ROTEIRO CURSO GUIAS

CURSO: GUIAS
Curso dedicado à discussão sobre o sentido de cada Guia, na Tenda de Benedito. Pré requisito:
Alistamento; O que é Umbanda;

AULA 1

 SENTIDO DE GUIA

A expressão “guia”, na Umbanda, tem um sentido duplo. Significa os

nossos fios de conta, e os Espíritos que baixam para trabalhar conosco.

- guias (fios de conta) – são os colares que montamos e imantamos com

energias específicas. Pode ser imantado com a energia dos Guias, dos Orixás,
pode ser imantado com energia “repelente”, etc.

E os Guias? Como dito, são Espíritos que têm alguma missão conosco, e que
se comprometem a seguir essa caminhada mediúnica nos auxiliando de alguma
forma. Estes Espíritos não são perfeitos, nem super poderosos. Eles somente
estão livres dos limites de um corpo físico, e possuem certa maturidade
espiritual para nos auxiliarem. Contudo, eles também têm seus carmas para
vencer, e por isso possuem essa ligação conosco.
Estes Espíritos podem ter alguma ligação conosco de um passado, ou
podem ser inseridos na nossa Coroa por sintonia nesta vida. Independente do
caso, a missão é a mesma: ajudar o médium a queimar seu carma, e queimar o
próprio carma nesta caminhada conjunta.
Como Espíritos, no entanto, não podemos esquecer que eles possuem
personalidade, defeitos, qualidades, e tudo isso também precisa ser trabalhado.
Estes Espíritos, ao ingressarem para a Seara de Umbanda, são colocados em
Linhas de Atuação, de acordo com a sua afinidade e sintonia, e recebem
“nomes” e “uniforme” de trabalho.
Em alguns Fundamentos, estas Linhas são organizadas de forma
hierárquica, de acordo com nível de evolução dos Espíritos que as compõem.
Na nossa Casa, no entanto, não entendemos que um Espírito é mais ou menos
evoluído porque pertence a esta ou àquela Linha. Temos Espíritos mais ou
menos evoluídos em todas as Linhas de atuação, e devemos seguir a máxima do
Caboclo das Sete Encruzilhadas em todas as linhas. Ou seja, aprenderemos com
os que sabem mais, e ensinaremos (doutrinaremos) os que souberem menos.
Além disso, existe uma categorização dentro de cada uma das Linhas,
referente à energia dos Orixás. Por exemplo, na Linha de Pretos Velhos, existem
Guias que trabalham com a energia de Ogum, outros que trabalham com a
energia de Xangô, e por aí vamos. Alguns teóricos associam o nome dos Guias
com a energia do Orixá que este Guia trabalha (Pai Benedito de Aruanda –
 ROTEIRO CURSO GUIAS
neste caso, os Pretos Velhos de Aruanda trabalham na energia de Oxalá). Na
nossa Casa, aconselhamos que esta pesquisa não seja feita a fundo, porque este
fundamento pode variar de acordo com o Terreiro. Posteriormente, abriremos
cursos para entendermos a relação do nome com a energia com que o Guia
trabalha, de acordo com os fundamentos da nossa Casa.

 “TRIPÉ” DA FUNDAÇÃO – ARQUÉTIPOS

A nossa Religião possui uma enorme riqueza de sentido e fundamentos.

Tudo, na dinâmica da Umbanda, possui um sentido espiritual muito
interessante. A Umbanda foi criada sob o tripé de três Linhas de trabalho
consideradas primordiais: Beijada, Caboclo e Preto Velho. Estas Linhas
possuem, não só um sentido prático na dinâmica espiritual, mas um sentido
reflexivo sobre a caminhada do ser humano da Terra. Além disso, remontam
um pouco da raiz primária da nossa Religião.
A Linha de Beijada, representa a pureza e a inocência com que nós vimos ao
mundo. É comporta pelo arquétipo da criança, com as suas brincadeiras, seus
risos e suas lágrimas fáceis, suas traquinagens, tudo para fazer brotar em nós a
Alegria. Estudos umbandistas apontam a manifestação desta linha como sendo
a raiz “branca”, européia da Umbanda. Afinal, as Crianças de Umbanda
brincam e se adornam com elementos herdados desta cultura (carrinho, bola,
boneca, etc). Podemos pensar que a raiz européia, nobre, se faz presente na
Umbanda na forma de uma Criança, com toda a sua pureza, sem a maldade da
comparação da cor da pele e da condição financeira.
A Linha de Caboclo representa o vigor, a força do ser humano adulto. Toda
a manifestação dos Espíritos desta Linha nos incute essa energia. Traz em si,
como o próprio nome nos indica, a raiz indígena, fazendo renascer a raiz
primeira da nossa terra.
A Linha de Pretos Velhos nos inspira a sabedoria, a resignação do ancião.
Traz a imagem do negro, que conseguiu sobreviver à escravidão, e traz consigo
toda a sabedoria de quem conseguiu suportar uma vida inteira de sofrimento.
Encontramos então, no tripé da Umbanda, nas nossas Linhas primordiais, a
nossa raiz branca, negra e indígena. A realidade espiritual refletindo a realidade
sócio cultural que vivemos no Brasil. Uma mistura de povos, de raízes, que nos
constituem tanto do físico quanto no espiritual.
Cabe ressaltar que, como informado anteriormente, estas Linhas, como
todas as outras Linhas de atuação na Umbanda, têm todo um sentido reflexivo
e, de certa forma, subjetivo da história do nosso povo, que se reflete nos
arquétipos de cada Linha. Isso quer dizer que um Espírito não precisa ser negro
e ancião para atuar na Linha de Preto Velho.
 ROTEIRO CURSO GUIAS
AULA 2

Na nossa Casa, a atuação dos Guias se dá de forma organizada, de acordo

com o tipo de trabalho que o Guia desenvolve, e a afinidade que possui com
determinadas energias. Diversos conceitos são utilizados para esta organização,
mas vamos nos ater neste Roteiro ao conceito de Campo de Atuação. Por
Campo de Atuação, entendemos a Linha da Direita, a Linha Cruzada e a Linha
de Esquerda. A linha de direita trabalha na intenção de cura, orientação, ou
seja, tem a responsabilidade dos trabalhos de elevação. As demais linhas,
descreveremos a seguir.

 LINHA DE ESQUERDA

A Linha de Esquerda é responsável pela nossa proteção. É composta pelos

Guias de Esquerda, sendo os Exus, Pombogiras, Ciganos, Malandros, Navalha,
etc.
Diferente de todas as outras Linhas, a Linha de Esquerda é composta por
Espíritos que necessitam da energia dos agrados que deixamos para eles. Ou
seja, enquanto a energia dos agrados de todas as outras Linhas e dos Orixás é
convertida totalmente para a nossa Coroa, a energia dos agrados de Esquerda é
dividida entre o médium e o Guia. Dessa forma, fortalecemos o Guia e
aumentamos a nossa sintonia com eles.

 GUIAS CRUZADOS

Os Guias Cruzados trabalham com a energia tanto de Direita quanto de

Esquerda. Ou seja, trabalham tanto para a elevação quanto para proteção.
Porém, a sua atuação é bastante específica, na nossa Casa. Cada uma das Linhas
Cruzadas atua em um campo específico nos médiuns, como descreveremos a
seguir:

- Boiadeiro/Mineiro – atuam no descarrego do corpo e em desobsessões

leves. Encaminham espíritos que estão em torno daquele que está recebendo o
passe, descarregando os efeitos que estes espíritos possam ter deixado.

- Cangaço – atuam na proteção da Corrente mediúnica, principalmente no

momento em que a Gira está aberta. Normalmente baixam em bando, pois
atuam na Corrente como um todo.

- Baianos – atuam no descarrego de excessos, principalmente sob efeito de

bebida alcoólica.

- Marinheiros – Atuam na proteção e no descarrego de energias mentais,

demanda de mente, etc. Ou seja, atuam na proteção do campo mental.
 ROTEIRO CURSO GUIAS
 REFLEXÃO

Agora que terminamos este módulo, que conversamos sobre todas as

Linhas de Atuação, você conseguiu perceber a relação entre cada uma das
Linhas e a cultura do nosso país? Ficou claro que a Umbanda, como uma
religião brasileira, respeita e dá voz até para as manifestações da cultura
brasileira! Dá voz àqueles que foram excluídos, que ficaram à margem da
sociedade! Na Umbanda, o Negro tem voz, e ainda pode ser chefe! O Índio é
respeitado como autoridade! Os boiadeiros, representando o povo do interior,
da roça, tem atuação fundamental no Terreiro!
Os Malandros, as Pombogiras, os Baianos, todos manifestam as faces da
nossa Cultura, e recebem voz e força nos Terreiros! Isso reforça a máxima de
que a Umbanda é uma religião de todos, para todos!
E será que o nosso respeito deve ser somente pelas representações culturais
do nosso Povo dentro do Terreiro? O que fazemos com os negros, os
nordestinos, enfim, o que fazemos fora do Terreiro com os que vivem à
margem?