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1. Resumo
2. Objetivos
As hipóteses iniciais que fomentam essa pesquisa são: (i) que a variante com
maior grau de retroflexão em ataque e em coda silábica, bem como o rotacismo, são
mais estigmatizados; e que, sendo assim, (ii) as informantes mulheres tenderão a utilizar
uma variante menos retroflexa, apagamento ou, até mesmo, o tepe, em posição de
ataque intervocálico e em coda silábica.
Portanto, tem-se como objetivo investigar e discutir os dados coletados por meio
de entrevistas sociolinguísticas com pessoas da comunidade a fim de avaliar a validade
das hipóteses iniciais e, assim, contribuir com o conhecimento sobre a variação
linguística em Piracicaba-SP. Também é objetivo desta pesquisa fomentar a discussão
sobre a variável sexo/gênero dentro do campo da sociolinguística variacionista.
3. Resumo das atividades
Classe alta Classe baixa Classe alta Classe baixa Formatted: Centered
Para a definição dos bairros mais ou menos afluentes foi utilizada uma pesquisa
realizada pela Prefeitura Municipal de Piracicaba com assessoria técnica do Instituto de
Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais que buscava produzir um Mapa da
Inclusão/Exclusão Social e que contribuiria para o planejamento de políticas públicas
(IPPLAP, 2003). Esse relatório analisa separadamente cada bairro de Piracicaba em
indicadores como renda dos responsáveis pelos domicílios, taxa de mortalidade infantil,
faixa etária média da população do bairro, entre outros. Embora possa estar um pouco
desatualizado, visto que a pesquisa foi realizada em 2003 (última vez em que uma
pesquisa desse tipo fora realizado em Piracicaba, conforme informado por uma
funcionária da Prefeitura Municipal), acredita-se que os dados ainda são relevantes e
oferecem uma boa base para a estratificação dos bairros em que os indivíduos
entrevistados habitam.
Com relação aos critérios utilizados para a definição da faixa etária, foram
definidos os mesmos do Projeto SP2010 (MENDES & OUSHIRO, 2012) para que,
desta maneira, exista uma base para possíveis comparações futuras.
A maior dificuldade encontrada durante o trabalho de campo foram alguns
falantes que falavam muito pouco e pareciam tensos durante a gravação e, por conta
disso, foi necessária uma adaptação improvisada do roteiro de entrevistas em que foram
inseridas mais perguntas do que anteriormente previsto, principalmente sobre a vida do
participante. Por exemplo, alguns falantes pareciam mais dispostos a falar sobre seu
trabalho atual do que sobre sua infância e, sendo assim, mais perguntas foram feitas
sobre o trabalho. Além disso, durante algumas entrevistas foi necessário que a
pesquisadora dividisse mais detalhes sobre sua própria vida, respondendo às perguntas
também para que a entrevista se aproximasse mais de uma conversa. Ambas as
estratégias tiveram resultados positivos.
Outra dificuldade foi encontrar um participante do perfil homem, de classe baixa
da primeira faixa etária, principalmente por conta da rede social da pesquisadora. A
solução encontrada foi ir um pouco além do “amigo do amigo” que se transformou em
algo como “amigo do amigo do amigo”.
As transcrições foram todas feitas pela pesquisadora no programa ELAN 5.2
(HELLWIG; GEERTS, 2013), de acordo com as normas de transcrição estipuladas em
Mendes & Oushiro (2012).
5. Próximos Passos
A fim de dar continuidade à pesquisa, serão extraídos das transcrições os dados
relevantes em que as variáveis linguísticas a serem estudadas se apresentam, por meio
de scripts da plataforma R (OUSHIRO, 2018). Em seguida, estas serão analisadas
qualitativamente, em diálogo com a literatura pertinente. Uma das três variáveis será
escolhida para o desenvolvimento de análises quantitativas, a serem desenvolvidas na
plataforma R (R Core Team, 2018).
6. Referências
FISCHER, J. L. Social influences on the choice of a linguistic variant. Word, Taylor & Francis,
v. 14, n. 1, 1958, p. 47–56.
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HEAD, B. F. Propriedades fonéticas e generalidades de processos fonológicos: o caso do “R
caipira”. Cadernos de Estudos Linguísticos, n. 13. Campinas, 1987. p. 5-39.
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HELLWIG, B. & GEERTS, J. ELAN - Linguistc Annotator. versão 5.2, 2018. Disponível em
http://www.mpi.nl/corpus/manuals/manual-elan.pdf. Último acesso em 24/jan./2019.
LABOV, W. The intersection of sex and social class in the course of linguistic change.
Language variation and change, Cambridge University Press, v. 2, n. 2, 1990, p. 205–
254.
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MENDES, R. B.; OUSHIRO, L. O paulistano no mapa sociolinguístico brasileiro. Alfa: Revista
de Linguística (São José do Rio Preto), Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho, v. 56, n. 3, 2012, p. 973–1001.
SEVERO, Cristine Görski et al. Por uma perspectiva social dialógica da linguagem:
Repensando a noção de indivíduo. 2007.
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