaram essa
gas, devido às circunstâncias sócioculturais, perspectiva, impulsionados por cursos em
históricas e políticas em que vivemos, para Atenção Integral à Saúde Mental Coletiva.
que então se possam acolher contribuições
Esse movimento indica uma nova organiza-
que auxiliem a avançar na abordagem do
ção dos serviços que ressalta a importância
uso de drogas de forma ética e subjetivante,
das reuniões de equipe, de estudos, da inte-
produzindo espaços de cidadania.
gração entre gestão, educação, atenção e a
participação social (trabalhadores e usuários)
Redução de Danos e Saúde Mental na no planejamento das ações, do respeito aos
Atenção Básica direitos dos usuários. Criar condições para
que o sujeito venha a exercitar o cuidado de
Uma questão se coloca: como fazer a si e a desejar um projeto de vida, em lugar
mudança de abordagem centrada no atendi- de o Estado impor o acesso a seus direitos
mento especializado aos usuários de drogas como um dever. Coloca-se a necessidade da
para uma atenção integral a partir do Pro- formação que contemple esses desafios.
grama Saúde da Família e, de forma geral, A Redução de Danos e a Saúde Mental,
da Atenção Básica? voltados aos Programas de Saúde da Família
O entendimento que se deseja trans- na Atenção Básica, abordam as pessoas,
mitir é que os profissionais da saúde em famílias, grupos e instituições em sua inte-
geral podem atender aos usuários da saúde gralidade. Consideram aspectos da saúde
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orgânica, psíquica e sua interface com o vista da saúde e dos seus aspectos sociais e
social, trabalhando com educação em saúde econômicos sem, necessariamente, reduzir
e cidadania. esse consumo.”
Os Programas de Redução de Danos É um conceito e uma abordagem que
- PRD, por meio de seus redutores, vão até podem ser percebidos como empáticos,
a população, dialogam e trocam não apenas ou seja, através de uma relação humanitária
os equipamentos, mas sentimentos, informa- busca-se auxiliar o usuário no cuidado das
ções e experiências de vida. conseqüências de seus comportamentos,
Em parceria com os PSF, os PRD de- sem jamais rotulá-lo (RIO GRANDE DO
senvolvem inúmeras atividades: distribuem SUL, 2001).
na comunidade material informativo e edu- Hoje, a Redução de Danos constitui-se
cativo, realizam oficinas em instituições para como uma estratégia de saúde pública, sendo
discutir uso de drogas e sexualidade, incluem apoiada pela Organização Mundial da Saúde
o acesso a preservativos masculinos e femi- - OMS e outros organismos das Nações Uni-
ninos e a seringas limpas, ensinam formas das (BUCHER, 1995). Ao contextualizar a
de diminuir o risco, incluindo a negociação importância dessa estratégia, o autor defende
sexual com o parceiro sobre sexo seguro e que é inconcebível deter-se na prevenção a
uso do preservativo. Dispõe-se a uma atitude drogas, esperando alcançar resultados, en-
pesquisadora, participativa, com respeito às quanto danos maiores advindos do seu uso
diferenças e com ética. se espalham rapidamente.
Contudo, seus resultados têm desperta-
do um entendimento ainda mais abrangente
Construção do conceito de Redução de do que RD significa e pode significar, dando
Danos Ampliada origem a uma noção de Redução de Danos
Ampliada, ou seja, uma ação que busca a
A Redução de Danos pode ser entendida interface com os diversos setores (judicial,
por duas vertentes principais: 1) como uma educacional, saúde, entre outros) e com uma
estratégia para reduzir danos de HIV/DST lógica que possa ser aplicada nas diferentes
em usuários de drogas e 2) como conceito demandas sociais, e não apenas na saúde.
mais abrangente que inclui ações no campo Segundo o Ministério da Saúde, a Re-
da saúde pública e de políticas públicas que dução de Danos desenvolvida entre UDI
visam a prevenir os danos antes que eles mostra-se eficaz e, portanto, em condições
aconteçam (DIAS et al., 2003). de ser ampliada junto a usuários de outras
Segundo Woodak (apud REGHELIN, drogas, tais como álcool, crack, tabaco, tan-
2002, p. 74), “redução de danos é uma to no tocante à disponibilização de insumos
tentativa de minimização das conseqüências para uso seguro, quanto no fortalecimento
adversas do consumo de drogas do ponto de do protagonismo desses consumidores para

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a realização de ações entre pares e sua par- probabilidade do/a usuário/a ser acolhido/a
ticipação na formulação de políticas públicas, e estabelecer vínculo (qualidade de vida).
estratégias de comunicação e elaboração de Quando a segurança aborda o/a usuário/a
materiais educativos (BRASIL, 2003). com ética estará fazendo RD subjetiva.
A fim de articular o conceito de RD
Rose Mayer¹ (CRRD) considera a RD como um
Ampliada no Grupo Assessor, do qual partici-
paradigma a partir do qual se parte do real,
pam o Centro de Referência em Redução de
do existente para uma situação melhor e
Danos da ESP, a Seção Estadual de Controle
possível. Relaciona-se com a interdiscipli-
das DST/AIDS, a Seção Estadual de Saúde
naridade, pois o “real” e o “possível” po-
Mental e Neurológica e o Movimento Me-
dem ser vistos de vários olhares. Pressupõe
tropolitano de Redução de Danos - ONG e,
autoria, protagonismo, pois é o sujeito que
recentemente, a Coordenação Estadual de
vai poder avaliar o “real” e o “melhor”. É
PSF e a Coordenação dos Núcleos Regionais
um processo educativo, de construção de
de Educação em Saúde Coletiva - NURESC
autonomia.
da ESP, desenvolveram-se discussões a par-
tir das quais emergiram várias construções, É prevenir o HIV, além de minimizar
propostas pelos participantes, com relação à danos em relação ao uso de drogas. É um
formulação do conceito de Redução de Da- conceito ampliado que se dirige aos princípios
nos. Estas formulações permitem visualizar a do SUS com ênfase na integralidade, lógica de
pluralidade de agenciamentos da RD Amplia- trabalho que medeia um ideal imperativo que
da em direção à integralidade, ilustrando as conduz ao fracasso. É uma estratégia de saúde
possibilidades de articulação intersetorial. pública, uma transversalidade que pode per-
mitir um melhor delineamento intersetorial.
Segundo Marta Conte 1 CRRD, acredita-se que
É um conceito operador que implica territo-
Redução de Danos são estratégias que
rialização política, administrativa e técnica da
podem ser desenvolvidas em diferentes
atenção em saúde coletiva, qualificando práti-
campos e que visam à construção de pos-
cas com trabalhadores de saúde. Compreende
sibilidades de vida a partir de ações que
um paradigma de trabalho que relativiza as
considerem os processos de subjetivação.
intervenções de acordo com a realidade, que
Possibilidades de Vida pode ser traduzido
se preocupa com a escuta de demandas, dese-
por auto-estima, autocuidado, reconheci-
jos e necessidades, que viabiliza e sistematiza
mento do sujeito em um vir-a-ser (devir)
um plano de trabalho singularizado.
desejante. Quando a escola considera a
realidade com drogas e aborda esta ques- Jeanine Woycicki 1 - DST/AIDS descreve Re-
tão de forma ética, estará reduzindo danos dução de Danos como “uma estratégia
subjetivos. Quando a rede de saúde se de intervenção em saúde. É ampla, é or-
pauta pela estratégia de RD, ocorre maior gânica, é atual, é diversa, é envolvente e

1 Colaborador(a) do Grupo Assessor. Informação verbal emitida em janeiro de 2004.

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está sempre em processo de atualização; é o(a) usuário(a), os seus sentimentos, dese-


possível. Contudo, sua diversidade provoca jos, opções. Está vinculada a questão das
sombreamentos e indefinições.” drogas, neste momento histórico, tendo
como conceitos os princípios do SUS”.
Segundo Caroline Brasil 2 - DST/AIDS, Redução
de Danos é uma forma de relação com a Para Ronaldo Hallal 4 - DST/AIDS, RD é: a)
vida ou ausência de vida. De maneira mais estratégia de mediação com o mundo, vida,
específica, é um modo de compreender pessoas, hábitos; e, b) conceitos: integra-
e intervir com a problemática do uso de lidade, realidade, “dualidade” intrínseca à
drogas e os danos sociais associados a vida, liberdade.
este. Trata-se, portanto, de um conjunto
Sandra Bueno4 - DST/AIDS explica a RD a partir
de saberes e tecnologias que dão corpo
de dois olhares, um micro e um macro. Cha-
a uma política pública e social, norteada
ma ao micro de Redução de Danos Individu-
pelos princípios da transversalidade, inte-
al, compreendendo ações que dêem acesso
gralidade, eqüidade, universalidade, parti- a bens, serviços e informações que viabilize
cipação/controle social. De forma ampla, ao indivíduo a se perceber para adotar me-
pretende o resgate profundo do estatuto didas de autocuidado, minimizando os danos
de cidadania no corpo social. em relação ao uso de drogas, álcool, entre
3
Thaiane Vinadé explica: Redução de Danos outros, e buscar dentro si possibilidades de
Ampliada é uma estratégia de ação no que mudanças para construir a sua própria tra-
tange à problemática do uso de drogas, jetória de inserção na sociedade, resgatando
buscando um resgate de cidadania e rein- sua cidadania, e muitos lutando contra sua
serção social através da avaliação individual morte civil. Com relação ao macro, classifica
e subjetiva dos danos associados. O concei- como Redução de Danos Social, ou seja,
to ampliado busca uma ação transversal, estratégias que têm implicações políticas,
fazendo com que se possa problematizar com diretrizes, tecnologia e metodologia
a temática da RD no cruzamento com próprias (Projeto de Lei, etc...) que sociali-
zadas, permitem que a sociedade como um
outras áreas, além de superar a dimensão
todo perceba e adote medidas de prevenção,
simplista, muitas vezes presente na troca
minimizando seus danos em relação ao uso
de seringas. Seus conceitos fundamentais
de álcool, drogas, etc. Estas diretrizes, ações
são: vínculo real diferente de ideal, auto-
e estratégias devem respeitar princípios do
nomia, ética e universalidade.
SUS, questões ético/morais, integridade,
De acordo com Carmem Reverbel 4 - CRRD “é interdisciplinaridade, valoração da subjeti-
uma forma de trabalhar que leva em conta vidade, etc...

2 Colaborador(a) do Grupo Assessor. Informação verbal emitida em janeiro de 2004.


3 Colaboradora do Grupo Assessor e participante do Movimento Metropolitano de Redução de Danos. Informação verbal emitida em janeiro de 2004.
4 Colaborador(a) do Grupo Assessor. Informação verbal emitida em janeiro de 2004.

Boletim da Saúde | Porto Alegre | Volume 18 | Número 1 | Jan./Jun. 2004


70 | Marta Conte et al.

[...] conceito de Redução de Danos é muito conforme intervenções desenvolvidas pe-


mais amplo do que possa expressar. RD é o los trabalhadores na rede através de ações
jeito que percebo e interajo com o mundo, intersetoriais.
sujeito com direitos, e o quanto valorizo as
questões subjetivas. • Programas de Redução de Danos -
PRD
Em síntese, poderíamos dizer que Re- - PRD de Porto Alegre - Situa-se aqui,
dução de Danos Ampliada é um conjunto a título de exemplo, as algumas ações do PRD
de medidas de saúde pública que buscam de Porto Alegre. Entre as ações desenvolvi-
potencializar o trabalho em rede, a inclusão das, encontra-se uma ação comunitária em
social, a produção da autonomia e o prota- uma região central de Porto Alegre/RS/Brasil,
gonismo dos usuários, além de minimizar conhecida como “Chocolatão”, por estar
as conseqüências adversas do uso de álcool ao lado de um grande e suntuoso prédio da
e drogas, infecção pelo HIV e de hepatites. Justiça. O PRD de Porto Alegre acompanhou
Somado a isso, ela possibilita a elaboração o desenvolvimento do programa do Governo
de projetos terapêuticos de menor exigên- Federal FOME ZERO, incluindo nas ações
cia, sem perder de vista a inserção da saúde desse projeto uma outra ação social que visou
mental na Atenção Básica. ao acesso às consultas na unidade básica de
saúde através da realização de carteirinhas,
documento que viabilizava o atendimento. Já
Experiências práticas
junto ao PSF Tijuca/Laranjeiras, desenvolveu
ações de RD para acessar e qualificar o víncu-
Para dar uma idéia da operacionalidade
lo com usuários de drogas não-acessados pela
dos conceitos aprofundados no item ante-
unidade de saúde. Os agentes comunitários,
rior, trazemos relatos de experiências e de
no exercício de sua função, depararam-se
iniciativas no campo da redução de danos,
com a necessidade de formas de acolhimento
internacionais, nacionais e regionais.
e atendimento para a população de 12 a 20
Entre os exemplos de práticas que
anos não-contemplada por políticas públicas
utilizam a estratégia da Redução de Danos,
específicas. Essa parceria objetivava instalar
apresentam-se:
um processo de aproximação, abordagem e
• Redução de Danos na Clínica acolhimento às pessoas envolvidas em situ-
Refere-se a conceitos da clínica que ope- ação de risco à saúde. As ações e parcerias
racionalizam uma posição de escuta a partir desdobraram-se em:
das demandas singulares, considerando a Parcerias Retomadas:
transferência estabelecida e a importância
- Com a Saúde: PSF Tijuca/Laranjeiras;
do reconhecimento de um lugar social
PSF Lomba do Pinheiro; COAS; SAE.
para o sujeito envolvido com as drogas,

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redução de danos e saúde mental na perspectiva da atenção básica | 71

- Com a Saúde Mental: Casa Harmonia; Oficina de RD no Hospital Geral Vila


Hospital Vila Nova - DQ. Nova:
- Com a Educação: Escola Porto Ale-
- Os redutores criaram junto à equipe
gre.
responsável pelos leitos da depen-
- Com Serviço Social: Acolhimento dência química uma demanda pelas
Noturno; Educação Social de Rua; Lar oficinas de RD voltadas ao processo
Dom Bosco; Abrigo Marlene. de alta. O objetivo era preparar os
pacientes para o enfrentamento da
Novas Parcerias: realidade pós-alta, através do desen-
- Com a Saúde: PSF sem domicílio; PSF volvimento de estratégias de redução
Modelo; Tisiologia. de danos, considerando o que é risco
para cada um.
- Com a Saúde Mental: Cais 8; Cruz
Vermelha. - Programa de Redução de Danos
– situam-se as ações da ONG VHIVA
- Com a Educação: Escola de Saúde
MAIS de Canoas (Grupo de Apoio ao
Pública; Escola Emílio Meyer.
Soropositivo e Prevenção a Aids) que
- Com o Serviço Social: Casa de Con- se trata de uma ONG, fundada em 23
vivência; Atendimento Social de Rua. de abril de 1999, na cidade de Cano-
as, região metropolitana de Porto
Reuniões de Redes: Alegre, que realiza através do traba-
- Com a Rede Ampliada de Atendimen- lho de seus 29 voluntários, ações, tais
to a Moradores de Rua. como Grupo de Mútua Ajuda para
Soropositivos e/ou Doentes de AIDS,
- Com PAICA (Intersecretarias).
Grupo de Adesão ao Tratamento
Anti-retroviral, Oficinas de Camisinha
Feminina, Troca de Cachimbos para
Oficina de RD na Casa Harmonia - usuários de crack, acompanhamento
Centro de Atenção Psicossocial Infância hospitalar e acompanhamento domi-
e Adolescência - CAPS: ciliar. Desenvolve cinco projetos,
inicialmente financiados pelo Ministé-
- Realizaram-se, com a coordenação rio da Saúde e UNESCO/UNDCP:
dos redutores de danos, oficinas de Formação de Nú­cleos de Ajuda Mú-
redução de danos com crianças e tua, Profissionais do Sexo, Acompa-
adolescentes em vulnerabilidade do nhamento Domiciliar, Geração de
social, com o objetivo de construir Renda e Redução de Danos para
estratégias de autocuidado a partir Usuários de Drogas. Possui, também,
do desenvolvimento da auto-estima um Termo de Cooperação Técnica
e valorização da cidadania. junto ao Núcleo de Igualdade e Com-

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72 | Marta Conte et al.

bate à Discriminação no local de Depois de aprovado o projeto, ini-


Trabalho da Delegacia Regional do ciou-se o trabalho de mapeamento
Trabalho do Ministério do Trabalho das áreas de atuação. A equipe foi
e é integrante da Comissão de DST/ formada levando em conta o conhe-
AIDS do Conselho Municipal de Saú- cimento que os membros tinham do
de de Canoas, Membro do Grupo de município. Em pouco mais de um
Estudos de Álcool e Outras Drogas mês, a área de abrangência estava
da Escola de Saúde Pública do RS, delineada, e a Zona Norte foi es-
Fórum Metropolitano de Redução de colhida como ponto de referência
Danos do RS. Os trabalhos em campo do projeto, nela compreendiam os
ocorrem diariamente, de segunda a bairros Fátima, Anair, Navegantes e
sábado, através de oficinas com a Nova Cachoeirinha. Os primeiros seis
rede social do UD. À noite, além das meses do projeto fluíram de acordo
intervenções com profissionais do com o previsto, tivemos alguns entra-
sexo e amigos dos projetos, ocorrem ves burocráticos e não se conseguiu a
oficinas e palestras em escolas de inserção política desejada dentro do
formação profissional, albergues, município. A partir do quinto mês de
rede pública de ensino. Atualmente, execução, começou-se a notar uma
estão firmando parceria com o Alber- visível diminuição do uso de drogas
gue Judicial em Canoas para interven- injetáveis, e, através de conversas
ção comportamental no que diz res- com os usuários, descobriu-se que
peito à adesão ao tratamento e uso grande parcela teria migrado para o
uso do crack. O desamparo da equipe
indevido de drogas lícitas ou ilícitas.
foi grande, e a busca de capacitação
- Programa de Redução de Danos foi fundamental. Com uma diminuição
de Cachoeirinha - surgiu a partir da significativa do número de UDIs e
idéia de que era preciso combater a uma crescente migração para o uso
epidemia da AIDS. Por ser Gravataí do crack, a equipe teve que mudar
um município de grande incidência as técnicas de abordagem. Em um
de soroprevalência entre usuários de primeiro momento, começou-se a
drogas, e pelo grande deslocamento incentivá-los a não compartilhar a lata
dos usuários entre cidades em função (utilizada para o uso do crack). Com a
dos pontos de vendas, surgiu a de- participação no Seminário Nacional de
manda de desenvolver ações de RD RD em São Paulo, ficou-se sabendo da
em Cachoeirinha (município vizinho). experiência da troca de cachimbos e,
Isso ocorreu por meio dos membros com a permissão do Ministério da Saú-
do Movimento Metropolitano de Re- de, foi feita uma compra experimental
dução de Danos - MmRd que faziam de trezentos cachimbos para testar a
trabalho de RD em Gravataí. aceitação do público- alvo. Apesar de

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redução de danos e saúde mental na perspectiva da atenção básica | 73

algumas reclamações, obteve-se boa - O Projeto TreinAgente - é um dos


margem de aceitação por parte dos projetos que está sendo desenvolvido
usuários de crack. pelo Movimento Metropolitano de
Estabeleceu-se uma parceria com o Redução de Danos - ONG que vem
grupo “Elementos do RAP”; realiza- atuando em RD na região metropo-
ram-se alguns eventos em parceria litana de Porto Alegre, desde 2000.
e se conseguiu atingir de forma mais Esse projeto tem como objetivo
objetiva uma parcela de usuários que ampliar as ações de RD, bem como
até então estava longe do nosso al- implementar uma metodologia pró-
cance. Dessa parceria surgiu o tema xima da realidade encontrada nos
para o documentário “RD - um olhar municípios. O trabalho de prevenção
de dentro” do Ministério da Saúde, da DST/AIDS vem sendo um desafio
que foi usado para conscientizar a que, quanto mais se enfrenta, mais
comunidade, através da música, sobre formas de intervenção vão apare-
os danos decorrentes do uso indevido cendo e se mostrando possíveis. Os
de drogas. Com isso, foi feita par- dados mais recentes têm mostrado
ceria com líderes comunitários para que a epidemia da AIDS ainda está
a realização de atividades culturais em plena expansão, principalmente
com crianças e adolescentes na vila. na região Sul do Brasil, entretanto os
Dessa parceria surgiu a idéia de fazer municípios da região metropolitana
um projeto à parte do PRD que fosse de Porto Alegre-RS são responsá-
voltado exclusivamente para crianças veis por 73% dos casos de AIDS
e adolescentes. Assim, no meio do do Estado, e o uso de drogas é o 2º
terceiro ano, surgiu o projeto “Hip comportamento de risco, segundo o
Hop na Veia”, financiado pela Secre- Boletim Epidemiológico da Secretaria
taria Estadual de Saúde. Com isso, Estadual da Saúde (RIO GRANDE DO
foram feitas novas filmagens para SUL, 2002). O Rio Grande do Sul vem
complementar o documentário. Ape- ampliando a cobertura geográfica feita
sar de serem dois projetos distintos, por Agentes Comunitários de Saúde
com financiamentos diferentes, os - ACS, e o Programa Saúde da Família
projetos complementam-se entre si. - PSF é uma das prioridades do atual
O Movimento HIP HOP cresce cada Governo. Esses programas, PACS/
vez mais entre os jovens da periferia; PSF, estão normalmente inseridos
essa foi a forma mais fácil encontrada dentro das comunidades, conhecendo
de comunicação com tal população, as diferenças geográficas e culturais
pois tudo que envolve o RAP, a dança da população e, portanto, torna-se
de rua e o graffiti, chama a atenção estratégica a parceria com eles, pois
dessa população. eles são a ponta da rede de assistência

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em saúde. Notando a importância Danos, nas unidades de saúde e nas


desse parceiro, trabalha-se com a microáreas quando não se realiza,
sensibilização e capacitação desses juntamente a este trabalho, um acom-
agentes de saúde para o trabalho com panhamento das ações e da equipe.
o binômio AIDS e drogas nos anos Através desse trabalho em um muni-
de 2002 e 2003, posto que a intro- cípio-piloto (Alvorada), considera-se
dução de ações em RD no trabalho essa experiência de forma positiva,
dos ACS é uma forma de abranger e vem-se, por meio desse projeto,
mais de 223.000 pessoas que estão propor uma continuidade e ampliação
em situação de vulnerabilidade para dessa metodologia. Acredita-se que,
a infecção pelo HIV da região metro- dessa forma, se possa qualificar as
politana. A articulação com PACS/PSF, equipes das unidades de saúde para
na constituição dessas ações, possibi- o trabalho de redução dos danos de-
lita a construção de novos modelos correntes do binômio Drogas/AIDS,
em Redução de Danos, com caráter desenvolvendo uma prática em saúde
complementar ao modelo de Projetos coletiva mais inclusiva dos usuários de
de Redução de Danos - PRD já estabe- drogas, através do aprimoramento do
lecidos, apontando para a perspectiva trabalho dos Agentes Comunitários de
do fortalecimento de rede. A partir da Saúde e técnicos dentro dessas unida-
experiência anterior e de um trabalho des e nas microáreas atendidas.
de avaliação realizado através de uma
pesquisa com o público capacitado, • A experiência do PROAD
por meio de entrevistas e grupos (Escola Paulista de Medicina/São Paulo)
focais realizados por uma psicóloga
– Trata-se de uma pesquisa realizada junto
e epidemiologista, percebe-se que
a um ambulatório de atendimento de usuá-
o trabalho de capacitação e sensibi-
rios de crack, que propunha o acompanha-
lização favoreceu uma abertura das
mento da substituição do uso do crack pelo
ACS e das unidades de saúde para
uso da maconha, com importantes ganhos
as questões relacionadas ao binômio
subjetivos, orgânicos e sociais entre os par-
drogas/AIDS, possibilitando uma me-
ticipantes.
lhor abordagem das famílias e usuários
em relação a esses temas, bem como • A experiência em Merseyside
um maior conhecimento e segurança
Inglaterra – PA O’Hare considera que o
dentro deste trabalho na unidade de
modelo de redução de danos de Mersey é
saúde e nas microáreas atendidas.
Avalia-se, porém, que tais melhorias
construído para a organização dos serviços
não foram suficientes no sentido de de atenção às drogodependências, dirigido
poder implementar ações mais con- principalmente a reduzir danos relacionados
cretas e duradouras em Redução de com as drogas, tendo alcançado uma repu-
tação internacional. Três fatores levaram ao

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estabelecimento desse modelo. O primeiro foi a potencialidade da multiplicidade de ações


a política da Clínica de Dependência de Drogas caracterizadas pela inventividade (estilo das
da localidade de Merseyside (Liverpool) que, pessoas envolvidas, regionalização e cultura),
no lugar de limitar o tratamento ao vínculo protagonismo e a intersetorialidade. Essas
com os psiquiatras, disponibilizaram equipa- experiências demonstram as possibilidades
mentos injetáveis e organizaram um serviço de articulação da Redução de Danos de forma
especializado que continuava a ministrar ampliada.
drogas injetáveis. O segundo é que as ações
de redução de danos não foram idealizadas
por médicos, sociólogos, ou psicólogos, mas CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A
por usuários participantes da Junkiebond de REDUÇÃO DE DANOS
Amsterdam, uma organização de auto-ajuda
de usuários. O principal objetivo foi tornar A Redução de Danos nos aproxima da
o serviço acessível e fácil de utilizar, reco- voz dos usuários e toxicômanos, em condi-
nhecendo que, ao persuadir os usuários para ções de exclusão, problematizando fatores
tomar contato, os serviços devem estar ade- de risco, como os imperativos sociais de
quados às necessidades daqueles para quem consumo, a influência da publicidade que
se desenhou o serviço. O terceiro fator para referenda identidades standarst, “de pare-
aparição do modelo Merseyside foi a colabo- cer ser”, o rompimento de laços sociais, o
ração da polícia local, que se comprometeu a moralismo, o preconceito social e a crimi-
observar os serviços e começou a encaminhar nalização.
aqueles usuários que haviam sido presos. Isso Através da Redução de Danos, tem sido
não implicava tolerância com as drogas, mas possível retomar um olhar e um desejo de
dirigir sua própria política de redução de danos investimento no cidadão usuário de drogas.
com o objetivo de evitar a ampliação do uso Apresentada como uma estratégia em
de substâncias tóxicas que pode resultar em saúde pública, tem sua importância como
uma primeira condenação. contribuição ao campo social pelo fato de
questionar os consensos citados anterior-
• A experiência da Austrália mente, isso porque, apesar da proibição
Segundo Woodak ( apud RIO GRANDE de algumas drogas, é preciso reconhecer
DO SUL, 2001), a RD, como política públi- diferentes relações de uso e estar disposto a
ca, foi oficialmente adotada na Austrália em escutar quem permanece envolvido com as
1985, através de implementação sistemática drogas. Os tratamentos em geral não pre-
de programas de educação para a saúde nas cisam e não devem ser considerados como
áreas de drogas e AIDS. Data de meados dos uma pena para que tenham eficiência, eficá-
anos 80 e foi acompanhada de uma vigorosa cia e efetividade. O contrato de tratamento
expansão dos programas de metadona (BRA- com quem vem encaminhado pela justiça
SIL, 1998). Os exemplos citados apresentam pode reverter-se em algo terapêutico caso

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76 | Marta Conte et al.

se consiga trabalhar o engajamento subjetivo fazem pequenos tráficos para sustentar o


do usuário, ou do toxicômano, em relação uso, sem compulsoriamente enquadrá-los no
ao seu ato, para que o tratamento venha a art. 12 do Código Penal – Tráfico de Drogas,
ser assumido como uma escolha. crime hediondo. Quando um professor tem
A RD permite uma mobilidade que nos flexibilidade para escutar o que o aluno tem
coloca em outra forma de relação com o a dizer sobre suas preocupações com seu
social. Lembra muito o trabalho do acom- uso de drogas, várias saídas são encontradas
panhante terapêutico. ao lado do aluno. Assim, precisa-se pensar
São várias as formas de estar orientado como as ações dos profissionais da saúde
pela RD. O trabalho do redutor de danos é podem ser potencializadas, abandonando o
ativo, isto é, ele vai a campo, ao local onde ideal fixo da abstinência para acompanhar
o usuário utiliza drogas em grupos, “bretes”. sujeitos e grupos a partir da intensidade da
Insere-se no grupo e orienta o uso limpo, motivação que eles conseguirem colocar em
além de acolher diferentes pedidos de en- cada acompanhamento ou plano terapêutico.
caminhamento para testagem, consultas, Há, sim, um enfoque extremamente terapêu-
documentos, relação com a justiça, entre tico e de promoção de saúde na abordagem
outras ações de dimensões integrais e inter- do agente comunitário, que acompanha
setoriais. a população no sentido da construção de
Quanto à RD entre profissionais de saú- estratégias de redução de danos. Pode-se
de, a prática de acompanhar toxicômanos considerar como ponte para um resgate
orienta-se menos pelo ideal do que por aqui- efetivo de cidadania.
lo que é viável para o usuário. Propõem-se Uma constatação bastante produtiva na
esquemas de proteção, sem necessariamente perspectiva da redução de danos subjetivos
exigir abstinência a não ser que o uso intenso em saúde pública é verificar a extensão do
apresente situações de risco de vida. que ocorria nas trocas entre redutores de
O que parece ser um recurso valioso é danos e usuários, o que iniciou pela troca de
que as estratégias de RD podem estar inclu- seringas tomou significações de laço social,
ídas em várias áreas, como tem ocorrido na de inclusão e de cidadania. Junto com a troca
integração com os Programas de Saúde da de seringas os usuários, ao se sentirem inves-
Família. A flexibilidade, opção da RD, permite tidos, passaram a trocar olhares, cuidados,
um diálogo maior com diferentes instâncias, informações, pedidos de encaminhamentos
ressituando o debate das drogas pautado e demanda para tratamento da dependência
pela ética e pelo respeito às subjetividades. química, entre outros. Essas trocas permi-
Por exemplo, quando um juiz se referencia tem, muitas vezes, a entrada de um terceiro
pela Redução de Danos, consegue fazer uma que rompa com a relação dual, intensa, ex-
interlocução com uma equipe interdiscipli- clusiva e mortífera com as drogas, própria
nar e problematizar caso a caso, inclusive a da dinâmica das toxicomanias. Um circuito
situação dos usuários ou dependentes que libidinal/pulsional se restabelece e se atualiza,

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redução de danos e saúde mental na perspectiva da atenção básica | 77

respaldado pela relação com um redutor de DIAS, João Carlos et al. Redução de Danos: posições da Associação
Brasileira de Psiquiatria e da Associação Brasileira para Estudos
danos. Nesse ponto, o redutor de danos se
do Álcool e Outras Drogas. Jornal Brasileiro de Psiquiatria,
presentifica, há um maior cuidado com o Rio de Janeiro, v. 1, n. 5, p. 341-348, 2003.
toxicômano pela vulnerabilidade que o expõe JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber.
a uma situação de risco. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
Para finalizar, cabe ampliar a rede de REGHELIN, E. M. Redução de danos: prevenção ou estímulo
ao uso indevido de drogas injetáveis. São Paulo: Revista dos
recursos a ser implantada através de ações de
Tribunais, 2002.
redução de danos não-somente nas parcerias
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Saúde. Escola de Saúde
entre PACS/PSF e Saúde Mental, mas na De- Pública. Guia de redução de danos para trabalhadores da
sintoxicação Domiciliar e/ou Ambulatorial, saúde: subsídios para a abordagem em drogas e AIDS. Porto
nos CAPS AD, nos CAPS em geral, na Sala Alegre, 2001. 39 p.
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO. Porto Alegre: Secretaria Estadual
de Acolhida Imediata, nas Unidades Básicas
da Saúde do Rio Grande do Sul, ano 6, n. 4, out./dez. 2002.
de Saúde, na Justiça Instantânea (interface
ROTELLI, Franco et al. Desinstitucionalização. São Paulo:
Justiça e Saúde), nos Hospitais Gerais, nos Hucitec, 1990.
Abrigos, nas Casas de Detenção, nos Grupos
coordenados por Agentes Comunitários, nas
Ações Intersetoriais (entre elas música, dan-
ça, esporte, lazer, profissionalização).
O que seria mais terapêutico?

REFERÊNCIAS

ARMANI, Teresa; CECCIM, Ricardo. Educação na saúde coletiva:


papel estratégico na gestão do SUS. Divulgação em Saúde para
Debate, Rio de Janeiro, n. 23, p. 30-56, dez. 2001.
BASTOS, Francisco Inácio. Redução de danos e saúde coletiva:
reflexões a propósito das experiências internacional e brasileira.
In: SAMPAIO, C. M. A. et al. Drogas, dignidade e inclusão
social: a lei e a prática de redução de danos. Rio de Janeiro:
ABORDA, 2003.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política de Atenção Integral a
Usuários de Álcool e outras Drogas. Brasília, DF, 2003.
______. Política de Educação e Desenvolvimento para o
SUS: caminhos para a educação permanente em saúde: pólos de
educação permanente em saúde. Brasília, DF, 2003. Aprovada na
comissão de intergestores tripartite realizada em Brasília, 2003.
______. Troca de seringas: drogas e AIDS: ciência, debate e
saúde pública. Brasília, DF, 1998.
BUCHER, R. Prevenindo contra as drogas e DST/AIDS: carti-
lha do educador. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 1995. 28 p.

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