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Discente: Lucas Rodrigues Barreto Profa. Dra. Patrícia Maria da Silva Merlo
Legítimo rei
Sinopse
Na Escócia do século XIV, Robert1 “the Bruce”
reivindica o trono e lidera uma violenta revolta pela
independência contra o domínio inglês.2
Ficha Técnica
Título: Outlaw King (Original)
Ano produção: 2018
Dirigido por: David Mackenzie
Elenco: Chris Pine, Stephen Dillane, Rebecca Robin,
Billy Howle, Aaron Taylor-Johnson, Gemma
McElhinney.
Estreia: 5 de novembro de 2018
Duração: 121 minutos
Classificação: 16 anos
Gênero: Ação; Biografia; Drama.
País de Origem: Estados Unidos da América Disponível na Netflix.
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O nome Robert foi traduzido na versão dublada do filme, em português, para Roberto.
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https://www.netflix.com/br/title/80190859
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novo sucessor. Com o pretexto de auxiliar a causa escocesa, o rei da Inglaterra,
Eduardo I, se “prontifica” a ajudar, entretanto, ele tomou o poder e ocupou a região
do reino da Escócia. Esse ato culminou na insatisfação dos escoceses e deu início
a uma sangrenta guerra, liderados por Sir. William Wallace, que foi derrotado pelos
ingleses. Com o fim da resistência, muitos nobres da Escócia se entregaram a
Eduardo I, e nesse contexto, Roberto “the Bruce” continuou a lutar contra os ingleses,
mesmo que em um primeiro momento também se redimiu ao rei inglês.
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ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1993. 2 v.
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ao mesmo tempo permitir a manutenção familiar para um herdeiro. Ao chegar no
Castelo, Isabel é recebida pelo lorde escocês, Roberto. Em sua companhia estavam
o príncipe inglês, representando a figura real, um bispo, representando o sagrado e
os pais da jovem. Logo é providenciado a cerimônia do casamento, selando assim a
união entre as duas famílias. O casamento é sinônimo também de fidelidade ao
marido ao mesmo tempo que esse é o senhor da sua esposa. Essa colocação é
representada na cena (84’34’’ – 87’05’’) em que a jovem Isabel é orientada a se
divorciar do seu marido, que tinha se rebelado contra o rei Eduardo I. Na verdade
ela não é orientada, mas ganha uma chance de renunciar ao casamento porque ela
é afilhada do rei. Aqui destacamos os diversos laços entre os nobres e a figura real.
Entretanto ela não renuncia a seu casamento.
Esses episódios são explicados por Elias, destacando que as terras dos
nobres eram obtidas com frequência por meios de conquistas, herança, doação ou
casamento. Nesse sentido, há uma justificativa para a fala do pai da jovem,
preocupado com as posses do futuro marido de sua filha, assim, o casamento dos
grandes senhores feudais tem uma característica “comercial”, como chamaríamos
hoje que tem por objetivo a expansão e sucesso na competição por novas terras.
(Elias, 1993).
Sobre o processo civilizador, Norbert Elias salienta que mais tarde, através de
casamentos, compra ou conquista, uma dessas Casas acumulava cada vez mais
terras e obtinha preponderância sobre os vizinhos. (Elias, 1993).
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morte. Percebe-se a presença dos religiosos, como uma articulação entre terra e o
mundo transcendental.
A Igreja deve ser vista não só como uma instituição social, mas uma
expressão de poder e que utilizava de artifícios entre as relações para mantê-lo. A
cena (30’34’’ – 31’50’’) descreve a relação entre a Igreja e os nobres senhores.
Roberto “The Bruce”, nobre escocês, cometeu um assassinato e quer o
reconhecimento e o perdão por parte da Igreja pelo seu ato. Em troca, os
representantes da Igreja pedem apoio, e só assim o legitimariam como novo rei da
Escócia, coroando-o. A cena de coroação (37’40’’ – 39’04’’) é acompanhada por
parte de alguns camponeses, nobres e representantes da Igreja. Um bispo declama
palavras de cunho religioso divino para assegurar a força de Deus ao novo rei da
Escócia. No processo civilizador, Norbert Elias destaca a presença da Igreja e seu
objetivo nas entrelinhas das relações com os reis na formação do Estado Moderno:
“A Igreja, por conseguinte, desejava um suserano, um rei, que fosse
forte o suficiente para protegê-la contra a violência secular. As rixas, as
grandes ou pequenas guerras que explodiam incessantemente por toda a
região via de regra eram muito mal recebidas pelos religiosos e monges que,
embora mais competentes no plano militar e mesmo mais belicosos do que
mais tarde se tornariam, de qualquer modo não viviam da guerra ou para a
guerra. E, repetidamente, em todo o país, sacerdotes e abades maltratados,
lesados, esbulhados de seus direitos, apelavam ao rei como juiz. A ligação
forte, e apenas ocasionalmente perturbada, entre os primeiros reis [...] e a
Igreja não foi fortuita, nem sua causa residiu exclusivamente na profunda fé
pessoal desses primeiros soberanos. Expressava também uma óbvia
conjunção de interesses. A dignidade da monarquia nessa época, o que quer
mais que ela pudesse ser, sempre constituiu uma arma dos sacerdotes em
seus conflitos com a classe dos guerreiros. A consagração, unção e coroação
do rei eram influenciadas cada vez mais pelo poder da investidura e do
cerimonial montados pela Igreja.” (Elias,1993, p.156)
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dependia de sua posição social e no quantitativo de posses e influências que um
determinado senhor feudal possuía. Em suma, a relação Igreja – reis e nobreza é
marcada de interesses de ambas as partes.
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“Os homens do rei estavam se intrometendo em tudo e apropriavam-
se de direitos e tributos que antes eram prerrogativa exclusiva do senhor
feudal. E neste particular, como com tanta freqüência acontecia, foram os
tributos em dinheiro que constituíram a última gota.” (ELIAS, 1993, p.175).
Os tributos que antes visavam custear guerras, que era algo extraordinário,
com o tempo, por exemplo, levando em consideração a duração das longas guerras,
esses tributos são ordinários, resultando durante o Estado Moderno, os impostos.
Os tributos também são dispositivos do processo civilizador.
Refletir não só o acaso do imaginário dessas pessoas, mas compreender as
empreitadas de inovação tecnológica bélica é importante para abarcamento da
complexidade da formação do Estado Moderno, retratado por Norbert Elias. O quarto
e último ponto de análise é a relação da tecnologia e recursos como forma de alterar
o curso da guerra. A cena do uso da catapulta (8’ – 9’03’’), mostra com eficiência as
máquinas feitas para destruição e um adicional para se sobressair o inimigo. Ou seja,
a competição entre os senhores feudais era um dos motivos para o aperfeiçoamento
das técnicas militares. Entre (48’20’’ – 51’20’’) houve o evento de “batalha surpresa”,
com utilização do arco e flecha flamejante adentrando, um bosque, no ponto de vista
dos guerreiros escoceses, uma defesa natural. Aqui há uma dualidade, visto que de
um lado se tem um bosque servindo de técnica de defesa, do outro, flechas
flamejantes.
O treinamento das técnicas utilizadas em batalhas também é uma investidura
bélica retratada no filme (80’20’’ – 82’), em que os nobres praticam o ofício de arco
e flecha. Por fim, a astúcia das pessoas que compunham esses episódios de
confronto, como visto entre (98’ – 110’), Roberto “the Bruce” utiliza o relevo e os
conhecimentos do território escocês a seu favor, construindo enormes valas e
dispondo nelas grandes estacas pontiagudas, inviabilizando o confronto da cavalaria
inglesa, impossibilitando aos inimigos vencer a batalha.
Relacionando com o processo civilizatório, a tecnologia de guerra, culminou
no fortalecimento da figura central do rei e na necessidade de aliança entre nobres
para sobressaírem outros nobres. Elias destaca que
“[...] a tecnologia da guerra atuou em detrimento da nobreza: a
infantaria, os desprezados soldados a pé, tornou-se mais importante em
batalha do que a cavalaria. Não apenas se quebrava, dessa forma, a
superioridade militar do estado medieval do guerreiro, mas também seu
monopólio de armas. Uma situação em que todos os nobres eram guerreiros
ou, reciprocamente, em que todos os guerreiros eram nobres, começou a
transformar-se em outra na qual o nobre era, na melhor das hipóteses, um
oficial de tropas plebéias que tinham que ser remuneradas. O monopólio das
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armas e do poder militar passou de todo o estado nobre para as mãos de um
único membro, o príncipe ou rei que, apoiado na renda tributária de toda a
região, podia manter o maior exército. Por isso mesmo, a maior parte da
nobreza mudou, de guerreiros ou cavaleiros relativamente livres, para
guerreiros ou oficiais assalariados a serviço do suserano.” (ELIAS, 1993,
p.21).
Referências
ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1993. 2 v.
LEGÍTIMO Rei. Direção: David Mackenzie. EUA: Sigma Films, 2018. NETFLIX.