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EMPREENDEDORISMO

JULIANO MARIO DA SILVA


EMPREENDEDORISMO

JULIANO MARIO DA SILVA


SOBRE A FACULDADE

O projeto da Faculdade de Educação, Tecnologia e Administração de Caarapó, nasceu das intenções

assertivas e resilientes de profissionais da educação, que apoiados pelos ideais mais nobres e ouvidas as

forças representativas da sociedade de Caarapó, resolveram instalar uma Instituição de Ensino Superior (IES)

no município, considerando uma série de fatores, principalmente a necessidade social de implantação de uma

IES nesse município brasileiro da região Centro-Oeste do Brasil, situado no Estado de Mato Grosso do Sul.

A FETAC, ocupa as instalações do imóvel cedido pela PM de Caarapó, via Lei Municipal Nº 1.158, de 3 de julho

de 2013, com outorga de permissão de uso especial no período noturno de 12 (doze) salas de aulas e demais

dependências da Escola Municipal Cândido Lemes dos Santos, localizada na AV.7 de setembro s/n - Jardim Santa

Marta. Para tal, mediante parceria com a cedente, promoveu as adaptações correspondentes ao atendimento

necessário ao cumprimento das exigências curriculares dos dois cursos em funcionamento e o de Pedagogia a

ser ofertado a partir do ato de autorização, aja vista o processo em tramitação junto ao INEP/MEC.

Considerando o rápido desenvolvimento sócio-econômico no âmbito empresarial e da expansão

contemporânea na área das instituições educacionais, reafirmando a crescente necessidade de formação

de administradores empreendedores e competentes para a gestão das organizações ante aos desafios da

Globalização, bem como a necessidade de profissionais de educação com elevado caráter pedagógico a

serem inseridos no processo da intervenção junto, por exemplo, a indivíduos com necessidades educacionais

especiais, a FETAC atenta às questões da sociedade do empreendedorismo e das organizações empresariais,

carentes de inovação e as decorrências de investimentos em medidas de política social pública, - procurará

firmar parceria com a Associação Comercial e Industrial de Caarapó e com as Secretarias Municipais de

Educação da região do entorno geográfico, visando realizar projetos de interesse da comunidade.


Ficha catalográfica - Serviço de Biblioteca e Documentação –
Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó

Ficha catalográfica realizada pela bibliotecária – Ofélia Cristina X. de Andrade L. Costa - CRB 8º/8014.
Este livro é publicado pelo Programa de Publicações Digitais da Faculdade Católica Paulista
APRESENTAÇÃO

Livro: EMPREENDEDORISMO

Juliano Mario da Silva

Olá, prezado(a) estudante, é sempre um prazer escrever sobre o empreendedorismo, esse é um assunto que sempre

me chamou a atenção pelas possibilidades de mudança que podem trazer para a vida das pessoas. Sou formado em

economia e administração. Na conclusão da graduação em economia procurei entender qual foi a influência da implan-

tação do sistema Simples de tributação de pequenas e médias empresas, uma grande mudança na época, no início dos

anos 90. Já na graduação em administração elaborei um diagnóstico em uma pequena empresa no ramo de autopeças

e no mestrado em administração procurei entender qual a influência das políticas públicas no ambiente empreendedor

e qual a influência no IDH-M Índice de Desenvolvimento Humano nos Municípios, além disso tive a oportunidade de

apresentar vários artigos sobre empreendedorismo em congressos nacionais e internacionais.

Enfim, boa parte da minha formação acadêmica é voltada para o estudo do empreendedorismo, além disso, tive

a oportunidade de fazer duas especializações, um MBA em Gestão Empresarial e outra especialização em educação

com foco na educação a distância.

Ainda falando de empreendedorismo atuei como consultor no sistema SEBRAE, onde tive a oportunidade de tra-

balhar com desenvolvimento local na organização de cadeias produtivas, também lecionei a disciplina de empreen-

dedorismo para vários cursos de graduação na modalidade presencial e a distância, atualmente tenho apresentado as

disciplinas relacionadas ao empreendedorismo para cursos de pós-graduação.

Para facilitar o estudo proposto aqui, o livro está dividido em três unidades, além dos conteúdos existem reflexões

e dicas de leitura e ao final de cada unidade disponibilizamos questões que auxiliam na fixação do conteúdo. Na pri-

meira unidade serão apresentadas as definições do empreendedorismo considerando as diferentes visões e diferentes

escolas, além disso, existe um capítulo que apresenta as diferenças entre o empreendedorismo no Brasil e em outros

países, bem como a apresentação do perfil dos empreendedores.

Na segunda unidade o estudo focará no entendimento do processo de criação de empresas e no estudo da opor-

tunidade que são assuntos importantes para o entendimento do empreendedorismo. Como o empreendedorismo
deve ser estudado com muito critério, a unidade ainda destaca os riscos e problemas relacionados à abertura de novos

negócios.

Concluindo o livro, a terceira unidade trará os assuntos mais relacionados à prática que são os estudos sobre os

planos de negócios e o papel socioambiental do empreendedor. Como empreendedores podem estar à frente de

empresas ou fazendo grande sucesso dentro das empresas, a última unidade trará ainda a apresentação do intraem-

preendedorismo enfatizando a capacidade que estes empreendedores têm de transformar as empresas onde atuam.

Espero que o conteúdo tenha grande importância em sua vida acadêmica e profissional motivando-os a entender

melhor o que é o empreendedorismo e quem sabe até iniciar um novo negócio.

Bom estudo e sucesso no seu curso!

Prof. Me. Juliano Mario da Silva


SUMÁRIO

UNIDADE 1: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DO ESTUDO


DO EMPREENDEDORISMO ........................................................... 11

Definições de Empreendedorismo .......................................................... 13

O empreendedor no Brasil e no Mundo ................................................. 16

O perfil empreendedor ............................................................................. 34

Considerações finais ................................................................................. 39

UNIDADE 2: ESTUDO DAS OPORTUNIDADES


NA CRIAÇÃO DE NEGÓCIOS ........................................................ 41

O processo de criação de um negócio ................................................... 43

Oportunidades .......................................................................................... 51

Escolha, risco e problemas a considerar no ato de empreender.......... 59

Considerações finais ................................................................................. 62

UNIDADE 3: PLANO DE NEGÓCIOS E TÓPICOS


AVANÇADOS NO ESTUDO DO EMPREENDEDORISMO ............... 64

Intraempreendedorismo ........................................................................... 66

Plano de Negócios .................................................................................... 70


Responsabilidade Socioambiental do Empreendedor........................... 78

Considerações finais.................................................................................. 80

Conclusão..............................................................................................81

Referências............................................................................................83
UNIDADE 1

Aspectos introdutórios do Estudo do


Empreendedorismo

Juliano Mario da Silva

Objetivo de Aprendizagem

• Conhecer as definições do Empreendedorismo.


• Entender a diferença do Empreendedorismo no Brasil e em outros países.
• Conhecer os perfis empreendedores.

Plano de Estudo

Serão abordados os seguintes tópicos:


• Definições de Empreendedorismo
• O Empreendedorismo no Brasil e no Mundo
• O perfil Empreendedor

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UNIDADE 1
Empreendedorismo

INTRODUÇÃO Um importante foco de estudo do empreendedoris-

Na unidade I você irá entender como a pesquisa mo e que tem tido cada vez mais destaque é o estu-

em empreendedorismo tem se diversificado à me- do do ambiente, onde os novos empreendedores

dida que os desafios acerca deste campo de estu- ou empreendedores já estabelecidos interagem uns

do vão sendo explorados por interesse de pesqui- com os outros. Isso fica bastante evidente quando

sadores. Atualmente, as pesquisas apresentam vá- comparamos as políticas de incentivo a um ambien-

rios focos, como o estudo sobre a criação de novos te empreendedor no Brasil e em outros países do

negócios, importância da exploração das oportuni- mundo. É interessante verificar que o Brasil tem tan-

dades, a participação de mulheres no mercado en- tas iniciativas quantos outros países desenvolvidos,

fim, o empreendedorismo é um campo de estudos porém aqui o que se percebe é a falta de foco e a

dinâmico e empolgante, pois aborda assuntos de dificuldade com os preceitos mais básicos de uma

interesse da maioria das pessoas como é o caso do gestão profissional, enquanto que em países desen-

estudo sobre a criação de algo, no caso uma em- volvidos o foco já está em incentivar a inovação para

presa, que lhe traga muita satisfação e que se te- agregação de valor ao que é produzido. Basicamen-

nha a possibilidade de receber por isso, é mais ou te, nossos pequenos negócios ainda, na sua grande

menos como os grandes astros do futebol do mun- maioria, iniciam copiando outros já existentes e não

do, aparentemente ganham muito bem para fazer procuram inovar, isso em parte se deve a baixa for-

o que gostam. mação de nossos empreendedores.

Mas qual é o perfil empreendedor? São várias as

características que compõem esse perfil, e vou dar

uma notícia que talvez surpreenda você que ago-

ra lê essa introdução, uma dos principais perfis em-

preendedores é o gosto pelo trabalho. Isso mesmo!

Empreendedores trabalham muito mais que empre-

gados, enganam-se os que imaginam que abrir um

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Juliano Mario da Silva

pequeno negócio se resume a colocar alguém para acesso à tecnologia e o aumento do incentivo ao

cuidar da empresa enquanto se mantém o emprego empreendedorismo, é o que pode trazer essa pro-

é uma fórmula para ter um ganho extra. dutividade de forma mais rápida e sustentável.

Lembra-se daquele antigo ditado que diz que os

bois engordam aos olhos do dono? Isso é a pura

verdade no empreendedorismo. Empreendedores

trabalham muito e tem prazer em fazer isso.

Assim, espero que aproveite bem essa primeira Interessante vídeo sobre o empreendedo-
rismo nos dias atuais: <http://www.youtube.
unidade, ela é a base para entendermos o mundo
com/watch?v=2iTlhNwBu3g>.
econômico e o papel do empreendedorismo nesse

mundo. Um ótimo estudo! Assim enquanto um campo de estudos em de-

senvolvimento o empreendedorismo apresenta vá-

DEFINIÇÕES DE EMPREENDEDORISMO rias definições, em geral, essas diferentes defini-

O empreendedorismo é um campo de estudos ções estão relacionadas ao foco que é dado por ca-

que se encontra em evolução, o entendimento des- da concepção. A palavra empreendedorismo vem,

te fenômeno é importante, pois o momento econô- em livre tradução, da palavra em inglês entrepre-

mico exige geração de renda por meio do aumento neurship, e esta influenciada pelo termo francês en-

da produtividade, principalmente no caso brasilei- trepreneur que designava alguém que intermedia-

ro. Segundo a reportagem de Stefano e Maia Junior va e facilitava a relação entre a ponta produtora e a

(2012) um americano produz, em média ao equiva- ponta consumidora, de certa forma, alguém que via

lente a cinco brasileiros, isso em parte se deve a di- uma oportunidade nesse comércio. Alguns econo-

ferença do acesso ao conhecimento e a tecnologia mistas utilizam o termo empresariedade com o mes-

existentes no Brasil e nos Estados Unidos. Em ge- mo significado de empreendedorismo.

ral, economias em desenvolvimento como a nossa Entre os autores mais citados podemos destacar

conquistarão produtividade à medida que crescer o Dolabela (1999) que diz que o empreendedorismo se

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UNIDADE 1
Empreendedorismo

foca no estudo do empreendedor, compreendendo Para Hisrish (2004) o empreendedorismo estuda

seu perfil, aspectos idiossincráticos e ambiente em- a capacidade que o empreendedor tem em articu-

preendedor. Para Schumpeter (1983) o empreende- lar os vários recursos produtivos existentes ao seu

dor é aquele que tem a capacidade de ir contra ou redor destacando-se aí a sensibilidade humana que

destruir a ordem econômica existente pela criação permite desenvolver altos desempenhos produtivos

de novas formas de gestão, novos produtos ou servi- de diferentes equipes.

ços, enfim o empreendedorismo foca no estudo des-

te ator que aproveita oportunidades onde outros não

têm essa percepção, porém faz tudo isso consideran-

do os riscos que em geral são bem calculados.


Se o empreendedorismo é tão importante
Dornelas (2005) destaca que o estudo do empreen- para o desenvolvimento econômico, por que
países como o Brasil não redirecionam seu
dedorismo se foca na iniciativa que o empreendedor
foco a melhoria do ambiente empreendedor?
tem em criar um novo negócio, no estudo da paixão

que em geral estas pessoas têm pelo que fazem utili- Davidsson (2005) analisando todos os concei-

zando de forma criativa os recursos que tem disponíveis tos de empreendedorismo e suas análises sobre os

para transformação de sua organização, bem como a empreendedores chegou a uma curiosa conclusão,

transformação social. Veiga (2006) foca a análise do em- a de que empreendedores são loucos abençoados

preendedorismo como uma visão estratégica de trans- por Deus. Esta é uma definição engraçada, porém se

formação da ordem socioeconômica pela geração de considerarmos o ambiente ácido ao empreendedo-

riqueza e capacidade de distribuição de renda. rismo brasileiro, não é difícil encontrar empreende-

dores que sem nada, apenas com uma visão de opor-

tunidade e com muito trabalho, conseguiram vencer,

foram verdadeiros loucos que Deus abençoou.

Existem duas principais correntes no estudo do

empreendedorismo, uma dos comportamentalistas

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Juliano Mario da Silva

que se focam nas atitudes e intuições comuns aos INDICAÇÃO DE LEITURA


empreendedores e os economistas que enfatizam O livro 1808 de Laurindo Gomes é uma rica abor-

mais as questões operacionais nas empresas. Em dagem histórica do Brasil e que explica muito do per-

comum, o que podemos observar entre os vários fil empreendedor encontrado no Brasil em compara-

conceitos existentes são expressões, como: ção com outros países como a Inglaterra da época.

• Geração de valor a sociedade.

• Visão de oportunidade. Quanto à motivação para se empreender esta

• Mudança da realidade existente. também se divide em dois principais motivos, o em-

• Criação, organização e planejamento. preendedorismo por necessidade onde a pessoa

• Plano de negócios. empreende pela necessidade de geração de renda,

• Capacidade de liderar. o que não é o mais adequado, pois geralmente não

• Inovação. há tempo necessário para se analisar todas as variá-

• Iniciativa. veis no caso de abertura de uma nova empresa. E o

• Assume riscos calculados. empreendedorismo por oportunidade, onde se em-

Quanto ao tipo de empreendedor, este pode preende para aproveitar uma oportunidade existen-

ser dividido em dois principais grupos o primeiro te aplicando as habilidades para administrar todos

grupo dos empreendedores internos ou intraem- os recursos envolvidos em um negócio.

preendedores que inovam e criam valor dentro das Entre as características mais comuns dos empre-

organizações. Como todo o empreendedor este endedores, independente do tipo ou da motivação,

é proativo nunca se acomodando na sua zona de podemos destacar:

conforto. O Segundo grupo, muito mais estudado, • A ética.

são os empreendedores externo, conforme já des- • Preocupação com o desenvolvimento pessoal e

tacado são aqueles que alavancam o desenvolvi- social.

mento por meio da inovação ou da boa gestão dos • Capacidade de inventar e de inovar.

seus negócios. • Criatividade e persistência.

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UNIDADE 1
Empreendedorismo

• Visão de oportunidade. no mercado e, consequentemente, no incremen-

• Comprometimento. to do comportamento competitivo que direciona o

• Autoconfiança. processo de mercado, ou seja, podem criar um am-

Assim o grande desafio do empreendedorismo biente mais adequado aos empreendedores e suas

é entender como os empreendedores conseguem iniciativas. Não são os políticos que exercem o em-

destruir a ordem existente e encontrar caminhos, on- preendedorismo, estes decidem facilidades para o

de outros não conseguem, que tragam prosperidade empreendedorismo por meio de mudanças organi-

pessoal e aos demais que estão ao seu redor. Mais zacionais, porém esse processo deve ser organizado

ainda, cabe ao empreendedorismo organizar essas de tal forma que se torne sustentável.

informações levando este conhecimento ao maior Para Shane (2003) as mudanças nas políticas volta-

número possível de pessoas, pois a multiplicação das ao empreendedorismo, dão a possibilidade para

desse conhecimento pode potencializar o crescimen- que as empresas realoquem recursos para um novo

to econômico à medida que os recursos envolvidos uso de forma que este se torne mais produtivo. Rati-

no ato de empreender são melhor alocados. ficando, Freitas et al. (2004), identificam a importân-

cia do Estado por meio das políticas públicas para a

O EMPREENDEDOR NO BRASIL promoção da capacidade empresarial para prospec-

E NO MUNDO ção de novos mercados, por exemplo, a exportação.

Assim como em outras áreas públicas como edu- Conceitualmente existem inúmeras formas de in-

cação, cultura ou saúde a atuação dos governos, se- centivo ao empreendedorismo por parte do setor

ja municipal, estadual ou federal, é fundamental pa- público, recentemente a atuação do Estado tem

ra a formação de um ambiente empreendedor. Para estimulado o Empreendedorismo Social (DUAR-

Davidsson (2005), políticos e suas políticas podem TE; SANTOS, 2003), as redes de cooperação emer-

decidir mudanças em como a sociedade é organi- ge como uma ferramenta de suporte às novas pro-

zada e introduzir regulamentações ou outras mu- postas de políticas públicas (HASTENREITER-FI-

danças institucionais na qual criam oportunidades LHO; SOUZA, 2004) ou segundo, Espejo e Previdelli

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Juliano Mario da Silva

(2004), a atuação de instituições de ensino privado importância. Neste sentido, para Hisrich e Peters

que implantam, nos seus projetos pedagógicos, (2004), o governo tem relevante papel no estímu-

programas, métodos e materiais didático-pedagó- lo à pesquisa, apesar desta atuação ainda ter mui-

gicos voltados ao empreendedorismo. to espaço para crescer, principalmente em paí-

Pode-se destacar também como exemplo de po- ses em desenvolvimento assim como nos países

líticas voltadas ao empreendedorismo, os progra- subdesenvolvidos.

mas de acesso ao microcrédito, como forma de fo- Como forma de mensurar a Taxa de Atividade

mento voltado ao pequeno empreendedor que tem Empreendedora (TEA) em países do mundo e as ne-

grande importância na expansão de vendas me- cessidades de melhoria das condições ou ambiente

diante a disponibilidade de recursos financeiros e, de suas empresas, o relatório GEM (2011) – Global

consequentemente, expansão no processo produ- Entrepreneurship Monitor, pesquisa o empreende-

tivo desse segmento (ANDREASSI, 2003). No que dorismo em mais e 40 países, destacando o Brasil

se refere ao empreendedorismo feminino, nota-se entre as nações mais empreendedoras do mundo.

um quadro em grande mudança no Brasil, apesar de Além disso, destacou as ações necessárias relacio-

tardio, assim como ocorre em vários países do mun- nadas às políticas e programas públicos para o em-

do (MACHADO, 2001). preendedorismo. No caso brasileiro ações efetivas

existem, o desafio que se coloca é os empreende-

dores de diferentes tipos conhecerem as iniciativas

para melhor tirar proveito delas.

Este relatório GEM é anual e a cada edição algu-


Programa federal de microcrédito: mas recomendações são sugeridas com foco a me-
<http://www.youtube.com/watch?v=JLAZp-
lhoria do ambiente empreendedor, entre elas cabe
GLIeEI>.
destacar:

No entanto, para que essas iniciativas tenham • Melhorar as condições dos empreendedores por

maior eficiência a tecnologia passa a ter grande necessidade onde o empreendedor inicia um

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UNIDADE 1
Empreendedorismo

negócio com foco em geração de renda, em ge- mediante financiamento para compra ou medi-

ral substituindo um antigo emprego. Estes conti- das de diminuição da burocracia – como fundos

nuam tendo dificuldades para obter recursos no de aval em substituição à fiança – e dos preços de

mercado formal que viabilizem seus negócios. aluguéis – com incentivos fiscais para construção

• Fortalecer a criatividade como elemento essen- e locação de imóveis comerciais e de produção.

cial do empreendedorismo. O relatório GEM de-

monstra que a grande maioria dos empreendi- INDICAÇÃO DE LEITURA


mentos opera em poucos segmentos, de alta Relatório GEM 2011:

concorrência e baixo nível de inovação. <http://www.ibqp.org.br/img/projetos/downlo-

• Preparar melhor as pessoas que estão pensando ads/arquivo_20120705122320.pdf>.

em se tornar empreendedoras para que compre-

enda o mercado em que desejam atuar – principal- Apesar das necessidades de melhoria do am-

mente a dinâmica da concorrência, o potencial de biente empreendedor no Brasil, atualmente vive-

aceitação do produto etc. – antes de despender re- mos uma fase relativamente positiva do ponto de

cursos e energias, seus e de seus familiares. vista institucional para o desenvolvimento dos ne-

• Orientar potenciais empreendedores quanto ao gócios no Brasil. Porém, não basta lançar as políticas

potencial das atividades relacionadas ao forneci- e programas para a promoção do empreendedoris-

mento de produtos a empresas, de maior valor mo, o importante, além disso, é fazê-las chegar ao

agregado. objetivo final que é o empreendedor.

• Introduzir modificações na legislação trabalhista, Neste sentido destacaremos aqui ações nacio-

com incentivos para que pequenos empreende- nais que tem por objetivo a melhoria do ambiente

dores contratem mão de obra formal, expandin- para o investimento em negócios.

do a força de trabalho protegida por direitos. É o caso da Lei nº 11.196/2005, a medida provi-

• Facilitar o acesso a espaço físico para os em- sória 255, “a MP do bem”, que provavelmente seja

preendedores estabelecerem seus negócios, a de maior alcance no meio empresarial, pois altera

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Juliano Mario da Silva

pontos importantes como a desoneração do investi- Há ainda uma crescente preocupação com a par-

mento e empresas exportadoras de bens de capital, ticipação das pequenas empresas nas compras go-

incentivos à contratação de pesquisadores, duplica- vernamentais. A principal peça de regulamentação

ção do enquadramento das empresas ao sistema de do processo de Compras Governamentais, a Lei n.º

tributação “Simples”, isenção de PIS e Cofins para 8.666/93, que prevê que “[...] a política de compras

compra de computadores de baixo custo. governamentais dará prioridade à microempresa e à

Outro avanço foi a aprovação no congresso brasi- empresa de pequeno porte, individualmente ou de

leiro do “Super Simples”, lei geral das micro e peque- forma associada com processo especial e simplifica-

nas empresas – projeto de lei 123/2004 – que agiliza do, nos termos da regulamentação desta Lei” (SE-

o sistema de arrecadação das empresas beneficiadas. BRAE-SP, 2005).

Além dessas iniciativas Federais têm-se nos Estados A lei da inovação que objetiva o fortalecimento

políticas de redução das alíquotas do ICMS – Impos- do sistema nacional de inovação, ao prever meca-

to sobre a Circulação de Mercadorias, de acordo com nismos que facilitem a integração entre centros de

o faturamento, incluindo a isenção dos impostos esta- pesquisa e empresas. Esta lei é um das 57 medidas

duais em segmentos estratégicos para micro e peque- apresentadas no anúncio do detalhamento das Di-

nas empresas como alguns produtos da cesta básica. retrizes para as Políticas Industriais, Tecnológicas e

de Comércio Exterior.

Além das políticas voltadas aos incentivos tribu-

tários, existem programas direcionados ao acesso a

Considerando as políticas públicas existen- recursos financeiros, que é o caso do Juro Zero do
tes no Brasil seria interessante que o assunto
Finep para empresas de base tecnológica. O setor
empreendedorismo já fosse aplicado aos alu-
nos desde o Ensino Médio onde o aluno já de tecnologia, além de recursos disponibilizados,
tem sonhos e entender os conceitos básicos tem também vários programas de incentivos do Mi-
de empreendedorismo nessa fase dos estu-
dos melhoraria muito os resultados das nos- nistério da Ciência e Tecnologia e comércio exterior,

sas empresas, e, consequentemente, da nossa como (MCT, 2010):

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UNIDADE 1
Empreendedorismo

• Programa Brasileiro de Design – PBD: voltado que promovam o desenvolvimento de novas em-

para a inserção e incremento da gestão do de- presas sustentáveis em todo o país.

sign nos setores produtivos. • Fundo Verde-Amarelo (FVA – Universidade-Em-

• Programa de Capacitação de Recursos Humanos presa): o FVA tem como finalidade contribuir para

para Atividades Estratégicas: visa apoiar de for- a criação de um ambiente favorável à capacitação

ma institucional ou interinstitucional projetos pa- para a inovação tecnológica, visando o aumento

ra a capacitação de recursos humanos vinculados da competitividade do setor produtivo e incenti-

à pesquisa tecnológica e gestão tecnológica. vando o comprometimento das empresas e insti-

• Programa de Desenvolvimento tecnológico In- tuições de pesquisa com o processo de inovação.

dustrial e Agropecuário: tem por objetivo a ca- • Programa Empreendedor Rural, uma parceria do

pacitação tecnológica das indústrias e da agro- Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SE-

pecuária brasileira, visando a geração de no- NAR-PR e o Serviço de Apoio à Pequena Empre-

vos produtos, processos aprimorando suas sa no Paraná – SEBRAE-PR. Voltado à gestão em-

características. preendedora da propriedade rural (EMPREEN-

• Projeto Alfa: tem por objetivo estimular a inova- DEDOR RURAL, 2005).

ção tecnológica nas micros e pequenas indús- Existem também fontes de financiamento para

trias, por meio da oferta de linha de financiamen- os mais diversos segmentos, como:

to, não reembolsável, para apoiar a realização • Programa Brasileiro da qualidade e Produtivida-

de estudos de viabilidade econômica e técnica de – PBQP.

de projetos de desenvolvimento de inovações • Programa Novos Polos de Exportações – PNPE.

tecnológicas. • Financiamento às Exportações – PROEX.

• Programa de Apoio à capacitação Tecnológica • Programa de Apoio às Micro e Pequenas Empre-

da Indústria – PACTI. sas – PMPE.

• Programa Nacional de Apoio a Incubadora de • Fundo de Desenvolvimento Científico Tecnológi-

empresas: incentivar a abertura de instituições co – FUNDECI/BNB.

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• Fundos Constitucionais de Financiamentos instituições de ensino superior, públicas e privadas.

Regionais. Até mesmo no Ensino Fundamental existem iniciati-

• Fundações de Amparo a Pesquisa nos Estados. vas de inserir o assunto no conteúdo das disciplinas

como o programa Pedagogia Empreendedora que

tem como objetivo o incentivo ao empreendedoris-

mo ainda nos primeiros anos escolares.

Existem também iniciativas municipais, que ape-


Dicas de abertura de um negócio: sar de compor uma pequena parte das iniciativas
<http://www.youtube.com/watch?v=iHpe7o-
para o empreendedorismo, em alguns municípios
VKztc>.
tem dado grande suporte estrutural para ativida-

Mais recentemente o governo federal por meio des dessa natureza, até mesmo como iniciativas de

da Lei Complementar nº 128, de 19/12/2008 lançou fomento por meio da disponibilizarão de recursos

o programa Microempreendedor individual que é financeiros com juros diferenciados, é o caso dos

um incentivo a formalização das atividades de pes- “Bancos Sociais”.

soas que trabalham por conta própria e tem um fa- Como ferramenta de implantação de algumas

turamento máximo de R$60.000,00 anuais. Com es- políticas e programas podem-se destacar institui-

ta Lei o empreendedor pode formalizar seu trabalho ções e órgão públicos, como:

tendo acesso ao sistema bancário e a linhas de crédi- • BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento

to que estimulem seu crescimento, além do aumen- Nacional que tem como uma de suas ações prio-

to do seu mercado de trabalho uma vez que podem ritárias apoiar as micro, pequenas e médias em-

prestar pequenos serviços a grandes corporações. presas de todo o país, tendo em vista o seu pa-

Outra área em que os programas de empreende- pel na criação de empregos e geração de ren-

dorismo crescem é na área da educação se tem um da. Disponibilizando linhas de apoio financeiro

grande crescimento da implantação da disciplina de e programas específicos que oferecem as me-

empreendedorismo nos mais diversos cursos das lhores condições de custos, prazos e níveis de

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UNIDADE 1
Empreendedorismo

participação, para apoio a investimentos nos se- dirigentes empresariais e cursos focados em ar-

tores industrial, de infraestrutura, de comércio e ranjos produtivos locais onde se oferece cursos

serviços e agropecuário (BNDES, 2010). de longa duração voltados a empresários, diri-

gentes e gestores de micro e pequenas empre-

sas de todo o país (IEL, 2011).

• Instituto Empreender Endeavor, é um instituto

não governamental que foi criado a partir de uma


O Sebrae é uma instituição de capital mis-
to que tem grande penetração no território parceria com a Endeavor Initiative Inc, uma orga-
nacional, é considerado um case de sucesso
nização internacional sem fins lucrativos que pro-
mundial na promoção do empreendedorismo.
move o empreendedorismo em países em de-

• Ministério da Ciência e Tecnologia que atual- senvolvimento (ENDEAVOR, 2012).

mente disponibiliza o programa nacional de in- • Secretarias Estaduais e Municipais de Indústria e

centivo a empresas de base tecnológica confor- Comércio que tem aumentado suas atuações na

me já mencionado anteriormente. promoção do empreendedorismo nos estados e

• Sebrae – Serviço brasileiro de apoio a micro e municípios.

pequena empresa, é uma instituição técnica de Diante das necessidades de desenvolvimento

apoio ao desenvolvimento da atividade empre- econômico, seja por meio da geração de empregos

sarial de pequeno porte, voltada para o fomen- ou pela inovação tecnológica, um grande número

to e difusão de programas e projetos que visam de países tem incentivado seus empreendedores.

à promoção e ao fortalecimento das micro e pe- Podemos destacar algumas nações que tem incen-

quenas empresas. tivado o desenvolvimento por meio do incentivo ao

• Instituto Evaldo Lodi, um instituto que atua na empreendedorismo:

capacitação de empresários com cursos como • Na Áustria existe a preocupação por parte do

capacitação empresarial para micro e peque- governo com a promoção da capacitação de

nas empresas, curso de gestão estratégica para pessoal em pequenas e médias empresas. Um

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programa nessa área foi iniciado em janeiro de e recursos têm realizado promoções que incenti-

2002, com a meta de apoiar as PMEs vienenses vem jovens empresários a constituir uma cultura

na capacitação de pessoal e na melhoria da com- empreendedora.

petitividade. As empresas são ressarcidas em até • Na Alemanha existe o “Mercur” que é um pro-

50% das despesas com treinamento externo. grama financiado pelo Ministério da Educação e

• A Austrália tem como um dos principais obje- Pesquisa e pelo Instituto Federal de Treinamento

tivos para a promoção do empreendedorismo Vocacional. Este foi um projeto piloto buscando

com foco em mulheres aborígines jovens, es- verificar as possibilidades do teleaprendizado em

se grupo tem o suporte do Governo Federal co- Manufatura, e desde 2000 tornou-se uma acade-

mo parte do programa para promoção de jovens mia virtual para empresas alemãs de manufatura.

empresárias. Nesse programa o governo espera A Universidade de Colônia opera o Mercur, em

gastar U$ 11 milhões em três anos. Desde 1985 estreita colaboração com associações de classe.

o governo australiano tem um programa de in-

centivo a novas empresas para pessoas desem-

pregadas, nesse programa as pessoas recebem


Conteúdo apresentando a importância do em-
um benefício de 12 meses para iniciarem um no-
preendedorismo:
vo negócio. Em 1996 cerca de 43% da força de
<https://www.youtube.com/watch?v=WRUPn-
trabalho australiana era composta por mulhe- r9IKic>.

res que têm grande capacidade empreendedo-

ra, por isso o governo disponibiliza vários progra- • No Canadá existem instituições sem fins lucrativos

mas às mulheres empresárias. O jovem empre- como é o caso da Canadian Institute of Small Busi-

sário também é foco, principalmente no ensino ness Counsellors Inc. (CISBC), que tem o propósi-

básico, lá existem programas de simulação em- to de promover o crescimento profissional e o de-

presarial para jovens, além do governo Federal senvolvimento de pequenas empresas. Existe par-

por meio do departamento da indústria, ciência ceria do governo em várias universidades do país,

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 23


UNIDADE 1
Empreendedorismo

entre elas destacamos o Centre d’entrepreneur- • Já alguns anos a Bélgica cobre metade dos gas-

ship HEC-Poly-UdeM. O centro tem atuado mais tos das PMEs com “bônus de consultoria”. A me-

na orientação para confecção de Planos de Negó- ta é encorajar as PME’s a buscarem aconselha-

cios (sempre requeridos por qualquer instituição mento profissional para tomadas de decisão (em

financiadora no Quebec) e na administração de organização corporativa, estratégia, gerencia-

empresas recém-criadas, suprindo as ineficiências mento de pessoal, marketing, automação e meio

dos engenheiros no que tange à gestão. Promo- ambiente). Operacionalmente, as PMEs adqui-

vem também, com alguma regularidade, seminá- rem os bônus e os utilizam em projetos de con-

rios de informação e formação para seus afiliados sultoria que devem custar acima de 300 Euros.

e para a comunidade empreendedora em geral. A • Na Dinamarca o Ministério da Educação ope-

instituição conta com parceiros como o Ministério ra o Fundo para Planejamento Educacional, que

dos Negócios (Ministère des Affaires Municipales atende a praticamente todos os setores da eco-

et de la Metrópole), do Banque de Montréal, da nomia e visa especialmente atender a empresas

Bell Canada e da KPMG, dentre outros. O Centro com menos de dez empregados. A principal me-

de Empreendedorismo da McGill tem a preten- ta do Fundo é a ampliação da competência dos

são de atuar com empreendedores em projetos empregados. As atividades subsidiadas incluem

de criação de empresa atendendo ao público in- a colaboração entre entidades educacionais e

terno, promovendo seminários e conferências pa- empresas, novas formas de treinamento e desen-

ra as comunidades empreendedoras de Montreal, volvimento de competências, preparação de trei-

pelo qual é amplamente reconhecido. São vários namento e planejamento de desenvolvimento

os focos de atuação das políticas públicas para o de competências entre empresas, e a formação

empreendedorismo, como mulheres, jovens, imi- de redes de planejamento educacional e desen-

grantes e pessoas sem habilidades e pensam em volvimento de competências. É requerido que

empreender com o objetivo de crescimento e ge- o projeto seja executado em colaboração entre

ração de empregos. empregados e direção da empresa.

24 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

• Na Espanha a competência voltada à capacitação da empregabilidade para pessoas desempregadas,

de empreendedores, tem uma característica de ser o Instituto Nacional do Emprego (INEM) tem duas

descentralizado, com uma atuação regional o em- iniciativas para a promoção de desempregados na

preendedor encontra programas de treinamento iniciação de um novo negócio como a cooperativa

em várias regiões. Consequentemente, existem vá- de trabalhadores, e o programa para incentivo para

rios tamanhos de centros especializados como o CE- criação de empregos extras. O DG-PYME em parce-

SEGA (Confederação dos Empresários da Galícia), ria com o Instituto dos Jovens tem trabalhado com o

que opera na promoção de novos empreendimen- objetivo de diminuição de desemprego entre o pú-

tos. Existem também as Agências para o desenvol- blico jovem além da promoção do empreendedoris-

vimento econômico da Castilha e Leon que monito- mo. Para que se garanta o financiamento de todas

ram projetos de promoção ao empreendedorismo. estas iniciativas existem algumas organizações que

Uma rede de 21 centros de incubação e inovação é promovem o acesso do capital aos empresários co-

outra estrutura disponibilizada na Espanha para es- mo a Compania Espanola de Reafianzamiento S.A.

timular e encorajar a criação de novas empresas. (CERSA) que é uma das que trabalham com siste-

Além disso, existem programas que dão suporte e mas mútuos de garantia de crédito e o ICO-PYME

informação para pequenos empresários para a inser- que é o instituto oficial de crédito que promove fun-

ção deste em mercados que não conseguiriam atin- dos aos bancos espanhóis para promoção de pe-

gir sozinho. O DG-PYME (uma instituição de promo- quenas e médias empresas. O PIPE 2000 – Plano de

ção aos pequenos empresários com suporte do Alto Iniciação em Promoção no Exterior tem como objeti-

Conselho do Comércio), tem explorado os caminhos vo ampliar o número de pequenas e médias empre-

para orientação das empreendedoras na organiza- sas espanholas exportadoras, por meio de transfor-

ção de novos empreendimentos em parceria com mações culturais e de competitividade nas PMEs em

o Conselho da Mulher e o Ministério do Trabalho e condições de exportar. Para isso, o Programa prevê

Ação Social e o Conselho da Indústria e Comércio. apoio financeiro, bem como consultorias especiali-

Existe um número de programas para a promoção zadas individuais por uma equipe de tutores.

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 25


UNIDADE 1
Empreendedorismo

• Nos Estados Unidos um dos destaques é o proje- empresariais que localizou ao longo da região. O

to de incentivo as incubadoras de empresas que Centro de Greenbrier tem espaço para 19 inquili-

desempenharam e ainda desempenham um ex- nos residenciais. Oferecem os serviços comparti-

celente impacto econômico na promoção de em- lhados básicos providos pela maioria das incuba-

pregos e renda a partir de pequenas e médias em- doras empresariais aos clientes deles. Seus inqui-

presas. Os grupos focos para a promoção do em- linos representam uma variedade de luz pequena

preendedorismo nos EUA são a mulheres, os hispâ- que fabrica os negócios de serviço. O Foodworks

nicos, asiáticos, africanos, índios nativos e os vete- Centro Culinário é um programa de incubação que

ranos. A promoção do empreendedorismo ocorre serve para promoção em companhias de comida

não só por iniciativas governamentais, as universi- processada. Representa uma variedade de incuba-

dades têm grande destaque nesse objetivo. É o ca- ção que aponta para reunir negócios na mesma in-

so do Centro de Empreendedorismo em Harvard dústria e compartilhar recursos, ideias e informa-

tradicionalmente voltada para o ensino focado na ções. O propósito é diversificar a economia da re-

gestão de grandes corporações, a instituição tem gião desenvolvendo uma microindústria de comi-

sentido as mudanças ambientais e decidiu também da. Geralmente chamado Foodworks, é uma incu-

se inserir no campo de estudo de empreendedoris- badora residencial com um programa de afiliados.

mo. O Centro de Empreendedorismo do MIT está

totalmente voltado para o desenvolvimento de em-

presas de alta tecnologia. Seu foco está em treinar


Apresentação de projetos de incubadora de
e desenvolver líderes que irão construir bem-suce-
empresas:
didos empreendimentos de alta tecnologia. No se-
< h t t p s : / / w w w. y o u t u b e . c o m / w a t c h ? -
tor de empreendedorismo rural, o Alabama Nor- v=uH22PEUJcFM>.

deste de Sistema Empresarial (o Sistema) foi fun- • Na Finlândia existem 17 centros de ciência e tec-

dado em março de 1998 em Anniston, Alabama. O nologia localizados em universidades de alta tec-

Sistema foi projetado a criar e unir três incubadoras nologia. Essas incubadoras estão criando cerca

26 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

de 350 novas empresas por ano. Os objetivos regionais. O “Programa Nacional Finlandês de

principais em relação ao empreendedorismo são Desenvolvimento do Ambiente de Trabalho” ob-

as mulheres, imigrantes e os desempregados. A jetiva a efetividade e qualidade do ambiente de

participação de mulheres no mercado de traba- trabalho, e é gerenciado de forma tripartite. For-

lho formal não é expressiva, porém o incremen- nece suporte e recursos financeiros para o desen-

to da participação das mulheres nesse mercado volvimento de projetos em empresas. Os proje-

é objetivo das políticas públicas finlandesas. Pa- tos possuem foco na promoção de trabalho em

ra isso, o governo aposta na oferta de baixos ju- equipe e em gerenciamento por métodos de

ros, microcrédito e treinamento especializado. empoderamento, ampliação de habilidades, me-

Para os imigrantes existem projetos de inclusão lhoria do desempenho no trabalho, e formação

de provisão para a promoção do empreende- de redes de empresas. Gerência e empregados

dorismo, incluindo programa de financiamento participam do planejamento e da execução do

e esforços para facilitar o relacionamento entre projeto. Cerca de 66% dos recursos do Fundo,

empreendedores imigrantes. Outros focos dos entre 2000 e 2002, foram alocados para PMEs.

projetos para promoção do empreendedoris- • Na França a regulamentação fornece reconhe-

mo estão relacionados à formação de redes de cimento às habilidades profissionais adquiridas

cooperação entre empreendedores e a promo- pelos empregados – “VAP Validation dês ac-

ção da criação de empresas a partir de desem- quis professionels”. A VAP foi regulamentada em

pregados que pretendem abrir seu próprio ne- 1992, permitindo à pessoa que exerceu ativida-

gócio. O capital de risco industrial na Finlândia de profissional por cinco anos validar sua expe-

é muito recente e tem crescido acentuadamen- riência. Essa validação foi ampliada, em 2002, e

te desde 1999. Isso foi inicialmente estimulado tornou-se a Validation ês Acquis de l’Experience

pela Finnish Industry Investment Fund, uma ini- (VAE) – de forma que se aplique a uma gama am-

ciativa governamental no qual suportou o capital pla de diplomas, e por meio de procedimentos

de risco para crescimento e recursos para fundos mais flexíveis.

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 27


UNIDADE 1
Empreendedorismo

• A Grécia lançou por meio do Ministério do Tra- holandesas mais se identificam. Em relação à tec-

balho uma série de medidas para capacitação de nologia, espera-se que o investimento nesse se-

mão de obra empregada. Essas capacitações in- tor resulte em um rápido crescimento a partir das

cluem treinamento de empregados de empresas pequenas e médias empresas, essa tecnologia

privadas (das quais 70% dos beneficiários são fun- deve ser desenvolvida em uma parceria do Mi-

cionários de microempresas) e treinamento voca- nistério de Negócios Econômicos com as esco-

cional para empreendedores “por conta própria”. las com vocação para isso. Existe um centro de

• Na Holanda, segundo o relatório do Ministério informações que fornece serviços a empregados

da Economia Holandês (2001) a participação das e empregador, contribuindo com o desenvolvi-

políticas governamentais no acesso a informa- mento de procedimentos e ações de estímulo

ção, infraestrutura e o capital para inovação tec- à prática desse centro. Como foco principal, se

nológica têm criado novas oportunidades. Um almeja aumentar o interesse dos empregadores

dos projetos de destaque na Holanda é o Busi- em investimentos no gerenciamento de recur-

nessLift que é focado na ajuda de empreendedo- sos humanos estratégicos, bem como no interes-

res com dificuldade de captar financiamento. Ou- se dos empregados em assumir responsabilida-

tro ponto de destaque são as incubadoras orga- de por sua condição de empregabilidade. Esses

nizadas em centros de desenvolvimento de tec- objetivos são atingidos tornando visíveis as habi-

nologia, gerenciamento, marketing, exportação lidades pessoais, o que implica diferentes formas

e acesso a capitais de risco. Com relação às em- de aprendizado serem reconhecidas como ade-

preendedoras, o governo Federal tem a intenção quadas para habilidades específicas. Essa medi-

de aumentar a participação das mulheres na for- da é operada pelo Ministério de Assuntos Eco-

ça de trabalho, a participação é pequena, porém nômicos em cooperação com os Ministérios de

tem aumentado, mas o governo em uma estraté- Assuntos Sociais e Emprego, de Educação, Cul-

gia macroeconômica pretende aumentar a ofer- tura e Ciência, e por uma organização privada

ta de serviços, segmento em que as mulheres – CINOP.

28 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

• Na Irlanda, em 1999 foi estabelecida a empre- orientação em marketing, finanças, meio ambien-

sa Skillnets, com a finalidade de gerar respostas te, organização e gerenciamento de produto. Para

inovadoras e efetivas para necessidades de trei- tanto, o programa apoia atividades de treinamen-

namentos e de desenvolvimento. A direção da to em empreendedorismo e gestão da inovação.

Skillnets é formada por representantes de clas- • Na Itália o sistema educacional e de treinamen-

ses empresariais e de organizações de trabalha- to tem o objetivo de permitir o reconhecimen-

dores. Opera o Training Network Programme, to de competências adquiridas, em adição às da

que mobiliza grupos ou redes de empresas para educação formal. A “Lei de Promoção do Empre-

gerar respostas estratégicas sob medida confor- go” aborda o aprendizado de toda a vida, pelo

me as suas necessidades. As ações são custeadas qual competências adquiridas pelo trabalho po-

pelo National Training Fund, e com participação dem ser enunciadas e potencialmente reconheci-

de, em média, 32% dos recursos financeiros pelas das da mesma forma que aquelas adquiridas por

empresas participantes. meio das instituições formais de educação.

As incubadoras de empresas são projetos im-


portantes de apoio a empresas no período ini-
cial. Os primeiros dois anos de uma empresa
são cruciais para seu sucesso, é um período
de aprendizado e estes conhecimentos indis-
pensáveis são encontrados nas incubadoras

• A Islândia tem um programa designado “Step

Ahead” que é operado pelo Iceland Technolo-

gy Institute. O Programa objetiva facilitar lideran-

ças de micro e pequenas empresas na busca de

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 29


UNIDADE 1
Empreendedorismo

• Na Noruega o Programa FRAM – abreviatura pa- para implementação de projetos, principalmente

ra compreender, realístico, aceitar e medir – é um por meio de consultoria de serviços.

programa de desenvolvimento de estratégia e • No Reino Unido existe hoje um grande objeti-

de gerenciamento, para gerências de produção vo das políticas públicas de promover a entrada

e de serviços em empresas com 5 a 30 funcioná- das mulheres no ramo dos pequenos negócios,

rios, e cujo objetivo é ampliar a sua competitivida- mediante projetos como treinamento nas melho-

de. Desde 1992, quando teve início, o Programa res práticas de gerenciamento ou em projetos de

FRAM organiza projetos em sete regiões piloto, disponibilizarão de micro finanças (1.000 a 5.000

com planejamento anual e abrangendo diferentes Libras) com juros abaixo do mercado financeiro.

temáticas. Em paralelo, duas atividades básicas O governo preocupado com a ética nos negó-

são uniformes: seminários regionais com foco em cios implementou políticas que promovem ética

aprendizado por troca de experiências entre em- nos negócios com a Ethic Minority Business Advi-

presas participantes; e orientação via especialistas sory Fórum em dezembro de 1999. Como o Rei-

em períodos de 15 meses de processos de desen- no Unido recebe grande número de imigrantes

volvimento. O Programa é custeado pelo Fundo em julho de 2000 foi implementado com grande

Regional e de Desenvolvimento Norueguês. sucesso programas que promovem o empreen-

• Em Portugal a Linha de Ação Inovação Organi- dedorismo a este público, com capital de risco e

zacional (LAIO) é operada pelo Instituto de Trei- fundos de investimento. Esse resultado tem agra-

namento em Inovação em parceria com o Insti- dado bastante as autoridades governamentais,

tuto de Desenvolvimento e Inspeção de Condi- pois juntam as habilidades empreendedoras dos

ções de Trabalho. Seu objetivo é contribuir para a imigrantes, treinamento técnico específico e via-

inovação organizacional nas empresas privadas e bilidade da proposta. A iniciativa jovem ao em-

cooperativas portuguesas que possuem entre 50 preendedorismo no Reino Unido também conta

e 250 funcionários. É concedido apoio financeiro, com programas que oferecem juros baixos, re-

sob a forma de subsídios, e assistência técnica cursos específicos para o tipo de negócios a ser

30 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

iniciado além de parcerias governamentais com principalmente para os empreendimentos meno-

grandes empresas para a promoção empreende- res. Assim como no Reino Unido, na Suécia tam-

dorismo a esses jovens. Isso tem proporcionado bém é grande o foco das políticas públicas para

bons resultados na formação de novas empresas promoção do empreendedorismo com imigran-

como também na melhoria da sobrevivência des- tes empreendedores, com desempregados e os

sas empresas. jovens com potencial empreendedor que tem

• Na Suécia existem projetos como Swedich Job projetos direcionados as suas necessidades de

& Society (Stiftelsen Svenska Jobs and Society) montarem pequenas e médias empresas. As re-

que promovem novos empreendimentos em cer- des de relacionamento também são foco do go-

ca de 100 localidades diferentes do país, sendo o verno suíço, que atua em várias regiões do pa-

principal objetivo do projeto as pessoas desem- ís identificando as necessidades locais e atuando

pregadas. Outro projeto é o ALMI Foretagspart- no objetivo de formação de redes de relaciona-

ner AB, que é um projeto de financiamento pú- mento entre estas pequenas empresas.

blico com escritórios em 22 escritórios regionais, • Em Taiwan o CYCDA oferece seminários espe-

subordinados ao Ministério da Indústria, tendo ciais para mulheres divorciadas com limitação

como principal objetivo o suporte a micro e pe- de oportunidades de emprego além de muitas

quenas empresas com potencial de crescimento. mulheres que trabalham em negócios da famí-

Já o SME Pckage é um projeto também direcio- lia. No que se refere ao desenvolvimento de em-

nado a pequenas e médias empresas com o ob- presas baseadas em tecnologia o governo tailan-

jetivo de participar do mercado de exportação. dês procura repatriar engenheiros que resolve-

Existem algumas iniciativas para a promoção do ram mudar-se para países como os Estados Uni-

empreendedorismo feminino na Suécia como o dos para que estes elaborem pesquisas em pro-

acesso à informação, ao treinamento e consul- dutos de base tecnológica que possa promover

torias especializadas. Outros benefícios dispo- o crescimento nos empreendimentos. O governo

nibilizados são os juros com taxas mais baixas tailandês promove acordos para a formação de

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 31


UNIDADE 1
Empreendedorismo

redes para a promoção do empreendedorismo, Comparando-se as informações de políticas e

pois acredita que por meio dessas redes os even- programas brasileiros e os dados de diversos países

tos, treinamentos, congressos possam ser mais apresentados anteriormente é possível apresentar

proveitosos para suas indústrias. um quadro com as principais iniciativas:

Quadro 1: Políticas e programas de incentivos ao empreendedorismo nos países analisados

Incentivos aos desem-

Programas de incuba-
Promoção ao associati-

Parceria com universi-

Incentivos ao comércio

Incentivos aos empre-

Incentivos à imigrantes
Incentivos aos jovens
Incentivos ao gênero

Recursos financeiros

ção de empresas
competitividade
Promoção da
Capacitação
empresarial

pregados
feminino

exterior
dades
vismo

sários
Áustria √ √

Austrália √ √ √ √

Alemanha √ √

Canadá √ √ √ √

Bélgica √ √

Dinamarca

Espanha √ √ √ √ √ √

Estados Unidos √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √

Finlândia √ √ √ √ √ √ √ √ √

França √ √

Grécia √ √

Holanda √ √ √ √ √ √

Irlanda √ √ √ √

Islândia √ √ √ √

32 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

Itália √ √ √

Noruega √ √ √ √

Portugal √ √ √ √

Reino Unido √ √ √ √ √ √

Suécia √ √ √ √ √ √ √ √

Taiwan √ √ √ √ √

BRASIL √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √

É interessante perceber que a promoção de Para Julien (2005) o estado tem um importante

um ambiente empreendedor por meio de políti- papel na promoção de um ambiente que promova

cas públicas apresentadas em vários países, foca o empreendedorismo. Para o autor, por meio das

pontos relevantes para a análise comparativa do políticas públicas, o estado pode cumprir cinco pa-

que mais se destaca no meio empresarial de ca- péis importantes que são o de orientar, associar,

da nação pesquisada. Essas políticas e programas apoiar, estimular e facilitar recursos para as peque-

públicos são importantes como ferramenta gover- nas empresas.

namental ou de instituições que se propõem a es- Os Estados Unidos como um dos países mais

se objetivo para promover um ambiente favorá- empreendedores do mundo, visto que sua estru-

vel ao desenvolvimento desses empreendimentos tura tem grande preocupação com a promoção de

e regulação dos mercados em que essas peque- novos negócios e inserção de grupos importan-

nas empresas estão inseridas. Principalmente em tes como estrangeiros jovens. Destaca-se também

países de dimensões continentais, caso brasileiro, uma grande preocupação com a tecnologia, mui-

onde segundo, Biderman e Barberia (2005), a arti- tas vezes promovida mediante os sistemas de in-

culação entre as esferas, Federal, Estadual e Mu- cubação. Nos países europeus, têm-se dado gran-

nicipal tem grande importância na implantação de importância a capacitação de micro e pequenos

dessas políticas. empresários e a competitividade das empresas. A

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 33


UNIDADE 1
Empreendedorismo

participação de Universidades como promotoras formação de empresas direcionada a criação de alta

do empreendedorismo também é bastante evi- tecnologia e na inclusão de pequenas e médias em-

dente na comunidade europeia. presas no mercado internacional. Trate-se de uma

No caso brasileiro as iniciativas existem, porém posição estratégia para o crescimento dos respecti-

destaca-se a importância de uma adequada gestão vos produtos internos brutos.

dessas políticas e programas públicos, visto que as Por características específicas brasileiras, que sur-

exigências de um mercado globalizado e altamen- gem a partir da Constituição de 1988, as esferas na-

te competitivo, no qual produtividade e qualidade cional, estadual e municipal, apresentam-se com

passaram a ser elementos-chaves, envolvem não só considerável desconexão entre as iniciativas de po-

mudanças técnicas, mas também de comportamen- líticas públicas. Isso pode responder algumas ques-

tos e valores. tões em relação à falta de grandes projetos e de

Alguns pontos comuns entre as políticas públi- bons resultados na área de empreendedorismo bra-

cas brasileiras e os demais países apresentados é a sileiro. Por outro lado, essa autonomia pode resol-

preocupação da capacitação de novos empresários, ver o problema da diversidade do povo brasileiro,

empresários já estabelecidos e jovens no mercado que poderia ser melhor potencializada se, indepen-

de trabalho, além do processo crescente de incenti- dente da esfera governamental, existisse maiores in-

vo a incubadoras. Além disso, parece comum entre vestimentos nas instituições de ensino com o obje-

o Brasil e os demais países apresentados, a inten- tivo de celebrar parcerias em projetos como incuba-

ção de cada país, por meio do empreendedorismo, doras ou capacitação de empresários, por exemplo.

resolver os seus problemas específicos, enquanto

a maioria dos países europeus se preocupa com a O PERFIL EMPREENDEDOR


questão dos imigrantes e sua inclusão no merca- Empreendedores têm em geral um perfil muito

do. No Brasil a preocupação ainda se restringe, ge- parecido independente dos segmentos que esco-

ralmente, na formação de um gestor profissional, lheram para abrir o seu negócio ou setor de empre-

sendo que o objetivo dos países desenvolvidos é a sas que trabalham. Conhecer o perfil empreendedor

34 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

é um primeiro passo para saber se está pronto para implantação de um grande projeto dentro de uma

ingressar nesse desafio ou se é necessário aprender empresa, como é o caso dos intraempreendedo-

mais sobre empreendedorismo. res ou ainda desenvolver projetos que tenham co-

mo foco a melhoria da sociedade, que é o caso

dos empreendedores sociais.

Interessante vídeo questionando de onde vêm


as boas ideias:
Os empreendedores são pessoas com inicia-
<https://www.youtube.com/watch?v=45gjqm-
tiva e capacidade de envolvimento fantástico.
vFQw8>.
Ao contrário que muitos imaginam empreen-
dedores podem adquirir suas competências
Nesse momento você deve estar pensando se a no decorrer da sua vida profissional.

pessoa nasce empreendedora ou se é possível se for-

mar um empreendedor. Esse é um mito que existe no Enfim, muito tem se estudado sobre esse per-

estudo do empreendedorismo, muita gente acha que fil com o objetivo de entender melhor o porquê

o empreendedor nasce pronto, isso não é totalmen- dessa natureza e que potencial cada tipo de per-

te verdade. Existem pessoas que nascem com o per- fil tem em transformar a sociedade seja pela ge-

fil mais evidente de empreendedores, porém podem ração de renda, seja pela inovação que geram na

acumular conhecimento ao longo da vida e se transfor- economia. McCelland (David) em seu estudo des-

marem em grandes empreendedores, principalmente tacou que os empreendedores têm um perfil se-

por meio de estudos e práticas focados na área. melhante e uma forma de agir muito parecida in-

Pessoas que tem o perfil que descreveremos dependentemente do ambiente empreendedor

a seguir não são melhores ou piores que outras, em que estão inseridos, além disso não importa

apenas apresentam um perfil que pode facilitar também a idade, o gênero ou a formação, o per-

o planejamento e implantação de uma empre- fil tende a ser semelhante. Entenda a seguir qual

sa ou tem o perfil adequado ao planejamento e é esse perfil:

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 35


UNIDADE 1
Empreendedorismo

1. Tem iniciativa e sempre buscam oportunidades: 3. Suas ações se baseiam em qualidade e eficiên-

como os empreendedores têm a capacidade de cia: dar foco em qualidade além de garantir mais

identificar e sumarizar muitas variáveis ao mesmo e melhores clientes melhora o desempenho da

tempo tem uma espécie de antena onde perce- empresa sob todos os aspectos da gestão. Isso

bem oportunidades à medida que desenvolvem significa que dar foco à qualidade se entrega pe-

seu trabalho, quando a questão são os proble- didos nas datas programadas, os custos de pro-

mas, comuns no mundo dos negócios, dão foco dução tendem a ser mais baixos que os concor-

na solução e em geral conseguem ver oportuni- rentes, os produtos tem um padrão permitindo

dades de crescimento nessas situações também, parcerias comerciais com grandes empresas.

é o famoso “faça do limão uma limonada”, as 4. São pessoas persistentes: empreendedores têm

oportunidades de aprender e crescer estão em seus objetivos como a grande motivação para o

todos os lugares. trabalho e para atingir esses objetivos é necessá-

2. Calculam o risco dos investimentos e das ações to- rio ter persistência e criatividade para atingi-lo.

madas: Empreendedores avaliam alternativas an- Quando a maioria desiste na primeira dificuldade

tes de tomar a ação. Essas alternativas compreen- a persistência do empreendedor lhe permite es-

dem a análise de tudo o que está em jogo, o que tudar alternativas diferentes para chegar ao obje-

se pode perder com o investimento e o que se tivo anteriormente definido.

pode ganhar, quando o retorno vai acontecer se 5. Tem comprometimento: dificilmente se conse-

no curto ou no logo prazo. Diante das alternativas gue um compromisso de um empreendedor de

disponíveis na tomada de decisão os empreende- algo que ele não possa cumprir. Isso porque os

dores tendem a escolher pelo que exigem esfor- empreendedores em geral estão comprometi-

ço moderado e maior possibilidade de conquista, dos com seus compromissos. Isso acontece tanto

em geral, descartam as alternativas fáceis e com dentro quanto fora da empresa, uma ver que fez

pequeno retorno, bem como as muito arriscadas o compromisso vai cumpri-lo mesmo que isso lhe

que no caso de sucesso darão grandes retornos. custe um fim de semana ou algo parecido.

36 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

6. Estão sempre atualizados: como sempre estão 9. Capacidade de mobilização da rede de contatos:

tomando decisões os empreendedores procu- em geral, os empreendedores são comunicativos

ram informações em toda a parte, isso aumenta e conhecendo bem seu empreendimento, seus

o sucesso nas decisões tomadas. Por isso são objetivos e com transparência na abordagem em

considerados curiosos consultando desde ami- geral conseguem mobilizar o público interno da

gos, fornecedores até concorrentes, isso lhes empresa, os colaboradores, como o público exter-

permite um cruzamento maior de variáveis para no, seus fornecedores, parceiros e investidores. A

a decisão mais adequada. persuasão não acontece ao acaso, em geral são

7. Seguem suas metas: como os empreendedores de pessoas que planejam muito e conhece muito as

sucesso têm objetivos muito bem definidos, a partir pessoas a quem decidiram fazer uma proposta.

desses objetivos definem as metas a serem alcan- 10. São independentes e tem grande autoconfian-

çadas. Essa forma de pensar e se organizar resul- ça: como em geral atingem resultados mais que

tam em um desempenho maior que as demais pes- outras pessoas tendem a ter maior autoconfian-

soas, pois estão sempre pensando em seus objeti- ça nas suas atitudes o que os torna mais inde-

vos e isso resulta em menor perca de tempo. pendentes. Essa postura é resultado de todas as

8. Tem capacidade de planejamento e de acompa- características anteriormente apresentadas.

nhamento: planejar é uma arte, uma forma de se Dornelas (2005) adiciona ou reforça algumas ca-

antecipar as dificuldades e sucessos que hão de racterísticas além das já apresentadas, sendo estas:

vir no desenvolver de todo o planejamento. Ba-

seado no conhecimento do seu negócio e nas in- 1. Pessoas Visionárias, pois tem a capacidade de arti-

formações que estão sempre recebendo os em- cular e implementar o que vislumbra para o futuro.

preendedores têm a capacidade e a iniciativa de 2. Independente do momento está sempre pronto

corrigir o percurso do planejamento à medida a tomar decisão, onde uns só veem problemas,

que acompanha a execução com um monitora- empreendedores observam criteriosamente a si-

mento sistemático. tuação e focam na solução.

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 37


UNIDADE 1
Empreendedorismo

3. Tem capacidade de transformar ideia em realidade,

tanto ideias suas como de terceiros os empreende-

dores têm uma incrível capacidade de realização.

4. São pessoas determinadas e dinâmicas, o que Vídeo destacando as características empreen-

lhes permite superar os obstáculos naturais da vi- dedoras:

<https://www.youtube.com/watch?v=HdtZTw-
da profissional.
cq7o0>.
5. São apaixonados pelo que fazem sendo este um

dos principais combustíveis para seu sucesso. Outro campo do estudo do empreendedorismo

6. Empreendedores são líderes e formadores de equi- é o empreendedorismo social que é uma forma de

pes, pois com a capacidade ímpar de liderança sa- empreender onde os indivíduos focam suas habili-

bem que seus objetivos são alcançados de forma dades na transformação social. Desta forma, o em-

coletiva, por isso a preocupação constante com a preendedor social busca soluções para problemas

formação dos profissionais que estão a sua volta. sociais, como principais características o empreen-

7. Em geral são pessoas muito organizadas, pois dedor social apresenta:

com tantas frentes de trabalho tem que ter um 1. Solução para problemas onde outras pessoas

enorme senso de organização para não se per- não veem solução ou tem a capacidade de ver

derem nas ações. o problema por uma perspectiva diferente o que

8. Trabalham muito e esse é um grande diferencial. permite soluções diferentes.

Empreendedores que tiveram um grande suces- 2. Capacidade de engajar outras pessoas para a so-

so com uma excelente ideia que revolucionou o lução de problemas.

segmento são bem menos comuns que imagina- 3. Capacidade de articulação com governos, orga-

mos. Quando nos deparamos com um empreen- nizações não governamentais e iniciativa privada

dedor bem-sucedido com uma empresa bem es- com objetivo de atender a grandes demandas.

truturada pode ter certeza que por trás desse su- 4. Facilidade de transformar ideias em realidade,

cesso tem muito trabalho. empreendedores são agentes de mudança.

38 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

CONSIDERAÇÕES FINAIS está na gestão. Ainda é expressivo o número de em-

Na unidade I estudamos as várias definições do preendedores que encaram o desafio de abrir um ne-

empreendedorismo, essas variam de acordo com o gócio sem o devido entendimento em gestão, é sur-

objetivo de estudos do empreendedorismo, em ge- preendente o número de empreendedores que não

ral destacam uma pessoa que tem iniciativa e com conhece o conceito básico de fluxo de caixa.

os mesmo recursos de outras pessoas conseguem Hora, se nosso desafio está em grande parte na

resultados diferenciados. Particularmente gosto da gestão, ainda está longe de termos empreendedo-

definição de Per Davidson que destaca o empreen- res inovadores que criam novos produtos e mudam

dedorismo como loucos abençoados por Deus. Cla- os mercados. Em países desenvolvidos esse foco é

ro que isso não é uma definição com critérios cientí- mais claro e os governos apoiam essas iniciativas.

ficos, até porque, como vimos o empreendedor cor- Aliás, como vimos temos muitas iniciativas, porém

re riscos calculados em seus projetos. ainda não tem o foco e a disponibilidade de recur-

Vimos que as economias estão cada vez mais com- sos exigidos para um país continental como o nosso.

plexas e mais competitivas, copiar o que o vizinho es- Um dos destaques no Brasil no incentivo ao em-

tá fazendo em breve não será um bom negócio, as preendedorismo é o SEBRAE Serviço Brasileiro de

margens de lucro são dia a dia diminuídas e dividir um Apoio a Micro e Pequena Empresa que tem uma

mercado com baixo retorno não será mais viável, ali- boa capilaridade no território nacional e em geral

ás, alguns mercados já chegaram neste estágio. A sa- consegue ter foco e um bom orçamento para arti-

ída será empreender de forma criativa com inovação, cular o desenvolvimento das várias regiões em que

inovando o empreendedor está atendendo a novas atua, inclusive gerando um bom número de inova-

necessidades ou atendendo antigas necessidades de ção, que, conforme destacamos é primordial para

seus consumidores de forma diferente e melhor. No nos destacarmos no cenário internacional.

Brasil empreendedores de alto impacto, ou que mu- Desta forma, o(a) convido(a) a estudarmos a se-

dam radicalmente os mercados existentes ainda são gunda unidade onde veremos importantes estudos

em número reduzido, pois nosso grande desafio ainda do empreendedorismo como o processo de criação

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 39


UNIDADE 1
Empreendedorismo

de um negócio, mas antes sugiro que respondam as

atividades de autoestudo, isso é primordial para a fi-

xação dos conteúdos aqui abordados.

1) Como a tecnologia pode melhorar o empreen- 4) Como as incubadoras de empresas podem esti-

dedorismo e que impactos isso pode causar para mular pequenas empresas?

a economia de um país?
5) Uma pessoa nasce empreendedora ou pode se

2) Segundo Hisrish (2004) os recursos humanos são tornar empreendedora no decorrer da sua vida?

muito importantes para o desempenho das em-


6) Sobre o perfil empreendedor, quando desta-
presas, como os empreendedores conseguem
camos que empreendedores são formadores es-
melhores desempenhos dos seus negócios a par-
tamos querendo dizer o quê?
tir das pessoas?

3) Os programas de incentivo ao empreendedorismo

no Brasil são em grande número, no entanto ain-

da temos um alto grau de mortalidade de micro e

pequenas empresas, descreva por que isso ocorre.

40 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


UNIDADE 2

Estudo das oportunidades


na criação de negócios

Juliano Mario da Silva

Objetivo de Aprendizagem

• Entender o processo de criação de um negócio.


• Analisar o empreendedorismo sob a ótica das oportunidades de mercado.
• Conhecer os riscos e problemas no ato de empreender com base nas escolhas dos diferentes tipos de
negócios.

Plano de Estudo

Serão abordados os seguintes tópicos:


• O processo de criação de um negócio
• Oportunidade
• Escolha, risco e problemas a considerar no ato de empreender

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 41


UNIDADE 1
Empreendedorismo

INTRODUÇÃO unidade anterior, no Brasil, tem-se a forte tendência

Iniciar uma empresa é o sonho de muitos, mas de repetir o sucesso de outros, ou melhor, copiar as

como normalmente acontece esse processo? É isso de negócios.

que vamos ver na segunda unidade deste livro. Essa Esse processo de criação de empresas deveria

não é uma ciência exata, pois, em geral um negócio estar totalmente associado ao aproveitamento das

começa com um sonho que vira uma ideia e vai cres- oportunidades. Essas oportunidades de mercado

cendo. Digo em geral porque é o que mais aconte- são o que os economistas destacam como lacunas

ce, mas tem empresas que surgem nos lugares mais que podem ser aproveitadas e em alguns casos mu-

variados, em um bar, na praia, em um passeio ou até dar a lógica do mercado existente. É o que ocorre

mesmo de uma discórdia entre sócios, enfim não hoje com algumas empresas que operam via inter-

tem uma fórmula exata, o que existe são direciona- net e que revolucionaram mercados que até antes

mentos gerais de como as empresas iniciam. não se imaginavam grandes mudanças, podemos

O ideal é que na fase do sonho ou da ideia o fu- citar aqui a venda de livro e tênis.

turo empreendedor ou empreendedora esteja tra- Porém, a oportunidade tem que ser bem estuda-

balhando e com condições tranquilas para estudar da, pois o que aparentemente pode ser um grande

minuciosamente sua ideia, pois quando há necessi- negócio na realidade não passa de uma demanda

dade de empreender para se gerar renda é como grande em um período pequeno o que exige inves-

pular etapas do estudo que são importantes para o timento que logo não terá mais utilidade, o que os

sucesso do negócio. empreendedores geralmente procuram são deman-

Veremos nesta unidade que algumas questões da grandes e com longa duração, pois as margens

devem ser respondidas durante o processo de cria- de lucros tendem a diminuir à medida que novos

ção de uma empresa, porém, uma que acho muito concorrentes entram nesse mercado.

importante é o que meu negócio tem de novo e co- O papel do governo na criação de um ambiente

mo isso pode gerar riqueza? Responder essa ques- saudável ao empreendedorismo é muito importan-

tão é estratégico, pois, conforme já comentamos na te, basicamente o governo, seja municipal, estadual

42 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

ou federal deveria cumprir cinco papéis principais: o influências de diferentes variáveis dependendo das

de orientar, de ligar os atores promotores desse am- características de cada negócio. Porém é possível

biente, o de apoiar iniciativas, de estimular e de faci- descrever a maioria das variáveis que são comuns a

litar que todo o processo aconteça da melhor forma todos os tipos de negócios.

possível. Isso permite a criação de empresas de alto Para melhor entendimento desse processo é in-

valor agregado, o que gera crescimento na própria teressante avançarmos o conteúdo por meio de eta-

arrecadação do governo. pas, isso permite um melhor entendimento desse

Finalizando a unidade veremos os riscos e pro- processo. Enfim, estamos falando aqui da criação de

blemas mais comuns de se empreender. Esses ris- um negócio, de um sonho, do futuro de um empre-

cos geralmente estão associados à natureza de uma endedor ou de uma família.

empresa, ou seja, empresa é um conjunto de variá- Então, a primeira etapa é talvez a essência para

veis controláveis e não controláveis, e aí é que es- o negócio, é o momento de entender melhor essa

tá o perigo. As variáveis controláveis dependem de ideia de negócio, ideia ou sonho este que de forma

uma atuação focada do empreendedor o que evita fantástica a convergência de toda a energia neces-

um percentual alto de insucesso. Já as variáveis não sária para realizá-la.

controláveis estas devem ser monitoradas, pois não

conseguimos combater uma crise cambial, porém

podemos resistir a elas se a empresa estiver com

saúde financeira para passar por períodos de crise.


Não existe um modelo fixo de criação de ne-
Bom estudo! gócios, o que existem são linhas gerais que
orientam o futuro empreendedor a entender
melhor sua ideia e se essa ideia é viável ou
O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UM NEGÓCIO
Esse é um assunto muito interessante dentro do Este é um momento em que dinheiro não faz a

estudo do empreendedorismo. O processo de cria- menor diferença, pois o futuro empreendedor es-

ção de um negócio não é uma ciência exata, sofre tá em um momento de sumarização de todos os

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 43


UNIDADE 1
Empreendedorismo

conhecimentos adquiridos em sua breve ou longa O que o futuro empreendedor tem que saber já no

história de vida. Isso mesmo! Em geral, o empre- momento de estruturação dessa ideia é quem sua em-

endedorismo vem do conhecimento adquirido du- presa se propõe a atender, seja com produtos ou servi-

rante a vida profissional ou dos bancos da esco- ços, conhecendo quem atende esse público hoje e quais

la ou da faculdade, da percepção de necessidades deficiências existentes e como a futura empresa pode fa-

no ambiente em que vive, do lazer ou ainda da so- zer isso. Ou seja, o que será feito de diferente para que

ma disso tudo. É um momento que é importante se crie neste novo cenário uma verdadeira oportunidade

o tempo, pois é um momento onde é necessário para prosperar dentro do mundo dos negócios.

pensar no negócio de forma mais abstrata, e de- Muitos livros e manuais de empreendedorismo

pois partir para os estudos racionais da proposta, trazem questões que ajudam a entender melhor se

mas isso veremos adiante. sua ideia é uma oportunidade de negócio ou não e

Em geral, o momento em que a ideia aparece é se você realmente tem espírito empreendedor para

um momento solitário onde, inicialmente, o futuro encampar seu projeto. Entre as perguntas mais co-

empreendedor muitas vezes acha que achou a ga- muns podemos destacar:

linha dos ovos de ouro, que teve a melhor ideia do 1. A quem se destinam o que pretendo

mundo, porém isso é bastante perigoso, pois os comercializar?

empresários que mudaram a história das suas em- 2. O que tenho a oferecer é o que o mercado real-

presas ou do próprio mercado o fizeram porque co- mente necessita?

nheciam profundamente este mercado e isso acon- 3. Quais são os benefícios dos meus produtos ou

teceu depois de anos trabalhando nele, foram exce- serviços para meus clientes ou consumidores?

ções na história as empresas que surgiram para que- 4. Quem são meus concorrentes dentro da propos-

brar conceitos, principalmente quando a disponibi- ta que pretendo oferecer?

lidade de recursos financeiros era pequena. Já no 5. Como posso me diferenciar no mercado?

momento de concepção desta ideia é importante 6. Qual será minha estratégia de preços nesse

sempre manter-se conectado com a realidade. mercado?

44 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

7. Caso seja necessário, aonde vou me financiar? INDICAÇÃO DE LEITURA


8. Aonde minha empresa deve ser instalada para Dicas para abrir um negócio:

melhor atender meu público-alvo? < h t t p : / / w w w. s e b r a e . c o m . b r / m o m e n t o /

9. A nova empresa necessita de licenciamentos es- quero-abrir-um-negocio>.

peciais como o caso de autorizações de órgãos

ambientais para funcionamento? Ao contrário que muitos pensam, em geral gran-

10. Existe apoio governamental para o segmento des segredos que se transformam em grandes em-

que pretendo atuar? preendimentos são raros, então, conte sua ideia pa-

11. Caso opte por sociedade, que critérios vou ado- ra pessoas de confiança, se conhece um bom pro-

tar para escolher esses sócios? fessor de gestão, procure-o e converse sobre sua

Ao responder essas questões o empreendedor ideia, isso fará com que novas variáveis que não se

começa a entrar na zona do realismo e isso é mui- tinha pensado para o projeto apareçam e torne o

to importante, pois além de trazer conhecimento o projeto mais próximo da realidade.

realismo evita surpresas indesejáveis já no início da Um bom ponto para iniciar o conhecimento do

operação da empresa. mercado é com as necessidades legais para o fun-

A segunda etapa trata de analisar o mercado e cionamento do negócio. As exigências legais vão

esse é um ponto interessante, pois muitas pesso- desde o regime tributário até as licenças ambien-

as tendem a empreender em algo que goste co- tais, de acessibilidade, bombeiros e outras pertinen-

mo no esporte preferido, algum tipo de lazer ou tes ao empreendimento. O SEBRAE presta assesso-

comida. Gostar do que faz na empresa é primor- ria para abertura de micro e pequenas empresas fa-

dial para o sucesso desta, mas somente isso não cilitando esse processo que no Brasil costuma ser

é o suficiente, é muito importante que exista de- um tanto quanto burocrático.

manda suficiente para o produto ou serviço que Entender o tamanho do mercado que vai atuar e

se pretende disponibilizar ao mercado. sua capacidade inicial de produção ou atendimento é

muito importante nessa fase, grandes ideias as vezes

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 45


UNIDADE 1
Empreendedorismo

não dão certo no longo prazo porque o atendimento pessoas apenas pela disponibilidade de dinheiro

nos primeiros dias de funcionamento não foi bom, o que esta tem não é uma boa forma de iniciar uma

que levou os clientes a terem uma má impressão da sociedade, pois este é um novo projeto que neces-

empresa. Em geral, as empresas crescem aos poucos sita de participação de todos, tudo é muito novo e

e com qualidade, para crescer rápido no mercado é cada um pode contribuir para a solução dos proble-

necessário disponibilidade financeira e conhecimen- mas que naturalmente surgem.

to e isso geralmente não se tem nos primeiros anos. Entenda uma nova empresa como uma série de

Aqui já se tem importantes informações para elabo- lacunas que só podem ser ocupadas com soluções

ração de um planejamento mercadológico. vindas de diferentes competências, logo se uma

O sucesso de uma empresa depende das pesso- pessoa não consegue ter todas as competências se-

as envolvidas nesse processo, então o terceiro pas- jam elas gerenciais, técnicas ou comportamentais,

so para a criação de uma empresa diz respeito a que na formação da equipe, seja de profissionais contra-

você vai contratar para compor essa equipe. Para is- tados ou de sócios é preciso se preocupar com que

so é muito importante se ter um esboço do que ca- cada um complete o grupo como um todo e que es-

da um vai fazer dentro da organização e quais são se grupo tenha condições de solucionar problemas

os valores que norteiam essa organização. Poste- ou saber onde buscar a solução.

riormente com toda a equipe formada é o momen- No quarto passo é o momento de elaboração do

to de pensar na missão e na visão da empresa e no plano de negócio, pois grande parte das informações

seu posicionamento estratégico. A participação dos necessárias para alimentar esse plano já estão dispo-

profissionais nesse processo é importante, pois cria níveis. À medida que nos aprofundamos no estudo de

maior comprometimento da equipe no que se re- todos os pontos e variáveis que envolvem uma empre-

fere a forma como a empresa atua nesse mercado sa, normalmente confirmamos algumas informações e

considerando seus valores e estratégia. outras surgem naturalmente, isso ocorre pois não é

No caso de sócios a regra é a mesma, procurar possível pensar em todas as variáveis, por isso a im-

pessoas comprometidas com o projeto, em convidar portância da pesquisa e da troca de informações com

46 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

outros empreendedores ou amigos. O plano de negó- ser feito a pesquisa do mercado em que se pretende

cio nada mais é que uma sistematização dessas infor- atuar deve ser muito bem feita. Em geral, o empre-

mações de forma que na sua análise financeira ele dê endedor não dá muita atenção a detalhes quanto se

sinais de viabilidade ou não dessa ideia. fala dos recursos humanos, hoje mais do que nunca

Nas aulas de empreendedorismo quando um descrever o plano de cargos e salários e a visão estra-

aluno termina um plano de negócios e ele se mos- tégica dos recursos humanos é de suma importância

tra inviável, é comum o aluno ficar um tanto quanto no plano de negócios, até mesmo anexar o currículo

frustrado, pois sua ideia não se concretizará em um resumido pessoal e dos profissionais que comporão

negócio. Porém deveria é ficar contente, pois é pa- a equipe. Uma empresa com a gestão profissional

ra isso que também serve a análise de um plano de dos recursos humanos mantém seus talentos em alta

negócio, para evitar que investimos nossos recursos produtividade e tem maior facilidade de captação de

financeiros, ou recursos financeiros de terceiros em novos talentos no mercado de trabalho.

algo que não traria retorno no futuro. No Brasil nós temos uma instituição especializa-

Mais adiante apresentaremos detalhadamente ca- da na promoção do empreendedorismo que é o SE-

da parte de um plano de negócios, porém já adian- BRAE, esta instituição é uma das mais respeitadas

to que o plano de negócio é uma ferramenta que de- no mundo pelo foco que tem na promoção de no-

ver ser simples e objetiva, nas primeiras páginas que vos negócios e na capacitação de empreendedo-

chamamos de sumário executivo é onde o gerente do res que já estão no mercado. O SEBRAE deve ser

banco, um familiar ou um investidor deve se interessar consultado no momento da elaboração do plano

pelo que vai ver adiante. Para isso, as informações de- de negócios, além disso, existem profissionais que

vem ser bem realistas tanto no que se refere aos cus- podem prestar serviço para elaboração desse pla-

tos como para a projeção de faturamento da empresa. no, em geral são professores de instituições de ensi-

Além de um bom sumário o plano de negócios de- no superior, aliás, muitas faculdades têm programas

ve apresentar uma boa análise financeira e apresen- como Empresas Júnior ou setores que podem dar

tar um consistente plano de marketing, e para isso suporte nessa atividade.

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 47


UNIDADE 1
Empreendedorismo

Como quinto passo e talvez o mais dependente dos A captação de recursos em instituições financeiras

passos anteriores é a capitação dos recursos financeiros, no Brasil é em geral intrigante, aliás, sobre isso pode-

dependente pois como já destacado há a necessidade ríamos escrever um livro. No sistema financeiro brasi-

de um bom plano de negócios para conseguir recursos, leiro, especificamente nas instituições financeiras de

principalmente se a decisão for pelo financiamento. varejo tem seus conselhos administrativos entre as

Muito importante já destacar que o início da maioria mais profissionais do mundo e uma equipe de aten-

das empresas é muito difícil, então se puder escapar do dimento nas agências bancárias entre as mais ama-

pagamento de juros em instituições financeiras é muito doras do mundo. Essa peculiaridade pode ser uma

importante. Para isso o ideal é utilizar capital próprio pa- armadilha cruel para empreendedores desprepara-

ra início dela ou então fontes mais baratas como o em- dos. Os sites dessas instituições, em geral, trazem um

préstimo de familiares. Aliás, cabe aqui chamar a aten- estímulo por meio de uma estratégia publicitária ca-

ção da utilização de recursos de familiares, eles devem paz de convencer os mais experientes empreende-

ser tratados com a mesma seriedade com que se trata dores, no entanto, quando se procura pessoalmente

o recurso de instituições financeiras, é comum perder a esses recursos financeiros a realidade é bem diferen-

amizade de entes queridos por envolvimentos financei- te, desde pessoas despreparadas para o atendimen-

ros, por isso deve-se ter muita austeridade com a admi- to e a baixíssima exposição ao risco que pretendem

nistração dos recursos de familiares. correr, se bem que é de se esperar uma postura des-

sas considerando que a análise de risco é um proce-

dimento esperado de uma instituição financeira. Mas

não é só isso, os juros para empreendedores na fase


Apresentação destacando a disponibilidade
inicial são os mais caros do mundo. O governo fede-
de dinheiro pelo BNDES, porém não conse-
gue disponibilizar esse dinheiro aos empreen- ral anuncia juros mais baixos com programas federais
dedores por falta de dinheiro: como o cartão BNDES, porém para se ter acesso a
<https://www.youtube.com/watch?v=0afn-
esses programas a empresa precisa ter um excelente
Gjn-lw>.
histórico durante pelos menos dois anos.

48 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

Existem os investidores de risco, denominados preocupar com as questões de registro, além dos con-

Angels, porém são raros no Brasil, esse tipo de in- correntes e do mercado propriamente dito.

vestidor participa da gestão por algum tempo e O sétimo passo trata da definição do local de fun-

posteriormente sai do negócio após receber a re- cionamento da empresa, isso faz muita diferença pa-

muneração pelo investimento do seu recurso finan- ra o resultado da empresa, essa diferença pode ser

ceiro. Este tipo de investidor tolera muito mais o ris- nos custos operacionais como no aumento do fatura-

co do que as instituições financeiras comuns, porém mento. No caso de não ter um local para instalação

antes de entrar no negócio faz um estudo minucio- da empresa, a definição do melhor custo-benefício

so do mercado e da empresa que pretende investir. entre localização e valor do aluguel deve ser conside-

Após vencidas as etapas de elaboração do plano rada, aluguéis, principalmente para empresas comer-

e captação do recursos financeiro necessário para seu ciais tendem a ser um alto custo operacional.

funcionamento chega ao sexto passo que trata da for- Em alguns casos, alugar um imóvel não tão central

malização jurídica da empresa. No Brasil o registro é com um aluguel bem mais acessível pode compensar

feito nas três esferas, municipal, estadual e Federal. uma vez que se invista em propaganda bem feita e di-

Com o amadurecimento dos mercados novas facilida- recionada. No caso de uma indústria a localização cen-

des surgem como no SEBRAE onde é possível con- tral não é tão importante, em muitos casos estar perto

centrar várias das atividades de registros, as exigências dos seus fornecedores ou dos seus clientes pode ser

são as mais variadas dependendo do ramo de atuação muito interessante para diminuição dos custos opera-

da empresa, algumas exigem autorizações ambien- cionais, é no plano de negócios que essa localização

tais, de acessibilidade, outras não podem ser monta- vai ser analisada para saber o que é mais vantajoso.

das em determinadas regiões da cidade, outras têm Outro ponto importante quanto ao contrato de

exigências sanitárias. Enfim, as exigências são grandes aluguel diz respeito ao tempo de locação, na indús-

e podem prorrogar consideravelmente o início das tria prefira períodos mais curtos de contrato, pois

operações, por isso na fase de elaboração do plano a empresa tende a crescer e talvez seja necessário

de negócios quando se analisa o mercado é preciso se mudar antes do previsto para um espaço maior, já

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 49


UNIDADE 1
Empreendedorismo

no comércio esta regra não deve ser levada ao pé informações de cada candidato a contratação de

da letra, pois algumas localizações privilegiadas são empresas de recrutamento pode ser uma opção in-

importantes para seu negócio, estas somente são teressante apesar de exigir um investimento.

locadas em períodos mais longos. O nono e último passo trata do início do funciona-

A definição da localização deve ser feita com cal- mento da empresa em si. É o momento dos detalhes,

ma e depois de muita análise, pois esse é um pon- em se tratando de um comércio quanto estiver orga-

to importante para o sucesso da empresa, precipita- nizando a área de vendas da loja pense como cliente,

ções e ansiedade nesse momento só prejudicam o em como gostaria de ser atendido, quais os mimos

futuro da empresa. que gostaria de receber, esses detalhes causam uma

No oitavo passo do processo de criação da empre- primeira boa impressão, no caso de indústria preo-

sa, se for o caso, é hora de contratar a equipe e para cupe-se desde o primeiro dia com a qualidade total.

isso é muito importante começar corretamente o que Atualmente as grandes empresas estão certifica-

poucas empresas fazem que é a definição dos cargos das em qualidade total e nessa condição dão pre-

e das atividades de responsabilidade de cada cargo, ferência ou exigem que seus fornecedores tenham

isso facilita o processo de recrutamento, pois o entre- certificação ou no mínimo estejam em processo de

vistador tem claro que conhecimentos e habilidades implantação de qualidade total.

procura em cada candidato que integrará a equipe.

Atualmente a disponibilidade de recursos huma-

nos é limitada, se somado incerteza do início de uma

empresa é prudente manter uma equipe o mais en- O Brasil tem hoje um sistema de registro de
xuta possível mantendo registro de candidatos com notas fiscais e de boletos com protesto auto-
mático que exigem muita austeridade finan-
potencial para posterior aumento da equipe.
ceira dos empreendedores. Criar um bom his-
Existem empresas especializadas para a sele- tórico com fornecedores é muito importante
para conseguir prazos maiores e se possível
ção de pessoal, não tendo experiência para condu-
financiar seu estoque, quando for necessário.
zir entrevista e posterior análise de currículos e das

50 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

É a partir desse momento que inicia a formação Essa percepção pela oportunidade ratifica

de relacionamento não só com os clientes, mas tam- o objetivo do empreendedor segundo Kirzner

bém com fornecedores e com bancos, a formação (1997) que caracteriza o empreendedorismo co-

de um histórico idôneo é muito importante para o mo um comportamento competitivo que dirige o

futuro da expansão da empresa. Por isso é que na processo de mercado.

elaboração do plano de negócio deve-se considerar Hisrich (2004) afirma que essa percepção de opor-

um período de disponibilidade de recursos financei- tunidade leva o empreendedor a modificar o merca-

ros para capital de giro da empresa, as disponibili- do com ações como a abertura de novas empresas

dade de juros baixos e de prazos para fornecedores que, aliado ao processo de inovação, promovem o

é bem menos nos primeiros meses de funcionamen- desenvolvimento econômico, pois contribuem pa-

to, à medida que a empresa apresenta bom indica- ra uma melhor distribuição da riqueza na comuni-

dores financeiros e de relacionamento com o merca- dade onde estas empresas estão surgindo. Na visão

do as portas vão se abrindo naturalmente. de Gifford (1998), isso significa a alocação de recur-

sos empresariais como esforço para descobrir novas

OPORTUNIDADES oportunidades de retorno financeiro podendo, as-

Conforme destacou Schumpeter (1949) o em- sim, “aquecer” determinado setor do mercado.

preendedor está associado ao desenvolvimento Bruyat e Julien (2000) sugerem um diagrama que

econômico, à inovação e ao aproveitamento de ilustra a heterogeneidade do fenômeno do campo

oportunidades de negócios, contrariando assim, a do empreendedorismo, sendo que dois elementos,

ordem econômica existente, pois transforma o pro- o individual e a nova criação de valor levam a mu-

cesso de mercado. Isso destaca a importância que danças tanto individuais como mudanças ambien-

o estudo da oportunidade tem para o empreende- tais, conforme figura 1:

dorismo, pois o empreendedor se diferencia dos

demais, entre outras qualidades, da capacidade de

perceber a oportunidade.

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 51


UNIDADE 1
Empreendedorismo

Imitação   Risco  
 Pouca            Mudança  para  o  individual                      Muita  

Empresarial   Empresarial  

INDIVIDUAL CRIAÇÃO DE NOVO VALOR

Reprodução   Valorização  
Empresarial   Empresarial  

Pouca                        Mudança  para  o  ambiental                              Muita  

Figura 1: Empreendedorismo: Um campo heterogêneo

Fonte: Bruyat e Julien (2000)

O diagrama revela quatro arquétipos empresa- resolveu entrar no mercado depois de vários anos

riais, sendo o individual e a criação de novo valor, de experiência no ramo. O empreendedor propor-

deste modo enfatizando a heterogeneidade do fe- ciona um autoemprego por sua boa performance na

nômeno, sendo: atividade.

Reprodução empresarial: é uma situação onde a) Imitação empresarial: apesar de não ter uma cria-

o negócio envolve uma baixa criação de valor, sen- ção significante de valor, os empreendedores fazem

do usualmente pouco inovador, e pouco inclina- mais mudanças a partir do seu conhecimento, rede

do a mudanças individuais. Esse seria o caso, por de relacionamentos, habilidades. Esse processo é,

exemplo, da criação de um negócio clássico, um deste modo, um risco inovando com grande incerte-

restaurante padrão iniciado por um cozinheiro que za, sendo um processo de aprendizagem frequente-

52 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

mente longo. Um exemplo pode ser um grande exe- dades individuais para modificar o conhecimento e

cutivo de negócios procurando uma mudança radical as redes de relações e a velocidade com o qual a

para a criação de um restaurante padrão. inovação está alterando o ambiente. Os dois pon-

b) Valorização empresarial: neste caso um engenhei- tos são conectados pelo diálogo. O processo e a

ro que esteve desenvolvendo projetos inovadores adaptação tornam-se extremamente importante na

em uma grande empresa e que desenvolve um novo tentativa de entender o risco empresarial.

projeto para si mesmo, no campo que conhece bem, Já na visão de Gartner (2001), essa criação de

com um bom projeto para crescimento. Esta pessoa novos negócios e aproveitamento de oportuni-

é uma das poucas nesse campo que conhece o pro- dade pode ser composta por quatro perspectivas

jeto em questão e tem uma rede de relacionamento principais:

única. Isto é inovação e criação significante de novo 1. Características dos indivíduos que iniciam um

valor por meio da valorização de uma qualidade es- negócio.

pecífica do empreendedor. 2. A natureza da organização ao qual eles criam.

c) Risco empresarial: este caso é raro (Microsoft, 3. O ambiente onde a nova firma está envolvida.

Apple). Quando se consegue sucesso, levam a mu- 4. O processo pelo qual as novas firmas são

danças radicais do ambiente em que atuam median- iniciadas.

te a criação de um significante novo valor, normal- Shane e Venkataramam (2000) consideram

mente uma inovação, e em alguns casos, um novo importante a exploração da oportunidade na

setor da economia. O individual também passa por

uma considerável transformação, desde o objeto da

criação, até uma mudança radical geral no indiví-

duo que a criou. É interessante que essa mudança,

tanto no objeto como no indivíduo, causa grande

incerteza. Os resultados desse processo trazem no-

vos predicativos porque eles dependem de capaci-

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 53


UNIDADE 1
Empreendedorismo

conceituação do empreendedorismo. A definição empreendedorismo a influência dos conhecimen-

de um empreendedor somente como uma pessoa tos adquiridos por cada empreendedor, desta for-

que estabelece uma nova organização provavel- ma, sugere um modelo que apresenta os aspectos

mente não seja o suficiente, pela falta de estudo idiossincráticos formados pelos empreendedores

da própria variação da oportunidade, sendo assim durante suas trajetórias, como decisivos a tomada

destaca-se nesse contexto a necessidade de estu- de decisões diante das oportunidades e até mes-

do dessa oportunidade. Além disso, Shane (2000) mo na identificação dessas oportunidades, confor-

sugere como novo elemento para o estudo do me disposto na figura 2:

  Aspectos  
Idiossincráticos  

Inovação   Reconhecimento  de   Aproximação  à  


tecnológica   oportunidades   exploração  

Figura 2: modelo Conceitual – Conhecimento anterior e a descoberta de oportunidades empresariais

Fonte: Shane (2000)

responder questões relacionadas à oportunidade,

como: Por que, quando e como a oportunidade

para a criação de bons negócios são descober-


O que leva uma empresa ao crescimento? tas? Por que, quem e como algumas pessoas e
< h t t p s : / / w w w. y o u t u b e . c o m / w a t c h ? v = -
não outras descobrem e exploram essas oportu-
5ZemMPjYs4>.
nidades? Por que, quando e como diferentes mo-

Nesse sentido, Shane (2000) considera impor- delos de ação são usados para explorar oportuni-

tante para a definição do empreendedorismo dades empresariais?

54 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

O empreendedorismo é um processo de criação o desenvolvimento e renovação de toda a socie-

de algo novo com valor de mercado, dedicando o dade, economia ou organizações requerem atores

tempo e o esforço necessário, assumindo os riscos no micro nível que tenham a iniciativa, interação

financeiros correspondentes e recebendo as conse- e a persistência de fazer com que as mudanças

quentes recompensas da satisfação e independên- aconteçam. Neste caso, instituições, bem como o

cia econômica e pessoal. mercado e estruturas organizacionais podem faci-

Em quase todas as definições de empreendedo- litar ou dificultar mudanças e o desenvolvimento.

rismo há um consenso no que se refere ao comporta- Considerando essas características empreende-

mento do empreendedor, sendo ingredientes desse doras é de se esperar que um ambiente propício

comportamento: a tomada de iniciativa, a organiza- ao empreendedorismo possa mudar uma realidade

ção e reorganização de mecanismos sociais e econô- econômica. Wennekers e Thurik (1999), estudando

micos com a finalidade de transformar recursos e si- a influência atual e histórica do empreendedorismo

tuações para proveito prático e o convívio com o ris- chega à conclusão que as nações que promoveram

co calculado e algumas vezes com o fracasso. em nível individual assim como os macroambien-

Já Davidsson (2005) argumenta que a diferen- tes, propícios ao empreendedorismo, se destaca-

ça na definição de empreendedorismo atualmen- ram no cenário econômico mundial. Em sua pes-

te refere-se a duas realidades sociais relativamen- quisa propuseram uma ligação entre o empreen-

te distintas. A primeira enfatiza que esse é o fe- dedorismo e o crescimento econômico, apresenta-

nômeno que estuda pessoas que antes ou depois do na figura 3.

de serem empregadas, tenham tentado um no-

vo negócio ou tenham conquistado o sucesso em

seu próprio empreendimento, muitas vezes com

certo grau de inovação. Já a segunda, diz respei-

to à realidade social que emerge como um des-

taque da definição de empreendedorismo, onde

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 55


UNIDADE 1
Empreendedorismo

Nível de análise Condições para o em- Elementos cruciais do Impactodoempreende-


preendedorismo empreendedorismo dorismo

Capacidades   Atitudes;   Auto-­‐realização;  


psicológicas   Habilidades;   Riqueza  
Nível   Ações.   pessoal  
Individual  
Instituições  
de  suporte   Start-­‐up´s;  
  Entrada  em  novos   Performance  da  
Nível
Incentivo  a   mercados;   Firma  
da
cultura  de   Inovações.  
Firma
negócios    
 
Instituições   Variedade;  
Competitividade  e  
Nível macroeco- de  suporte   Competição;  
Crescimento  
nômico Seleção.   econômico  

Figura 3: Ligando o Empreendedorismo ao Crescimento econômico

Fonte: Wennekers e Thurik (1999)

Nesse esquema estariam garantidas as principais o papel complementar do Estado. Essa atuação do

condições para a promoção de um ambiente em- Estado, no estímulo ou transmissão de conhecimen-

preendedor nos níveis individual, da firma e o nível tos ao empreendedor nos mais variáveis locais do

macroeconômico, estimulando os elementos cru- seu território, estaria promovendo o crescimento

ciais para a formação do empreendedorismo. Isso econômico atuando de forma estruturada e mais

resultaria em impactos pessoais e nas firmas e, con- organizada alocando os recursos disponíveis exis-

sequentemente, o empreendedorismo, estimulan- tentes nessas variadas regiões, desde formação de

do o crescimento econômico. mão de obra especializada, agrupamento de em-

Para promoção desse ambiente empreendedor e presas com interesses em comum até o incentivo à

consequente melhoria das condições para aprovei- inovação em um setor estratégico empresarial.

tamento das oportunidades, Julien (2005) apresenta Para Julien (2005) esse papel complementar do

56 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

Estado pode-se resumir a cinco ações: Orientar, Ligar, um resumo do papel do Estado, seus objetivos, con-

Apoiar, Estimular e Facilitar. No Quadro 2 apresenta-se dições, atores complementares e os possíveis efeitos.

Quadro 2: O papel complementar do Estado

Papel do Atores
Objetivos Condições Efeitos
Estado Complementares

Aumentar as
Iniciar ou refor- chances de
Obter a informação Consultores com ex-
Orientar çar os estudos sobrevivência
complexa sobre a periência e conheci-
dos principais e de desen-
estrutura industrial. mento da região.
potenciais. volvimento
das firmas.

Organismos que Identificar


difundam a infor- Os centros de pes- os sinais fra-
Ligar Dinamizar as redes. mação entre os quisa, os Colégios e cos para pro-
que têm e os que as Universidades. moção da
necessitam. inovação.

Aumentar a pere-
nidade e desen- A ajuda pode ser Os agentes inter-
Aumentar a
Apoiar volver as novas fir- multifuncional, com- venientes e outros
exportação.
mas com grande plexa e adaptada. agentes de mudança.
crescimento.

Compensar as ca- Um conhecimento


Os chefes de re- Tornar os
rências impor- profundo desse teci-
Estimular des e os centros de serviços
tantes do tecido do, que excede aos
transferências. dinâmicos.
industrial. dados estatísticos.

Aumentar as capa- Os intervenientes e Aumentar o


Diminuir as barreiras
Facilitar cidades de apren- os empresários de caráter distin-
inúteis.
dizagem coletiva. sucesso. tivo da região.

Fonte: Julien (2005)

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 57


UNIDADE 1
Empreendedorismo

Assim, Revitalização de setores tradicionais e competiti-

o papel do empreendedorismo no desenvolvi- vidade internacional.


mento econômico envolve mais do que apenas • Aumento e fortalecimento de cadeias produtivas.
o aumento de produção e renda per capita; en-
• Melhoria da eficiência de mercado.
volve iniciar e constituir mudanças na estrutura do
negócio e da sociedade. Tal mudança é acompa- • Melhoria na distribuição social.
nhada pelo crescimento e por maior produção, o
Nos países desenvolvidos a visão de oportunida-
que permite que mais riqueza seja dividida pelos
vários participantes (HISRICH, 2004 p.33). de está fortemente relacionada ao comércio inter-

nacional, já em países em desenvolvimento, princi-


Estas mudanças que consideram o empreende-
palmente para pequenas empresas, o foco está em
dorismo no modelo de desenvolvimento econômi-
atender o mercado local. Em parte isso se explica
co, de acordo com Bridge, O´Niell e Cromie (2003),
pela pouca competitividade que pequenas empre-
podem ser organizadas a partir de alguns objetivos,
sas nesses países têm, frente a um mercado interna-
conforme o modelo britânico, sendo eles:
cional cada vez mais exigente (McDONALD et al.,
• Crescimento da riqueza por meio do crescimen-
2003).
to econômico.
É percebido que o campo de estudo do empre-
• Criação de empregos.
endedorismo tem sido foco de estudo quando se
• Promoção e expansão da inovação e tecnologia.
abordam as questões econômicas e suas oportuni-
• A diversificação e oportunidade de escolha.
dades. Assim, o papel do Estado enquanto estimu-

lador do empreendedorismo por meio de políticas


INDICAÇÃO DE LEITURA
públicas se torna importante para se atingir os obje-
Artigo sobre as políticas públicas de incentivo ao
tivos macroeconômicos.
empreendedorismo em municípios brasileiros:

<http://www.fumec.br/revistas/index.php/

pretexto/article/view/470>.

58 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

ESCOLHA, RISCO E PROBLEMAS A usualmente existe entre o desenvolvimento de no-

CONSIDERAR NO ATO DE EMPREENDER vas pequenas e médias empresas e formas de ino-

Se analisarmos de perto quais são os problemas var, produzir e comercializar novos bem e serviços.

e os riscos de se empreender naturalmente chega- Neste caso, o aspecto central é que estas empresas

remos a questões relacionadas ao ambiente empre- tanto representam o potencial e a flexibilidade para

endedor e, em geral, teremos resposta na atuação aproveitamento das novidades, como não oferecem

do estado ou mais especificamente as políticas pú- usuais resistências a sua incorporação. Nos anos

blicas administradas tanto pela esfera federal, esta- 1990 houve o acirramento da competição interna-

dual ou municipal. cional e as políticas voltadas ao empreendedorismo

Em consequência das transformações ocorri- refletem a ênfase sobre a competitividade, flexibili-

das nas últimas décadas, as economias vêm expe- dade e capacidade de inovação.

rimentando novas oportunidades e desafios para o Apesar de suas potencialidades e do papel que

desenvolvimento econômico-mundial. Dentre es- já desempenham na vida de dezenas de milhões de

tes, destacam-se a emergência e difusão de um no- brasileiros, os pequenos empreendimentos enfren-

vo padrão de acumulação e reestruturação produti- tam condições nitidamente adversas, experimen-

va. No que se referem ao empreendedorismo, du- tando, na verdade, uma luta diária pela sobrevivên-

as consequências associadas a estas transformações cia. Sua realidade é o convívio permanente com exi-

têm particular interesse: a maior atenção às possí- gências burocráticas e encargos que dificultam sua

veis contribuições das pequenas empresas ao de- própria existência legal, com restrições de mercado

senvolvimento econômico e social e as preocupa- e barreiras intransponíveis para obtenção de crédi-

ções em reorientar e dinamizar as políticas de sua tos, além das próprias carências técnicas e gerenciais.

promoção (LASTRES; ARROIO; LEMOS, 2003). Sem a eliminação destes bloqueios e a existência de

Pode-se notar o aumento da preocupação com políticas específicas de apoio, o potencial das micro e

fatores de maior interesse para micro e pequenas pequenas empresas, como geradoras de ocupações,

empresas. Inicialmente percebe-se o paralelo que será em grande parte desperdiçado (SILVEIRA, 1994).

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 59


UNIDADE 1
Empreendedorismo

Por isso a importância de estímulo de um am- dos resultados da síntese entre necessidade social

biente empreendedor. Porém, este estímulo, acon- e tecnologia.

tece pela interação dos agentes de uma economia Além disso, o governo tem relevante papel no

entre eles aponta-se o papel do Estado. Para Sha- estímulo à pesquisa, apesar desta atuação ainda ter

ne (2003) as mudanças nas políticas voltadas ao em- muito espaço para crescer. Investir na capacitação

preendedorismo, assim como nos sistemas norma- tecnológica de pequenas e médias empresas é um

tivos, dão a possibilidade para que as pessoas re- caminho seguro para melhorar sua produtividade e

aloquem recursos para um novo uso de forma que competitividade, aprimorando sua capacidade de

este se torne mais produtivo. Como é o caso da tec- identificar oportunidades no país e no exterior e de

nologia onde o governo tem grande importância, contribuir para o desenvolvimento econômico co-

pois atua como um conduto para a comercialização mo um todo (CASTANHAR, 2005).

Pode-se apresentar também como exemplo e fomento voltado ao pequeno empreendedor que

políticas voltadas ao empreendedorismo, os pro- tem grande importância na expansão de vendas por

gramas de acesso ao microcrédito, como forma de meio da disponibilidade de recursos financeiros e,

60 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

consequentemente, expansão no processo produti- dos mais variados problemas das empresas.

vo desse segmento (ANDREASSI, 2003). 3. Financiamento para criação e o desenvolvimento

Entre as principais ações para a promoção de de MPMEs, variando desde financiamentos dire-

empresas de pequeno porte, podem-se destacar tos (com retorno ou a fundo perdido), incentivos

quatro principais: fiscais e sistemas de venture capital ou até mes-

1. Ações essenciais que se referem à cultura empre- mo destinações específicas de parcela do orça-

endedora e ao empreendedorismo, mediante a mento público e compras de governos.

utilização de programas de divulgação, demons- 4. Simplificação da burocracia, com esforços que vi-

tração e premiação – como o estabelecimento sam reduzir procedimentos e prazos para facilitar

de datas comemorativas, a realização de feiras a criação de novas empresas, sua atuação e seu

e torneios de empreendedorismo – e também a financiamento. Isso tem sido feito a partir da di-

disponibilização de infraestrutura, logística, servi- fusão das tecnologias da informação.

ços básicos entre outros. Considera-se também a Além disso, é necessário foco na dinamização e

promoção à constituição de incubadoras, empre- modernização produtiva por meio da inovação e in-

sas juniores e parques tecnológicos, bem como serção na sociedade da informação com o objetivo

ao estímulo à sua melhor operação. de apoiar a geração, difusão e incorporação de co-

2. Serviços de apoio que incluem programas de in- nhecimento que estimulem o crescimento e a sus-

formação, capacitação e consultoria. O longo tentabilidade nos mais variados tipos e formatos de

prazo passa a ser uma preocupação das políticas empresas de pequeno porte, podendo estas estar

que vêm procurando apoiar as empresas, fortale- relacionadas a empresas de base tecnológica ou a

cendo suas capacidades e competências centrais atividades tradicionais. Os mecanismos utilizados

de forma continuada, com uma tendência à des- nessas ações incluem o estímulo à pesquisa conjun-

centralização da oferta destes serviços, assim co- ta e às atividades de registro de patentes, à cons-

mo ao estabelecimento de instituições que atu- cientização sobre o papel da inovação, a disponi-

am como uma porta de entrada para a solução bilização de serviços de consultora, o intercâmbio

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 61


UNIDADE 1
Empreendedorismo

entre pesquisadores das instituições de ensino e é o fim de um processo com várias etapas, é sim

pesquisa e funcionários das empresas e a organiza- o começo de uma vida empresarial que está dire-

ção de participação em redes. tamente relacionada ao empenho que esse empre-

Salienta-se, ainda, como ação essencial à promo- endedor dispensa a essa empresa. Isso confirma o

ção do ambiente empreendedor a redução de de- que Dornelas (2005) destaca em sua apresentação

sigualdades econômicas, regionais e sociais. Geral- do perfil empreendedor, o empreendedor trabalha

mente estas políticas estão voltadas à geração de mais do que os empregados, é pior, em um determi-

emprego e renda, via a promoção do desenvolvi- nado período inicial da empresa pode até ter a me-

mento regional e a inserção de diversos segmentos nor remuneração do mercado.

sociais, incluindo mulheres, negros, índios, jovens, Por isso a necessidade de determinar quanto di-

entre outros. Nas regiões menos favorecidas o fo- nheiro será necessário reservar para o período em

co do trabalho tem sido o reforço do capital social e que a empresa está crescendo no mercado e não

humano, estimulando o empreendedorismo e a ino- tem muitas sobras de recursos devido a necessida-

vatividade; apoiando a criação de novas empresas e de de reinvestimento.

de infraestrutura; e estimulando o desenvolvimento Conforme estudamos nessa unidade esses são

de capacitações endógenas locais e diversificação alguns dos riscos e problemas de se empreender.

das atividades econômicas. Esses ricos em geral estão associados à ansiedade

em obter o sucesso, e este não ocorre da noite pa-

CONSIDERAÇÕES FINAIS ra o dia. Aliás, observamos em alguns casos que jo-

Na unidade II podemos verificar que a criação de vens obtiveram grande sucesso em curto período

um negócio passa por etapas que orientam o em- de tempo, isso é um exceção e geralmente esse su-

preendedor a criar seu próprio negócio. Essas eta- cesso não aconteceu da noite para o dia, ele ape-

pas minimizam em muito o insucesso dessa nova nas se realizou nesse curso espaço de tempo, po-

empresa, porém não impedem que isso possa acon- rém os conhecimentos aplicados ali foram adquiri-

tecer, isso porque a abertura de uma empresa não dos durante anos, ou seja, a empresa se formalizou

62 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

e conseguiu sucesso rapidamente, porém já estava

em estudo e análise muitos anos antes.

Enfim, as oportunidades existem e sempre existi-

ram nos diversos mercados, cabe ao empreendedor 1) Por que é importante conhecermos profunda-

visualizar e interpretar a viabilidade de se investir e mente a ideia de negócio antes de investir nela?

colher os resultados.
2) Qual a importância de conhecer os futuros concor-
Antes de avançarmos nos estudos da unidade III
rentes no mercado em que se pretende investir?
destacamos a importância de responder as ques-

tões de autoestudo com objetivo de fixação de con- 3) Como o empreendedor por meio de ideias ino-

teúdos importantes abordados nesta unidade. vadoras pode influenciar o mercado?

4) Em quase todas as definições de empreendedo-

rismo há um consenso sobre o comportamento

empreendedor, quais os principais ingredientes

desse comportamento?

5) Como você relaciona as políticas públicas à mor-

talidade das pequenas empresas no Brasil?

6) Como o microcrédito pode auxiliar o peque-

no empreendedor e que cuidados esses empre-

endedores devem ter com capital de terceiros?

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 63


UNIDADE 3

Plano de negócios e tópicos avançados no


estudo do empreendedorismo

Juliano Mario da Silva

Objetivo de Aprendizagem

• Estudar as similaridades entre empreendedores e intraempreendedores.


• Conhecer a estrutura de um plano de negócios.
• Entender a importância da gestão responsável dos empreendedores.

Plano de Estudo

Serão abordados os seguintes tópicos:


• Intraempreendedorismo
• Plano de Negócios
• Responsabilidade socioambiental do empreendedor

64 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

INTRODUÇÃO Uma das armadilhas do plano de negócios é o oti-

Geralmente associamos o perfil empreendedor mismo, como nós brasileiros somos otimistas por na-

às pessoas que iniciam um negócio e conseguem tureza a elaboração de um plano deve vir acompa-

com isso mudar a própria realidade, bem como ge- nhada de muitas críticas ao que aparentemente ob-

ram empregos e renda, no entanto, esse perfil existe servamos e de muita atenção. Isso porque um plano

também dentro das empresas. Pessoas têm em su- feito de forma errada pode gerar um negócio ruim

as funções posturas empreendedoras tanto quanto que além de consumir todas as reservas financeiras

quem abre um negócio, a isso chamamos de intra- de uma vida profissional, ainda pode deixar dívidas

empreendedorismo. Estes são pessoas que têm uma que exigirão anos de trabalho para serem honradas.

incrível capacidade de realização e de melhoria dos Concluindo a unidade estudaremos a responsa-

processos que estão sobre sua responsabilidade. bilidade socioambiental do empreendedor. Esse as-

Nesta unidade entenderemos como as pessoas sunto é bastante interessante, pois retrata uma das

que tem o perfil intraempreendedor podem mudar características mais evidentes nos empreendedores,

a realidade de setores e até mesmo de empresas. que é a visão de oportunidades.

Aliás, existem empresas que fomentam o surgimen- Enquanto alguns veem despesas por exigência

to de intraempreendedores com um ambiente pro- de serem ambientalmente corretos ou socialmente

pício, pois conhecem as transformações que essas justos os empreendedores veem oportunidades pa-

pessoas podem trazer. ra seu negócio, inclusive explorando isso como dife-

A partir desses conhecimentos e dos conheci- rencial de gestão e, consequentemente, aumentan-

mentos que já adquirimos nas últimas duas unida- do sua participação de mercado.

des podemos avançar no estudo do que é mais em- Esta última unidade fecha os vários conceitos

polgante no empreendedorismo, que é a elabora- abordados anteriormente e pretende formar uma

ção de um plano de negócios. O plano de negócios base em cada um dos alunos no entendimento do

é o início da concretização do sonho, porém, exis- estudo do empreendedorismo e quem sabe des-

tem muitas armadilhas e dicas que veremos a seguir. pertar e orientar para o início do estudo de uma

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 65


UNIDADE 1
Empreendedorismo

oportunidade em suas vidas e quem sabe o início problemas. Esses problemas podem estar relaciona-

de um novo negócio. dos ao lançamento de novos produtos, aplicação de

técnicas de administração, adoção de tecnologias

INTRAEMPREENDEDORISMO diferentes de vendas, comunicação ou de produção

O intraempreendedorismo trata da capacidade ou até mesmo a relação com concorrentes em dife-

de uma pessoa, que dentro de uma organização, rentes segmentos do mercado.

tem a iniciativa e estimula seu grupo a inovar a par- Não importa o tamanho da empresa, seja ela pe-

tir de novas ideias, novos produtos ou novos proce- quena ou grande, esse empreendedor interno bus-

dimentos. O intraempreendedor assim como o em- ca oportunidades de melhorias constantes, e as-

preendedor tem uma incrível capacidade de reali- sim transformando seu ambiente de trabalho em

zação de ideias, consegue concretizar o que outras um terreno fértil a iniciativas inovadoras (PRYOR;

pessoas deixam apenas no nível do sonho. SHAYS, 1993). Para Pinchot (1999) o intraempreen-

dedor é uma pessoa que tem as mesmas visões de

inovação e criatividade e de realização de sonho co-

mo o empreendedor, porém aplica isso dentro de


Apresentação de como estimular o intraem- uma organização e em muitos casos torna isso um
preendedorismo:
caso de sucesso e experiência para seu futuro pró-
<https://www.youtube.com/watch?v=SG_
prio negócio.
QfwkhxlA>.
Essa atuação dentro das organizações tem sido

Sob o aspecto da atitude, o intraempreende- estudada e alguns autores as dividem em duas di-

dor (ANTONCIC, 2001) analisa velhos problemas mensões básicas. A primeira que foca sua análise na

da organização considerando um número de vari- capacidade de inovação e criação de novos negó-

ável muito maior que um colaborador comum, pa- cios, já a segunda diz respeito à renovação estraté-

ra este praticamente não existe problema sem solu- gica onde ocorre uma reinvenção de processos re-

ção, além disso, sempre é possível aprender com os lacionados aos aspectos estratégicos da empresa

66 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

como a abertura de novos negócios, a aplicação de operacionais, sumarizar isso e relacionar a um nú-

novas tecnologias de produção, o reposicionamen- mero, também maior, de possíveis soluções para es-

to da empresa diante de mudanças de mercado e sas inconformidades, para estes profissionais o foco

dos concorrentes. é dado na solução, discutir o problema na maioria

No entanto, a empresa tem grande responsabili- dos casos não faz muito sentido.

dade na criação de um ambiente intraempreendedor O intraempreendedorismo pode ser formal ou

por meio de criação de condições para que os profis- informal e em geral inicia individualmente e vai se

sionais possam expor suas ideias e que tenham con- propagando pela equipe. Hashimoto (2009) desta-

dições de executar essas ideias, o clima organizacio- ca que um número considerável de empresas esti-

nal tem grande importância nesse contexto. Um gru- mulam os empreendedores promovendo um am-

po de funcionários estimulados a empreender na em- biente de trabalho agradável com recompensas pa-

presa melhora os resultados e, consequentemente, ra boas ideias e os estímulos para que essas ideias

o valor da empresa no mercado, intraempreendedo- surjam em grande quantidade, desse ambiente e

res são mais produtivos e conseguem fazer com que que surgem os intraempreendedores formais. Por

seus pares sejam mais produtivos também. outro lado, o intraempreendedor informal apare-

Em um país como o Brasil onde hoje um dos ce de ambiente organizacional que não se preocu-

grandes “gargalos” de crescimento está relaciona- pa em estimular essas competências, mesmo as-

do à produtividade média do trabalhador, estimu- sim, com o risco de não criar nem inovar existem

lar o intraempreendedorismo vem de encontro a es- intraempreendedores de sucesso em ambientes

se grande problema econômico atual que começa “ácidos”, ou seja, intraempreendedores informais.

dentro dos departamentos da maioria das organiza- Nesse tipo de ambiente o esforço é hercúleo, pois

ções nacionais. o empreendedor tem que ter determinação para

O que faz um intraempreendedor perceber enfrentar resistência dos mais antigos, bem como,

mais oportunidades que outros colaboradores é a em geral, rígida hierarquia, muitas vezes colocan-

sua capacidade de identificar as inconformidades do seu próprio emprego em risco.

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 67


UNIDADE 1
Empreendedorismo

Para a empresa o desafio frente ao estímulo dos orçamento para cada gestor já lhe dá uma im-

empreendedores internos e alinhar essas estratégias portante autonomia e responsabilidade, uma vez

de estímulos com os objetivos estratégicos da em- que este orçamento departamental é compo-

presa, de certa forma e canalizar toda essa energia nente do orçamento da organização.

para a melhor obtenção dos resultados esperados. 3. Mostrar aos colaboradores o impacto que ino-

Hamilton (2008) sugere cinco iniciativas que as em- vações podem trazer para o negócio, essa trans-

presas devem ter para a criação de um ambiente que parência leva ao entendimento do todo e enten-

dê condições de despontar intraempreendedores: dendo isso os colaboradores sabem como po-

1. Adotar um sistema de recompensas para cada ti- dem contribuir para a melhoria contínua.

po de comportamento que se queira estimular. 4. A empresa deve exercer a gestão do conheci-

mento, sendo como um organismo vivo, constan-

temente a empresa está aprendendo e aumen-

As empresas têm grandes ganhos na pro- tando seu conhecimento, multiplicar essas infor-
moção de ambiente que promove iniciativas mações só faz crescer ainda mais essa capacida-
empreendedoras, desde a melhoria no pro-
de de geração de conhecimento.
cesso produtivo até a descoberta de novos
Assim como vimos as características dos empre-

Os colaboradores devem ter segurança ao assu- endedores, os intraempreendedores também têm

mirem riscos, mesmo calculados riscos são riscos, suas características particulares, sendo elas:

porém, em uma situação dessas pode-se descobrir 1. São indivíduos com alta confiança de si mesmo e

um novo segmento de mercado ou uma forma mui- de suas convicções.

tos menos custosa para produzir algo. 2. Entendem bem como os processos acontecem

2. Os departamentos devem ser considerados uni- dentro da sua organização, seja dentro dos de-

dades de negócio da empresa, sob os aspec- partamentos ou sobe uma ótica mais ampla, utili-

tos que o gestor deste tem controle total so- zando-se de articulação política para atingir seus

bre o orçamento, aliás, a disponibilização de um objetivos.

68 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

3. Mantém uma boa rede de relacionamento, o que 4. Ter sempre em mente que algumas atitudes en-

facilita na resolução de situações uma vez que volvem risco, entre esses riscos o de ser demitido.

conhecem pessoas-chave dentro da organiza- 5. Dividir suas ideias com o maior número de pes-

ção, enfim, geralmente são bem articulados. soas possível, daí sempre sai um bom conselho

4. Como os empreendedores percebem oportuni- ou uma variável não percebida antes e que pode

dades onde a maioria não consegue ver ou ainda ser a chave para o sucesso.

só veem problemas. 6. Envolver sempre os melhores profissionais

Considerando a captação de recursos para a em- nos projetos mais arrojados.

presa, um ambiente empreendedor pode facilitar 7. Cuidar para não fazer a divulgação das con-

esse processo uma vez que os investidores, em ge- quistas antes que elas aconteçam, os céticos

ral, analisam os recursos humanos antes de tomar sempre estarão de prontidão.

a decisão de investir no negócio. Por isso a impor- 8. Conhecer bem as pessoas que estão partici-

tância da promoção desse ambiente que estimule a pando de sua equipe.

inovação, no entanto o que mais se vê nas empre- 9. Ser realista em relação às possibilidades.

sas é uma hierarquia rígida ou pouco estimulada ao 10. Horar sempre que o apoio for necessário.

surgimento de intraempreendedores formais. Nes-

sas estruturas é o intraempreendedor que tem que

buscar um posicionamento de destaque na empre-

sa, para isso é necessário:

1. Focar no resultado, nem que tenha que fazer di-

versos tipos de atividades, muitas vezes fora do

seu rol de atividades cotidianas.

2. Dividir com os demais os méritos das conquistas

de cada etapa superada. Enfim, percebe-se que o intraempreendedor tem

3. Pedir desculpas quando necessário. uma forma diferenciada de ver e atuar em relação a

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 69


UNIDADE 1
Empreendedorismo

um colaborador comum, uma vez que não lhe traz Para que este sonho seja bem estudado é neces-

maiores transtornos o fato de assumir responsabili- sário estruturá-lo e mais que isso, estudar o merca-

dades. Por isso empreender dentro na empresa ou do e as inúmeras variáveis que envolvem uma em-

do departamento não é um caminho querido pela presa, mesmo as pequenas. Por isso a importância

maioria, que em geral procuram uma zona de con- da elaboração de um plano de negócios que em li-

forto. O caminho do intraempreendedor não é igual nhas gerais é a organização das informações inter-

ao da maioria, com muito mais risco, porém com nas e externas para análise de uma empresa.

muito mais possibilidades de grandes mudanças e Elaborar um plano de negócios é o mesmo que

de muitas gratificações. se anteciparem as várias situações indesejadas na

O ponto-chave para o intraempreendedorismo gestão de uma empresa, é também a possibilida-

está em como a empresa cria um ambiente de con- de de analisar oportunidades que não podem ser

fiança entre seus colaboradores, para isso as pes- percebidas sem um estudo mais profundo desse

soas devem ter respeito às ideias uma das outras e empreendimento. De certa forma, estamos sempre

isso requer tempo e dedicação à empresa que tem planejando, antes de sairmos para o trabalho plane-

que ter foco nisso, uma vez que esse ambiente pro- jamos o trajeto mais conveniente, pensamos nas ati-

pício facilita todas as demais iniciativas da empresa. vidades do dia. As mulheres, em geral, muito antes

de um casamento ou festa planejam que corte de

PLANO DE NEGÓCIOS cabelo usarão e que roupa comprar, assim também

A concretização de um negócio, que geralmente acontece com viagens, mudança de emprego, en-

começa em um sonho, para ser concretizado é pre- fim, estamos constantemente planejando.

ciso ser analisado detalhadamente. É nessa análise Assim deveria ser com o início de um novo ne-

que o futuro empreendedor verifica os conhecimen- gócio, no entanto, ainda hoje muitas pessoas ini-

tos adquiridos em suas experiências profissionais, em ciam o seu negócio sem um estudo prévio. Para Ai-

assuntos que gosta ou que tem interesse têm possi- dar (2007) isso evitaria muitas situações indeseja-

bilidades de se tornar um empreendimento ou não. das, principalmente, na fase inicial de uma empresa,

70 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

onde o empreendedor tem muita vontade de atin- com a linguagem simples e objetiva que este de-

gir o rápido sucesso, mas não tem conhecimento ver ter, pois este plano geralmente é lido por muitos

suficiente e nem experiência. interessados como fornecedores, bancos, investido-

Tecnicamente o plano de negócios é uma ferra- res ou futuros sócios que pretendem investirem nes-

menta, que geralmente é composta de informações se empreendimento.

descritivas da empresa e do mercado e cálculos em

planilha eletrônica, que tem como objetivo organi-

zar e apresentar informações de um novo negócio


Orientações quanto à elaboração do plano de
ou de um negócio já existente que está em fase de
negócios:
reestruturação ou de ampliação. As grandes empre-
<https://www.youtube.com/watch?v=fr-
sas geralmente têm um departamento que adminis- pRYm1rLuU>.

tram projetos entre eles o de expansão, isso deveria

acontecer nas pequenas empresas também, não so- Diante do que foi apresentado é hora de enten-

mente em sua abertura, mas sempre que houvesse dermos da estrutura de um plano de negócios, bem

necessidades de investimentos, se deveriam elabo- como o que deve ser destacado nesse plano. É inte-

rar planos de negócios. ressante destacar que não existe um plano de negó-

Várias empresas têm adotado o plano de negó- cios adaptado a cada tipo de empresa, o que existe

cios para definirem seus parceiros, isso obriga essas é uma estrutura básica e ajustável que pode apre-

novas parcerias a entenderem melhor o mercado sentar detalhadamente os mais diversos segmentos

em que pretendem investirem. Também é bastante de negócios.

comum nas relações entre franchising, onde antes Inicialmente, antes de começar a escrever algo

de abrir uma franquia o investidor tem que elaborar é importante pensar muito sobre o negócio, prin-

um plano de negócios. cipalmente no diferencial, isso mesmo, é necessá-

Uma das preocupações que se deve ter ao ela- rio pensar no que eu vou fazer de diferente, ou o

borar um plano de negócios (DORNELAS, 2005) é que meu negócio tem de inovador e que vai tornar

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 71


UNIDADE 1
Empreendedorismo

esse negócio diferente dos demais, e mais impor- foram encontradas informações específicas do seg-

tante, como isso vai atrair clientes e consumidores. mento que se pretende investir então a alternativa é

Isso pode levar bastante tempo, (BARON; SHANE, elaborar um questionário ou um roteiro de observa-

2010) muitas pessoas pensam anos em seu plano ção e ir a campo entender esse mercado. Essa é uma

enquanto trabalham em uma empresa esperando a das melhores formas de se conhecer algo, pois o em-

hora certa de sair, seja por oportunidade de merca- preendedor tem o contato com um número muito

do ou por aposentadoria. grande de variáveis que nem tinha noção que pode-

Nesse período de pensar o plano, tudo é infor- ria existir e que em geral pesquisas disponibilizadas,

mação, um recorte de jornal, revista, uma entrevista ou melhor, dados secundários não podem mostrar.

disponibilizada na internet, enfim, todo o momento A maioria dos planos de negócios contempla o

deve ser aproveitado para recolher informações pre- conceito da ideia do negócio considerando a admi-

ciosas. Se a opção é abrir uma pizzaria, aproveite o nistração dos riscos inerentes a esses negócios e de-

passeio com a família e vá a uma pizzaria jantar e ana- talhamento das informações financeiras como ren-

lise com olhos de dono de um negócio o que pode tabilidade, lucratividade e fluxo de caixa, bem co-

ser melhorado naquele ambiente, sempre há algo a mo informações mercadológicas como estratégia

melhorar e também podem existir oportunidades ali de marketing, informações de fornecedores e dos

que nem o verdadeiro dono conseguiu observar, essa competidores nesse segmento.

é a magia de se empreender. Birley e Muzyka (2001) Existem inúmeras estruturas de um plano de ne-

destacam que existem informações importantes que gócios, entre elas é comum encontrarmos os se-

podem ser coletadas em bibliotecas, órgãos públicos guintes tópicos:

e associações como as associações comerciais e ór- 1. Capa: esta é a primeira parte a ser visualizada pe-

gãos representativos como associações de pequenas lo leitor devendo ser objetiva tendo poucas infor-

empresas ou grupos setoriais. mações, geralmente são disponibilizadas na ca-

Outra fonte de informação riquíssima são as pes- pa do plano de negócios informações de conta-

quisas primárias (DOLABELA, 1999), ou seja, não to da empresa como nome, telefone, se já existir

72 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

deve-se colocar o endereço e endereço eletrô- orientar a elaboração do plano de negócios (HIS-

nico. Isso porque, após ler o plano de negócios RICH, PETERS; SHEPHERD, 2009) como a breve

um investidor que se interessou vai precisar pos- descrição do modelo de negócios, qual o ine-

teriormente de informações de contato e o local ditismo desse modelo adotado, qual o conheci-

onde sempre se olha inicialmente um plano de mento das pessoas que estarão ou estão à frente

negócios é a capa. do negócio e qual o origem do capital necessário

2. Índice: como em qualquer publicação o índice ao início da empresa.

serve para orientar rapidamente determinado as- Apresentação do negócio: em geral negócios

sunto ao leitor, por isso a importância deste no são bem parecidos, por isso na apresentação do ne-

plano de negócios. Uma dica importante é a uti- gócio deve ser enfatizada a oportunidade que foi

lização de índice automático do editor de texto, identificada, e mais importante, como a empresa

isso facilita a atualização automática das páginas, pode transformar essa oportunidade em retorno fi-

uma vez que os números das páginas se alteram nanceiro. Além disso, descrever quem são os em-

constantemente durante o período de elabora- preendedores inclusive incluindo o currículo com-

ção de um plano de negócios. pleto nos anexos do plano de negócio.

3. Sumário executivo: esse é um dos principais

componentes do plano de negócios, apesar de

estar no início do plano deve ser elaborado por Muito se fala sobre o plano de negócios como
último, pois depende dos demais componentes ferramenta para entender um novo empreen-
dimento, no entanto, é importante destacar
do plano. Deve ser breve e despertar o interesse
que o plano de negócios é um importante ins-
do leitor para o que existe dentro do plano. De- trumento também para situações do cotidia-
no de uma empresa como o investimento em
ve-se apontar no sumário executivo quais os di-
uma ampliação.
ferenciais do negócio que levam a este ter boa

rentabilidade, isso deve ser feito de forma conci- Equipe: além da análise das informações contidas

sa e objetiva. Algumas questões-pontos podem no currículo dos empreendedores, os investidores

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 73


UNIDADE 1
Empreendedorismo

geralmente analisam minuciosamente as compe- destacar na análise do mercado são os concor-

tências dos integrantes da equipe. rentes, eles mostram as ameaças, porém podem

1. Estrutura: a apresentação da estrutura deve des- apontar também as oportunidades não percebi-

tacar características como as instalações necessá- das e que podem ser o nicho de mercado da em-

rias para fabricação dos produtos ou mesmo para presa nascente.

a comercialização se for o caso, além disso, de- 3. Plano de marketing: nesse ponto algumas per-

ve-se descrever que tecnologias serão adotadas guntas têm que ser respondidas, como quais ca-

para gerenciar esses processos. Cabe aqui tam- nais de comercialização serão abordados na co-

bém destacar os softwares utilizados nos diferen- mercialização do produto, que tipo de embala-

tes processos da empresa, hoje os programas de gem será utilizada, o porquê delas, quais as es-

gerenciamento integrado estão muito mais aces- tratégias de preços, de desconto e bonificações

síveis e trazem grande agilidade na administra- ou promoções e principalmente se a empresa for

ção da empresa. um comércio de produtos ou prestação de servi-

2. Análise do Mercado: esse é um ponto em que ços quais são as mídias utilizadas na propaganda,

boa parte dos empreendedores não dá a devi- serão utilizadas publicações em jornais, revistas,

da importância, e paradoxalmente é um dos mais TV, internet e quais as estratégias da equipe co-

importantes. Assim deve-se na análise de merca- mercial. Todas essas informações devem ser con-

do apresentar um estudo profundo desse mer- frontadas com o que os concorrentes no merca-

cado e apresentar a posição atual da empresa e do utilizam atualmente.

qual suas expectativas para o futuro, se for o caso Estratégia da empresa: aqui se definem os rumos

apresentar as informações dos mercados interna- que a empresa vai seguir no curto, médio e longo

cionais em que pretende atuar. Entre as informa- prazo. É como conhecer o caminho que a empresa

ções apresentadas estão as questões ambientais, decidiu seguir, isso traz foco à organização e maior

culturais, de tecnologia, demográficas, legais, precisão nos resultados, pois define-se a missão

econômicas e políticas. Um ponto importante a descrevendo a razão e existir da empresa, a visão

74 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

da direção que a empresa vai seguir no mercado e aqui lembrar que tudo o que é apresentado na par-

as análises dos pontos fortes, dos pontos fracos po- te descritiva do plano deve ser devidamente empe-

dendo assim vislumbrar as oportunidades, bem co- nhado no plano financeiro. O segredo aqui é mos-

mo as ameaças ao negócio. Todo esse autoconheci- trar como manter as pessoas, que têm objetivos di-

mento e conhecimento do ambiente permitem de- ferentes, o mais direcionado possível a missão e vi-

monstrar de forma clara quais serão as estratégias são da empresa. Um ponto muito importante anali-

para atingir o sucesso. sado pelos investidores em um plano de negócio é

o descritivo de cada função, que pode ser incluído

INDICAÇÃO DE LEITURA nos anexos, isso demonstra que a empresa terá su-

Artigo que apresenta informações importantes cesso na captação de talentos uma vez que sabe o

sobre a elaboração de um plano de negócios: perfil de profissional que procura no mercado.

<http://www.sebrae.com.br/momento/que- 1. Produção ou operações: esse tópico tem grande

ro - a b r i r- u m - n e g o c i o / p l a n e j e - s u a - e m p re s a / importância se o plano de negócio for de uma

plano-de-negocio>. indústria, a forma de produção e as operações

têm grande importância no diferencial compe-

Recursos Humanos: as empresas são feitas de titivo em indústrias, ao contrário do comércio

pessoas, sem elas não existe o que conhecemos co- que o diferencial é a localização e as estratégias

mo empresas, logo o que define se uma empresa é de marketing, não que isso não seja importan-

melhor ou pior é a relação que existe entre as pes- te também às indústrias, pois muitas dessas ad-

soas que compõem essa equipe. No tópico de apre- ministram a estratégia comercial até que o pro-

sentação dos recursos humanos é importante apre- duto chegue ao consumidor final. Por isso de-

sentar as estratégias de capacitação dessa equipe, ve-se apresentar a disposição dos equipamentos

bem como a forma adotada para captação e realo- na planta baixa da empresa (Lay out), bem co-

cação dessas pessoas de acordo com suas compe- mo o fluxo de movimentação dos materiais nos

tências. Isso incorre em investimentos, então cabe processos produtivos. Aqui cabe um destaque

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 75


UNIDADE 1
Empreendedorismo

à Logística como um todo, onde deve ser apre- para tal atividade. Para os possíveis investidores

sentado o processo desde o fornecedor das ma- isso demonstra organização e objetivos defini-

térias-primas até o sistema de distribuição até a dos, o que em geral reflete a gestão do negócio

chegada do produto ao consumidor. depois de sua inauguração.

2. Análise financeira: demonstrar a capacidade do 4. Anexos: conforme já destacado anteriormente o

novo empreendimento quanto à viabilidade fi- anexo é o espaço onde podem ser disponibiliza-

nanceira e a possibilidade de sucesso é tarefa dos documentos que confirmem e complemen-

do plano econômico-financeiro (FERREIRA; SAN- tem informações contidas no corpo do plano de

TOS; SERRA, 2010). De acordo com Baron e Sha- negócios. Aqui podem ser disponibilizados currí-

ne (2011), o plano econômico financeiro deve for- culos, plantas baixas, mapas de localização, orga-

necer uma avaliação de quais ativos a empresa nogramas, layouts de fabricação, contrato social,

possuirá, quais serão as dívidas sob sua respon- material de propaganda, estatutos, regimentos,

sabilidade além de apresentar um demonstrati- entre outros.

vo de fluxo de caixa (apresentando o valor pre- Em geral os leitores, em especial as pessoas que

visto das entradas e saídas de caixa) e a análi- investem em planos de negócios não levam mais do

se do ponto de equilíbrio (apresentando o nível que cinco minutos para analisar um plano de negó-

de vendas necessárias para que todos os custos cios, se este chamar a atenção provavelmente será

possam ser cobertos). melhor apreciado. Por isso, Baron e Shane (2011) reco-

3. Calendário de implementação: todas as ativida- mendam alguns cuidados para que seu plano de ne-

des propostas no plano de negócios, desde a de- gócio impressione e chame atenção dos interessados:

finição dos móveis que serão utilizados até a da- 1. Plano de negócio não tem aparência profissional:

ta de inauguração devem estar contemplados no problemas de formatação, erros de ortografia,

cronograma de implementação, isso permite ao vários tamanhos e fontes de letras podem causar

futuro empreendedor planejar melhor seus gas- desinteresse do leitor mesmo o plano apresen-

tos de acordo com a disponibilidade financeira tando uma boa proposta.

76 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

2. Muitos enfeites: muitos gráficos, estatísticas exa- experiência, além disso, não está claro o progra-

geradas, excesso de figuras, capa superelabora- ma de capacitação desses colaboradores.

da, enfim, quando se enfeita demais o trabalho 6. Informação Financeira: as projeções de preços

dá-se a impressão que ser quer chamar a aten- praticados são muito otimistas, bem como os

ção para algo no intuito de esconder algumas custos estão muito reduzidos, em geral quem

deficiências. pretende investir em uma empresa geralmente

Sumário executivo desconectado do plano: o su- conhece um pouco do mercado e logo percebe

mário é muito bom, porém não retrata o trabalho que aquela projeção financeira não se realizará.

proposto, além disso não pode ser muito extenso, Uma dica importante para chamar atenção das

deve ser objetivo e chamar a atenção do leitor para pessoas que vão ler o seu plano de negócio é co-

o que é mais importante. nhecê-las. Isso mesmo, direcionar o plano de negó-

3. Sonegação de informações: quando a pessoa cios para o perfil da pessoa que vai ler, às vezes essa

que analisa o plano verifica a fundo informações pessoa tem um estilo mais simples e não fica con-

importantes como em quanto tempo o produto é fortável com termos demasiadamente técnicos. Ou-

fabricado, ou qual o prazo de recebimento as in- tros casos quem vai ler dá mais importância às infor-

formações não existem ou não estão claras, isso mações referentes aos recursos humanos do que às

desvaloriza o trabalho. informações financeiras ou vice-versa, por isso é in-

4. Objetivo principal da empresa: não fica claro no teressante ter duas ou três versões do plano de ne-

plano de negócios o que meu produto ou servi- gócios, cada uma dando ênfase a áreas diferentes.

ço tem de diferente do que já existe no mercado, Imagine que você está participando de uma ro-

muitas vezes apostar apenas no preço mais baixo dada de apresentação de novas ideias ou novas

pode ser uma estratégia fraca, pois os concorren- oportunidades de investimentos para investidores,

tes tendem a reagir quando estão pressionados. estes leram o seu plano de negócios e solicitaram

5. Equipe administrativa: a descrição da equipe é uma apresentação mais detalhada do negócio, co-

ótima, porém não existe comprovação dessa mo fazer a apresentação com qualidade?

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 77


UNIDADE 1
Empreendedorismo

Esse é um memento em que você será argumen- aos poucos tem se estendido a pequenos negócios,

tado com objetivo de tirar algumas dúvidas sobre e isso tem acontecido a partir de empresas que tem

você como empreendedor, sobre o negócio, pro- uma visão empreendedora.

duto ou até para aprofundar em alguns pontos que

ainda ficaram dúvidas. Se você pagou para fazer o

plano, cuidado, nesse momento é necessário pro-

fundo conhecimento do que está apresentado. Apresentação do empreendedorismo sus-


tentável:
É sempre bom ter alguns Slides prontos para o
<https://www.youtube.com/watch?v=L6u3jQ-
caso de uma solicitação de apresentação. Esse ma-
3CrFA>.
terial dever ser em tópicos e o apresentador não de-

ve simplesmente ler o que está escrito nas lâminas, Esta visão empreendedora, que geralmente re-

deve-se utilizar os tópicos principais somente para flete a visão de seu fundador, é completa, no sen-

orientação da sequência do que existe no plano. Es- tido de que o empreendedor por princípios inatos

ta é uma ótima oportunidade de aprofundamento se preocupa com sua comunidade e com o impacto

de pontos importantes. que seu empreendimento pode causar ao ambien-

te. Empreendedores engajados nesses propósitos

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL se preocupam com iniciativas pequenas como a or-

DO EMPREENDEDOR ganização do espaço de trabalho, limpeza e desti-

O tema responsabilidade social e ambiental es- nação de resíduos gerados na empresa.

tá presente no cotidiano das grandes empresas, al- Para os empreendedores as preocupações sociais

gumas corporações até mesmo submetem todas as e ambientais são assunto de planejamento estratégi-

suas operações a análise de especialistas para en- co com acompanhamento e medição dos vários pro-

tender se o que se pretende implementar é social- cessos operacionais definidos na estratégia da em-

mente correto ou de alguma forma afeta o ambien- presa. Se o objetivo é diminuir os resíduos sólidos de

te em que a empresa está inserida. Essa realidade uma fábrica, quais são as alternativas de reutilização

78 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

desses resíduos e como o que não pode ser reapro- O empreendedorismo social tem forma de atuação

veitado vai entrar em outro processo produtivo de coletiva com busca de solução de demandas social

outra empresa ou se dará a devida destinação. sendo seu resultado principal o impacto que suas

Esses processos acontecem naturalmente com ações possam causar no público-alvo.

os empreendedores, pois conforme já destacado Empreender sem esquecer esse foco nos remete

neste livro, empreendedores têm a percepção da ao empreendedorismo sustentável que nada mais é

importância de assuntos como as questões ambien- que administrar os interesses próprios entre eles o

tais e sociais. Alguns empresários só veriam custos lucro, sem este não existe empresa, emprego, ino-

em adequar sua empresa às exigências ambientais, vação e, consequentemente, renda, atendendo as

enquanto isso um empreendedor percebe oportu- necessidades de demais agentes como consumido-

nidades nesse processo. res, clientes, fornecedores e principalmente contri-

Empreendedores conseguem atingir esses objeti- buindo para melhorar a comunidade em que a em-

vos mais facilmente porque tem a capacidade de en- presa está inserida e as futuras gerações.

volver e motivar sua equipe a executar as atividades O empreendedor nesse contexto deve ter três

que levarão ao cumprimento dos objetivos propostos. principais focos para seus negócios, em vários ca-

É isso que o diferencia, transforma objetivo ou ideias sos esses focos norteiam a estratégia da empresa.

em realidades e melhorias à sociedade e ambiente. Primeiro a empresa tem que ser economicamente

Os empreendedores sociais têm suas atuações viável, segundo tem que ser socialmente justa, tan-

focadas em questões de melhoria da comunida- to internamente como externamente e terceiro ser

de e ambientais, os projetos encampados por es- ambientalmente correta. Isso acontece por ações

ses empreendedores têm foco direto em áreas co- simples que com o tempo se tornam automáticas

mo a criação de emprego e renda por meio de ca- a toda a equipe como a busca constante pela eco-

pacitação de mão de obra, disponibilidade de re- nomia de energia, preocupação com fornecedo-

cursos financeiros com juros mais baixos ou orien- res que tenham princípios similares aos da empre-

tação quanto a gestão de resíduos das empresas. sa, economia de água, preocupação com o conforto

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 79


UNIDADE 1
Empreendedorismo

dos seus colaboradores, separação e destinação os planos de negócios, que são estudos aprofundados

dos resíduos. dos investimentos que pretendem fazer. Aliás, quando

Os princípios da responsabilidade social e a sus- estudamos o plano de negócios percebemos que ele

tentabilidade incorporam hoje uma visão moderna é muito utilizado na análise de novos negócios, porém

de gestão empreendedora, uma vez que exige-se deveriam ser muito mais utilizados quando da expan-

para se tornar competitivo dentro desses preceitos, são de uma empresa já existente.

criatividade e inovação que são competências natu- Apesar de muito utilizados, não existe um mode-

rais dos empreendedores. lo padrão de plano de negócios, aliás, um mesmo

negócio pode ter planos com direcionamentos dife-

CONSIDERAÇÕES FINAIS rentes, pois este plano serve tanto para quem vai in-

Empreendedores não estão apenas à frente de vestir na empresa como para apresentação a forne-

negócios inovadores, estes podem ser encontra- cedores. Enfim, o plano de negócios tem uma estru-

dos dentro de organizações à frente de setores tura geral que deve ser adaptada com objetivo de

envolvendo pessoas para atingir objetivos e cres- apresentar a melhor forma possível a futura empresa

cimentos acima da média, a estes chamamos de ou o futuro investimento na empresa.

intraempreendedores. Por fim, estudamos a importância que o empre-

Todas as empresas têm pessoas com esse per- endedor tem como gestor responsável no mercado,

fil, porém o ambiente muitas vezes não permite que seja pela inserção e contribuição que tem na socie-

eles se destaquem, é por esses motivos que as em- dade, pela preocupação ambiental e para o mun-

presas se preocupam em incentivar novas ideias e do que deixará para as próximas gerações e tudo

novas lideranças, pois conforme destacamos na uni- isso sem se esquecer da viabilidade econômica da

dade sabem da importância para os negócios que empresa. É a partir da viabilidade econômica que

os intraempreendedores podem trazer. os empreendedores se motivam a aplicar seus re-

Para a organização das ideias tanto empreendedo- cursos financeiros no negócio, porém essa equa-

res quanto intraempreendedores tem a sua disposição lização exige muita criatividade e trabalho, por

80 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

isso empreendedores tendem a conseguir isso com CONCLUSÃO


maior sucesso. Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final do conte-

Assim, para concluir nossos estudos sobre o em- údo sobre empreendedorismo. Neste livro tivemos

preendedorismo sugerimos responder as questões a oportunidade de estudar conteúdos introdutórios

de autoestudo desta unidade. Sucesso a você! sobre o assunto como a definição de empreende-

dorismo até conteúdos avançados como a respon-

sabilidade socioambiental do empreendedor e a

importância da adoção de um plano de negócios.

Brasileiros são empreendedores por natureza,


1) Como o intraempreendedor pode transformar o
porém poucos têm acesso a materiais como esse,
ambiente interno da empresa?
empreender sem estudo é como apostar em uma

2) Qual a diferença entre o intraempreendedor for- corrida sem conhecer nada dos competidores, a

mal e o informal? possibilidade de não conseguir o sucesso espera-

do é grande. Por isso o Brasil apresenta altos índi-


3) O que é um plano de negócios e qual sua impor-
ces de mortalidade das empresas. É comum pesso-
tância para os empreendedores iniciantes?
as chegarem ao balcão do SEBRAE com a situação

4) A quem se destina um plano de negócios? da sua empresa muito complicada ou até sem pos-

sibilidade de recuperação, pois não seguiram a re-


5) Como os empreendedores podem aprovei-
gra básica em empreendedorismo que é conhecer
tar a responsabilidade socioambiental no seu
bem onde o que empreender e o mercado que pre-
negócio?
tende competir.

6) O que são empreendedores sociais e como seu Sempre afirmo em minhas aulas que a disciplina

foco de atuação pode melhorar o ambiente e de empreendedorismo é muito mais que conteúdo,

sociedade? ela é de certa forma, uma proteção ao capital das

pessoas, já vi muitos empreendedores que estavam

Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó 81


UNIDADE 1
Empreendedorismo

super convictos de empreender em um segmento, a preocupação dos jovens, já no início da empresa

porém após o estudo e elaboração de um plano de com a sustentabilidade, o que beneficia a empresa e

negócio sua ideia mudou e este conseguiu sucesso, o empreendedor sobre todos os aspectos.

ao passo, que vemos todos os dias pessoas perden- Assim, espero que a disciplina possa cumprir o

do muito dinheiro, talvez o dinheiro de uma vida to- seu papel que primeiramente é o de permitir o con-

da, em poucos meses porque não estudaram ade- tato dos nossos alunos com o conteúdo e segundo,

quadamente onde empreenderam. que este conteúdo possa ser aplicado ou despertar

Atualmente o que percebemos é um aumento do o interesse de estudos mais profundos no campo do

interesse por empreender um negócio com organiza- empreendedorismo.

ção operacional, financeira e fiscal. O sistema de tri- Desejo a você sucesso na carreira que escolheu

butação especial para pequenas e médias empresas e como empreendedor(a) ou intraempreendedor(a)

no Brasil melhorou muito a relação de empresas com possa inspirar as pessoas que trabalham com você

o fisco, isso trouxe maior tranquilidade de justiça pa- e que consigamos, cada um fazendo sua parte, me-

ra todo o sistema. Além disso, hoje é mais percebida lhorar nossas vidas, nosso município e nosso país.

82 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó


Juliano Mario da Silva

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